segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Figura: Lewis Hamilton

Não foi do jeito que imaginava, mas quem importa?

116 pódios
72 poles
62 vitórias
E agora, quatro títulos mundiais.

Dizer mais o que de Lewis Carl Davidson Hamilton? Lenda viva, simplesmente.

Figurão(MEX): Felipe Massa

A corrida mexicana teve valor simbólico para um estranho tabu da já longa carreira de Felipe Massa na F1. Desde que estreou na F1, mesmo mostrando muito serviço ao londo de todos esse tempo, Massa tem a incrível marca de sempre marcar menos pontos do que seus companheiros de equipe. Quando enfrentou Schumacher, Raikkonen (motivado) e Alonso, ainda se perdoa, mas ficar atrás do novato e endinheirado Lance Stroll não pega nada bem para Felipe. No circuito Hermanos Rodríguez, a Williams demonstrou mais uma vez o final de ano medíocre que vem mostrando nas últimas provas e seus dois pilotos não foram ao Q3 na classificação, mas uma largada confusa colocou Massa e Stroll entre os dez primeiros. No entanto, a corrida de Felipe foi estragada por um furo lento e o paulistano teve que parar nos boxes ainda nas primeiras voltas para trocar de pneus e estratégia, ficando até a bandeirada com o mesmo tipo de pneu. Arriscando em não trocar de pneus quando o Virtual Safety Car deu as caras, Massa teve que resistir aos ataques de pilotos melhores 'calçados' do que ele e o brasileiro saiu da zona de pontos. Porém, Stroll se manteve na ponta do pelotão intermediário desde a largada e com um bom ritmo, o canadense conseguiu se manter entre os dois pilotos da Force India (hoje um carro melhor do que a Williams) e conseguiu um honesto sexto lugar no México. Com isso, Stroll ultrapassou Massa na tábua de pontuação e se o brasileiro não virar nas próximas duas corridas, o canadense prosseguirá a sina de Massa de perder do seu companheiro de equipe. Apesar de rápido, não é segredo nenhum que Lance Stroll só está na Williams por causa do dinheiro do papai Lawrence e o jovem canadense ainda sofre com a falta de regularidade. Mesmo com Massa tendo perdido vários pontos importantes por culpa alheia ao longo da temporada, essa marca nada edificante poderá ficar cravada na carreira de Felipe, ainda mais ficando atrás de um piloto de quase a metade de sua idade e ainda bastante errático. Por isso a Williams procura descaradamente um substituto para Massa em 2018... 

domingo, 29 de outubro de 2017

É tetra!

Como diria Toto Wolff depois da corrida, não foi a maneira como Hamilton queria, mas isso não importava. Lewis Hamilton é o mais novo tetracampeão mundial de F1, se igualando à Alain Prost e Sebastian Vettel na história da categoria. Como a decisão pelo título estava muito fácil à favor de Hamilton, o toque entre os dois protagonistas da luta pelo campeonato nem trouxe tanta polêmica e mesmo conseguindo apenas um nono lugar, Lewis garantiu seu nome ainda mais cintilante no panteão dos grandes da F1.

Era esperado uma luta forte entre Hamilton e Vettel na corrida, com Verstappen sendo um ilustre convidado na briga pela vitória, mas tudo praticamente acabou na curva dois da corrida. Os três primeiros colocados largaram muito bem e na freada da curva um chegaram a fazer um improvável 'three-wide'. Logicamente que Hamilton recuou, mas Vettel e Verstappen continuaram na briga e os dois acabaram se tocando, além de terem se atrasado. Hamilton tentou se aproveitar da situação, mas acabou tocado por Vettel, furando seu pneu traseiro direito. Por um momento, a conquista do título parecia adiada, mas os seguidos toques na Ferrari do alemão fez com que ele precisasse trocar o bico do carro, enquanto Hamilton se arrastava  com o pneu furado na primeira volta. Com Verstappen dominante e muito atrás no pelotão, mesmo à frente de Hamilton, a missão de Vettel era quase impossível. O título de Hamilton viria mesmo no México. Primeiro o alemão colocou os pneus macios para não parar uma segunda vez, mas com a entrada do virtual safety-car com a quebra do motor de Hartley, Vettel mudou de ideia. O ferrarista fez uma bela corrida de recuperação, com destaque para a briga com Massa, mas quando se viu 23s atrás de Raikkonen nas voltas finais, Sebastian nem teve coragem de pedir uma troca de posição de que nada adiantaria. Hamilton também colocou pneus macios em sua primeira parada, mas os pneus mais duros pareciam incapazes de aquecer e gerar aderência necessário ao inglês. Era incrível como Lewis não conseguia ultrapassar a Renault de Sainz e a Sauber de Wehrlein. Sorte do inglês que sua situação era privilegiada. Quando trocou de pneus no VSC, Hamilton recuperou bastante do seu desempenho e ainda brigou de forma forte com Alonso, no melhor momento da corrida. Lewis talvez tenha se arriscado demais na briga com Alonso, mas até um zero ponto lhe daria o tetracampeonato naquela situação. Ser campeão com um nono lugar não é o ideal, mas o título não foi conquistado hoje. Hamilton soube lutar com Vettel, um piloto do seu naipe, em vários momentos da temporada e o inglês da Mercedes não se exasperou, sua grande característica anos atrás. Aos 32 anos de idade, Lewis Hamilton chegou à maturidade para controlar um campeonato disputado e sua complexa corrida de hoje. O toque entre Vettel e Hamilton poderia ter causado uma polêmica grande se o campeonato não estivesse tão à favor de Hamilton. Depois da corrida, Vettel bateu palmas para Hamilton de forma merecida. O alemão sabe que está bem acompanhado no rol dos tetracampeões. Lewis Hamilton já tem números superlativos e quem o acompanha desde que estreou como um furacão dez anos atrás sabe que Lewis tem um estilo de pilotagem empolgante e não é nenhum exagero o colocar, no mínimo, entre os dez grandes da história da F1

Assim como Lewis Hamilton em 2007, Max Verstappen chegou à F1 como um dos grandes fenômenos dos últimos tempos. A Red Bull demorou muito a acordar, mas finalmente o fez nessas últimas corridas de 2017 e Verstappen vem se aproveitando dessa melhora para conquistar ótimos resultados. Max forçou na briga com Vettel na curva um, mas seu ritmo hoje mostrou bem que ele tinha totais condições de vencer mesmo com Vettel e Hamilton nas primeiras posições. Foi uma vitória dominadora, indicando que a Red Bull pode vir muito forte em 2018, tendo Verstappen como seu principal piloto. Depois de trocar de motor um pouco antes da largada, Ricciardo foi o primeiro a abandonar e ainda viu seu talentoso companheiro de equipe ganhar cada vez mais confiança. E um piloto confiante, além de super talentoso, é um perigo para um piloto claramente um degrau abaixo como Daniel Ricciardo. Os dois pilotos finlandeses tiveram uma corrida discreta, particularmente Bottas. O piloto da Mercedes tomou quase 20s de Verstappen de uma forma quase natural e só chegou em segundo por causa dos problemas de Vettel e Hamilton, o mesmo acontecendo com Raikkonen. Perdendo várias posições na largada, Kimi Raikkonen demonstrou mais uma vez uma grande dificuldade em ultrapassar pilotos com carros claramente inferiores ao seu e só subiu para terceiro com os pit-stops da turma da Force India e Nico Hulkenberg. Depois disso, Kimi fez uma corrida bastante burocrática e só subiu ao pódio por que não valia a pena para a Ferrari ordenar uma troca de posições com seus pilotos tão distantes entre si. O ritmo da Ferrari no tour asiático e na corrida de hoje mostrou bem que se não fossem os erros cometidos nas três corridas na Ásia e o título seria decidido até a última corrida, com Vettel apertando Hamilton. Se serve de consolo, esse grupo da Ferrari ganhou uma experiência valiosa para estar novamente na briga em 2018, mas a Mercedes ainda será o alvo a ser atingido por Ferrari e Red Bull.

Para desespero de Sergio Pérez, correndo em casa ele viu Esteban Ocon ser o melhor do resto com alguma folga, fazendo o francês repetir sua melhor posição na vida com um quinto lugar, sendo ultrapassado por Vettel já nas voltas finais. Stroll largou muito bem, chegou a ser quarto e num ritmo muito bom, conseguiu ficar entre os dois carros da Force India, salvando um bom sexto lugar para a Williams, muito na frente de Massa, que teve um pneu furado no início da prova e ao contrário de Vettel e Hamilton, não mais parou nos boxes e com pneus macios, ficou fora dos pontos por apenas uma posição. Magnussen se aproveitou dos problemas alheios e fez uma boa corrida ao levar a sofrível Haas aos pontos, enquanto Grosjean foi o último dos que receberam a bandeirada. A equipe americana caiu bastante nas últimas provas. Largando nas últimas posições após uma montanha de punições, os pilotos da McLaren subiram de posição até chegar à zona de pontuação com Alonso, com Vandoorne colado em Massa. Fernando se divertiu na briga com Hamilton, mas olhando de um plano maior, o espanhol tem com o que se preocupar em 2018. Todos os pilotos com motor Renault tiveram problemas no final de semana, garantindo o abandono da dupla da Renault (Hulkenberg vinha bem posicionado, junto com Ocon) e de Hartley. Felizmente Verstappen resistiu bem, mas a Renault ainda precisa melhorar sua confiabilidade. A Sauber fez seu papel de sempre, já pensando em 2018.

E a F1 já começa a pensar na próxima temporada. Com o seu campeão definido, a F1 parte para as duas últimas corridas do ano mais relaxado, mas já percebendo alguns bons sinais para 2018. O crescimento da Red Bull pode indicar uma briga à três ano que vem e Verstappen mostrou hoje que não tem medo de se digladiar com as grandes estrelas Hamilton e Vettel. Mesmo com um motor que rende até 20 km/h a menos, a McLaren mostrou um chassi muito bom e como falou bem Alonso, com um motor melhor, estaria na briga lá na frente nesse final de semana. E hoje, mesmo nem tão confiável, a Renault é bem melhor do que a Honda. Galvão Bueno narrou com emoção em sua estreia pela Sportv e com a Williams querendo claramente um outro piloto para o lugar de Massa em 2018, devemos nos acostumar com a ideia da F1 saindo da Globo e se mudando o canal fechado. A Liberty trouxe uma lufada de ar fresco à uma F1 carrancuda dos últimos tempos de Bernie. A festa no México para Hamilton foi midiática como aconteceu na apresentação de Austin quinze dias atrás. Houve zerinhos, uma corrida do inglês no meio da torcida, uma entrevista improvisada com um DJ aparecendo atrás do pódio. Essa nova F1 midiática (sinceramente achei dispensável Neymar aparecer no rádio com Hamilton, mas como o brasileiro é midiático...) tem tudo a ver com Hamilton. O inglês soube usar seu talento sobrenatural para ganhar fãs em outros nichos e se tornar uma superestrela pop mundial. Admirador confesso (e as vezes meloso demais) de Senna, Hamilton já superou o brasileiro em todos os números e sem medo de errar, já é uma lenda viva. Lewis Hamilton já está na história da F1. 

Respirando por aparelhos

Andrea Doviziozo ainda respira, mesmo que com muita dificuldade nessa sua inglória luta pelo título de 2017. O italiano da Ducati conquistou sua sexta vitória em 2017, se igualando ao líder Marc Márquez, mas o 13º lugar em Phillip Island semana passada foi decisivo para deixar o espanhol da Honda com a faca e o queijo na mão. 

Como normalmente aconteceu em Sepang, a corrida aconteceu com pista molhada, mesmo que não chovesse durante a corrida. Numa prova que poderia definir o campeonato da MotoGP, o piso molhado tornava ainda mais tenso uma corrida já dramática por natureza. Largando em sétimo após uma queda na classificação, Márquez mostrou logo de cara que não liga muito para matemática pelo título com uma largada hiper agressiva, pulando para primeiro na curva um, mas sem tomada, acabou descendo para terceiro, o que não deixava de ser ótimo pela posição que largou. Mais cerebral, Doviziozo caiu de terceiro para quinto, mas o italiano mostrou que também pode lutar quando é preciso e deixou a múmia Daniel Pedrosa para trás ainda na primeira volta após luta encarniçada. Tendo como meta ficar, no mínimo, na frente de Márquez, Dovi abriu luta contra o espanhol, que não desistiu fácil, como esperado. Quando a corrida assentou-se era claro que a Ducati tinha um melhor desempenho no molhado e Doviziozo assumiu o terceiro lugar ao natural, enquanto Lorenzo alcançava Zarco na ponta.

Ambas as Ducatis assumiram as duas primeiras posições, mas o título estava sendo decidido em Sepang, se Doviziozo não assumisse a primeira posição, que era ocupada por Lorenzo. A metade final da corrida foi dominada pelo suspense se Lorenzo cederia ou não a vitória. Seria a primeira vitória do espanhol com a Ducati, mas o bom senso prevaleceu e Doviziozo assumiu a ponta da corrida faltando meras cinco voltas para o fim, num erro de Lorenzo na última curva do circuito malaio. Como Márquez não conseguiu ultrapassar Zarco, que ficou com o último lugar do pódio, a batalha pelo título ficou basicamente com Doviziozo necessitando unicamente da vitória para se manter com chances, enquanto para Márquez basta ser décimo primeiro. Pelo ritmo que o espanhol tem, sem falar no conhecimento da pista de Valencia, Doviziozo só garantirá o título se Márquez cair.

O título não foi definido em Sepang, mas Márquez está como o meu Vozão, com 95% (ou mais) de chance de conquistar o tetracampeonato na última etapa do Mundial, que conheceu o campeão da Moto2 ainda antes da corrida. Thomas Lüthi sofreu um sério acidente na classificação e com o tornozelo quebrado, o suíço foi proibido de correr, dando a Franco Morbidelli, que tem mãe brasileira, o título desse ano. Com Márquez e Doviziozo tendo o mesmo número de vitórias esse ano, quem se sagrar campeão em Valencia na próxima quinzena, será o digno campeão de 2017, mas Márquez não precisa fazer mais do que o arroz com feijão (além de não imitar Rossi em 2006) para ser tetracampeão em casa.

sábado, 28 de outubro de 2017

Pensando no futuro

Muito se reclamou esse ano sobre a bipolaridade entre Ferrari e Mercedes em 2017, onde mesmo sendo bem mais interessante do que o monólogo da Mercedes nos três últimos anos, ter apenas duas equipes brigando pela vitória fica sempre um gostinho de quero mais. Ao contrário do sexo, onde um é pouco, dois é bom e três é demais, na F1 ter três ou até mais equipes envolvidas é até melhor para o espetáculo. Nas últimas corridas, a Red Bull está entrando de forma até sorrateira dentro da briga por vitórias, principalmente na pessoa de Max Verstappen. Se não fosse a duvidosa punição da FIA semana passada em Austin, Max teria três pódios seguidos, sempre lembrando que nos Estados Unidos o holandês largou das últimas posições. Hoje, Verstappen ficou bem próximo da sua primeira pole numa volta de tirar o fôlego, que parecia definitiva, mas se tem uma coisa que Vettel tem de virtude é sua perseverança e o alemão tirou uma volta da cartola que o deixou na pole no México, mas com Hamilton logo atrás, o título ainda está nas mãos do inglês.

A classificação foi bastante morna nas primeiras fases, com algumas equipes sofrendo de antemão e deixando as passagens para o Q2 e Q3 bem tranquilas. A Haas vem perdendo ritmo há algum tempo e hoje viu seus dois pilotos ficando pelo Q1, ao lado da cativa Sauber. No terceiro treino livre a Toro Rosso já tinha visto Pierre Gasly abandonar com o motor quebrado e no Q3 foi a vez de Brendon Hartley ver seu bom trabalho virar, literalmente, fumaça. Com a McLaren tendo a pilha de punições para pagar resolvendo não participar do Q2, não houve muita emoção, com a Williams placidamente estacionada como sexta força do ano e vendo seus dois pilotos em 11º e 12º. Porém, já no Q2 Verstappen mostrou a que veio marcando uma volta meio segundo mais rápida do que todos os demais, garantindo o recorde do circuito Hermanos Rodríguez. No Q3 o holandês piorou seu tempo, mas ainda estava bem na frente de todos, mas numa última tentativa, Vettel frustrou Verstappen e conquistou sua 50º pole na carreira, lhe dando um pequeno suspiro na briga pelo campeonato. Hamilton pareceu até um pouco perdido nas fases derradeiras da classificação, mas o terceiro lugar lhe serve demais para garantir o tetracampeonato amanhã. Decepção maior ficou com Ricciardo, largando em sétimo, bem longe do companheiro de equipe e superado pela Force India de Ocon, para desespero do piloto local Pérez. 

O muito tempo sem andar numa pista com características únicas por causa da altitude viu a F1 sofrer com várias saídas de pista mesmo com os carros com o máximo de downforce possível, além das quebras de motores, particularmente dos Renault. Porém, o interessante será ver três equipes lutando pela vitória amanhã, pena que a Red Bull demorou demais para acordar em 2017. Tomara que ela acorde em Melbourne em 2018.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

História: 25 anos do Grande Prêmio do Japão de 1992

A F1 parecia cansada quando chegou em Suzuka 25 anos atrás para a tradicional prova no Japão. Talvez por isso as atenções estavam todas sobre o que iria acontecer no ano seguinte. Vinculado à McLaren, Mika Hakkinen sabia que Michael Andretti viria para a equipe em 1993, mas a insatisfação de Senna com o equipamento que tinha da McLaren fazia que o finlandês tivesse esperanças de estar no grid com a McLaren no ano seguinte. Hakkinen era um dos destaques da temporada e suas boas exibições eram um último suspiro da Lotus, que decaía cada vez mais. Com apenas Prost definido em 1993, a Williams também estava de olha em Mika. Assim como ocorrera no ano anterior, a Ferrari não terminou a temporada com a mesma dupla de pilotos da primeira corrida, só que ao contrário da escandalosa demissão de Prost em 1991, a saída de Ivan Capelli nem chegou a surpreender pela péssima temporada que o italiano vinha fazendo até então em 1992. Após ótimas exibições pela March, Capelli decepcionou na Ferrari e foi substituído pelo compatriota Nicola Larini, piloto de testes da Ferrari e mais acostumado com o carro. Capelli nunca se recuperou na carreira. E falando em March, a equipe surpreendeu ao trazer de volta à F1 Jan Lammers, após mais de dez anos em que o holandês esteve na F1 pela última vez. O experiente piloto trouxe uma boa grana para a quase falida March e se quando estreou na F1 em 1979 era um imberbe calouro, agora ele era um dos pilotos mais velhos do grid.

Se despedindo da Williams, Nigel Mansell ficou com outro recorde ao igualar o número de poles (13) numa mesma temporada de Senna em 1988 e 1989. Sem surpresa alguma, Patrese ficou com a segunda posição e a dupla da McLaren, com Senna à frente, ocupava a segunda fila. Larini surpreendeu ao ficar na frente de Alesi, mas isso não significava muito quando o italiano era apenas 11º e o francês estava quatro posições atrás. Lammers retornava bem e superava seu companheiro de equipe Emanuele Naspetti.

Grid:
1) Mansell (Williams) - 1:37.360
2) Patrese (Williams) - 1:38.219
3) Senna (McLaren) - 1:38.375
4) Berger (McLaren) - 1:40.296
5) Schumacher (Benetton) - 1:40.922
6) Herbert (Lotus) - 1:41.030
7) Hakkinen (Lotus) - 1:41.415
8) Comas (Ligier) - 1:42.187
9) De Cesaris (Tyrrell) - 1:42.361
10) Boutsen (Ligier) - 1:42.428

O dia 25 de outubro de 1992 amanheceu com clima ameno que sempre caracteriza Suzuka nessa época do ano e, portanto, perfeito para uma corrida de F1. Pela primeira vez desde que debutou na F1, Suzuka não era palco de uma corrida decisiva e já tinha o campeão conhecido, no caso, Mansell, que largou muito bem na luz verde e se manteve na ponta, com Patrese colado no inglês, mas ficando num comportado segundo lugar. A largada ocorreu sem maiores problemas, com Larini sendo o protagonista do único drama ao ficar parado no grid, mas sem ser atingido por ninguém, o italiano seguiu na prova com ajuda dos comissários. Como sempre, os comissários japoneses são solícitos até demais...

Como sempre também, os dois carros da Williams desapareciam no horizonte, enquanto Senna enfrentava o seu pior final de semana no Japão, lugar onde era muito popular. Depois de quebrar o motor no warm-up, o brasileiro viu o segundo motor Honda quebrar ainda na quarta volta da corrida, abandonando prematuramente e sem poder fazer muito para tornar a despedida da montadora nipônica da F1 um pouco mais digna. O ritmo da Williams era tão superior, que ainda na décima volta Mansell já tinha 23s de vantagem em cima do terceiro colocado Berger, que era pressionado por Schumacher. O austríaco faria sua primeira parada na volta 11 e chamou atenção a forma acintosa com que Berger avisou Schumacher que estava indo aos boxes, ainda se lembrando do perigoso acidente de Estoril com Patrese. Schumacher assumia o terceiro lugar, mas o alemão mal sentiu o gosto da posição quando abandona com o câmbio quebrado na volta 13. Era o primeiro abandono por problema técnico do alemão na temporada. Incrivelmente, duas voltas depois de subir para terceiro Herbert abandona com o câmbio quebrado e quem assumia a posição 'maldita' era Mika Hakkinen.

Quem estava na tática de uma volta começa a fazer suas paradas, incluindo a dupla da Williams, com Mansell permanecendo em primeiro, com 10s de vantagem sobre Patrese. Berger reassume o terceiro lugar e quando o austríaco faz sua segunda e definitiva parada na volta 29, ele retorna à pista bem na frente de Hakkinen e fica com a sua terceira posição. Faltando vinte voltas para o fim e com 20s de vantagem para Patrese, Mansell tira o pé completamente e em três voltas é alcançado por Patrese, que assume a ponta sem nenhuma objeção de Mansell, que persegue o companheiro de equipe de perto, sugerindo que Mansell dava à Patrese uma vitória de presente após dois anos de total submissão do italiano dentro da Williams. Na volta 40, a equipe Larrousse teve sua corrida estragada por culpa dos seus pilotos. Gachot tentou passar Katayama na freada da chicane Casio e acabou batendo no japonês, abandonando no local, enquanto Katayama seguia na prova, mas após perder várias posições. Essa chicane sempre viu companheiros de equipe batendo de qualquer forma...

Com menos de dez voltas para o fim, com a dupla da Williams andando em formação, uma rara falha do motor Renault fez Mansell abandonar. O inglês tentou ir aos boxes, mas como apareceu fogo, Mansell desistiu. Nigel nunca teve muita sorte em Suzuka e a Williams perdia a chance de marcar uma dobradinha na casa da Honda, numa espécie de vingança pelo o que japoneses fizeram cinco anos antes ao deixar a Williams na mão e sem motor após ser campeões juntos. Enquanto isso Hakkinen perdia um pódio ao abandonar no fim da prova e quem assumia o lugar no pódio já nas voltas finais era Martin Brundle. Patrese tinha 40s de vantagem e para evitar qualquer problemas, aliviou bastante o seu ritmo para receber a bandeirada em primeiro para o que seria última vitória na F1. Num pódio recheado de segundos pilotos, com os abandonos de Mansell, Senna e Schumacher, quem completava os três primeiros eram Berger e Brundle. De Cesaris obtém um ótimo quarto lugar na frente de um persistente Alesi, em corrida bem discreta da Ferrari. Christian Fittipaldi marcou seu primeiro ponto na carreira na F1 e o primeiro do ano para a Minardi. Essa vitória garantiu à Patrese o vice-campeonato, num ano perfeito para a Williams-Renault.

Chegada:
1) Patrese
2) Berger
3) Brundle
4) De Cesaris
5) Alesi
6) Fittipaldi  

terça-feira, 24 de outubro de 2017

História: 40 anos do Grande Prêmio do Japão de 1977

A etapa derradeira da interessante e mortal temporada de 1977 tinha um ar mais relaxado, pois não havia praticamente nada a decidir a ponto do campeão Niki Lauda, intrigado com a Ferrari naquele momento e de malas prontas para a Brabham, sequer viajou ao Japão para defender seu título. O austríaco não foi o único. Equipes com problemas financeiros ou de desenvolvimento dos seus carros resolveram não viajar para o Oriente. Eram Renault, Copersucar, Williams, BS Fabrications e Hesketh. Como havia acontecido no ano anterior, pilotos e equipes japonesas marcariam presença.

As últimas corridas tinham sido dominadas por James Hunt e Mario Andretti, que só não brigaram mais seriamente com Lauda pelo título por problemas de confiabilidade nos novos carros de McLaren e Lotus, respectivamente. Com carros mais confiáveis, os dois desafetos chegaram ao Japão como favoritos e Andretti acabou confirmando isso ao ficar com a pole, a sétima em 1977, com Hunt largando ao seu lado. A dupla da Brabham ocupou a segunda fila, seguidos por Laffite, Scheckter, Reutemann e Mass. Nilsson, com uma pintura nova da Lotus, era apenas 11º, com a dupla da Tyrrell muito mal, com Depailler em 15º e Peterson em 18º. Em sua terceira corrida pela Ferrari, o substituto de Lauda, Gilles Villeneuve, ainda tinha dificuldades de adaptação e largaria apenas em vigésimo.

Grid:
1) Andretti (Lotus) - 1:12.23
2) Hunt (McLaren) - 1:12.39
3) Watson (Brabham) - 1:12.49
4) Stuck (Brabham) - 1:13.01
5) Laffite (Ligier) - 1:13.08
6) Scheckter (Wolf) - 1:13.15
7) Reutemann (Ferrari) - 1:13.32
8) Mass (McLaren) - 1:13.37
9) Brambilla (Surtees) - 1:13.37
10) Regazzoni (Ensign) - 1:13.52

O dia 23 de outubro de 1977 amanheceu com céu limpo e muito sol no sopé do Monte Fuji, ao contrário do temporal que desabou no ano anterior, proporcionando uma corrida épica e que decidiu o campeonato de 1976. Um ano depois, Andretti, que largara na pole na decisão de 1976, saiu muito mal na bandeirada e foi ultrapassado imediatamente por sete carros, com Hunt assumindo a liderança. Por causa da má saída de Andretti, muitos pilotos foram atrapalhados nas primeiras filas.  Scheckter consegue uma largada excepcional e pula de sexto para segundo, seguido por Mass e Regazzoni, que também realizaram largadas muito boas e ganharam muitas posições.

Hunt abria imediatamente uma vantagem em cima de Scheckter, que era perseguido de perto por Mass. Tentando se recuperar de sua má largada, Andretti começa a prova em modo de ataque, mas sua corrida duraria muito pouco. O americano colocou por dentro de Laffite na freada do hairpin, porém, perdeu o controle da sua Lotus e bateu no guard-rail, acabando sua corrida ainda na segunda volta. No mesmo local, o astro local Noritake Takahara brigava com Hans Binder e os dois acabaram se estranhando, batendo no mesmo lugar de Andretti. Mais atrás, uma briga chamava a atenção pela agressividade dos envolvidos. Ronnie Peterson era ídolo de Gilles Villeneuve, mas o atrevido canadense não queria nem saber e atacava o sueco com força. Na abertura da sexta volta, Villeneuve erra o cálculo de uma tentativa de ultrapassagem no final da reta dos boxes e o resultado é trágico. Villeneuve bate na traseira de Peterson e alça voo. A Ferrari do canadense sai capotando em direção ao público e quando o carro pára, felizmente Villeneuve estava ileso, apesar de assustado. Porém, duas pessoas estavam num local proibido por negligência da organização e foram atingidas fatalmente pelos destroços da Ferrari. As câmeras da TV não tiveram pudor em mostrar a polícia levar os dois corpos para fora do local, além de outros feridos, sendo sete de forma grave.

Peterson, que abandonou no local, acusou Villeneuve de pilotagem perigosa e por incrível que pareça, a corrida continuou normalmente. Hunt abria uma bela vantagem para o seu companheiro de equipe Mass, que ultrapassara Scheckter e que depois perderia o terceiro lugar para John Watson. Vindo de uma corrida de recuperação, Watson passa a atacar Mass pelo segundo lugar, mas por incrível que pareça, ambos abandonam na mesma volta, a 29, com Mass tendo o motor quebrado e Watson com o câmbio quebrado. Isso deixava Hunt com uma diferença de 28s em cima de Scheckter, além um surpreendente Clay Regazzoni em terceiro, logo atrás, enquanto Reutemann era um discreto quarto lugar. O Wolf de Scheckter tinha claros problemas de equilíbrio e o sul-africano perdia rendimento na medida em que a corrida passava da metade. Na volta 34 Regazzoni assume o segundo posto e estava a ponto de dar o primeiro pódio para a Ensign, que comemorava sua corrida de número 50 em Fuji. Jacques Laffite vinha numa boa corrida de recuperação e encostava em Reutemann, que já atacava o irregular Scheckter. O sul-africano entrou nos boxes na volta 43 para trocar seus pneus dianteiros. Num tempo em que pit-stop programado não existia, isso significava o fim do sonho de uma corrida competitiva para Scheckter, mas como Andretti havia abandonado ainda no começo da prova, Jody garantia o vice-campeonato numa equipe praticamente estreante.

Na volta 44 o motor de Regazzoni deixa o suíço na mão e Morris Nunn, chefe da Ensign, fica inconsolável nos boxes, pois sabia que dificilmente teria uma chance de ir ao pódio como aquela. Com sua tocada tranquila, Reutemann assumia o segundo lugar, mas era pressionado por Jacques Laffite. Scheckter voltou dos boxes em penúltimo, mas entre Reutemann e Laffite. Com pneus melhores, Scheckter consegue ultrapassar Reutemann e tirar uma volta do argentino, mas Laffite aproveita o embalo e numa manobra audaciosa, deixa o piloto da Ferrari para trás. Enquanto isso, Hunt fazia o que os ingleses chamam de 'Sunday Drive', chegando a colocar um minuto de diferença em cima de Laffite, que tirava o pé para economizar combustível, mas não foi o suficiente, com o francês abandonando na penúltima volta com pane seca. James Hunt vence sua corrida mais tranquila da F1 com minuto de vantagem em cima de Reutemann, mesmo o argentino não tendo uma exibição brilhante. Numa corrida de paciência, Depailler se aproveitou do problema de Laffite para subir para terceiro, pressionado por Alan Jones. Laffite ainda conseguiu o quinto lugar e o jovem italiano Riccardo Patrese marcou seu primeiro ponto na Fórmula 1. Após a corrida, ocorreu uma cena curiosa e que dificilmente se repetirá. Quando chegou aos boxes, Hunt trocou de roupa na frente de todo mundo, colocou uma bluca e um jeans e se mandou para o aeroporto. Ele não podia perder o seu voo de volta para a Europa. O mesmo pensou Carlos Reutemann. Num pódio curioso, apenas Depailler estava presente para ouvir o hino da Grã-Bretanha. Os japoneses ficaram bastante irritados com a falta de respeito ao público dos pilotos e reclamou bastante com a FIA, que ficou insatisfeita em ver o número de mortes da temporada 1977 aumentar por uma falha de organização. Fuji ficaria trinta anos longe da F1 e o Grande Prêmio do Japão só retornaria dez anos depois. Dessa vez para ficar!

Chegada:
1) Hunt
2) Reutemann
3) Depailler
4) Jones
5) Laffite
6) Patrese

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Figura(EUA): Carlos Sainz

Sinceramente já perdi as contas de quantas vezes Lewis Hamilton esteve merecidamente nessa parte da coluna e como ele estará aqui brevemente quando conquistar seu tetracampeonato, vale olhar para o resto do pelotão e identificar quem poderia estar aqui em Austin. E Carlos Sainz fez por merecer estar aqui. O jovem espanhol não conquistou seu melhor resultado da carreira e nem levou à Renault a posições mais altas do que vinha conquistando até então, mas todo o contexto faz com que Sainz esteja merecidamente aqui. Após ser anunciado como piloto da Renault em 2018 depois de complicadas negociações, o espanhol foi guindado de forma surpreendente como segundo piloto da equipe ainda nas corridas finais de 2017. Não havia tempo para testes. No máximo, algumas voltas no simulador, um molde para o banco e fotos para publicidade. Porém, bastou Sainz sentar no seu novo carro nos primeiros treinos livres para perceber o quanto a Renault vacilou em deixar o insípido Jolyon Palmer tanto tempo na equipe amargando resultados ruins, além de perder pontos importantes no Mundial de Construtores. Nico Hulkenberg liderou a equipe praticamente sozinho durante a temporada inteira e não era incomodado por Palmer, mas bastou Sainz dar suas primeiras voltas para que o espanhol conseguisse o que Palmer foi incapaz de fazer: andar no mesmo ritmo do alemão. Em certos momentos Sainz foi até mais rápido, numa rápida adaptação talvez nem mesmo imaginada por todos os envolvidos. Hulkenberg foi derrotado pela primeira vez no grid e com o seu abandono precoce, não deu para sentir se isso se repetiria em ritmo de corrida, mas pelo o que fez, Sainz poderia, sim, chegar à frente de Hulk na bandeirada. Sainz brigou no pelotão intermediário, chegando à frente até de uma Force India e marcou pontos em sua estreia na Renault. Ele não fez nada a mais do que Hulkenberg vinha fazendo, mas fez bem mais do que Palmer fez. E isso já foi o bastante para satisfazer a Renault e renovar as esperanças de um 2018 bem melhor.

Figurão(EUA): Jolyon Palmer

Ué, mas ele não correu? Não, o filho de Jonathan Palmer deve ter assistido o Grande Prêmio dos Estados Unidos pela TV da Inglaterra. Constrangido, mas deve ter assistido. A facilidade com que Carlos Sainz andou no ritmo de Nico Hulkenberg sem conhecer o carro e marcou pontos em sua primeira corrida na Renault pegou extremamente mal para Jolyon Palmer, que levou sovas homéricas do bom piloto alemão, sendo o único a ter passado 'invicto' nessa temporada no quesito derrotar seu companheiro de equipe nos grids. E não se pode acusar de que o inglês não conseguia correr no mesmo ritmo do que Hulkenberg apenas na classificação, pois em ritmo de corrida não era muito diferente, com Palmer sempre ficando atrás de Hulk. Sainz nem chegou a testar o seu novo carro e já foi andando na mesma toada do que Hulkenberg logo nos primeiros treinos livres em Austin e se a comparação em ritmo de corrida não possível por causa do precoce abandono do alemão, pelo menos Sainz mostrou combatividade e marcou pontos logo em sua estreia pela Renault. Palmer demorou mais de meia temporada para marcar seus primeiros pontos, levando a lógica conclusão que a má posição da Renault no Mundial de Construtores se deve à equipe não ter tido um segundo piloto à altura ao longo da temporada. A cúpula da Renault sabe disso e muito provavelmente, sentado no sofá de sua casa na Inglaterra, Jolyon Palmer sabe disso também. 

domingo, 22 de outubro de 2017

Passo decisivo (II)

Assim como na MotoGP nessa madrugada, somente um cataclisma tirará o tetracampeonato de Lewis Hamilton, que venceu hoje com uma facilidade que somente seu talento pode lhe proporcionar, pois a Mercedes não tem hoje um carro tão dominante como nos outros anos, mas a diferença estão mesmo nas habilidosas mãos de Hamilton. Vettel ainda liderou algumas voltas após a boa largada do alemão, mas o ritmo de Lewis era simplesmente forte demais para Sebastian, que ainda teve que sofrer um pouco para ser segundo, por causa da precipitação da Ferrari na estratégia. Já o terceiro lugar foi a grande polêmica do dia, com a bela ultrapassagem de Max Verstappen sendo cassada pela FIA por causa da nítida infração do holandês. Porém...

Destaque todo especial para o pré-corrida do Grande Prêmio dos Estados Unidos. A Liberty aproveitou o fator casa para finalmente mostrar o que quer dos seus promotores no futuro. Os pilotos foram apresentados de forma apoteótica, com direito a clipe cheio de closes como acontece bastante nos grandes eventos esportivos americanos. Michael Buffer falava de cada piloto do grid como se apresentasse um boxeador no auge do esporte. Tudo isso com direito à alguns efeitos e as famosas cheerleaders dos Dallas Cowboys. Um evento muito legal que contou com várias personalidades de todas as vertentes, passando por políticos, atores e esportistas de alto nível. Um verdadeiro show, antes da largada de uma corrida que tendia a ser chata, mas acabou sendo bastante divertida. Vettel surpreendeu com uma largada estupenda e ainda na freada da primeira curva o alemão da Ferrari já liderava a prova, seguido por Hamilton. Com ar livre, a esperança era que Vettel pudesse fazer frente à Hamilton e sua Mercedes. Pelo rádio, Hamilton já deu o toque que estava tudo sob controle. Não priemos cânico, como diria Chapolin Colorado. Quando foi permitido o DRS, Hamilton colocou por dentro no final da reta oposta, para surpresa de Vettel e assumiu a ponta da corrida para não mais perdê-la. Foi uma vitória enfática, esperada desde os primeiros treinos livres e se não foi de ponta a ponta, foi por causa de uma largada perfeita de Vettel. Hamilton tirou tudo do seu Mercedes, que parece não ter o mesmo ritmo de antes e isso é identificável pelo pobre ritmo de Bottas, que teve outra corrida opaca e foi apenas quinto. O diferencial para o domínio de Hamilton é o próprio inglês. Seu talento e velocidade pura que faz Hamilton deixar Vettel e todo o resto do grid no chinelo e o fará tetracampeão, provavelmente, na próxima semana, enquanto a Mercedes já comemora seu tetracampeonato, muito pelos feitos de Lewis durante o ano.

Após sua bela largada, Vettel não demorou muito à frente de Hamilton, sendo ultrapassado de forma até fácil, o que indicou que o alemão da Ferrari foi pego totalmente de surpresa. Sebastian pareceu sofrer com pneus desgastados e chegou a ver Valtteri Bottas de perto no primeiro stint e quando Hamilton saiu dos pits, estava colado no inglês. Ao contrário do esperado, os pilotos partiram em sua maioria para um tática de uma parada, mas vendo Verstappen parar pela segunda vez e sofrendo com os pneus, Vettel parou novamente e partiu para uma corrida alucinante no final, atacando Bottas, já que Raikkonen lhe cederia a posição mais tarde. E a manobra que Vettel fez em Bottas valeu o ingresso, numa ultrapassagem humilhante por fora, tendo ainda um retardatário (Vandoorne) por fora. Foi uma ultrapassagem e tanto, que valeu a Vettel o segundo lugar, mas no campeonato não deverá fazer tanta diferença. O estrago feito pela Ferrari na Ásia já não tanta margem de recuperação. Raikkonen fez sua corrida de funcionário padrão, tirando a ultrapassagem em cima de Bottas. O finlandês da Mercedes está fazendo uma segunda metade de temporada medíocre, o que foi confirmado hoje com três ultrapassagens tomadas, algo inaceitável para quem tem uma Mercedes. Se Bottas ajudasse mais, talvez Hamilton já fosse campeão e por essas coisas que a Mercedes já pensa 2019 sem Valtteri.

Então, a polêmica. Verstappen vinha fazendo outra corrida daquelas de tirar o chapéu, fazendo várias ultrapassagens e mesmo largando nas últimas posições, logo se juntou ao pelotão da frente numa corrida limpa e sem safety-cars. Max mudou sua estratégia e partiu para um último stint forte, seguindo de perto Vettel, que se resguardou de qualquer ataque do holandês. Nas últimas voltas, Vettel e Verstappen chegaram nos finlandeses. Vettel se livrou dois dois, enquanto Verstappen teve mais trabalho. Faltando duas voltas, Max partiu para um ataque banzai em cima de Raikkonen e após algumas fechadas, o piloto da Red Bull achou espaço aonde não havia e assumiu a terceira posição de forma emocionante nas últimas curvas da corrida. Todos vibraram. Mas a cortada de caminho feita por Max foi clara. E um ano depois de ser tirado do pódio no México, o holandês foi convidado a se retirar do pódio em Austin. Regras são regras, mas o direito fala muito do contexto. Na última volta, quem não tentaria uma manobra mais forte? Verstappen o fez, mas os comissários resolveram agir e tiraram um merecido pódio do holandês. Vale destacar o ótima ritmo da Red Bull nessas últimas corridas. Ricciardo travou uma bela briga com Bottas nas primeiras voltas antes de abandonar e Verstappen chegou nas Ferraris e em Bottas sem ajuda de safety-car. Mantendo essa toada, deve-se olhar com carinho para a Red Bull e suas perspectivas para 2018.

Do pelotão intermediário, o grande destaque foi Carlos Sainz. Estreando na Renault, o espanhol ainda se adaptava ao carro enquanto fazia uma corrida forte, andando no mesmo ritmo de Hulkenberg (que abandonou nas primeiras voltas) faria. Ele superou uma Force India e marcou bons pontos, que a Renault tanto sentiu quando Palmer estava naquele carro. E falando em Force India, novamente Sergio Pérez reclamou do ritmo de Ocon à sua frente, mas a FI mandou o mexicano se aquietar e ele ainda foi ultrapassado pelo ascendente Sainz. Massa foi o último a parar e mesmo com pneus ultramacios ele fez apenas um pit-stop e teve ritmo para chegar na zona de pontuação, marcando pontos para a Williams, que com o passar do tempo, fica cada vez mais claro que não quer Massa em 2018, ao contrário do que disse Reginaldo Leme, que declarou que a renovação de contrato do brasileiro dependia unicamente de Felipe. Stroll fez uma corrida que lembrou suas primeiras provas na F1, onde fazia papelão em cima de papelão. Em sua volta à F1, Kvyat marcou um pontinho, fazendo nada de diferente do que fez enquanto esteve na F1 pela mesmo Toro Rosso, enquanto Hartley andou sempre nas últimas posições num carro que mal conhecia. Correndo em casa a Haas esteve longe dos pontos e ainda viu Magnussen se envolveu em incidentes com os dois carros da Sauber, fazendo com que a imagem do dinamarquês ficasse ainda mais arranhada. Alonso corria para marcar pontos quando o motor Honda lhe aprontou mais uma. O espanhol lamentou bastante, enquanto Vandoorne fez uma corrida apagada e foi o único a não aparecer na bela festa de apresentação dos pilotos antes da corrida.

Bem que Hamilton queria garantir o título nos Estados Unidos, país que adora, mas o campeonato já é praticamente seu e somente um abandono no México na semana que vem o fará perder a chance de garantir o tetracampeonato no circuito Hermanos Rodríguez. Esse ano Lewis teve um desafiante à altura e somente pela falta de confiabilidade da Ferrari que atrapalhou Vettel para deixar a disputa ainda em aberto. Uma pena. Pela forma que está guiando, provavelmente Hamilton queria brigar até o final, mas a disputa deverá terminar na próxima semana.

Passo decisivo

Phillip Island. Que pista amigos! Não me recordo de uma única corrida ruim nessa pista australiana, que além de ter um traçado espetacular, tem uma vista de tirar o fôlego e digo sem medo de ser o autódromo mais bonito do mundo, incluindo as corridas. A edição de 2017 do Grande Prêmio da Austrália não deveu nada à outras corridas que por lá aconteceram e Marc Márquez soube dar o bote na hora certa para dar um passo decisivo para o tetracampeonato da MotoGP, principalmente com a corrida terrível de Andrea Doviziozo.

É praticamente impossível descrever todas as voltas da corrida dessa madrugada, onde aconteceu de tudo na briga pela vitória, num pelotão que chegou a ter oito motos. Marc Márquez esteve no meio dessa briga, se meteu em batalhas que colocaram no quinto lugar, mas no momento em que importava, nas voltas finais, o piloto da Honda soube abrir da confusão em que todos os líderes estavam metidos, meteu 2s de vantagem sobre o segundo colocado e colocou uma mão no título. Além da força da Honda, Márquez soube utilizar da péssima forma da Ducati em Phillip Island. A moto italiana não se comportou como deveria justamente numa corrida decisiva como na Austrália e Andrea Doviziozo ainda cometeu um raro erro no começo da prova, quando abriu demais na curva um e caiu para vigésimo, quando ainda tateava na décima posição, tendo ganho apenas uma posição com relação ao grid de largada. 

Doviziozo lutou no meio do pelotão, até encontrar outra a outra decepção do dia. Daniel Pedrosa voltou aos seus dias de múmia, pois enquanto Márquez lutava pela vitória e ganhou na Austrália, Pedrosa lutava nas profundezas do pelotão. Pedrosa e Doviziozo lutaram pela décima primeira posição, mas para piorar sua situação no campeonato, Scott Redding se meter na briga entre eles e acabou levando vantagem, se tornando a melhor Ducati do dia, mas deixando o principal piloto da marca italiana em décimo terceiro, ficando com um prejuízo de 22 pontos para Márquez só em Phillip Island. 

As Yamahas finalmente tiveram uma corrida decente, mesmo com temperaturas baixas, mas foi Zarco com a moto de 2016 que quase surpreendeu os piloto oficiais. O francês chegou a liderar a prova, se envolveu em batalhas com toques, mas acabou superado por Viñales na bandeirada, ficando de fora do pódio onde o francês merecia estar. Rossi, totalmente recuperado da fratura na perna direita, parecia um menino na briga com pilotos bem mais jovens do que ele e acabou recompensado com o segundo lugar, que foi muito comemorado pelo italiano. A Suzuki voltou a brigar pelo pódio com Iannone, mas como sempre o italiano foi com muita sede ao pote e ficou de fora do pódio. Miller liderou as primeiras voltas e a KTM conseguiu um sólido top-10 com seus dois pilotos.

Foi uma corrida bem típica de Phillip Island, onde os pilotos brigaram pela ponta de forma sensacional pelo traçado insano do circuito australiano, mas no fim, foi Marc Márquez quem sorriu. O espanhol da Honda está com a faca e o queijo na mão para ser campeão na próxima semana, pois só decidirá o título na última etapa se Doviziozo tirar muitos pontos em Sepang. No momento decisivo, a Ducati sentiu a falta de experiência na briga por títulos, o mesmo acontecendo com Doviziozo, que errou quando não podia. Acostumado com essa situação desde que estreou na MotoGP, Márquez está com a mão na taça. 

sábado, 21 de outubro de 2017

Passo a passo

Lewis Hamilton já deve ter em sua mente que o título desse ano já está praticamente no papo, bastando ao inglês ter paciência e dar um passo de cada vez. Em Austin, num final de semana dominante numa pista em que adora e na frente de um público que o conhece bem, o inglês vem fazendo um final de semana de campeão que ele é. Hamilton não deu sequer uma chance aos rivais e marcou sua pole de número 72 com uma facilidade alarmante, que ficou bem caracterizada pelas feições de Vettel na entrevista pós-treino.

Mesmo no final do ano, a F1 vem cheio de novidades para os Estados Unidos, com as estreias de Brendon Hartley na F1 pela Toro Rosso, substituindo Carlos Sainz, que debuta pela Renault. O neozelandês até que fez um trabalho decente para alguém que sequer testou o carro e mesmo ficando no Q1, não dá para criticar o rapaz. De volta à F1 Kvyat fez o que vinha fazendo, levando a Toro Rosso para o Q2 e por lá ficando. Já Sainz foi um dos destaques do final de semana, superando Hulkenberg em boa parte dos treinos num carro que está apenas conhecendo agora. O espanhol levou a Renault para o Q3, fazendo o mesmo que Hulk (que nem participou do Q2 com problemas) e bem mais do que Jolyon Palmer. Correndo com o capacete que utilizou em Indianápolis, Alonso fez um bom papel ao subir para o Q3, mas numa reta oposta muito longa, o espanhol deve ser bem ultrapassado amanhã. Felipe Massa vinha num dos seus melhores finais de semana do ano, mas na classificação acabou ficando de fora do Q3 por muito pouco, enquanto Lance Stroll ficou no caminho pelo Q1 e quase se envolveu num acidente perigoso com Grosjean.

Liderando em todos os treinos livres e nas duas primeiras partes da classificação, a pole de Hamilton foi protocolar, com uma volta recorde no espetacular circuito de Austin. As imagens on-board da volta de Hamilton impressionam pela velocidade atingida no meio das curvas, num instante em que a F1 felizmente volta a impressionar seus fãs. Vettel tirou uma bela volta da cartola para ao menos largar na primeira fila, deixando Bottas com cara de tacho em terceiro. Raikkonen e Ricciardo marcaram exatamente o mesmo tempo, enquanto Verstappen decepcionou em sua última volta na classificação, porém, o holandês foi punido e largará no final do pelotão.

Hamilton tem chances de ser tetracampeão em Austin, mas as chances são mais matemáticas do que reais, pelo demonstrado até aqui. Lewis teria que vencer e Vettel ficar abaixo de sexto. Porém, se a fatura não liquidada em Austin, provavelmente será no México.

domingo, 15 de outubro de 2017

Sem queimar no molhado

Mesmo no molhado e em condições de pista perto do impraticável contra um rival agressivo ao extremo, Andrea Doviziozo mais uma vez mostrou o porquê está na luta pelo título deste ano. "O calculadora", como o italiano da Ducati é conhecido, não se fez de rogado e numa disputa direta contra Marc Márquez, mais uma vez superou o espanhol da Honda. 

Costumo comparar Doviziozo com Nico Rosberg. Na luta direta entre Dovi e Márquez, a vantagem para o espanhol chega a ser grande, mas Doviziozo (assim como Nico Rosberg em sua luta particular com Lewis Hamilton na F1) maximiza seus pontos fortes para que consiga alguma vantagem sobre Márquez, um piloto bem mais talentoso do que o italiano. Assim como em Zeltweg, Doviziozo soube derrotar Márquez usando suas armas e tendo pleno conhecimento do que o espanhol poderia fazer. E Márquez foi lá e fez mesmo! Uma disputa titânica que foi decidida na última curva da última volta à favor de Doviziozo, deixando o campeonato aberto, com apenas onze pontos de vantagem para Márquez.

Como toda corrida debaixo de chuva, a prova no Japão foi tensa, mas sem tantos acidentes. Uma das vítimas foi Valentino Rossi, que escorregou na curva 8 ainda na quinta volta e deu adeus às chances de título. Sem ritmo em piso molhado, a Yamaha ainda viu Maverick Viñales ficar numa situação crítica no campeonato, onde apenas uma sequencia espetacular de vitórias, combinado com azares de Márquez e Doviziozo podem deixar o espanhol da Yamaha com alguma chance. Daniel Pedrosa foi outro a praticamente a se despedir do campeonato numa corrida melancólica, onde abandonou no final. Pedrosa reclama que seu pouco peso faz com que os pneus não aqueçam de forma necessária, porém, com a outra Honda oficial, Márquez, que aparentemente nem é tão mais pesado assim, consegue aquecer os pneus de forma apropriada e briga por vitórias. Costumo dizer que o agente de Pedrosa é o melhor de todos os tempos do esporte a motor e que o espanhol é um Helio Castroneves sem as vitórias em Indianápolis. E talvez já esteja na hora de Pedrosa seguir o exemplo do brasileiro...

Se existe um piloto que adora correr na chuva é Danilo Petrucci e por dois terços da prova o italiano da Ducati esteve na briga pela vitória, mas o ritmo forte de Márquez e Doviziozo foi demais para Petrucci, no entanto, o italiano subiu mais uma vez ao pódio. A dupla da Suzuki teve o melhor final de semana do ano com Iannone e Rins chegando em quarto e quinto, superando Zarco no final da prova. Lorenzo chegou a liderar a corrida no início, mas num ritmo muito irregular, primeiro o espanhol perdeu várias posições, se estabilizou e depois fez várias ultrapassagens para chegar em sexto.

Restando apenas três corridas para o fim, o campeonato fica definitivamente bipolarizado entre Márquez e Doviziozo, dois pilotos de estilos completamente opostos, deixando o campeonato ainda mais divertido de se acompanhar. O estilo cerebral de Doviziozo sobressaiu-se debaixo de muita chuva, mas o agressivo Márquez ainda pode atacar como fez na última curva de hoje.  

sábado, 14 de outubro de 2017

Rikky

Desde os anos 1970 que a F1 se acostumou com filhos de grandes pilotos emulando a carreira dos seus pais, com diferentes graus de sucesso. Porém, Ricky von Opel foi além. Ninguém em sua família fora piloto profissional, mas seu sobrenome não nega o envolvimento com o esporte a motor. Bisneto de Adam Opel, fundador da famosa montadora alemã que se tornaria subsidiária da GM na Europa, Ricky começou até bem no automobilismo, mas a F1 se provou grande demais para ele.

Frederick von Opel nasceu no dia 14 de outubro de 1947 na cosmopolita Nova York, mas o jovem herdeiro da fortuna da Opel preferiu a nacionalidade do pequeno principado de Liechtenstein, onde cresceu. Muita gente pensa que Von Opel teve todo o apoio de sua aristocrática família, mas a verdade é que ele correu com um pseudônimo no começo da carreira, para que sua família não soubesse com o que ele estava fazendo com a sua robusta mesada. Com o nome de Antonio Branco, Rikky fez um ótimo campeonato de F-Ford em 1970, fazendo-o graduar à F3 no ano seguinte. Já em 1971 ele passou a usar seu verdadeiro nome, fazendo boas corridas na F3, incluindo um título na Lombard North em 1972. Para quem não sabe, a F3 Inglesa chegava a ter três versões durante o ano, fazendo com que houvesse mais de um campeão por ano no início da década de 1970. Von Opel corria para a equipe de Morris Nunn na F3, que tinha interesse em se graduar como equipe para a F1. O objetivo de Rikki também era a F1 e mesmo com o título na F3, o paddock da F1 via o piloto de Liechtenstein como um playboy querendo apenas se divertir.

Sem muitas escolhas, Von Opel sacou um talão de cheque e praticamente encomendou um carro de F1 que poderia se chamar de seu à Nunn, estreando no Grande Prêmio da França. Era o início da equipe Ensign. Após largar em último na primeira corrida na F1, os resultados de Von Opel melhoraram e em Zandvoort, ele conseguiu um bom 14º lugar no grid. Bancando a equipe, Von Opel voltou com a Ensign em 1974, mas o piloto se decepcionou quando percebeu que o carro era idêntico ao do ano anterior. A classificação para a primeira corrida em Buenos Aires foi tão ruim que Von Opel decidiu nem correr. Então, veio um convite tentador, mas que se mostraria fatal para as pretensões de Rikki. Bernie Ecclestone tinha colocado o inexpressivo Richard Robarts como segundo piloto de Carlos Reutemann e quando o aporte financeiro do inglês acabou, Bernie percebeu que os dólares de Von Opel poderiam ser de boa valia para a sua equipe. O herdeiro logicamente se interessou por correr numa equipe com vitórias na F1, mas a experiência na Brabham seria um pá de cal em sua carreira.

A comparação com o rápido Reutemann deixava Von Opel em situações vexatórias. O piloto não largou nenhuma vez entre os vinte primeiros e ficou de fora do Grande Premio de Mônaco. Mesmo ficando próximo de pontuar em Anderstorp e Zeltweg, ele seria dispensado da Brabham após a corrida na França, cedendo seu lugar ao bem mais talentoso José Carlos Pace. Conta a lenda que Von Opel era tão lento, que alguns pilotos pediram à Bernie que o dispensasse, mas isso nunca foi comprovado, porém, a falta de aptidão do jovem herdeiro da marca Opel entrou para o folclore da F1. Após esse fracasso na Brabham, juntamente com a pressão da família, Rikki Von Opel desistiu da F1 após apenas 14 corridas e contando com 27 anos. Como era esperado, ele se voltou aos negócios da família.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Ufa!

Foi com essas três letrinhas que a F1 suspirou quinze anos atrás, durante o Grande Prêmio do Japão de 2002. Ufa! A pior temporada dos últimos tempos (contanto os quinze posteriores) terminava em Suzuka com uma cena que foi vista o ano inteiro. Schumacher liderando de ponta a ponta, tendo Barrichello como escudeiro. No fim, ambas as Ferraris recebem a bandeirada encostada no muro, quase com os seus pilotos batendo nas mãos do mecânicos, que vibravam no muro.

Tudo muito bonito, se você estivesse vestido de vermelho. Como já foi dito em crônicas sobre essa temporada, 2002 foi uma temporada ruim vista de vários prismas. Praticamente não houve briga pelas vitórias, com a Ferrari vencendo quinze de dezessete corridas e Schumacher conseguindo onze triunfos. Ainda houve o escândalo na Áustria, manchando um título construído desde 1996 pela Ferrari e por Schumacher. Barrichello ficou com fama de coitadinho, mas com um dos maiores salários da F1 e tendo em mãos um carro capaz de vencer corridas, o brasileiro não tinha muito mais do que reclamar. Mesmo deixado de lado pela Ferrari, Rubens era vice-campeão, algo que não era possível em outro carro.

Williams e McLaren (ou BMW e Mercedes) fracassaram após um promissor 2001. As duas equipes inglesas não tiveram ritmo e consistência durante a temporada e foram presas fáceis para a Ferrari e seu domínio avassalador. Os números eram inegáveis. A Ferrari marcou 221 pontos no Mundial de Construtores. As demais dez equipes somadas marcaram... 221 pontos no total. E olhando as corridas, era fácil perceber que a Ferrari era no mínimo 1,5s mais rápida do que qualquer carro, com Schumacher superando Barrichello de forma até natural. Houve a falência da Prost antes de começar o ano e posteriormente da Arrows, durante a temporada. A Minardi se safou por pouco. Em sua grande maioria, as corridas foram sem graça. O campeonato foi definido com uma antecedência inédita. A Ferrari exalava arrogância no modo em que dominava e não estava nem aí para os outros, incluindo a F1 e seus fãs. Meio que no desespero, a FIA lançou um pacote de mudanças que mudaria a cara da F1, mas isso ficaria para 2003.

Apesar de tudo isso, ainda houve motivo de festa em Suzuka. Como o automobilismo também é feito de história de coadjuvantes, Suzuka vibrou como nunca com o quinto lugar de Takuma Sato, que marcava seus primeiros pontos em casa numa bela exibição do piloto da Jordan. Num ano em que a F1 começava a se distanciar do público (os efeitos são vistos hoje), Sato foi o motivo da festa no final de uma temporada para esquecer.

Novato surpresa

Em tempos que a F1 vê pilotos cada vez mais novos estreando na categoria, principalmente pelas mãos da Red Bull, ter um piloto de 27 anos estreando pela Toro Rosso é um das notícias mais surpreendentes dos últimos tempos, além de revelar que o programa de jovens pilotos da Red Bull não está na melhor das fases.

Brendon Hartley já fez parte da cantera da Red Bull, mas como não mostrou nada de muito impressionante quando lá esteve, o neozelandês foi dispensado e se concentrou no Endurance. Hartley logo ganhou projeção nas corridas de longa duração e como piloto oficial da Porsche, foi campeão do WEC em 2015 e venceu as 24 Horas de Le Mans esse ano. Longe dos monopostos desde 2012, Hartley não era sequer cogitado para correr na F1 nessa ou na próxima temporada, mas situações bastante específicas fez com que Brendon fosse anunciado hoje como piloto da Toro Rosso em Austin. Pierre Gasly, recentemente graduado à F1 para o lugar de Daniil Kvyat, corre com motor Honda na Super Formula no Japão e está na disputa pelo título. O campeonato tem um nível alto e a Honda não estava disposta a perder o campeonato e como nova parceira da Toro Rosso (e também da Red Bull), requisitou Gasly para a última etapa do ano, que será realizada no mesmo dia do Grande Prêmio dos Estados Unidos. Com Carlos Sainz liberado pela Renault, a Toro Rosso se viu praticamente sem pilotos para a próxima etapa da F1. Em outros tempos, Helmut Marko pinçaria um jovem talento do programa da Red Bull para revelar novas estrelas da F1, mas o austríaco se viu sem nenhuma opção confiável.

Além de trazer Kvyat de volta, a Red Bull teve que procurar uma opção como segundo piloto. Buemi tem contrato com a Toyota no WEC e a Honda logo dispensou o suíço, que ainda tem contrato com a Red Bull. Outros pilotos foram sondados e até o atual campeão da Indy Newgarden foi cogitado. De forma surpreendente, surgiu o nome de Brendon Hartley e o neozelandês foi anunciado hoje como o substituto de Gasly em Austin. Apadrinhado por Scott Dixon, Hartley negocia um lugar na Ganassi em 2018 na Indy, mas com essa porta aberta, o neozelandês pode mudar novamente de rumo. Ele será o primeiro kiwi a correr na F1 em 33 anos. E o primeiro que a Red Bull teve que colocar na Toro Rosso fora de seu programa desde Sebastien Bourdais. Outros tempos na casa austríaca...

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O psicólogo

Alguns pilotos são mais conhecidos por eventos longe de serem gloriosos. Algumas vezes, até mesmo trágicos ou cômicos. Siegfried Stohr teve uma carreira efêmera na F1, mas sua reação ao atropelar um mecânico de sua equipe entrou para a história da categoria, contudo, felizmente foi muito mais um susto do que uma tragédia. 

Siegfried Werner Stohr nasceu em Rimini no dia 10 de outubro de 1952. De pai alemão, mas italiano da gema apenas do nome completamente germânico, Stohr começou no kart em 1969, sendo contemporâneo de vários pilotos italianos que chegaram à F1, como Elio de Angelis, Riccardo Patrese e do americano Eddie Cheever, que fez toda a sua carreira de base na Itália. Stohr conseguiu bons resultados no kart, sendo campeão italiano e europeu da categoria, mas o italiano esperou tempo demais para graduar nos monopostos, só estreando nos carros em 1976, aos 24 anos de idade, na F-Itália. Stohr ficou duas temporadas na categoria, onde foi vice-campeão na primeira tentativa e campeão na segunda, fazendo-o estrear na F3 Italiana em 1978, conseguindo o campeonato logo de cara. Sigfried pilotava pela marca Chevron e foi correndo pela equipe oficial que ele estreou na F2 Europeia em 1979, mas os resultados não foram animadores, numa época em que os March dominavam a F2.

Em 1980 Stohr consegue o que seria sua única vitória na F2 com um triunfo em Enna-Pergusa, correndo com Toleman, que tinha o melhor chassi do ano. Ajudado pela Beta, Siegfried Sothr conseguiu um lugar na F1 pela Arrows em 1981, tendo como companheiro de equipe o velho conhecido Patrese. Mesmo com o nome alemão, Storh era bastante reconhecido na Itália e suas primeiras corridas na F1 não foram de todo ruim, mas um fato marcaria para sempre sua carreira. O Grande Prêmio da Bélgica de 1981 fora acidentado e trágico, com Carlos Reutemann atropelando e matando um mecânico da Osella durante os treinos. Os mecânicos resolveram protagonizar uma manifestação antes da largada, o que adiou a luz verde, além de bagunçar completamente os procedimentos de largada. Alguns pilotos ficaram parados por vários minutos, superaquecendo a embreagem. Stohr largava em 13º, enquanto Patrese estava em quarto no grid. Riccardo acabou deixando o motor morrer, com problemas de embreagem, um pouco antes da luz verde. De forma irresponsável, o mecânico da Arrows David Luckett pulou o pit-wall e correu em socorro à Patrese, ficando abaixado na traseira da Arrows do italiano. O problema foi que a largada foi autorizada mesmo com um mecânico no meio da pista. Não podia dar certo. Stohr largava quatro filas atrás de Patrese e no lado contrário da onde estava o companheiro de equipe. Enquanto a maioria dos pilotos desviavam do carro parado, Stohr acabou indo para o lado errado e acertando a traseira de Patrese. E Luckett. 

Parecia que mais tragédia havia se abatido em Zolder. Mecânicos da Ligier foram os primeiros a entrar na pista, mas a reação mais italiana possível de Stohr fez parecer que Luckett estava, no mínimo, gravemente ferido. Porém, ao contrário de todos os prognósticos, o caso de David Luckett não era tão grave assim. Ele foi levado ao hospital com contusões em suas pernas, mas nada demais. Na corrida seguinte em Mônaco, a TV mostrou Stohr dormindo dentro do cockpit, enquanto uma pessoa mostrava uma mensagem para Luckett. Porém, aquele acidente mexeu na cabeça de Stohr. O desempenho dele caiu vertiginosamente e em Zandvoort, ele faria sua última corrida na F1. Formado em psicologia, Stohr resolveu exercer sua profissão, mas dentro do automobilismo. Em 1982 ele fundou uma escola de pilotagem no circuito de Misano que funciona até hoje, além de ter se tornado colunista da Autosprint e escrito vários livros sobre direção defensiva e psicologia esportiva. Foi um grande susto que fez Stohr sair da F1 e encontrar seu verdadeiro nicho.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Figura(JAP): Lewis Hamilton

Os números cada vez maiores de Hamilton já permitem certos caprichos do inglês. Mesmo adorando a pista de Suzuka, Lewis jamais havia sido pole na pista japonesa. No sábado, Hamilton foi lá e cravou sua 71º pole da carreira e acabou com esse jejum, além de marcar um xis em todas as pistas do calendário atual. Porém, o domingo amanheceu com sol forte, ao contrário do resto do final de semana de frio e chuva em Suzuka, e haviam dúvidas se a Ferrari teria um melhor desempenho com a pista mais quente, contudo, tudo foi dissipado quando Vettel mal conseguiu largar e abandonou ainda na quinta volta. Sem seu maior rival na disputa, Hamilton caminhou para a vitória, mas esteve longe de ter pouco trabalho. A ascensão da Red Bull fez com que Max Verstappen fosse uma sombra constante para o piloto da Mercedes, principalmente quando os líderes colocaram os pneus macios. Próximo de completar 33 anos e em sua décima primeira temporada, Hamilton usou a seu favor o que ainda falta ao prodígio holandês: experiência. Lewis soube negociar melhor com os retardatários e nos momentos em que era mais atacado, soube colocar alguém entre ele e Max. O triunfo em Suzuka foi decisivo. Se um mês atrás Hamilton lutava com Vettel numa batalha fratricida agora o inglês faz as contar onde comemorará o tetracampeonato e para isso, nem precisa mais vencer. Claro que a vantagem de Hamilton foi construída também pelos erros da Ferrari, mas o inglês teve o mérito de capitalizar os pontos fortes da Mercedes e aproveitar todas as chances que apareceram. Hamilton ainda não é campeão de 2017, mas será.

Figurão(JAP): Ferrari

Terceira corrida consecutiva com a Ferrari nessa parte da coluna, mas infelizmente para os italianos e para Sebastian Vettel, a scuderia mereceu estar aqui novamente. A Ferrari liderou boa parte do campeonato e protagonizou com a Mercedes uma das mais interessantes brigas dos últimos tempos, com a dominância flutuando de acordo como o carro se adaptava ao circuito no calendário. Ora a Ferrari sobressaía, ora a Mercedes dominava. O campeonato saiu da Europa com a expectativa de um final de certame brigado até o final, mas a Ferrari estragou todos os sonhos dos fãs da F1 com uma confiabilidade débil, o que acabou afetando as chances de Vettel nesse finalzinho de ano. Se nas duas últimas etapas a Ferrari tinha o melhor carro e vacilou no momento decisivo, em Suzuka a Mercedes tinha um carro superior e era favorita destacada à vitória, mas Vettel estava ali, ao lado de Hamilton na primeira fila. Então, veio a volta de instalação e um problema no motor causou desespero nos italianos. Ma que? De forma rápida e atabalhoada, a Ferrari ainda fez com que Vettel largasse, mas no meio da primeira volta o alemão foi ultrapassado por Verstappen e Sebastian só não perdeu mais posições porque o safety-car entrou na pista. "No power". Frase conhecida nos rádios de Alonso apareceu com o nome de Vettel ao lado. Uma vela que custa 50 reais era a causa de todo o problema. O alemão abandonou a corrida na quinta volta e com Hamilton vencendo, o campeonato  será uma mera formalidade de quando Lewis será campeão. Talvez a falta de experiência do grupo atual da Ferrari tenha influenciado um final de ano tão complicado e cheio de quebras como o de 2017. A Ferrari terá que tomar lições do que aconteceu nas três últimas provas, mas para ser aproveitado em 2018, porque esse ano acabou.

domingo, 8 de outubro de 2017

Experiência contando a favor

O último título da Ferrari completará nessa temporada dez anos, desde que Raikkonen se aproveitou do caos interno dentro da McLaren para superar o então novato Hamilton e o 'maldito' Alonso. Após o triunfo do finlandês, a Ferrari esteve na briga pelo título apenas outras três vezes, sempre fracassando na corrida final. Brigar pelo título na F1 nunca é fácil e muitas vezes ter experiência recente nisso faz muita diferença. O grupo atual da Ferrari não teve, até então, essa disputa de título e provavelmente isso esteja fazendo diferença nesse final de campeonato. Mais uma vez a Ferrari pisou na bola de forma vergonhosa, deixando Vettel na mão ainda nas primeiras voltas, em algo muito parecido com o que aconteceu com Raikkonen na semana passada, com a diferença que o alemão ainda conseguiu largar antes de ser engolido pelo pelotão. Já favorito à vitória, Hamilton teve mais trabalho do que o imaginado, mas administrou uma vitória decisiva que já faz o inglês começar uma contagem regressiva de quando irá comemorar o tetracampeonato.

Apesar de ser uma das pistas mais espetaculares do calendário, Suzuka nunca foi uma pista de corridas boas para se assistir. Estreita, com poucas áreas de escape e sem freadas muito fortes, o circuito japonês não favorece as ultrapassagens e por isso, a largada definiria muita coisa. Contudo, não foi o caso em 2017. Hamilton e Vettel largaram bem da primeira fila e pareciam que brigariam até o fim pela vitória, mesmo com Lewis tendo uma vantagem considerável em todos os treinos, a Ferrari já tinha mostrado um ritmo mais forte de corrida em outras oportunidades. Porém, tudo se mostrou diferente dos prognósticos quando Vettel foi ultrapassado por Verstappen no hairpin e antes de completar a primeira volta, o alemão perdera mais três posições. "No power". Frase dita tantas vezes por Alonso era agora mencionada por Vettel. O motor da Ferrari já tinha apresentado problemas antes da largada, como acontecera com Raikkonen, mas desta vez os mecânicos da Ferrari permitiram Vettel largar, mas não demorou muito para que o problema voltasse com força total. Vettel abandonaria algumas voltas mais tarde por um banal problema de vela. Uma vela Bosch é encontrada por até 50 reais no mercado. Ou seja, um problema relativamente simples destruiu os sonhos da Ferrari de voltar a ser campeã. A passagem asiática foi decisiva no campeonato, pois enquanto Vettel sofria, Hamilton conseguiu duas vitórias e um segundo lugar, aumentando para mais de 50 pontos a vantagem sobre Vettel no campeonato. Se nada de mais grave ocorrer, o título poderá ser conquistado no México, ou se ocorrer uma reação da Ferrari, em Interlagos. Porém, hoje Hamilton teve mais trabalho do que o imaginado e precisou da ajuda de outros pilotos, de forma involuntária ou não, para segurar Verstappen no segundo stint de corrida, quando os líderes colocaram pneus macios. Primeiro contou a valiosa ajuda de Bottas, que vinha numa estratégia diferente, para se colocar entre ele e Max no momento em que o holandês vinha claramente mais forte. Já nas voltas finais, uma vibração no carro de Lewis fez com que Verstappen colasse de vez, mas Hamilton usou sua experiência ao colocar os retardatários Massa e Alonso no meio da briga, para garantir uma vitória decisiva. Bottas fez muito bem seu papel de escudeiro, mas no geral, o finlandês teve outra corrida opaca, onde não foi capaz de atacar Ricciardo mesmo 1s mais rápido nas voltas finais, porém, o nórdico se aproveita da maré de azar ferrarista e encostou de vez no campeonato em Vettel. Contudo, pelo o que vem apresentando nesse momento, Bottas não mereceria superar Vettel no campeonato...

Motivado pela vitória na Malásia, Verstappen fez outra ótima corrida e poderia ter saído com uma dobradinha na Ásia, mas o holandês foi atrapalhado por Bottas, numa ordem de equipe, e depois por retardatários. Max largou muito bem, ultrapassou Ricciardo limpamente na primeira curva e ainda na volta inicial deixou Vettel para trás numa manobra onde mostrava que não queria perder tempo, além de sua fome pela vitória. Um ponto positivo é o crescimento da Red Bull nessa reta final de campeonato, com Ricciardo conseguindo o nono pódio nas últimas doze corridas, mas o australiano pode-se colocar em breve na situação de Nico Rosberg dentro da equipe Red Bull. Claramente menos talentoso do que Verstappen, o australiano terá que extrair ao máximo seus pontos fortes para conseguir superar o menino prodígio, que conseguiu dois resultados espetaculares e esteve sempre na briga pela vitória na prova de hoje. Punido por uma troca de câmbio, Raikkonen fez sua obrigação ao ultrapassar os carros do pelotão intermediário para chegar na quinta posição e por lá ficar até a bandeirada. Kimi é o típico funcionário padrão, onde cumpre suas obrigações e não faz nada além do necessário para se manter onde está. Como esperado a Force India foi a melhor do resto, mas Esteban Ocon conseguiu uma ótima largada, chegando a ocupar o terceiro lugar, porém, não demorou para o francês sucumbir ao ritmo das equipes de ponta. Contudo, uma corrida boa da Force India sem uma polêmica envolvendo seus dois pilotos não teria o mesmo gosto. Num ritmo inferior com pneus macios, Ocon se viu atacado por Pérez, que pediu passagem. Com medo de novos incidentes, a equipe negou o ataque. Sabendo que o rádio poderia ser mostrado, o mexicano tascou: Então manda ele andar mais, pois está muito lento!

A Haas saiu das últimas posições para os pontos com seus dois pilotos, com Magnussen efetuando a manobra do dia, ao ultrapassar Massa na curva dois, de forma que o brasileiro ainda permitiu a Grosjean seguir o companheiro de equipe, na melhor corrida da escuderia americana nos últimos tempos. Massa até começou bem, mas seu ritmo caiu muito com os pneus macios e após ser ultrapassado pela dupla da Haas, ainda influenciou a briga pela vitória ao segurar Verstappen por várias curvas, no momento em que era atacado por Alonso, mas o brasileiro ainda garantiu um pontinho. Alonso fez outra corrida muito boa com o equipamento que tem em mãos e por muito pouco não conseguiu um ponto em Suzuka, na última corrida no Japão pela Honda. Vandoorne vinha embalado pelos últimos resultados e após conseguir uma boa posição de grid, o belga poderia usar o conhecimento que tem da pista nos seus anos no Japão a seu favor, mas uma má largada jogou o jovem para as últimas posições e por lá ele ficou. Stroll ficou brigando com Vandoorne boa parte da corrida, mas acabou tendo a suspensão quebrada no final da corrida, trazendo o safety-car virtual que quase deu a vitória para Verstappen. A Renault continuou seu inferno astral com outro problema no carro de Hulkenberg, quando o alemão tinha tudo para marcar bons pontos. Com pneus supermacios, o alemão já partia para cima dos carros da Haas e de Massa quando o DRS apresentou defeito e Hulk precisou abandonar. Palmer fez uma corrida correta em sua despedida da F1, chegando próximo de Alonso e dos pontos. Gasly não soube usar o conhecimento do circuito de Suzuka a ser favor e ficou longe dos pontos, enquanto Sainz se despediu da Toro Rosso numa batida na primeira volta, após um final de semana terrível para o espanhol. Marcus Ericsson causou a segunda intervenção do safety-car (contanto o real e o virtual) ao sair da pista sozinho. A cara do engenheiro da Sauber ao ver o acidente mostra bem o tamanho da enrascada que a equipe suíça está metida. Sem os milhões de Ericsson, o time não consegue sobreviver, mas ter que aguentar a ruindade do sueco também faz o nível da equipe cair muito. E não devemos esquecer que foi Ericsson que Nasr não conseguiu derrotar...

A F1 sai da Ásia com o título bastante encaminhado para Lewis Hamilton. Claro que da mesma forma que tudo deu errado para Vettel nas três últimas corridas, pode acontecer o mesmo com Hamilton nas três próximas provas, mas a experiência da Mercedes dificilmente deixaria Lewis ficar praticamente zerado em tão poucas corridas. Outro fator complicador para Vettel é o crescimento da Red Bull, fazendo com que o time austríaco não seja mais uma isolada terceira força, mas que brigue por vitórias e pódios daqui para frente, o que poderá significar mais pontos perdidos para o alemão. Hamilton já pode administrar o campeonato e fazer contas. Ao contrário de todos os prognósticos, o título deverá vir de forma antecipada.