domingo, 22 de maio de 2022

Mais animada do que o normal

 


Grande Prêmio da Espanha normalmente é sinônimo de um longo bocejo por uma hora e quarenta, onde o vencedor é o mesmo piloto que contorna a primeira curva da primeira volta na frente. Porém, numa temporada 2022 bem interessante, vimos uma corrida movimentada, mas bem logo de ser espetacular ou animadíssima, como exclamou Sergio Maurício. O vencedor da prova não foi o mesmo piloto que contornou a primeira curva na frente e nem de longe teve uma corrida tranquila. Max saiu da pista, discutiu com a equipe via rádio, mudou a estratégia e teve que contar com a colaboração de Sérgio Pérez para vencer em Barcelona e se igualar à Juan Manuel Fangio com 24 triunfos na história da F1, num dia em que a Ferrari quererá esquecer.


Debaixo de um fortíssimo calor, Barcelona abrigou uma corrida cheia de alternativas, mesmo que sem tanta emoção assim. Charles Leclerc largou bem e tomou o cuidado de fechar Max Verstappen no aproche da primeira curva para confirmar a pole. Com o asfalto catalão beirando os cinquenta graus, conservar os pneus seria um fator chave para conseguir vencer e como a Ferrari não fora até o momento muito gentil com a borracha da compatriota Pirelli, Leclerc teria que pilotar com a cabeça caso quisesse superar Max Verstappen. E tudo estava indo muito bem para o monegasco. No momento em que começava a abrir uma vantagem confortável, Charles viu um raro erro de Verstappen, que saiu da pista na curva 4, a mesma que vitimara Sainz. O neerlandês caiu para quarto, ficando atrás da briga entre Russell e Pérez. O jovem inglês foi um dos destaques da corrida ao levar a Mercedes à briga por pódio, além de mostrar a evolução do carro e do motor alemão, já que Russell segurava a dupla da Red Bull. Verstappen rapidamente encostou em Russell, usando a prerrogativa de primeiro piloto da Red Bull pela primeira vez, mas Max tinha um problema com seu DRS, que funcionava quando queria, acabando com as chances de ultrapassagem do piloto da Red Bull, que reclamou bastante pelo rádio de outro problema no seu carro nessa temporada.


Como Max e George pararam juntos, a situação de Verstappen ficava cada vez mais complicada, enquanto Leclerc, que postergou sua parada, ficava com a situação cada vez mais sob controle. O ferrarista fez sua parada e voltou confortavelmente em primeiro, mas tudo terminaria com o motor Ferrari apresentando um problema terminal, acabando com a corrida que daria uma importante vitória à Leclerc. E tudo pioraria com Verstappen usando a estratégia para se livrar de Russell, que se mostrou um piloto muito resiliente em sua defesa. Com pista livre e uma tática de três paradas, Max rapidamente se colocou em posição de atacar seu companheiro de equipe Checo, que estava em primeiro, mas nitidamente mais lento. Pérez não gostou, mas cedeu a posição para Max e completar a dobradinha da Red Bull. A quarta vitória de Verstappen lhe colocou na liderança do campeonato com o zero ponto de Leclerc e com três vitórias consecutivas, Max pode estar pegando o embalo rumo ao bi. Se Max contou com a ajuda decisiva de Pérez, Leclerc nem de longe contou com Sainz. Mesmo correndo em casa, o espanhol decepcionou ao largar mal e ainda sair da pista quando vinha apenas em quinto. Sem confiança, a recuperação de Sainz nem de longe foi das mais empolgantes. Na verdade, o espanhol vagou no pelotão intermediário e ainda foi ultrapassado por Hamilton no final, mas com os problemas do inglês, recuperou a quarta posição, ficando fora do pódio e viu a Red Bull também virar sobre a Ferrari no Mundial de Construtores.


Russell garantiu um excelente pódio numa corrida muito boa do piloto inglês. George largou bem e se defendeu de forma esplêndida do duo da Red Bull aonde deu. Sua disputa com Verstappen foi um dos pontos altos da prova e o terceiro lugar coloca George em quarto no campeonato, poucos pontos atrás de Pérez e na frente da Ferrari de Sainz. Uma temporada acima da média de Russell. Já Hamilton está naquela de que 'numa chuva de Xuxa no meu colo cai Pelé'. O multi-campeão largou bem e estava na briga quando foi atingido por um animado Kevin Magnussen, que furou o pneu da Mercedes. Parecia fim da linha para Lewis, que chegou a sugerir um abandono para o engenheiro. Porém, a atitude pouco conveniente de Hamilton se mostrou açodada. O inglês fez uma corrida primorosa, saindo de 19º para o quarto lugar sem nenhuma intervenção na pista, porém, um problema de motor fez Lewis diminuir o ritmo e permitir ser ultrapassado por Sainz. Hamilton ainda marcou a volta mais rápida da corrida, estava apenas 12s atrás de Russell quando teve seu problema, mas ainda falta tudo encaixar para Hamilton ainda mostrar sua grandeza, mas contra fatos não há argumentos: Hamilton está tomando pau de Russell!


Sem a sombra de Hamilton, Bottas vem se comportando muito bem na Alfa Romeo e se não fosse os melhores pneus de Sainz e Hamilton no fim, o nórdico poderia ter terminado na frente, pois Bottas ocupou por muito tempo a quarta posição da prova. Fazendo uma prova sólida, Ocon terminou em sétimo, enquanto Alonso saiu da última posição, punido que foi após uma classificação ruim, para chegar na zona de pontuação. Norris salvou um pouco a honra da McLaren com um oitavo lugar, enquanto Tsunoda mostrou sua evolução dentro da Alpha Tauri. Num dia em que Pierre Gasly não deu as caras, o japonês tomou para si o cetro de líder da equipe e fechou a zona de pontuação. Mick Schumacher chegou a flertar com o seu esperado primeiro ponto, mas o alemão foi engolido no fim quando tinha pneus velhos, enquanto Norris, Tsunoda e Vettel vinham com pneus mais novos. Vettel foi o último a parar e mesmo com seu carro sendo uma cópia do vencedor, a Aston Martin continuou a má fase e saiu sem pontos novamente. A Williams não saiu da lanterna, mas dessa vez o ameaçado Latifi ficou na frente de Albon.


Com essa vitória, a maré mudou completamente de lado a favor de Max Verstappen. O piloto da Red Bull venceu todas as corridas em que completou e mesmo com alguns problemas aqui e ali em seu carro, Max vai se mostrando o piloto mais forte do ano. Os quinze anos sem título podem estar fazendo a diferença para a Ferrari, que viu sua vantagem inicial no campeonato ir embora, mesmo com Leclerc tendo feito seu trabalho e deveria ter ganho hoje, se não fosse seu carro lhe deixar na mão na pior hora possível. Com o campeonato bipolarizado entre Verstappen e Leclerc, a maior experiência do neerlandês e de sua equipe podem fazer muita diferença no final, assim como o maior apoio de Pérez em comparação a um sorumbático Sainz. Barcelona viu uma corrida mais animada do que o normal, mas o campeonato que tem agora a liderança de Verstappen pode estar se decidindo a partir de hoje.

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