domingo, 15 de maio de 2022

Dia de Enea

 


Ao fazer a pole no sábado, Pecco Bagnaia se garantia como favorito a vitória em Le Mans, ainda mais vindo do seu primeiro triunfo em 2022, em Jerez. No entanto, o italiano da fábrica da Ducati não contava com a força surpreendente que Enea Bastianini vem mostrando nessa temporada. O italiano da equipe do falecido Fausto Gresini vem se mostrando incrivelmente forte quando a corrida corresponde à sua moto e mesmo a Ducati deixando seu time como quarta opção, Bastianini vai mostrando um desempenho bem acima do potencial da moto. Nesse domingo ele superou as duas motos de fábrica e ao ultrapassar Bagnaia, desconcentrou o compatriota a ponto de fazê-lo cair e novamente se complicar no campeonato, algo que Bastianini está bem vivo.

Com o líder do campeonato no grid, os franceses lotaram o mítico circuito de Le Mans para torcer por Fabio Quartararo, mas o piloto da Yamaha aparenta ter o mesmo bloqueio que Rubens Barrichello tinha em Interlagos ou até mesmo Charles Leclerc tem em Monte Carlo. Mesmo liderando os treinos livres, Quartararo largou da segunda fila e não teve chances de vitória em nenhum momento. O pódio ficou próximo mais pelas quedas da dupla da Suzuki do que por outro motivo. E para azar de Quartararo, quem ficou com o lugar mais baixo do pódio foi o não menos surpreendente Aleix Espargaró, que fez outra prova sólida com sua Aprilia e com o terceiro lugar, diminuiu para meros quatro pontos a vantagem de Quartararo na ponta do campeonato. 

Lá na frente, a Ducati confirmou o favoritismo, mesmo que pelo gosto da equipe de fábrica, com o piloto errado. Primeiramente Jack Miller largou na frente e liderou as primeiras voltas, mas o açodado australiano, que escolheu dois pneus macios, errou ainda no início e entregou a liderança para Bagnaia. Um risco em potencial era a Suzuki de Rins, mas o espanhol acabou caindo ainda no início de prova, o mesmo acontecendo na metade final com Joan Mir. Com a saída iminente da Suzuki da MotoGP, os dois pilotos parecem ainda mais pressionados a mostrar resultados para assegurar um guidão para 2023. Porém, a vida do time de fábrica foi se complicando na medida em que Miller perdia rendimento e Bastianini ultrapassava o australiano e partia para cima de Bagnaia. Com Miller praticamente fora do time oficial da Ducati em 2023, a briga por sua vaga vai ficando entre Bastianini e Jorge Martin, porém, o rápido espanhol precisa aprender que a velocidade nos treinos precisa de refletir em bons resultados no domingo. Mais uma queda de Martin, enquanto Bastianini tinha cuidado em atacar o que pode ser seu futuro companheiro de equipe.

Se vencesse pela segunda corrida consecutiva, Bagnaia entraria de vez no campeonato e com mais impulso nesse primeira quarto de campeonato, poderia atacar mais cedo Quartararo e disputar mais abertamente o título. Contudo, Bagnaia não contava com a astúcia de Bastianini, que atacou na primeira chicane de Le Mans e tomou a posição. Aquilo mexeu com os nervos de Bagnaia, que saiu de suas características e errou duas vezes ao tentar acompanhar o compatriota, sendo que a segunda o fez cair e perder preciosos pontos no campeonato. Bagnaia deve se sentir pressionado ao ser superado por um piloto que tem um equipamento sabidamente inferior ao dele e para piorar, Bastianini está apenas oito pontos atrás de Quartararo no campeonato. Nesse momento, Enea é o piloto da Ducati na luta pelo título. Com a queda de Rins, Quartararo, Aleix e Enea se isolaram um pouco na luta pelo título. Bastianini é o único a vencer mais de uma vez em 2022 na MotoGP. Ainda lhe falta a consistência no campeonato que lhe sobra em corridas, já que Enea já começa a entrar na cabeça dos pilotos oficiais da Ducati. 

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