segunda-feira, 18 de março de 2024

Que pena...

 


O mundo do rali teve duas perdas nessa segunda-feira. Para quem acompanhava o então Rally Paris-Dakar na década de 1990 conheceu o japonês Kenjiro Shinozuka. Ligado a Mitsubishi, Shinozuka foi um piloto de ponta do Dakar por quase vinte anos, após ter disputado o Mundial de Rali e ter vencido duas etapas, ambas na Costa do Marfim. Logo em seu segundo ano no deserto do Saara, Shinozuka chegou em terceiro lugar, iniciando um período onde sempre se manteve entre os mais rápidos, se tornando o primeiro japonês a vencer o Dakar em 1997. Seis anos depois, já correndo com um carro da Nissan, Shinozuka sofreu um sério acidente que o deixou em coma, mas o japonês retornaria anos depois, finalizando sua participação no Dakar em 2006. Sofrendo de câncer, Kenjiro Shinozuka faleceu aos 75 anos. Poucas horas depois veio a notícia da morte de Joaquin Santos, piloto de destaque no rali português, sendo campeão lusitano várias vezes, mas de triste memória pelo envolvimento de 'Quim' na tragédia da etapa da Lagoa Azul do Mundial de Rali, onde Santos perdeu o controle do seu Ford RS200 e atingiu o público, matando três pessoas. Joaquin Santos passou alguns anos nos ralis, mas faleceu hoje aos 71 anos de idade. Que pena...

terça-feira, 12 de março de 2024

Figura(ARS): Oliver Bearman

 Claramente o grande destaque do final de semana! Quando a Ferrari se viu sem Carlos Sainz, acometido de uma apendicite ao final do primeiro dia de treinos, o time italiano não tinha muitas opções e trouxe o seu jovem piloto Oliver Bearman, que acabara de fazer a pole na F2. O inglês de 18 anos tinha feito alguns treinos com F1, não apenas na Ferrari, como na Haas, mas estrear num F1 já tendo perdido duas sessões de treinos livres e num circuito peculiar e perigoso como Corniche poderia ser a chave de um retumbante fracasso. Felizmente não foi o caso. Bearman quase foi ao Q3 (eliminando Hamilton) e na corrida fez tudo certo. Muito provavelmente a Ferrari nem esperasse marcar pontos com seu jovem piloto largando fora do top-10, mas Bearman disputou posições com Hulkenberg (que tem quase o dobro da idade de Ollie) e no final resistiu à pressão de Norris e Hamilton, pilotos bem mais experientes do que ele, mas Bearman simplesmente não errou rumo a um sétimo lugar que lhe valeu como uma vitória e a admiração de todo o paddock. O sucesso de Bearman serve também para mostrar que uma leva de jovens pilotos pede passagem na F1, substituindo alguns pilotos em hora extra.

Figurão(ARS): Lance Stroll

É constrangedor um assento bom na F1 ser tão mal utilizado como o da Aston Martin. A equipe foi adquirida por Lawrence Stroll em 2021 com o intuito claro de colocar seu filho Lance para correr. Até porque ninguém se interessa pelo parco talento do canadense. É louvável o investimento que Lawrence faz na equipe, contratando não apenas pilotos do quilate de Vettel e Alonso, como trazendo ótimos técnicos e engenheiros, além de firmar um acordo com a Honda. O problema é que o objetivo principal da equipe existir simplesmente não desabrocha e nem irá fazê-lo, pois falta à Lance Stroll simplesmente talento para se tornar o piloto principal da Aston Martin. Mesmo já próximo das duzentas corridas na F1, Lance acumula erros infantis e vai tomando tempo de Alonso, como tomou de pilotos que eram nitidamente melhores do que ele. Em Corniche Lance sofreu o único acidente da corrida num erro bobo, típico de um piloto que só está na F1 por um único motivo: o bolso sem fundo do pai. Até mesmo para pagar os prejuízos que Lance dá.

domingo, 10 de março de 2024

Sobrando em dose dupla

 

Carmelo Ezpeleta e Roger Penske são dois CEO's bastante inteligentes e que prezam pelos seus respectivos campeonatos, contudo, os dois pisaram feio na bola ao marcar as estreias da Indy e da MotoGP praticamente no mesmo horário, fazendo com que os fãs da velocidade tivessem que se dividir ou até mesmo fazer uma difícil escolha entre um ou outra. Particularmente, priorizei a Indy.

Se não houve um domínio absurdo como na F1 em duas primeiras etapas, Indy e MotoGP tiveram como coincidência além do horário, também o domínio em suas etapas de abertura. Claro, não um domínio gritante como na F1, mas na MotoGP a Ducati colocou seis motos entre os sete primeiros no Catar, enquanto a Penske colocou três carros entre os quatro primeiros em St Petersburg. Outro fator foi que o vencedor em ambos os lados do Atlântico predominaram na corrida, praticamente vencendo de ponta a ponta.

Após uma corrida obscura na Sprint Race, o atual bicampeão Pecco Bagnaia mostrou mais uma vez que é um piloto de domingo. Mais do que isso. O piloto da Ducati tratou de dar uma carteirada nos rivais e em Jorge Martin, vencedor da Sprint de ontem, em particular. Conhecido pelo estilo cerebral, Bagnaia fez uma grande largada, pulando para terceiro na primeira curva, atacando a KTM de Binder na curva seguinte, numa ultrapassagem bem agressiva. Apenas alguns metros depois, colocou por dentro no pole Martin para assumir a ponta e administrar a corrida a seu bel-prazer. Bagnaia nunca teve uma grande diferença para o segundo colocado Binder, mas não sofreu ataques do sul-africano para vencer mais uma vez e sair líder do Catar. Mais do que isso, Bagnaia sabe que novamente a Ducati tem a melhor moto do pelotão e como atual bicampeão, se impôs sobre seus rivais, em particular Martin, que teve que segurar o terceiro lugar das investidas de Marc Márquez.

Grande destaque do final de semana em sua estreia na Gresini e na moto Ducati após anos de Honda, Márquez fez uma grande corrida, chegando em quarto e demonstrando que quando estiver mais adaptado à nova moto, a luta pelas vitórias não tardará. Outro destaque para o novato sensação Pedro Acosta. Correndo com sua GasGas, o espanhol chegou a ocupar a quarta posição, numa luta de gerações com Márquez, mas perdeu rendimento e finalizou a corrida em nono. Acosta mostrou personalidade com sua moto e se Jack Miller continuar fazendo corridas pífias como a de hoje, muito provavelmente Pedro estará ao lado de Binder na KTM oficial. 

Praticamente no mesmo horário Josef Newgarden largava para a prova de St Petersburgo e só não liderou todas as voltas por uma tática diferente de Christian Lungaard. A sempre competitiva Indy não estava acostumada com um piloto se sobressaindo de tal forma como fez Newgarden, que ainda abriu bons 8s para Pato O'Ward na bandeirada. A corrida em St Pete, muito pela dificuldade de ultrapassagens, foi decidida em boa parte nos boxes e nas relargadas, com três bandeiras amarelas, com destaque para Romain Grosjean continuando a aprontar das suas, ao bater em Linus Lundqvist, jogando o novato no muro. Grosjean foi punido, mas acabou abandonando logo depois com problemas de câmbio.

Mesmo com algumas mudanças, Newgarden se mostrou insuperável na tarde da Flórida. As bandeiras amarelas não atrapalharam em nada o piloto da Penske, que venceu pela trigésima vez e voltou a triunfar em circuitos mistos, após dominar as provas em oval no ano passado. Felix Rosenqvist largou na primeira fila, mas foi perdendo rendimento na medida em que colocou pneus duros e a Meyer & Shank foi se perdendo nos pit-stops, mas o sueco ainda salvou um bom sétimo lugar, ainda mais se lembrarmos que a Meyer & Shank sofreu bastante em 2023 com Helio Castroneves e Simon Pagenaud. Os dois saíram e a equipe evoluiu seus resultados, demonstrando nesse momento que o problema não era no carro, mas os veteranos pilotos.

Pato O'Ward e Colton Herta perseguiram Newgarden de perto em algum momento, mas não foram páreo para Josef, com Herta ainda sendo engolido pelos dois pilotos da Penske que vieram de trás, Scott McLaughlin e Will Power. Scott fez uma ótima largada, demonstrando seu poder de fogo e cresceu bastante no terço final, trazendo consigo Power, que fazia uma prova até discreta, mas no final Will abriu fogo contra o companheiro de equipe, mas os dois permaneceram nas mesmas posições, com McLaughlin completando o pódio e Power em quarto. Após o frustrante processo de negação que sofreu da F1, a Andretti voltou a sofrer na Indy. Herta não manteve o ritmo das voltas inicias, enquanto o estreante Marcus Ericsson teve problemas mecânicos quando vinha no pelotão da frente. O atual campeão Alex Palou fez uma prova de chegada, principalmente quando percebeu que a Ganassi não tinha o melhor carro em St Petersburg. Vindo de uma sequência incrível de chegadas no top-10, o espanhol chegou a flertar com a quebra da sequência, mas fez um belo último stint rumo ao sexto lugar, superando um discreto nono colocado Scott Dixon. Pietro Fittipaldi fez uma prova bastante burocrática, onde muitas vezes figurou nas últimas posições, mas sem se envolver em qualquer problema, Pietro levou seu carro à 15º posição, na frente dos seus dois experientes companheiros de equipe.

Indy e MotoGP entregaram corridas não muito emocionantes, com duas equipes sobrando frente às demais, mas ainda assim com bem mais entretenimento do que a F1. Resta que as duas categorias não repitam o erro desse final de semana em largar no mesmo horário. 

sábado, 9 de março de 2024

Blindados

 


Por mais que os bastidores da Red Bull estejam prestes a explodir, com uma guerra civil nunca antes vistas no outrora simpático time austríaco numa luta por poder entre Horner, Marko e os seus respectivos aliados, o domínio da Red Bull na F1 2024 permanece intacto. Num circuito completamente diferente do que os carros desse ano andaram em 2024, a Red Bull continuou sua predominância de forma inapelável, com Max Verstappen conquistando mais uma vitória e chegando ao centésimo pódio na carreira, com Sérgio Pérez, mesmo punido, completando a dobradinha austríaca.


A corrida no perigoso circuito de Jedá esteve longe de empolgar, mas ainda assim foi melhor do que a modorrenta corrida no Bahrein semana passada. Claro que Max Verstappen não teve o mínimo trabalho para permanecer dominando a F1 e partir para a sua nona vitória consecutiva. A impressão que fica é que se Max contornar a primeira curva em primeiro, a corrida já tem dono, nos fazendo pensar no tamanho histórico do domínio que o neerlandês exerce. Mansell na Williams, Schumacher na Ferrari, Vettel na Red Bull, Hamilton na Mercedes... todas essas lendas dominaram em conjunto com carros incríveis em seus anos, mas ainda assim a impressão é que o gap do conjunto Verstappen/Red Bull para os demais é ainda maior. Com 27 anos de idade, Max faz parecer que suas vitórias sejam simples, até mesmo fáceis, mesmo tendo perdido a invencibilidade das voltas lideradas pela tentativa de Norris fazer algo diferente ao não parar no único Safety-Car do dia. Se já não bastasse ter projetado um super carro (mais um), Adrian Newey ainda desenvolveu o DRS mais eficiente do pelotão, com a Red Bull engolindo os adversários quando está com o DRS aberto, o mesmo não acontecendo com outros carros, como aconteceu com Piastri, que passou mais de vinte voltas tentando ultrapassar Hamilton, sem sucesso. Isso facilita ainda mais a vida dos pilotos da Red Bull numa situação amplamente favorável a eles. Na confusão do primeiro SC, Pérez foi liberado do seu pit claramente de forma insegura e foi punido em 5s. O mexicano ultrapassou Norris sem maiores cerimônias e abriu a diferença necessária para Leclerc para completar a dobradinha, mesmo que no final, tenha ficado confuso a punição dado à Pérez. Para melhorar a situação de Checo, a atuação da dupla da Racing Bulls, teóricos rivais de Pérez para o lugar na Red Bull em 2025, está muito abaixo e nessa balada, Pérez pode muito bem renovar seu contrato sem fazer muita força.


A Ferrari não teve um final de semana dos mais tranquilos, com o problema de saúde de Carlos Sainz na sexta-feira, que o levou a mesa de cirurgia por causa de uma apendicite. O jovem Oliver Bearman entrou no carro da Ferrari com 18 anos e bateu vários recordes de precocidade, mas na corrida o inglês fez bem mais, levando à Ferrari aos pontos, mesmo não tendo muita experiência no carro. O sétimo lugar de Bearman foi congratulado de forma simpática pela dupla da Mercedes e foi bem merecido. Leclerc fez o que dele se esperava, que era ficar na frente do resto do pelotão e na medida em que Pérez precisava abrir alguma diferença para se manter em segundo, Charles fez uma corrida solitária para ser terceiro. Norris e Hamilton tentaram uma tática diferente quando o SC apareceu, ficando na pista com os pneus médios em que largaram. Com um ritmo competitivo, Norris e Hamilton permaneceram muito tempo em quarto e quinto respectivamente, até fazerem seus pit-stops já nas fases finais da corrida, possibilitando pneus macios no último stint. Os dois ingleses brigaram por posição, mas não foram capazes de se aproximar de Bearman, tendo que se consolar com a oitava (Norris) e nona (Hamilton) posições. E falando em ingleses, será que Norris tomaria punição se não fosse súdito do rei em sua queimada escandalosa de largada?


Quando Hamilton finalmente fez sua parada, Piastri pôde consolidar sua boa quarta posição, ficando bem à frente de Norris. Alonso e Russell fizeram corridas anônimas, mesmo que ambos terem andado o tempo todo próximos, mas sem brigar entre si, com Alonso em quinto e Russell em sexto na quadriculada. Como aconteceu em 2023, parece que novamente Alonso levará a Aston Martin nas costas. Lance Stroll é um piloto pífio, ocupando um bom lugar na F1 graças aos esforços do seu pai, que vai construindo uma boa equipe, mas que Lance nunca usufruirá de forma total o crescimento da Aston Martin por falta de talento do canadense, que errou sozinho e espatifou seu carro na barreira de pneus. Independentemente de Felipe Drugovich ser brasileiro, mas é uma pena um assento tão bom na F1 ser tão mal utilizado. Com menos um carro das cinco equipes que estão lá na frente no pelotão, sobrou um lugar na zona de pontuação e esse lugar foi ocupado por Nico Hulkenberg, que se utilizou de uma inteligente jogada da Haas. Kevin Magnussen já estava punido por causa de uma disputa com Tsunoda e o time percebeu que se dinamarquês segurasse o pelotão atrás de si, não importasse como, Hulkenberg, que não parou no SC, teria boas chances de ficar com a décima posição. E Magnussen foi bem eficiente em segurar um animado pelotão atrás de si, tomando mais punições no processo, mas deixando Hulkenberg em posição para marcar um importante ponto para a Haas, nesse momento a sexta colocada no Mundial de Construtores. Como falado anteriormente, a dupla da Racing Bulls decepciona, principalmente Ricciardo, que rodou sozinho nas voltas finais, enquanto a Sauber precisa praticar pit-stops, pois novamente um dos seus carros ficou parado com a roda presa. A Williams fez o que dela se esperava, enquanto a Alpine vê um carro que além de ruim, ainda não é confiável, com Gasly sendo o primeiro abandono do dia.


Os bastidores da Red Bull fervem com notícias chegando a todo momento sobre o que acontece fora das pistas e que, sem sombra de dúvida, acabará respingando no time em algum momento. Antes da largada, Marko estava ao lado de Verstappen, enquanto Horner estava próximo do carro de Pérez. Horas antes Marko teve sua continuidade na equipe confirmada, com consequências ainda imprevisíveis, após Helmut ter sido acusado de ser o mentor dos vazamentos do julgamento de Horner na semana passada. Embaixo do pódio, Horner comemorava ao lado de Newey, enquanto Marko estava no meio...  da equipe Ferrari. Ainda haverão muitos desdobramentos nessa confusão que se tornou os bastidores da Red Bull, mas enquanto isso o desempenho da equipe na pista permanece blindado e extremamente superior aos demais.  

quarta-feira, 6 de março de 2024

Todos contra a Ducati

 


Quem acompanha o Mundial de Motovelocidade nos últimos quarenta anos, as motos japonesas sempre dominaram a categoria principal e estar numa Honda ou Yamaha era sinal de ter uma moto competitiva, ainda mais se o piloto estivesse na desejada equipe de fábrica. Porém, os tempos mudam e numa mentalidade mais agressiva, as montadoras europeias deixaram os nipônicos para trás a ponto de Yamaha e Honda terem ficado em penúltimo e último no Mundial de Construtores do ano passado. Um sinal ainda mais claro foi Marc Márquez sair da equipe oficial da Honda para correr na equipe satélite da Ducati.

Vendo como as montadoras japonesas estão para trás, a Dorna (que estaria prestes a ser comprada pela Liberty Media) modificou suas regras de concessões numa tentativa de resgatar Honda e Yamaha, mas até o momento isso ainda não aconteceu. Grande prejudicada por essas concessões, ficando bem limitada no desenvolvimento ao longo do ano, a Ducati pareceu ter construído uma moto ainda melhor para 2024 e dominou a pré-temporada. O atual bicampeão e de contrato renovado Pecco Bagnaia foi o mais rápido e viu seu companheiro de equipe Bastianini andar tão forte quanto, na tentativa do italiano apagar a péssima temporada que fez como piloto oficial de fábrica ano passado. Bagnaia e Bastianini adoraram a nova moto, que parece ser bem superior a de 2023, que se ajustou muito bem à Jorge Martin, mas o espanhol já reclama da moto 2024. A Pramac venceu o título de equipes, mas perdeu Zarco e trouxe para o seu lugar Franco Morbidelli, que desde o vice-campeonato de 2020 perdeu o encanto e ainda sofreu um forte acidente num teste particular e testou muito pouco com a moto nova.

A equipe de Rossi manteve Marco Bezzecchi, que foi terceiro colocado, mas que tem o mesmo feeling de Martin quanto a nova moto, e trouxe Fabio di Giannantonio, que fez um final de temporada muito bom para se manter na MotoGP em 2024. Porém, a equipe satélite mais visada da Ducati será a Gresini, que terá os irmãos Márquez, mas todos os olhos estarão em Marc, que desistiu da Honda em busca de competitividade com a Ducati. Uma das principais atrações da pré-temporada, Marc mostrou velocidade em alguns momentos, mas a realidade é que o espanhol ainda se adapta à nova moto, depois de onze anos de Honda, contudo, Marc Márquez será uma atração e tanto para 2024.

KTM e Aprilia surgem como grandes rivais para a o esquadrão da Ducati. A equipe oficial austríaca manteve seus pilotos, mesmo com Jack Miller tendo feito uma temporada miserável. Pedro Acosta será o único estreante do ano, mas um dos mais esperados dos últimos tempos. Dito e havido como um talento do nível de Márquez, Acosta venceu dois títulos em três anos no Mundial e chega à MotoGP com status de 'novo gênio', mostrando bastante velocidade na pré-temporada, ainda que pouca consistência. A Aprilia construiu uma nova moto bem aerodinâmica, mas a impressão que fica que falta piloto, na insistência na insossa dupla Aleix Espargaró e Maverick Viñales. A RNF faliu no final do ano passado e no seu lugar entrou a Trackhouse, equipe da Nascar e que comprou todo o espólio da RNF, incluindo mecânicos, engenheiros e os dois pilotos.

E as japonesas? Fabio Quartararo parece a ponto de perder a paciência com a falta de desempenho da Yamaha. Mesmo o time comandado por Lin Jarvis tendo contratado vários engenheiros da Ducati, os resultados poderão demorar a vir e Quartararo poderá se espelhar na ideia de Márquez. Rins será o novo companheiro de equipe de Fabio e tentará ficar longe dos contusões. Por ironia do destino, a Honda trouxe para o lugar de Márquez o irmão do inimigo do espanhol (Valentino Rossi), Luca Marini. O italiano foi sólido na equipe do irmão, mas a impressão que passa é que Marini foi escolhido mais por falta de opção no mercado do que outra coisa, mas Luca liderará a equipe, pois o campeão de 2020 Joan Mir parece não ter mais a confiança da cúpula da Honda. Talvez nem dele mesmo. A Honda terá a experiência de Zarco na LCR para desenvolver a moto.

A MotoGP começa nesse final de semana esperando que todo o domínio da Ducati seja aliviado pelas concessões dadas às demais montadoras, porém a montadora italiana ainda parece ser a mais forte no momento.  

Quem segura Palou?

 


A Indy teve um ano de 2023 um pouco diferente do usual. As corridas continuaram boas e disputadas, mas pela primeira vez em quase vinte anos o campeão da Indy foi conhecido por antecipação. Alex Palou venceu cinco vezes ano passado para conquistar o bicampeonato na penúltima etapa do campeonato, em Portland, se consolidando com o piloto mais forte da Indy no momento, mesmo que falte um pouco ao espanhol uma melhor administração da carreira, resultando em brigas judiciais que se acumularam ao longo dos últimos dois anos pelas decisões de Palou. 

Para 2024 a Indy terá como novidade os novos motores híbridos, desenvolvidos por GM e Honda nos últimos meses, mas que só aparecerá após as 500 Milhas de Indianápolis. Pelo feeling dos pilotos, o novo motor se mostrou bem diferente do anterior e que poderá mudar a forma de administrar a corrida, lembrando que as táticas fazem bastante diferença nas provas da Indy. Falando em motor, a Honda deu uma declaração preocupante quando falou que pode abandonar o projeto da Indy após trinta anos na categoria. Por incrível que pareça, o fato de ter muitos carros e até mesmo mais interessados a entrar na Indy fez com que o projeto de motorização da Honda muito caro, pois são equipes demais a suprir. A falta de uma terceira montadora faz falta não apenas à Honda, mas aos fãs e a Indy precisa se mexer para se tornar interessante para outras montadoras. Isso sem contar que tem basicamente o mesmo carro da Dallara desde 2012.

A Chip Ganassi dominou a Indy ano passado com Palou vencendo cinco vezes e o inevitável Scott Dixon conquistando o vice com três vitórias nas últimas quatro provas da temporada passada. Antes sempre carregada pelo brilhante Dixon, a Ganassi vê em Palou uma chance de se manter fortíssima no futuro, lembrando que Dixon completará 44 anos nesse ano e não precisa ser um matemático para perceber que o neozelandês não durará muitos mais anos na Indy. O time viu a partida do regular Marcus Ericsson e para o seu lugar promoveu Marcus Ericsson como piloto em toda a temporada, além da ascensão dos jovens Kyffin Simpson e Linus Lundqvist, totalizando cinco carros da Ganassi. Para enfrentar todo essa poderio, a Penske manteve seu trio do ano passado, com o atual campeão da Indy500 Josef Newgarden tentando ser mais regular em circuitos mistos, Will Power esperando voltar aos bons tempos que lhe garantiram o título em 2022, além de Scott McLaughlin comprovar toda a sua evolução desde que saiu do turismo australiano.

Vendo sua entrada à F1 recusada, talvez a Andretti foque um pouco mais na Indy, após um ano abaixo do esperado em 2023. Colton Herta segue considerado um piloto super talentoso, mas a verdade é que o jovem americano ainda não explodiu. O jovem Kyle Kirkwood conseguiu as únicas vitórias da Andretti em 2023, mas o americano não mostrou a consistência necessária para se manter na ponta em toda a temporada, enquanto Ericsson chegou para substituir Grosjean, após uma passagem acidentada (literalmente) na Andretti. A McLaren tenta evoluir e transformar o trio de ferro da Indy numa quarteto. Pato O'Ward vive um drama parecido com Herta, onde é claro que o mexicano tem muito talento, mas Pato ainda não deslanchou. O time terá o experiente Alexander Rossi tentando voltar aos tempos em que brigava com Newgarden como o melhor americano da Indy, enquanto David Malukas tentará superar uma queda de bicicleta e só estreará mais tarde, sendo substituído por Calum Illot. A McLaren promoverá Kyle Larson na Indy500, onde o americano fará o famoso 'Double Duty'.

As demais equipes tentarão se meter entre as grandes para brigar por vitórias, algo possível na Indy. A Rahal manteve o ótimo Christian Lundgaard na equipe, mesmo o dinamarquês tendo vencido uma corrida ano passado e ter feito um ótimo trabalho, chamando atenção das grandes. Graham continuará na equipe do pai, que promoverá Pietro Fittipaldi na equipe Rahal, se tornando o único brasileiro full-time na Indy, após vários anos testando na Haas (algo que continuará fazendo) e participando de corridas eventuais em outras categorias. Uma boa chance para Pietro, que já correu na Indy e estará numa equipe estruturada. A Carpenter focará em Rinus Veekay, enquanto o dono da equipe Ed Carpenter correrá apenas em ovais, a Juncos recebeu Grosjean, que substituirá Illot, que surpreendentemente saiu da equipe, enquanto a Dale Coyne só anunciou seus pilotos na semana da estreia da Indy. A Meyer Shank mudou seus dois veteranos pilotos, com Pagenaud ainda se recuperando de sua espetacular capotagem em Mid-Ohio e Helio Castroneves pavimentando sua aposentadoria ao comprar parte da equipe e correr apenas em Indianápolis, lugar onde sempre andou bem.

A Indy iniciará mais temporada com algumas novidades, mas talvez não o suficiente para dar um salto que a categoria merece. Há um certo marasmo na Indy, mas isso não significa corridas chatas ou falta de disputa. Muito pelo contrário! Com uma categoria de alto nível e praticamente monomarca (só se muda os motores e temos só dois), especular um favorito ao campeonato da Indy chega a ser arriscado, mas pelo o que mostrou no ano passado e nos testes, é praticamente impossível não apontar para Palou. Mesmo que meio destrambelhado fora das pistas, Alex Palou faz muita diferença dentro delas.