domingo, 31 de maio de 2015

Estratégia certeira (II)

Novamente choveu em Detroit neste final de semana. E mais uma vez o vencedor da segunda prova de rodada dupla na cidade do estado de Michigan foi definido na base da estratégia. Sebastien Bourdais, na minha opinião, é um dos pilotos mais subvalorizados da Indy. Tetracampeão nos derradeiros anos da Champ Car, Bourdais passou um ano e meio na F1, mas deu azar de encarar de frente um motivadíssimo Sebastian Vettel louquinho para mostrar serviço. O francês saiu pela porta de trás da F1, mesmo todos reconhecendo nele um piloto muito talentoso. Quando cruzou o Atlântico de volta, Bourdais não encontrou mais a Champ Car, engolida pela IRL para formar uma nova F-Indy. Talvez com o pensamento de que Bourdais tenha conquistado tantos títulos devido a fraqueza da Champ Car nos últimos anos da categoria, ninguém colocou muita fé no já veterano francês. Desde o ano passado Bourdais está na equipe KV, após alguns anos andando em equipes mambembes, e o francês vai aos poucos mostrando a classe de dez anos atrás.

Hoje, Sebastien Bourdais sempre andou no pelotão da frente, como vem fazendo em todas as corridas em circuitos mistos na Indy, mas em condições normais, o francês não tinha como enfrentar o poderio da Penske, que tinha em Roger Penske o organizador das duas corridas em Detroit. O time da casa dominou desde os primeiros treinos e na corrida que começou com piso molhado, Montoya e Power lideravam com certa folga, com boa vantagem para um grupo que tinha Newgarden, Dixon, Castroneves e Bourdais. Porém, assim como ontem, a corrida de hoje não teve a pista todo o tempo numa determinada condição. A pista começou úmida e quando a pista já aparentava estar melhor, a chuva veio e molhou tudo novamente. Contudo, a chuva foi breve e a pista ficava numa situação similar ao começo da prova: um trilho seco se formando aos poucos.

Nesse momento, o segundo colocado Power já tinha tido um problema em seu volante e caía para 13º. Quando a corrida passava de sua metade, Marco Andretti arriscou pneu slick, mas tudo começou a mudar com uma bandeira amarela provocada pelo horrível Rodolfo González. A pista comportava melhor os pneus para chuva ou os pneus slicks? E o combustível? Nesse momento, as estratégias se embaralharam, com alguns pilotos saindo dos boxes com pneus slicks e outros com pneus para chuva, sem contar o fato dos pilotos que ficaram na ponta da corrida, com pneus para chuva. Bourdais e Montoya apostaram nos pneus slicks e eram os primeiros dos que pararam, enquanto vários pilotos atrás deles apostaram nos pneus de chuva, como Dixon e Castroneves. Porém, há uma frase nas corridas americanas que é quase uma axioma: bandeira amarela puxa bandeira amarela. E vários carros rodaram e bateram nas voltas seguintes, provocando o pano amarelo.

Logo, os pilotos com pneus slicks engoliram quem estava com pneus para chuva e Bourdais assumiu a ponta pela primeira vez no dia. A KV tinha sérias dúvidas se o francês teria combustível até o final. Se quisesse ir até o fim, Bourdais teria que dar 38 voltas sem reabastecer, quando a janela normal de paradas era de 26 voltas. Contudo, na metade final não se deu mais de três voltas em bandeira verde e Bourdais pôde completar a corrida sem parar e comemorar sua primeira vitória em 2015. Takuma Sato aprontou das suas quando ultrapassou de forma agressiva Montoya numa das relargadas e terminou em segundo, seguido pelo não menos agressivo Graham Rahal. O filho de Bobby vem fazendo uma bela temporada em 2015. E os favoritos? Perguntariam alguém.

Os pilotos de Penske e Ganassi sofreram as agruras das repetidas bandeiras amarelas e duas duplas das equipes mais fortes da Indy se encontraram em Detroit. Em sua corrida de recuperação, Dixon acabou atingido pelo companheiro de equipe Charlie Kimball numa lambança do americano, que tentou voltar ao traçado ideal após ser ultrapassado por Power, ignorando totalmente Dixon. Power fazia uma baita corrida de recuperação e era o primeiro dos pilotos que tinham certeza de não ter problemas de combustível no final, sendo o grande favorito no momento, mas o australiano acabou provocando uma bandeira amarela por ter sido muito afoito numa relargada e quebrar o bico ao bater na traseira de um carro da Dale Coyne, deixando vários pedaços na pista. Com a asa quebrada, Power foi engolido na relargada posterior, mas acabou tocado, perdendo o controle do seu carro e ao rodar, acabou acertando em cheio Helio Castroneves. Nesse momento, a Indy resolver colocar uma estranha bandeira vermelha, para que os dois Penske fossem retirados. Assim como na Nascar, a Indy está banalizando a bandeira vermelha e de certa forma ajudou Bourdais, que pôde economizar ainda mais combustível. Pagenaud e Kanaan tiveram que fazer um splash-and-go nas voltas finais e Montoya, que última relargada estava em quarto, acabou caindo para décimo, para poder receber a bandeirada e parar seu carro metros depois, sem combustível.

Se Montoya, que estava logo atrás de Bourdais, não teve o mérito de economizar combustível o suficiente, o francês da KV o fez com maestria e venceu uma corrida de azarões, onde tudo podia acontecer. Foi uma corrida cheia de alternativas, onde os fracos carros da Honda ocuparam nove dos dez primeiros lugares, mas para sorte da Chevrolet, o vencedor usava um dos seus carros. Mesmo com os favoritos tendo ficado pelo caminho, a vitória em Detroit ficou nas ótimas mãos de Sebastien Bourdais. 

No embalo

A Ducati colocou suas dois motos oficiais de fábrica na primeira fila em Mugello ontem, para a sua corrida em casa, mas seus pilotos estavam muito preocupados. Entre eles, largando em segundo, estava o embalado Jorge Lorenzo. Doviziozo e Iannone ainda ficaram na ponta na primeira volta, mas Lorenzo e sua Yamaha logo deixaram as motos vermelhas para trás, desaparecendo com um ritmo alucinante e não vendo mais ninguém atrás de si. Foi a terceira vitória consecutiva de Lorenzo, que já encosta em Rossi na luta pelo título, agora, mais do que nunca, um afazeres doméstico da Yamaha.

A briga pela liderança durou apenas uma volta, mas a segunda posição teve vários pilotos na briga e durou a corrida praticamente inteira. Largando em sua pior posição na MotoGP, Marc Márquez fez uma primeira volta impressionante, saindo de 13º para 5º e logo se metendo entre os dois pilotos da Ducati. Márquez corria nitidamente acima dos limites de sua desequilibrada Honda, principalmente na freada da curva um. Após o espanhol da Honda esboçar um ataque em cima de Lorenzo, Márquez ficou a mercê da velocidade brutal da Ducati no final do retão de Mugello, mas a briga tríplice não apenas permitiu Lorenzo ir embora na ponta, como trouxe outros 'players' para a briga. Daniel Pedrosa, ainda se recuperando de sua operação no ante-braço chegou na briga. Rossi, largando mal outra vez, quando deixou as motos satélites para trás, chegou na briga pela segunda posição, que tinha cinco pilotos na disputa. Porém, por pouco tempo.

O primeiro a desistir foi Doviziozo, com problemas técnicos em sua Ducati. O italiano vinha fazendo uma temporada incrível, onde marcou pontos em todas as corridas até Mugello, justamente a sua corrida caseira, onde teve que abandonar e zerar no campeonato. Márquez continuava brigando com Iannone pelo segundo lugar, trocando de posição com o italiano na medida em que forçava nas freadas e perdia a tomada das curvas, mas foi numa retomada que Márquez saiu de frente, caiu da moto e abandonou pela segunda vez em 2015. Ano passado, Marc tinha uma incrível marca de vitórias consecutivas nessa altura do campeonato, deixando o mundo embasbacado com seu talento, mas desta vez sem ter uma moto superior as demais, Márquez vem sofrendo com suas táticas 'tudo ou nada', pois normalmente o espanhol vai ficando com o nada... 

Com menos pilotos na briga, Rossi pôde se concentrar em atacar Pedrosa e entrar no pódio, mas o italiano da Yamaha, que a cada ultrapassagem levantava as arquibancadas de Mugello, pouco pôde fazer para atacar Iannone. O italiano da Ducati, que conseguiu sua primeira pole na MotoGP ontem, correu com uma fratura no ombro e antes da largada fazia tratamento com gelo no local. Era até esperado uma perca de desempenho do piloto da Ducati, mas correndo em casa Iannone conquistou seu melhor resultado na MotoGP, segurando sem muitos problemas o seu segundo lugar dos ataques de Rossi. Após a corrida, Valentino estava claramente preocupado, pois com a mesma moto, e a Yamaha é a melhor moto de 2015 na MotoGP, Lorenzo abriu um boqueirão para os rivais e já tem três vitórias consecutivas, encostando no campeonato. 

Rossi ainda lidera com seis pódios consecutivos, mas o veterano italiano sabe que necessita dar uma resposta à Lorenzo, que correrá em casa na próxima etapa, em Barcelona. Primeiramente, Rossi precisa urgentemente melhorar suas classificações, pois provas de recuperação como a da Argentina não acontece todo dia. Com Márquez e Doviziozo, respectivamente os primeiros pilotos de Honda e Ducati, não pontuando, o título está indo rapidamente para as mãos da Yamaha e mesmo com Rossi ainda liderando, é Jorge Lorenzo que está no embalo.    

sábado, 30 de maio de 2015

Estratégia certeira

A Indy é tão mal acostumada com chuva, que mesmo em circuitos mistos, ela se enrola. Havia previsão de chuva em praticamente toda a tarde em Detroit e por isso, a largada foi adiantada e perdi boa parte da prova...

Porém, as equipes da Indy estão acostumadas com táticas arriscadas, principalmente as três grandes. Passando da metade da prova, uma bandeira amarela apareceu bem no momento em que era claro que a chuva forte, que era esperada por todos, estava vindo. Como na Indy só existe pneus slick ou de chuva, nada de intermediários, as equipes começaram a se mexer. A Ganassi trouxe Dixon para os pits, colocando pneus de chuva no neozelandês, o mesmo fazendo a Penske com Helio Castroneves. Na ocasião, a liderança pertencia a Marco Andretti, seguido de vários carros Honda, superados pelos Chevrolet em todo o final de semana. Que a chuva vinha, era certeza. O problema era quando...

Correr com pneus de chuva no seco causa um grande desgaste na borracha mais mole, trazendo um grande superaquecimento e por conseguinte falta de aderência. Se não chovesse logo, Dixon e Castroneves, que tentariam dar o pulo do gato, estariam fritos. Como os dois pilotos supracitados correm por Ganassi e Penske, as duas gigantes da Indy, a maioria dos pilotos à frente deles optaram pela mesma estratégia quando a bandeira verde apareceu, porém, a chuva forte não vinha. A garoa fazia com que os pilotos com skick andasse até 9s mais rápido para quem arriscou colocar os pneus de chuva. Porém, na relargada Marco Andretti tem problemas e cai para quarto. Outro fator era que o combustível para esses carros estava acabando. Will Power, mesmo com poucas voltas entre a relargada e a sua parada, voltou confortavelmente na frente de Dixon e Castroneves, mostrando que a tática certa era ficar na pista, mesmo que sendo muito arriscado correr com pneus slicks na ocasião.

Marco Andretti só parou quando o seu combustível estava no fim. Carlos Muñoz tinha parado mais tarde que o companheiro de equipe e ficou na pista, assumindo a ponta da corrida. Mesmo com a chuva deixando a pista bastante lambuzada, Muñoz, o único na pista com pneus slicks, foi capaz de fazer sua parada e voltar na pista em primeiro com 22s na frente de Marco Andretti. Apenas os dez primeiros ainda estavam na volta do líder, quando a bandeira vermelha apareceu devido a chuva ter encharcado a pista. Tão encharcada, que Luca Fillipi aquaplanou em bandeira amarela. A espera foi curta e logo Muñoz teve sua vitória confirmada.

Mesmo correndo pela Andretti, a primeiro vitória do jovem colombiano pode ser considerado uma surpresa. A Penske colocou seus quatro carros entre os cinco primeiros no grid e correndo em casa, eram os grandes favoritos à vitória, mas o melhor colocado do time de Roger Penske acabou sendo Simon Pagenaud, em terceiro, que parou na mesma volta de Muñoz. Dixox e Castroneves chegaram em quinto e sexto, respectivamente, mas um minuto atrás do líder. Os pilotos que arriscaram colheram os frutos, com Carlos Muñoz ficando com a fruta mais doce!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Parar ou não parar, eis a questão



Exatamente dez anos atrás, Kimi Raikkonen estava numa posição difícil com sua McLaren em Nürburgring, local do Grande Prêmio da Europa. Após liderar a maior parte da corrida, Kimi cometeu dois erros que lhe causaram sérios problemas no final da prova. Primeiro, o finlandês saiu da pista um pouco antes de sua parada. Depois, deu uma longa fritada em seu pneu dianteiro direito para ultrapassar o retardatário Jacques Villeneuve. Em 2005, a grande novidade da temporada era que a troca dos pneus estavam proibidas, com os pit-stops planejados sendo realizados apenas para reabastecimento dos carros. Trocar pneus, só em caso de furo ou da borracha estar danificada.

Faltando poucas voltas para o final da corrida em Nürburgring, com o segundo colocado e rival pelo campeonato Fernando Alonso sob controle, uma forte vibração passou a vir do pneu dianteiro direito da McLaren de Raikkonen. Resquícios dos dois erros do finlandês. A diferença não era grande o suficiente para Kimi trocar o pneu e voltar na liderança, sendo que o piloto da McLaren precisava urgentemente dos dez pontos, para diminuir a desvantagem para Alonso no campeonato. Parar ou não parar?

Raikkonen, numa decisão conjunta com a McLaren, resolver ficar na pista, mesmo com a vibração aumentando cada vez mais. Avisado dos problemas de Raikkonen, Alonso aumentou o ritmo e diminuiu a distância para Raikkonen, que abriu a última volta com o carro vibrando que nem um liquidificador. Na freada para a curva um... o inevitável! A suspensão de Raikkonen quebrou espetacularmente, fazendo o piloto da McLaren perder o controle do seu carro, quase bater na BAR de Button e encher a barreira de pneus. Foi uma aposta do tipo 'tudo ou nada' para Kimi Raikkonen e a McLaren. E ambos ficaram com 'nada'.

Aquela vitória de dez anos atrás deixou Fernando Alonso confortavelmente na liderança do mundial, mas trouxe várias discussões sobre a segurança da nova regra, que tanto tinha casado com o carro Renault de Alonso. Na prova anterior, em Mônaco, a Renault foi a vítima, com Alonso e Fisichella perdendo muito rendimento devido ao desgaste dos pneus, mas no principado, isso causou uma ótima corrida, porém em Nürburgring o acidente de Kimi foi perigoso e Button escapou, como se diz aqui no Ceará, fedendo, além do próprio piloto da McLaren ter saído ileso, mesmo que bastante zangado pela falta de sorte. Por causa desse acidente, mesmo com as corridas em 2005 terem ficado em sua maioria muito imprevisíveis devido ao desgaste de pneus, em 2006 as trocas de pneus retornariam.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

História: 20 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1995

O campeonato de 1995 chegava à Monte Carlo sem nenhum favorito aparente. Damon Hill vinha de duas vitórias consecutivas, mas o triunfo de Michael Schumacher em Barcelona, o elevando a liderança do campeonato, deixava o certame aberto. Após uma conturbada relação com Ron Dennis na McLaren, Nigel Mansell se aposentou definitivamente da F1 e foi substituído por Mark Blundell, que já havia corrido no lugar do Leão em duas corridas em 1995. Outra mudança era um pouco mais dramática. Um ano antes, Karl Wendlinger era um potencial piloto de ponta quando bateu forte na chicane do porto, o deixando alguns dias em coma. O austríaco só retornou ao cockpit da Sauber em 1995, mas Wendlinger não era nem uma pálida sombra do forte piloto de 1994 e para preserva-lo, a Sauber resolveu substituí-lo pelo então campeão da F3000, além de piloto de testes da Williams, Jean Christophe Boullion. Para quem pensa que as equipes pequenas só sofrem hoje, há vinte anos atrás a Simtek anunciava que estava numa séria crise financeira. A equipe faria sua última corrida na F1 em Monte Carlo...

A classificação da quinta-feira foi dominada pela Ferrari, com Alesi sendo o pole provisório, com Berger em terceiro. Separando os carros italianos, Schumacher reclamou da chuva que apareceu no final do dia, pois o alemão acreditava que poderia ter feito o melhor tempo do dia. Contudo, Damon Hill voltou com tudo no sábado e com um tempo bem mais rápido do que Alesi na quinta, ficou com a pole. Quem também se recuperava era a outra Williams de David Coulthard, que pulou de sexto para terceiro. Schumacher foi atrapalhado por incidente com Frentzen na subida do Cassino nos treinos livres e acabou completando poucas voltas no sábado, mas ainda sendo capaz de ficar em segundo, mesmo que quase 1s mais lento. As dominadoras Ferraris da quinta desabaram no sábado, ficando longe da pole. Porém, o maior evento do sábado foi o bizarro incidente com Taki Inoue. O desastrado japonês tinha rodado e batido seu Footwork no complexo das Piscinas e Inoue estava dentro do carro, para ser rebocado, quando foi atingido pelo Renault Clio da organização, pilotado pelo ex-piloto de rali Jean Ragnotti. Inoue, que estava com os cintos desatados, sofreu um pequena concussão, mas pôde participar da corrida. Com o carro destruído, o chefe da Footwork, Jackie Oliver, não ficou nada satisfeito...

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:21.952
2) Schumacher (Benetton) - 1:22.742
3) Coulthard (Williams) - 1:23.109
4) Berger (Ferrari) - 1:23.220
5) Alesi (Ferrari) - 1:23.754
6) Hakkinen (McLaren) - 1:23.857
7) Herbert (Benetton) - 1:23.885
8) Brundle (Ligier) - 1:24.447
9) Irvine (Jordan) - 1:24.857
10) Blundell (McLaren) - 1:24.933

O dia 28 de maio de 1995 estava quente e ensolarado em Monte Carlo, condições perfeitas para o Grande Prêmio de Mônaco. A largada sempre foi um momento tenso em Mônaco, pois se a reta dos boxes já não é muito larga, a primeira curva, a St. Devote é ainda mais estreita. Na luz verde, Hill e Schumacher saíram sem problemas, mas Coulthard saiu mais lento, e acabou espremido pelas duas Ferraris. Coulthard chegou a sair do chão. Os três carros ficaram pelo caminho, mas se alguns pilotos conseguiram desviar, a maioria acabou se envolvendo no incidente e a bandeira vermelha foi mostrada. Havia uma tradição da Ferrari levar dois carros reservas para Monte Carlo e por causa disso, Berger e Alesi estavam prontos para a relargada. Com os pilotos mais cautelosos, a segunda largada foi mais tranquila, com os três primeiros passando pela St. Devote tranquilamente, enquanto Alesi ultrapassava Berger.

Para essa corrida em Monte Carlo, a novidade do novo sensor no grid para flagrar pilotos queimando a largada fez com que seis (!) pilotos (Barrichello, Brundle, Montermini, Frentzen, Morbidelli e Panis) fossem punidos por queima de largada. Vinte anos atrás, a punição dada pelos comissários era bem mais severa do que atualmente: 10s parados nos pits. E nada de tocar no carro logo depois. Drive-Though? No way! Cinco pilotos acabaram tomando uma volta ainda no início prova! Andrea Montermini demorou mais de três voltas para cumprir sua punição e acabou desclassificado. Lá na frente, Hill conseguia abrir uma ligeira vantagem sobre Schumacher, chegando aos 2s na volta 10. Coulthard, por outro lado, estava tendo problemas com o seu carro reserva e tinha pedido contato com a Benetton de Schumacher, mas para sorte do escocês, Alesi e Berger também sofriam com problemas em seus carros reservas. Porém, o sofrimento de Coulthard duraria apenas dezesseis voltas, quando o escocês encostou seu Williams com a caixa de câmbio quebrada.

Com Hill na frente, seguido de perto por Schumacher, ficou a sensação de que as duas estrelas de 1995 estavam com estratégias parecidas. Ledo engano. Hill fez sua parada na volta 23, indicando claramente que o inglês da Williams pararia duas vezes. Hill voltou à pista em quarto, logo atrás das Ferraris, mas com Berger parando na volta seguinte, tudo o que Damon Hill precisava fazer era esperar que Schumacher e Alesi, que vinham à sua frente, parassem. Contudo, as voltas foram passando e nada de Schumacher ou Alesi pararem. O alemão fez sua parada na volta 35, ficando muito tempo nos pits reabastecendo seu Benetton, mostrando sua tática: Schummy pararia apenas uma vez. Sem querer, Alesi tinha feito todo o serviço para Schumacher. Com um carro mais equilibrado e mais leve, rapidamente Hill encostou na Ferrari de Alesi, mas sem conseguir ultrapassar, Hill ficou preso atrás do francês e quando Schumacher voltou à pista, ainda estava em primeiro. A corrida de Hill foi destruída naquele momento, pois só um milagre tiraria a vitória de Schumacher naquele momento.

Alesi tinha tudo para conseguir um pódio, mas tudo foi por água abaixo quando o retardatário Martin Brundle rodou na frente da Ferrari do francês e o choque foi inevitável. Fazendo uma corrida discreta, pois seu carro reserva estava com um motor desatualizado, Berger assumiu o terceiro lugar. Hill fez sua segunda parada, mas o seu segundo lugar não foi colocado em dúvida. A corrida fica estática até a bandeirada para Michael Schumacher, que vencia pela segunda vez consecutiva em 1995, aumentando sua vantagem para Hill no campeonato. Berger terminou a prova mais de um minuto atrás de Schumacher, enquanto o companheiro de equipe do alemão da Benetton, Johnny Herbert, completou já uma volta atrasado com relação ao seu vizinho de box. Blundell e Frentzen, esse se recuperando da punição na largada, completaram a zona de pontuação. Schumacher fez uma grande exibição em Monte Carlo, pois neutralizou a desvantagem de quase 1s que tinha para Hill na classificação e com uma tocada forte, surpreendeu o inglês ao andar próximo da Williams mesmo estando com o seu carro mais pesado. Havia na época a certeza de que, se Hill tinha o melhor carro, Schumacher era o melhor piloto!

Chegada:
1) Schumacher
2) Hill
3) Berger
4) Herbert
5) Blundell
6) Frentzen

quarta-feira, 27 de maio de 2015

História: 25 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1990

Após a surpreendente vitória de Riccardo Patrese em Ímola, a F1 se reunia para a sua mais charmosa corrida, nas margens do Mediterrâneo, para o Grande Prêmio de Mônaco. As grandes estrelas da época, Ayrton Senna, na McLaren e Alain Prost, na Ferrari, tentavam se recuperar numa pista que lhes favoreciam bastante, pois Prost já havia vencido quatro vezes (1984, 85, 86 e 88) em Monte Carlo, podendo se igualar à Graham Hill, com cinco vitórias no principado, mas o quarto triunfo do francês teve mais à ver com um erro banal de Senna em 1988, quando o brasileiro liderava com imensa tranquilidade. Se não fosse pelo erro, Senna chegaria à Mônaco com três vitórias consecutivas, pois havia vencido em 1989 com facilidade, não dando chances aos rivais.

Por isso que não foi surpresa ver Senna e Prost na primeira fila no domingo, com Senna conseguindo outra volta rápida magistral, mas não no nível da sua famosa volta em 1988. Utilizando o bom chassi que tinha em mãos, Alesi colocou seu Tyrrell, que em 1991 utilizaria motores Honda, em terceiro lugar, superando um motivado Patrese. Mesmo Monte Carlo sendo uma de suas pistas favoritas, Mansell fez uma má classificação e ficou apenas em sétimo. Os pneus Pirelli proporcionou algumas surpresas no top-10, como a presença da Minardi de Pierluigi Martini, recuperado do seu acidente em Ímola que lhe quebrou o tornozelo, e a Dallara de Emanuelle Pirro.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:21.314
2) Prost (Ferrari) - 1:21.776
3) Alesi (Tyrrell) - 1:21.801
4) Patrese (Williams) - 1:22.026
5) Berger (McLaren) - 1:22.682
6) Boutsen (Williams) - 1:22.691
7) Mansell (Ferrari) - 1:22.733
8) Martini (Minardi) - 1:23.149
9) Pirro (Dallara) - 1:23.494
10) Piquet (Benetton) - 1:23.566

O dia 27 de maio de 1990 amanheceu chovendo no principado de Mônaco, mas para a alegria dos pilotos, a chuva passou horas antes da largada e a corrida aconteceria com pista seca, mas sem o emborrachamento dos outros dias. De forma estranha, houve um grande gap entre a luz vermelha e a verde, deixando Ivan Capelli parado no grid com a embreagem quebrada e deixando outros pilotos bastante nervosos. Mas quando a luz verde finalmente apareceu, Prost largou melhor do que Senna, mas o francês não foi capaz de assumir a ponta, mas as coisas para o francês piorariam alguns metros mais tarde. Alesi vinha se caracterizando pela sua agressividade e na curva Mirabeau, Jean, que era fã declarado de Prost, não respeitou seu ídolo e colocou seu Tyrrell por dentro, assumindo a segunda posição. Vindo de uma boa largada, Berger achou que tinha espaço para uma dupla ultrapassagem e colocou por dentro do carro de Prost. Foi o caos. O toque foi inevitável e com Prost atravessado na pista, com apenas Senna e Alesi tendo passado incólumes, o engarrafamento se formou e a corrida foi paralisada. Prost e Berger correram para os boxes para pegarem seus carros reservas, o mesmo fazendo Capelli. Vinte minutos depois da carambola, a luz verde foi dada para a segunda largada e, mais cautelosos, os pilotos passaram sem maiores problemas pela largada.

No final da primeira volta, Senna já havia colocado muita diferença para Prost, que já escaldado, se defendeu de Alesi na Mirabeau, enquanto Pirro, que tinha a sua melhor posição de largada na F1, tem sua corrida acabada ainda na segunda volta, com o motor estourado. Outro piloto Pirelli que surpreendeu, Martini, também abandona cedo, enquanto Prost começa a se desgarrar de Alesi, que sofria pressão de Berger. Com dez voltas, a vantagem de Senna já era de 6.4s, enquanto Mansell ameaçava Boutsen pelo sexto lugar. Na volta 19, Mansell tenta ultrapassar Boutsen na freada da chicane do porto e acaba levando uma fechada do belga, mas o pior foi que Mansell teve sua asa dianteira atropelada e o inglês tem que ir aos boxes trocar o aparato aerodinâmico, ficando mais de 30s nos boxes. Era Mansell em estado puro!

Porém, a vida da Ferrari pioraria bastante na volta 30, quando Prost entra nos boxes com problemas na bateria de sua Ferrari. Era fim de prova para o francês e uma liderança ainda mais folgada para Senna. O outro brasileiro na corrida, já que Gugelmin e Moreno não se classificaram para o grid monegasco, Nelson Piquet começava a atacar Boutsen pela sexta posição. Piquet jamais gostou do circuito de Monte Carlo e na volta 34 o brasileiro da Benetton, enquanto perseguia Boutsen, comete um erro bobo e roda sozinho no hairpin Loews. Os comissários ajudam Piquet sair daquela situação, mas acaba danificando a asa dianteira do carro de Piquet e o brasileiro acabaria indo aos boxes, para ser desclassificado por ter sido empurrado pelos comissários (Algo parecido com Suzuka/89, mas aí é outra história...). Falando nisso, Senna tinha 22s de vantagem sobre Alesi, que mantinha Berger sob controle, enquanto o quarto colocado Patrese vai aos boxes na volta 41 para abandonar a corrida com problemas no câmbio. A corrida já tinha visto vários abandonos e quem se aproveita disso é Mansell, que após ocupar o 16º lugar, estava em sexto e bem mais rápido do que o quinto colocado Derek Warwick. Numa briga inglesa, Mansell ultrapassa Warwick na freada da segunda perna dos esses da Piscina, numa manobra incrível. Para coroar a recuperação de Mansell, o inglês se aproxima de um lento Boutsen e lhe toma a quarta posição, desta vez sem fechadas do belga da Williams. Porém, o show de Mansell acaba na volta 63, quando o inglês entrou nos boxes com os mesmos problemas de Prost. Era outra corrida para esquecer para a Ferrari.


Com poucos carros na pista, Derek Warwick iria pontuar pela primeira vez no ano com a quinta posição que ocupava, mas o inglês da Lotus tem problemas de freios na volta 67, faltando apenas onze para o final, e bate no setor das Piscinas. O abandono de Warwick proporcionou o primeiro susto de Senna no dia, que freou forte para não se envolver no incidente e ter que abandonar na mesma volta de 1988. Com mais esse abandono, o suíço Gregor Foitek assumia a sexta posição e estava na bica de pontuar, mas o piloto da Onyx era pressionado pela Lola de Eric Bernard, último colocado na prova, mas em sétimo. Como um pontinho faz muita diferença para o orçamento das equipes desde aqueles tempos, essa briga era a coisa mais interessante das últimas voltas e com apenas quatro para o fim, Bernard forçou a barra, tocou em Foitek e o suíço acabou abandonando tristemente. Acusado como um dos pilotos mais desastrados da história da F1, quando esteve a ponto de marcar pontos, Foitek se envolveu num incidente em que não teve culpa. Com apenas seis carros ainda rodando, muitos pilotos tiraram o pé, mas Senna o fez com tanta vontade na última volta, que Alesi e Berger se aproximaram bastante. Contudo, Senna tinha tudo sob controle e venceu pela 22º vez na carreira, aumentando ainda mais sua vantagem no campeonato. Berger conquistava o seu terceiro pódio seguido, mas sem nenhuma vitória, enquanto Alesi era a grata surpresa do campeonato de 1990, assumindo o terceiro lugar no campeonato com o segundo lugar de Mônaco e de forma incrível, era o melhor francês do campeonato, um ponto na frente de Prost. Boutsen chegava num discreto quarto lugar, enquanto Alex Caffi marcava os seus primeiros pontos do ano e também da Arrows. Era a terceira vitória de Senna em Mônaco. Muitas ainda viriam!

Chegada:
1) Senna
2) Alesi
3) Berger
4) Boutsen
5) Caffi
6) Bernard  

domingo, 24 de maio de 2015

Tempero latino

Juan Pablo Montoya voltou ano passado à Indy sem espaço para brincadeira. O colombiano foi trazido pela Penske de volta à Indy e após um período difícil de readaptação, Montoya venceu uma corrida ano passado e começou 2015 de forma incrível, chegando ao famoso mês de maio na liderança do campeonato. Contudo, JP não teve uma classificação de sonho para as 500 Milhas, garantindo apenas o 15º lugar no extenso grid de Indianapolis e ainda na primeira relargada, Montoya foi atingido por Simona de Silvestro e teve que fazer uma parada não programada para consertar a proteção do seu pneu traseiro direito. As 500 Milhas não começaram nada bem para Montoya, mas há uma frase em Indianapolis que é quase um axioma: a corrida só se decide nas cinquenta voltas finais.

A 99º edição das 500 Milhas de Indianapolis, principalmente em seu início, foi como nos velhos tempos. Com os novos kits aerodinâmicos não facilitando as ultrapassagens, os pilotos resolveram jogar a economia de combustível para o alto e andaram tudo o que podiam, acabando com aquele chato pelotão compacto, que mais parecia com a Nascar em Daytona ou Talladega. Se na Nascar funciona, por causa das características dos carros, na Indy é muito perigoso, ainda mais com um mês de maio tão acidentado. Logo cinco pilotos se destacaram, sem surpresa nenhuma, todos representantes das duas potências da categoria: o pole Scott Dixon e Tony Kanaan da Ganassi, Will Power, Simon Pagenaud e Helio Castroneves da Penske.

Quando foi dada a relargada, os dois pilotos da Ganassi pareciam melhor, com apenas Pagenaud acompanhando. Power e Castroneves ficavam um pouco mais para trás, se segurando um pouco para dar o bote no final. A corrida teve um momento tenso quando dois mecânicos da Dale Coyne foram atropelados por James Davison, da equipe de Coyne e um deles parecia estar em estado grave. Montoya escalou rapidamente o pelotão e se juntou à briga, trazendo consigo uma surpresa, o americano Charlie Kimball. Surpresa pelas poucas qualidades do piloto, mas Kimball é da equipe Ganassi, garantia de um bom carro. Tony Kanaan foi o primeiro dos favoritos a abandonar quando bateu sozinho na curva 3, sem maiores consequências para o baiano. No final da prova, Helio Castroneves perdeu muito rendimento, chegando a cair para 13º. A verdade foi que o piloto três vencedor em Indianapolis nunca esteve em condições de brigar pela vitória. Ao contrário dos seus companheiros de equipe.

Sem se preocupar em poupar combustível, Dixon enfrentava o pelotão de três carros da Penske, quando Pagenaud, numa cena não mostrada pela TV, teve problemas em seu carro, sendo engolido pelo pelotão. Com tantos carros juntos, no final de uma prova de 500 Milhas, o resultado foi um acidente múltiplo entre Jack Hawsworth, Sebastian Saavedra (que pareceu ter machucado o pé...) e Stefano Coletti, faltando vinte voltas para o fim. A última relargada mostrou uma briga acirrada entre Montoya, Power e Dixon. Os três trocaram de posições várias vezes, com disputas lado a lado e muito próximas de tirar o fôlego. Isso permitiu a Kimball encostar nos três e entrar na briga pela vitória. Power, conhecido por não se dar bem em circuitos ovais, fazia sua melhor 500 Milhas na carreira e quando Montoya ultrapassou Dixon na antepenúltima volta, a disputa ficou entre os dois carros da Penske.

Montoya assumiu a ponta no início da penúltima volta, mas todos sabiam que Power, sem se preocupar com Dixon, que na manobra com Montoya perdeu velocidade e foi ultrapassado por Kimball, iria para cima do companheiro de equipe. Porém, a sorte estava mesmo ao lado de Juan Pablo Montoya. Numa estratégia diferente, Justin Wilson, que largou na segunda fila, teve que fazer um splash-and-go na penúltima volta e chegou na reta oposta na última volta com os líderes logo atrás. Montoya aproveitou o vácuo de Wilson e mergulhou na curva 3 mais rápido do que Power, que ainda tentou uma ultrapassagem na linha de chegada, mas já era tarde demais.

Montoya venceu sua segunda 500 Milhas quinze anos após sua primeira vitória, que foi histórica por ter sido a primeira corrida do colombiano no solo sagrado de Indiana. Juan Pablo tem um histórico sensacional de duas vitórias em três 500 Milhas. A Penske mostra com essa dobradinha que está numa fase esplendorosa, ao vencer em Indiana pela primeira vez desde 2009. Os brasileiros ficaram bem abaixo do esperado, apesar de que Kanaan tinha carro para brigar lá na frente no final da prova, se lá estivesse, mas chamou a atenção a forçada de barra do Teo José para colocar um problemático Helio Castroneves na briga pela vitória no final da corrida. Na medida em que Helio caía pelotão abaixo, Teo José anunciava 'tem cinco carros na briga', depois 'tem oito carros na briga' e por aí vai... 

Foi uma edição de 500 Milhas bem melhor do que as anteriores dos últimos anos, bem mais parecida com as edições dos anos anteriores, com carros mais espalhados, mas com os pilotos andando o que podem. Porém, em 2015 tivemos um tempero latino colocado por Juan Pablo Montoya.

Puto!

Em todos os meus anos em que acompanho a F1, não me lembro de um piloto ir tão puto pro pódio de uma corrida. Lewis Hamilton passeava em Monte Carlo, liderando com extrema facilidade uma corrida que seria uma resposta para Rosberg, que venceu de forma enfática a corrida anterior em Barcelona. Porém, um safety-car provocado por Max Verstappen mudou toda a corrida e fez com que a Mercedes entregasse a vitória para Nico Rosberg, que não tinha nada com a raiva de Hamilton e venceu pela terceira vez consecutiva em Mônaco, se igualando à Graham Hill, Alain Prost e Ayrton Senna como os únicos a realizarem esse feito.

A corrida tinha as características que sempre marcaram o Grande Prêmio de Mônaco. A notória e histórica dificuldades de ultrapassar deixava a corrida estática, com alguns pilotos andando juntos, mas sem possibilidade de ultrapassagem. Hamilton largou bem, seguido por Rosberg e Vettel. Quando os primeiros retardatários apareceram, Hamilton deu mostras do espírito que estava encarando a prova em Monte Carlo. Enquanto o inglês deixava os carros mais lento para trás com agressividade, Rosberg sempre esperava a próxima curva ou uma reta para deixar os retardatários para trás. Com isso, a vantagem de Hamilton só aumentava, chegando aos 13s, enquanto Nico segurava, sem maiores dificuldades, a Ferrari de Vettel, que andava na mesma balada, mas sem ameaçar em qualquer momento. Então, veio o acidente de Max Verstappen. Primeiramente apareceu na tela que a corrida entraria no modo de Safety-car virtual, algo inédito na F1. Sexta-feira, na prova longa da GP2, os líderes Stoffel Vandoorne e Alexander Rossi aproveitaram o Safety-car virtual para fazer seus pit-stops obrigatórios e saírem ainda na ponta da corrida. Talvez, isso fica na especulação, a Mercedes pensou em trazer Hamilton aos boxes e colocar pneus supermacios para as voltas finais e como a sua grande vantagem seria a mesma durante o Safety-car virtual, sair ainda na frente e controlar o final da corrida. Porém, a aposta da Mercedes deu errado quando, quase que imediatamente, o FIA resolveu mandar o Safety-car 'real' para a pista, anulando a vantagem de Hamilton. Se (e enfatizo o SE) a Mercedes pensou nisso, teve tempo suficiente para mudar de ideia e deixar Hamilton na pista, como fizeram Rosberg e Vettel. O primeiro rádio após a segunda parada de Hamilton foi 'O que aconteceu pessoal?', dito pelo inglês, claramente incomodado com a terceira posição, mesmo com pneus novos. Quando foi dada a relargada, Vettel imediatamente virou a chave de 'caçador' para 'caça' e passou as últimas voltas fazendo traçados defensivos, não dando chance para Hamilton e permitindo à Rosberg disparar na frente e vencer uma corrida completamente perdida, onde não tinha chances de vitória. Hamilton fez a maior questão do mundo de mostrar sua raiva para o mundo. Atropelou a placa de terceiro colocado no pódio, não sorriu em nenhum momento, falou um 'good job' sorrateiro para Rosberg e não estourou o champanhe. Ao contrário de Galvão, gostei dessa atitude de Hamilton. Basta nos colocar na pele do inglês. Se você perdesse uma corrida ganha da forma como aconteceu, alguém ficaria indiferente e comemoraria no pódio como se nada tivesse acontecido? Eu não...

Nico Rosberg não tinha nada com isso e comemorou muito a vitória, mas as próximas horas serão quentes pelos lados da Mercedes, que terá que dar muito mais do que as desculpas ouvidas no rádio para Hamilton, que nessa semana anunciou que renovou o contrato com a Mercedes pelos próximos três anos com uma salário astronômico. No campeonato, a diferente caiu para perigosos dez pontos, o que deixa a disputa entre os dois pilotos da Mercedes ainda em aberto, apesar de que, fora o erro da sua equipe, Hmailton mostrou hoje em Mônaco que sua fome por vitórias e títulos continua intacta. Vettel conseguiu o seu objetivo, com clamorosa ajuda da Mercedes, de se meter entre os carros prateados e ficou em segundo lugar. O alemão da Ferrari passou a corrida inteira próximo de Rosberg, mas sem ameaçar efetivamente o seu compatriota, mas quando se viu com Hamilton, bufando de raiva e com pneus supermacios novos, Vettel fez o que se deve fazer em Mônaco: colocar o carro um pouquinho por dentro na chicane do porto e na Saint Devote. E foi assim, sem maiores sustos, que Vettel garantiu outro segundo lugar no campeonato. Raikkonen fez uma corrida discreta, onde não conseguiu ultrapassar os dois carros da Red Bull na pista, mas pelo menos ultrapassou Ricciardo nas manobras dos boxes e quando se aproximava de Kvyat, veio o Safety-Car. Preferindo ficar na pista, Kimi acabou levando uma ultrapassagem sensacional e improvável de Ricciardo na Mirabeau, voltando ao sexto lugar em que largou. E com o orgulho ferido!

A Red Bull teve a melhor corrida do ano, com seus dois carros andando solidamente em quarto e quinto lugar. Kvyat largou melhor do que Ricciardo e tomou a quarta posição, fazendo uma corrida sólida, onde o motor Renault não deu problemas. Ricciardo foi um dos protagonistas das voltas finais quando colocou pneus supermacios novos e ultrapassou Raikkonen de forma sensacional na Mirabeau, e deixou Kvyat, após ordens de equipe, para trás e foi para cima de Hamilton, tentando beliscar um pódio. Não conseguindo, Ricciardo cedeu sua posição para o russo na última volta, permanecendo a mesma ordem da Red Bull que se estabeleceu na largada. Os dois pilotos da Toro Rosso vinham fazendo uma boa corrida, no caso de Sainz, uma prova de recuperação após o espanhol ter sido desclassificado. Max Verstappen fazia uma bela corrida, solidamente na zona de pontos, mas tudo começou a desandar quando a Toro Rosso errou em sua parada, o colocando atrás mesmo de Sainz. Então, o holandês imprimiu um ritmo de corrida forte e foi bastante esperto em colar em Vettel e na medida que seus rivais abriam para o alemão para tomar uma volta, Verstappen vinha e ultrapassava. Funcionou com Sainz e Bottas, mas avisado da esperteza de Verstappen, Grosjean se cuidou mais. Mais cedo, Max havia ultrapassado Maldonado na freada da Saint Devote, mas o venezuelano estava tendo problemas de freios, o que não acontecia com Grosjean. Faltando dez voltas e muito mais rápido, Max Verstappen tentou emular a manobra em cima da outra Lotus, mas o adolescente holandês errou completamente os cálculos, batendo na roda traseira de Grosjean e depois batendo ainda mais forte no soft-wall na Saint Devote. As discussões sobre a precocidade de Max Verstappen explodirão com esse erro, que poderia ocasionar um acidente ainda maior, mas o holandês fazia uma corrida esplêndida até ali e erros, nessa idade e no seu primeiro ano na F1, acontecem, Resumindo, nada de crucificar o rapaz. Mais sólido do que o companheiro de equipe, Carlos Sainz completou uma bela corrida de recuperação após largar dos boxes e pontuou em Mônaco, chegando em décimo, se aproveitando os problemas do outros pilotos.

Sergio Pérez fez uma corrida sólida com o carro que tem, chegando nos pontos, ao contrário do seu companheiro de equipe Hulkenberg, abalroado por Fernando Alonso na primeira volta e tendo que trocar o bico, o alemão acabou ficando para trás, mas terminou na beira da zona de pontuação. E a McLaren tem o que comemorar, com Jenson Button marcando pontos com um oitavo lugar sem muitos sustos, ao contrário da corrida assustadora do inglês em Barcelona, mas a McLaren ainda teve que lamentar o abandono de Alonso, que também vinha pronto para marcar pontos, abandonando quando estava em nono. E de abandono em abandono, de erro em erro, Felipe Nasr fez outra ótima corrida, ganhando posições nos erros alheios e mostrando sua maturidade, o piloto da Sauber terminou em nono, quando não tinha carro para essa posição. Nasr está fazendo um ótimo campeonato de estreia na F1, fazendo o básico nessa situação, onde a Sauber não tem condições de brigar lá na frente: superar o seu companheiro de equipe. E Nasr vem superando Marcus Ericsson com constância, mesmo o sueco já tendo um ano de experiência. A Williams fez uma corrida nível 2013, onde esteve longe de marcar pontos, com seus dois pilotos ficando muito atrás. O incidente de Massa não foi mostrado, mas o brasileiro se atrasou a ponto de ficar duas voltas atrás dos líderes. O sinal de alerta da Williams já está soando. De brigar por vitórias, como o time esperava para 2015, a Williams passou longe dos pontos em Monte Carlo. Pontuando antes do incidente com Verstappen, Grosjean saiu da zona de pontuação, enquanto Maldonado abandonou ainda no início da corrida, provando que a fase não está nada boa para o venezuelano. A Manor só aparecia quando atrapalhava alguém enquanto levava voltas. Realmente é de outra categoria.

E de uma corrida do nível de Mônaco, sem muitas emoções e sem ultrapassagens, a corrida de hoje ganhou um tempero todo especial com o erro de cálculo de Max Verstappen e outro erro, desta vez estratégico, da Mercedes, que trouxe o líder inconteste da prova Hamilton para os boxes, acabando por entregar a vitória de bandeja para Nico Rosberg, aumentando ainda mais o rancor de Hamilton. Num campeonato dominado pela Mercedes, esse erro da equipe pode custar muito caro para a delicada harmonia do time. Hamilton provou hoje que está numa fase impressionante, mas perder a corrida na situação de hoje pode causar uma erupção dentro dos boxes da Mercedes. 

sábado, 23 de maio de 2015

Aposta certa

Após sua derrota em Barcelona, Lewis Hamilton foi acusado por alguns ex-pilotos de estar um pouco deslumbrado com sua fase atual. Se ouviu ou não o conselho de Jackie Stewart e Damon Hill, o certo foi que Hamilton deu um show (mais um) nas ruas de Monte Carlo para conseguir a sua 43º pole na carreira e como em Mônaco largar na primeira fila já é meio caminho andado para a vitória, Hamilton tem tudo para se consagrar amanhã.

Os treinos correram com algumas novidades, como o péssimo desempenho de Sauber e Williams. Se a queda da primeira era esperada devido a falta de dinheiro (não é por ser mulher, mas tô começando a achar que Monisha Katelborn não é uma boa dirigente...), a bancarrota da Williams foi surpreendente. Mesmo tendo claras deficiências em circuitos lentos e com alto downforce, o ruim desempenho da Williams chamou a atenção, com Bottas, já ligado à Ferrari, ficando ainda no Q1, com um tempo bem mais lento do que Massa, que não foi muito longe no Q2. O finlandês ainda pode reclamar do tráfego, mas Valtteri não podia fazer nada de muito diferente. Button ficou muito perto do Q3, mas a McLaren amargou outro problema mecânico em dos seus carros, desta vez no de Alonso, que ficou parado no começo do Q2. Pelo o que vinha andando nos treinos livres, Alonso tinha chances reais de ir ao Q3 e o que Button fez no Q2, essa possibilidade era bem real!

No Q3, as surpresas foram Pérez e Maldonado, mas as estrelas eram os dois carros da Mercedes, que haviam dominado como quiseram o Q1 e Q2. Nico Rosberg já tinha passado reto na Saint Devote, mostrando que estava forçando até o limite, mas na primeira chance dos prateados, Lewis ficou apenas um décimo na frente. Na segunda tentativa, Nico errou novamente na Saint Devote e teve que se conformar mesmo a primeira fila, enquanto Hamilton melhorava seu tempo. Vettel ficou com a já habitual terceira colocação, mas Raikkonen em nenhum momento acompanhou o ritmo do companheiro de equipe e acabou superado pela dupla da Red Bull. Max Verstappen vinha sendo a sensação dos treinos, mas no Q3 o holandês decepcionou um pouco e ficou em décimo, levando tempo novamente do seu ótimo e menos badalado companheiro de equipe Carlos Sainz.

No início do Q3 houve previsão de chuva a qualquer momento, chuva essa que apareceu com força no segundo treino livre na quinta feira, que ocorreu na mesma hora da corrida. Essa é a única chance de uma vitória sem ser de Hamilton e Rosberg. Vettel é o favorito a aproveitar algum vacilo da Mercedes, mas do jeito que estão focados, nem mesmo a chuva deverá tirar a vitória da Mercedes, 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

História : 10 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 2005

Após a vitória sem contestação em Barcelona, a McLaren e Kimi Raikkonen pareciam ressurgir no campeonato e serem os maiores rivais de Fernando Alonso e da Renault, que amargaram uma derrota em casa. Com a Ferrari ainda sofrendo com os pneus Bridgestone, a tendência é que McLaren e Renault, usuários dos pneus Michelin, fossem as equipes mais fortes em Monte Carlo, lugar de muitas surpresas nos anos anteriores. Antes de desembarcarem em Mônaco, todas as equipes fizeram testes com ênfase nos pneus, com a trupe da Michelin concentrada em Paul Ricard, enquanto a Ferrari testava sozinha os pneus da Brisgestone em Fiorano. Mesmo suspensa, a BAR testou em Paul Ricard, mas a volta do time inglês seria apenas em Nürburgring.

No domingo pela manhã, Fernando Alonso foi o mais rápido, mas Raikkonen, que tinha sido o mais rápido no sábado, ficou com a pole com pouco mais de um décimo na frente do espanhol. A briga entre Alonso e Raikkonen prometia! Mostrando-se um leão de treino, Mark Webber novamente marca um tempo competitivo e fica com o terceiro tempo, na frente da outra Renault de Fisichella e de Trulli, em ótima fase com a Toyota. Michael Schumacher era apenas oitavo, com Barrichello em décimo, mostrando que a Ferrari, pelo menos em 2005, não teria chances de título. No sábado pela manhã, Montoya provocou um grande acidente na subida do Cassino, que envolveu ele e o desafeto Ralf Schumacher. Montoya acabaria punido e como a Toyota não teve tempo hábil de consertar o carro do alemão, os dois largariam na última fila, com ambos tendo carro para fazer uma corrida de recuperação. 

Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 2:30.325
2) Alonso (Renault) - 2:30.406
3) Webber (Williams) - 2:31.656
4) Fisichella (Renault) - 2:32.100
5) Trulli (Toyota) - 2:32.590
6) Heidfeld (Williams) - 2:32.883
7) Coulthard (Red Bull) - 2:33.867
8) M.Schumacher (Ferrari) - 2:34.736
9) Villeneuve (Sauber) - 2:34.936
10) Barrichello (Ferrari) - 2:23.983

O dia 22 de maio de 2005 amanheceu ensolarado e quente, típico de um dia primaveril às margens do Mediterrâneo. O Grande Prêmio de Mônaco aconteceria sem maiores problemas e com tempo bom, diminuindo bastante as chances de zebras acontecerem. Nos bastidores, chamava a atenção a falta da família real de Mônaco, já que essa seria a primeira corrida após a morte do príncipe Rainier III. Outro fato que chamava atenção, mas nos boxes, era a Red Bull promovendo o filme Star Wars: A Vingança dos Sith, com os mecânicos da equipe vestidos com a roupa da tropa imperial e Chewbacca também marcava presença. Voltando à pista, no apagar das cinco luzes vermelhas, Kimi Raikkonen não tem muitos problemas em bater Alonso e assumir a ponta da corrida. Isso, em Monte Carlo, já é mais de caminho andado rumo à vitória. Mais atrás, Webber não aproveita a sua boa posição no grid com outra largada horrorosa e o australiano caindo para quinto, superado pelos italianos Fisichella e Trulli. Mais atrás, Massa faz uma boa largada e deixa para trás seu companheiro de equipe Villeneuve e o compatriota Barrichello, para subir para nono.

Como é bastante comum em Mônaco, não importa a época, a corrida começa com uma procissão, mesmo Montoya, tendo largado lá de trás, já tendo pulado para 12º na terceira volta. Lá na frente, os três primeiros abriam vantagem para o resto, enquanto Raikkonen abria gradualmente uma diferença sobre Alonso. O espanhol da Renault era mais rápido no primeiro setor, mas Raikkonen era mais veloz nas duas outras parciais. Montoya estava preso atrás de Barrichello, enquanto Ralf estava colado na traseira do novato Vitantonio Liuzzi, mas como, oh novidade, mesmo mais rápidos, JP e Ralf não conseguiam a ultrapassagem nas apertadas ruelas de Mônaco. A corrida seguia estática e sem maiores arroubos de emoção, até Christijan Albers rodar na curva Mirabeau na volta 23. O piloto da Minardi ficou atravessado na pista e o primeiro a chegar no local foi Coulthard, que parou tranquilamente, mas Michael Schumacher não fez o mesmo e bateu com força na traseira da Red Bull de David. Os dois carros da Sauber vieram logo a seguir e formou-se o engarrafamento. Safety-car na pista e os estrategistas tinham que colocar as pestanas para trabalhar. Do incidente, apenas Coulthard, com o difusor e a asa traseira quebrada, estava de fora. Schumacher e Albers retornariam à corrida, após visitas aos respectivos pits.

Por incrível que pareça, Raikkonen ficou na pista, esperando que o seu ritmo o colocasse numa boa posição para permanecer na ponta após o reinício da corrida. Porém, a sorte do finlandês foi que Trulli resolveu utilizar a mesma estratégia, ficando em segundo. Alonso era o primeiro dos que tinham ido visitar os pits, seguido por Webber, Heidfeld e Massa. Tendo que esperar que a Renault reabastecesse o carro do seu companheiro de equipe, Fisichella caiu para oitavo. Quando a corrida voltou ao seu ritmo normal, Raikkonen saiu em disparada, num ritmo alucinante, enquanto Alonso estava preso atrás de Trulli e, o que era pior, estava estragando os seus pneus. Com o carro mais rápido da pista, Raikkonen fez sua única parada na volta 40 e voltou confortavelmente na ponta, praticamente garantindo a vitória. Mais atrás, a corrida era animada, com os dois carros da Renault começando a sofrer com o desgaste dos pneus. Alonso segurava a dupla da Williams, enquanto Fisichella, já em sexto devido às paradas de Trulli e Villeneuve, liderava um trenzinho que tinha Barrichello, Montoya e Liuzzi. Mais lento que os demais, a Renault resolve arriscar uma única parada, mas os demais pilotos, atrasados pelos carros franceses, vão aos pits por uma segunda vez. Nessa rodada de paradas, quem se deu bem foi Heidfeld, que antecipou sua parada e com pista livre, surgiu à frente de Webber, que reclamou com sua equipe depois da prova. Montoya fazia o mesmo e 'ultrapassava' Barrichello nos boxes, mas o brasileiro acabaria punido por excesso de velocidade nos boxes e cairia para décimo, logo à frente de Michael Schumacher. Fisichella sofria com os seus pneus, assim como Alonso e segurava Trulli, Montoya, Massa e Villeneuve. Era uma corrida animada, fora dos padrões monegascos!

Numa tentativa ousada, mas que não daria muito certo, Trulli tenta ultrapassar Fisichella na freada do grampo Loews e o toque entre os italianos é inevitável, fazendo com que ambos fossem aos boxes para reparos. Pior foi o que aconteceu com a Sauber. Com ambos os carros na zona de pontuação e fazendo uma corrida sólida, tudo foi pelos ares quando Villeneuve tentou uma ultrapassagem atabalhoada em cima de Massa na Saint Devote, destruindo a corrida de ambos e da Sauber. Talvez que por essas e outras, Felipe tenha chamado de Villeneuve de babaca meses antes...

Enquanto Raikkonen fazia uma corrida solitária na frente, não demorou para que a dupla da Williams encostasse em Alonso novamente. Heidfeld ensaiava a manobra na chicane do porto, conseguindo o seu intuito faltando apenas sete voltas para o fim. Vendo o que o companheiro de equipe fez, Webber sabia o caminho das pedras, mas Alonso não deu mole, cortou a chicane duas vezes, mas na terceira oportunidade, o australiano assumiu o terceiro posto. O ritmo de Alonso era tão mais lento, que o quinto colocado Montoya encostou nas últimas voltas, trazendo consigo Ralf, Barrichello e Michael Schumacher colados. Sem ser muito incomodado, Kimi Raikkonen venceu pela quarta vez na carreira e assumia de vez o cargo de principal rival de Alonso na briga pelo campeonato. Em uma corrida forte, a Williams colocou seus dois pilotos no pódio, sendo o primeiro de Webber, mas o australiano não parecia muito feliz no pódio. Alonso fez tripas coração para permanecer em quarto, frente aos fortes ataques de Montoya, mas o espanhol garantiu os importantes cinco pontos da quarta posição, mas mais atrás houve polêmica. Na última volta, Schumacher não tomou conhecimento de Barrichello e o ultrapassou na chicane do porto, deixando o brasileiro possesso. Para muitos, isso era apenas mais um chororô da longa série de Barrichello, mas aquilo foi a gota d'água de Rubinho, que meses mais tarde anunciaria a sua saída da Ferrari. Com a McLaren se mostrando cada vez mais forte nas mãos de Kimi Raikkonen, todo o bom trabalho da Renault e de Alonso rumo ao título estava em xeque!

Chegada:
1) Raikkonen
2) Heidfeld
3) Webber
4) Alonso
5) Montoya
6) R.Schumacher
7) M.Schumacher
8) Barrichello


quinta-feira, 21 de maio de 2015

História: 15 anos do Grande Prêmio da Europa de 2000

Desde os tempos do velho Nordschleife, as corridas em Nürburgring se caracterizavam pela inconstância do clima, porém, no novo circuito mais curto, a chance de estar chovendo em uma parte do circuito e não em outra, era diminuta, mas ainda assim o clima seria preponderante para a corrida alemã, mas com nome de Grande Prêmio da Europa. A corrida de 1999 tinha sido cheia de surpresas pela inconstância do tempo, mas se não chovesse, a corrida seria decidida, como sempre há quinze anos atrás, entre McLaren e Ferrari. Mesmo com Schumacher liderando o campeonato ainda com uma margem confortável, a McLaren estava muito confiante após duas dobradinhas consecutivas e com os carros prateados claramente mais rápidos em condição de corrida. 

Havia previsão de chuva para qualquer momento durante a classificação e por isso todos os pilotos vão rapidamente à pista e na metade da sessão, Coulthard tinha a pole provisória após sua segunda volta rápida, seguido de perto por Schumacher e Hakkinen. Então, a chuva deu as caras e faltando dez minutos para o fim da classificação, estava claro que a pole de Coulthard permaneceria intacta até o fim, para desespero de Michael Schumacher, pois a pista de Nürburgring fica relativamente próximo da sua cidade natal. Atrás do quarto colocado Barrichello, havia muito equilíbrio, com Ralf Schumacher sendo o melhor do resto numa boa exibição em casa da BMW.

Grid:
1) Coulthard (McLaren) - 1:17.529
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:17.667
3) Hakkinen (McLaren) - 1:17.785
4) Barrichello (Ferrari) - 1:18.227
5) R.Schumacher (Williams) - 1:18.515
6) Trulli (Jordan) - 1:18.612
7) Fisichella (Benetton) - 1:18.697
8) Irvine (Jaguar) - 1:18.703
9) Villeneuve (BAR) - 1:18.742
10) Frentzen (Jordan) - 1:18.830

O dia 21 de maio de 2000 estava nublado e havia novamente previsão de chuva para qualquer momento em Nürburg, nas montanhas de Eifel. Porém, quando os pilotos foram alinhar seus carros no grid, a pista estava seca, mas nos boxes as equipes deixavam os pneus de chuva prontos para qualquer eventualidade. A pergunta não era 'se', mas 'quando' a chuva cairia em Nürburgring. Enquanto a chuva não vinha, o pole Coulthard faz uma péssima largada e era superado facilmente por Schumacher, mas nem o alemão, nem David, esperavam pela largada relâmpago de Hakkinen, que passou entre os dois carros da primeira fila para ficar na liderança ainda antes da freada da curva um. Barrichello ainda tentou uma manobra em cima de Coulthard na curva um por fora, mas o piloto da Ferrari recua, enquanto mais atrás Villeneuve fazia outra largada sensacional, algo em que o canadense estava se especializando no ano 2000, e pulava para quinto, enquanto Trulli se enroscava com Fisichella e Irvine durante a primeira volta e o italiano da Jordan acabava tendo um pneu traseiro furado, abandonando a corrida ali mesmo.

Assim, Hakkinen liderava à frente de um agressivo Michael Schumacher, seguidos por Coulthard e Barrichello. A boa largada de Villeneuve nas corridas anteriores já tinham estragado a corrida de vários pilotos e rapidamente um trenzinho se formou atrás do canadense da BAR em Nürburgring, liderado por Ralf. Ao final da terceira volta a Jordan já começava a empacotar suas coisas quando o motor Mugen de Frentzen quebrou. A temporada da Jordan em 2000 era completamente diferente do competitivo ano de 1999, quando Frentzen brigou pela vitória em Nürburgring. Na quarta volta, Fisichella ultrapassa Ralf Schumacher e parte para cima de Villeneuve, que se defendia bem, mas perdia muito terreno para o quarto colocado Barrichello. Na oitava volta Michael Schumacher marca a volta mais rápida da corrida e estava claramente mais rápido do que Hakkinen, mas enquanto o alemão tentava achar uma forma de ultrapassar o finlandês da McLaren, Michael olhava para o cada vez mais escuro céu sobre Nürburgring. E a chuva começou a cair, ainda leve, na nona volta. Quem se aproveitou da nova condição de pista foi Fisichella, que ultrapassou Villeneuve na última curva do circuito. Com a chuva aumentando de intensidade, Schumacher fez a sua manobra vencedora na volta 11, ultrapassando Hakkinen no final da reta oposta, na freada da chicane. Rapidamente o alemão abre uma boa vantagem sobre Hakkinen, que já havia demonstrado não gostar muito de correr na chuva. A pista, cada vez mais lisa, proporcionou vantagens para quem tinha habilidades nessas condições traiçoeiras e Barrichello pôde ultrapassar Coulthard na reta dos boxes, após o escocês escorregar na última curva.

Com pista livre e usando sua lendária habilidade em correr em pista molhada, Michael Schumacher rapidamente abria vantagem sobre um desequilibrado McLaren de Hakkinen, que controlava sua vantagem sobre Barrichello. Quando a corrida se aproximou do seu primeiro terço, a chuva apertou de vez e os pilotos foram, não apenas reabastecer seus carros, como também colocaram os pneus apropriados para chuva. Dos pilotos da frente, Coulthard foi o primeiro a ir aos boxes, enquanto Schumacher e Hakkinen tem problemas em seus pit-stops (o alemão devido, novamente, a mangueira de combustível e Mika devido a uma porca que demorou a ser apertada). Quando voltava à pista, Schumacher quase foi ultrapassado por Coulthard, que se aproveitou de estar com os pneus apropriados por mais tempo e de um pit-stop sem problemas, para subir para segundo, porém, o escocês reclamou de Michael sobre a manobra que o alemão fez no final da reta dos boxes. Quem também reclamava, novamente, era Barrichello. O brasileiro não se entendeu com Ross Brawn na hora correta de ir aos pits e acabou ficando tempo demais na pista molhada com pneus slicks, fazendo com que Brawn trocasse sua estratégia para três paradas para tentar recompor o tempo perdido pelo brasileiro na confusão. Depois da corrida, Rubens chiaria com a Ferrari. Novamente... 

Porém, Coulthard estava com o seu McLaren completamente desequilibrado e de forma surpreendente, Hakkinen fazia uma bela corrida com piso molhado. Com Schumacher já abrindo 10s de vantagem, Coulthard abre passagem para Hakkinen assumir o segundo lugar e tentar se aproximar de Schumacher. Em vão. Schumacher fazia uma corrida excepcional debaixo de chuva, chegando a ganhar mais de 1s sobre Hakkinen, que se distanciava cada vez mais de Coulthard. Com uma estratégia diferente, Barrichello ficava no tráfego e muito longe do problemático Coulthard. Na volta 30, uma disputa bonita entre Irvine, Verstappen e Ralf Schumacher acabaria numa carambola no final da reta dos boxes e os três, que brigavam pela sétima posição, acabariam abandonando a corrida. Os quatro pilotos da frente fazem suas segundas paradas sem problema desta vez, mas com Barrichello ainda tendo que fazer uma terceira parada, caindo para sexto e precisando ultrapassar Fisichella e De la Rosa para assumir sua quarta posição original. Com o carro mais leve, Barrichello se livra dos dois, mas quando faz sua terceira parada, com dezesseis voltas para o final, o brasileiro assume definitivamente o quarto lugar, mas bem longe de Coulthard.

Com a pista encharcada e as quatro primeiras posições definidas, a corrida fica estática até o final. Para desespero de Barrichello, ele leva uma volta de Schumacher na volta 57, restando ainda dez para o final. Por causa do spray, os pilotos da frente tiveram muitas dificuldades de ultrapassar os retardatários. Com o carro mais leve, Barrichello esboça um ataque em cima de Coulthard nas voltas finais, mas o escocês é ajudado pelo seu companheiro de equipe, quando Hakkinen, uma volta na frente em segundo, se coloca entre Coulthard e Barrichello. Assim, Michael Schumacher venceu de forma impressionante o Grande Prêmio da Europa, aumentando sua vantagem no campeonato após duas vitórias da McLaren. Mika fecha a prova num tranquilo segundo lugar, enquanto Coulthard sofreu a prova toda com um carro desequilibrado, mas não teve problemas em superar um irritado Barrichello na briga pelo terceiro lugar. Fisichella e De la Rosa fechavam a zona de pontuação com atuações muito boas de ambos. Com essa vitória, Schumacher chegava a 39 na carreira e se aproximava de Senna, enquanto sua volta mais rápida na corrida o igualava a Alain Prost como o maior da história da F1 nesse quesito. Naquele tempo, Michael Schumacher ainda tinha apenas dois títulos e estava atrás de outras lendas na lista de recordes da F1, mas não demoraria para o alemão reescrever os livros de história.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Hakkinen
3) Coulthard
4) Barrichello
5) Fisichella
6) De la Rosa

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Cada dia piora...

Mesmo não contando com vários pilotos feridos seriamente como em 1992, a edição de 2015 das 500 Milhas de Indianápolis já é a mais violenta desde àquele ano. Hoje foi a vez de James Hinchcliffe...

domingo, 17 de maio de 2015

Na fase

Não importando o número de rodas, seja duas ou quatro, a confiança de um piloto faz toda a diferença no resultado final de uma corrida. Ninguém deve questionar o talento do bicampeão da MotoGP Jorge Lorenzo, mas as consecutivas derrotas para Marc Márquez, somado a ascensão de Valentino Rossi no seio da Yamaha, mexeu com a cabeça do espanhol, que não esteve na melhor forma nos dois últimos anos. Para 2015, Lorenzo perdeu cinco quilos, treinando para recuperar a melhor forma, não apenas física, como mental. Porém, essa temporada não começou do jeito imaginado por Lorenzo e parecia que o espanhol teria outro ano para esquecer, mas ao chegar na sua casa, em Jerez, Lorenzo pareceu ter recebido uma transfusão e o piloto da Yamaha voltou aos bons tempo.

Após a sua vitória em Jerez, Jorge Lorenzo chegou à Le Mans ainda mais confiante e mesmo perdendo a pole ontem para Márquez, quando era o favorito a liderar o grid, Lorenzo fez outra de suas grandes largadas, subterfúgio aprendido para poder enfrentar Márquez nas duas últimas temporadas, e Jorge venceu hoje de ponta a ponta, praticamente sem ser muito ameaçado. A fase de Lorenzo já o coloca na vice-liderança do campeonato, apenas quinze pontos atrás de Rossi, que terminou em segundo. O Doutor, como sempre desde a criação da nova classificação na MotoGP, não estava bem colocado no grid, mas após uma boa largada, se posicionou em quarto, atrás das duas Ducatis de fábrica. Rossi não perdeu tempo e ultrapassou seus dois pupilos, Doviziozo e Iannone, com categoria, mas quando Lorenzo soube pelas placas que o segundo colocado era Rossi, o espanhol tratou de aumentar ligeiramente o ritmo e controlou qualquer ataque do companheiro de equipe. Rossi sabe que não tem a mesma velocidade de Márquez e Lorenzo, mas compensa isso com muita inteligência, fazendo táticas diferentes e sendo constante no campeonato. Em cinco corridas, foram cinco pódios para Rossi. Quem faz um campeonato assim é Andrea Doviziozo. A Ducati ainda não tem a constância de Yamaha e Honda nas corridas, mas o italiano segue marcando pontos importantes, com outro pódio, em terceiro lugar. Doviziozo, nos tempos de 250cc, que era conhecido como 'Calculadora', faz o mesmo agora, quase dez anos depois.

Se a Yamaha ficou com a dobradinha na França, a Honda tem muito com que se preocupar após a prova em Le Mans. Márquez fez uma manobra kamizake na primeira curva, que poderia lhe custar caro, mas o espanhol da Honda fechou a primeira volta em quarto, pressionado por Rossi, mas ao ser ultrapassado pelo italiano da Yamaha, Márquez não teve mais forças para brigar pela vitória. Após um erro, acabou ultrapassado pela Yamaha satélite de Bradley Smith, só dando o troco mais tarde. Quando Iannone perdeu rendimento devido aos problemas físicos que teve, quando deslocou o ombro num treino, o déficit de potência da Honda em relação à Ducati foi nítido, mas a briga entre Márquez e Iannone foi uma das melhores do esporte a motor em 2015. Márquez, com uma moto também nitidamente desequilibrada, terminou em quarto e começa a enxergar os pilotos da Yamaha de longe no campeonato, fazendo com que o tricampeonato fique cada vez mais longe. Hoje teve a volta de Daniel Pedrosa às corridas, após um mês e meio se recuperando de uma cirurgia no antebraço direito, mas para tristeza da Honda, que queria os pontos do espanhol, e de Dani, o espanhol errou ainda na primeira volta e não pontuou, mesmo terminando a corrida, todo ralado.

Após dois anos de dominação da Honda, a Yamaha hoje lidera o campeonato de pilotos com alguma folga, mas mesmo com Rossi na frente do campeonato, a fase é hoje de Jorge Lorenzo, que já está na segunda colocação e com duas vitórias consecutivas. Porém, a próxima corrida é na Itália. Terra de Valentino Rossi!

sábado, 16 de maio de 2015

Que pena...

Ontem faleceu o piloto italiano Renzo Zorzi, que infelizmente ficou marcado, indiretamente, pelo horrível acidente de Tom Pryce em Kyalami/77. Patrocinado pelo empresário italiano Franco Ambrosio, Zorzi entrou definitivamente na F1 em 1977 pela equipe Shadow, após alguns anos na F2 e duas corridas avulsas com o time de Frank Williams. Em Interlagos, sua quarta corrida na F1, Renzo Zorzi marcaria o seu único ponto na categoria, mas na prova seguinte o italiano teve um princípio de incêndio no seu Shadow e deixou o carro ao lado da pista, na reta dos boxes. Zorzi saiu do carro correndo, com medo do incêndio e viu, de perto, o terrível acidente em que um bombeiro faleceu atropelado pelo seu companheiro de equipe Tom Pryce, morto também quando foi atingido por um extintor de incêndio. Zorzi esteve perto de toda a movimentação que se sucedeu à tragédia, mas o italiano ainda fez mais duas corridas antes de Ambrosio destinar seu patrocínio à Riccardo Patrese. Renzo Zorzi correu alguns anos na F-Aurora, uma espécie de campeonato inglês de F1, até parar de correr, se tornando instrutor de pilotagem, em parceria com a Pirelli. Zorzi morreu aos 68 anos. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

De se preocupar...

O acidente de Helio Castroneves na quarta parecia ser um fato isolado, mas o acidente de Josef Newgarden de ontem põe mais pulgas na orelha dos dirigentes da Indy. Com uma dinâmica parecida, o acidente de Newgarden foi ainda mais forte, mas, assim como Helio, o americano saiu bem do carro. O que ambos os carros tem em comum? São Chevrolet...


quinta-feira, 14 de maio de 2015

História: 20 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1995

Michael Schumacher não estava podendo defender o seu título mundial conquistado no ano anterior de forma adequada. Após ser derrotado por Damon Hill na Argentina, Schumacher sofreu um forte acidente em Ímola e estava em terceiro no campeonato. Se quisesse voltar à briga pelo título, o alemão da Benetton precisava vencer em Barcelona, pista onde os carros Williams, projetados de Adryan Newey, tradicionalmente se davam bem. Schumacher e Benetton ainda estavam se ajustando aos novos motores Renault, mas quem também estava se adaptando ao novo carro era Nigel Mansell. Após humilhar Ron Dennis ao dizer que não cabia no McLaren MP4/10 e ficar de fora de algumas corridas, Mansell viu a McLaren construir um modelo B com um cockpit maior para que o inglês coubesse dentro do carro.

Na sexta-feira, Schumacher reclamou que seu carro estava inguiável, mas no sábado, de forma miraculosa, o Benetton-Renault se 'consertou' e Schumacher meteu exatos seis décimos em cima de Alesi, sendo o alemão o único a andar na casa de 1:21. Atrás do pole Schumacher, havia um forte equilíbrio entre Ferrari e Williams, enquanto Herbert provava onde estava dentro da Benetton ao ficar exatos dois segundos atrás do companheiro de equipe. Mesmo com um carro praticamente feito para ele, Mansell reclamava do carro, o mesmo não acontecendo com Hakkinen, que superou o inglês. O detalhe é que o finlandês tinha o modelo standard do MP4/10...

Grid:  
1) Schumacher (Benetton) - 1:21.452
2) Alesi (Ferrari) - 1:22.052
3) Berger (Ferrari) - 1:22.071
4) Coulthard (Williams) - 1:22.332
5) Hill (Williams) - 1:22.349
6) Irvine (Jordan) - 1:22.352
7) Herbert (Benetton) - 1:23.536
8) Barrichello (Jordan) - 1:23.705
9) Hakkinen (McLaren) - 1:23.833
10) Mansell (McLaren) - 1:23.927

O dia 14 de maio de 1995 amanheceu quente e limpo em Barcelona, proporcionando um belo dia para uma corrida de F1. A pista de Barcelona já era considerada uma pista de poucas emoções, pois vários testes de inverno eram realizadas na pista espanhola, com especial destaque para os carros de Newey, que sempre prezou pela aerodinâmica e as curvas rápidas do circuito de Montmeló ajudam os carros da Williams, mesmo a dupla britânica da Williams não estarem tão à frente como esperado no grid. Na largada, Schumacher larga muito bem, cortando na frente de Alesi para se manter tranquilamente em primeiro. Mais atrás, Hill emula a ótima largada do seu rival e ultrapassa Coulthard e Berger, subindo para terceiro, atrás de Alesi, que se mantém em segundo. Não houve nada de anormal na largada e tirando Andrea Montermini, que teve seu câmbio quebrado ainda na volta de apresentação, todos sobreviveram bem à primeira volta.

Imediatamente Schumacher imprimi um ritmo alucinante na ponta, indicando a possibilidade de fazer três paradas, tática tão usado pelo alemão, junto com o engenheiro Ross Brawn da Benetton, em 1994. Na quinta volta, Schummy já livrava 5s de vantagem sobre Alesi, que tinha Hill e Berger logo atrás. Mesmo Barcelona nunca tenha sido caracterizada por corridas com muitas ultrapassagens, David Coulthard contraria a lógica e após uma largada tenebrosa, o escocês ultrapassa Hakkinen e Irvine para subir ao quinto posto. Na volta 13, Damon Hill finalmente ultrapassa Alesi, mas de forma surpreendente, o inglês da Williams vai aos boxes nessa mesma volta, indicando uma estratégia de três paradas. Infelizmente para Hill, ele volta apenas em nono e esperando que Schumacher, que em apenas onze voltas já colocava uma volta no Forti Corse de Pedro Paulo Diniz, permanecia na pista. Para piorar, Alesi faz sua primeira parada na volta 19 e volta à pista na frente de Hill, estragando ainda mais a corrida do inglês, enquanto Schumacher permanecia na pista, indicando que pararia duas vezes. O alemão chegou na traseira da McLaren de Mansell na volta 20, que vinha tendo nítidos problemas de controlar seu carro. Após levar uma volta de Schumacher, Mansell foi aos boxes e abandonou a corrida, reclamando da dirigibilidade do seu carro. Porém, Nigel não apenas abandonou a corrida, como também abandonaria a F1 naquele momento, encerrando um ciclo na F1. Os quatro fantásticos dos anos 80 (Piquet, Prost, Mansell e Senna) não seriam mais vistos num carro de F1, para tristeza dos fãs de automobilismo.

Porém, reis mortos, rei posto. Schumacher faz sua primeira parada na volta 21 e retorna à pista confortavelmente na ponta, seguido por Alesi, Hill, Coulthard, Berger e Herbert. Alesi era pressionado por Hill e atrapalhado por retardatários, via sua situação piorar, mas o francês da Ferrari teria uma enorme decepção quando o seu motor estoura na volta 26. Schumacher via sua única ameaça pela vitória voar pelos ares, pois Alesi era o único entre os primeiros que parariam, como Schummy, duas vezes. Hill passava poucas voltas em segundo, quando o inglês vai aos boxes 31 para sua segunda parada. Na volta 38, faltando ainda uma parada Schumacher e Hill, o alemão tem uma vantagem de 38s sobre o inglês da Williams. Na volta 41, numa cena bastante curiosa, Johnny Herbert faz sua parada e na ânsia de sair logo dos pits, o inglês leva na traseira do seu Benetton o macaco do seu mecânico, mas felizmente o apetrecho saiu da traseira de Herbert na saída do pit-lane. Outro problema nos pits aconteceu cinco voltas mais tarde, quando a Pacific de Bertrand Gachot pega fogo durante o reabastecimento, mas sem a espetacularidade de Jos Verstappen em Hockenheim no ano anterior, porém Gachot teve que abandonar. Com o carro mais leve, Hill faz a volta mais rápida antes de fazer sua terceira parada.

Faltando quinze voltas, Schumacher lidera tranquilamente com 26s de vantagem sobre Hill. Atrás das duas principais estrelas da F1 de então, vinham Coulthard, Herbert, Berger, Irvine e Hakkinen. Porém, mudanças acontecem nas últimas voltas, com as quebras de Coulthard e Hakkinen. Nas voltas finais, com claros problemas em seu carro, Barrichello era pressionado por Panis na última posição pontuável, mas a maior surpresa aconteceu na última volta, quando um problema hidráulico fez Damon Hill perder rendimento nos metros finais. Schumacher vence a sua décima segunda corrida na F1 e Herbert, meio assustado ao se ver na posição, era segundo e completava uma surpreendente dobradinha da Benetton. Berger completou o pódio e Hill, se arrastando, completou em quarto. Mais atrás, Barrichello perde rendimento, se arrasta pela reta dos boxes e perde a sexta posição para Panis. Soube-se depois que a Peugeot programou o seu motor para cortar antes de quebrar. Se não fosse isso, Barrichello terminaria em sexto, mesmo com o motor quebrado... Com essa vitória, Schumacher reassume a ponta do campeonato, iniciando sua arrancada rumo ao título.

Chegada:
1) Schumacher
2) Herbert
3) Berger
4) Hill
5) Irvine
6) Panis