quinta-feira, 13 de setembro de 2018

História: 20 anos do Grande Prêmio da Itália de 1998

A Ferrari tinha motivos de sobras para fazer um bom papel em Monza, seu lar espiritual. Testes antes da corrida na Itália mostravam que o time de Maranello vinha muito forte para o final de semana em que a Ferrari completava 600 Grandes Prêmios na F1. Uma marca importante para a Ferrari, mas a equipe estava numa situação delicada no campeonato. Numa temporada em que a McLaren-Mercedes dominou, apenas o talento de Michael Schumacher equilibrava um pouco o campeonato, mas o alemão já aparecia sete pontos de Mika Hakkinen na luta pelo título, fazendo da vitória em Monza quase obrigatória para o alemão se manter na briga.

Os treinos mostraram a força da Ferrari, inclusive com Irvine ficando com o melhor tempo na sexta-feira, mas foi Michael Schumacher quem conseguiu acabar com a hegemonia da McLaren em termos de classificação, com o alemão conseguindo sua primeira pole de 1998. Ao seu lado, surpreendendo a muitos pelo o que vinha acontecendo naquele ano, estava o então campeão Jacques Villeneuve, na sua Williams vermelha. Mesmo correndo com um motor Renault recauchutado, a Williams já tinha conseguido um pódio em Hockenheim, pista com características parecidas com a de Monza. A McLaren teve que se contentar com a segunda fila.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:25.289
2) Villeneuve (Williams) - 1:25.561
3) Hakkinen (McLaren) - 1:25.679
4) Coulthard (McLaren) - 1:25.897
5) Irvine (Ferrari) - 1:26.159
6) R.Schumacher (Jordan) - 1:26.309
7) Wurz (Benetton) - 1:26.567
8) Alesi (Sauber) - 1:26.637
9) Panis (Prost) - 1:26.681
10) Trulli (Prost) - 1:26.794

O dia 13 de setembro amanheceu claro e ensolarado em Monza, um típico dia de outono na Itália, onde a corrida aconteceria sem a menor chance de chuva. Como era esperado, os tifosi tomaram Monza de assalto querendo ver uma vitória da Ferrari e de Schumacher, mas as coisas não seriam tão fáceis. Assim que estacionou seu McLaren no coxete, Hakkinen fez o sinal da cruz e no apagar das luzes vermelhas, conseguiu a melhor largada do ano ao pular de terceiro para primeiro passando entre os dois carros da primeira fila. Assustados, Schumacher e Villeneuve perderam um pouco de tempo e quem se aproveitou da situação foi Coulthard, que pulou para segundo. A dobradinha da McLaren na largada não era o que os torcedores da Ferrari esperavam, mas ainda faltavam 53 voltas para o fim.

Schumacher caiu para quinto na largada, mas ainda na primeira volta ultrapassou Villeneuve na Variante Della Roggia e com Irvine na frente, era claro como o dia e a noite que o alemão logo estaria na terceira posição por ordem da Ferrari. Quando Michael assumiu o terceiro posto, com Irvine quase estacionando sua Ferrari, sua desvantagem para a dupla da McLaren era de 4s. Na oitava volta, numa manobra surpreendente, Hakkinen deixou Coulthard passar. O escocês estava mais rápido e soube-se depois que estava também numa estratégia diferente, marcando a volta mais rápida e colocando 2s de frente para Hakkinen, que administrava uma boa diferença para Schumacher. Shinji Nakano explode o motor de forma espetacular e abandona a corrida na Curva grande. Em pouco mais de dez voltas, Diniz, Herbert e Panis também já haviam abandonado a corrida. Na décima sétima volta, quando se preparava para fazer sua primeira parada, o motor de Coulthard explodiu e o escocês rapidamente encosta sua McLaren. Se a vida da McLaren tinha ficado ruim, ficaria ainda pior momentos mais tarde. A fumaça do motor de Coulthard pareceu ter assustado Hakkinen que tirou o pé, fazendo com que Schumacher colasse no finlandês. Numa belíssima ultrapassagem, Schumacher ultrapassou Hakkinen na saída da variante Della Roggia para assumir a liderança da corrida, para delírio dos torcedores da Ferrari.

Logo após a ultrapassagem, Schumacher começou a abrir uma boa diferença para um Hakkinen aparentemente opaco. Quando os dois líderes completaram suas paradas, era nítido a enorme fumaça de pó que saiu dos freios de Hakkinen no pit-stop. Schumacher e Hakkinen mantiveram suas posições, separados por 7s. Irvine vinha isolado na terceira posição, tanto que o irlandês saiu da pista na Segunda de Lesmo e ainda assim não foi incomodado. A melhor briga da corrida acontecia entre Damon Hill e Heinz-Harald Frentzen pela sexta posição, mas a batalha terminou quando a Williams se atrapalhou no pit-stop do alemão, fazendo Frentzen perder mais de 30s nos boxes. Para completar o dia da Williams, Villeneuve rodou sozinho na volta 38 e abandonou a corrida. Depois da parada Hakkinen aumentou o ritmo, fez a melhor volta da corrida e cortou 3s de desvantagem que tinha para Schumacher. Quando todos esperavam por um ataque final de Mika nas voltas finais, ele saiu da pista na Variante Della Roggia. Para sorte de Hakkinen, ele pôde voltar rapidamente à pista, mas algo não estava correto em sua McLaren. Os freios da McLaren pareciam não funcionar bem e Hakkinen passou a correr com muito cuidado, diminuindo a velocidade do seu carro usando o câmbio. Sem poder como se defender, Hakkinen foi presa fácil de Irvine e Ralf Schumacher. Tudo o que Mika queria era terminar a prova. Tudo o que Schumacher queria era festejar muito sua importante vitória. Dez anos depois do milagre de 1988, a Ferrari voltava a marcar uma dobradinha em Monza e Schumacher ainda teria com ele no pódio seu irmão mais novo. Para completar, a vitória em Monza, somado ao quarto lugar de Hakkinen, significava que os dois candidatos ao título estavam empatados no Mundial de Pilotos com duas corridas para o fim. Mesmo a McLaren tendo nitidamente mais carro, o talento de Schumacher tinha sido capaz de transformar a temporada de 1998 completamente imprevisível na sua reta final.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Irvine
3) R.Schumacher
4) Hakkinen
5) Alesi
6) Hill

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