sábado, 31 de maio de 2014

Estratégia poderosa

O circuito de Belle Island, em Detroit, nos proporciona um belo visual, talvez um dos mais bonitos de circuitos de rua, mas como em todo traçado urbano, ultrapassagens são complicadas e uma aposta errada pode ser fatal. Helio Castroneves era o dono da corrida, mas uma má posição sua última parada praticamente entregou a vitória para o seu companheiro de equipe Will Power, que chegou a se envolver em um acidente no começo da prova, trazendo consigo Graham Rahal e Tony Kanaan, em seu primeiro pódio pela Ganassi.

Como dito anteriormente, o poleman Helio Castroneves dominava a primeira corrida de Detroit a seu bel-prazer, não sendo incomodado por James Hinchcliffe, segundo no grid, mas que só chegou à sua posição original quando Mike Conway bateu no muro e Jackie Hawksworth teve um disco de freio explodido. Porém, como é comum nas corridas da Indy, a estratégia de paradas é essencial e surpresas podem acontecer. Nas últimas posições, Will Power se envolve num incidente com Simon Pagenaud e o francês abandona, trazendo consigo a primeira bandeira amarela do dia. Power e os demais pilotos que estavam na rabeira da corrida, incluindo aí o vencedor das 500 Milhas semana passada, Ryan Hunter-Reay, procuraram os pits para sair da janela normal dos pits e começar a embaralhar as estratégias.

Outro fator estratégico era o péssimo rendimento do pneu mole, com tarja vermelha, e por isso os pilotos lutavam para se livrar rapidamente deste composto para terem condições de fazer uma prova decente com os pneus duros. Numa bandeira amarela longa provocada por Josef Newgarden, já na metade final da corrida, alguns pilotos procuraram os pits para encher o tanque e não parar mais. Outros estavam em posições intermediárias, pois tinham feito sua segunda parada poucas voltas antes, este grupo liderado por Will Power. Os líderes preferiram ficar na pista mais um pouco e Castroneves estava à frente deles. Quando a bandeira verde foi dada, Helio ficou na ponta até o momento de sua parada final, seguido por Hinchcliffe e Dixon, este colocando pneus moles e praticamente saindo da disputa pela liderança da corrida. O problema foi que Helio voltou à pista atrás de Carlos Muñoz, último piloto do grupo que tinha parado na bandeira amarela e economizava combustível para ir até o fim. Mesmo tendo um carro até 3s mais rápido, Castroneves não conseguiu a ultrapassagem decisiva, enquanto Power, Rahal e Kanaan faziam voltas rápidas para abrir vantagem sobre o piloto da Penske.

A estratégia de Power funciona perfeitamente e o australiano sai de sua terceira e última parada com ampla vantagem sobre Rahal e, mais importante, Helio Castroneves. Hinchcliffe era outro piloto frustrado pela tática errada e numa tentativa de ultrapassagem para lá de otimista, o canadense fez Aleshin rodar e trazer a última bandeira amarela. Briscoe liderava a prova quando a bandeira verde foi mostrada à dez voltas para o fim, mas claramente não tinha combustível para completar a prova, enquanto Power teria que segurar o ímpeto de Rahal, que já tinha feito várias ultrapassagens durante a corrida. Power foi esperto, não se envolvendo numa batalha com Briscoe na bandeira verde e após segurar Rahal, ultrapassou Briscoe poucas voltas depois, colocando o australiano entre ele e Rahal. Quando o piloto da Ganassi fez seu pit nas últimas voltas, Power controlou bem a aproximação de Rahal e garantiu uma vitória que caiu dos céus... ou mesmo da estratégia.

Kanaan ainda tem sérios problemas nesse seu começo de vida na Ganassi, mas esse terceiro lugar, que se valeu bastante da estratégia, pode lhe dar a motivação que falta para conseguir melhorar seus resultados. Porém, o piloto mais frustrado do dia foi Helio, pois o quinto lugar tirado à fórceps não era o resultado que refletiu seu bom carro no dia de hoje. Porém, o piloto da Penske não tem muito do que lamentar, pois amanhã tem a segunda corrida em Detroit e os pilotos podem rever suas estratégias e faze-las funcionar amanhã.  

sexta-feira, 30 de maio de 2014

História: 15 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1999

Se havia um circuito que pilotos e equipes conheciam com a palma da mão no final dos anos 90, esse era o Circuit de Catalunya, em Montmeló, nas proximidades de Barcelona. O autódromo espanhol era o mais usado num tempo em que os testes eram praticamente ilimitados devido ao seu lay-out com curvas de todos os tipos e uma enorme reta dos boxes, o que na teoria era um excelente ponto de ultrapassagem na freada desta reta, mas nos últimos tempos o Grande Prêmio da Espanha vinha sendo caracterizado por corridas chatas e sem ultrapassagens. Liderando os dois campeonatos após Monte Carlo, a Ferrari sabia que o circuito de Barcelona era extremamente favorável para a McLaren, mas nos treinos livres isso não aconteceu, com Schumacher e Irvine próximos dos carros prateados.

Num treino classificatório surpreendente, Jean Alesi, que havia tido sérios problemas com seu Sauber em testes recentes, tinha o melhor tempo do pelotão até os 45 minutos, quando o francês foi superado pelos quatro carros mais rápidos de 1999. Contudo, a ordem era um pouco diferente do usual. Michael Schumacher foi o primeiro a superar o tempo de Alesi por apenas alguns milésimos, então Coulthard melhorou o tempo do alemão da Ferrari por três centésimos, antes que Irvine ficasse com a pole provisória e então Mika Hakkinen, em sua última tentativa, ficou com a pole. Mesmo tendo liderado a maior parte do treino de classificação, Alesi estava esfuziante com o seu quinto lugar e Villeneuve também estava comemorando o sexto lugar. Correndo em casa, tudo o que Pedro de la Rosa e Marc Gené tinham que fazer era superar seus companheiros de equipe e assim o fizeram, mas ambos ocupando as duas últimas filas do grid.

Grid: 
1) Hakkinen (McLaren) - 1:22.088
2) Irvine (Ferrari) - 1:22.219
3) Coulthard (McLaren) - 1:22.244
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:22.277
5) Alesi (Sauber) - 1:22.388
6) Villeneuve (BAR) - 1:22.703
7) Barrichello (Stewart) - 1:22.920
8) Frentzen (Jordan) - 1:22.938
9) Trulli (Prost) - 1:23.194
10) R.Schumacher (Williams) - 1:23.303

O dia 30 de maio de 1999 estava quente e parcialmente nublado em Barcelona, mas sem previsão de chuva, ou seja, um clima ideal para uma corrida de F1, mas também para confirmar o favoritismo da McLaren. Depois da classificação, Coulthard falou que não estava lamentando muito o fato de ter ficado em terceiro, pois ele largaria no lado limpo da pista. Largando também do lado limpo do grid, Hakkinen não cometeu o mínimo erro no apagar das luzes vermelhas e ficou na primeira posição sem muito esforço na largada, mas atrás dele a corrida era praticamente definida. Irvine, largando no lado sujo, se atrasa e tem Coulthard ao seu lado na corrida para a primeira curva, mas o que era pior para a Ferrari, foi que Schumacher ficou encaixotado atrás dos dois pilotos, permitindo que Villeneuve, que fez uma largada extraordinária, principalmente pelo fato dele ter largado no lado sujo, entrasse na briga pela segunda posição. Coulthard fica por dentro e tem a preferência da primeira curva para emergir na segunda posição, mas Villeneuve foi ainda mais esperto e pulou para terceiro para desespero do estrategista da Ferrari, Ross Brawn.

Correndo numa de suas pistas favoritas, Mika Hakkinen imediatamente impôs um ritmo avassalador sobre Coulthard, mas o escocês estava longe de ser ameaçado, pois Villeneuve fazia um enorme favor à McLaren ao segurar os dois carros da Ferrari, com Schumacher à frente. As características do circuito de Montmeló impediam a manobra de ultrapassagem de Michael, mesmo tendo muito mais carro do que Villeneuve. Nesse momento, Ross Brawn não fez sua magia e deixou Schumacher 23 voltas atrás de Villeneuve, deixando que as duas McLarens disparassem na ponta. Surpreendentemente Irvine fez sua parada primeiro, indicando para a BAR que a parada de Schumacher era iminente e essa era a primeira chance (havia a previsão de duas paradas) do alemão ultrapassar Villeneuve nas táticas de boxe. De forma inteligente e antevendo a estratégia da Ferrari para Schumacher, a BAR traz Villeneuve na volta seguinte, com Schumacher logo atrás. Isso poderia ser o fim da esperança de uma corrida decente para Schumacher, mas a BAR, mesmo sendo a sucessora da Tyrrell, mostrou problemas de noviciado e sua equipe de pit-stop não foi páreo para a experiência da Ferrari, com Villeneuve perdendo um tempo absurdo nos boxes e caindo para quinto. Porém, o estrago estava feito para a Ferrari.

Hakkinen e Coulthard fizeram suas paradas de forma normal e ambos correram praticamente sozinhos. Em seu segundo stint, Schumacher tentou fazer milagre e esboçou uma aproximação em cima de Coulthard, mas quando o alemão foi aos boxes fazer sua segunda parada, Michael deu de cara com a lenta Arrows de Takagi no pit-lane, perdendo segundos preciosos, deixando o alemão conformado com o terceiro lugar, com Irvine também quieto, em quarto. Villeneuve tinha tudo para conseguir seu melhor resultado pela BAR até então com uma quinta posição, mas em sua segunda parada, o canadense deixou o motor morrer, mas na verdade o câmbio havia quebrado e o canadense abandonou ali mesmo. Alesi, que tinha feito um treino surpreendente, abandonou ainda durante o primeiro round de paradas e logo depois Frentzen, que estava na zona de pontuação, teve um problema de câmbio e abandonou. Com isso, Ralf Schumacher conseguiu um bom quinto lugar depois de largar em décimo, com Trulli, sofrendo muita pressão de Damon Hill nas últimas voltas, completando os pilotos que marcaram pontos. Hakkinen recebeu tranquilamente a bandeirada em primeiro, com Coulthard completando a primeira dobradinha da McLaren em 1999. Mesmo com as expectativas baixas, o terceiro lugar de Schumacher não lhe satisfez pela má largada de Irvine, que acabou arruindo sua prova, mas o alemão ainda estava na liderança do campeonato, mas agora com um ameaçador Mika Hakkinen no seu encalço.

Chegada:
1) Hakkinen
2) Coulthard
3) M.Schumacher
4) Irvine
5) R.Schumacher
6) Trulli

Panca na história

Hoje está completando 50 anos de uma pancada histórica em Indianápolis, onde morreram Eddie Sachs e Dave McDonald. E por sorte outros também não sofreram ferimentos graves...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Obra-prima de Schumy

Vinte anos atrás, ainda com a F1 traumatizada pelas mortes e acidentes que marcaram 1994 e fazendo com que uma chicane improvisada de pneus fosse colocada no meio do circuito de Barcelona, Michael Schumacher fazia uma corrida histórica e muito incrivelmente pouco divulgada.

Vindo de quatro vitórias seguidas naquela atípica temporada, Schumacher tinha tudo para conseguir o seu quinto triunfo seguido em Barcelona quando um problema no câmbio se abate na Benetton do alemão. As marchas vão se perdendo uma a uma até Schumacher ter apenas a quinta marcha disponível. Notaram as semelhanças? Porém, Schumacher foi ainda mais incrível e gênio do que Senna em Interlagos/1991, pois se o brasileiro ficou com o câmbio travado na sexta marcha quando faltavam umas cinco voltas, Schumacher ainda tinha... quarenta e cinco voltas para o fim da corrida! E com dois pit-stops programados!

Claro que Schumacher teve seu ritmo afetado, mas imagino como deveria ser um drama para o alemão fazer seus pit-stops, pois ele tinha que manter o giro do motor alto para se manter na prova enquanto estivesse parado e depois colocar uma inacreditável quinta marcha para sair do lugar. Coisas de gênio! E mais impressionante ainda foi Schumacher ter permanecido ainda na liderança por vinte voltas e segurar o segundo lugar até a bandeirada. A vitória ficou com Damon Hill, que também foi histórica pelo fato de ser a primeira vitória da Williams desde a morte de Senna, fazendo que vários membros da equipe chorassem copiosamente ainda no pit-wall.

Porém, a façanha de Schumacher foi impressionante e pouco falada. Todos preferem lembrar da sofrida vitória de Senna em Interlagos vinte e três anos atrás, mas nesse dia Schumacher superou Senna no quesito genialidade e superação. Da mesma forma como tem mais títulos, vitórias e recordes em comparação a Senna e normalmente é colocado um patamar abaixo do brasileiro, essa obra-prima de Schumacher sempre é colocada em segundo plano, mesmo sendo claramente maior do que o feito de Senna.  


quarta-feira, 28 de maio de 2014

História : 25 anos do Grande Prêmio do México de 1989

Um mês após seu terrível acidente em Ímola, Gerhard Berger retornava ao cockpit da sua Ferrari de forma miraculosa, mas o austríaco era claramente ajudado pelo novo câmbio semi-automático da Ferrari, que fazia com que o piloto não usasse a palma da mão direita para passar a marcha, algo que seria impossível para Berger fazer devido as queimaduras nas suas mãos resultantes do acidente na Tamburello. Essa basicamente era a única novidade para o início da temporada norte-americana da F1 no México, mas a guerra fria dentro da McLaren seguia cada vez mais quente.

Ayrton Senna conseguia sua 33º pole na F1, o que o igualou a Jim Clark como o maior poleman da história da F1, além de igualar ao recorde de Niki Lauda de seis poles consecutivas em 1974. Prost ficou quase 1s atrás de Senna, em segundo na classificação, o que não era algo tão raro assim de acontecer durante a convivência com Ayrton na McLaren, mas devido à guerra civil dentro da equipe naquela altura, Alain acusou a Honda de dar melhores motores a Senna, deixando os japoneses irritados e causando mais um mal estar dentro do reino de Ron Dennis. Ivan Capelli surpreendeu ao conseguir um quarto lugar no grid e Berger retornava com uma sexta posição. Já a Lotus continuava sofrendo e o tricampeão Nelson Piquet teve que amargar a última posição do grid.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:17.876
2) Prost (McLaren) - 1:18.773
3) Mansell (Ferrari) - 1:19.173
4) Capelli (March) - 1:19.377
5) Patrese (Williams) - 1:19.656
6) Berger (Ferrari) - 1:19.835
7) Alboreto (Tyrrell) - 1:20.066
8) Boutsen (Williams) - 1:20.234
9) Modena (Brabham) - 1:20.505
10) Warwick (Arrows) - 1:20.601

O dia 28 de maio de 1989 estava quente e ensolarado na Cidade do México, como nas outras corridas realizadas no Circuito Hermanos Rodríguez desde que a prova mexicana voltou ao calendário da F1 em 1986. O que também permanecia no circuito era os famosos bumps, que tanto incomodavam os pilotos. Na largada, as Ferraris pularam na frente, enquanto Andrea de Cesaris batia em Nakajima e fazia o japonês sair da pista. No final da primeira volta, a suspensão de Stefano Modena quebra justamente na curva mais rápida e famosa da pista, a Peraltada, e o italiano bate forte, mas sem consequências ao piloto da Brabham. Com esses dois incidentes, a bandeira vermelha é mostrada no final da primeira volta e a corrida começaria do zero. Menos para o pobre Ivan Capelli, que tem problemas no seu March e tem que abandonar ainda antes da segunda largada e para completar o calvário da March, Maurício Gugelmin também tem problemas e largou dos boxes. Desta vez sem incidentes, Senna e Prost se defenderam bem dos ataques da Ferrari na largada e ficaram na ponta da prova, seguidos por Berger e Mansell.

Enquanto as duas McLaren desapareciam no horizonte, como já era costume desde 1988, Prost não conseguia usufruir dos pneus macios que calçava no começo de prova, com Senna mantendo uma distância segura na frente e sabendo que seus pneus duros não se desgastariam tanto quanto os de Prost. As duas Ferraris ainda tentavam manter contato, com Mansell assumindo o 3º lugar na volta 7, mas já nessa altura se sabia que a corrida pertencia à McLaren. Senna estabeleceu uma vantagem de 3s sobre Prost, enquanto Boutsen (problema elétrico) e Berger (transmissão) abandonavam ainda antes da vigésima volta. Vendo que seus pneus estavam acabando, Prost faz sua primeira parada ainda na 20º volta, antes de um terço de prova, retornando em sexto.

Com seu maior rival distante da briga, Senna passou a controlar sua vantagem para Mansell, que tinha problemas em superar os retardatários e tinha o terceiro colocado Patrese próximo a ele. Para surpresa geral, Prost retornou aos boxes quinze voltas depois de sua primeira parada por desgaste excessivo dos pneus macios e para completar, a McLaren demora 15s para efetuar a troca por problemas na roda dianteira direita, derrubando Prost para oitavo, mas desta vez o francês sai dos boxes com pneus duros e com a expectativa de ir até o final. Para desespero de Prost, ele retornou à pista logo à frente de Senna, que não perde a oportunidade de humilhar ainda mais seu rival e coloca uma volta no seu companheiro de equipe e arquirrival. Nigel Mansell faz a volta mais rápida da corrida, mas três voltas depois o inglês encosta sua Ferrari na grama com o câmbio quebrado, elevando Patrese ao segundo lugar e, de forma impressionante, Michele Alboreto no terceiro posto.

Com 30s de vantagem sobre Patrese, Ayrton Senna tirou o pé nas voltas finais e permitiu a Prost recuperar a volta, mas o francês teve que se conformar com uma pálida quinta posição. Patrese chegou em segundo lugar, garantindo o primeiro pódio da parceria Williams-Renault, mas era Alboreto quem mais vibrava, pois o italiano foi capaz de acompanhar a Williams do seu compatriota e ficou menos de 5s atrás de Patrese. Seis meses depois de sair da Ferrari e quase ficar sem lugar na F1, Alboreto mostrava que ainda tinha condições de conseguir bons resultados na F1. Com esses resultados de uma corrida sem graça, Senna assumia a ponta do campeonato e na entrevista pós-corrida, põe ainda mais lenha na fogueira da McLaren quando criticou Prost pela escolha dos pneus. A guerra fria só esquentava!

Chegada:
1) Senna
2) Patrese
3) Alboreto
4) Nannini
5) Prost
6) Tarquini 

25 anos de Emerson bebendo leite

Hoje completa-se vinte e cinco anos da primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis. Como o próprio piloto contou em seu livro 'A arte de pilotar', Emerson falou que após seu triunfo na famosa pista de Indiana, o mundo inteiro passou a se interessar na Indy. Aqui no Brasil, principalmente após o tricampeonato de Senna e os tempos ruins com a Williams dominando a F1, houve um aumento do interesse pela Indy a ponto de rivalizar com a F1 em determinados momentos. Circuitos ovais e bandeira amarela eram novidades para todo mundo, além de ser inegável que as corridas da Indy eram mais emocionantes e próximas. Outro fator positivo foi que a Indy passava por uma ótima fase no final dos anos 80, com pilotos muitos bons e carismáticos, como Rick Mears, Mario Andretti, Bobby Rahal, Michael Andretti e Al Unser Jr.

E foi com Al Jr que Emerson disputou a vitória em Indianápolis e a narração emocionante por parte de Luciano do Valle (posteriormente dita pelo veterano e inesquecível narrador como seu momento inesquecível na carreira) foi extremamente marcante para os brasileiros que viram aquele triunfo vinte e cinco anos atrás. Emerson acabaria campeão naquele ano e voltaria a vencer as 500 Milhas em 1993, desta vez lutando com Nigel Mansell. Era o auge da Indy. A categoria estava tão forte que conseguiu atrair o atual campeão da F1. Raul Boesel chegou em terceiro nas 500 Milhas de 1989 e outros brasileiros invadiam as pistas americanas, além de pilotos como Alessandro Zanardi e Mark Blundell, oriundos da F1. Com Rubens Barrichello patinando na F1, havia uma corrente para que o brasileiro se mudasse para a Indy e conquistasse as vitórias que o seu talento merecia, mas que a F1 não deixava mostrar.

Isso incomodou Bernie Ecclestone. Dizem que na reforma de Interlagos, o fim do retão após a curva um do antigo circuito foi um pedido de Bernie, com medo que Interlagos sediasse uma prova da Indy usando o traçado externo, quase um oval. Ecclestone soube manipular muito bem Tony George, lhe oferecendo um Grande Prêmio em Indianápolis, em troca de uma crise na Indy. George cismou que a Indy correndo em circuito mistos e fora dos Estados Unidos feria as tradições das corridas americanas e criou a IRL no final de 1995, levando consigo as míticas 500 Milhas de Indianápolis. Houve a cisão da Indy e em 1996 e a CART parecia em vantagem, pois tinha as melhores equipes e pilotos, mas os patrocinadores ainda viam as 500 Milhas com melhores perspectivas e aos poucos as equipes da CART migraram para a IRL, capitaneadas pela Penske. Com duas categorias distintas para assistir, o público americano e até mesmo mundial ficou dividido entre a qualidade das corridas da CART (depois Champ Car) e a tradição da IRL. A crise bateu forte e a Indy nunca mais seria a mesma, com a Nascar hoje bem mais popular que a Indy e a F1 livre de qualquer rivalidade de uma categoria que se mostrava bastante promissora vinte anos atrás.

A vitória de Emerson Fittipaldi não foi apenas marcante para o Brasil, mas foi também para a própria Indy. Se antes era considerada uma categoria caipira e de pilotos semi-aposentados, a Indy ganhou uma popularidade inédita e se profissionalizou a tal ponto de incomodar a F1. Infelizmente, da mesma forma que a mítica imagem de Emerson Fittipaldi bebendo leite na Victory Lane marcava o início do auge da Indy no planeta, foi também a senha para o desmonte da categoria poucos anos depois. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Figura(MON): Jules Bianchi

Para quem corre de Marussia, Caterham e na falecida Hispania nos últimos quatro anos, conseguir brilhar na F1 e partir para um carro melhor nos anos vindouros significa fazer algo mais, sair da caixa e superar as baixas expectativas de quem corre para equipes nanicas frente as demais na F1. Quando correram por essas equipes, Bruno Senna e Lucas di Grassi só reclamavam do que todo mundo via: o carro era ruim. E meio que se conformavam com isso, fazendo um arroz-com-feijão nos finais de semana de corrida, não se destacando em nenhum momento. Bruno ainda ficou na F1 por um tempo devido aos patrocínios, mas Di Grassi ficou pelo caminho após uma temporada, sendo seguido pelo sobrinho de Ayrton mais tarde. Eles não saíram da caixa. Pois Jules Bianchi o fez com grande esforço em Mônaco. Vindo da Academia de Pilotos da Ferrari, o francês já havia demonstrado um certo talento ao volante da nanica Marussia, mas faltava um resultado de relevo para mostrar isso. E as perspectivas para Monte Carlo não era animadoras para Bianchi, pois a equipe teve que trocar seu câmbio e o francês largou dos boxes. Rumo a uma corrida inesquecível, onde se colocou confortavelmente à frente da Lotus de Romain Grosjean e em certos momentos, sua desvantagem para a Williams de Felipe Massa era pequena. Mesmo punido novamente, Bianchi conseguiu a façanha de marcar os primeiros pontos de uma equipe nanica, daquelas que entraram por obra de Max Mosley em 2010, e também seus primeiros pontos na F1. Pode ser o primeiro de muitos. Além de ser protegido da Ferrari, Bianchi fez seu nome na F1 com uma atuação soberba e mesmo numa equipe pequena, superou e muito as baixas expectativas depositadas nele e no carro, colando ao lado do seu nome o adjetivo de piloto bom e capaz de grandes resultados.

Figurão(MON): Fernando Alonso

Alonso fez uma prova ruim em Monte Carlo? Não. Por que ele está aqui, perguntarão muitos. A resposta é na falta da garra, da vontade de fazer algo mais do espanhol. Após quatro anos buscando o título pela Ferrari, Fernando Alonso começa a dar sinais de saturação, de sempre ter que usar seu talento para conseguir um resultado acima do que pode dar seu carro. Em Monte Carlo, Fernando Alonso fez um feijão-com-arroz sem nenhum tempero neste final de semana. Largou em quinto, perdeu uma posição na largada, se aproveitou do abandono de Vettel e dos problemas de Raikkonen para fazer uma corrida solitária rumo ao quarto lugar, onde não ameaçou Ricciardo, que ao menos tentou ir para cima de Hamilton e quase capitalizou os problemas óticos do inglês, e esteve longe de ser ameaçado. Mesmo em terceiro lugar no campeonato, Alonso sabe que esta temporada esta perdida e com a Ferrari não conseguindo construir um carro vencedor, Alonso começa a ver o tempo passando. Prestes a fazer 33 anos, seu primeiro título na F1 completará dez anos na próxima temporada e nada leva a crer que a Ferrari poderá quebrar esse incômodo jejum, mesmo ninguém duvidando da qualidade do espanhol. Resta a Fernando procurar outras alternativas no mercado, mas elas são escassas no momento, sendo que a única alternativa a curto/médio prazo seria engolir a seco uma nova convivência com seu desafeto declarado Ron Dennis na McLaren e os novos motores Honda. Ou ficar na Ferrari mais algum tempo na esperança de dias (carro) melhores.

domingo, 25 de maio de 2014

A última caçada

Como vem sempre acontecendo nos últimos anos, foi nos metros finais. Depois de quase um mês de exaustivos testes, as 500 Milhas de Indianápolis foi decidida numa bela ultrapassagem por fora na curva um da última volta de Ryan Hunter-Reay em cima de Helio Castroneves e mesmo com o piloto da Penske fazendo esforço final nas curvas três e quatro, Hunter-Reay ainda teve fôlego para segurar Helio e vencer pela primeira vez no lendário circuito de Indiana, colocando seu rosto no gigante troféu de vencedor.

A 98º edição das 500 Milhas de Indianápolis entrou para a história antes mesmo da bandeirada com a incrível sequencia de 150 voltas seguidas em bandeira verde, algo inédito na centenária história da corrida no estado de Indiana e chamando ainda mais atenção pelo fato dessa sequencia ter sido as primeiras 150 voltas. Até esse momento, a corrida tinha visto o estranho e ao mesmo tempo ridículo abandono do atual vencedor da prova, Tony Kanaan. Se recuperando de uma má classificação, o baiano já se aproximava do top-10 quando ficou sem etanol na entrada de sua segunda parada, num erro de cálculo da Ganassi. Para piorar, o carro teimou em não pegar e Kanaan ficou dezoito voltas parado, o tirando de qualquer chance de vitória. Até o momento, é impressionante o quão mal Kanaan está começando sua carreira na Ganassi. 

Lá na frente, devido a alta temperatura em Indianápolis, a corrida de hoje teve uma dinâmica diferente do ano passado, quando os 33 pilotos andaram praticamente num pelotão só. Em 2014, os carros ficaram mais espalhados e o líder pode se sustentar por mais tempo. E quem liderou mais nesse momento foi Helio Castroneves, Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, Will Power e Ed Carpenter, o pole pelo segundo ano seguidos. Power foi o primeiro a deixar a briga quando teve que pagar um drive-through por excesso de velocidade nos pits quando entrou forte demais no pit-lane. E a briga pela vitória estava entre esses quatro citados anterioremente quando Charlie Kimball rodou e finalmente trouxe a primeira bandeira amarela da tarde. E nesse momento, dois ditados conhecidos das 500 Milhas de Indianápolis se fundiram. 1) A corrida só é decidida nas 50 voltas finais. 2) Bandeira amarela atrai bandeira amarela.

Logo após a saída de Kimball, Dixon, que crescia na prova e já aparecia em quarto, bateu forte na saída da curva quatro e abandonou a prova. O experiente piloto havia pedido para diminuir o downforce em seu carro durante a sua última parada e o resultado todo mundo viu. E o dia da Ganassi acabava com três dos seus quatro carros de fora da prova e com Dixon fora, era menos um favorito na disputa. Em uma nova relargada, Ryan Hunter-Reay saiu muito bem, ao contrário de Townsend Bell, piloto que só corre em Indianápolis e mesmo tendo o mesmo carro que deu a vitória a Kanaan em 2013, nunca foi essas coisas. Numa disputa irresponsável, Bell não tirou o pé na entrada da curva um e três carros ficaram emparelhados, com Carpenter (um dos favoritos) e Hinchcliffe indo para o muro, para desgosto profundo de Carpenter. Isso deixou a briga entre Hunter-Reay, Castroneves e Andretti. Já estava claro que Hunter-Reay controlava muito bem as relargadas e que isso seria fator primordial para as últimas voltas. Quando o trio estava chegando ao clímax da batalha pela ponta, Bell bateu forte na saída da curva dois e trouxe uma bandeira vermelha pelo estrago feito no soft-wall.

A tensão aumentava, assim como já dava para apontar destaques da edição desse ano. Carlos Muñoz repetia a bela exibição do ano passado quando chegou em segundo em sua primeira prova da Indy e de forma madura, chegou em quarto lugar. Seu compatriota Juan Pablo Montoya fazia uma prova de chegada, economizando combustível para dar o bote nas voltas finais, mas um erro na entrada de um pit, parecido com o de Power, o fez pagar um drive-through e o colombiano perdeu toda a sua vantagem, mas usando sua experiência, Montoya subiu ao quinto lugar em sua primeira 500 Milhas desde 2000. Kurt Busch estreava em Indianápolis fazendo bons tempos nos testes, mas um acidente acabou minando sua confiança e o piloto da Nascar fazia uma prova discreta, sendo o pior dos pilotos da Andretti. Só que acostumado a corridas longas na Sprint Cup, Busch apareceu no fim e terminou a prova em sexto, imediatamente saindo do cockpit para um transporte para Charlotte, onde irá correr a Coca Cola 600. Mil e cem milhas num dia e em dois carros diferentes...

Voltando lá na frente, Castroneves sabia que se manter em segundo na relargada, faltando oito voltas para o fim, seria primordial e por isso se defendeu como pôde de Marco Andretti, que tentava acabar com a 'Maldição Andretti' em Indianápolis. Marco indiretamente tentava ajudar Hunter-Reay, mas o bem acertado carro da Penske ajudava Helio a encostar em Hunter-Reay nas voltas finais. Helio chegou a ficar duas vezes na ponta, mas Hunter-Reay fez duas ultrapassagens espetaculares, uma na entrada da curva três, onde tinha pouquíssimo espaço para colocar seu carro por dentro, e a definitiva na entrada da curva um quando foi acenada a bandeira branca de última volta. Helio ainda partiu para cima nas duas últimas curvas, mas como ele próprio falou depois da corrida, a ultrapassagem por fora de Hunter-Reay foi surpreendente. Para quem acompanha esse blog, sabe minha opinião sobre Helio Castroneves. Mesmo sendo penoso ver a sua reação enquanto saía do carro após a bandeirada, sua ótima exibição de hoje e seu histórico espetacular em Indianápolis, na minha opinião seria uma aberração ver Helio se juntar a A.J. Foyt, Al Unser Sr e Rick Mears como maiores vencedores das 500 Milhas com quatro triunfos. Castroneves não engraxa a sapatilha dessas três lendas!

Se havia tristeza de um lado, Ryan Hunter-Reay curtia de outro. Piloto sem muito carisma e cartaz, Ryan Hunter-Reay já conquistou um título da Indy e há três anos é um piloto de ponta da Indy. Hoje o piloto da Andretti foi agressivo nas horas em que precisou fazer ultrapassagens decisivas e bastante esperto nas relargadas e em sua estratégia de corrida. Foi uma vitória merecida!

Nico 1 x 0 Lewis

Poucos mais de vinte e quatro horas após a polêmica manobra de Nico Rosberg na Mirabeau, o alemão da Mercedes confirmou a velha tradição de que conseguir a pole é meio caminho andado para se conseguir a vitória em Monte Carlo, vencendo a corrida em Mônaco e reassumindo a ponta do campeonato. Lewis Hamilton foi a sombra de Nico em 80% da prova, com a diferença nunca ficando acima dos 2s, mas um alegado problema na visão esquerda do inglês não apenas fez Hamilton se afastar do seu companheiro de equipe, como viu Daniel Ricciardo se aproximar e pressiona-lo pela segunda posição no finalzinho da corrida, mas Lewis sabe que ultrapassar em Monte Carlo é uma tarefa árdua e perigosa no principado e apenas se manteve na pista para garantir o segundo lugar e levar a briga que tem agora com Nico Rosberg a frente.

Fazia muito tempo que uma largada era tão aguardada como essa em Monte Carlo. As declarações de Hamilton para com Rosberg indicava um início de beligerância entre os dois ex-melhores amigos e a primeira batalha seria numa das primeiras curva mais complicadas, apertadas e propensas a acidentes do calendário da F1. Porém, ao contrário do que os apologistas do caos queriam, ambos carros da Mercedes largaram bem e como vem acontecendo em 2014, despacharam os rivais e passaram a corrida inteira colados. Daqui há alguns anos quando formos assistir a edição de 2014 do Grande Prêmio de Mônaco já sabendo o resultado, a briga entre Nico e Lewis será sem graça e sem sal, pois em nenhum momento Hamilton tentou uma manobra, sequer colocou o bico de lado. Contudo, havia uma tensão no ar de um ataque mais forte de Hamilton, mas isso nunca aconteceu. Na única oportunidade que teve para tomar a posição de Rosberg, Hamilton teve o azar de um safety-car entrar próximo do momento das paradas (únicas em Mônaco) e a Mercedes
preferiu trazer os dois carros na mesma volta, deixando Rosberg na ponta e Lewis contrariado, reclamando para todo mundo ver no rádio. Porém, ainda havia muita corrida pela frente e Hamilton não se desgrudou de Rosberg até a diferença estranhamente crescer vertiginosamente. Um alegado problema no olho esquerdo do inglês estaria impedindo Lewis andar no limite e com isso Rosberg pôde abrir diferença e vencer com imensa tranquilidade. No pódio, Hamilton não olhou para Rosberg e na tradicional foto no pódio, não abraçou seu amigo, ficando de lado. Enquanto Nico Rosberg comemorava de forma esfuziante, Hamilton mal estourava o champanhe. Para muitos, essa será a grande diversão do campeonato 2014. Antes da corrida, Prost relatou que não achava a manobra de Rosberg proposital, mas que todo o fuzuê feito pelos dois pilotos da Mercedes tem um aspecto mais psicológico do que bélico. E se o confronto for para o psicológico, Nico Rosberg estará, com certeza, em vantagem.

Após conseguir finalmente seu primeiro pódio válido, Daniel Ricciardo gostou do sabor do champanhe e pela segunda corrida seguida subiu ao pódio, mas o australiano contou com a sorte para chegar lá. Mais uma vez Daniel largou mal e de terceiro no grid caiu para quinto, mas Ricciardo contou com a quebra de Vettel ainda na primeira volta em ritmo de corrida e pelo misterioso problema de Kimi Raikkonen que o fez ir aos boxes logo após fazer sua parada programada. Antes da entrada do safety-car, Ricciardo já estava colado em Raikkonen e provava o quanto é difícil passar alguém em Mônaco, mas com Kimi nos boxes, Daniel partiu para uma corrida solitária na terceira posição até ser avisado que Hamilton estava mais lento e partiu para cima do inglês, mas novamente Ricciardo sentiu as dificuldades de Mônaco e terminou em terceiro, mas agora está à frente de Vettel no campeonato, que sente uma sensação diferente desde que entrou na Red Bull em 2009 e completou hoje sua centésima corrida. Além de não ter um carro muito bom, Vettel agora tem um companheiro de equipe fortíssimo e que a equipe o adora. Fernando Alonso fez uma corrida burocrática, onde mal apareceu e amealhou mais alguns pontos no campeonato com um discreto quarto lugar, mas se teve alguém que não teve uma corrida discreta, esse foi Kimi Raikkonen. O finlandês fez uma bela largada pulando para quarto, mas com os problemas de Vettel, estava solidamente em terceiro, mas um toque com uma Marussia furou seu pneu e Kimi caiu para as profundezas do pelotão intermediário, onde teve que passar a Caterham de Kobayashi e brigar pelas posições que marcam pontos. Porém, quando o finlandês encontrou a lenta McLaren de Magnussen pela frente, Raikkonen tentou passar o dinamarquês no grampo Loews e acabou quebrando o bico, tendo que fazer uma terceira parada e sair da zona de pontos. Neste final de semana ao menos Raikkonen andou mais próximo de Alonso, mas não teve, por incrível que pareça, a frieza de ficar na pista e capitalizar pontos numa prova que teve mais abandonos do que o normal.

Se Sérgio Pérez andou apenas algumas curvas até ser acertado por Jenson Button ainda na primeira volta, a Force India foi recompensada por outra grande corrida de Nico Hulkenberg, que garantiu um ótimo quinto lugar com uma estratégia diferente (largou com pneus macios e finalizou com os supermacios) e marcou pontos preciosos para a Force India. Após corridas decepcionantes, a McLaren finalmente fez uma prova decente e se não for punido pelo toque com Pérez, Button assegurou uma boa sexta posição, colado em Hulkenberg, enquanto Magnussen sofreu com o noviciado quando ultrapassou Vergne ainda em situação de safety-car, mas quando foi devolver a posição para o francês, permitiu a ultrapassagem de Hulkenberg e isso afetou toda a sua corrida, perdendo muito rendimento o final, acabando por fechar a zona de pontuação. Porém, em termos de posições ganhas, quem mais se destacou foi Felipe Massa. Largando apenas em 16º e com uma estratégia conservadora, o brasileiro parecia fadado a uma corrida burocrática na estreita pista de Mônaco, mas tudo mudou quando resolveu ficar na pista durante o safety-car, subindo para quinto. Porém Massa não tinha ritmo para andar junto com Ferrari e Red Bull (Mercedes então...) e quando ele fez sua parada, saindo da zona de pontuação, tudo parecia perdido para o brasileiro, mas então a sorte começou a ajudar Massa, que viu Bottas quebrar o motor, encerrando a sequencia de pontuações do jovem piloto da Williams, enquanto Raikkonen e Magnussen se encontraram, fazendo Massa subir para sétimo. Para Mônaco, ganhar nove posições em relação aonde você largou é um feito notável e mesmo usando muito da sorte, Felipe Massa foi um dos destaques positivos da prova, porém, o dono do maior feito do domingo foi Jules Bianchi. Largando dos boxes com sua nanica Marussia, o francês fez a corrida de sua vida e de sua equipe ao chegar em oitavo, mesmo sendo punido duas vezes. Como ninguém viu Bianchi parar para cumprir sua punição, a chance do francês ser punido nas próximas horas é grande, mas Bianchi se destacou e fez um 'algo mais', ou seja, saiu da caixa de estar sofrendo com um carro ruim e de uma equipe pequena e fez uma corrida bem superior as expectativas. Isso pode garantir Bianchi na F1 nos próximos anos. Adrian Sutil fez belas ultrapassagens, mas acabou batendo forte na saída do túnel e trazendo o único safety-car do dia. Porém, Esteban Gutierrez tinha tudo para marcar os primeiros pontos da Sauber no ano quando bateu bisonhamente na Rascasse e abandonou. A Lotus teve sua evolução travada com Grosjean não tendo ritmo para sequer ameaçar Bianchi, mas ao menos marcou mais alguns pontinho para o time aurinegro, enquanto Pastor Maldonado, além de maluquinho, ainda vem tendo azar ao ter problemas na saída da volta de apresentação e abandonar ali mesmo. A Toro Rosso tinha boas chances de pontuar, mas viu seus dois carros abandonarem por problemas mecânicos. Se até ano passado a Caterham tinha uma boa vantagem sobre a Marussia, deve ter sido doloroso ver a rival menor marcando (ou não) os primeiros pontos na frente dos malaios.

Esse final de semana poderia ser marcado apenas por mais uma vitória dominante da Mercedes, que manteve o 100% de aproveitamento da temporada, mas Monte Carlo pode ter sido um divisor de águas para o time com a tensão entre seus dois pilotos. Nico Rosberg disse que precisava de algo para tentar superar Hamilton. Se a manobra de ontem foi deliberada ou não, Nico conseguiu seu feitio e agora tem a Mercedes dividida e, mais importante, mexeu no delicado psicológico de Lewis Hamilton, que parecia ter o título nas mãos, mas agora vê Nico não apenas com um bom amigo e um bom piloto. Agora, ele é um rival capaz de lhe tirar o sonhado bicampeonato.   

sábado, 24 de maio de 2014

Panca da semana

Se Chase Austin machucou apenas o pulso, teve muita sorte...

Polêmica à vista?

Oito anos atrás, Michael Schumacher, que tinha o melhor tempo do Q3 no momento, passava reto na La Rascasse e estacionou a sua Ferrari no local, provocando uma bandeira amarela deliberada e impedindo que Fernando Alonso, então na Renault e com parciais melhores, tirasse a pole de Schumacher. Horas mais tarde o alemão seria desclassificado pela manobra, apesar de que Michael sempre negou ter errado de propósito. Numa tarde também ensolarada em Monte Carlo, Nico Rosberg era o mais rápido por milésimos sobre seu companheiro de equipe Lewis Hamilton quando o alemão errou a freada para a Mirabeau em sua última tentativa na classificação e utilizando uma das poucas escapatórias do circuito de rua de Mônaco, evitou a batida, mas trouxe a bandeira amarela, estragando a tentativa de Hamilton, que vinha logo atrás, de conseguir mais uma pole esse ano.

A cara de Lewis Hamilton na foto pós-classificação indicava mais do que frustração pela perda da pole, mas também raiva. Seria capaz que seu amigo Nico faria uma coisa dessa? De propósito ou não, o fato é que há muitas semelhanças do episódio de 2006 e o de hoje e essa pode ser a fagulha para uma polêmica dentro da Mercedes, equipe que novamente dominou as ações em um final de semana de F1. Hamilton dominou os treinos livres em pista seca, mas a disputa com Rosberg era apertada e tudo levava a crer numa disputa emocionante no final pela pole entre os prateados, mas o erro (ou não) de Nico Rosberg tirou essa emoção para quem acompanhava os treinos. Como esperado, a Red Bull foi a segunda força, mas ao contrário do que imaginavam todos no paddock, os carros azuis e roxo estiveram longe da briga particular pela pole da Mercedes, mas novamente Ricciardo superou Vettel nas classificatórias. A Ferrari veio logo a seguir, mas chamou a atenção o quanto Raikkonen perdeu no terceiro setor para Alonso. A Toro Rosso colocou seus dois carros no Q3, enquanto Button era novamente surpreendido por Kevin Magnussen, que pelos erros cometidos hoje, é sério candidato a estampar seu carro na Saint-Devote. Com a Williams claramente fora de seu habitat natural, Massa não teria muitas chances se participasse normalmente dos treinos, mas o brasileiro acabou tirado da pista por atabalhoado Marcus Ericsson na Mirabeau no final do Q2. Por sinal, o tempo vai passando e os resultados continuam não vindo por parte de Massa...

Na quinta choveu e havia alguma chance de chuva para o final de semana, mas o sábado desmentiu completamente essa previsão. Como vem sendo praxe em 2014, a Mercedes deverá dominar amanhã com piso seco, mas ninguém sabe ao certo como está o clima da equipe após a classificação de hoje, que pode ser um divisor de águas na relação entre seus dois pilotos.

terça-feira, 20 de maio de 2014

História: 30 anos do Grande Prêmio da França de 1984

Após três anos de ausência, o Grande Prêmio da França voltava a ser realizado em Dijon-Prenois e a francesa Renault tentava desesperadamente resolver o problema de consumo excessivo de combustível em seu motor para a sua corrida caseira, que causaram algumas panes secas nas primeiras corridas de 1984. Após uma tentativa política frustrada de se aumentar o tanque de combustível de 220 para 250 litros, a Renault teve a promessa de sua parceira Elf de um combustível que proporcionasse um consumo mais regular durante a corrida. Porém, nos bastidores, a Renault lutava também pela sua própria sobrevivência, com o conselho da montadora pressionando pelo fim do programa de F1 no final daquele ano.

Provando a evolução dos motores Renault, o piloto da equipe oficial Patrick Tambay ficou com o melhor tempo da sexta-feira e os testes em long-runs foram esperançosos não apenas para a equipe Renault, como também para suas clientes, Lotus e Ligier. Dominadora até então, a McLaren viu três motores Porsche explodirem e para piorar, Prost não pôde melhorar seu tempo no dia seguinte, pois choveu no sábado, significando que os tempos de sexta definiram o grid para domingo. Isso significava que era a primeira pole de Tambay pela Renault. Mais atrás, Andrea de Cesaris foi desclassificado na sexta-feira por um motivo simplório: numa inspeção de rotina, o extintor de incêndio do seu Ligier estava vazio. Guy Ligier ficou furioso e sua frustração aumentaria com a chuva no sábado e a 14º posição de François Hesnault, segundo piloto da equipe e normalmente bem mais lento do que De Cesaris.

Grid:
1) Tambay (Renault) - 1:02.200
2) De Angelis (Lotus) - 1:02.336
3) Piquet (Brabham) - 1:02.806
4) Rosberg (Williams) - 1:02.908
5) Prost (McLaren) - 1:02.982
6) Mansell (Lotus) - 1:03.200
7) Warwick (Renault) - 1:03.540
8) Winkelhock (ATS) - 1:03.865
9) Lauda (McLaren) - 1:04.419
10) Alboreto (Ferrari) - 1:04.459

O dia 20 de maio de 1984 estava bastante nublado na região de Dijon e com a chuva atrapalhando os treinos no sábado, havia o receio de mais chuva poder transformar o Grande Prêmio da França numa lotérica prova em piso molhado, mas a chuva ficou só na ameaça e a corrida se deu com pista seca. Nos tempos pré-sensor de largada, era bastante difícil o diretor de prova distinguir e punir pilotos por queimar a largada. Talvez sabendo disso, os três primeiros colocados do grid se movem bem antes do sinal verde, mas quem larga melhor é De Angelis, que chega na primeira curva na frente de Tambay, mas o francês da Renault mergulha por dentro e permanece em primeiro. Vindo da terceira fila, Mansell ultrapassa Piquet na freada da primeira curva e depois deixa Rosberg para trás nos rápidos esses atrás dos pits, assumindo a terceira posição. 

As primeiras voltas em casa era de verdadeiro sonho para a Renault. Tambay liderava com a equipe oficial, à frente dos dois pilotos da Lotus, principal equipe cliente da montadora francesa. Para completar, Derek Warwick ultrapassa Piquet e Rosberg nas duas voltas seguinte e subia para quarto, formando uma quadra da Renault ainda na quarta volta. Porém, uma ameaça do mesmo país, mas com um carro inglês, crescia na prova: Alain Prost. Após deixarem Rosberg para trás, Piquet e Prost duelam brevemente pela quinta posição, com vantagem para Alain, que imediatamente se torna o piloto mais rápido da corrida e se aproxima de Warwick. Mais atrás, após uma largada não muito feliz, Lauda fazia suas famosas corridas de recuperação e na sexta volta já ameaçava Piquet para entrar na zona de pontuação. Sem tempo a perder, Prost ultrapassa Warwick no final da sexta volta e tira meio segundo de Mansell logo em seguida. Mais atrás, Piquet ainda sustentava sua sexta posição ante os ataques de Lauda, mas um conhecido problema causa mais uma abandono do então campeão mundial na 12º volta: a explosão do motor BMW. Em cinco corridas, Piquet abandonou em todas com problemas em seu motor BMW...

Na 14º volta Prost ultrapassa Mansell e imediatamente cola em Elio de Angelis na briga pela segunda posição. Duas voltas depois, Lauda deixa Mansell para trás, mostrando que em ritmo de corrida, a McLaren ainda está um degrau acima das demais. Tambay ainda tem 3s de vantagem sobre o segundo colocado e enfrentando um antigo fantasma seu: os retardatários. Era conhecida a dificuldade de Patrick Tambay em negociar ultrapassagens em carros mais lentos e para aumentar a pressão sobre o francês da Renault, na volta 21 quem o perseguia eram Prost e Lauda, voando com a McLaren-TAG Porsche. Para sorte de Tambay, quando Prost já o tinha colocado na alça de mira, uma pinça de freio solta na roda dianteira esquerda da McLaren de Prost fez o francês ir aos boxes de supetão. Os mecânicos da McLaren trocam os pneus, mas o pit-stop é mais lento do que o usual e Prost retorna à pista apenas em 11º. Contudo, agora a pressão era de Lauda, mas o austríaco não tem o mesmo ímpeto do francês e permanece atrás de Tambay, enquanto as paradas de box se sucedem.

Após ser atrapalhado por Jacques Laffite na volta 39, Niki Lauda coloca duas rodas na grama e começa a atacar Tambay de forma mais efetiva, mas Niki não teria tanto trabalho assim quando Tambay erra, coloca duas rodas em cima de uma zebra alta duas voltas depois, permitindo a Lauda assumir a ponta da prova. Quatro voltas depois Tambay vai aos boxes para trocar seus pneus desgastados e retorna em segundo, 37s atrás de Lauda. O austríaco pretendia percorrer a prova inteira em Dijon sem parar, mas a briga com Tambay desgastou em demasia os pneus Michelin de Lauda e ele faz uma parada não programada na volta 55. Provando que aquele não era um bom dia para os mecânicos da McLaren, a parada de Lauda dura longínquos 17.7s, fazendo com que Tambay reassumisse a ponta da prova. Porém, nem tudo são flores para a Renault, pois enquanto Mansell e Warwick brigavam pela terceira posição nessa mesma volta, o inglês acaba se envolvendo num toque com o retardatário Surer e os dois saem da pista, sendo que Warwick se deu pior, pois ele machucou sua perna direita e uma ambulância foi ao local do acidente para levar o inglês para o hospital.

Faltando menos de 25 voltas para o fim, Tambay e Lauda estavam separados por apenas 9s, mas era nesse momento nas corridas anteriores que os pilotos da Renault tinham que abrandar seu ritmo para chegarem até o fim da corrida. Contudo, desta vez a diferença foi os pneus e Lauda se aproximava a um ritmo impressionante de Tambay. Enquanto Prost ainda sofria com os problemas em seu pneu dianteiro esquerdo e voltava aos boxes pela segunda vez, Lauda era 2s mais rápido do que Tambay e a ultrapassagem era questão de tempo. Na volta 62, Tambay fica preso no trânsito e Lauda efetua a manobra no mesmo local em que o francês havia errado voltas antes e reassume a ponta da corrida. Mesmo sem preocupação com o combustível, Tambay não é páreo para o forte ritmo da McLaren de Lauda e quando a vantagem chegou aos 6s, Niki passou a administrar a corrida até receber a bandeirada em primeiro, conquistando sua segunda vitória em 1984. Tambay comemora sua segunda posição apenas 7s atrás de Lauda, enquanto Mansell completa o pódio e ainda marca seus primeiros pontos do ano. Prost não marca pontos e é a grande decepção do dia, mas o francês permanecia na ponta do campeonato, agora tendo o companheiro de equipe Lauda em segundo. Essa briga duraria toda a temporada.

Chegada:
1) Lauda
2) Tambay
3) Mansell
4) Arnoux
5) De Angelis
6) Rosberg 

domingo, 18 de maio de 2014

Que pena...

Nesse final de domingo, o automobilismo mundial ficou triste com a partida de sir Jack Brabham, tricampeão mundial de F1, aos 88 anos de idade. Sempre achei Brabham um piloto subestimado na história da F1, pois mesmo tendo feitos históricos e inéditos (o australiano é até hoje o único a ser campeão mundial pilotando o próprio carro), poucas pessoas colocam Black Jack entre os grandes da história do automobilismo. Engenheiro obcecado em melhorar seu carro, Brabham nunca se preocupou muito com a mídia, preferindo produzir novas peças e testa-las. Com sérios problemas de saúde, Jack Brabham fez uma emotiva aparição no Bahrein em 2010 na comemoração dos 60 anos da F1 e todos ficaram com a sensação de aquela seria uma espécie de despedida do mais velho campeão mundial ainda vivo na F1. Infelizmente, acabou sendo.   

Se igualando aos mitos

Quinta prova do campeonato. Quinta vitória. Revisando a história do Mundial de Motovelocidade, 'apenas' John Surtees, Mike Haywood e Giacomo Agostini haviam vencido as cinco primeiras provas do campeonato da categoria principal, no caso, a antiga 500cc. Pois é com esses mitos com que Marc Márquez já está sendo comparado. O espanhol da Repsol Honda está irresistível e mesmo não liderando de ponta a ponta hoje em Le Mans, a impressão que se tinha era que Márquez venceria a qualquer momento. E foi dessa forma que Márquez fez.

Colocando quase sete décimos sobre o segundo colocado na classificação, o surpreendente Pol Espargaró, Márquez largou mal e chegou a estar em décimo durante a primeira volta. Diga-se de passagem, nos momentos áureos de Valentino Rossi, o italiano tinha um problema parecido no apagar das luzes vermelhas. Como esses tempos já passaram faz tempo, Rossi agora larga bem melhor e após ultrapassar Andrea Doviziozo, Valentino assumiu a ponta da prova, mas os olhos estavam todos no pelotão intermediário. Com o bololô da primeira volta tendo assentado, Márquez começou sua corrida de recuperação e a primeira vítima foi justamente seu companheiro de equipe Pedrosa. Lorenzo tentava fugir de Márquez colocando pilotos entre eles, mas o piloto da Yamaha não foi páreo para Márquez. A forma como Marc deixava os outros pilotos espantava pela facilidade. Parecia que o jovem da Honda estava na MotoGP e os outros, com uma Moto2. A fase de Márquez é de tamanha superioridade, que Rossi, conhecido em seu auge pela sua força mental, errou quando tinha Márquez na sua rabeta e o espanhol nem precisou de muito esforço para se garantir na ponta e disparar rumo à sua quinta vitória na temporada e sua entrada entre os grandes do Mundial de Motovelocidade, pois somente uma hecatombe de proporções bíblicas tirará o título de Marc Márquez.

No reino da Yamaha, Rossi se impõe cada vez mais sobre Lorenzo e seu segundo pódio seguido o põe cada vez mais próximo da vice-liderança, ainda ocupada por Daniel Pedrosa. A cara de Dani após a corrida mostrou não apenas cansaço após uma semana em que teve que operar o braço, mas também de frustração de ver, impotente, seu companheiro de equipe escrever seu nome na história com a mesma moto. Já Lorenzo ninguém conseguiu ver a cara após mais uma corrida decepcionante, pois o espanhol rapidamente se escondeu em seu box. Lorenzo, apontado como o único a deter Márquez, ficara fora do pódio mais uma vez e da mesma forma de Pedrosa, vê o companheiro de equipe em melhor forma. Com Pedrosa e Lorenzo fora do pódio e de forma, quem completou o pódio foi Álvaro Bautista com uma Honda satélite, para efusiva comemoração do espanhol, o mesmo acontecendo com Pol Espargaró, que conseguiu seu melhor resultado até o momento na MotoGP.

Se algumas vezes falta um pouco de emoção nas corridas, assistir a MotoGP tem um atrativo bem especial que é acompanhar esse fenômeno chamado Marc Márquez. Da mesma forma que acompanhamos Michael Schumacher, o próprio Valentino Rossi e um pouco de longe Sebastien Loeb, hoje o bom de ligar a TV de manhã cedo é ver outra vitória impressionante deste impressionante Marc Márquez.   

sábado, 17 de maio de 2014

Mais Lauda

Após o excelente 'Rush', o documentário '33 Days: Born to be Wild' retrata mais uma vez o drama vivido por Niki Lauda após o seu acidente acidente em Nürburgring. Tomara que passe em algum lugar.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Figura(ESP): Sebastian Vettel

Mesmo tendo quatro títulos mundiais no currículo, há muitas dúvidas da real capacidade de Sebastian Vettel. Tendo dominado dois dos quatro títulos que venceu e sempre tendo a Red Bull por trás com seus competentes dirigentes e engenheiros, muitos questionam como se sairia Vettel numa posição desconfortável, onde não tem o melhor carro. Pois em 2014, além da Red Bull hoje não ter mais o melhor carro, Vettel ainda tem que encarar um motivadíssimo Daniel Ricciardo, que incomoda muito mais do que Mark Webber nos anos anteriores. Em Montmeló, Vettel respondeu um pouco os seus críticos com uma corrida magnífica. Tendo problemas durante todo o final de semana com seu novo carro, Vettel largou apenas em 15º numa pista notoriamente complicada de se ultrapassar. Mal acostumado a largar tão de trás, Vettel chegou a perder posições na largada, mas nem por isso perdeu a calma, como o protagonista da coluna abaixo. Não conseguindo evoluir muito, Vettel e a Red Bull mudaram de estratégia e passaram à estratégia de três paradas. Com isso, Sebastian teria que forçar o ritmo todo para compensar o tempo perdido no boxe e o alemão o fez de forma eficaz. Após a primeira rodada de paradas, Vettel já estava na zona de pontuação e se aproximando de Massa e das Ferraris. Andando sempre forte, Sebastian escapou bem desses três carros e retornou à pista pela terceira vez, tinha o quarto colocado Valtteri Bottas na alça de mira. Assim como havia feito com Grosjean e Raikkonen, Vettel não fez nenhuma loucura para deixar o finlandês da Williams para trás nas voltas finais e terminar num ótimo quarto lugar, onze posições acima de onde largou. Quando Schumacher dominou a F1 na década passada, quem não tinha como criticar o alemão, dizia que ele não sabia ultrapassar. Desta crítica, Vettel não poderá ser vítima. Longe disso!

Figurão(ESP): Pastor Maldonado

Apesar de não ter faltado candidatos (Felipe Massa, McLaren, Ferrari...), Pastor Maldonado novamente dar o ar de sua graça nesse espaço por mais algumas presepadas no final de semana catalão. Um piloto com quatro anos de F1 deveria saber que os pneus estão frios como gelo quando saem para uma volta de aquecimento e a aderência é crítica. Tem que ir devagar, sem deixar o carro desgarrar muito. Pois Pastor Maldonado não usou esse seu conhecimento quando perdeu o controle do seu Lotus quando foi à pista pela primeira vez no Q1, arruindo imediatamente seu treino classificatório e para esfregar sal na ferida, seu companheiro de equipe Grosjean conseguiu um bom quinto lugar no grid do GP da Espanha, enquanto Pastor teria que largar em último. E andando no pelotão das confusões, um piloto presepeiro e errático como Pastor Maldonado não deixou se aprontar das suas quando atingiu a Caterham de Marcus Ericsson ainda na primeira volta e acabou punido com um stop-and-go de 5s, prejudicando ainda mais sua corrida. Dois anos depois de sua vitória, em Barcelona mesmo, procura-se saber onde está aquele Pastor Maldonado que derrotou Fernando Alonso em casa e venceu a primeira corrida da Williams em anos. Pelo jeito, aquele Maldonado de 2012 ficou mesmo no passado e hoje vemos um piloto incrivelmente inconsequente e que mesmo levando uma fortuna para a Lotus (que necessita urgentemente de dinheiro), Maldonado já é questionado pela equipe. Mesmo com todo esse aporte financeiro, Maldonado tende a ser expelido pela F1 e ninguém em sã consciência acredita ainda num piloto que é rápido na pista e em arranjar problemas. Talvez somente Lito Cavalcanti, que ainda vê qualidades no venezuelano durante os treinos livres em que ele transmite pelo SporTV... Porém, quem não deve estar achando muita graça nisso é o povo venezuelano, que vê seu dinheiro indo para os muros dos circuitos pelo mundo ao vivo e a cores para o mundo inteiro. Enquanto isso, fica a pergunta: Seria Pastor Maldonado o pior piloto da história da F1 a ter conseguido uma vitória? 

domingo, 11 de maio de 2014

Dupla lembrança

Numa mesma largada da Indy, vieram à mente dois acidentes históricos da F1. A primeira pancada lembrou muito o acidente na largada do Grande Prêmio de San Marino de 1994, quando J.J. Lehto ficou parado e Pedro Lamy bateu meio que de raspão na Benetton do finlandês. Segundos depois, Mikhail Aleshin teve bem mais sorte do que Riccardo Palletti na largada do Grande Prêmio do Canadá de 1982, quando acertou em cheio a traseira do pole position. Pobre Sebastian Saavedra, que foi o alvo de ambos acidentes...

Massacre prateado

Cinco provas. Cinco vitórias, sendo quatro com dobradinha. E o melhor do resto a longínquos 40s de distância. Essa vem sendo a temporada da Mercedes e em Barcelona, pista onde os melhores carros aparecem mais, os prateados promoveram mais um massacre sobre os rivais e Lewis Hamilton se igualou novamente a grandes na história ao conseguir a quarta vitória consecutiva e partir rumo a um título que promete ser disputado palmo a palmo com Nico Rosberg e é nessa esperança que a F1 se agarra para não termos uma temporada maçante. Com a Mercedes a léguas de distância na frente das demais, a cúpula da equipe liberou seus pilotos para brigarem entre si e mesmo não tendo as trocas de posição no Bahrein, novamente Hamilton e Rosberg protagonizaram uma corrida forte e altamente técnica, com uma pitada de emoção no final.

Como é notório em sua história, as dificuldades de ultrapassagem deram o tom do Grande Prêmio da Espanha em Barcelona. Houve disputas em todas as posições, mas se não fosse a ajuda do DRS e da diferença entre os pneus, dificilmente as poucas ultrapassagens ocorreriam. Largando muito forte, os dois carros da Mercedes trataram de despachar os rivais no início da prova para se concentrarem um no outro. O ritmo da Mercedes era 1s, ou mais, melhor do que a Red Bull, a segunda força do campeonato. Rivais devidamente despachados, Hamilton e Rosberg passaram a protagonizar um pega na pista e na estratégia. Largando com pneus iguais, Rosberg novamente tentou a manobra do Bahrein e colocou um pneu diferente  de Hamilton em sua primeira parada para tentar o bote no último stint. E foi o que aconteceu. Com pneus macios, Rosberg se aproximou perigosamente de Hamilton, com pneus duros, nas voltas finais, mas ficou a sensação que Nico chegou para valer no companheiro de equipe um pouco tarde demais e com isso Hamilton pode comemorar, de forma até mesmo contida, sua quarta vitória no ano e a liderança do campeonato. A cara de Nico Rosberg no pré-pódio e no pódio demonstrava frustração em não conseguir conter Hamilton mesmo tendo coisas a seu favor em determinados momentos. Contudo, com a Mercedes confortável na ponta, a F1 verá uma disputa pelo título sendo decidida unicamente entre Hamilton e Rosberg.

A Red Bull foi a segunda força do final de semana, mesmo que algumas pessoas esperassem que estivessem mais próximos da Mercedes. Se não for desclassificado por qualquer motivo, finalmente Daniel Ricciardo comemorará seu primeiro pódio e não acabará com seu farto sorriso no final do dia. O australiano largou mal mais uma vez (mal oceânico?) e perseguiu Valtteri Bottas antes da primeira parada, mas ao antecipar seu primeiro pit, Ricciardo passou a voar e quando Bottas fez sua parada, a vantagem de Daniel era superior a 10s, a ponto do australiano controlar os seus pneus e manter a estratégia de duas paradas. Ao contrário do que fez Vettel, talvez o maior destaque da corrida depois dos pilotos da Mercedes. Mesmo com as notórias dificuldades de ultrapassagem em Barcelona, Vettel saiu de 15º no grid para quarto na corrida se utilizando de uma inteligente estratégia de três paradas da Red Bull e de ultrapassagens cirúrgicas, onde não se envolveu em polêmicos ou toques desnecessários. Se estavam à procura de saber como se sairia Vettel em situações desconfortáveis, o alemão vem dando a resposta com provas como essa. Se era apontada como rival da Mercedes no começo do ano, a Williams ao menos começa a andar num ritmo mais decente. Bottas largou bem, mas não foi páreo para o ritmo dos dois carros da Red Bull, mas o quinto posto significa pontos preciosos para a Williams, que subiu para quinto no Mundial de Construtores, mesmo não contando com os pontos de Felipe Massa. O diferencial de um grande campeão (Vettel) e um bom piloto (Massa) se vê em situações como a de hoje. Perdendo tempo atrás das Ferraris, Massa mudou a estratégia para três paradas, mas para fazer funcionar esse tipo de tática, é preciso andar forte. E Felipe pecou nesse momento, acabando a prova numa melancólica 13º posição.

Fernando Alonso teve que suar a camisa desta vez para superar Kimi Raikkonen, com o espanhol apelando para a estratégia de três paradas e só conseguindo ultrapassar, na marra, o companheiro de equipe nas voltas finais. Porém, a Ferrari já deve estar pensando em 2015, pois hoje ficou praticamente a uma volta da Mercedes. A Lotus finalmente marcou pontos com Romain Grosjean depois de inúmeras dificuldades, mas o que não muda é Pastor Maldonado, mais uma vez punido por toques em adversários. Numa pista onde a aerodinâmica é mais importante que a força do motor, a Force India não repetiu as boas apresentações das corridas anteriores e fechou a zona de pontuação, com Pérez à frente de Hulkenberg. Em franca decadência, a McLaren novamente terminou com seus dois carros, mas fora dos pontos. Hoje, o time de Ron Dennis é o pior cliente da Mercedes e hoje deve estar rezando para que acabe logo 2014 e a parceria com a Honda comece. Kvyat brigou com as duas McLarens, mas novamente ficou fora dos pontos, enquanto Vergne abandonou de novo, com o francês ficando atrás de Kvyat, ficando em situação crítica na Toro Rosso. A Sauber só foi vista com Gutierrrez sendo ultrapassado após o mexicano ter feito uma boa largada e nada mais. Sutil correu? As pequenas fizeram seu papel de dar passagem aos líderes, enquanto Kobayashi foi o segundo abandono do dia quando ficou sem freios. De novo...

E as respostas de como funcionariam as novas regras já aparecem em tons mais claros agora. Não houve um grande número de abandonos em nenhuma prova. O domínio da Red Bull acabou para iniciar outro ainda mais forte, mas com a vantagem da Mercedes, em situação cômoda frente ao resto, deixar seus dois pilotos brigarem por vitórias e em consequência, pelo título. Enquanto isso, as demais somente batem palmas para Mercedes, Hamilton e Rosberg, 

Aos 47 do 2º tempo

Quando o reabastecimento foi reintroduzido na F1 em 1994, a categoria buscava algo que a Indy tinha e ainda tem até hoje: a dinâmica das estratégias. Aquela emoção se vai ou não ter combustível até o final, pilotos arriscando nas estratégias, mesmo que algumas vezes isso signifique ficar parado com pane seca nas voltas finais, mas também pode resultar na glória de um bom resultado inesperado. A F1 acabou com o reabastecimento, mas a Indy continua garantindo a emoção das voltas finais de suas corridas. Ontem em Indianápolis vimos isso novamente, com Simon Pagenaud e Ryan-Hunter-Reay, se arrastando para salvar combustível, superando Helio Castroneves, que voava por ter etanol para dar e vender. O francês ganhou pela primeira vez no ano coroando um ótimo final de semana no circuito misto de Indiana, onde liderou treinos livres e sempre se manteve nas primeiras posições.

A corrida no circuito misto de Indianápolis, talvez a maior novidade da temporada da Indy, começou tensa pelo assustador acidente na largada, quando o surpreendente pole Sebastian Saavedra ficou parado no grid e foi atingido, de raspão, pelo compatriota Carlos Múnoz, e em cheio pelo russo Mikhail Aleshin. Imediatamente veio a lembrança da morte de Riccardo Paletti no GP do Canadá em 1982, mas como a segurança dos carros de trinta e dois anos mudou bastante, Aleshin saiu do carro saudando o público e a corrida seguiu normalmente, com Hunter-Reay liderando nas primeiras voltas, mas ultrapassado pelo novato do ano, o inglês Jack Hawsworth, que ponteou a prova com enfase e não deu chance a pilotos em equipes melhores do que a sua. Porém, a diferença entre a pequena equipe de Hawsworth (Bryan Herta) e as demais apareceu no decorrer da prova, nos pit-stops e nos momentos das paradas e o inglês caiu para uma injusta sétima posição, mas Jack demonstra ser um piloto mais do que capaz de andar nas primeiras posições na Indy.

A corrida caminhava sem muitos sobressaltos, com o único destaque para um surto de Pastor Maldonado em Scott Dixon quando o neozelandês tentou uma ultrapassagem para lá de otimista em cima de Will Power e acabou fora da pista. No entanto, quando começou as bandeiras amarelas, aconteceu algo que é comum nas corridas americanas: bandeira amarela chama bandeira amarela. Inclusive com outro acidente assustador, quando Martin Plowman perdeu uma freada, bateu forte numa zebra e caiu em cima do carro de Franck Montagny. Por incrível que pareça, mesmo tirando as quatro rodas do chão, Plowman ainda continuou na prova. E foi nesse momento que as estratégias se misturaram e garantiu a emoção do final da corrida. O aniversariante Helio Castroneves fez um início de prova discreto, usando os pneus duros, mas quando passou a utilizar os pneus macios, o brasileiro da Penske passou a galgar posições e estava na ponta nas voltas finais, mas ainda com uma parada a fazer. Pagenaud e Hunter-Reay, mais atrás, não parariam mais, mas teriam que economizar até a última gota de combustível para conseguir seus objetivos.

Quando Helio fez sua parada, juntamente com Sebastien Bourdais, ele estava entre um e dois segundos mais rápido do que Pagenaud e Hunter-Reay. O brasileiro ainda se aproximou no final, mas Pagenaud conseguiu uma vitória no último momento e com bastante emoção para a sua equipe, considerada média na Indy, mas o francês vem evoluindo a olhos vistos, enquanto Hunter-Reay aproveitou uma corrida conturbada de Power para ficar apenas um ponto do australiano na briga pelo campeonato, com Pagenaud logo atrás. Com a Andretti recebendo todas as atenções da Honda, Hunter-Reay vem se aproveitando para se tornar um dos destaques nesta temporada, com a Penske tentando se defender dos ataques do americano. Com o erro bisonho de Dixon, a Chip Ganassi ainda se encontra um pouco atrás, mas nunca é aconselhável descartar a equipe do velho Chip e a raposa felpuda Dixon, mas chama a atenção como Tony Kanaan vem andando mal até agora com a Ganassi. 

Esse foi apenas um ensaio geral para este mês de maio em Indianápolis. Um dia depois da boa corrida no misto, as equipes já se prepararam para mudar o acerto dos carros e focarem no grande prêmio da temporada: as 500 Milhas de Indianápolis. 

sábado, 10 de maio de 2014

Os intocáveis

Um segundo. Essa foi a diferença da Mercedes para o melhor do resto, a Red Bull de Daniel Ricciardo, o carro que todos diziam ser o melhor da temporada, mas sem um motor à altura. Se Barcelona é a pista onde os melhores carros mais se destacam, 2014 será mesmo um afazeres doméstico entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, com o inglês cada vez mais em vantagem. No terceiro treino livre Rosberg colocou uma boa vantagem sobre Hamilton, que nunca venceu em Barcelona e dizia que o companheiro de equipe tinha certa vantagem em determinados setores da pista espanhola. Porém, quando chegou o momento onde o talento e a velocidade eram imprescindíveis, Hamilton mais uma vez superou Nico e parte na pole amanhã, numa pista tradicionalmente onde o primeiro colocado no grid é o primeiro a ver a bandeirada uma hora e meia depois.

Foi um treino marcado por duas bandeiras vermelhas e uma pergunta a ser feita logo nos primeiros minutos de Q1: Será Pastor Maldonado o pior piloto a já ter vencido uma corrida na história da F1? Não me recordo de um piloto tão errático a já ter ganho uma prova como o venezuelano. Quando se espera que o amadurecimento signifique a diminuição dos erros, como aconteceu de certa forma com Andrea de Cesaris, piloto com o qual Maldonado começa a ser comparado, com Pastor as besteiras permanecem intactas, mesmo sabendo o venezuelano que pneus duros e frios não tem aderência alguma no começo da volta de aquecimento em um treino. E falando em amadurecimento, será que o presidente Maduro assiste F1 e vê seu farto investimento indo para o muro corrida sim, corrida não? A outra bandeira vermelha foi provocada por um problema no carro de Sebastian Vettel no Q3. Superado pelo companheiro de equipe de forma sintomática, Vettel partiu para o desespero e mesmo a Red Bull ter anunciado que a troca de chassi fora programado, isso cheira a um pedido do alemão, que sofreu com uma série de problemas de noviciado do novo chassi e largará numa péssima posição amanhã numa corrida onde o lugar onde você larga praticamente define o se domingo.

Daniel Ricciardo continuou seu bom momento e será o melhor do resto, à frente de Valtteri Bottas, sendo que essa posição deveria ter sido de Felipe Massa se ele não errasse em sua última volta no Q3. Esse é o perigo de uma única tentativa no Q3... Também ao contrário do seu companheiro de equipe, Romain Grosjean deu uma demonstração de melhora da Lotus ao colocar seu carro em quinto, melhor posição disparada do time que mais sofreu com a mudança de regulamento. Correndo em casa, Alonso amargou a sua primeira derrota para Raikkonen num grid, mas o mais preocupante foi a Ferrari ter ficado quase 2s atrás da Mercedes, indicando outra corrida dificílima para os italianos.

Já a Mercedes permanece intocável. Somente uma hecatombe poderá impedir uma dobradinha dos tedescos e com Hamilton numa fase esplendorosa, onde está muito confiante com o carro que tem, o inglês tem tudo para conseguir sua quarta vitória consecutiva e dependendo da posição de um desesperado Nico Rosberg, assumir a posição no qual Lewis já deveria estar: na ponta do campeonato.