Alguns pilotos são mais conhecidos por eventos longe de serem gloriosos. Algumas vezes, até mesmo trágicos ou cômicos. Siegfried Stohr teve uma carreira efêmera na F1, mas sua reação ao atropelar um mecânico de sua equipe entrou para a história da categoria, contudo, felizmente foi muito mais um susto do que uma tragédia.
Siegfried Werner Stohr nasceu em Rimini no dia 10 de outubro de 1952. De pai alemão, mas italiano da gema apenas do nome completamente germânico, Stohr começou no kart em 1969, sendo contemporâneo de vários pilotos italianos que chegaram à F1, como Elio de Angelis, Riccardo Patrese e do americano Eddie Cheever, que fez toda a sua carreira de base na Itália. Stohr conseguiu bons resultados no kart, sendo campeão italiano e europeu da categoria, mas o italiano esperou tempo demais para graduar nos monopostos, só estreando nos carros em 1976, aos 24 anos de idade, na F-Itália. Stohr ficou duas temporadas na categoria, onde foi vice-campeão na primeira tentativa e campeão na segunda, fazendo-o estrear na F3 Italiana em 1978, conseguindo o campeonato logo de cara. Sigfried pilotava pela marca Chevron e foi correndo pela equipe oficial que ele estreou na F2 Europeia em 1979, mas os resultados não foram animadores, numa época em que os March dominavam a F2.
Em 1980 Stohr consegue o que seria sua única vitória na F2 com um triunfo em Enna-Pergusa, correndo com Toleman, que tinha o melhor chassi do ano. Ajudado pela Beta, Siegfried Sothr conseguiu um lugar na F1 pela Arrows em 1981, tendo como companheiro de equipe o velho conhecido Patrese. Mesmo com o nome alemão, Storh era bastante reconhecido na Itália e suas primeiras corridas na F1 não foram de todo ruim, mas um fato marcaria para sempre sua carreira. O Grande Prêmio da Bélgica de 1981 fora acidentado e trágico, com Carlos Reutemann atropelando e matando um mecânico da Osella durante os treinos. Os mecânicos resolveram protagonizar uma manifestação antes da largada, o que adiou a luz verde, além de bagunçar completamente os procedimentos de largada. Alguns pilotos ficaram parados por vários minutos, superaquecendo a embreagem. Stohr largava em 13º, enquanto Patrese estava em quarto no grid. Riccardo acabou deixando o motor morrer, com problemas de embreagem, um pouco antes da luz verde. De forma irresponsável, o mecânico da Arrows David Luckett pulou o pit-wall e correu em socorro à Patrese, ficando abaixado na traseira da Arrows do italiano. O problema foi que a largada foi autorizada mesmo com um mecânico no meio da pista. Não podia dar certo. Stohr largava quatro filas atrás de Patrese e no lado contrário da onde estava o companheiro de equipe. Enquanto a maioria dos pilotos desviavam do carro parado, Stohr acabou indo para o lado errado e acertando a traseira de Patrese. E Luckett.
Parecia que mais tragédia havia se abatido em Zolder. Mecânicos da Ligier foram os primeiros a entrar na pista, mas a reação mais italiana possível de Stohr fez parecer que Luckett estava, no mínimo, gravemente ferido. Porém, ao contrário de todos os prognósticos, o caso de David Luckett não era tão grave assim. Ele foi levado ao hospital com contusões em suas pernas, mas nada demais. Na corrida seguinte em Mônaco, a TV mostrou Stohr dormindo dentro do cockpit, enquanto uma pessoa mostrava uma mensagem para Luckett. Porém, aquele acidente mexeu na cabeça de Stohr. O desempenho dele caiu vertiginosamente e em Zandvoort, ele faria sua última corrida na F1. Formado em psicologia, Stohr resolveu exercer sua profissão, mas dentro do automobilismo. Em 1982 ele fundou uma escola de pilotagem no circuito de Misano que funciona até hoje, além de ter se tornado colunista da Autosprint e escrito vários livros sobre direção defensiva e psicologia esportiva. Foi um grande susto que fez Stohr sair da F1 e encontrar seu verdadeiro nicho.
E não é que o Stohr é a cara do Rodrigo Lombardi?
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