domingo, 2 de abril de 2023

Suave veneno

 


Marco Bezzecchi chegou à MotoGP como mais um dos protegidos de Valentino Rossi, mesmo sem conquistar nenhum título nas categorias de base, mas obtendo bons resultados. Companheiro de equipe do meio-irmão de Valentino na equipe da lenda da motovelocidade, Bezzecchi sempre ficou com um equipamento ligeiramente pior do que de Luca Marini, porém, Bezzecchi já tinha mostrado ter mais talento do que Marini e tendo em mãos uma Ducati, Marco começou a temporada 2023 já subindo ao pódio na corrida inaugural em Portugal e na Argentina, debaixo de chuva, o italiano de 25 anos dominou a corrida como se fosse um veterano, conquistando sua primeira vitória na MotoGP, o mesmo acontecendo com a equipe de Rossi.

Com o tempo ruim e asfalto molhado, havia ainda mais tensão no ar. Com tantos acidentes e pilotos machucados, a MotoGP largaria em Termas de Rio Hondo com o recorde negativo de apenas dezessete motos no grid e com a pista molhada, os pilotos teriam que ter bastante cuidado para não aumentar a lista de lesionados. Alex Márquez surpreendera ao ficar com a pole no sábado, vindo do Q1, mas foi outro piloto de equipe satélite da Ducati quem se destacou logo de cara. Bezzecchi, que usa um escorpião como marca, saiu muito bem e já nas primeiras curvas, onde todos tinham muito cuidado, se estabeleceu na ponta. No início, apenas Márquez, Bagnaia e Franco Morbidelli seguiam de perto Bezzecchi, mas rapidamente o piloto de Rimini foi abrindo vantagem na pista molhada argentina e simplesmente não foi mais visto a corrida inteira. Bezzecchi acabou com todas as desconfianças com uma pilotagem soberba e garantiu não apenas sua primeira vitória na MotoGP, como ascendeu à liderança do campeonato.

Bagnaia fazia uma corrida cautelosa, repetindo o que fez no sábado na Sprint, onde terminou apenas em sexto. Após se livrar de Morbidelli, Pecco passou a se concentrar em Márquez e efetuou a ultrapassagem sem maiores dramas. Para cair sozinho, sem ser pressionado, logo em seguida. Foi um duro golpe para Bagnaia, que poderia disparar na ponta, mas acabou com zero ponto, mesmo com tão poucas motos no grid. Márquez e Morbidelli partiam para o pódio, que no caso do piloto da Yamaha seria um prêmio, após uma enormidade de corridas ruins por parte do italiano. Só que os dois não contavam com o crescimento de Johan Zarco no final da prova. Andando até 1s mais rápido, o francês engoliu os dois, sendo a ultrapassagem sobre Alex se deu na última volta, dando a sensação de que se tivesse mais duas ou três voltas, Zarco poderia ameaçar Bezzecchi. Não deixa de ser uma ressurreição para Morbidelli, que andou forte todo o final de semana e na frente de Quartararo, que assim como seu compatriota, subiu de rendimento nas voltas finais, após ser acertado por Nakagami no início da prova, e Fabio ainda salvou um sétimo lugar após ocupar a última posição. Após vencer a Sprint de forma espetacular, largando de 15º, Brad Binder caiu na primeira volta e chegou em último, enquanto a Aprilia, que deu pinta de que poderia dominar como fez ano passado, ficou fora dos dez primeiros.

O que aconteceu com Binder e a Aprilia só mostra como as coisas mudam rápido na MotoGP. Bagnaia também pode falar sobre isso, com uma queda solo inexplicável e indesculpável, entregando a liderança do campeonato à Bezzecchi. O domínio da Ducati é tamanho na MotoGP atual, que o pódio foi todo preenchido pelas motos italianas, com três equipes satélites diferentes. O tempo dirá se Marco Bezzecchi se manterá na briga pelo título, como fez Bastianini com o time Gresini ano passado, mas o italiano provou que merece uma melhor atenção da MotoGP.

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