quinta-feira, 29 de outubro de 2015

História: 20 anos do Grande Prêmio do Japão de 1995

Quando a F1 desembarcou em Suzuka para a penúltima etapa de 1995, o título já estava definido à favor de Michael Schumacher, mas o Mundial de Construtores ainda estava pendente, mesmo que a Benetton fosse a grande favorita. O título de Schumacher acendeu as críticas em cima de Damon Hill, grande rival do alemão na época. Dizia-se que a Williams tinha disparado o melhor carro, mas Schumacher também era disparado o melhor piloto e por isso, o alemão acabava levando vantagem sobre Hill, que tinha feito corridas bisonhas antes de Suzuka, fazendo com que seu lugar como primeiro piloto da Williams fosse especulado para 1996. A eterna especulação era de que Hill fosse substituído por Heinz-Harald Frentzen, rival de Schumacher na F3 e possível antídoto para o alemão, mas Frank Williams garantiu que Hill seria o seu piloto principal na temporada seguinte, que teria Schumacher tentando ressuscitar a Ferrari.

Os treinos em Suzuka foram marcados pelo forte acidente de Aguri Suzuki na classificação de sábado. O japonês da Ligier perdeu o controle do seu carro e foi levado ao hospital com uma fratura numa costela. Cinco anos depois de sua glória com o pódio em Suzuka, o quase homônimo Suzuki deixava a F1 após esse acidente. Disputado sob pista seca, a classificação mostrou mais uma vez a dominação de Michael Schumacher, que conseguiu mais uma pole em suas últimas corridas pela Benetton. Em má fase, Hill era apenas quarto, enquanto Coulthard amargava um sexto lugar. Alesi completou a segunda fila, mas o francês, que trocaria de lugar com Schumacher em 1996, acusava a Ferrari de estar negligenciando informações do carro. Voltando à F1 após uma cirurgia de apendicite, Hakkinen conseguia um bom terceiro lugar.

Grid:
1)  Schumacher (Benetton) - 1:38.023
2) Alesi (Ferrari) - 1:38.888
3) Hakkinen (McLaren) - 1:38.954
4) Hill (Williams) - 1:39.032
5) Berger (Ferrari) - 1:39.040
6) Coulthard (Williams) - 1:39.155
7) Irvine (Jordan) - 1:39.621
8) Frentzen (Sauber) - 1:40.010
9) Herbert (Benetton) - 1:40.349
10) Barrichello (Jordan) - 1:40.381

O dia 29 de outubro de 1995 amanheceu chuvoso em Suzuka, fazendo com que o saudoso warm-up fosse umas das sessões mais importantes do final de semana. E na pista molhada, a Williams dava sinais de recuperação com Hill sendo o mais rápido, com Coulthard em terceiro, com os dois carros da Williams separados por Schumacher. Quando a largada se aproximava, outra pancada de chuva molhou ainda mais a pista de Suzuka, mas quando os pilotos se preparavam para a volta de apresentação, a chuva tinha cessado por completo, contudo, todos os pilotos estavam com pneus de chuva. Na luz verde, Schumacher consegue uma ótima largada, seguido por Alesi, que queimou a partida e seria punido mais tarde, seguido por Hakkinen e Hill. No pelotão intermediário, Wendlinger e Morbidelli se tocam, com o italiano ficando preso na caixa de brita da primeira curva.

Sem chuva, a pista secava rapidamente e Schumacher fazia uma corrida sublime, aumentando sua vantagem sob Alesi, que na sexta volta cumpre sua punição por queimar a largada, seguido na volta seguinte pelo seu companheiro de equipe Berger. Por essas e outras que a Ferrari precisava de um salvador e Schumacher, líder absoluto da corrida, era uma candidato a tal. Porém, não demorou muito e os pilotos começaram a procurar os boxes para colocar pneus slicks, causando profundas mudanças na colocação dos pilotos. Uma volta depois de cumprir sua penalização, Alesi foi um dos primeiros a colocar pneus scliks e por isso, chegou a ganhar mais de 3s sobre os demais pilotos, pulando novamente para segundo quando todos os pilotos estavam equipados com pneus slicks, com Schumacher liderando a corrida. Após efetuar uma bela ultrapassagem sobre Hill na chicane, Alesi era o piloto mais rápido da pista e se aproximava de Schumacher para um emocionante pega pela primeira posição, com o francês querendo dar uma resposta à Ferrari por ter o trocado pelo alemão, além de Alesi querer vingança pela incrível ultrapassagem de Schumacher sofrida nas voltas finais de Nürburgring. Na briga pela quinta posição, Coulthard ultrapassa Irvine na reta dos boxes e vendo a cena, Barrichello tenta seguir no embalo do seu antigo rival da F3 e parte para cima do companheiro de equipe da Jordan, mas Rubens acaba errando e sai da pista, abandonando tristemente. Muito se falou na época que Schumacher teria vetado Barrichello na Ferrari por estar com 'medo' do brasileiro e por isso pediu o 'limitado' Irvine. O irlandês podia até não ter ser um esplendor técnico, mas Schumacher ter medo de Barrichello...

A diferença entre Schumacher e Alesi nunca passava dos 2s, com os dois imprimindo um ritmo fortíssimo de prova, trocando várias vezes a melhor volta da corrida, mas o motor Ferrari acabou traindo Alesi na volta 25, fazendo com que o francês abandonasse tristemente e que Schumacher tivesse uma grande diferença sobre o agora segundo colocado Hill, que tinha uma boa vantagem sobre um surpreendente Hakkinen, que se preocupava com Coulthard, um dos pilotos mais rápidos na pista na tentativa de conquistar mais um pódio. Nas voltas seguintes acontece a segunda rodada de paradas e única modificação importante era a troca de posição entre Coulthard e Hakkinen, que seriam companheiros de equipe na McLaren em 1996, iniciando uma das duplas mais duradouras da F1. Se na pista houve poucas mudanças, não se podia dizer o mesmo do clima. As nuvens negras voltavam à Suzuka e começou a chover em alguns pontos do seletivo traçado nipônico. Particularmente na traiçoeira curva Spoon. Hill vinha mais de 13s atrás de Schumacher quando ele rodou sozinho nessa curva. O inglês retorna à pista após uma parada nos pits, caindo para quinto. Três voltas depois, é a vez de Coulthard rodar na mesma curva de Hill, mas o escocês acabaria abandonando quando, com os pneus sujos, saiu da pista na curva 130R. Na passagem seguinte, Hill roda pela segunda vez na mesma curva, desta vez, sem retorno para o piloto da Williams. Com três rodadas em menos de cinco voltas, a Williams perdia o Mundial de Construtores e aumentava a sensação que o problema nos carros da equipe de Frank Williams ficava naquela peça entre o volante e o banco...

Certamente, esse não era o caso da Benetton. Schumacher fazia uma corrida soberba, sem ser ameaçado e com 26s de vantagem sobre Hakkinen, vencia pela nona vez na temporada de 1995, se igualando a Nigel Mansell como o recordista, até então, de vitórias numa mesma temporada. Hakkinen voltava à F1 em grande estilo, enquanto Johnny Herbert, em outra corrida discreta e decente, completava o pódio e fazia a alegria da Benetton, que comemorou muito o título de Construtores, o primeiro da história da equipe. O que ninguém sabia era que essa vitória era o fim de um ciclo da Benetton. Schumacher estava de saída da equipe e essa seria a última vitória do alemão na Benetton, que iniciava naquele momento, vinte anos atrás, um declínio que faria a empresa italiana sair da F1 no final de 2001.

Chegada:
1) Schumacher
2) Hakkinen
3) Herbert
4) Irvine
5) Panis
6) Salo

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Mais momentos assim

A passagem do furacão Patrícia fez com que alguns treinos na F1 fossem cancelados nesse final de semana em Austin. Sem ter o que fazer, pilotos e mecânicos foram para frente dos boxes fazer todo tipo marmota (como se diz por aqui) e fez a alegria do público americano. Muitas pessoas falam que os pilotos da F1 atual são robôs e não tem graça. Kvyat e Ricciardo mostraram que, dando espaço, os pilotos da atualidade podem ser divertidos e entreter além da pista.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Figura(EUA): Lewis Hamilton

Lewis Hamilton não teve a sua melhor corrida de 2015 em Austin, mas o título e o conjunto da obra nessa temporada faz com que o inglês entrasse nessa parte da coluna. Hamilton lutou bastante para conquistar a décima vitória do ano, se aproveitou de um erro crasso de Nico Rosberg, mas não há de se colocar uma vírgula no título de Hamilton. O inglês foi contratado a peso de ouro pela Mercedes em 2013 e após a equipe crescer só com a simples presença de Lewis no time, a mudança de regulamento fez com que a Mercedes tomasse o lugar da Red Bull como equipe dominante a partir de 2014. Durante vários anos, principalmente após o seu primeiro título, Hamilton era considerado o piloto mais rápido da F1, mas sua cabeça fraca o traiu várias e várias vezes. Atuando contra um companheiro de equipe conhecido desde o kart, Hamilton sofreu mais do que devia contra Nico Rosberg, um piloto nitidamente menos talentoso do que ele, mas com uma grande força mental. Hamilton teve que afastar todos os seus fantasmas para derrotar Rosberg na última corrida de 2014 e parecia que o seu segundo título tirou um peso enorme das costas do inglês. Hamilton começou 2015 ainda mais forte, não dando muitas chances de briga para Rosberg. Se ano passado a briga pelo título foi até mesmo animada, principalmente pelo domínio da Mercedes, Hamilton não deixou que isso se repetisse nessa temporada, passando por cima de Rosberg com até alguma facilidade para conseguir o sonhado tricampeonato com pinta de domínio, como Schumacher e Vettel fizeram em épocas mais recentes. Com três títulos mundiais, igual ao ídolo Ayrton Senna, Lewis Hamilton já entrou na história da F1 como um dos grandes. Ainda falta uma disputa direta contra um campeão do mundo, algo que Hamilton ainda não o fez. Mas se isso acontecer, Lewis Hamilton dá mostras que pode fazer isso muito bem!

Figurão(EUA): Nico Rosberg

Lewis Hamilton sempre fez questão de dizer que espelha sua carreira na do seu ídolo Ayrton Senna e pelo o que tinha sido em 2014, o inglês parecia ter encontrado no seu companheiro de equipe Nico Rosberg o seu 'Alain Prost'. Parecia! Com características bem distintas, Rosberg e Hamilton disputaram o título do ano passado até a última corrida, com vantagem para o inglês, o que fez Hamilton ganhar ainda mais confiança em exibir seu enorme talento messe ano, enquanto que para Nico Rosberg, a perda do título lhe afetou profundamente. Sem encontrar o mesmo ritmo do ano passado, Nico Rosberg foi deixado para trás por seu companheiro de equipe em praticamente todos os quesitos. Se em 2014 o alemão goleou no quesito posições de largada, esse ano Nico Rosberg foi goleado com uma margem ainda maior nesse item. Vitórias? Hamilton tem mais do que o triplo. Em Austin, Nico Rosberg vinha fazendo a sua melhor corrida da temporada e tinha a vitória nas mãos quando errou bisonhamente nas voltas finais, entregando não apenas o triunfo para o companheiro de equipe, como garantiu o tricampeonato de Hamilton com três provas de antecedência. Nico Rosberg é um piloto rápido, mas esse erro, somando à temporada abaixo da média do alemão, que está atrás de Vettel no momento na classificação tendo um carro bem melhor do que o compatriota, mostra bem a diferença entre um piloto rápido (Rosberg) e um tricampeão do mundo (Hamilton). E com o mesmo carro! Após a corrida, emburrado no canto da ante-sala, Nico Rosberg era a cara da decepção e como já fez várias vezes em 2015, o alemão reclamou da atitude de Hamilton na largada, que espremeu o companheiro de equipe para fora da pista. Uma atitude que não faz mais efeito algum em Hamilton, mas demonstra que, se o inglês se espelha em Senna em sua carreira, Lewis achou em Nico Rosberg o seu 'Gerhard Berger'...

domingo, 25 de outubro de 2015

É tri!

Na melhor corrida do campeonato, Lewis Hamilton garantiu a sua 43º vitória na F1 e com os resultados combinados de hoje, o inglês da Mercedes se igualou ao seu ídolo Ayrton Senna e agora entrou no seleto rol dos tricampeões mundiais de F1. Porém, Hamilton teve bastante trabalho na espetacular corrida de Austin. O furacão Patrícia transformou o final de semana do Grande Prêmio dos Estados Unidos num verdadeiro caos, com treinos cancelados e a classificação, ou parte dela, só ocorrendo no domingo. A espera dos torcedores foi recompensada com uma das melhores corridas dos últimos tempos e, sem sombra de dúvida, a melhor da nova e criticada geração de motores V6 turbo. Hamilton não era o piloto mais rápido da pista, mas o inglês foi ajudado pelo erro de Nico Rosberg no fim da corrida, mostrando a diferença entre um piloto rápido e um piloto histórico.

Com tão pouco tempo de treino e uma situação de pista que os pilotos não haviam encontrado ainda nesse final de semana (pista seca), a corrida em Austin acabou sendo espetacular devido justamente as muitas variáveis encontradas pelos pilotos da primeira à última volta. Mais uma vez Hamilton largou melhor do que Rosberg e num lance polêmico entre os dois companheiros de equipe, o inglês se impôs na curva e ainda pôs Nico fora da pista, fazendo o alemão cair para quinto, atrás dos dois carros da Red Bull e de Sergio Pérez. Com os pilotos utilizando os pneus intermediários pela primeira vez, após os pilotos terem dado as poucas voltas até agora com pneus de chuva forte, as coisas se embaralharam e se era esperado uma fácil recuperação de Rosberg, Kvyat e Ricciardo mostraram o contrário. Foi uma briga titânica e espetacular entre os dois carros da Mercedes e os dois carros da Red Bull, com Ricciardo escalando o pelotão até a primeira posição. E com boa vantagem sobre Hamilton e os demais. Parecia que uma zebra do tamanho do Texas estava prestes a acontecer, mas bastou a pista secar definitivamente para a carruagem da Red Bull se transformar em abóbora e os dois pilotos da Mercedes dominarem. Rosberg vinha na frente, seguido de perto por Hamilton. A pista ainda tinham muitos pontos úmidos, fazendo com erros acontecessem aos borbotões, fazendo com que o safety-car, o literal e o virtual, aparecesse quatro vezes durante a corrida. Nico Rosberg, o pilotos mais rápido da pista, fez sua segunda e última parada nas voltas finais e voava ao ultrapassar Max Verstappen e Sebastian Vettel, outros protagonistas da corrida. Hamilton parecia tentar não parar mais, mas o acidente de Kvyat trouxe o inglês para os pits pela segunda vez e a corrida estava nas mãos de Rosberg, o que adiaria o tricampeonato de Vettel. Porém, relargada dada e os dois pilotos da Mercedes equilibrados, eis que Nico Rosberg erra e entrega a liderança no colo de Hamilton faltando poucas voltas. Era o que Lewis necessitava. Apesar das tentativas de Nico, Hamilton apenas administrou a prova até o fim e recebeu a bandeirada como o novo tricampeão mundial, levando-o às lágrimas. Foi o fruto de um integração impressionante entre Lewis Hamilton e o carro da Mercedes de 2015, que fez o inglês suplantar por completo Nico Rosberg e com a vantagem da Mercedes para os demais, dominar o campeonato como somente Schumacher e mais recentemente Vettel fizeram. Foi um fecho de ouro para o inglês: conquistar o campeonato com uma vitória na melhor corrida de 2015 até agora. Para Nico Rosberg, a sua cara na ante-sala do pódio dizia tudo. O alemão, que poderia ser uma espécie de 'Prost' acabará sendo mesmo um 'Berger' para Hamilton.

Vettel esteve perto de fazer uma corrida antológica e adiar o tricampeonato de Hamilton em uma semana. Largando em 14º graças as punições sofridas pela Ferrari por causa da troca de motor, Vettel se livrou da confusão da primeira curva causada por Felipe Massa e logo se estabeleceu na sexta posição, atrás de Pérez e sofrendo ataques do atrevido Max Verstappen, muito bem na corrida, não importando a condição de pista. Quando a pista secou, Vettel logo se tornou um dos mais rápidos e chegou a tentar dar o pulo do gato quando colocou os pneus médios no meio da prova, dando a pinta que tentaria não parar mais, contudo, o último safety-car fez com que o alemão mudasse de ideia e nas últimas voltas, encostou bastante em Rosberg. Se ultrapassasse o triste compatriota, Sebastian tiraria o doce da boca de Hamilton. Pensou-se até que Rosberg, brabo com Hamilton por outra espremida na primeira curva, poderia entregar a posição para Vettel para provocar o companheiro de equipe, mas Rosberg completou a dobradinha da Mercedes. Seb ganhou onze posições durante a corrida e se manteve na vice liderança do Mundial, ainda à frente de Nico Rosberg, mostrando a qualidade da temporada de Vettel. Bem ao contrário de Raikkonen, que muito reclamou no rádio e ainda bateu quando colocou os pneus slicks, abandonando logo depois após outra corrida tosca do finlandês da Ferrari. Max Verstappen vem calando a boca dos críticos de sua idade e mesmo Sergio Maurício teimar que o holandês tem 17, quando na verdade Max já completou 18 anos, Verstappen vem fazendo uma temporada estupenda e em Austin, mais uma pista que não conhecia, o holandês andou a corrida inteira na zona de pontos, atacou quando podia, inclusive pilotos como Vettel, e usou a cabeça quando não tinha carro para enfrentar Mercedes ou Ferrari. O quarto lugar de Max Verstappen prova que o holandês poderá uma estrela no futuro na F1, enquanto que Carlos Sainz fazia uma corrida espetacular e estava na zona de pontos após largar em último, mas o espanhol acabou se envolvendo num toque com Daniel Ricciardo e foi punido por excesso de velocidade nos pits. Sainz pontuou, mas acabou bem eclipsado pelo companheiro de equipe.

A Red Bull teve um início de corrida mágico, com Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat correndo de igual para igual com a Mercedes com piso úmido, inclusive com o australiano chegando abrir 8s sobre Nico Rosberg, mas quando a pista secou, a deficiência do motor Renault ficou clara e os dois carros caíram pelotão abaixo, com Kvyat provocando o último safety-car da tarde ao bater sozinho e Ricciardo se envolvendo em toques com Hulkenberg e Sainz, fazendo o australiano conseguir a décima posição nas voltas finais, marcando só um pontinho. Faltando apenas uma semana para a sua corrida caseira, Sergio Pérez andou forte como podia e o mexicano conseguiu outros preciosos pontos com a quinta posição, enquanto Hulkenberg, que andou sempre próximo de Pérez, se envolveu num toque com Ricciardo que tirou o alemão da corrida. Jenson Button fez uma ótima corrida numa tipo de prova que o inglês adora, com a pista em constante mutação. Button deixou Alonso para trás mesmo com um motor de uma geração anterior e garantiu uma ótima sexta posição, lembrando as enormes retas em Austin e o déficit de potência do motor Honda. Alonso estava até próximo de Button, mas o espanhol acabou tendo problemas com o seu novo motor Honda e perdeu a décima posição no finalzinho da prova. Maldonado marcou pontos numa corrida onde apenas tentou sobreviver com seu Lotus sem desenvolvimento, enquanto Grosjean, envolvido no melê provocado por Massa na primeira curva, foi um dos primeiros abandonos. Por sinal, a Williams teve um final de semana esquecível, com seus dois pilotos tendo problemas mecânicos ainda no começo da prova, mas os carros brancos não andaram bem em nenhum momento. Numa corrida de sobrevivência, Nasr conseguiu marcar pontos com o nono lugar mesmo tendo parado cinco vezes, ter batido em seu companheiro de equipe Ericsson, que abandonaria mais tarde por problemas mecânicos, e a Sauber nunca ter conseguido acertar seus carros. Ponto positivo para Nasr. E também para Alexander Rossi, que correndo em casa, por pouco não repetiu a façanha de Bianchi e pontuou com o carro da Manor. O americano chegou em 12º e na mesma volta dos líderes.

Foi uma corrida agitada, cheia de oportunidades e ultrapassagens, mas o resultado foi o mesmo de sempre, com a Mercedes conseguindo outra dobradinha, com Hamilton na frente de Rosberg. Esse tricampeonato vai coroando uma carreira que começou arrebatadora, sofreu com os problemas de cabeça de Hamilton, mas o amadurecimento do inglês fez com que Lewis dominasse um piloto forte mentalmente, mesmo que não tão forte quanto ele tecnicamente e em talento. Lewis Hamilton hoje é um piloto completo e merece estar no rol dos tricampeões do mundo. 

Treta malaia

Daniel Pedrosa não tem muita sorte mesmo em sua carreira. O espanhol da Honda fez, provavelmente, sua melhor corrida desde 2012. Pedrosa conquistou uma pole arrebatadora no circuito de Kuala Lumpur no sábado para então vencer com categoria no domingo. Porém, ninguém está falando da vitória de Daniel Pedrosa. Nem mesmo estão falando da corrida em si. O assunto no momento não apenas na MotoGP, mas em toda o esporte a motor é a patada de Valentino Rossi em Marc Márquez e toda as consequências do ato.

Valentino Rossi é um dos personagens mais carismáticos do esporte mundial, mas o italiano está longe de ser um comportado coroinha de igreja da missa das dez da manhã. Rossi já se envolveu em algumas polêmicas ao longo de sua longeva carreira, incluindo toques nada sutis em seus rivais. A famosa última curva em Jerez/2005, quando bateu com força em Sete Gibernau na luta pela liderança estrou para a história. Assim como os problemas com seu arqui-rival Max Biaggi. Com Casey Stoner, Rossi teve uma disputa épica em Laguna Seca em 2008, mas o australiano acusou Rossi de ter provocado sua queda. Em 2010, após se recuperar de uma perna quebrada, Vale teve um disputa fratricida com seu companheiro de equipe Lorenzo, já campeão, que chamou atenção. Rossi não gosta de perder, como um competidor nato como é, mas o italiano já mostrou algumas vezes que para não perder, os fins podem justificar os meios. 

Antes da corrida na Malásia, na entrevista coletiva, Rossi surpreendeu o mundo ao declarar que Márquez o atrapalhou na antológica prova em Phillip Island e que o espanhol fez de tudo para que Lorenzo vencesse. O detalhe foi que Rossi falou isso entre os dois espanhóis, que pareceram tão surpresos quanto os presentes na entrevista, até por que Márquez ultrapassou Lorenzo nas curvas finais da corrida australiana. O clima de guerra estava instalado. É evidente que Rossi não consegue mais andar no mesmo ritmo de Lorenzo e Márquez, restando ao experiente italiano usar artimanhas extra-pista para enervar seus rivais, particularmente Lorenzo, seu companheiro de equipe e rival, como aconteceu quando eles dividiram a Yamaha anos atrás. Márquez sempre falou que tinha como Rossi como ídolo desde criança. Não seria impossível dizer que até mesmo Lorenzo via em Rossi uma referência quando adolescente. Agora eles estavam enfrentando Valentino Rossi em seus momentos finais da carreira e Rossi querendo sair de cena sob glórias. 

A cartada de Valentino Rossi foi arriscada. Marc Márquez é um fenômeno e tê-lo como inimigo declarado não é das melhores ideias. Márquez passou o ano de 2015 sofrendo com o desequilíbrio do quadro da Honda a ponto da montadora ter voltado para o quadro de 2014, mas usando o motor de 2015, para que Márquez voltasse a vencer. O resultado foi o espanhol conquistando grandes vitórias, mas também grandes quedas. Sem nada a perder e utilizando seu talento, Márquez seria um fator preponderante na luta entre os dois pilotos da Yamaha de qualquer maneira. E se Márquez preferia ou não Lorenzo antes da Malásia, a provocação de Rossi antes da corrida indicava um Marc Márquez mais companheiro de equipe de Lorenzo do que Rossi seria com o espanhol da Yamaha. Foi nítido que Márquez deixou Lorenzo passar no começo da prova malaia para ficar na frente de Rossi. A briga entre os dois estava agressiva demais, mas Rossi tinha tudo a perder. E Márquez, nada a perder. E na sexta volta, após três tensas voltas, Rossi abriu a curva, deixou sua Yamaha escorregar em cima da Honda de Márquez e com um nada sutil coice, Rossi derrubou Márquez, numa cena que já entrou para a história do Mundial de Motovelocidade.

A vitória de Pedrosa, com Lorenzo e Rossi logo atrás ficou em segundo, quiçá terceiro plano. Que Valentino Rossi deveria ser punido, era claro. Mas qual seria essa punição? Em algum momento, Lorenzo deve ter sido informado do ocorrido no começo da prova e o espanhol fez algo que não me lembro de ter visto ultimamente: abandonou o pódio em protesto!

Momentos depois veio a notícia de que Rossi largará em último na etapa derradeira do ano em Valencia, mas manteria seus pontos da corrida na Malásia. E o campeonato 2015 da MotoGP ganhou contornos que lembrará e muito o Campeonato da F1 em 1989. O clima dentro dos boxes da Yamaha deve estar irrespirável, com Lorenzo detonando o coice de Rossi em Márquez, enquanto o italiano voltou a criticar Márquez por se meter na briga do campeonato, particular até então entre os pilotos da Yamaha. Lin Jarvis, chefe da equipe Yamaha, se mantém sob fogo cruzado e sem ter muito o que fazer para apaziguar os ânimos dos seus dois pilotos. Rossi ainda tem sete pontos de vantagem sobre Lorenzo para a última corrida, mas largando em último, Valentino Rossi terá uma tarefa inglória, principalmente se Lorenzo vencer a corrida. E para a última corrida do ano em Valencia, terra de Lorenzo e Márquez, ficará a perspectiva de uma das corridas mais tensas de todos os tempos.

Largando em último, Rossi poderá trombar com Márquez em algum momento. Qual será a reação do espanhol da Honda? E como será a reação se, por acaso, houver uma disputa entre os dois pilotos da Yamaha durante a corrida valenciana? A atitude de Rossi, antes e durante a corrida, fez com que Lorenzo ganhasse um importante aliado nesse histórico campeonato 2015 da MotoGP. Acostumado a ser o 'bom moço' na luta contra o 'bandido' Jorge Lorenzo, Valentino Rossi teve essa sua marca arranhada com uma atitude indigna para a vitoriosa carreira do italiano. Contudo, essa história ainda não terminou e o último capítulo deverá ser ainda mais tenso do que o round desse domingo.

sábado, 24 de outubro de 2015

Aposta no futuro

Ainda com a negociação com a Renault em andamento, a Lotus resolveu anunciar o seu segundo piloto para 2016. E não deixou de ser uma surpresa. Era esperado que, para agradar a Renault, o escolhido para companheiro de equipe de Pastor Maldonado em 2016 fosse um francês (Jean-Eric Vergne e Esteban Ocon eram favoritos), mas o escolhido foi o inglês Jolyon Palmer, filho de Jonathan Palmer, piloto regular da F1 nos 80, mas sem maiores brilhos. Campeão da GP2 em 2014, Palmer tinha ficado enfurecido por não ter conseguido um lugar na F1 nesse ano, ao passo que o seu rival na GP2 Felipe Nasr havia conseguido um lugar na Sauber devido ao farto patrocínio do Banco do Brasil. Palmer, aparentemente sem nenhum grande apoio de um patrocinador, pode indicar que a Lotus se tornará Renault em breve, pois se quisesse dinheiro, não faltam piloto endinheirados por aí, mas a Lotus escolheu um piloto que fez uma boa categoria de base, culminando com o título da GP2 ano passado. Estreante, Palmer terá como referência um antigo campeão da GP2 como ele, Pastor Maldonado, mas pelo o que Pastor fez nos últimos anos, o venezuelano parece ser sempre um novato... Se Palmer mostrar regularidade, poderá passar por cima de Maldonado, que só ficou mais um ano na Lotus devido ao seu polpudo patrocinador bolivariano, mas quando seu contrato acabar, Pastor deverá sair da Lotus, futura Renault. E Palmer, aposta da equipe, com um ano de experiência, poderá liderar a equipe a partir de 2017.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Corrida que não deveria ter acontecido

Trinta anos atrás era realizado o Grande Prêmio da África do Sul de 1985, mas a vitória de Nigel Mansell, a segunda consecutiva do inglês, ficou totalmente em segundo plano pelo o que aconteceu nos bastidores da corrida.

O odioso sistema do Apartheid vivia um momento particularmente sangrento em outubro de 1985, com a data da execução de Benjamin Moloise marcada para o dia 18. Exatamente um dia antes da corrida. A população negra sul-africana foi às ruas protestar contra a execução do poeta, enquanto a comunidade internacional apelava para que Moloise não fosse executado. Mesmo o COI e a FIFA banindo a África do Sul das suas disputas desde a década de 1970, a F1 continuou correndo no país do Apartheid como se nada tivesse ocorrendo de errado por lá, porém, os eventos de outubro de 1985 quase cancelaram a corrida.

O parlamento finlandês solicitou à Keke Rosberg que não viajasse para a corrida, o mesmo fazendo o governo italiano. A RAI cancelou a transmissão da corrida. O governo socialista de François Mitterand foi mais eficiente (até porque a equipe Renault fazia parte de uma empresa estatal...) e nem Ligier, muito menos a Renault viajaram para a África, enquanto Alain Prost, recém coroado campeão, foi impelido pela McLaren a correr em Kyalami, mas nenhum patrocinador quis aparecer numa corrida que nunca deveria ter ocorrido. 

E os nossos representantes? O então presidente José Sarney, assim como a maioria dos governantes da época, solicitou que a corrida não acontecesse e depois pediu que os pilotos brasileiros não corressem. No que foi totalmente ignorado. "Não tem problema. Faço apenas o meu trabalho, que é correr por uma equipe inglesa," respondeu aos apelos Ayrton Senna.  Nelson Piquet não fez melhor, enquanto que do outro lado do Atlântico, já correndo na Indy, Emerson Fittipaldi disse que a corrida deveria mesmo acontecer. "Esporte e política não se mistura", argumentou o bicampeão. Definitivamente, não foi o melhor momento dos três maiores pilotos brasileiros de todos os tempos...

Como previsto, Moloise foi executado numa sexta-feira dia 18 de outubro de 1985, a apenas 20 km do circuito de Kyalami, gerando uma enorme onde de violência em Joanesburgo. A corrida aconteceu normalmente no dia seguinte, com um magro grid de vinte carros, pois a Lola/Hass tirou Alan Jones da corrida de última hora. Em apenas dezessete voltas, só haviam dez carros na pista e somente sete receberam a bandeirada. Mansell venceu, começando o embalo que o levaria a ser considerado um ícone na F1 nos próximos anos. Keke Rosberg, mesmo com problemas de câmbio, completou a dobradinha da Williams, mostrando a força da futura equipe de Piquet em 1986. Prost havia prometido antes da prova que não subiria ao pódio se tivesse esse direito. Na hora agá, o francês descumpriu o que prometeu e estava todo serelepe ao lado de Mansell e Rosberg. Durante as primeiras voltas, os dois pilotos da Lotus brigavam pelo quarto lugar, quando Elio de Angelis teria sido fechado por Ayrton Senna. Essa cena nunca foi mostrada, mas deixou o italiano revoltado a ponto de quase agredir (muito se fala que o italiano chegou a dar um safanão em Senna, mas isso também nunca foi mostrado...) o companheiro de equipe dentro dos boxes da Lotus. Talvez não fosse para tanto, mas saindo da Lotus após anos de fidelidade, De Angelis apenas estava com muita frustração acumulada por se ver relegado dentro da Lotus após tantos sacrifícios.

Logo após a corrida, as equipes de F1 arrumaram as malas rapidinho e se mandaram para a nova corrida do calendário, o Grande Prêmio da Austrália, com certeza numa clima bem mais amistoso do que encontraram na África do Sul. Tradicionalmente ocorrendo no sábado, o Grande Prêmio da África do Sul de 1985 foi a última corrida de F1 que não aconteceu num domingo e também foi a última vez que o velocíssimo traçado de Kyalami original sediou uma prova de F1. Após tanto desgaste por fazer essa corrida num momento totalmente inoportuno, a F1 se tocou e também baniu a África do Sul do seu calendário, voltando sete anos depois com um Kyalami totalmente diferente e, principalmente, com uma África do Sul bem diferente, livre do Apartheid.   

domingo, 18 de outubro de 2015

Que pena...

Após uma madrugada histórica com a antológica prova em Phillip Island da MotoGP, o motociclismo sofreu um abalo com a morte de Joãozinho Treze na prova de Goiânia da Superbike Brasil. Meu xará, João Carlos Sobreira de 32 anos saiu reto com sua moto ao final da reta dos boxes e bateu muito forte no muro dos pneus. As primeiras informações são de que o piloto teria tido um mal súbito em cima de sua moto, mas isso não foi confirmado. O que nos resta é mandar condolências à família do piloto e aos seus amigos.

Holy Shit! What a race!

Como falaram muito bem Mark Webber e Ewan McGregor depois do Grande Prêmio da Austrália da MotoGP através do twitter. Puta merda! Que corrida! A MotoGP nos presenteou com outra corrida magistral em Phillip Island, circuito com o visual mais bonito do mundo. A pista australiana tem curvas longas e fluídas, com duas freadas muito fortes numa pista à beira do mar, o que traz a influência do vento. Esses ingredientes sempre trouxeram corridas esplêndidas desde os tempos das 500cc (quem não se lembra da célebre corrida de 2000?). Hoje, Marc Márquez, Jorge Lorenzo, Andrea Iannone e Valentino Rossi deram um verdadeiro show e qualquer um dos quatro poderiam e mereciam vencer, mas como só um pode subir no alto do pódio, quem ficou com o troféu foi Márquez, numa última volta impressionante, onde o espanhol da Honda tirou meio segundo no miolo do circuito e ultrapassou Lorenzo no cotovelo da curva dez.

A corrida teve de tudo, inclusive uma cabeçada de Iannone numa gaivota, felizmente sem maiores consequências para o italiano. E nem tanto para a ave. Largando mal mais uma vez, Rossi foi se recuperando até chegar ao pelotão da frente, que tinha os pilotos que ocuparam a primeira fila, com Iannone, Lorenzo e Márquez brigando pela primeira posição. A Ducati brigar pela ponta não foi cena rara em 2015, mas a moto ainda indócil nas curvas e, por consequência, com os pneus, faziam que os seus pilotos perdessem rendimento ao longo da corrida. Não foi o caso dessa vez. Iannone ficou a prova inteira na briga pela vitória, que tinha Lorenzo e Rossi com medo de arriscar uma queda, mas com Márquez e Iannone sem nada a perder, passaram a se arriscar. E muito. Vencedor da prova passada numa atuação antológica, Daniel Pedrosa ficou preso na briga com Cruthlow e a surpreendente Suzuki de Maverick Viñales, e acabou numa opaca quinta posição.

Porém, todos os olhos estavam na briga pela primeira posição. Olhando unicamente os tempos, Lorenzo teve uma corrida regular, sempre marcando tempos parecidos no passar das voltas, ao contrário de Márquez, que teve uma prova cheio de altos e baixos. O espanhol da Honda chegou a tomar a ponta de Lorenzo no meio da prova e dava pinta que dispararia, mas seu compatriota da Yamaha lhe tomou a ponta, mas sem disparar. Na sua luta pelo título com o companheiro de equipe, Rossi forçava e até se arriscava demais para manter a regularidade no pódio, mas o italiano acabou sucumbindo à potência da Ducati, que sempre dava um gás a mais para Iannone nas retas. Italiano que tem estampado no seu macacão o apelido de 'Maníaco', Andrea Iannone fez a melhor corrida de sua vida e supera até com facilidade seu xará Andrea Doviziozo, candidato a líder da Ducati no começo da temporada, mas que terminou num horroroso 12º lugar hoje. Após um ataque final de Rossi nas duas voltas finais, Márquez se estabeleceu em segundo, com Iannone brigando com Rossi pelo terceiro lugar. Parecia que Lorenzo conseguiria uma vitória que lhe deixava numa situação ótima no campeonato, porém, correndo sozinho, Márquez fez uma última volta sensacional e histórica, pegando a todos, inclusive Lorenzo, de surpresa. Na freada da curva 10 da última volta, após tirar quase meio segundo no miolo da pista, Márquez colocou de lado e executou a ultrapassagem definitiva. Alguns metros atrás, Rossi tentava o mesmo com Iannone, mas seu compatriota deu o troco, ao contrário de Lorenzo, que se mostrou bastante contrariado após a bandeirada.

O campeonato permaneceu com a situação de que Rossi não precisa mais vencer nas duas etapas que restam para se tornar campeão, mas o italiano sabe muito bem que a simples missão de apenas marcar Lorenzo não está nada fácil. Os pilotos da Honda e Iannone estão se metendo na briga pela vitória e isso pode ser o fiel da balança nessa disputa histórica entre os dois pilotos da Yamaha. Fora do pódio, Rossi se mostrou preocupado depois da prova, mesmo Márquez lhe dando cinco pontos de presente. Lorenzo sabe que perdeu uma chance incrível nas curvas finais da corrida, pois se vencesse, dependeria apenas de si para se tornar tricampeão da MotoGP. Marc Márquez mostrou que mesmo fazendo uma temporada cheia de altos e baixos, como a corrida de hoje, ainda é um fenômeno e poderá vencer muitas corridas e títulos no futuro próximo. Contudo, todos os olhos estão voltados para a espetacular disputa entre Valentino Rossi e Jorge Lorenzo por um campeonato que já é histórico.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Nova era

Há dez anos atrás, o Grande Prêmio da China de 2005 marcava o fim de uma campeonato marcante e surpreendente. Mesmo com carros muito rápidos, donos de vários recordes de pista até hoje, 2004 foi uma temporada esquecível em termos de emoção e parecia que o domínio Schumacher-Ferrari nunca teria fim. Porém, bastou uma mudança no regulamento técnico para que tudo mudasse em meses. A proibição da troca de pneus programadas durante a corridas atingiu em cheio a estratégia da Ferrari não apenas nas corridas, mas na concepção do carro. Desde 1998 era conhecido as táticas orquestradas por Ross Brawn para que Schumacher ganhasse posições ou simplesmente tempo sob os adversários usando apenas o talento do alemão em algumas poucas voltas. Com os pilotos tendo que cuidar mais dos pneus, que teria que durar uma corrida inteira, essa estratégia de forçar em determinados momentos não teria a mesma eficácia para Ferrari e Schumacher.

Como a Bridgestone só tinha a Ferrari, a Michelin soube capitalizar a fraqueza da rival e dominou em 2005. Fernando Alonso se mostrou um piloto muito regular, mas não restavam dúvidas que o conjunto mais forte de dez anos atrás era a McLaren-Mercedes de Kimi Raikkonen. Após disputar o título em 2003 e sofrer em 2004, Kimi veio muito forte em 2005 e mesmo a McLaren demorando a acertar seu novo carro, Raikkonen se tornou rapidamente o piloto mais rápido em 2005, superando Juan Pablo Montoya, que veio à peso de ouro da Williams. Era bastante esperado o duelo entre o gelado Raikkonen e o fogoso Montoya, mas Kimi sobrepujou o colombiano com até alguma facilidade, enquanto JP perdia cada vez mais motivação no mesmo ritmo em que ganhava peso. Raikkonen venceu muitas corridas em 2005, mas a péssima confiabilidade da parceria McLaren-Mercedes marcou aquele ano e Alonso soube conduzir o campeonato de forma esplêndida. Quando tinha carro para vencer, como na China, ia lá e vencia. Quando Raikkonen disparava na frente, Alonso marcava o maior número de pontos possíveis ou esperava a quebra da McLaren. Essa temporada cerebral criou a sensação de que Raikkonen teria merecido mais o título. Contudo, o campeão, o mais jovem da história até então, se chamava Fernando Alonso e o espanhol mostrou todo o seu talento com uma atuação sublime em Suzuka, numa vitória antológica de Raikkonen. Parecia que os dois seriam os grandes dominadores nos próximos anos. Parecia.

Nas categorias de base, um alemão e um inglês começavam a se destacar. Protegido pela Red Bull desde os 14 anos, Sebastian Vettel havia conquistado o título de novato do ano na F3 Europeia e testou um carro da Williams, devido ao título da F-BMW em 2004. Nessa mesma temporada, Vettel se encontrou pela primeira vez com Lewis Hamilton, outro piloto protegido por uma equipe de F1 desde a tenra idade, no caso a McLaren. Dois anos mais velho do que Vettel, Hamilton dominou a F3 Europeia em 2005 com 15 vitórias em 20 corridas, cimentando sua escalada rumo à F1. Junto com Alonso e Raikkonen, Vettel e Hamilton se tornariam as grandes estrelas da F1 nos anos seguintes, até mesmo superando Fernando e Kimi, vencedores dos títulos de 2006 e 2007, mas sem triunfos desde então.

O grid de 2005 viu pela última vez duas equipes simpáticas, mas em franca decadência no momento. A Minardi saía de cena em sua costumeira última fila rumo à asas da Red Bull para se tornar a Toro Rosso, criadouro da equipe e que serviu de trampolim para Sebastian Vettel na F1. A outrora quase-grande Jordan também sairia de cena com seus famosos carros amarelos e seria comprada e recomprada até ser a Force India de hoje. Enquanto que para os brasileiros, Rubens Barrichello se despedia de uma relação conturbada de seis anos com a Ferrari e era substituído pelo compatriota Felipe Massa, que ficaria ainda mais tempo na scuderia. O que ambos tem em comum? Terem batido na trave várias vezes, enfurecendo os menos entendidos em suas carreiras honestas da F1. Michael Schumacher sentia o gosto da derrota pela primeira vez em muitos anos, mas o alemão ainda salvou um terceiro lugar no Mundial de Pilotos e uma vitória. O alemão, adorado e odiado por muitos, viria com muita força em 2006, em seu último sopro de competitividade antes de sair da F1. Pela primeira vez.

Enfim, 2005 foi o início de uma nova era na F1, uma mudança de guarda importante no quesito pilotos, mas até a estreia de Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, as estrelas seriam Fernando Alonso e Kimi Raikkonen.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Panca da semana

Numa corrida de apoio da famosa Bathurst 1000, o piloto Damien Flack pode-se considerar com muita sorte para contar história.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Figura(RUS): Sérgio Pérez

Quando saiu da McLaren pelas portas dos fundos no final de 2013, a promissora carreira de Sérgio Pérez estava à perigo. Sustentado por pomposos patrocinadores do seu país, Pérez conseguiu refúgio na Force India, mas o mexicano tinha a fama de ser muito difícil de lhe dar e falho tecnicamente. Para completar, Pérez teria ao seu lado um piloto que muitos apostam que falta apenas um lugar numa equipe grande para que se torne campeão: Nico Hulkenberg. O primeiro ano na Force India foi de altos e baixos para Pérez, como um pódio logo na terceira corrida em 2014 e várias provas sem pontuar. Em 2015, Hulkenberg aceitou um convite da Porsche e o alemão conseguiu uma vitória categórica nas 24 Horas de Le Mans, elevando ainda mais a cotação de Hulkenberg, enquanto Pérez apenas assistia de sua casa em Guadalajara. Porém, a Force India construiu um novo pacote para o seu carro a partir de Silverstone e Pérez voltou aos bons tempos de Sauber, quando encantou o mundo com ótimas exibições. O mexicano passou a superar Hulkenberg e a fazer provas consistentes nos pontos, chegando a ultrapassar o seu cotado companheiro de equipe no campeonato. Em Sochi, numa pista com pouco desgaste de pneus, Pérez exibiu o seu melhor, quando conseguia maximizar o desgaste de pneus nos seus bons tempos na Sauber. Pérez conseguiu largar muito bem, enquanto seu companheiro de equipe rodava na primeira curva. O mexicano viu uma chance quando fez o que seria seu único pit-stop ainda na volta 15, quando o safety-car entrou pela segunda vez na pista. Primeiro dos pilotos a terem trocado pneus na pista, bastava a Pérez levar seu Force India até o final, mas não seria algo fácil, principalmente nas voltas finais. A estratégia da Force India era boa e fez com que Vettel utilizasse os pneus novos para ultrapassar o mexicano logo, pois o alemão sabia que se ficasse preso atrás de Pérez, ele perderia a chance de uma boa posição. Porém, Sérgio Pérez continuou em sua ótima corrida e quando todos realizaram seus pit-stops, o mexicano estava em terceiro, segurando sem maiores problemas a Red Bull de Daniel Ricciardo, que estava na mesma estratégia, mas quando o australiano teve problemas e abandonou, quase que o pódio de Pérez foi para o espaço. Com carros rápidos e com pneus menos desgastados, Valtteri Bottas e Kimi Raikkonen partiram para cima do mexicano, mas Pérez resistiu bravamente até a penúltima vota, quando foi ultrapassado pelos dois em duas curvas. Parecia que o sonhado segundo pódio pela Force India iria pelos ares, quando Pérez viu de camarote os dois, teoricamente, gélidos finlandeses baterem na sua frente e entregar o merecido pódio ao mexicano, que vibrou como nunca com esse resultado. Ofuscado num primeiro momento pelo seu companheiro de equipe e vindo de um fracasso retumbante numa equipe grande, Sérgio Pérez voltou a mostrar o mesmo talento que o fez aparecer muito bem na Sauber e esse final de semana em Sochi foi o cume de uma ótima temporada do mexicano. Que em breve correrá na frente do seu público.

Figurão(RUS): Fernando Alonso

Quando Michael Schumacher saiu da Benetton como bicampeão mundial e aceitou o desafio de tirar a Ferrari do limbo, o alemão fez um trabalho extraordinário já em sua temporada de estreia, mas enfrentou vários problemas, incluindo uma espetacular quebra de motor durante a volta de apresentação do Grande Prêmio da França de 1996, quando largava numa rara pole. Melhor piloto da época, Schumacher nunca reclamou publicamente da Ferrari, mesmo sabendo que estava perdendo um tempo precioso em sua carreira, mas esse mesmo tempo seria generoso com o trabalho feito com Schumacher. Fernando Alonso foi para a Ferrari com esse pensamento de imitar Schumacher, com a vantagem de não ter nenhum jejum de títulos a pressiona-lo. O espanhol fracassou, mesmo conquistando três vice-campeonatos. Alonso se mudou para a McLaren imaginando que a parceria com a Honda lhe proporcionaria momentos como o de Schumacher há quase vinte anos atrás e que falhou com a própria Ferrari. Contudo, o complexo motor atual da F1 faz com que a Honda sofra muito mais do que o esperado e a McLaren está comendo o pão que o diabo amassou, juntamente com seus pilotos. Alonso sempre foi chegado à um piti e suas reclamações via rádio com sua equipe já estão se tornando folclóricas. No Canadá, Alonso foi ameno, pedindo para se divertir. No Japão, Fernando pegou pesado, dizendo que o motor Honda era de GP2, sendo que a cúpula da Honda estava nos boxes da McLaren e devem ter ouvido isso. Nesse final de semana em Sochi, Alonso usou de sarcasmo quando seu engenheiro disse que estava lutando com Felipe Massa por uma posição. 'Adoro seu senso de humor', ironizou Alonso. Isso pode parecer engraçado para quem está de fora, mas dentro da equipe e para a parceira Honda isso cai como uma bomba no ânimo de todos para tirar a McLaren-Honda do poço sem fundo onde se encontra. Para completar, o espanhol passou o final de semana inteiro andando bem atrás de Button e ainda foi punido ao final da prova, perdendo o ponto que conquistou após tanto sacrifício e os vários abandonos na sua frente. Se alguém tiver a curiosidade, juntando todas as punições recebidas por Alonso em 2015, a maioria por culpa da McLaren, o espanhol deve ser o recordista nesse quesito numa só temporada. Porém, o que chama a atenção é a falta de liderança de Fernando Alonso. A história mostra que um piloto não pode ser excelente apenas dentro da pista. Fora da pista também se conta muito e exemplos não faltam. Na atualidade, a chegada de Lewis Hamilton na Mercedes colocou a equipe em outro patamar e Sebastian Vettel já traz mudanças perceptíveis na Ferrari. Excepcional piloto dentro da pista, Fernando Alonso talvez não seja o mais completo pelo o que faz fora das pistas, mostrando uma total falta de liderança, que seja capaz de transformar uma equipe em campeã.

domingo, 11 de outubro de 2015

Com a mão na taça

Na luta pela liderança, a corrida de hoje na Rússia lembrou os demais dias de treinos em Sochi: a emoção acabou cedo demais. Nico Rosberg finalmente conseguiu uma largada decente e se manteve na ponta, mas um problema, aparentemente, no acelerador fez com que o alemão abandonasse ainda no início da corrida, entregando a vitória de bandeja para Lewis Hamilton, que se igualou à Sebastian Vettel como terceiro maior vencedor da história da F1, assim como deu um passo decisivo para o seu terceiro título mundial, que já pode ser sacramentado na próxima etapa em Austin. Contudo, atrás do mundo Mercedes, a corrida se mostrou animada e com disputas até o fim. Se o segundo lugar de Vettel não surpreende, o terceiro posto de Sergio Pérez após uma disputa tríplice nas duas últimas voltas com Bottas e Raikkonen foi o ponto alto da corrida.

Para uma temporada marcada por corridas não muito animadas, a prova de hoje em Sochi ficou acima das expectativas, com muita disputa do segundo lugar para baixo por causa da entrada de dois safety-cars ainda antes da volta 15. Quando Grosjean estampou com força sua Lotus no soft-wall no curvão, Lewis Hamilton já tinha a corrida nas mãos. Nico Rosberg fez uma boa largada, se defendeu bem de Hamilton na longa reta até a primeira freada, mas o alemão começou a ter problemas logo após a relargada, reclamando à equipe que seu acelerador não voltava quando tirava o pé. Um problema até mesmo perigoso e a Mercedes foi negligente, pedindo à Rosberg para que ele simplesmente se adaptasse ao problema, mas quando Nico saiu da pista duas vezes consecutivas, o bom senso prevaleceu e o alemão foi aos boxes para abandonar. À essa altura, Hamilton já tinha aberto uma boa vantagem sobre Bottas, que ultrapassara Raikkonen na relargada, e partia para outra corrida de dominação, como havia acontecido em Suzuka. Os únicos sustos de Lewis aconteceram nos extremos da corrida, quando Nico Rosberg desacelerou demais na primeira volta por causa do safety-car e nas últimas voltas, quando apareceu um problema na asa traseira da Mercedes, mas como já faltavam duas voltas, isso não impediu que o inglês vencesse com categoria sua décima corrida em 2015 e só um tsunami de proporções bíblicas pode tirar o tricampeonato de Hamilton. O que se passa com Nico Rosberg aconteceu parecido com Mark Webber nos tempos de dominação da Red Bull. Não bastasse ser mais lento do que o companheiro de equipe, tudo acontece com o carro do alemão. E os abandonos já deixaram Nico Rosberg numa incômoda terceira posição no campeonato, com o também inevitável título de Construtores da Mercedes sendo adiado em algumas semanas. Definitivamente, Nico Rosberg perdeu sua chance de ser campeão em 2014.

Vettel fez uma corrida perfeita em nível estratégico. Após perder a posição para o companheiro de equipe na largada, Vettel tomou a posição de Kimi numa disputa apertada, onde Raikkonen vendeu caro, demonstrando uma animação exacerbada do finlandês, como se veria mais tarde. Mais rápido do que Bottas, Vettel não se abalou quando o piloto da Williams parou nos boxes e ficou na pista o tempo necessário em que Bottas perderia tempo com o tráfego e Seb saiu confortavelmente na frente do finlandês. Sem tempo a perder, Vettel aproveitou os pneus novos para ultrapassar o sempre difícil Sergio Pérez, pois o mexicano não pararia mais. Com Bottas e Raikkonen se estranhando mais atrás, Vettel teve o caminho livre para conseguir mais um segundo lugar e assumir essa posição no campeonato, demonstrando o quão ótima é sua temporada de estreia pela Ferrari. A diferença entre os carros de Mercedes e Ferrari chega a ser gritante em alguns momentos, mas Vettel vai se aproveitando de todas as oportunidades que surgem e já está entre os dois carros prateados na classificação, algo notável pela divisão de forças da F1 atual. O duelo finlandês foi o grande destaque da corrida, com Bottas e Raikkonen andando próximos na maior parte da corrida, com Kimi chegando a ultrapassar o compatriota, mas levando o xis, em determinada ponta da corrida. Era apenas um ensaio. Na última volta, com a Ferrari animando um já animado Raikkonen rumo ao pódio, o finlandês partiu definitivamente para cima do piloto da Williams, quando ambos já haviam ultrapassado Pérez, com pneus desgastados. Porém, Raikkonen tentou uma manobra banzai no mesmo lugar onde havia levado o xis, mas desta vez com consequências para ambos. Enquanto Bottas bateu no muro e soltou alguns piiis pelo rádio, Raikkonen, com a suspensão quebrada, ainda cruzou em quinto, mas a notícia de sua punição não deverá demorar a surgir. Foi o ponto alto da corrida, mas se fosse num país em crise da América do Sul, essa disputa iria dar muito no que falar daqui para frente...

Quem não teve nada com isso foi Sérgio Pérez. O mexicano vem fazendo uma temporada excelente, principalmente quando a Force India estreou seu novo pacote em Silverstone. Tendo como companheiro de equipe o badalado Nico Hulkenberg, vencedor das 24 Horas de Le Mans, Pérez passou a superar o alemão até com alguma frequência e enquanto Nico rodou sozinho na segunda curva da corrida, provocando o primeiro safety-car e ainda tirar Marcus Ericsson da corrida, Pérez manteve sua boa posição no grid e ainda deu o pulo do gato quando o safety-car voltou à pista com o acidente de Grosjean. Ao entrar nos boxes e colocar os pneus macios, o mais duro do final de semana, Pérez indicava que não pararia outra vez e o mexicano era o primeiro do grupo de pilotos que pararam na ocasião. O resultado foi que o piloto da Force India apenas esperou que os pilotos na sua frente parassem para ganhar posições. Ultrapassado por um decidido Vettel, Pérez se manteve na frente de Ricciardo e dos animados finlandeses até que nas últimas voltas, com os pneus bem desgastados, Sergio foi atacado na penúltima volta por Bottas e Raikkonen, mas o mexicano viu de camarote os dois finlandeses baterem e na base da sorte, que sempre premia os competentes, voltou ao terceiro lugar e subiu ao pódio pela segunda vez com a Force India, a primeira em 2015. Pérez vibrou muito com a oportunidade que agarrou e a fase do mexicano já se assemelha com os bons tempos de Sauber, no começo arrebatador da carreira de Pérez. Outro que fez uma corrida de cabeça foi Felipe Massa. O brasileiro teve uma classificação bizarra que o colocou apenas em 15º, mas largou com muito cuidado, sendo um dos poucos que largou com pneus macios, e fez uma corrida inteligente, usando o bom ritmo do seu carro, ultrapassando os carros da Toro Rosso e da McLaren. Com o problema do seu companheiro de equipe e Raikkonen, Massa pulou para um excelente quarto lugar, onze posições à frente de onde largou. Vale ressaltar que a Williams continua sofrendo com seus pit-stops e na estratégia dos seus pilotos, que fez com que Bottas perdesse a posição para Vettel e quase estragou a corrida de Massa.

Nasr fez uma corrida do nível do que fez em Melbourne, onde fez muito mais do que seu carro pode oferecer e se Raikkonen for mesmo punido, o brasiliense pulará para sexto, apenas uma posição abaixo do seu excelente resultado de sua estreia. O piloto da Sauber teve sorte em se livrar do incidente na segunda curva, mas Nasr nunca saiu da zona de pontuação, chegando a correr em segundo quando retardou ao máximo sua única parada, mas antes disso, Nasr segurou sem maiores arroubos seu compatriota Massa, que tinha um carro bem melhor do que seu. Mas ao contrário dos pilotos finlandeses, os brasileiros se comportaram melhor e colheram os resultados no fim. Após decepcionar na classificação, Kvyat conseguiu uma ótima largada e com os problemas dos demais pilotos da Red Bull, foi o melhor do grupo, logo atrás de Nasr. Ricciardo estava na mesma estratégia de Pérez e segurava Bottas e Raikkonen até o fim, quando um problema de suspensão traiu o australiano. Para quem brada aos quatro ventos que tem o melhor chassi da F1, ver um abandono devido à problema de suspensão deve dar um sorriso no canto da boca dos homens da Renault. Carlos Sainz saiu do hospital rumo ao grid e quase marcou pontos, mas um problema no freio tirou o espanhol da corrida, quando estava na zona de pontuação, enquanto Max Verstappen teve sua corrida estragada quando pegou as sobras do acidente de Hulkenberg e Ericsson na primeira volta. Grosjean fazia outra corrida consistente e com boas chances de pontuar, quando rodou estranhamente no curvão e bateu muito forte, trazendo o safety-car que mudou a corrida de muita gente. Maldonado chegou em oitavo, mas o venezuelano não teve um bom ritmo e só ultrapassou as lentas McLarens no final. Como não poderia deixar de ser, Alonso deu uma patada na equipe quando o seu engenheiro lhe disse que estava brigando com Massa. 'Eu adoro seu bom humor', respondeu Alonso, um pouco antes de ser ultrapassado facilmente pelo brasileiro. Contudo, a McLaren se aproveitou dos vários incidentes durante a corrida para pontuar com seus dois pilotos, na mesma volta do líder. Animado com a sua renovação de contrato, Button superou Alonso. A Manor fez o de sempre.

Se em 2014 houve a animada briga entre os pilotos da Mercedes, em 2015 Hamilton vem dominando Rosberg e os constantes problemas que vem afligindo o alemão mina cada vez mais a confiança de Nico, que já perdeu até mesmo o segundo lugar no campeonato. Foi uma corrida animada e cheia de alternativas na Rússia, mas o título já está decidido, só faltando mesmo a matemática confirmar. Com o talento que tem, Lewis Hamilton faz por merecer o título que já está praticamente nas suas habilidosas mãos.   

sábado, 10 de outubro de 2015

Emoção antes da hora

Esse final de semana em Sochi vem sendo das emoções antes da hora, até o momento. O terceiro treino livre deste sábado foi marcado pelo enorme acidente de Carlos Sainz, que deixará o espanhol de molho na corrida russa e ainda tirou minutos preciosos para as equipes conseguirem acertar seus carros. Pois na sexta, um bizarro incidente jogou óleo diesel na pista no primeiro treino e a chuva apareceu com força no segundo. Numa estratégia diferente, a Mercedes ficou com seus dois dominantes carros na maior parte do Q3 e o resultado foi que um erro de Hamilton fez com que Nico Rosberg ficasse com a pole sem maiores sustos e emoções.

Mesmo com tão pouco tempo de pista seca, a classificação transcorreu sem maiores mudanças em todo o pelotão do grid. Em seu 250º GP, Alonso ficou pelo caminho do Q1, tomando meio segundo de Button, que permanecerá na McLaren em 2016 e foi para o Q2. Nasr voltou a botar ordem na casa e superou Ericsson e passou ao Q2, mas não teve carro para fazer mais. Com os carros equipados com motor Mercedes dominando, apenas Maldonado ficou no Q2, mostrando a força do dinheiro bolivariano, pois só isso explica o venezuelano permanecendo mais um ano na Lotus, que deverá ser Renault ano que vem. O piloto da casa Kvyat foi eliminado no Q2, enquanto Verstappen e Ricciardo foram ao Q3 fazer figuração. A ameça da Red Bull retirar suas duas equipes da F1 por falta de motor não se deve à uma crise política da F1, mas à arrogância dos gestores da equipe, particularmente Horner e Helmut Marko. Após criticarem tanto a Renault a ponto dos franceses pularem fora, os manda-chuvas da Red Bull criaram a situação de que eles constroem chassi como ninguém e um possível fracasso, a culpa era do motor. Qual montadora iria querer uma parceria dessa? Mercedes e Ferrari não quiseram, além do fato de ambas saberem a força da Red Bull. Se foram embora, daqui há dois anos ninguém lembrará muito de uma equipe que começou tão simpática, mas hoje é conhecida como péssima perdedora.

O motor Mercedes foi tão dominante, que nem Vettel conseguiu o seu habitual terceiro lugar, ocupado hoje por Valtteri Bottas, mas chamou a atenção o péssimo desempenho de Felipe Massa no Q2, com o brasileiro cometendo seguidos erros, após andar junto do finlandês no Q1. Massa largará em 15º amanhã, enquanto a Mercedes dominou a primeira fila novamente, desta vez com Rosberg bem à frente de Hamilton. Só esperamos que a corrida seja bem melhor do que se viu até agora em Sochi.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 2005

Com Fernando Alonso tendo garantido o seu primeiro título mundial em Interlagos dez anos atrás, a única coisa a definir nas duas provas que restavam de 2005 era o Mundial de Construtores, onde a McLaren havia conquistado a liderança após a dobradinha da equipe em São Paulo, mas Alonso estava disposto a não baixar as armas mesmo com o título, para dar a Renault também o Mundial de Construtores. 

Em 2004 a classificação em Suzuka foi adiada devido a passagem de um Tufão e em 2005 o clima foi novamente decisivo. A chuva novamente deu às caras, não em forma de tempestade, como no ano anterior, no sábado e o resultado foi uma classificação atípica. Em tempos onde o piloto tinha direito à apenas uma volta lançada, estar na pista na hora certa seria um grande diferencial e quem teve essa sorte foi Ralf Schumacher, que conseguiu a pole, com Jenson Button completando a primeira fila. Com o alemão correndo pela Toyota e o inglês defendendo a BAR-Honda, era uma primeira fila ao mesmo tempo surpreendente e consagradora para as duas gigantes nipônicas, ainda mais correndo em casa. Dos pilotos das equipes dominantes de 2005, apenas Fisichella conseguiu o terceiro tempo, com Schumacher em 14º, Alonso em 16º, Raikkonen em 17º e Montoya em 20º. Com os melhores pilotos de 2005 largando das últimas posições, a corrida prometia!

Grid:
1) R.Schumacher (Toyota) - 1:46.106
2) Button (BAR) - 1:46.141
3) Fisichella (Renault) - 1:46.276
4) Klien (Red Bull) - 1:46.464
5) Sato (BAR) - 1:46.841
6) Coulthard (Red Bull) - 1:46.892
7) Webber (Williams) - 1:47.233
8) Villeneuve (Sauber) - 1:47.440
9) Barrichello (Ferrari) - 1:48.248
10) Massa (Sauber) - 1:48.278

O dia 9 de outubro de 2005 amanheceu ensolarado, ao contrário dos dias anteriores em Suzuka, aumentando ainda mais a expectativa de uma corrida com um grid praticamente todo invertido. O que ninguém sabia antes da largada era que estava para acontecer uma das corridas mais emocionantes e sensacionais em todos os tempos, com pista seca. De forma esquisita, Ralf Schumacher conduziu a volta de apresentação de forma muito lenta, mas isso não atrapalhou o alemão a conseguiu se manter na ponta na largada, que teve apenas Barrichello e Sato saindo da pista ainda na primeira curva. O brasileiro da Ferrari, em sua penúltima corrida pela equipe de Maranello, teve que fazer um pit-stop após furar um pneu. Porém, o prejuízo de Rubens seria diminuído com a entrada do safety-car após um forte acidente de Montoya na primeira volta, após o colombiano tentar ultrapassar Villeneuve e ser fechado. Montoya ficou na bronca com o canadense.

As seis voltas atrás do safety-car mostrava uma incrível recuperação dos pilotos de ponta em 2005. Schumacher havia pulado de 14º para 6º e Alonso de 16º para 8º. Isso, numa única volta valendo! Raikkonen acabou atrapalhado com o incidente do seu companheiro de equipe e permanecia nas últimas posições. Por enquanto. Quando a relargada foi dada, Ralf permaneceu na frente, seguido por Fisichella, que havia tomado o segundo lugar de Button. A recuperação dos líderes do campeonato continuou quando a bandeira verde foi dada, com Alonso se livrando da Red Bull de Klien e partindo para cima de Schumacher. Raikkonen ultrapassava os brasileiros Felipe Massa e Antônio Pizzônia para ser 10º, enquanto Pizzônia rodava sozinho e de forma bisonha na volta seguinte na curva Degner, meio que mostrando o porquê da Williams o ver apenas como piloto de testes e nada mais do que isso. Alonso teve que ceder sua posição para Klien quando a FIA disse que a ultrapassagem do espanhol tinha acontecido sobre bandeiras amarelas. Alonso teve que passar o austríaco da Red Bull pela terceira vez no dia, deixando Klien na alça de mira de Raikkonen. Demonstrando que a pole de Ralf tinha sido meio ilusória, o alemão fez sua primeira parada ainda na volta 13, entregando a liderança da corrida para Fisichella. Ralf não apareceria mais na frente ao longo da corrida. Com Alonso e Raikkonen ainda se recuperando na corrida, mesmo que fazendo isso de forma espetacular, poucos duvidavam de uma possível vitória de Fisichella naquele momento.

Alonso pressionava Schumacher pela quinta posição e o espanhol tinha pressa em deixar o alemão para trás, pois já via em seus retrovisores a presença ameaçadora de Raikkonen. O espanhol da Renault tentou várias vezes na curva um de Suzuka sem sucesso e então, Alonso tentou uma ultrapassagem quase impossível, mas que seu talento tornou possível, ainda mais em cima de Schumacher, que nunca cedia uma posição sem uma boa briga. Na perigosa e velocíssima curva 130R, Alonso ultrapassou Schumacher por fora, numa manobra antológica, que deixou o alemão de queixo caído. Assim como a todos que assistiam àquela corrida que já era histórica. Schumacher foi aos boxes, trazendo a reboque Raikkonen. Após todas as paradas dos líderes, a Ferrari trabalhou melhor e colocou Schumacher novamente na frente de Raikkonen e Alonso, agora nessa ordem. O alemão se defendia como podia, mas acabou ultrapassado pelas então dois prodígios na curva um, de forma apertada, arriscada e belíssima. Nos pits, um enorme susto aconteceu nos boxes da Minardi, quando um pequeno incêndio fez com que o carro de Albers ardesse, mas felizmente sem nenhuma consequência para os envolvidos. Enquanto Fisichella ainda liderava no início da segunda rodada de paradas, Button e Webber ainda se mantinham na frente de Raikkonen e Alonso, que foi o primeiro piloto dos que brigavam pela liderança a fazer a segunda parada. Andando muito rápido antes de sua paradas, Raikkonen pulou para segundo, enquanto Webber e Alonso deixavam Button para trás. Bem mais rápido do que a Williams, Alonso pressionava Webber pelo terceiro lugar, com o australiano se defendendo forte pelo lugar no pódio. Numa manobra arriscada, onde Webber deixou muito pouco espaço, Alonso consegue outra manobra estupenda na freada da curva um deixa o australiano para trás.

Faltando apenas alguns punhados de voltas, a corrida parecia definida, com Fisichella liderando desde a primeira rodada de paradas, com Raikkonen e Alonso completando o pódio após uma corrida furiosa dos dois. Porém, o tempo na liderança pôde ter deixado Fisichella tranquilo demais e o italiano fazia uma corrida deveras acomodado. Ao contrário de Raikkonen, que continuava forçando muito. Com o Mundial de Construtores ainda a ser decidido e tendo apenas um carro na pista, a McLaren precisava da vitória e Kimi sabia disso. Raikkonen fazia uma sucessão de voltas mais rápidas, enquanto Fisichella estava naquela de levar a criança para casa. Quando se deu conta, Fisico tinha Raikkonen fungando no seu cangote, com apenas três voltas para fim, num ritmo muito mais rápido do que o dele. Na abertura da última volta, Raikkonen colocou de lado na curva um e efetuou a ultrapassagem vencedora sobre Fisichella, que nem se defendeu muito, provavelmente atônito com tamanha exibição do finlandês. Após vencer a primeira corrida e dar pinta de que poderia brigar pelo título, Fisichella caiu muito durante 2005 e a forma humilhante como foi ultrapassado por Raikkonen mostrava claramente que o italiano entraria para a história da F1 com um piloto rápido, mas longe de ser uma estrela. O que era o caso de Kimi Raikkonen. As comparações com a mítica prova de John Watson em Long Beach/83 apareceram na hora, com o finlandês conseguindo a vitória largando tão de trás, o mesmo acontecendo com Alonso, que saiu do fim do grid para abocanhar um pódio. Essa corrida, considerada por muitos como a melhor da gloriosa história do Grande Prêmio do Japão, mostrou que haviam duas novas estrelas na F1 naquele tempo: Fernando Alonso e Kimi Raikkonen. E o tempo daria razão total para essa afirmação.

Chegada:
1) Raikkonen
2) Fisichella
3) Alonso
4) Webber
5) Button
6) Coulthard
7) M.Schumacher
8) R.Schumacher

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

História: 35 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos Leste de 1980

A F1 partia para a sua última corrida de 1980 já pensando em 1981, onde a guerra FISA-FOCA, que chegou a cancelar o Grande Prêmio da Espanha em Jarama daquele ano, poderia esquentar ainda mais. Como sempre, a última corrida de uma temporada significava várias despedidas na F1 e 1980 não foi diferente, como era o caso do próprio palco do Grande Prêmio dos Estados Unidos Leste. O tradicional circuito Watkins Glen chegou a ser a corrida mais valorizada da F1 nos anos 60 e 70, mas a pista cada dia mais antiquada e a recusa dos proprietários em ceder a barganha de Bernie Ecclestone (até porque estavam em crise financeira...), fez com que essa fosse a última prova de F1 em Glen. O então campeão Jody Scheckter já havia anunciado a sua decisão de se aposentar no final de 1980, mas o destino de Emerson Fittipaldi, pelo menos em público, ainda era uma incógnita. No Brasil, onde tudo se faz piada, a pergunta era uma só no final de 1980: Emerson pararia ou não?

A Skol, principal patrocinadora da equipe Fittipaldi, havia sido comprada pela Brahma e uma das primeiras ações da compradora foi retirar a marca Skol da F1, deixando a equipe Fittipaldi em apuros, principalmente para 1981. Essas dificuldades com sua equipe parecia ser demais para Emerson, mas haviam outros 'grilos' na cabeça do bicampeão. Tendo visto o acidente que deixou Clay Regazzoni paralítico bem na sua frente em Long Beach, Emerson se viu como o último resquício de uma F1 bem diferente de 1980. Dez anos e um dia após sua primeira vitória na F1 na própria pista de Watkins Glen (que havia se tornado antiquado para a F1 moderna de 35 anos atrás), Emerson Fittipaldi era o único piloto que largou em 1970 ainda presente no grid dez anos depois. Todos os demais haviam se aposentado ou, algo mais comum, morrido na pista. Junto com a ruína de sua equipe, seu sonho pessoal, Emerson faria sua última corrida de F1 de forma melancólica 35 anos atrás.

O final de semana em Watkins Glen começa tumultuado, com dois acidentes fortes com pilotos franceses logo na sexta-feira, com Laffite perdendo o controle do seu Ligier e depois com Prost sofrendo uma falha de suspensão de seu McLaren. Um pneu chegou a atingir a cabeça de Prost e o francês bateu no hospital com fortes dores de cabeça, mas felizmente nada demais aconteceu com Alain, que, assustado com o terceiro problema de suspensão quebrando em um ano, prometeu nunca mais correr pela McLaren. Três anos mais tarde... A classificação se deu com a grande surpresa do domínio de Bruno Giacomelli e sua Alfa Romeo, que conquistava a primeira pole da equipe italiana desde os anos 50. Voltando aos país onde conseguira sua primeira vitória na F1, Nelson Piquet completaria a primeira fila. A Williams do recém coroado Alan Jones fica logo atrás de Piquet, separadas pela Lotus de Elio de Angelis, na melhor classificação da equipe de Colin Chapman em 1980. 

Grid:
1) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:33.291
2) Piquet (Brabham) - 1:34.080
3) Reutemann (Williams) - 1:34.111
4) De Angelis (Lotus) - 1:34.185
5) Jones (Williams) - 1:34.216
6) Arnoux (Renault) - 1:34.839
7) Pironi (Ligier) - 1:34.971
8) Rebaque (Brabham) - 1:35.166
9) Watson (McLaren) - 1:35.202
10) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:35.235


O dia 5 de outubro de 1980 amanheceu nublado em Watkins Glen, até mesmo com ameaça de chuva durante o dia, mas tudo ficou na ameaça mesmo e apesar do tempo bastante nublado, a corrida aconteceria com piso seco. Bruno Giacomelli havia se mostrado um piloto um pouco afobado demais durante o ano, mas largando na pole, o pequeno italiano se mantém na ponta como se fosse um veterano. Talvez animado demais com seu primeiro título, Alan Jones larga muito bem e chega a assumir a segunda posição, mas o australiano acaba indo para fora da pista na curva um e cai para 12º, o mesmo ocorrendo com Arnoux e De Cesaris. Piquet e Reutemann mantém suas posições, enquanto Giacomelli já começava a disparar na ponta.


Andrea de Cesaris começava a sua 'tradição' na F1 logo em suas primeiras corridas na categoria, quando bate na traseira de Derek Daly, enquanto tentava se recuperar de sua má largada, e o italiano é o primeiro abandono do dia ainda na segunda volta, enquanto Alan Jones, bem mais experiente do que De Cesaris, além de ter em mãos o melhor carro de 1980, inicia uma espetacular corrida de recuperação. Enquanto Giacomelli abria 5s de Piquet, o brasileiro controlava bem a aproximação de Reutemann, que tinham uma boa vantagem sobre Pironi e De Angelis. Imprimindo um ritmo fortíssimo, Jones ultrapassa a McLaren de Watson na volta 11 e já aparecia na zona de pontuação, se aproximando da briga entre Pironi e De Angelis. Na volta 16 Emerson Fittipaldi tem a suspensão quebrada e abandona a corrida. Era a última vez que a F1 veria o bicampeão dentro da pista...

Enquanto Giacomelli duplica para 10s sua vantagem sobre Nelson Piquet, Alan Jones era o piloto mais rápido da pista e ultrapassa Elio de Angelis na volta 23, imediatamente encostando em Didier Pironi. Nelson Piquet havia largado com pneus duros na esperança de ter melhores pneus no final da corrida, mas com o tempo muito frio, o brasileiro não conseguiu aumentar a temperatura dos seus pneus e seu ritmo não era bom, deixando Carlos Reutemann cada vez mais ameaçador. Tentando se manter na frente do argentino, mesmo com um carro sem aderência, Piquet acaba saindo da pista e permite a Reutemann assumir o segundo posto. Nelson ainda volta à pista, mas quando chega aos boxes, os mecânicos da Brabham percebem que a saia lateral do carro do brasileiro estava quebrada e Piquet abandona na última corrida de sua primeira temporada competitiva na F1. O brasileiro seria um piloto de ponta nos próximas dez anos na F1! Jones pressionava Pironi, mas o francês, mesmo com um carro nitidamente inferior, se segurava na terceira posição. Até Pironi encontrar Marc Surer como retardatário e Jones aproveitar uma indecisão do francês da Ligier para assumir o terceiro posto e, sendo o mais rápido na pista trinta e cinco anos atrás, partir para cima de Reutemann.

Bruno Giacomelli fazia uma corrida perfeita e tinha 12s de vantagem sobre a dupla da Williams, que nesse momento da prova brigavam pela segunda posição. No começo de 1980, Patrick Depailler havia declarado que a Alfa Romeo ainda venceria uma corrida naquele ano. Todos riram do francês, que morreu tentando melhorar o carro italiano. Muito amigo de Depailler, Giacomelli com certeza corria lembrando dessa afirmação e tinha tudo para confirmar o que havia dito o francês. Porém, na volta 31, pouco depois da metade da prova, Giacomelli encostou seu Alfa Romeo na grama com problemas de ignição. Giacomelli ficou inconsolável. Tinha sido sua melhor chance de vencer na F1 e o tempo mostrou que seria a última também. A corrida caía no colo de Alan Jones. Sim, de Jones. O australiano havia derrotado seu companheiro de equipe numa briga encarniçada pela ponta, mas Jones acabaria por bater Reutemann, numa situação que pioraria bastante na temporada seguinte. A Williams dominava a corrida, da mesma forma como havia dominado a temporada, com Jones abrindo imediatamente 3s sobre Reutemann, que tinha mais de 10s de vantagem sobre Pironi. O ritmo de Jones era tão forte, que ele marca a volta mais rápida da prova com um tempo melhor do que a pole! O recado tinha sido dado. Frank Williams pede para que Jones diminua o ritmo e o australiano recebe a quadriculada com poucos mais de 4s sobre Reutemann. De forma simbólica, o próximo a receber a bandeirada é Jody Scheckter, campeão em 1979, mas três voltas atrás do líder. Reutemann completa a segunda dobradinha seguida da Williams, com Pironi completando o pódio em sua última corrida pela Ligier. Numa temporada terrível, Mario Andretti salva seu único ponto de 1980 após ultrapassar Arnoux nas últimas voltas. Nos boxes, Scheckter, apesar de outra corrida medíocre, é recebido com champanhe pela Ferrari. Ele promete nunca mais correr numa pista perigosa como Watkins Glen. Muitos esquecem de colocar Alan Jones entre os grandes da F1, mesmo campeão em 1980, mas essa corrida em Glen mostrava bem o arrojo e a tenacidade desse australiano, que mesmo não tendo uma pilotagem tão refinada, venceu pela sexta vez em 1980 e entrava na história da F1.

Chegada:
1) Jones
2) Reutemann
3) Pironi
4) De Angelis
5) Laffite
6) Andretti