domingo, 27 de junho de 2021

Atropelo

 


Após as duas péssimas corridas em Monte Carlo e Baku, a Mercedes deu mostras de recuperação em Paul Ricard e mesmo perdendo a corrida na penúltima volta para a rival Red Bull, o time alemão parecia estar novamente nos calcanhares da grande rival de 2021. Bastou uma semana para que essa esperança fosse para o espaço. Lewis Hamilton ainda luta, claramente tira tudo do seu carro, mas com um terço de campeonato já se pode afirmar que a Red Bull hoje tem o melhor carro da F1 em 2021 e com Max Verstappen com uma pilotagem exuberante, o inglês simplesmente não teve qualquer chance de vitória na casa dos austríacos. A quarta vitória de Max Verstappen em 2021 desempatou a disputa com Hamilton, enquanto aumenta sua vantagem sobre o heptacampeão, que dá entrevistas tão atordoado quanto sua equipe. 


De longe, hoje foi a corrida mais morna da empolgante temporada 2021. A esperada chuva não caiu um único dia do final de semana da Estíria, facilitando o trabalho de Max Verstappen, que conseguiu provavelmente sua vitória mais tranquila, onde não foi atacado ou incomodado em nenhum momento. O neerlandês largou da pole, ligou o rádio na primeira FM que sintonizou, colocou o braço para fora da janela e passeou nas 71 voltas do Red Bull Ring, aumentando sua vantagem no campeonato e se consolidando como favorito ao título. Claro que Verstappen não estaria nessa situação se não fosse seu constante crescimento tanto técnico, como psicológico, fazendo de Max, com apenas 23 anos de idade, um piloto completo e capaz de bater um Lewis Hamilton completamente motivado. A diferença entre os dois fica claro quando olhamos onde estavam os segundos pilotos de Mercedes e Red Bull nesse domingo. Sergio Pérez foi prejudicado com uma parada muito ruim da Red Bull e perdeu a terceira posição para Bottas, que largou em quinto por uma punição após seu bizarro erro na sexta. Pérez mudou a estratégia, foi para cima de Valtteri, encostou no nórdico na última volta, mas teve que se contentar com a quarta posição, enquanto Bottas novamente criticou a estratégia da Mercedes de forma pública via rádio. Tudo isso tendo acontecido 30s atrás de Hamilton, antes do inglês fazer sua segunda parada para tirar o ponto de Verstappen de melhor volta. Se Mercedes e Red Bull estão em outro patamar na F1, Verstappen e Hamilton estão em outro patamar com relação aos demais dezoito pilotos do grid atual.


Isso fica ainda mais explícito com Lando Norris, que largou em terceiro e deu um ligeiro trabalho para os segundos pilotos de Mercedes e Red Bull, terminou em quinto, uma volta atrás de Max. O abismo entre as duas equipes top e as demais permanece límpido e claro em 2021. Se na França a Ferrari teve um ritmo de corrida medonho, os italianos se recuperaram rapidamente na Áustria. Carlos Sainz largou em 12º e terminou em sexto, enquanto Charles Leclerc teve que fazer uma parada extra por ter quebrado a asa dianteira na primeira volta e saiu da última posição rumo ao sétimo lugar, logo arás do companheiro de equipe. Outro destaque do dia vai para George Russell. O inglês da Williams estava no primeiro stint não apenas na zona de pontuação, como brigando com McLaren, Aston Martin e Alpine, podendo facilmente ficar naquela região ao final da prova e finalmente conseguir os primeiros pontos com a Williams, porém, um problema de ar comprimido destruiu a corrida do inglês e ele foi o segundo abandono do dia. A equação de Valtteri Bottas rodando bisonhamente dentro do pit-lane com George Russell quase levando seu fraco carro aos pontos praticamente corrobora com a tese de que em 2022 a Mercedes irá ter dois ingleses em seu plantel.


Aston Martin, Alpine e Alpha Tauri tiveram como coincidência mais do que começaram com a letra A no Red Bull Ring, pois hoje elas conseguiram pontos com apenas um piloto. Stroll foi ao Q3 e não foi mais visto por Vettel, que chegou a flertar com os pontos, mas foi descendo para fora da zona de pontuação. Desde que renovou seu contrato com a Alpine, Esteban Ocon não fez mais uma corrida que preste e Fernando Alonso voltou aos bons tempos de principal piloto da equipe com vantagem. Pierre Gasly foi vítima de um toque com Leclerc na primeira volta e com a suspensão arrebentada, foi o primeiro abandono do dia, enquanto Yuki Tsunoda chegou aos pontos numa corrida em que sempre esteve brigando com alguém. Daniel Ricciardo continuou sua má primeira temporada com a McLaren, enquanto Alfa Romeo não brigou por pontos e a Haas viu seus dois pilotos se pegando na pista novamente, numa cena em que Gunther Steiner respira fundo e reza.


Os números que a Red Bull consegue em 2021 começa a pressionar mais e mais a Mercedes. Se Hamilton garantiu vitórias à fórceps no Bahrein, além de vencer com autoridade na passagem ibérica da F1, de resto a Red Bull domina o campeonato deste ano. São quatro corridas consecutivas sem vitória para a Mercedes, algo que não existia desde 2014, parecendo deixar o time comandado por Toto Wolff completamente sem resposta, ao tira-los da famosa zona de conforto, algo que Hamilton já saiu, mas não tem o apoio de sua equipe. Max Verstappen tem o apoio de sua equipe e ainda vê a Honda motivadíssima em sair da F1 com uma título depois de trinta anos. Juntando tudo isso, Max Verstappen atropelou nesse final de semana, rumo ao primeiro título.

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