JCSPEEDWAY
segunda-feira, 18 de março de 2024
Que pena...
terça-feira, 12 de março de 2024
Figura(ARS): Oliver Bearman
Claramente o grande destaque do final de semana! Quando a Ferrari se viu sem Carlos Sainz, acometido de uma apendicite ao final do primeiro dia de treinos, o time italiano não tinha muitas opções e trouxe o seu jovem piloto Oliver Bearman, que acabara de fazer a pole na F2. O inglês de 18 anos tinha feito alguns treinos com F1, não apenas na Ferrari, como na Haas, mas estrear num F1 já tendo perdido duas sessões de treinos livres e num circuito peculiar e perigoso como Corniche poderia ser a chave de um retumbante fracasso. Felizmente não foi o caso. Bearman quase foi ao Q3 (eliminando Hamilton) e na corrida fez tudo certo. Muito provavelmente a Ferrari nem esperasse marcar pontos com seu jovem piloto largando fora do top-10, mas Bearman disputou posições com Hulkenberg (que tem quase o dobro da idade de Ollie) e no final resistiu à pressão de Norris e Hamilton, pilotos bem mais experientes do que ele, mas Bearman simplesmente não errou rumo a um sétimo lugar que lhe valeu como uma vitória e a admiração de todo o paddock. O sucesso de Bearman serve também para mostrar que uma leva de jovens pilotos pede passagem na F1, substituindo alguns pilotos em hora extra.
Figurão(ARS): Lance Stroll
É constrangedor um assento bom na F1 ser tão mal utilizado como o da Aston Martin. A equipe foi adquirida por Lawrence Stroll em 2021 com o intuito claro de colocar seu filho Lance para correr. Até porque ninguém se interessa pelo parco talento do canadense. É louvável o investimento que Lawrence faz na equipe, contratando não apenas pilotos do quilate de Vettel e Alonso, como trazendo ótimos técnicos e engenheiros, além de firmar um acordo com a Honda. O problema é que o objetivo principal da equipe existir simplesmente não desabrocha e nem irá fazê-lo, pois falta à Lance Stroll simplesmente talento para se tornar o piloto principal da Aston Martin. Mesmo já próximo das duzentas corridas na F1, Lance acumula erros infantis e vai tomando tempo de Alonso, como tomou de pilotos que eram nitidamente melhores do que ele. Em Corniche Lance sofreu o único acidente da corrida num erro bobo, típico de um piloto que só está na F1 por um único motivo: o bolso sem fundo do pai. Até mesmo para pagar os prejuízos que Lance dá.
domingo, 10 de março de 2024
Sobrando em dose dupla
Se não houve um domínio absurdo como na F1 em duas primeiras etapas, Indy e MotoGP tiveram como coincidência além do horário, também o domínio em suas etapas de abertura. Claro, não um domínio gritante como na F1, mas na MotoGP a Ducati colocou seis motos entre os sete primeiros no Catar, enquanto a Penske colocou três carros entre os quatro primeiros em St Petersburg. Outro fator foi que o vencedor em ambos os lados do Atlântico predominaram na corrida, praticamente vencendo de ponta a ponta.
Após uma corrida obscura na Sprint Race, o atual bicampeão Pecco Bagnaia mostrou mais uma vez que é um piloto de domingo. Mais do que isso. O piloto da Ducati tratou de dar uma carteirada nos rivais e em Jorge Martin, vencedor da Sprint de ontem, em particular. Conhecido pelo estilo cerebral, Bagnaia fez uma grande largada, pulando para terceiro na primeira curva, atacando a KTM de Binder na curva seguinte, numa ultrapassagem bem agressiva. Apenas alguns metros depois, colocou por dentro no pole Martin para assumir a ponta e administrar a corrida a seu bel-prazer. Bagnaia nunca teve uma grande diferença para o segundo colocado Binder, mas não sofreu ataques do sul-africano para vencer mais uma vez e sair líder do Catar. Mais do que isso, Bagnaia sabe que novamente a Ducati tem a melhor moto do pelotão e como atual bicampeão, se impôs sobre seus rivais, em particular Martin, que teve que segurar o terceiro lugar das investidas de Marc Márquez.
Grande destaque do final de semana em sua estreia na Gresini e na moto Ducati após anos de Honda, Márquez fez uma grande corrida, chegando em quarto e demonstrando que quando estiver mais adaptado à nova moto, a luta pelas vitórias não tardará. Outro destaque para o novato sensação Pedro Acosta. Correndo com sua GasGas, o espanhol chegou a ocupar a quarta posição, numa luta de gerações com Márquez, mas perdeu rendimento e finalizou a corrida em nono. Acosta mostrou personalidade com sua moto e se Jack Miller continuar fazendo corridas pífias como a de hoje, muito provavelmente Pedro estará ao lado de Binder na KTM oficial.
Praticamente no mesmo horário Josef Newgarden largava para a prova de St Petersburgo e só não liderou todas as voltas por uma tática diferente de Christian Lungaard. A sempre competitiva Indy não estava acostumada com um piloto se sobressaindo de tal forma como fez Newgarden, que ainda abriu bons 8s para Pato O'Ward na bandeirada. A corrida em St Pete, muito pela dificuldade de ultrapassagens, foi decidida em boa parte nos boxes e nas relargadas, com três bandeiras amarelas, com destaque para Romain Grosjean continuando a aprontar das suas, ao bater em Linus Lundqvist, jogando o novato no muro. Grosjean foi punido, mas acabou abandonando logo depois com problemas de câmbio.
Mesmo com algumas mudanças, Newgarden se mostrou insuperável na tarde da Flórida. As bandeiras amarelas não atrapalharam em nada o piloto da Penske, que venceu pela trigésima vez e voltou a triunfar em circuitos mistos, após dominar as provas em oval no ano passado. Felix Rosenqvist largou na primeira fila, mas foi perdendo rendimento na medida em que colocou pneus duros e a Meyer & Shank foi se perdendo nos pit-stops, mas o sueco ainda salvou um bom sétimo lugar, ainda mais se lembrarmos que a Meyer & Shank sofreu bastante em 2023 com Helio Castroneves e Simon Pagenaud. Os dois saíram e a equipe evoluiu seus resultados, demonstrando nesse momento que o problema não era no carro, mas os veteranos pilotos.
Pato O'Ward e Colton Herta perseguiram Newgarden de perto em algum momento, mas não foram páreo para Josef, com Herta ainda sendo engolido pelos dois pilotos da Penske que vieram de trás, Scott McLaughlin e Will Power. Scott fez uma ótima largada, demonstrando seu poder de fogo e cresceu bastante no terço final, trazendo consigo Power, que fazia uma prova até discreta, mas no final Will abriu fogo contra o companheiro de equipe, mas os dois permaneceram nas mesmas posições, com McLaughlin completando o pódio e Power em quarto. Após o frustrante processo de negação que sofreu da F1, a Andretti voltou a sofrer na Indy. Herta não manteve o ritmo das voltas inicias, enquanto o estreante Marcus Ericsson teve problemas mecânicos quando vinha no pelotão da frente. O atual campeão Alex Palou fez uma prova de chegada, principalmente quando percebeu que a Ganassi não tinha o melhor carro em St Petersburg. Vindo de uma sequência incrível de chegadas no top-10, o espanhol chegou a flertar com a quebra da sequência, mas fez um belo último stint rumo ao sexto lugar, superando um discreto nono colocado Scott Dixon. Pietro Fittipaldi fez uma prova bastante burocrática, onde muitas vezes figurou nas últimas posições, mas sem se envolver em qualquer problema, Pietro levou seu carro à 15º posição, na frente dos seus dois experientes companheiros de equipe.
Indy e MotoGP entregaram corridas não muito emocionantes, com duas equipes sobrando frente às demais, mas ainda assim com bem mais entretenimento do que a F1. Resta que as duas categorias não repitam o erro desse final de semana em largar no mesmo horário.
sábado, 9 de março de 2024
Blindados
quarta-feira, 6 de março de 2024
Todos contra a Ducati
Vendo como as montadoras japonesas estão para trás, a Dorna (que estaria prestes a ser comprada pela Liberty Media) modificou suas regras de concessões numa tentativa de resgatar Honda e Yamaha, mas até o momento isso ainda não aconteceu. Grande prejudicada por essas concessões, ficando bem limitada no desenvolvimento ao longo do ano, a Ducati pareceu ter construído uma moto ainda melhor para 2024 e dominou a pré-temporada. O atual bicampeão e de contrato renovado Pecco Bagnaia foi o mais rápido e viu seu companheiro de equipe Bastianini andar tão forte quanto, na tentativa do italiano apagar a péssima temporada que fez como piloto oficial de fábrica ano passado. Bagnaia e Bastianini adoraram a nova moto, que parece ser bem superior a de 2023, que se ajustou muito bem à Jorge Martin, mas o espanhol já reclama da moto 2024. A Pramac venceu o título de equipes, mas perdeu Zarco e trouxe para o seu lugar Franco Morbidelli, que desde o vice-campeonato de 2020 perdeu o encanto e ainda sofreu um forte acidente num teste particular e testou muito pouco com a moto nova.
A equipe de Rossi manteve Marco Bezzecchi, que foi terceiro colocado, mas que tem o mesmo feeling de Martin quanto a nova moto, e trouxe Fabio di Giannantonio, que fez um final de temporada muito bom para se manter na MotoGP em 2024. Porém, a equipe satélite mais visada da Ducati será a Gresini, que terá os irmãos Márquez, mas todos os olhos estarão em Marc, que desistiu da Honda em busca de competitividade com a Ducati. Uma das principais atrações da pré-temporada, Marc mostrou velocidade em alguns momentos, mas a realidade é que o espanhol ainda se adapta à nova moto, depois de onze anos de Honda, contudo, Marc Márquez será uma atração e tanto para 2024.
KTM e Aprilia surgem como grandes rivais para a o esquadrão da Ducati. A equipe oficial austríaca manteve seus pilotos, mesmo com Jack Miller tendo feito uma temporada miserável. Pedro Acosta será o único estreante do ano, mas um dos mais esperados dos últimos tempos. Dito e havido como um talento do nível de Márquez, Acosta venceu dois títulos em três anos no Mundial e chega à MotoGP com status de 'novo gênio', mostrando bastante velocidade na pré-temporada, ainda que pouca consistência. A Aprilia construiu uma nova moto bem aerodinâmica, mas a impressão que fica que falta piloto, na insistência na insossa dupla Aleix Espargaró e Maverick Viñales. A RNF faliu no final do ano passado e no seu lugar entrou a Trackhouse, equipe da Nascar e que comprou todo o espólio da RNF, incluindo mecânicos, engenheiros e os dois pilotos.
E as japonesas? Fabio Quartararo parece a ponto de perder a paciência com a falta de desempenho da Yamaha. Mesmo o time comandado por Lin Jarvis tendo contratado vários engenheiros da Ducati, os resultados poderão demorar a vir e Quartararo poderá se espelhar na ideia de Márquez. Rins será o novo companheiro de equipe de Fabio e tentará ficar longe dos contusões. Por ironia do destino, a Honda trouxe para o lugar de Márquez o irmão do inimigo do espanhol (Valentino Rossi), Luca Marini. O italiano foi sólido na equipe do irmão, mas a impressão que passa é que Marini foi escolhido mais por falta de opção no mercado do que outra coisa, mas Luca liderará a equipe, pois o campeão de 2020 Joan Mir parece não ter mais a confiança da cúpula da Honda. Talvez nem dele mesmo. A Honda terá a experiência de Zarco na LCR para desenvolver a moto.
A MotoGP começa nesse final de semana esperando que todo o domínio da Ducati seja aliviado pelas concessões dadas às demais montadoras, porém a montadora italiana ainda parece ser a mais forte no momento.
Quem segura Palou?
Para 2024 a Indy terá como novidade os novos motores híbridos, desenvolvidos por GM e Honda nos últimos meses, mas que só aparecerá após as 500 Milhas de Indianápolis. Pelo feeling dos pilotos, o novo motor se mostrou bem diferente do anterior e que poderá mudar a forma de administrar a corrida, lembrando que as táticas fazem bastante diferença nas provas da Indy. Falando em motor, a Honda deu uma declaração preocupante quando falou que pode abandonar o projeto da Indy após trinta anos na categoria. Por incrível que pareça, o fato de ter muitos carros e até mesmo mais interessados a entrar na Indy fez com que o projeto de motorização da Honda muito caro, pois são equipes demais a suprir. A falta de uma terceira montadora faz falta não apenas à Honda, mas aos fãs e a Indy precisa se mexer para se tornar interessante para outras montadoras. Isso sem contar que tem basicamente o mesmo carro da Dallara desde 2012.
A Chip Ganassi dominou a Indy ano passado com Palou vencendo cinco vezes e o inevitável Scott Dixon conquistando o vice com três vitórias nas últimas quatro provas da temporada passada. Antes sempre carregada pelo brilhante Dixon, a Ganassi vê em Palou uma chance de se manter fortíssima no futuro, lembrando que Dixon completará 44 anos nesse ano e não precisa ser um matemático para perceber que o neozelandês não durará muitos mais anos na Indy. O time viu a partida do regular Marcus Ericsson e para o seu lugar promoveu Marcus Ericsson como piloto em toda a temporada, além da ascensão dos jovens Kyffin Simpson e Linus Lundqvist, totalizando cinco carros da Ganassi. Para enfrentar todo essa poderio, a Penske manteve seu trio do ano passado, com o atual campeão da Indy500 Josef Newgarden tentando ser mais regular em circuitos mistos, Will Power esperando voltar aos bons tempos que lhe garantiram o título em 2022, além de Scott McLaughlin comprovar toda a sua evolução desde que saiu do turismo australiano.
Vendo sua entrada à F1 recusada, talvez a Andretti foque um pouco mais na Indy, após um ano abaixo do esperado em 2023. Colton Herta segue considerado um piloto super talentoso, mas a verdade é que o jovem americano ainda não explodiu. O jovem Kyle Kirkwood conseguiu as únicas vitórias da Andretti em 2023, mas o americano não mostrou a consistência necessária para se manter na ponta em toda a temporada, enquanto Ericsson chegou para substituir Grosjean, após uma passagem acidentada (literalmente) na Andretti. A McLaren tenta evoluir e transformar o trio de ferro da Indy numa quarteto. Pato O'Ward vive um drama parecido com Herta, onde é claro que o mexicano tem muito talento, mas Pato ainda não deslanchou. O time terá o experiente Alexander Rossi tentando voltar aos tempos em que brigava com Newgarden como o melhor americano da Indy, enquanto David Malukas tentará superar uma queda de bicicleta e só estreará mais tarde, sendo substituído por Calum Illot. A McLaren promoverá Kyle Larson na Indy500, onde o americano fará o famoso 'Double Duty'.
As demais equipes tentarão se meter entre as grandes para brigar por vitórias, algo possível na Indy. A Rahal manteve o ótimo Christian Lundgaard na equipe, mesmo o dinamarquês tendo vencido uma corrida ano passado e ter feito um ótimo trabalho, chamando atenção das grandes. Graham continuará na equipe do pai, que promoverá Pietro Fittipaldi na equipe Rahal, se tornando o único brasileiro full-time na Indy, após vários anos testando na Haas (algo que continuará fazendo) e participando de corridas eventuais em outras categorias. Uma boa chance para Pietro, que já correu na Indy e estará numa equipe estruturada. A Carpenter focará em Rinus Veekay, enquanto o dono da equipe Ed Carpenter correrá apenas em ovais, a Juncos recebeu Grosjean, que substituirá Illot, que surpreendentemente saiu da equipe, enquanto a Dale Coyne só anunciou seus pilotos na semana da estreia da Indy. A Meyer Shank mudou seus dois veteranos pilotos, com Pagenaud ainda se recuperando de sua espetacular capotagem em Mid-Ohio e Helio Castroneves pavimentando sua aposentadoria ao comprar parte da equipe e correr apenas em Indianápolis, lugar onde sempre andou bem.
A Indy iniciará mais temporada com algumas novidades, mas talvez não o suficiente para dar um salto que a categoria merece. Há um certo marasmo na Indy, mas isso não significa corridas chatas ou falta de disputa. Muito pelo contrário! Com uma categoria de alto nível e praticamente monomarca (só se muda os motores e temos só dois), especular um favorito ao campeonato da Indy chega a ser arriscado, mas pelo o que mostrou no ano passado e nos testes, é praticamente impossível não apontar para Palou. Mesmo que meio destrambelhado fora das pistas, Alex Palou faz muita diferença dentro delas.