domingo, 1 de novembro de 2020

Em outro patamar

 


Novamente a Mercedes mostrou o porquê está entre as grandes equipes da história da F1. Mesmo com o furo de pneu de Max Verstappen, a corrida, que não começara promissora para a equipe chefiada por Toto Wolff, já estava no papo e a saída do neerlandês apenas confirmou a dobradinha que deu à Mercedes o sétimo título consecutivo do Mundial de Construtores, um recorde absoluto na F1. Usando duas estratégias diferentes, a Mercedes garantiu a vitória quando deixou Lewis Hamilton na pista por mais tempo e o inglês saiu na frente de um problemático Bottas e um combativo Verstappen para garantir a vitória de número 93 na F1, sua primeira em Ímola.


A corrida denominada de Emilio Romagna estava parecida com as provas em San Marino. Mesmo com a saída da variante baixa, o circuito de Ímola permaneceu estreito e sem pontos claros de ultrapassagem. Com os carros bastante largos e compridos, essa missão ficou ainda mais complicada, dando a sensação que apesar de um ótimo traçado, a pista de Ímola está defasada para a F1 atual. Mesmo com tudo isso, a Mercedes conseguiu mais dobradinha em 2020, mas não foi exatamente um passeio no parque. Bottas manteve a pole, mas Hamilton teve que lutar muito para ficar em terceiro, já que Verstappen quase que imediatamente tomou a segunda posição de Lewis. A partir daí foi uma briga à três, com os demais pilotos longe demais para fazer algo e dando mais motivos para a Red Bull lamentar não ter um segundo piloto de bom nível. Numa luta dois contra um, ficou fácil para a Mercedes mexer com sua tática e colocar Verstappen numa situação difícil. Bottas ficou boa parte da corrida com um pedaço de Ferrari pregado no seu difusor, tirando muito desempenho do nórdico e com isso, Verstappen se viu preso atrás de Valtteri. Contudo, a vantagem da Mercedes é tão grande que mesmo com esse problema, Bottas foi capaz de sair na frente de Max quando o piloto da Red Bull antecipou sua parada numa tentativa do famoso undercut. Vendo o que acontecia na sua frente, Hamilton pediu encarecidamente para ficar na pista. E destroçar o recorde da pista em Ímola de forma seguida, conseguindo uma ótima posição para não apenas ultrapassar Verstappen, como assumir a ponta da corrida. Contudo, como todo campeão precisa de sorte, um safety-car virtual provocado por Ocon fez com que Hamilton fizesse sua parada de forma ainda mais confortável para liderar a corrida até o fim.


Verstappen não se deu por vencido e se aproveitando de erros de Bottas, conseguiu uma bela e rara ultrapassagem sobre o finlandês, mas 13s atrás de Hamilton, tudo o que Max poderia fazer era mesmo separar as duas Mercedes. Contudo, um pneu traseiro furado estragou os sonhos da Red Bull. Para completar, Albon fazia outra corrida apagada e na relargada do SC provocado pelo seu companheiro de equipe, acabou rodando sozinho, jogando mais pontos pelo ralo. O planejamento da Red Bull de apostar em seu programa de jovens pilotos está em check novamente. A tática da Mercedes funcionou perfeitamente por que Verstappen não tinha nenhum apoio contra os dois carros da montadora tedesca. Apesar das críticas, Bottas consegue trazer bons pontos para a Mercedes e atrapalhar a estratégia alheia, como mostrado mais uma vez hoje. Albon é apenas mais uma vítima da falta de paciência de Helmut Marko com seus jovens pilotos. Nem todo jovem talento vai desabrochar rapidamente como Vettel, Verstappen ou Ricciardo, da mesma forma que podem ser descartados tão repentinamente, algo que vem acontecendo nos últimos anos na Red Bull e Albon poderá ser a próxima vítima. Percebendo o erro, a Red Bull está tendo mais cuidado com Gasly, o deixando mais um ano na Alpha Tauri, onde faz um ótimo trabalho. Além de procurar um piloto que possa realmente apoiar Max Verstappen na sua luta inglória contra a Mercedes. Sergio Pérez seria o grande favorito a essa vaga. Porém, parece sempre faltar ao mexicano um pouco mais de estrela. Com o abandono de Verstappen, Pérez estava bem próximo do seu primeiro pódio de 2020, mas a sua equipe errou na estratégia ao colocar pneus macios novos no carro de Sergio na entrada do SC. Pérez ganhou posições na relargada, mas foi basicamente impossível retornar à sua posição de origem, tendo que se conformar com o sexto lugar. Já Stroll bateu na primeira volta e como não poderia deixar de ser, cometeu uma 'strollada' ao quase atropelar um mecânico do time do seu pai.


Com o vacilo da Racing Point, Daniel Ricciardo conseguiu seu segundo pódio em três corridas, garantindo um ótimo quarto lugar no Mundial de Pilotos. O australiano teve que segurar a pressão de Daniil Kvyat, que estava com pneus macios e mais novos, mas Ricciardo se segurou sem maiores dramas. O russo foi quarto, mostrando que a Alpha Tauri estava com um carro bem acertado para Ímola, mas seu principal piloto, Gasly, abandonou ainda no começo da prova com problemas mecânicos, algo que atingiu também Ocon, que estava bem atrás de Ricciardo quando encostou seu Renault. Leclerc segurou um quinto lugar para a Ferrari no quintal de sua casa, mais uma vez andando acima do potencial do carro. Já Vettel fez outra corrida safada, onde ficou atrás de carros clientes da Ferrari, mas o alemão pode muito bem reclamar da Ferrari, que errou feio em seu pit-stop, perdendo 10s preciosos. Com os abandonos no final da corrida, a turma da Alfa Romeo conseguiu pontuar com seus dois pilotos, ficando logo atrás da dupla da McLaren, sendo que Sainz teve muita sorte em não acertar em cheio a Red Bull de Albon quando o tailandês rodou na sua frente. Contudo, o pior abandono do dia foi de George Russell. O inglês da Williams tinha chances totais de pontuar pela primeira vez na F1, mas um erro bisonho durante o período de SC acabou com o sonho de Russell, que ficou sentado e sem palavras após um erro tão elementar. Com Latifi em décimo primeiro, Russell com certeza pontuaria hoje. 


Apesar de todas as intempéries, a Mercedes conseguiu mais uma dobradinha hoje em Ímola. O time comandado por Toto Wolff sabe cobrir todas as pontas de um campeonato de uma corrida, não deixando quaisquer brechas para as suas rivais. São sete títulos consecutivos, algo que não pode ser ignorado. Toto Wolff já está no patamar de lendas como Jean Todt, Colin Chapman, Frank Williams e Ron Dennis. 

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