Como vem sempre acontecendo nos últimos anos, foi nos metros finais. Depois de quase um mês de exaustivos testes, as 500 Milhas de Indianápolis foi decidida numa bela ultrapassagem por fora na curva um da última volta de Ryan Hunter-Reay em cima de Helio Castroneves e mesmo com o piloto da Penske fazendo esforço final nas curvas três e quatro, Hunter-Reay ainda teve fôlego para segurar Helio e vencer pela primeira vez no lendário circuito de Indiana, colocando seu rosto no gigante troféu de vencedor.
A 98º edição das 500 Milhas de Indianápolis entrou para a história antes mesmo da bandeirada com a incrível sequencia de 150 voltas seguidas em bandeira verde, algo inédito na centenária história da corrida no estado de Indiana e chamando ainda mais atenção pelo fato dessa sequencia ter sido as primeiras 150 voltas. Até esse momento, a corrida tinha visto o estranho e ao mesmo tempo ridículo abandono do atual vencedor da prova, Tony Kanaan. Se recuperando de uma má classificação, o baiano já se aproximava do top-10 quando ficou sem etanol na entrada de sua segunda parada, num erro de cálculo da Ganassi. Para piorar, o carro teimou em não pegar e Kanaan ficou dezoito voltas parado, o tirando de qualquer chance de vitória. Até o momento, é impressionante o quão mal Kanaan está começando sua carreira na Ganassi.
Lá na frente, devido a alta temperatura em Indianápolis, a corrida de hoje teve uma dinâmica diferente do ano passado, quando os 33 pilotos andaram praticamente num pelotão só. Em 2014, os carros ficaram mais espalhados e o líder pode se sustentar por mais tempo. E quem liderou mais nesse momento foi Helio Castroneves, Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, Will Power e Ed Carpenter, o pole pelo segundo ano seguidos. Power foi o primeiro a deixar a briga quando teve que pagar um drive-through por excesso de velocidade nos pits quando entrou forte demais no pit-lane. E a briga pela vitória estava entre esses quatro citados anterioremente quando Charlie Kimball rodou e finalmente trouxe a primeira bandeira amarela da tarde. E nesse momento, dois ditados conhecidos das 500 Milhas de Indianápolis se fundiram. 1) A corrida só é decidida nas 50 voltas finais. 2) Bandeira amarela atrai bandeira amarela.
Logo após a saída de Kimball, Dixon, que crescia na prova e já aparecia em quarto, bateu forte na saída da curva quatro e abandonou a prova. O experiente piloto havia pedido para diminuir o downforce em seu carro durante a sua última parada e o resultado todo mundo viu. E o dia da Ganassi acabava com três dos seus quatro carros de fora da prova e com Dixon fora, era menos um favorito na disputa. Em uma nova relargada, Ryan Hunter-Reay saiu muito bem, ao contrário de Townsend Bell, piloto que só corre em Indianápolis e mesmo tendo o mesmo carro que deu a vitória a Kanaan em 2013, nunca foi essas coisas. Numa disputa irresponsável, Bell não tirou o pé na entrada da curva um e três carros ficaram emparelhados, com Carpenter (um dos favoritos) e Hinchcliffe indo para o muro, para desgosto profundo de Carpenter. Isso deixou a briga entre Hunter-Reay, Castroneves e Andretti. Já estava claro que Hunter-Reay controlava muito bem as relargadas e que isso seria fator primordial para as últimas voltas. Quando o trio estava chegando ao clímax da batalha pela ponta, Bell bateu forte na saída da curva dois e trouxe uma bandeira vermelha pelo estrago feito no soft-wall.
A tensão aumentava, assim como já dava para apontar destaques da edição desse ano. Carlos Muñoz repetia a bela exibição do ano passado quando chegou em segundo em sua primeira prova da Indy e de forma madura, chegou em quarto lugar. Seu compatriota Juan Pablo Montoya fazia uma prova de chegada, economizando combustível para dar o bote nas voltas finais, mas um erro na entrada de um pit, parecido com o de Power, o fez pagar um drive-through e o colombiano perdeu toda a sua vantagem, mas usando sua experiência, Montoya subiu ao quinto lugar em sua primeira 500 Milhas desde 2000. Kurt Busch estreava em Indianápolis fazendo bons tempos nos testes, mas um acidente acabou minando sua confiança e o piloto da Nascar fazia uma prova discreta, sendo o pior dos pilotos da Andretti. Só que acostumado a corridas longas na Sprint Cup, Busch apareceu no fim e terminou a prova em sexto, imediatamente saindo do cockpit para um transporte para Charlotte, onde irá correr a Coca Cola 600. Mil e cem milhas num dia e em dois carros diferentes...
Voltando lá na frente, Castroneves sabia que se manter em segundo na relargada, faltando oito voltas para o fim, seria primordial e por isso se defendeu como pôde de Marco Andretti, que tentava acabar com a 'Maldição Andretti' em Indianápolis. Marco indiretamente tentava ajudar Hunter-Reay, mas o bem acertado carro da Penske ajudava Helio a encostar em Hunter-Reay nas voltas finais. Helio chegou a ficar duas vezes na ponta, mas Hunter-Reay fez duas ultrapassagens espetaculares, uma na entrada da curva três, onde tinha pouquíssimo espaço para colocar seu carro por dentro, e a definitiva na entrada da curva um quando foi acenada a bandeira branca de última volta. Helio ainda partiu para cima nas duas últimas curvas, mas como ele próprio falou depois da corrida, a ultrapassagem por fora de Hunter-Reay foi surpreendente. Para quem acompanha esse blog, sabe minha opinião sobre Helio Castroneves. Mesmo sendo penoso ver a sua reação enquanto saía do carro após a bandeirada, sua ótima exibição de hoje e seu histórico espetacular em Indianápolis, na minha opinião seria uma aberração ver Helio se juntar a A.J. Foyt, Al Unser Sr e Rick Mears como maiores vencedores das 500 Milhas com quatro triunfos. Castroneves não engraxa a sapatilha dessas três lendas!
Se havia tristeza de um lado, Ryan Hunter-Reay curtia de outro. Piloto sem muito carisma e cartaz, Ryan Hunter-Reay já conquistou um título da Indy e há três anos é um piloto de ponta da Indy. Hoje o piloto da Andretti foi agressivo nas horas em que precisou fazer ultrapassagens decisivas e bastante esperto nas relargadas e em sua estratégia de corrida. Foi uma vitória merecida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário