terça-feira, 13 de setembro de 2022

História: 30 anos do Grande Prêmio da Itália de 1992

 


Com os dois títulos definidos, a maior atração da F1 até o final da temporada de 1992 era a briga pelo vice-campeonato, onde Patrese, Schumacher e Senna estavam bastante próximos. Contudo, fora das pistas houveram inúmeros anúncios que balançaram as estruturas da F1 naquele final de semana em Monza. Um pouco antes do primeiro treino livre o presidente da Honda Nobuhiko Kawamoto anunciou a saída da montadora japonesa da F1 no final daquela temporada, para extremo desgosto de Ayrton Senna, que procurava um lugar mais competitivo para 1993. Sem motores para o ano seguinte, Ron Dennis anuncia a contratação de Michael Andretti, numa clara investida para amolecer o coração da Ford, mas os americanos deixavam claro que a Benetton seria a equipe número um deles, para desespero de Dennis, que tentou até mesmo a compra da Ligier para colocar as mãos nos motores Renault, mas restrições mercadológicas impediram que o negócio fosse adiante e Dennis pensava em como manter Senna na equipe, que se oferecia de graça para a Williams, com um motor cliente da Ford, naquela altura, o único motor disponível. 

Com as ausências de Brabham e Andrea Moda as equipes pequenas não tinham mais que se preocupar com a temida pré-classificação. Mansell experimentava um novo motor Renault e mesmo tendo problemas na sexta-feira, confirmou a pole no sábado, sua décima primeira no ano. Senna dispensou o uso da suspensão ativa na McLaren e ficou com um interessante segundo lugar, com Berger preferindo o usar o aparato e tendo que se conformar com o quinto lugar. Como sempre a Ferrari fez uma bela festa em casa e mesmo com Alesi chateado pela péssima temporada até aquele momento, o francês usou o motor 'especial' da Ferrari em Monza e ficou em terceiro no grid, dividindo a segunda fila com Patrese. Boutsen conseguia um bom oitavo lugar com a Ligier com a suspensão ativa, enquanto a Jordan largava nas últimas posições com seu péssimo motor Yamaha V12.

Grid:

1) Mansell (Williams) - 1:22.221

2) Senna (McLaren) - 1:22.822

3) Alesi (Ferrari) - 1:22.976

4) Patrese (Williams) - 1:23.022

5) Berger (McLaren) - 1:23.112

6) Schumacher (Benetton) - 1:23.629

7) Capelli (Ferrari) - 1:24.321

8) Boutsen (Ligier) - 1:24.413

9) Brundle (Benetton) - 1:24.551

10) Gachot (Larrousse) - 1:24.543


O dia 13 de setembro de 1992 amanheceu claro e ensolarado em Monza, num típico domingo de Grande Prêmio da Itália, mas o que chamou a atenção naquela manhã aconteceu fora das pistas. Continuando a série de anúncios, Nigel Mansell reuniu a imprensa logo depois do warm-up para anunciar sua aposentadoria da F1 no final de 1992 e que estava disponível para ir a outras categorias, principalmente a Indy. Com a chegada de Prost à Williams com o apoio da Renault, Mansell, mesmo campeão do mundo, teria que reduzir seu salário se quisesse ficar na Williams em 1993, sem contar que sua experiência como companheiro de equipe de Prost não tinha sido as melhores. Mansell ainda conversou com a McLaren, que vendo Senna em vias de sair da equipe, fez com que Dennis engolisse o orgulho e tivesse que negociar com Mansell, inimigo fidagal da McLaren nos últimos tempos. Magoado com a Williams, Mansell se antecipou e anunciou que estava fora da F1 em 1993. Mansell confirmou sua pole na largada e mesmo com Alesi saindo melhor do que Senna, o brasileiro recuperou a sua posição na freada da primeira chicane, seguido por Patrese, Capelli e Boutsen. 


Mansell liderava a primeira volta o que poderia ser outro passeio dominical e a Williams mostrava a sua força com Patrese ultrapassando Alesi bem na reta dos boxes, para tristeza dos tifosi. Berger e Schumacher tem problemas na freada da primeira curva e despencam pelotão abaixo. Antes da corrida Mansell e Patrese combinam uma troca de posições para ajudar o italiano no campeonato, além de oferecer uma vitória em casa para Patrese, mesmo com as arquibancadas praticamente vazias em Monza pela má fase da Ferrari. Mansell abriu 5s de forma natural sobre Senna, que já era pressionado por Patrese, enquanto Alesi já vinha 6s atrás da segunda Williams. Na volta 13 a corrida da Ferrari acabava de forma melancólica e em poucos segundos, com Alesi entrando nos boxes com a bomba de combustível quebrada e Capelli rodando na Parabolica, terminando sua corrida na brita, para desgosto da torcida. Com isso Brundle assumia a quarta posição, enquanto Schumacher e Berger escalavam o pelotão. Na passagem seguinte finalmente Patrese ultrapassa Senna na freada da primeira chicane, completando a dobradinha da Williams, com Mansell já 10s na frente. Porém, como fora combinado anteriormente, Mansell tira o pé para a aproximação de Patrese e o italiano assume a ponta da prova na volta 20, porém, o que esse plano não contemplava, era que Senna também chegasse em Mansell.


Os três primeiros colocados corriam próximos, com 3s separando-os enquanto passavam pelos retardatários. Brundle vinha 30s atrás, com Boutsen em quinto e Schumacher já na zona de pontos, enquanto Berger, gastando demais os pneus, teve que fazer uma parada. E quanto o austríaco foi alcançado pelos líderes, Berger deu trabalho para a dupla da Williams, o que permitiu novamente uma aproximação de Senna. Mansell tinha claramente o carro mais rápido da pista, mas o inglês permaneceu fiel à sua palavra e não atacava Patrese, mas na volta 42 a Williams do inglês tem uma pane hidráulica, causando o abandono de Mansell. Após deixar seu carro na Variante Ascari, Mansell retornou aos boxes acenando para a torcida, fazendo a festa dos poucos tifosi que ainda estavam em Monza. Senna tem um problema de escapamento e diminui o ritmo. Parecia que a fatura estava liquidada para Patrese, mas faltando cinco voltas o italiano tem a mesma pane hidráulica que tirara Mansell da corrida. Riccardo fica com o câmbio travado na quarta marcha, mas sem nenhum ritmo, é seguidamente ultrapassado. Ayrton Senna conquistava sua terceira vitória em 1992, com Brundle e Schumacher completando o pódio, no que era a primeira vez naquela temporada que a Benetton colocava seus dois carros no pódio. Senna tirou o pé na penúltima volta para Berger tirar uma volta e assim ficar com o quarto lugar à frente do infeliz Patrese.  Apesar de manter sua famosa comemoração empunhando a bandeira brasileira, Senna estava sem alegria, pois sabia que ele apenas se aproveitou do infortúnio da Williams para vencer. Seria a última vitória da consagrada parceria Senna-Honda.

Chegada:

1) Senna

2) Brundle

3) Schumacher

4) Berger

5) Patrese

6) De Cesaris

Nenhum comentário:

Postar um comentário