Quando a F1 chegou à Monte Carlo quinze anos atrás, apenas Michael Schumacher e David Coulthard haviam vencido no principado e com uma pista tão particular, ter a experiência de ter vencido em Mônaco não deixava de ser uma vantagem. Assim como em 2018, em 2003 e desde sempre, ultrapassar era basicamente impossível em Mônaco, mas quinze anos atrás havia o fator do formato de classificação ser feito em voltas lançadas, além do piloto ter que largar com o mesmo nível de combustível que treino, podendo afetar decisivamente a estratégia das equipes numa pista onde o posicionamento era e ainda é o mais importante do calendário.
A classificação foi bastante apertada e Ralf Schumacher ficou com a pole por pouco mais de três centésimos de segundo em cima de Raikkonen, enquanto Montoya mostrava a força da Williams ao ficar em terceiro. Michael Schumacher era apenas quinto num treino onde os oito primeiros ficaram separados por apenas seis décimos de segundo. Cristiano da Matta fez sua melhor classificação do seu ano de estreia ao beliscar um top-10, enquanto Jenson Button era o desfalque da corrida. O inglês bateu forte na saída do túnel no terceiro treino livre no sábado e após uma avaliação médica, Button ficou de fora da prova no domingo.
Grid:
1) R.Schumacher (Williams) - 1:15.259
2) Raikkonen (McLaren) - 1:15.295
3) Montoya (Williams) - 1:15.415
4) Trulli (Renault) - 1:15.500
5) M.Schumacher (Ferrari) - 1:15.644
6) Coulthard (McLaren) - 1:15.700
7) Barrichello (Ferrari) - 1:15.820
8) Alonso (Renault) - 1:15.884
9) Webber (Jaguar) - 1:16.237
10) Da Matta (Toyota) - 1:16.744
O dia primeiro de junho de 2003 estava ensolarado nas margens do Mar Mediterrâneo, num clima perfeito para uma prova em Mônaco, desde que você não estivesse torcendo por um dos líderes. As corridas em Mônaco normalmente são tensas, mas sem chuva ou acidentes, as provas podem ser também bem chatas. A largada aconteceu sem nenhum problema e a Williams, que não vencia no principado desde 1983 com Keke Rosberg, emergiu em dobradinha, com Ralf mantendo a ponta e Montoya tomando o segundo lugar de Raikkonen, enquanto Alonso pulava duas posições ao ultrapassar Coulthard e Barrichello. Porém, Frentzen bateu ainda na primeira volta e o safety-car é mandado para a pista.
A corrida reiniciou-se na volta 4 e imediatamente os três líderes abriram diferença para o quarto colocado Trulli, que já era um piloto difícil de se ultrapassar em pistas comuns, em Mônaco o italiano era praticamente intransponível, para desespero de Schumacher e Alonso, que perseguiam o Renault de perto. Os dois carros da Jaguar abandonaram ainda no início da prova, enquanto a prova permaneceu estática, dando a clara sensação que a corrida seria decidida nos boxes, com a ciranda de paradas dos pilotos de ponta. O primeiro a parar foi justamente Ralf na volta 21, iniciando o primeiro round de paradas. Montoya aumentou seu ritmo com pista livre e duas voltas depois do companheiro de equipe foi aos boxes e saiu na frente de Ralf. Raikkonen faz o mesmo e parando duas voltas depois de Montoya, ele sai dos boxes logo atrás do colombiano, mas à frente de Ralf, indicando que o alemão era o mais lento do pelotão da frente. Quando Trulli parou na volta 27, Michael Schumacher se tornou o piloto mais rápido da pista e quando fez seu pit-stop na volta 31, ele emergiu na frente do seu irmão. Se a McLaren acertou na estratégia de Raikkonen, errou feio com Coulthard, trazendo o escocês para os pits na mesma volta do lento Trulli, fazendo com que o escocês permanecesse atrás do italiano da Renault.
Após a primeira rodada de paradas, a corrida fica estática novamente. Montoya tinha 4s de vantagem para Raikkonen, enquanto Michael Schumacher levava 10s de desvantagem para Kimi, com Ralf logo atrás. Trulli permanecia liderando o segundo pelotão, atrasando, na ordem, Coulthard, Alonso e Barrichello. A corrida transcorria sem nenhuma emoção até a volta 48, quando Ralf Schumacher novamente inaugurou a rodada de pit-stops. Montoya parou antes de Kimi e a McLaren esperava que Raikkonen ganhasse a posição de Juan Pablo ficando mais tempo na pista, mas Raikkonen pegou alguns retardatários e quando fez sua segunda parada, voltou atrás de Montoya. Mais uma vez a McLaren errou com Coulthard ao fazê-lo parar na mesma volta de Trulli, enquanto Alonso foi o último dos líderes a parar e com isso, ganhou as posições de Trulli e Coulthard, enquanto Barrichello permaneceu em oitavo. Claramente mais rápido, Raikkonen encostou de vez em Montoya nas voltas finais, enquanto o céu escurecia e a equipe Williams olhava apreensiva para o céu. Será que choveria no final da corrida? Para completar o drama, Schumacher encostou na dupla da frente faltando duas voltas. Porém, Montoya não cometeu nenhum erro e venceu pela primeira vez em 2003, dando uma vitória para a Williams em Monte Carlo, algo que não acontecia fazia vinte anos. Raikkonen criticava Villeneuve por ter lhe atrapalhado quando tentava forçar o ritmo após a segunda parada de Montoya e Schumacher estava feliz pelo terceiro lugar num final de semana onde a Ferrari nunca teve carro para vencer. Apesar da chegada apertada, com os três primeiros colocados recebendo a bandeirada praticamente no mesmo momento, um olhar bem atento percebia algo naquela corrida em Mônaco: não houve uma única ultrapassagem entre os oito primeiros. Na verdade, soube-se depois que o Grande Prêmio de Mônaco de 2003 teve ZERO ultrapassagens em todas as suas 78 voltas. Apesar das várias mudanças entre os oito primeiros, isso se deveu às paradas nos pits. Montoya não tinha nada com isso, mas o problema de falta de emoção e ultrapassagens em Mônaco é bem mais antigo do que se imagina.
Chegada:
1) Montoya
2) Raikkonen
3) M.Schumacher
4) R.Schumacher
5) Alonso
6) Trulli
7) Coulthard
8) Barrichello
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