sábado, 30 de junho de 2018

Pintando domínio

A pole pode ser um pouco surpreendente, mas a Mercedes mostrou que suas atualizações trazidas para a Áustria está fazendo um grande efeito e desequilibrando a disputa com Ferrari e Red Bull. Além do novo motor, ajustes aerodinâmicos ajudaram Valtteri Bottas vencer uma disputa apertada com Hamilton, que errou bastante na classificação, e o finlandês conseguir sua primeira pole nessa temporada, mas com a Mercedes começando a dar pinta que pode dominar o resto da temporada.

A classificação foi dentro do normal, apesar da surpreendente queda de Sergio Pérez no Q1, mostrando que com algum atraso, os problemas fora da pista da Force India começaram a afetar o desempenho dos seus dois bons pilotos. Lance Stroll salvou um pouco a honra da Williams ao passar no Q2 na última vaga disponível e Alonso continua a sofrer com sua McLaren, se alegrando com um magro 13º lugar. Que fase!

Desde os treinos livres a Mercedes foi sempre a mais rápida com alguma folga e mesmo Vettel tendo marcado o melhor tempo no último treino livre, era claro que os pilotos da Mercedes não forçaram a barra. Por isso não foi surpresa o domínio prateado na classificação, onde nem Ferrari, muito menos a anfitriã Red Bull tiveram condições de brigar com Bottas e Hamilton. Por sinal, num circuito de muitas retas, a Red Bull teve dificuldade de superar a Haas, em ótima forma na Áustria, com Grosjean separando os dois carros austríacos. Bottas vinha andando muito forte e próximo de Hamilton, mas era o inglês o grande favorito, porém o finlandês conseguiu duas ótimas voltas no Q3 e ficou com a pole, enquanto Vettel ficava três décimos atrás do pole. Muita coisa num circuito de pouco de mais de um minuto, enquanto Raikkonen, cuja vaga em 2019 parece destinada mesmo a Leclerc, pouco apareceu.

Ontem e hoje haviam muitas nuvens em cima do circuito, mas sem chuva. Quem sabe a chuva não venha amanhã?

sexta-feira, 29 de junho de 2018

História: 15 anos do Grande Prêmio da Europa de 2003

Quinze anos atrás a McLaren levou seu novo modelo MP4/18 para testes em Jerez, junto da Renault e da Toyota. O carro era bem diferente do bólido usado por Kimi Raikkonen para brigar com Michael Schumacher pelo título e haviam bastante expectativas para o novo carro. Expectativas que foram frustradas simplesmente porque o novo modelo nunca foi à uma corrida de F1... Kimi teria que se conformar com o modelo MP4/18 atualizado, mas que vinha funcionando muito bem em 2003. A Ferrari havia construído novamente o melhor carro da temporada, mas a Michelin tinha os melhores pneus e com isso, Williams e McLaren conseguiam fazer frente ao carro italiano, calçado com Bridgestone.

Mesmo com um carro defasado Raikkonen ficou com a pole por uma margem mínima em cima de Schumacher, que corria praticamente no quintal de casa. A McLaren vinha se caracterizando por largar sempre com muito combustível em 2003, indicando que o bom desempenho de Kimi não estava relacionado ao pouco peso do carro para largar mais à frente. A dupla da Williams completava a segunda fila e Barrichello, vencedor do ano anterior, era quinto a menos de três décimos da pole, indicando um bom equilíbrio entre os pilotos da ponta.

Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 1:31.523
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:31.555
3) R.Schumacher (Williams) - 1:31.619
4) Montoya (Williams) - 1:31.765
5) Barrichello (Ferrari) - 1:31.780
6) Trulli (Renault) - 1:31.976
7) Panis (Toyota) - 1:32.350
8) Alonso (Renault) - 1:32.424
9) Coulthard (McLaren) - 1:32.742
10) Da Matta (Toyota) - 1:32.949

O dia 29 de junho de 2003 estava quente e ensolarado no sopé do castelo de Nürburg, num clima perfeito para uma corrida de F1, além de atrair milhares de alemães para torcer para os irmãos Schumacher. O circuito de Nürburgring fica a apenas alguns quilômetros da cidade natal do clã Schumacher e por isso, o circuito estava pintado de vermelho, mesmo Ralf estar correndo de Williams. A largada aconteceu sem maiores problemas com Raikkonen permanecendo na ponta e os irmãos Schumacher trocando de posição, com Ralf subindo para segundo, o que acabaria sendo decisivo, além de Montoya perder sua posição para Barrichello.

O ritmo de Raikkonen era muito bom num dia quente e onde os pneus Michelin poderiam fazer a diferença para os seus clientes. Em sete voltas, Kimi já abria 6s para Ralf, que tinha as duas Ferraris logo atrás, mas sem ataques diretos. Jacques Villeneuve fazia uma corrida muito ruim e no começo da prova ele brigava com as Minardis pelas últimas posições, danificando sua asa dianteira nessa batalha, fazendo-o perder ainda mais tempo. A primeira rodada de paradas se iniciou na volta 16 com Raikkonen e Michael Schumacher. Ralf Schumacher surpreende a todos ao retardar a sua primeira parada até a volta 21, mostrando que mesmo mais pesado, ainda foi capaz de andar próximo dos líderes na classificação. O alemão da Williams estava apenas 4s atrás de Kimi quando o motor do finlandês explodiu espetacularmente na volta 26, acabando a bela corrida de Raikkonen, que liderava com o seu carro 'antigo'.

Trulli e Panis abandonaram na volta 40 quando estavam na zona de pontuação, enquanto Michael Schumacher abriu a segunda rodada de paradas. Montoya consegue ultrapassar Barrichello nos boxes, algo que Coulthard não conseguiu fazer com relação à Alonso, ficando preso atrás do espanhol. Com caminho livre, Montoya partiu para cima de Michael. Montoya colocou por dentro no hairpin e os dois se tocam, com Michael ficando parado na areia. Comissários correram para empurrar a Ferrari. Correram tanto, que até mesmo o tratorista correu para mandar Schumacher o mais rápido possível para a pista, mas ele caía para sexto lugar. O alemão se aproximou da animada briga entre Alonso e Coulthard. Já sem paciência, Coulthard tentou a ultrapassagem sobre o espanhol e acabou rodando, deixando David furioso depois da corrida. Na última volta, Schumacher ainda tentou ultrapassar Alonso na última curva, mas não obteve êxito e ainda quase tocou na traseira da Renault. Ralf Schumacher se aproveitou do abandono de Raikkonen para vencer tranquilamente numa corrida dominada pelos pneus Michelin, com Montoya completando a dobradinha da Williams na Alemanha e Barrichello ficando com lugar mais baixo do pódio numa corrida burocrática. Apesar do quinto lugar, Schumacher aumentava sua vantagem em cima de Raikkonen para sete pontos, mas via preocupado o crescimento da Williams. Com os pneus Michelin funcionando muito bem no calor, Schumacher teria um longo verão europeu pela frente...

Chegada:
1) R.Schumacher
2) Montoya
3) Barrichello
4) Alonso
5) M.Schumacher
6) Webber
7) Button
8) Heidfeld

Recorde, 35 anos depois

Uma das marcas registradas de Stefan Bellof e todo o seu imenso talento foi o recorde que o alemão marcou em Nordschleife, o famoso inferno verde de Nürburgring, de 1983 com um Porsche. A marca alemã preparou o modelo 919 que era usado no WEC para bater recordes de forma promocional. Ou um teste para a provável entrada na F1 nos próximos anos... Timo Bernhardt levou o Porsche 919 para Nürburgring para bater o recorde em quase um minuto, a uma velocidade máxima de 369 km/h. Muito belo de se ver:


quinta-feira, 28 de junho de 2018

História: 20 anos do Grande Prêmio da França de 1998

Após uma ligeira passagem pela América do Norte, a F1 retornava à Europa com algumas novidades. Mesmo tendo marcado um ponto em Montreal, Jan Magnussen acabou dispensado pela Stewart e seu lugar foi ocupado por Jos Verstappen, que estava fora da F1 desde o final de 1997. Magnussen havia chegado na F1 com altas expectativas e era uma espécie de protegido por Jackie Stewart após sua ótima temporada na F3 Inglesa em 1994, onde chamou a atenção de todos, mas o dinamarquês decepcionou bastante na F1, nunca repetindo o brilho dos seus tempos nas categorias de base. Hoje, Jan Magnussen é uma espécie de exemplo de pilotos que são fenômenos nas categorias de base, mas se perdem quando chegam à F1.

A Goodyear havia produzido um novo tipo de pneu que traria um ganho de competitividade aos seus clientes, em especial à Ferrari, na sua briga com a McLaren, porém, Mika Hakkinen conseguiu sua quinta pole na temporada, mas demonstrando a evolução da borracha americana, Schumacher ficou em segundo, apenas dois décimos atrás de Mika, numa pista que em tese favoreceria a McLaren. McLaren e Ferrari ocupariam também a segunda fila, com Jacques Villeneuve muito próximo em quinto. Fazendo uma temporada muito ruim até o momento, a Jordan se adapta bem aos novos pneus Goodyear e tiveram a melhor classificação do ano, superando seus rivais da Benetton.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:14.929
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:15.159
3) Coulthard (McLaren) - 1:15.333
4) Irvine (Ferrari) - 1:15.527
5) Villeneuve (Williams) - 1:15.630
6) R.Schumacher (Jordan) - 1:15.925
7) Hill (Jordan) - 1:16.245
8) Frentzen (Williams) - 1:16.319
9) Fisichella (Benetton) - 1:16.375
10) Wurz (Benetton) - 1:16.460

O dia 28 de junho amanheceu ensolarado e quente em Nevers, região rural onde se localiza o circuito de Magny-Cours e onde as equipes se viravam para conseguir hospedagens, fazendo a etapa francesa uma das menos populares por causa da localização do autódromo, que ainda assim, sempre recebia bons públicos. A primeira largada foi cancelada quando Verstappen teve problemas em seu carro e a corrida teria uma volta a menos. Estranhamente o holandês largou na mesma posição na segunda tentativa, onde Schumacher conseguiu uma ótima largada e permaneceu na frente. Na primeira tentativa Hakkinen havia ultrapassado Schumacher, mas na largada para valer, o finlandês não repete o mesmo arranque e acaba ultrapassado por Irvine por fora na primeira curva, enquanto Coulthard era ultrapassado por Villeneuve, mas o escocês retomaria a posição na freada da reta oposta.

Irvine ter ultrapassado Hakkinen na largada ajudou bastante Schumacher, que imprimiu um ritmo forte na frente, abrindo 6s em cinco voltas, enquanto o irlandês segurava os dois carros da McLaren. Mais atrás, Villeneuve era pressionado pelos dois carros da Jordan, mostrando a recuperação da equipe do velho roqueiro Eddie Jordan, porém, Damon Hill tem problemas de motor e abandona na volta 19. Logo em seguida Ralf vai aos boxes com a suspensão dianteira quebrada e fica muito tempo nos boxes para consertar o problemas, chegando a retornar a corrida, mas sem chances de marcar pontos. Hakkinen ficava cada vez mais impaciente atrás de Irvine e na volta 20 ele tenta uma ultrapassagem otimista, que o faz perder o controle do seu McLaren e roda. Mika voltou à corrida sem problemas, perdendo apenas a terceira posição para Coulthard. Na volta seguinte Hakkinen foi aos boxes fazer sua parada programada, retornando atrás de Alesi, ultrapassando-o rapidamente, demonstrando sua fome de não perder mais tempo. Coulthard consegue ultrapassar Irvine na pista, mas a McLaren tem problemas no pit-stop, demorando 17s para terminar o serviço no carro do escocês. Quando as duas Ferraris fazem suas paradas, Schumacher liderava com mais de 20s de vantagem em cima de Irvine, que novamente tinha Hakkinen em seus retrovisores, enquanto a McLaren tinha dúvidas se todo o combustível havia entrado no carro de Coulthard.

A segunda rodada de paradas viu a McLaren continuar a sofrer com a máquina de reabastecimento de Coulthard, que foi aos boxes duas vezes para colocar combustível e caiu para sétimo. Hakkinen voltou mais rápido no seu terceiro stint e voltava a pressionar Irvine pela segunda posição, enquanto Schumacher liderava absoluto na frente. Coulthard teve que ir aos boxes pela quarta vez para completar o tanque e terminar a corrida. O quinto colocado Wurz leva um susto quando o motor de Tora Takagi quebra na sua frente e o austríaco roda, mas ainda retorna na quinta posição. Frentzen chega a ultrapassar Alesi pela sexta posição, mas logo em seguida o alemão tem problemas de suspensão e abandona. A briga do final da corrida foi mesmo entre Irvine e Hakkinen, que fez de tudo para ultrapassar o piloto da Ferrari, inclusive quase rodando novamente, mas Irvine conseguiu manter a posição. Schumacher conseguiu a terceira vitória do ano e a trigésima da carreira, provavelmente uma das mais tranquilas. Com Irvine mantendo a segunda posição, a Ferrari conseguia sua primeira dobradinha em oito anos! Villeneuve fez uma corrida solitária após os abandonos dos carros da Jordan para ser quarto, enquanto Wurz terminou em quinto e Coulthard ultrapassou Alesi na última volta para ser sexto. A vitória de Schumacher representou uma aproximação no campeonato e com Coulthard tendo problemas, a briga pelo título ficava ainda mais centralizada entre Schummy e Hakkinen.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Irvine
3) Hakkinen
4) Villeneuve
5) Wurz
6) Coulthard

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Figura(FRA): Charles Leclerc

Correndo praticamente em casa, Charles Leclerc vai se consolidando como um dos grandes nomes da nova geração da F1. O monegasco vai mostrando a cada corrida que ele é mesmo feito de um material diferente. Em Paul Ricard, mais uma vez Leclerc surpreendeu com o equipamento que tem em mãos. No sábado, Charles levou sua cambaleante Sauber ao Q3, algo que não acontecia desde 2015. "Nunca estive aqui, onde estaciono o carro", perguntou pelo rádio o novato sensação da F1. Na corrida, Leclerc se esquivou muito bem do acidente da primeira curva e estava em sexto quando a corrida reiniciou. Atacado por Raikkonen com uma Ferrari, pouco pôde fazer, mas Leclerc chegou a pressionar a Haas de Magnussen e andou de igual para igual com Renault de Sainz e Hulkenberg. Esperando uma chuva que não veio, a Sauber deixou Leclerc tempo demais na pista e estragou a corrida do monegasco, que perdeu contato com a dupla da Renault e Magnussen, mas marcou um pontinho com a décima posição, chegando mais uma vez na zona de pontuação, constância inédita nos últimos conturbados anos da Sauber. Mesmo Raikkonen tendo feito uma boa corrida nesse domingo, são cada vez mais fortes os indícios de que Leclerc irá para a Ferrari em 2019 e pelo o que está fazendo, será mais do que merecido. 

Figurão(FRA): McLaren

Após uma parceria fracassada com a Honda, a McLaren veio para 2018 completamente renovada. Com motores Renault e o mítico lay-out laranja, o time de Zak Brown e Eric Boullier falava em brigar pelo pódio com a Red Bull, já que os austríacos utilizam os mesmos motores Renault e a falta de resultados da McLaren nos últimos anos era o raquítico motor Honda. Passadas oito etapas, a Red Bull não apenas briga por pódio, como fica constantemente no páreo das vitórias com o motor Renault. Já a McLaren... Mesmo utilizando o precioso talento de Fernando Alonso, em nenhum momento a McLaren sequer flertou com o pódio nessa temporada e o máximo que a equipe almejou foram conseguir alguns pontos, numa briga encarniçada no meio do pelotão com Renault, Haas e Force India. Em Paul Ricard, lugar que viu a McLaren conseguir várias glórias no passado, o time atingiu seu pior desempenho em 2018, voltando aos tempos em que o 'problema' era o motor Honda e hoje está provado que não é. Na classificação a McLaren deixou seus dois pilotos no Q1 e na corrida a situação foi parecida, com Alonso e Vandoorne não ficando próximo de marcar pontos em nenhum momento da prova. "O carro é lento", exclamou um cada vez mais impaciente Fernando Alonso. Nos bastidores, já fala-se da demissão de Boullier. A última vitória da McLaren foi no já distante ano de 2012 e nada leva a crer que o time que já dominou a F1 em vários momentos voltará ao pelotão da frente. Sem apoio de uma montadora, sem patrocinador principal, com Alonso cada vez mais insatisfeito e com a alta direção sem rumo, a grande McLaren vai se apequenando da mesma forma da Williams. 

domingo, 24 de junho de 2018

Blasé

A F1 sempre teve corridas boas e ruins ao longo de toda a sua história e quando o circo chegava à certos circuitos, a expectativa já baixava por uma corrida empolgante. Nunca ninguém espera muita coisa de Mônaco e Barcelona, por exemplo. Montreal decepcionou porque sempre há boas corridas no Canadá, com a prova desse ano sendo uma exceção. Dez anos após o último Grande Prêmio da França, haviam duas expectativas. A volta da F1 à França, um dos lares espirituais da categoria. E se as corridas francesas seriam melhores. Seja Paul Ricard ou Magny-Cours, a lista de corridas chatas na França é extensa e hoje caiu mais uma na conta. Mesmo não precisando de ajuda, Hamilton conseguiu uma vitória tranquila muito pela eliminação dos seus dois mais rivais pela vitória logo na primeira curva da corrida.

O acidente provocado por Sebastian Vettel condicionou todo o resto da corrida. O alemão da Ferrari largou melhor do que os dois carros da Mercedes, mas ficou encaixotado na primeira curva. Sem espaço e colado na traseira de Hamilton, Vettel perdeu a frente do carro e acertou a roda traseira esquerda de Bottas, quebrando a asa do alemão e furando o pneu de Bottas. O safety-car resultante do acidente entre Ocon e Gasly mais adiante diminuiu o prejuízo de ambos, que ainda viu Vettel tomar uma merecida punição pelo erro. Hamilton estava dominando todo o final de semana, mesmo com Bottas muito próximo e Vettel à espreita. Com os dois relargando nas últimas posições, a corrida na França se tornou um passeio pela Côte d'azur e o inglês voltou a liderança do campeonato com uma boa vantagem sobre Vettel, que ainda salvou um quinto lugar após uma recuperação fulminante nas primeiras voltas. A corrida de recuperação de Vettel mostrou bem o abismo entre as equipe top-3 e o resto. O alemão rapidamente escalou o pelotão e chegou ao quinto lugar em poucas voltas, ultrapassando os demais como faca quente na manteiga. Bottas teve que percorrer toda a primeira volta com três rodas e isso pode ter afetado sua corrida de recuperação não ser tão forte, provavelmente com o assoalho de Bottas quebrado. Valtteri chegou em sétimo, não conseguindo passar Magnussen nas voltas finais, atrapalhado pelo safety-car virtual provocado por Stroll.

Elevado ao segundo lugar pela presepada de Vettel, Max Verstappen se estabeleceu na posição e mesmo não deixando Hamilton escapar muito na frente, o holandês nunca teve ritmo para alcançar Lewis. O segundo lugar foram importantes para a confiança de Max, que sofreu abalos pelos seguidos erros no começo do ano. Ricciardo estava logo atrás do companheiro de equipe, mas perdeu contato após a única parada deles e ainda foi ultrapassado por Raikkonen, que fez sua melhor corrida do ano e colocou a Ferrari no pódio. Kimi foi atrapalhado no melê da primeira volta, perdendo várias posições e foi ultrapassando os pilotos mais lentos. Raikkonen foi o último a parar e ao colocar os pneus supermacios, encostou e superou facilmente Ricciardo, porém, sua situação na Ferrari vai ficando complicada na medida que Charles Leclerc vai mostrando uma corrida impressionante em cima da outra. O jovem monegasco pontuou mais uma vez com a Sauber, chegando a correr em quinto na relargada, mas andando de igual para igual com os pilotos de Renault e Haas, só perdendo rendimento por culpa da Sauber, que postergou sua parada esperando uma chuva que não veio. Pela primeira vez se falou em Leclerc na Ferrari em 2019 em substituição à Raikkonen, nessa semana, deixando Ricciardo numa situação desconfortável na dança das cadeiras no ano que vem, pois após fazer tanto alarde que poderia sair da Red Bull, o melhor cockpit para o australiano ano que vem seja mesmo a Red Bull.

A Renault vai se consolidando como a quarta força da F1, mesmo Carlos Sainz tendo perdido a sexta posição para Magnussen nas voltas finais por problemas de motor. Hulkemberg chegou nos pontos, fazendo a Renault abrir bons pontos para as rivais, principalmente a Haas, mesmo os americanos só marcando ponto com Magnussen, já que Grosjean ficou em 11º. A Force India vem caindo pelas tabelas enquanto enfrenta sérios problemas financeiros e foi a única equipe que não terminou a corrida. Ocon e Gasly bateram na primeira volta, provocando a eliminação dos dois pilotos da casa ainda na primeira volta. Totalmente eclipsado por Leclerc, Ericsson se arrasta no final do pelotão, junto com Hartley, McLaren e Williams. Os dois times mais tradicionais ficaram com as últimas posições, justamente num dos palcos mais tradicionais da F1, onde se viu várias vitórias de Williams e McLaren. Alonso voltou a dar piti no rádio, exatamente uma semana depois de conseguir a glória mais ao norte, em Le Mans. O desabafo do espanhol é outro indício que a gloriosa carreira de Fernando Alonso terminará de forma totalmente inglória, buscando um ou dois pontos na decadente McLaren.

Hamilton venceu em Paul Ricard e suas estranhas faixas azuis e vermelhas que parece mais confundir os pilotos e expectadores do que ajudar a segurança, além da herética chicane no meio da reta Mistral. A volta da França à F1 nos brindou com um bom público, algumas ultrapassagens no meio do pelotão e um passeio de Lewis Hamilton rumo a volta da liderança do campeonato, que vai mudando de mãos de acordo como as equipes chegam e se adaptam aos circuitos. Monte Carlo favoreceu a Red Bull. Montreal foi a vez da Ferrari. Paul Ricard foi favorável à Mercedes. Quem se adaptará à próxima corrida? Domingo que vem saberemos!

sábado, 23 de junho de 2018

Maus sinais

A Mercedes deu uma verdadeira reviravolta na volta de Paul Ricard à F1, com Hamilton conseguindo a pole depois de dominar toda a classificação, mesmo com Valtteri Bottas chegando a ficar com o melhor tempo no final do Q3, no qual Hamilton garantiu sua 75º pole já com o cronômetro zerado. Vettel foi terceiro com um tempo relativamente próximo de Hamilton, mas foi um tempo bastante enganoso e a tendência é ver Hamilton disparando amanhã, numa corrida que pode ser parecida com Montreal, na quinzena anterior.

Porém, olhando a outra ponta do grid, percebe-se que o mundo da F1 mudou de forma dramática. Vinte anos atrás, Williams e McLaren eram sinônimos de potência e glória na F1, deixando a Ferrari a ver navios com um incômodo jejum de vinte anos. Organização e eficiência faziam dessas tradicionais equipes inglesas as mais fortes do grid na F1 nos anos 1980, 1990 e 2000. Das cinco vagas do Q1 de hoje, quatro foram ocupadas por McLaren e Williams, deixando-as como as rabeiras do grid de amanhã. Os problemas da Williams são crônicos e conhecidos, começando com uma equipe refém de um piloto fraquíssimo (Stroll), mas que praticamente sustenta a equipe. Frank Williams não viaja mais com o seu amado time e talvez seja melhor assim, poupando o lendário dirigente ver sua equipe na situação atual.

Já a McLaren vem se perdendo desde o rumoroso caso do Spygate em 2007. Após perder o título daquele ano quando o campeonato já estava praticamente em suas mãos, a McLaren ainda conseguiu um título usando bastante o talento do jovem Lewis Hamilton em 2008 e depois disso, a McLaren foi perdendo força. Viu sua tradicional parceira Mercedes construir uma equipe própria, a McLaren perdeu Hamilton para os alemães, seus principais dirigentes (Ron Dennis em especial) foram saindo da equipe e o time foi se perdendo em sua própria arrogância. Teve que engolir Fernando Alonso para poder desenvolver uma potencial boa parceria com a Honda, com quem teve sucesso absoluto na virada dos anos 1980 para 1990, mas tudo o que conseguiu foi humilhar os japoneses com críticas públicas, culpando unicamente a Honda pelos pífios resultados dos últimos anos. Mandando os japoneses embora, a McLaren tem agora o motor Renault e após a expectativa de brigar pelo menos com pódios com a Red Bull, que usa os motores franceses, a McLaren percebeu que o problema não era apenas dos motores. Longe de brigar por pódios, tudo o que Fernando Alonso pode utilizar seu enorme talento é marcar alguns pontos. Com a F1 sendo uma corrida de desenvolvimento, a McLaren, praticamente sem patrocinadores, vai perdendo terreno para as suas rivais no meio do pelotão e seus dois pilotos ficaram no Q1 hoje. Com Alonso cada vez mais pensando em outras categorias, ele deve sair da F1 no final desse ano, diminuindo ainda mais o poder de atração da McLaren para tentar voltar a brigar por coisas grandes na F1. Na verdade, a McLaren vai se aproximando cada vez mais da Williams.

Com Hamilton fazendo as rivais de gato e sapato, a tendência é de uma corrida não tão animada como as anteriores, o que não deixa der um mau sinal, da mesma forma como estamos vendo a derrocada de duas equipes icônicas. Se serve de consolo, o clima em Le Castellet foi dos mais instáveis e estamos vendo o novato Charles Leclerc brilhar cada vez mais, levando sua capenga Sauber ao Q3.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Divórcio esperado

Ultimamente as notícias no esporte a motor no geral dificilmente nos pegam de surpresa e de hoje cai nessa vala comum. Basta lembrar o tamanho das críticas que a Red Bull já fez à Renault para perceber que o casamento duradouro entre as duas estava mesmo por um fio, apenas esperando a oportunidade para anunciar o esperado divórcio. 

Foram anos de lua de mel entre Red Bull e Renault, com quatro títulos de pilotos e outros quatro de construtores na primeira metade dessa década, mas Red Bull e Renault começaram a dormir em quartos separados a partir de 2014, quando os novos motores híbridos foram lançados na F1 e os franceses nunca estiveram no topo do desenvolvimento na luta contra Mercedes e Ferrari. Nesse momento a Red Bull se mostrou uma esposa briguenta e escandalosa. Quando as coisas iam bem, a Red Bull era só simpatia, mas bastou uma crise para que os austríacos lavassem roupa suja com seu parceiro francês. Em tempos de Copa do Mundo, foi a velha história do eu ganho, nós empatamos e vocês perdem. Essa atitude da Red Bull pegou muito mal dentro do paddock da F1, mas haviam jogadas a serem feitas nos bastidores.

Cansada de ser enxovalhada em público, a Renault recomprou a Lotus e montou sua equipe própria e de fábrica, deixando a Red Bull como time cliente. E a Red Bull sabe muito bem que, se quiser manter como equipe vencedora, qualquer time da F1 tem que estar ligado a uma montadora. A McLaren pensou assim quando abandonou uma longa parceria com a Mercedes para ser o time oficial da Honda em 2015, pagando (ou sendo paga) todos os tipo de infortúnios que um motor com uma nova tecnologia pode oferecer. Fernando Alonso foi contratado com dinheiro da Honda e o espanhol voltou à McLaren depois de sair enxotado da equipe em 2007. Alonso trouxe talento e competitividade à McLaren-Honda, mas também uma pressão descomunal pelos péssimos resultados obtidos nas pistas. A parceria McLaren-Honda não deslanchava e terminou no final de 2017 com Alonso dando o velho ultimato: ou eu ou eles.

Sem querer sair da F1 com um vexame histórico, a Honda procurou outras equipes e a Red Bull era a escolha óbvia. Ainda querendo ser grande e buscar títulos, a associação da Red Bull com a Honda, primeiro equipando a filial Toro Rosso e a partir de 2019, como anunciado hoje, o time principal dá mostras que a Honda está levando muito a sério seu projeto na F1 e juntando à ambição da Red Bull, além do know-how da Honda em quatro temporadas de F1, há uma boa chance de dar certo e a Red Bull permanecer como um time de ponta na F1, equipado com um motor Honda que finalmente deu sinais de evolução esse ano.

As reclamações contra a Renault, algumas vezes parecida com que Alonso fazia contra a Honda, não devem ser esquecidos pelos japoneses, que sofreram humilhações públicas do espanhol, como o famoso caso 'GP2 Engine' em Suzuka. A Red Bull sabe que a Honda é a sua única esperança para se manter no rol das grandes equipes da F1 em curto/médio prazo, da mesma forma a Renault poderá focar unicamente no crescimento de sua equipe de fábrica, que hoje já é a quarta força da F1, mesmo que muito longe das três primeiras. No fim, quase todo mundo sai ganhando. Menos a McLaren, que como equipe cliente da Renault, tende a percorrer o perigoso caminho da Williams rumo ao fim do pelotão.   

História: 30 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1988

Detroit seria a terceira corrida consecutiva na América do Norte e o destino final de uma frota de caminhões para movimentar o circo da F1 da Cidade do México, passando por Montreal até chegar nos Estados Unidos. As notícias vindas da Itália não eram boas sobre a saúde de Enzo Ferrari e isso mexia bastante nos bastidores da equipes, já que Marco Piccinini, afilhado de Ferrari, ia sendo substituído por Cesare Fiore, diretor de competição de Lancia no Mundial de Rally e queridinho de Gianni Agnelli, dono da Fiat. Os motores Judd estavam com uma péssima confiabilidade, para desespero de Ligier, March e principalmente Williams, completamente incapaz de defender seu título. Na Minardi, Pierluigi Martini substitui Adrian Campos, retornando ao time após três anos. O circuito citadino de Detroit não era muito apreciado pelos pilotos, além de ser bastante ondulado. 

No sábado à tarde, Stefano Modena bateu muito forte de traseira na curva Chrysler e o italiano chegou a ficar inconsciente, mas felizmente Modena não sofreu nenhum arranhão e passou a noite no hospital por precaução. Uma hora depois, Ivan Capelli perdeu o controle do seu March na saída da chicane da entrada dos boxes e bateu no muro a 200 km/h, bem em frente ao pit-wall de McLaren e Lotus. Uma roda invadiu os boxes, machucando dois mecânicos e quase acertando o engenheiro chefe de Prost e Gerard Ducarouge, projetista da Lotus. Capelli chegou a desmaiar, mas saiu do carro sozinho, mas mancando muito do pé direito, que acabou fraturado. Realizado sobre muito calor, a classificação viu Senna marcar sua sexta pole consecutiva, enquanto Prost era atrapalhado pelo tráfego e era apenas quarto, tendo as duas Ferraris entre ele e Senna. 

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:40.606
2) Berger (Ferrari) - 1:41.464
3) Alboreto (Ferrari) - 1:41.700
4) Prost (McLaren) - 1:42.019
5) Boutsen (Benetton) - 1:42.690
6) Mansell (Williams) - 1:42.897
7) Nannini (Benetton) - 1:43.117
8) Piquet (Lotus) - 1:43.314
9) Warwick (Arrows) - 1:43.799
10) Patrese (Williams) - 1:43.810

O dia 19 de junho de 1988 amanheceu extremamente quente em Detroit, causando grande preocupação para as equipes e os organizadores, pois durante a classificação o asfalto começou a se desfazer por causa do calor e na madrugada, cimento foi colocado para disfarçar a buraqueira. A Ferrari falava em até duas paradas nos boxes e Senna chegou ao circuito gripado, por causa do ar-condicionado do seu quarto de hotel, o deixando debilitado para uma corrida que prometia ser muito dura. Enquanto levava seu carro para o grid, Mansell viu a transmissão da Williams quebrar e se não fosse uma carona de Cheever, Nigel não largaria com o seu carro reserva. Com os termômetros marcando 40ºC, Senna largou muito bem e manteve a ponta, mesmo pressionado por Berger. Prost tentou ultrapassar Alboreto, mas acabou surpreendido por Boutsen.

Senna não força muito e era perseguido pela dupla da Ferrari, enquanto Prost rapidamente se livra de Boutsen e parte para cima de Alboreto. O francês marcaria a volta mais rápida ainda na terceira passagem, por que o forte calor desgastaria pneus e o asfalto, não permitindo melhoras nos tempos. Prost ultrapassa Alboreto e Berger em voltas consecutivas, mas ao se ver na segunda posição, o francês já aparecia 6.5s atrás de Senna. Na sétima volta Alboreto tenta ultrapassar Berger, mas o italiano é surpreendido por Boutsen, que imediatamente ataca Berger, mas é fechado pelo austríaco, que toca na asa dianteira de Boutsen com o pneu traseiro esquerdo, que fura e provoca o abandono do piloto da Ferrari. Alboreto assumia a terceira posição, mas na volta seguinte era ultrapassado pelo valente Boutsen e rapidamente Nannini e Mansell se aproximam do italiano. Nannini atacou Alboreto e numa disputa de posição, acaba tocando no compatriota, que roda e retorna à corrida dando uma marcha ré muito perigosa. Na volta 15 Nannini vai aos boxes para conferir uma vibração na sua dianteira e o resultado era o abandono do italiano da Benetton com a suspensão dianteira quebrada, ainda por causa do toque de Nannini em Alboreto.

Senna administrava uma vantagem de 7s em cima de Prost, enquanto Mansell conhecia outro abandono, desta vez com o câmbio quebrado. Dez voltas depois o dia da Williams terminou quando Patrese encostou seu carro com o motor quebrado, enquanto Piquet rodava na curva 3 e abandonava a prova. Antes da prova Nelson disse que tentaria sobreviver num circuito que ele detestava, mas estava difícil se manter na corrida em Detroit trinta anos atrás. Quando Patrese abandonou, ele estava em quarto e era o último na mesma volta dos líderes. E a corrida nem estava na metade! Senna usou sua agressiva tática de deixar o mais rápido possível os retardatários e Prost foi perdendo cada vez mais terreno. Boutsen, mais de um minuto atrás, corria solitário em terceiro. Quando os dois pilotos da McLaren fizeram seus pit-stops para trocarem os pneus, Senna tinha uma vantagem de 36s em cima de Prost, enquanto várias surpresas apareciam na zona de pontuação. Andrea de Cesaris era quarto, seguido por um bem retornado Martini e Alex Caffi, que se aproveitava do abandono de Maurício Gugelmin mais cedo para ser sexto.

Alboreto vinha duas voltas atrasado e numa disputa por posição com Caffi, acaba fazendo o compatriota rodar e ter que voltar aos boxes trocar a asa dianteira. O piloto da Ferrari abandonou no local. Arnoux assumiu a sexta posição por poucos segundos, pois seu motor Judd quebrou na saída do túnel. Para demonstrar o tamanho da superioridade da McLaren frente aos demais, Senna coloca uma volta no terceiro colocado Boutsen ainda faltando doze voltas para o fim. Com o asfalto se desprendendo em alguns lugares, a McLaren aconselhou seus pilotos a diminuir o ritmo para evitar acidentes nas voltas finais. Ayrton Senna venceu pela terceira vez consecutiva o GP de Detroit, com Prost terminando em segundo na terceira dobradinha consecutiva da McLaren-Honda. Boutsen completou o pódio, recebendo a bandeirada logo atrás de Senna para não ter que dar outra volta. De Cesaris terminou em quarto e marcou os primeiros pontos da equipe Rial e também era a primeira vez que o italiano via a bandeira quadriculada desde o GP do México de 1986. Palmer terminou em quinto e Martini marcou o primeiro ponto da equipe Minardi, depois de três temporadas e meia de Fórmula 1. Ao pegar o voo de volta para a Europa, Andrea de Cesaris acabou se envolvendo numa confusão no aeroporto de Nova Iorque e ficou preso uma noite. "Isso só não foi pior do que correr em Detroit...", falou o italiano. Bernie Ecclestone cobrou do prefeito de Detroit uma série de mudanças no asfalto (que se deteriorou bastante na corrida e nos treinos) e na infra-estrutura móvel da pista. Como resposta, Bernie recebeu a promessa de uma mudança para a ilha artificial de Belle Isle, onde seus requisitos seriam preenchidos. Porém, um comitê em Detroit negou a mudança, alegando que seria muito caro para a cidade fazer os caprichos de Ecclestone. Como resultado, Detroit nunca mais sediaria uma corrida de F1 e os pilotos não pareciam tristes com isso.

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Boutsen
4) De Cesaris
5) Palmer
6) Martini 

domingo, 17 de junho de 2018

Competitividade para os outros, menos para mim...

Quando perguntado sobre o seu futuro na F1, Fernando Alonso desconversou e criticou a categoria. "As coisas estão muito previsíveis, há 21 corridas todos sabemos o que vai acontecer. Isso é muito triste para o esporte", reclamou o espanhol, se vestindo como o arauto da competitividade no automobilismo mundial.

Desde o ano passado Alonso colocou na cabeça que se igualaria à Graham Hill e venceria a Tríplice Coroa (Mônaco, Indianápolis e Le Mans) do automobilismo mundial. Mônaco o espanhol já tem. Ano passado ele tentou Indianápolis, faltando justamente à corrida em Monte Carlo nessa sua tentativa, que acabou mais cedo com o motor Honda quebrado. Esse ano Alonso investiu em Le Mans, correndo pela equipe oficial da Toyota. Contudo, para conseguir seu objetivo, Alonso acabou se contradizendo sobre o que fala na F1. Vejamos.

A Toyota sonha com uma vitória em Le Mans há mais de vinte anos, com várias frustrações ao longo desse tempo, com destaque para a inacreditável derrota de 2016, quando a Toyota viu seu carro líder quebrar na última volta da corrida. Os japoneses tinham como grandes rivais os alemães da Porsche e da Audi, no entanto, as montadoras tedescas foram abandonando o WEC, deixando a Toyota como única montadora investindo seriamente no Endurance. Para completar, a FIA impôs polêmicas regras para que os carros híbridos (Toyota) tivessem vantagens sobre os carros com motores convencionais, matando completamente a chance das equipes independentes de fazer a mínima frente à Toyota. O resultado foi uma luta extremamente desigual durante todas as 24 Horas de Le Mans, onde o primeiro carro não-Toyota tomava em média 4s para os carros japoneses.

Somente uma hecatombe poderia destruir o sonho da Toyota em Le Mans. E como isso não aconteceu, a Toyota resolveu escolher qual carro teria a honra de vencer pela primeira vez em Sarthe. Sem surpresas, o escolhido foi o time com Fernando Alonso ao volante (ao lado de Sebastien Buemi e Kazuki Nakajima), garantindo muita mídia em cima da histórica vitória da Toyota, fazendo Alonso ficar mais próximo da tríplice coroa. Apesar da enorme facilidade, Alonso deixou sua marca, quando pegou o volante com quase dois minutos de diferença para o seu companheiro de equipe e após seu turno, a diferença era de apenas 4s. Uma baita pilotagem para um individuo não tão acostumado com o carro e correndo pela segunda vez à noite. Alonso é mesmo especial.

Após 24 horas de uma luta desigual, a Toyota finalmente venceu em Le Mans e Fernando Alonso garantiu um retorno de mídia considerável para a corrida e para si mesmo. Com o terceiro colocado doze (!) voltas atrasado, será que Fernando Alonso irá reclamar da competitividade desse edição das 24 Horas de Le Mans? 

sexta-feira, 15 de junho de 2018

História: 15 anos do Grande Prêmio do Canadá de 2003

Com a vitória de Juan Pablo Montoya em Mônaco, seguido por Raikkonen e Michael Schumacher, os dois líderes do campeonato quinze anos atrás, a temporada de 2003 ganhava um contorno de uma briga à três, com os principais pilotos de Williams, Ferrari e McLaren se destacando frente aos demais. Com Ralf Schumacher, Rubens Barrichello e David Coulthard tendo feito corridas bem abaixo dos seus companheiros de equipe, a tendência era que as equipes principais jogassem ainda mais energia em seus primeiros pilotos. A vitória de Montoya nas apertadas ruas de Monte Carlo não deixava de ser uma surpresa, pois a Williams se destacava mais em circuitos de alta velocidade e como Montreal era uma pista bem mais veloz (mesmo que tecnicamente de rua) do que Monte Carlo, o colombiano se colocava como um dos favoritos quinze anos atrás.

A primeira classificação na sexta-feira foi afetada pela chuva, onde a Ferrari conseguiu a dobradinha, mas liderada por Barrichello. No sábado, com sol à pino, a Williams voltou a dar as caras fazendo dobradinha, com Ralf conseguindo mais uma pole e tentando sobreviver no campeonato. Michael ficou em terceiro, mas meio segundo mais lento do que seu irmão, mostrando que a Williams era o melhor carro desse momento em 2003. Alonso ficava em quarto com apenas um milésimo de desvantagem para a Ferrari de Schumacher, enquanto Raikkonen tem problemas e não marca tempo, tendo que largar em último e finalmente podendo perder sua liderança no campeonato.

Grid:
1) R.Schumacher (Williams) - 1:15.529
2) Montoya (Williams) - 1:15.923
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:16.047
4) Alonso (Renault) - 1:16.048
5) Barrichello (Ferrari) - 1:16.143
6) Webber (Jaguar) - 1:16.182
7) Panis (Toyota) - 1:16.598
8) Trulli (Renault) - 1:16.718
9) Da Matta (Toyota) - 1:16.826
10) Frentzen (Sauber) - 1:16.939

O dia 15 de junho de 2003 amanheceu nublado em Montreal e havia a expectativa que a chuva que apareceu com tanta força na sexta pudesse voltar no domingo, porém, a corrida aconteceria com pista seca. A largada aconteceu sem nenhum problemas nas apertadas duas primeiras curvas e os seis primeiros do grid mantiveram suas posições, mesmo Schumacher quase ultrapassando Montoya e Alonso não tendo largado muito bem, sendo atacado por Barrichello, que acabou tocando de leve no espanhol.

No final da primeira volta, Montoya cometeu um pequeno e decisivo erro ao rodar na última chicane, com o colombiano caindo para quarto, ficando logo à frente de Webber. O prejuízo de Montoya só não foi maior porque Barrichello, com a asa dianteira danificada, resolveu fazer sua parada, caindo para o último lugar. Imediatamente Montoya partiu para cima de Alonso e na nona volta o piloto da Williams efetuou a ultrapassagem, mas já vinha distante da briga pela ponta entre os irmãos Schumacher. Na volta 20 começou a primeira rodada de paradas e quando Michael parou uma volta depois de Ralf, ele emergiu na frente do seu irmão mais novo, enquanto Montoya e Alonso, que foi o último a parar, fizeram suas paradas normalmente. Raikkonen resolveu largar dos pits e com o tanque cheio até a tampa, faria uma única parada, subindo para o quinto lugar, mas o finlandês teve um problema no pneu traseiro direito e por isso, teve que antecipar sua parada. Se houve alguma dose de sorte para Raikkonen, foi que esse problema aconteceu um pouco antes da entrada dos boxes e Kimi não perdeu tanto tempo.

A segunda rodada de paradas aconteceu sem mudanças entre os líderes, mas alguns problemas se tornaram bem visíveis entre os pilotos da frente. Ao frear, era claro um pó negro saindo dos freios de Michael Schumacher, deixando claro que o alemão estava com um problema nos freios, item dos mais exigidos em Montreal. Enquanto isso, os dois carros da Williams viam os retrovisores dos seus carros se despregarem, com certeza tirando a concentração de Ralf e Montoya. Imediatamente Michael diminui seu ritmo, permitindo a aproximação de Ralf, que pela velocidade que chegou na traseira do seu irmão, iria ultrapassar. Porém, mais uma vez Ralf mostrou porque nunca foi campeão, não fazendo mais do que acompanhar o seu irmão de forma burocrática, enquanto Michael tinha claramente problemas. Isso fez com que Montoya também se aproximasse, mas o colombiano diria mais tarde que por causa de sua corrida de recuperação após sua rodada no começo da corrida, ele estava com os freios superaquecidos, principalmente quando chegou em Ralf, que fazia uma corrida irritante, se segurando quando tinha totais condições de atacar Michael. Com os três primeiros embolados na frente, Alonso marcou a volta mais rápida da corrida e se aproximou dos líderes. As últimas voltas foram tensas, mas nada aconteceu e Michael Schumacher venceu pela quarta vez em 2003, assumindo a liderança do campeonato pela primeira vez na temporada. Rubens Barrichello fez uma corrida anônima para ser quinto, enquanto Raikkonen fez uma boa corrida de recuperação para ser sexto, mas perdia a liderança do campeonato. Webber e Panis completaram a zona de pontuação, com o francês aproveitando o tardio abandono de Cristiano da Matta para ser oitavo. A imagem dos quatro primeiros colocados recebendo a bandeirada deu a falsa sensação de uma corrida emocionante, mas como havia acontecido em Mônaco, a corrida não teve ultrapassagens. E como em 2018, Michael Schumacher não teve do que reclamar.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) R.Schumacher
3) Montoya
4) Alonso
5) Barrichello
6) Raikkonen
7) Webber
8) Panis

terça-feira, 12 de junho de 2018

História: 35 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1983

Um ano após a morte de Gilles Villeneuve, o público em Montreal ainda idolatrava o seu espetacular piloto e bancaram a tentativa do seu irmão Jacques em correr o Grande Prêmio local com um March, porém Jacques Villeneuve Sr não conseguiria tempo para largar. No outro lado do Atlântico John Watson se tornava 'sir', quando a rainha Elizabeth II o nomeou membro da Ordem do Império Britânico. Na Ferrari, a silly-season começava a preocupar seus dois pilotos. René Arnoux saiu de Detroit arrasado por ter perdido uma corrida ganha por causa de um fio quebrado e via sua situação no campeonato se deteriorar, pois tinha apenas oito pontos ante os vinte e três de Tambay, que também começava a ser questionado em Maranello. Para piorar a situação dos dois franceses, Michele Alboreto, o novo 'darling' da imprensa italiana, venceu em Detroit de forma surpreendente e não era segredo que Enzo Ferrari queria Alboreto para 1984. Enquanto tirava uns dias de descanso, Alain Prost entregou à um empresário a sua renovação de contrato com a Renault a partir de 1984.

Mais uma vez Arnoux dominou a classificação e o pressionado francês da Ferrari conseguia sua segunda pole consecutiva, enquanto Tambay teve um turbo quebrado e se conformou com um quarto lugar. Prost e Piquet separariam os dois carros da Ferrari com pouca diferença entre eles. Brabham e Renault também compartilhariam a terceira fila, enquanto Manfred Winkelhock surpreendia ao ficar em sétimo com seu renovado ATS-BMW. Após a vitória no circuito de rua de Detroit, as equipes clientes dos motores aspirados voltavam à dura realidade de apenas assistir os motores turbo brigarem pelas vitórias, com Keke Rosberg sendo o melhor equipado com motor Ford-Cosworth em nono, quase 3s atrás de Arnoux.

Grid:
1) Arnoux (Ferrari) - 1:28.729
2) Prost (Renault) - 1:28.830
3) Piquet (Brabham) - 1:28.887
4) Tambay (Ferrari) - 1:28.992
5) Patrese (Brabham) - 1:29.549
6) Cheever (Renault) - 1:29.863
7) Winkelhock (ATS) - 1:30.966
8) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:31.173
9) Rosberg (Williams) - 1:31.480
10) Giacomelli (Toleman) - 1:31.586

O dia 12 de junho de 1983 amanheceu com um belo dia de sol em Montreal, condições perfeitas para uma corrida, mas havia um porém. Logo após o warm-up, um apagão se abateu em Montreal e a corrida teve de ser atrasada em quarenta minutos. A Ferrari trocou o motor de Arnoux e decidiu equipar seus pilotos com os pneus mais aderentes, para que Arnoux e Tambay não escorregassem tanto na pista de Montreal. A largada aconteceu sem problemas com Arnoux mantendo a ponta, seguido por Prost. Patrese conseguiu uma largada fabulosa e pulou à frente de Piquet e Tambay, que perdeu duas posições. Numa situação bem parecida com 2018, três equipes (Ferrari, Renault e Brabham) lutariam apenas entre elas pela vitória.

Arnoux faria de tudo para apagar a decepção da corrida anterior e se mantinha na frente, enquanto Patrese, vindo de uma temporada incrivelmente azarada, ultrapassava Prost ainda na primeira volta para ser segundo. Mesmo conseguindo a posição, Patrese claramente segurava Prost e Piquet, deixando o caminho livre para Arnoux. Na quinta volta, Piquet surpreende Prost para ser terceiro, enquanto Tambay estava 1s de Prost, trazendo Cheever colado. A diferença entre o segundo e o sexto não passava de 3,5s. Na briga pelo melhor do resto, Andrea de Cesaris era atacado por Keke Rosberg, que mesmo tendo um melhor carro, não tinha velocidade na reta para enfrentar o motor turbo do italiano. Na nona volta, Keke tentou a ultrapassagem no hairpin, mas bem ao seu estilo De Cesaris fechou-lhe a porta e Rosberg quase rodou para não bater. Rosberg depois conseguiria a ultrapassagem sobre o italiano, mas a equipe Williams criticaria De Cesaris pela manobra depois da corrida. Prost começava a enfrentar problemas de desgaste de pneus e na volta 12 foi ultrapassado por Tambay na saída do hairpin, sendo que duas voltas mais tarde, Prost deixaria Cheever assumir sua posição. Como em Detroit, Prost fazia uma corrida pouco combativa, mas na briga pelo campeonato, as coisas melhorariam bastante para o francês na volta 16, quando Piquet entrou nos boxes lentamente para abandonar com o cabo do acelerador quebrado.

Com 12s de vantagem sobre Patrese, Arnoux administrava sua liderança e ainda lidava com bolhas que apareceram nos seus pneus macios. Tambay se aproximava de Patrese e os dois começam a batalhar pela segunda posição, mas Tambay sofria com problemas no motor e por isso, não tinha potência o suficiente para completar a ultrapassagem sobre Patrese. Isso permitiu a aproximação de Cheever, que na volta 29 ultrapassa Tambay, que perdia claramente rendimento. Na volta 33 começou a única rodada de paradas e situação era a mesma entre os líderes, com Tambay tendo feito ajustes dentro do seu carro para fazer o motor voltar a funcionar a contento. Contudo, quem sofria com problemas era Patrese, que tinha problemas de transmissão e foi logo alcançado por Cheever e um recuperado Tambay, que marcou a melhor volta da corrida em seu retorno à briga. Na volta 50 Cheever ultrapassou um lento Patrese e na volta seguinte foi a vez de Tambay fazê-lo. A terrível temporada de Patrese continuava e na volta 56 ele abandonou com o câmbio quebrado. Uma volta antes Prost voltou aos boxes para trocar um pneu furado, retornando à pista em sexto, atrás de Rosberg. A corrida fica estática até o fim, com Arnoux controlando sua enorme vantagem sobre Cheever, que não era ameaçado por Tambay, pois nas voltas finais o piloto francês passou a ter problemas de desgaste de pneus e não pôde completar a dobradinha da Ferrari no Canadá. Arnoux venceu pela quinta vez na F1 e a primeira com a Ferrari, diminuindo um pouco a pressão que tinha sobre ele. Cheever, ainda tentando convencer a Renault renovar seu contrato para 1984, conseguia seu melhor resultado no ano, com Tambay completando o pódio. Com motor aspirado, Rosberg conseguiu um excelente quarto lugar, ficando na frente de Prost, em outra corrida problemática, e sir Watson completando a zona de pontuação. Arnoux estava claramente aliviado com a vitória. "Eu realmente precisava disso. Na Ferrari, só pensamos em ganhar. Um piloto que não vence torna-se objeto de crítica pela imprensa italiana. E em Maranello não gostamos desse tipo de situação... "

Chegada:
1) Arnoux
2) Cheever
3) Tambay
4) Rosberg
5) Prost
6) Watson

domingo, 10 de junho de 2018

Abaixo da expectativa

Após três corridas excelentes, a F1 partiu para duas etapas onde normalmente não se tem corridas emocionantes: Barcelona e Monte Carlo. A expectativa para essas duas provas sempre são muito baixas, pois a dificuldade de ultrapassagem nesses circuitos são até famosas. Afora corridas anormais afetadas por chuva, como já aconteceu algumas vezes em Mônaco, pode haver emoção nessas provas. As corridas na Espanha e em Mônaco foram ao encontro do esperado. Foram duas corridas sonolentas, sem sal, mas ninguém esperava muito diferente disso. Até porque a próxima corrida aconteceria no circuito Gilles Villeneuve, local de provas antológicas por causa das características do autódromo localizado em Montreal. A pista estreita e rodeada por muros exibe também muita velocidade, fazendo com que erros sejam punidos por batidas, que nos trazem safety-car, o que significa corrida agitada e estratégias mudando a todo momento. Hoje, o safety-car apareceu. Mas a emoção não.

Sebastian Vettel não deve estar nem aí para a monotonia que foi o Grande Prêmio do Canadá desse ano. O alemão da Ferrari fez uma corrida planejada da primeira a última volta e como nada aconteceu durante a prova, tudo saiu como o esperado, com Vettel vencendo com imensa facilidade e alcançando a marca de 50 vitórias na carreira, ficando apenas uma atrás de Alain Prost no ranking dos maiores vencedores da história da F1. Para tornar a vida do alemão ainda mais saborosa ao final da corrida, seu rival pelo título Lewis Hamilton teve outra corrida abaixo da crítica. Dono de um belo cartel em Montreal, Lewis Hamilton teve uma corrida medíocre para quem está lutando pelo título numa disputa tão apertada contra um tetracampeão como ele. Hamilton largou em quarto, manteve a posição na largada, foi superado por Daniel Ricciardo na precoce rodada de paradas em que esteve envolvido e na quinta posição recebeu a bandeirada, apesar de algumas estocadas em cima do australiano. Uma corrida bem ruinzinha para os altos padrões de Hamilton, mas que animou de vez o campeonato, pois Vettel assumiu a liderança com apenas um ponto de vantagem sobre Hamilton, fazendo da corrida em Paul Ricard na próxima quinzena um real tira-teima no campeonato.

Bottas queria algo mais nessa corrida e a forma como se defendeu dos ataques de Verstappen na largada mostram que o finlandês não estava para brincadeiras, mas logo Bottas percebeu que nada poderia fazer contra Vettel e utilizando uma tática idêntica ao do alemão da Ferrari, Valtteri recebeu a bandeirada em segundo, representando a Mercedes no pódio, mostrando que Hamilton poderia fazer muito mais hoje no Canadá. A Red Bull tentou o pulo do gato ao largar com os pneus mais macios e seus pilotos utilizaram a vantagem inicial para fazer uma corrida agressiva, que rendeu uma vantagem de Ricciardo em cima de Raikkonen. Porém, o safety-car logo na primeira volta anulou a tática da Red Bull, que teve que trazer seus pilotos para os pits cedo, mas sem perder a posição, inclusive com Ricciardo emergindo na frente de Hamilton. Como ainda estava no começo da prova, era esperado que os pilotos da Red Bull e Hamilton parassem mais uma vez, mas de forma burocrática os três levaram seus carros até o fim, à frente de um apático Kimi Raikkonen. Assim como Daniel Pedrosa na MotoGP com a Honda, Raikkonen já está fazendo hora extra faz tempo na F1 e principalmente na Ferrari. Com pneus mais novos do que Hamilton, Kimi não fez absolutamente nada para tirar pontos do inglês, que seria muito importante no campeonato do seu companheiro de equipe. Simplesmente patético...

E não faltam candidatos para a vaga de Kimi. Além da opção óbvia de Ricciardo, Charles Leclerc segue fazendo um belo trabalho na Sauber, com corridas consistentes e longe dos erros. O monegasco conseguiu outro ponto e nesse final de semana ele já falou que tem como meta estar na Ferrari em 2019. E seria merecido. Hoje o abismo das três grandes equipes para o resto é tamanho que o sétimo colocado Nico Hulkenberg esteve para tomar uma volta... do sexto colocado Raikkonen! Carlos Sainz perseguiu seu companheiro de equipe e consolida a Renault cada vez mais como a quarta força da F1, mas ainda muito longe do top-3. Ocon largou melhor do que a dupla da Renault, segurou Hulkenberg e Sainz, mas foi superado na rodada de paradas e terminou num honroso nono lugar, enquanto Pérez foi tirado da pista por Sainz na curva um e ficou pelo pelotão intermediário, junto à Gasly, a dupla da Haas e Ericsson. Em sua corrida de número 300, Fernando Alonso abandonou quando lutava pelos pontos. Quando conquistou seus títulos na década passada, Alonso nunca imaginaria estar brigando por tão pouco em sua reta final de carreira. A Williams continuou seu calvário com Sirotkin terminando em último com larga desvantagem, enquanto Lance Stroll protagonizou o lance da corrida ao se envolver num perigoso acidente com Brendon Hartley na primeira volta. A corrida foi tão sem graça, que a repetição do acidente foi mostrada inúmeras vezes durante a prova. Mas como não poderia faltar um toque bizarro, a bandeirada foi mostrada antes da hora por uma modelo que com certeza estava vendo o celular e foi chamada para mostrar a bandeirada para quem aparecesse na frente.

Esse erro ridículo deu o tom de uma corrida que era muito esperada, mas que entregou muito pouco, mesmo com a rara situação de termos três equipes brigando por vitórias em 2018. Montreal viu, talvez, uma de suas piores corridas na história de 40 anos, mas o campeonato agradece a apatia de Hamilton, pois Vettel saiu de resultados ruins nas últimas corridas para uma vitória esmagadora no Canadá e reassumiu a liderança do campeonato. A expectativa para o resto do campeonato cresce com a uma luta mais próxima entre Vettel e Hamilton, mas o Grande Prêmio do Canadá ficou bem abaixo do esperado.

sábado, 9 de junho de 2018

Vitória dupla

Nesse seu eterno chorôrô pelos cantos por ter talento, mas também ter fechado as portas nas principais equipes da atualidade da F1, Fernando Alonso declarou essa semana que a F1 está chata porque poucas equipes tem chances reais de vitória atualmente. O espanhol foi de encontro com a história da F1, pois mesmo quando Alonso foi campeão, haviam apenas duas equipes com chances concretas de vitória durante o ano. Porém, 2018 está sendo bem melhor do que a encomenda com não apenas um ou duas equipes prontas para vencer, mas três equipes brigando pela vitória hoje na F1 e por isso, ao contrário do ano passado, quando um piloto vence ou marca a pole, a vitória é praticamente dupla. Vettel venceu uma disputa apertada contra Mercedes e Red Bull, que vieram logo em seguida ao alemão da Ferrari, demonstrando que a F1 está com uma competitividade rara na briga pela vitória.

A classificação de hoje foi sem surpresas no calor canadense em Montreal. Logo no primeiro minuto de treino já se sabia quem seria o último colocado quando o motor de Romain Grosjean quebrou espetacularmente ainda no pit-lane. Grosjean está tendo um ano em que se não é ele quem faz besteira, é sua equipe que lhe derruba. A McLaren de Alonso começou o ano falando em evoluir a ponto de conseguir pódios, mas hoje em Montreal suou sangue para passar ao Q2 com seus dois pilotos, com ambos ficando longe de ir ao Q3, além de ficar nas duas últimas posições do classificatório intermediário, ficando atrás do motor Honda de Brendon Hartley e do ótimo Charles Leclerc, que está fazendo a ida da Sauber ao Q2 ao corriqueiro. Renault e Force India colocaram seus dois carros no Q3, numa disputa para ser o melhor do resto vencida pela montadora francesa.

Lá na frente a briga ficou restrita entre Ferrari, Mercedes e Red Bull. Seus seis piloto ficaram separados por três décimos e Vettel derrotou Bottas por menos de um décimo. Para completar o equilíbrio entre os times, Verstappen desbancou um apagado Hamilton para ser terceiro, enquanto Raikkonen errou em sua volta final e Ricciardo também não estava em uma jornada feliz, sendo apenas sexto. Para amanhã, Mercedes e Ferrari largarão com os pneus ultramacios, enquanto Red Bull sairá com os hipermacios, os mais moles do final de semana. Uma briga equilibrada entre três times como a muito não se via.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

História: 35 anos do Grande Prêmio EUA-Leste de 1983

Detroit era a última corrida de rua na temporada de 1983 e por isso, era a última chance de um resultado decente dos pilotos com motores aspirados, ainda utilizando os velhos motores Ford-Cosworth. Correndo em casa, boa parte do alto-comando da Ford foi ver de perto a corrida em Detroit, enquanto os pilotos americanos (Eddie Cheever e Danny Sullivan) decepcionavam em 1983, principalmente Cheever, já que ele vinha de bons resultados na Tyrrell e Ligier nos anos anteriores, mas o americano não conseguia andar no mesmo ritmo do companheiro de equipe Prost. A Lotus anunciava a contratação do projetista Gerard Ducarouge, enquanto Brabham e Renault trocavam acusações de tentarem burlar regulamento da época, numa típica briga de quem brigava pelo campeonato.

A sexta-feira foi atrapalhada pela chuva e Rosberg, ainda com o motor aspirado em seu Williams, fez o melhor tempo, apesar de um forte acidente com Laffite ter estragado o bom momento da Williams. No sábado o sol apareceu forte em Detroit, mas a umidade que ainda estava no asfalto fez a pista ficar muito escorregadia. Ao contrário do imaginado, os pilotos com motores turbo se destacaram e Arnoux conquistava a sua primeira pole position do ano, a décimo sexta da sua carreira na F1. Também muito bem vinha Piquet, ocupando o segundo lugar. Por outro lado, seu companheiro de equipe Patrese teve dificuldades em acertar seu carro e largaria apenas em 15º lugar. Tambay andou no mesmo ritmo do seu companheiro de equipe, mas no fim acabou tomando 1s e ficando com o terceiro lugar. De Angelis colocou seu Lotus-Renault em quarto, mesmo sem forçar seu motor turbo. Os carros da Arrows se comportaram bem em Detroit e eram os mais rápidos com motor Cosworth. Alboreto aproveitou o aumento do torque em baixa velocidade do novo motor Ford Cosworth DFY para colocar seu Tyrrell no sexto lugar. A Renault teve sérios problemas na pista escorregadia e Cheever conseguia uma rara melhor classificação do que Prost, mas ficando apenas em sétimo, enquanto o francês era apenas 13º.

Grid:
1) Arnoux (Ferrari) - 1:44.734
2) Piquet (Brabham) - 1:44.933
3) Tambay (Ferrari) - 1:45.991
4) De Angelis (Lotus) - 1:46.258
5) Surer (Arrows) - 1:46.745
6) Alboreto (Tyrrell) - 1:47.013
7) Cheever (Renault) - 1:47.334
8) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:47.453
9) Warwick (Toleman) - 1:47.534
10) Boutsen (Arrows) - 1:47.586

O dia 5 de junho de 1983 amanheceu com calor em Detroit, enquanto alguns pilotos assistiam a final de Roland Garros antes do warm-up pela TV, em especial Patrick Tambay, que torcia fervorosamente pelo compatriota Yannick Noah. Durante o treino de aquecimento, diferentes estratégias foram testadas antes de serem colocadas em prática na corrida. Parecia vantajoso para algumas equipes usuárias do motor Ford-Cosworth não fazer reabastecimento e este era o plano de Tyrrell e McLaren, enquanto a Williams optava em reabastecer seus dois carros. Na turma com motor turbo, Brabham optou por Piquet fazer a corrida toda sem parar. O brasileiro dependeria da resistência dos pneus Michelin para combater a Ferrari, cujo o pneu Goodyear parecia mais forte, mas menos resistente. A primeira largada foi abortada por problemas com Andrea de Cesaris, mas o italiano voltou normalmente para a segunda largada e a corrida teria uma volta a menos. Na segunda largada Tambay fica parado, mas felizmente ninguém atinge o piloto da Ferrari, que abandona imediatamente. Muitos acusaram Tambay de falta de profissionalismo por ter abandonado a corrida tão docilmente e pela atenção dada à final de Roland Garros durante o warmu-up, rendendo ao francês críticas severas na Itália. Piquet largou bem e toma a primeira posição de Arnoux, seguido por Alboreto e De Angelis, que queimou a largada descaradamente. Atrapalhado por Tambay, Surer perde cinco posições, enquanto Rosberg mergulha por fora para ganhar três posições.

Imediatamente Piquet e Arnoux começavam a se distanciar dos demais, que era liderados por De Angelis, De Cesaris, Alboreto, Warwick, Rosberg, Cheever, Boutsen e Surer. Prost tentou ultrapassar Surer e acabou quebrando parte de sua asa dianteira, deixando o seu Renault ainda mais desequilibrado. Antes que fosse punido por queima de largada, De Angelis abandonou a corrida na sexta volta com o câmbio quebrado, na mesma volta em que Cheever deixou seu carro parado para abandonar num local perigoso. Com um carro mais leve, Arnoux atacava Piquet por todos os lados até finalmente efetuar a ultrapassagem na décima volta. Rosberg vinha fazendo uma corrida de recuperação e tomava o quarto lugar de Alboreto e logo atacou Andrea de Cesaris, ficando com a terceira posição. Arnoux dispara na frente, abrindo 8s de Piquet em menos de cinco voltas. O ritmo de Rosberg era tão forte que ele logo encosta em Piquet, efetuando a ultrapassagem na volta 20. Piquet fazia uma corrida tranquila e claramente abaixo do seu potencial, pois precisava resguardar os seus pneus, preocupação que Arnoux e Rosberg não tinham. 

Na volta 30 Arnoux e Rosberg fizeram seus pit-stops, com o francês da Ferrari permanecendo na ponta, enquanto Rosberg perdeu muito tempo com uma roda presa, voltando à pista apenas em quinto. Arnoux ainda tinha 4s de vantagem sobre Piquet, mas o sonho de vitória do francês terminou na volta 32, quando um problema elétrico fez sua Ferrari apagar por completo, entregando praticamente a vitória para Piquet, que já deixava bem claro que não pararia, para surpresa dos seus rivais, pois foi exatamente Piquet e a Brabham que reinventaram os pit-stops modernos. Porém, Piquet via crescer um piloto logo atrás dele. Michele Alboreto fazia uma corrida no mesmo nível de Piquet, cuidando do seu carro e dos seus pneus para completar a corrida sem reabastecimentos. O italiano da Tyrrell vinha apenas 4s atrás de Piquet, enquanto Rosberg era terceiro 29s atrás, com John Watson 8s depois em quarto. Watson tentou um ataque em cima de Rosberg, mas seus pneus Michelin se desgastaram muito no final e o irlandês se conformou em permanecer atrás da Williams de Keke. Piquet administrava a prova a seu bel prazer. Quando Alboreto diminuiu sua desvantagem para 1.5s, Piquet marcou a melhor volta da corrida. Porém, a tática da Brabham falharia na volta 51, quando Piquet sentiu o pneu traseiro esquerdo baixar. Ele tinha um pneu furado, mas por sorte, os boxes não estava longe e Piquet só perdeu a posição para Alboreto na pista enquanto chegava aos boxes lentamente. Piquet voltou à corrida em quarto e dando tudo do seu carro, mas ele vinha muito longe de Watson. Ken Tyrrell era só alegria nos boxes e na volta 60 Alboreto recebia a bandeirada em primeiro, no que seria a última vitória da Tyrrell na F1. Rosberg conseguiu um excelente segundo lugar. Largando em vigésimo primeiro, Watson completava o pódio depois de uma grande corrida, mostrando que era um especialista em corridas de recuperação. Nelson Piquet completava a corrida num decepcionante quarto lugar, seguido de Laffite e Mansell, que marcava o primeiro ponto da Lotus em 1983. A Ford vibrava com um pódio inteiro com seus motores em Detroit e Michele Alboreto aproveitou muito bem essa chance num circuito de rua, conseguindo sua segunda vitória na F1.

Chegada:
1) Alboreto
2) Rosberg
3) Watson
4) Piquet
5) Laffite
6) Mansell