terça-feira, 29 de maio de 2018

História: 30 anos do Grande Prêmio do México de 1988

Apesar de todo o entusiasmo do público mexicano com a corrida de F1 no circuito Hermanos Rodríguez, o público diminuía ano a ano desde a volta do GP do México em 1986, fazendo com que Bernie Ecclestone cobrasse mais e mais dos organizadores locais. Essa história é bem conhecida e vem de longe. A McLaren-Honda era a grande favorita e eles teriam menos adversários para se preocupar com a altitude da Cidade do México afetando os motores aspirados, como o Judd da Williams. 

Durante o segundo treino livre do sábado, Philippe Alliot sofreu um violento acidente na entrada da reta dos boxes e mesmo tendo seu Lola destruído após uma série de capotagens, Alliot estava ileso. Senna alcançou sua quarta pole consecutiva em 1988 e a vigésima de sua carreira. Ele ficou à frente de Prost por seis décimos, mas Alain estava focando principalmente no acerto para a corrida. Com as melhorias do motor Ferrari, Berger se aproximou da pole, mas ainda com seis décimos de déficit. A Lotus-Honda progredia ligeiramente, com Piquet a um segundo e meio da pole, enquanto Nakajima conseguia a melhor qualificação de sua carreira. Nannini era o melhor colocado com motores aspirados, ficando a três segundos e dois décimos da pole. A Williams sofreu terrivelmente com sua suspensão reativa, que se recusava ostensivamente a funcionar. Mansell ocupava o décimo quinto lugar e Patrese era décimo sétimo. Esta era a pior classificação das máquinas de Didcot em muito tempo.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:17.468
2) Prost (McLaren) - 1:18.097
3) Berger (Ferrari) - 1:18.120
4) Piquet (Lotus) - 1:18.946
5) Alboreto (Ferrari) - 1:19.626
6) Nakajima (Lotus) - 1:20.275
7) Cheever (Arrows) - 1:20.451
8) Nannini (Benetton) - 1:20.740
9) Warwick (Arrows) - 1:20.775
10) Capelli (March) - 1:21.952

O dia 29 de maio de 1988 amanheceu quente na Cidade do México, com um sol entre nuvens, mas sem chances de chuva. Os pilotos tentavam acertar seus carros prevendo uma corrida sem paradas, algo que a Goodyear prometera antes da prova. Apesar da simpatia, a organização do GP do México deixava muito a desejar e um rastro de pó químico ainda podia ser visto pelo acidente de Allion na véspera. Na primeira largada, Nannini e Alliot ficaram parados no grid, cancelando o procedimento e fazendo a corrida ter uma volta a menos, com Nannini ainda na sua posição de origem, enquanto Alliot largaria em último. Na largada que valeu, Senna saiu de suas características e largou muito mal, sendo ultrapassado por Prost e Piquet, enquanto Nakajima brigava com as duas Ferraris.

Sem querer muito tempo em sua briga particular com Prost, Senna ultrapassa Piquet na entrada da curva Peraltada na primeira volta, fazendo a esperada dobradinha da McLaren. O ritmo da McLaren com relação ao resto era avassalador, quase humilhante. Já na terceira volta Piquet tinha 8s de desvantagem para Prost, enquanto Senna ficava apenas 2s atrás do seu companheiro de equipe. Berger encosta em Piquet e chega a ultrapassar o brasileiro na quinta volta, mas logo em seguida leva o troco. Quatro voltas depois, na freada da reta dos boxes, Berger assume o terceiro lugar, com Alboreto aparecendo 4s depois de Piquet. Berger abria rapidamente de Piquet, mas o austríaco da Ferrari pouco pôde fazer sobre as McLarens, que andavam separadas por poucos segundos, numa corrida estática. Na volta 28 a boa corrida de Nakajima, que corria em quinto, termina com o motor quebrado, enquanto a Williams já empacotava suas coisas para a corrida seguinte em Detroit, com seus dois carros tendo o motor quebrado com uma diferença de quatro voltas, onde nem Mansell ou Patrese figuraram entre os seis primeiros que marcavam pontos trinta anos atrás. Uma corrida para esquecer para a Williams, então bicampeã mundial de Construtores.

A diferença entre Prost e Senna flutuava entre 5 e 10s, de acordo como os dois alcançavam os retardatários. Berger vinha apenas 15s atrás de Prost, mas o austríaco teve que abrandar seu ritmo por causa do consumo de combustível. Soube-se depois da corrida que um sensor defeituoso no computador de bordo de Berger deu a informação errada para o austríaco. Piquet via a aproximação de Alboreto, mas o italiano estava com problemas de pneus, além de ser o último na mesma volta dos líderes. O quinto colocado Warwick já vinha uma volta atrás de Prost. Enquanto tentava escapar de Alboreto, Piquet viu seu motor Honda quebrar na volta 60, bem no momento em que a dupla se preparava para tomar uma volta de Prost, que marcara a volta mais rápida da corrida, superando o tempo de 1987. Numa corrida sonolenta, Alain Prost venceu a terceira corrida de 1988 à frente de Senna. Berger terminou em terceiro, sendo o único piloto a terminar na mesma volta da McLaren-Honda. Alboreto foi quarto à frente das Arrows de Warwick e Cheever. Os Benettons de Nannini (que chorava no rádio com câimbras no final da prova) e Boutsen eram sétimo e oitavo, mostrando a hierarquia da F1 naquele momento, faltando apenas a Lotus, que sofreram com motores quebrados. Esta 31ª vitória teve um gosto particular para Alain Prost, uma vez que era a primeira vitória na América do Norte, além de ter conseguido manter Ayrton Senna a uma distância segura por toda a corrida. Com a McLaren-Honda muito superior aos demais, a briga era particular entre eles e toda vitória contava.

Chegada:
1) Prost
2) Senna
3) Berger
4) Alboreto
5) Warwick
6) Cheever

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Figura(MON): Daniel Ricciardo

Não bastasse ter dominado todos os treinos e ter feito uma pole enfática, Daniel Ricciardo fez uma corrida extraordinária em Mônaco por causa das circunstâncias que aconteceram durante a corrida. Dois anos após a frustrante derrota em Monte Carlo por causa de um erro banal da Red Bull no seu pit-stop quando liderava com tranquilidade, logo que percebeu a força que a sua equipe tinha no principado, Ricciardo aderiu o 'eye of tiger' e foi praticamente perfeito em todos os treinos, sejam os livres, como também na classificação. Daniel conseguiu um raro 100% de aproveitamento nos treinos e com Max Verstappen largando em último por ter batido no terceiro treino livre, o australiano era o grande favorito no domingo. Porém, a corrida só é ganha na bandeirada e Ricciardo quase sofria outra dolorida derrota em Mônaco. Após seu único pit-stop, Daniel Ricciardo passou a sofrer com problemas no seu carro. Um problema na bateria e a perca de duas marchas fez Ricciardo ter em seus retrovisores cheios de Sebastian Vettel, segundo colocado. Em outro circuito esses problemas separados significaria o abandono de um piloto da corrida, mas Mônaco é um circuito tão peculiar, que a Red Bull apostou todas as suas fichas em Ricciardo e o australiano foi a luta. Mesmo faltando mais de quarenta voltas e com Vettel meio segundo mais rápido nos trechos rápidos, Ricciardo se manteve na ponta com uma diferença nunca muito superior a 1s. Poderia haver uma quebra no meio do caminho, mas a Red Bull resistiu até o fim com todos esses problemas e Ricciardo administrou tudo isso com surpreendente tranquilidade até a bandeirada, finalmente esquecendo a frustração de 2016 com uma vitória das mais dramáticas dos últimos tempos.

Figurão(MON): Lance Stroll

Lance Stroll chegou à F1 cercado por preparativos praticamente inéditos na categoria. Graças a fortuna do seu pai, Stroll não apenas venceu títulos nas categorias de base na Europa, como também teve por bastante tempo um carro de F1 para testes à sua disposição, além de uma equipe de engenheiros e coaches para maximizar o aprendizado do jovem canadense. Percorrendo várias pistas na Europa, Stroll aprendeu como se guia um F1 e estreou na categoria com 19 anos de idade pela tradicional equipe Williams. A estreia com tanto preparo de Lance Stroll lançou uma pergunta: Realmente o dinheiro poderia comprar o sucesso na F1? O canadense vem mostrando que, felizmente, a resposta é não. Mesmo com alguns bons resultados ocasionais (pódio em Baku e primeira fila em Monza ano passado), Stroll geralmente falha em mostrar seus atributos e se no ano passado o canadense tinha a desculpa de suas constantes derrotas por ter ao seu lado o experiente e experimentado Felipe Massa, em 2018 ao lado do inexpressivo e novato Sergey Sirotkin, as derrotas de Stroll continuam de forma até vexaminosa para o canadense. Em Mônaco, pista mais seletiva do calendário e onde o talento do piloto sempre se sobressai, Stroll ficou muito atrás de Sirotkin nos treinos e enquanto o canadense ficava pelo caminho no Q1, o russo fazia um papel decente ao levar a claudicante Williams ao Q2. Stroll sempre mostra um ritmo de corrida melhor do que na classificação, mas nas ruas de Monte Carlo, o canadense nem isso fez. Num ritmo medíocre, Stroll parou nos boxes três vezes para trocar pneus, bateu seu carro no guard-rail e chegou na última posição na bandeirada, sendo o único a tomar duas voltas do vencedor Ricciardo. Foi um final de semana esquecível para o jovem canadense, que talvez precise de mais testes e cancha, se quiser ser pelo menos um piloto mediano na F1, apadrinhado pela fortuna do papai.

domingo, 27 de maio de 2018

A força da Penske

Chega ano, passa ano e a Penske continua seu eterno caso de amor com Indianápolis. Já na classificação seus quatro carros ficaram entre os nove mais rápidos no grid das tradicionais 500 Milhas, mesmo que a pole tenha ficado com Ed Carpenter. Porém, Pagenaud, Power, Newgarden e Castroneves largariam nas primeiras posições e estavam preparados para dar o bote quando fosse necessário. No fim, talvez o piloto menos esperado entre o quarteto da Penske acabou tomando o leite da vitória no fim. Já estava se tornando folclórico a forma como Will Power dominava nos mistos, mas vacilava nos circuitos ovais. O australiano demorou a conquistar seu até agora único título por causa dessa sua deficiência nos ovais. Porém, os anos foram passando e Power foi evoluindo nesse tipo de pista, promovendo as primeiras vitórias de Will em ovais. Power já tinha chegado em segundo nas 500 Milhas em 2015 e nesse ano deixou seus tarimbados companheiros de equipe para trás e venceu com categoria a corrida mais importante da Indy.

Com os novos kits universais, a corrida em Indianápolis ganhou outra cara, com os carros andando menos embolados, ou como os americanos gostam de chamar, em 'packs'. Se antes havia aquele grupo enorme andando junto, um puxando o vácuo do outro, a corrida de hoje foi mais 'raiz', com os melhores carros se sobressaindo e lembrando mais as corridas antigas, quando os carros andavam juntos, mas haviam buracos no pelotão. Na minha opinião, eu prefiro uma corrida assim, menos lotérica, onde o melhor conjunto possa trabalhar usando sua capacidade, não contando com a sorte. No começo da prova quem dominou foi o pole Ed Carpenter, seguido pela turma da Penske e um ascendente Tony Kanaan, que tomou a liderança de Carpenter após uma relargada. Kanaan fazia uma bela corrida até ter um pneu furado que o fez praticamente perder uma volta e já no final da corrida, acabou rodando e batendo.

Os pilotos convidados de hoje não tiveram um bom dia em Indiana. Danica Patrick encerrou sua carreira no muro, após fazer uma corrida que lembrou muito sua passagem na Indy, onde largava bem, mas ia perdendo rendimento. Aplaudida pelo público, acho extremamente injusto apontar Patrick como a melhor piloto mulher da história. Minha teoria era que se Patrick se chamasse 'Danico' ou qualquer versão masculina do seu exótico nome, ela nunca teria as chances que teve na Indy e na Nascar. Graças a sua beleza e por consequência o marketing envolvido nisso, Danica sempre andou nas melhores equipes dos Estados Unidos e o máximo que conseguiu foi uma vitória na base da sorte em Motegi há dez anos atrás. Nunca brigou pelo título, mesmo andando em equipes vitoriosas na Indy e sua passagem na Nascar beirou o pífio, pois enquanto seus companheiro de equipe na Stewart-Hass brigavam por vitórias e títulos, Danica comemorava top-20. Para quem já teve Michelle Mouton sendo vice-campeã mundial de Rally, Danica Patrick teria que comer muito arroz com feijão, mas a moça teve seu papel nos últimos quinze anos no automobilismo americano, mas longe de ser a melhor da história.

Outro convidado que se deu mal foi Helio Castroneves. O brasileiro andava no mesmo ritmo dos seus companheiros da Penske, mesmo que era claro que ele vinha um degrauzinho abaixo de Power e Pagenaud, mas como Helio sempre andou bem em Indianápolis, o brasileiro era um decisivo fator na prova. Porém, uma rodada já na parte final da corrida fez Castroneves bater na entrada dos pits e acabar sua corrida. Aplaudido pela torcida e por outras equipes, Helio é um gigante dentro da história das 500 Milhas, mas seu abandono traz outra teoria que eu tenho. Dizem que os deuses do automobilismo escolhem quem pode ou não vencer as 500 Milhas de Indianápolis e os mesmo já foram por demais condescendes com Helio ao deixa-lo vencer três vezes. Agora, vencer quatro vezes e se igualar à A.J. Foyt, Al Unser Sr e Rick Mears é um pouco demais. Helio pode ser um gigante em Indianápolis, mas não chega ao nível de lenda que esses três tem.

Quando a corrida começava a se definir nas famosas 'últimas cinquenta' voltas de prova, Power já mostrava que tinha o melhor ritmo dentro do seio da Penske, lembrando a decepcionante prova de Josef Newgarden, que mudou de estratégia e não saiu mais do meio do pelotão. Carpenter nem de longe mostrava o ritmo que tinha no começo da corrida e Dixon tentava mais uma mirabolante tática para tentar um algo mais com a Ganassi, que decepcionou durante todo o mês de maio. O neozelandês tentou uma tática diferente, mas tudo o que conseguiu foi ficar no top-5. Alexander Rossi era uma ameaça ao domínio da Penske. Largando apenas em 32º, o americano da Andretti imprimiu uma corrida de recuperação estupenda e numa relargada chegou a ultrapassar seis carros. Por fora! Rossi parou atrás de Carpenter, quando começaram a surgir os 'underdogs' tentando táticas suicidas. Stefan Wilson e Jay Howard tiveram que parar no finalzinho quando vinham na frente de Power, que já tinha ultrapassado o veterano Oriol Servia, na mesma tática dos dois.

Sem nenhum piloto investindo no 'tudo ou nada' na sua frente, Power fez as três voltas finais na ponta dos dedos para uma consagradora vitória em Indianápolis. Conta-se que o americano médio não liga muito para a Indy e o seu campeonato, mas pára para ver as 500 Milhas de Indianápolis. Quem acompanha a Indy sabe do talento de Will Power e que talvez um título seja pouco para o australiano, mas seus fracassos nos ovais faziam-no um quase desconhecido na América. Com essa vitória categórica no maior palco dos Estados Unidos, Will Power se consagrará como um grande dentro da Indy, pois além do título, agora tem também a cobiçada vitória nas 500 Milhas!

Negócio finalizado

Quando Daniel Ricciardo saiu do carro ontem, após conquistar uma pole enfática em Mônaco, ele imediatamente falou que hoje iria finalizar o negócio que não havia terminado em 2016. Dois anos atrás o australiano da Red Bull liderava com facilidade o Grande Prêmio de Mônaco após conquistar sua primeira pole na F1 quando a sua equipe se atrapalhou num pit-stop e Ricciardo perdeu uma corrida que estava inteiramente nas suas mãos. Foi uma judiação na época e quase aconteceu algo parecido hoje, quando um problema no sistema híbrido de Ricciardo quase jogou sua vitória de ponta a ponta fora. 

Além da paisagem e do glamour, o que mais chama a atenção do Grande Prêmio do Mônaco é a sua excepcionalidade. É uma corrida sempre tensa, pois além de todas os tipos de intempéries que podem afetar uma corrida normal, Monte Carlo ainda traz o sórdido questionamento: quem e quando vão bater? Os guard-rails próximos fazem com que a corrida em Mônaco seja um show de precisão e concentração, pois qualquer erro, até mesmo por cansaço, pode mudar tudo. Dos vinte carros que largaram hoje, dezessete chegaram ao final, sendo que dois abandonaram já no finalzinho da prova devido a um disco de freio explodido de Leclerc na freada da Chicane do Porto e que acabou por atingir Hartley num acidente perigoso, mas sem maiores consequências. Os seis primeiros do grid foram exatamente os mesmos da quadriculada, sem nenhuma mudança entre eles. Para quem acompanhou ao vivo, havia a tensão do que poderia acontecer na prova, mas para quem for ver a prova no futuro, pode preparar energético para uma corrida em que pouquíssima coisa aconteceu, por sinal, algo que normalmente acontece nas corridas em Mônaco. Um dos focos de atenção foi justamente Daniel Ricciardo. Com uma dominação pela Red Bull não vista desde os tempos do tetracampeonato de Vettel, Ricciardo era o grande favorito à vitória e ao largar bem, o australiano tratou de impor o ritmo que queria na frente, por sinal, mais lento do que o esperado. Então, após sua única parada, Ricciardo perdeu ainda mais o seu ritmo e Vettel encostou de vez. Rádios entre Ricciardo e Red Bull denunciava um problema no sistema híbrido do carro do líder e o cronometro mostrava Vettel ganhando até meio segundo nos trechos da reta dos boxes e no túnel. Isso, ainda faltando mais quarenta voltas para o final. Ricciardo resistiria? Se o ritmo do australiano já era baixo, ele ficou ainda mais lento. Ricciardo passou a corrida inteira virando no casa de 1:19, com Vettel placidamente atrás dele. Vindo de dois resultados ruins, Vettel não tinha o privilégio de perder mais pontos no campeonato e mesmo claramente mais rápido, praticamente não atacou Ricciardo uma única vez. A diferença entre eles ficou sempre na casa de 1s, mas sem nenhum ataque efetivo.

O conformismo de Vettel era tamanho, que o alemão deixou o retardatário Vandoorne ficar à sua frente no período de safety-car virtual e Ricciardo abriu 5s nas voltas finais rumo a bandeirada. O simpático australiano fez a festa no pódio, pena que a Globo não tenha mostrada os momentos hilários que Ricciardo proporcionou. A comemoração de Daniel valia muito a pena. Após toda a decepção de dois anos atrás, Ricciardo finalmente venceu em Mônaco, tendo que driblar um problema mecânico em seu carro e pela primeira vez o australiano venceu sendo o favorito à corrida, não tendo que esperar pelos vacilos alheios. Um handcap importante para Ricciardo, que negocia em várias frentes para 2019. Era esperado que Verstappen desse um show largando de último, incluindo aí alguns toques e entradas do safety-car, mas pode-se afirmar que o holandês foi bastante comportado em sua corrida de recuperação que o colocou nos pontos com um nono lugar, numa prova em que apenas um carro à sua frente abandonou. Vettel garantiu bons pontos com o segundo lugar e tirou um pouco a diferença para Hamilton, que terminou num obscuro terceiro lugar. Quando o inglês da Mercedes sai de sua zona de conforto, é incrível como tudo incomoda Hamilton. Sendo o primeiro a trocar os pneus e já sabendo que se aproximava dos dois primeiros colocados por causa do problema de Ricciardo, Hamilton teimava em fazer uma segunda parada por causa do seu desconforto com os pneus. Era nítido que a parada era desnecessária e a Mercedes fez apenas o trivial ao deixar Hamilton na pista até o final, até por que o ritmo nunca foi forte na corrida de hoje. A dupla finlandesa passou praticamente a corrida inteira próximos, mas resumindo bem a preguiça dos pilotos em fazer algo mais hoje, mantiveram suas posições a ponto de encostar em Hamilton no final, mas Bottas já via Ocon em seus retrovisores nas voltas finais, numa corrida muito boa do piloto da Force India.

Outro destaque da prova foi Pierre Gasly. O piloto da Toro Rosso fez uma prova segura para ser sétimo e ainda viu Fernando Alonso, que desprezou o motor Honda nos últimos três anos, abandonar bem à sua frente. A trupe da Honda agradece. Hulkenberg foi o último a parar e com pneus mais novos encostou em Gasly no final, mas o alemão não tinha vida fácil, pois atrás dele vinha Verstappen fazendo a melhor volta da corrida. Do terceiro colocado Hamilton ao nono Verstappen, os carros chegaram praticamente juntos. Carlos Sainz fechou a zona de pontuação numa corrida burocrática e ficando bem atrás do seu companheiro de equipe que largou atrás dele. Sauber, McLaren, Haas e Williams não pontuaram, todas com corridas medíocres. Lance Stroll chamuscou ainda mais sua imagem com uma atuação bisonha no circuito em que o piloto faz mais diferença no calendário. Apesar de toda a preparação que teve, Stroll provou que nem todo o dinheiro do mundo pode comprar o talento. Felizmente.

Ricciardo tomou o afamado shoey no pódio e apesar das expectativas, ele ofereceu ao príncipe Albert o champanhe na garrafa, não em sua suada sapatilha. Foi uma corrida longe de ser emocionante, mas bem ao estilo de Mônaco. Mesmo com Ricciardo muito mais lento por causa dos seus problemas mecânicos, ele soube utilizar bem as características únicas do traçado monegasco para se manter na ponta e somente em Mônaco isso seria possível. Ricciardo finalmente prestou suas contas com Monte Carlo e assume a terceira posição no Mundial de Pilotos, provando que com o carro certo, pode brigar mais do que ser apenas o piloto mais simpático da F1. 

sábado, 26 de maio de 2018

Nas duas pontas do grid

A Red Bull vive um dilema com seus dois pilotos. Por um lado tem um piloto confiável e quando tem um bom carro nas mãos, consegue uma pole indiscutível em Mônaco, como fez Daniel Ricciardo hoje. Por outro lado, tem um piloto com potencial altíssimo e com uma talento exuberante, mas que como Peter Pan, se nega em amadurecer e comete erros como o que Max Verstappen cometeu no terceiro treino livre, uma cópia em carbono que ele tinha feito dois anos atrás na mesma curva. Com isso, ao invés de comemorar uma dobradinha no grid mais determinante do calendário, a Red Bull terá apenas Daniel Ricciardo contra os dois pilotos mais laureados na última década amanhã.

A classificação em Mônaco começou com a dúvida se Verstappen teria condições de participar da classificação, algo que se tornou um sonoro 'não' para o holandês. Max tinha tudo para brigar pela pole com o seu companheiro de equipe, mas um acidente no setor das piscinas no finalzinho do terceiro treino livre acabou com as chances de Verstappen ter um final de semana vencedor. Não se discute o talento de Verstappen, mas o mesmo erro cometido dois anos antes mostra que Max teima em não amadurecer e parece pouco animado para fazer isso. Nenhum piloto é infalível, mas cometer o mesmo erro é imperdoável. E Verstappen repete seus erros faz algum tempo. Falando em pilotos jovens, Lance Stroll vem provando que sua chegada à F1 se deve única e exclusivamente ao dinheiro do papai Lawrence. Numa pista onde o talento sempre se sobressai, Stroll ficou à léguas do seu companheiro de equipe Sirotkin, novato e piloto-pagante como o canadense. Da mesma forma, Leclerc vai provando que é de uma linhagem bem distinta de Stroll, conseguindo levar seu Sauber ao Q2 com facilidade correndo pela primeira vez em casa. 

Entre vexames e realizações, parecia claro desde a quinta-feira que a Red Bull tinha o melhor carro para Mônaco e Ricciardo, um piloto bem mais confiável do que seu companheiro de equipe, jogou esse favoritismo na cara de Ferrari e Mercedes com gosto. Sempre mais rápido em todos os treinos, Ricciardo conseguiu a pole com direito a recorde do circuito, completando a volta na casa de 1:10, quase 10s que a pole de Prost em 1993, por exemplo. A Mercedes chegou a pensar em colocar os pneus ultramacios no Q2, mas os novos pneus hipermacios são tão mais rápidos que a os alemães corriam o sério risco de ficar de fora do Q3, num final de semana muito apagado de Bottas, muito inferior à Hamilton.

No final, Vettel completará a primeira fila atrás de Ricciardo, com Hamilton logo a seguir. Com o seu companheiro de equipe no final do grid, Ricciardo terá que enfrentar sozinho todo o poderio de Ferrari e Mercedes, mas já provou que tem plenas condições para isso. Com Verstappen largando lá atrás, a corrida de amanhã terá emoção garantida. Nem que seja pela entrada do safety-car...  

quinta-feira, 24 de maio de 2018

História: 20 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1998

Os resultados de Mika Hakkinen em Monte Carlo não eram nada animadores até 1998. O finlandês até gostava da pista e largara em boas posições, mas ele simplesmente abandonou todas as corridas que disputou no principado, abrindo esperanças para os rivais para a corrida de vinte anos atrás, principalmente Michael Schumacher, já considerado um especialista no apertado e especial circuito de rua monegasco. Porém, o McLaren MP4/13 era o melhor carro do pelotão com grande vantagem e Hakkinen não apenas vinha de uma vitória dominante em Barcelona, como também marcara o tempo mais rápido nos testes pré-corrida.

Querendo espantar qualquer tipo de zebra, Hakkinen foi o mais rápido nos treinos livres e marcou uma pole atordoante, sendo o único a andar na casa de 1:19. Como não poderia deixar de ser com o domínio da McLaren, Coulthard completou a dobradinha prateada, com o surpreendente Giancarlo Fisichella ficando em terceiro. Vindo de um início de temporada difícil e superado pelo companheiro de equipe Alexander Wurz, Fisico marcou o segundo melhor tempo da segunda sessão de quinta-feira e ficou em terceiro na classificação, logo à frente de Schumacher, que sofria com sua Ferrari. Outra surpresa era o bom desempenho da Arrows, principalmente de Mika Salo, que adorava o circuito de Mônaco para garantir um raro top-10 no grid para a pequena equipe inglesa. Se Salo adorava Mônaco, Villeneuve odiava a pista e o então campeão do mundo era apenas 13º no grid. O brasileiro Ricardo Rosset nunca se encontrou no circuito seletivo de Mônaco e após vários acidentes, incluindo uma em sua última volta rápida onde ele bateu enquanto dava um cavalo-de-pau, Rosset não marcou tempo bom o suficiente para largar no domingo, ficando de fora da largada.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:19.798
2) Coulthard (McLaren) - 1:20.137
3) Fisichella (Benetton) - 1:20.368
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:20.702
5) Frentzen (Williams) - 1:20.729
6) Wurz (Benetton) - 1:20.955
7) Irvine (Ferrari) - 1:21.712
8) Salo (Arrows) - 1:22.144
9) Herbert (Sauber) - 1:22.157
10) Trulli (Prost) - 1:22.238

O dia 24 de maio de 1998 amanheceu encoberto na bela paisagem do Mar Mediterrâneo ao lado do principado de Mônaco, mas ao contrário dos dois anos anteriores, não haveria chuva na corrida. Os clientes da Bridgestone, em particular McLaren e Benetton, escolheram os pneus duros, enquanto os pilotos da Goodyear fizeram a escolha pelos pneus macios, com exceção da Frentzen e da dupla da Sauber. Tradicional local de enroscos, a St Devote viu uma largada tranquila, com o duo da McLaren se sobressaindo sobres os demais sem maiores problemas, com Hakkinen à frente de Coulthard, com Fisichella liderando o segundo pelotão, seguido por Schumacher, Wurz, Frentzen, Irvine, Salo, Alesi e Trulli.

O primeiro incidente, logo na volta de abertura, foi com o argentino Esteban Tuero batendo sua Minardi no guard-rail. Incidente comum, principalmente com um piloto estreante como Tuero. Hakkinen rapidamente abriu 3s sobre Coulthard, enquanto Fisichella segurava Schumacher, dando a sensação que o italiano tinha um bom ritmo de classificação, mas nem tanto em corrida. Na décima volta, Irvine tenta uma manobra audaciosa na briga com Frentzen pelo quinto lugar. No hairpin Lowes, o piloto da Ferrari colocou por dentro e o toque foi inevitável. Irvine continuou na corrida, mas Frentzen acabou no muro e era o fim da corrida para o alemão, enquanto a Williams via Villeneuve numa obscura 14º posição. Coulthard aumentou o ritmo e fez a volta mais rápida, mas o escocês seria traído pelo motor Mercedes na volta 18 e David abandonaria pela primeira vez em 1998. Com o abandono do companheiro de equipe, Hakkinen tinha uma vantagem de 19s sobre Fisichella, mas com a chegada em um grupo de retardatários, Mika viu Fisichella surgir apenas 8s atrás. Schumacher vinha próximo de Fisichella e quando os dois se aproximaram do mesmo grupo de retardatários que atrapalhou Hakkinen, o alemão rapidamente foi aos boxes na volta 30. A Benetton demorou apenas uma volta para reagir a tática da Ferrari, mas Fisichella realmente perde muito tempo e quando retorna à pista, estava atrás de Schumacher.

Wurz assumia o segundo lugar 35s atrás de Hakkinen, que aproveitou a boa frente sobre os rivais para fazer sua única parada na volta 36 e ainda retornar na ponta. Wurz ainda estava para fazer seu pit-stop e era fortemente pressionado por Schumacher. Quando o austríaco se preparava para colocar uma volta num grupo de retardatários, Schumacher viu uma brecha e colocou por dentro no hairpin Lowes. Schumacher e Wurz andam algumas curvas lado a lado, se esfregando um no outro e nos muros. Na saída da Portier, Wurz tirou o pé, mas os vários toques não acabam impunes e Schumacher toca no guard-rail no setor das Piscinas e no final da volta o alemão retornou aos boxes. Michael chega a sair do carro, mas é convencido a voltar ao cockpit, enquanto os mecânicos da Ferrari consertavam a suspensão traseira do seu carro. Schumacher retorna à pista duas voltas atrasado, na tentativa de marcar pontos. Algo que ele não conseguiria ao final da corrida...

Wurz finalmente faz sua parada na volta 43 e sua bela briga com Schumacher o fez perder tanto tempo que o austríaco acaba atrás de Irvine, mas o piloto da Benetton nem teria muito tempo para se lamentar. Wurz perdeu o controle do seu carro dentro do túnel e bateu forte, destruindo seu carro e relembrando o acidente do seu compatriota Karl Wendlinger quatro anos antes, mas felizmente Wurz estava ileso. Depois desse acidente, a corrida fica estática, que ainda veria os abandonos de Trulli e Alesi, quando ambos vinham na zona de pontuação. Na primeira vez que via a bandeirada em Mônaco, Mika Häkkinen conquistou sua quarta vitória em seis corridas na temporada 1998 e tinha uma clara vantagem no campeonato. Fisichella completou em um ótimo segundo lugar, bem à frente de Irvine, que salvou as honras da Ferrari. Salo terminou em quarto e marcou os primeiros pontos da Arrows naquele ano, acompanhado por Diniz, que era sexto. Na última volta, o brasileiro quase foi atingido por Schumacher, mas por sorte Diniz não sofreu nenhum toque. Apesar de uma corrida anônima, Villeneuve conseguiu dois pontos em quinto lugar. Com a McLaren dominando, particularmente com Hakkinen, a temporada 1998 parecia fadada ao marasmo de um único piloto vencendo quase todas as corridas com um carro nitidamente superior aos outros. Porém, Schumacher já havia mostrado do que ele capaz com carros inferiores...

Chegada:
1) Hakkinen
2) Fisichella
3) Irvine
4) Salo
5) Villeneuve
6) Diniz  

terça-feira, 22 de maio de 2018

História: 40 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1978

A F1 aportava em Zolder para a sua etapa belga com algumas novidades entre as equipes, como o novo carro da Wolf, mas a maior novidade estava nos boxes da Lotus. O esperado modelo 79 faria sua estreia na Bélgica, numa clara evolução do já revolucionário modelo 78. Após longos estudos no túnel de vento, o Lotus 79 utilizaria ao máximo o efeito-solo, algo que as demais equipes da F1 já estudavam, mas que Colin Chapman e sua equipe de engenheiros elevou ao máximo com o novo carro. O Lotus 79 era de uma fluidez inédita e quando o carro foi apresentado ao paddock da F1, imediatamente ficou claro que Chapman tinha proporcionado uma nova revolução na F1. Porém, apenas o primeiro piloto Mario Andretti teria a novidade em mãos, enquanto Ronnie Peterson teria que se conformar com o Lotus 78.

Se a beleza do carro já impressionara a todos, restava ver o comportamento do novo bólido na pista. E os indicativos de que Chapman havia revolucionado a F1 estavam mesmo certos, para desespero da concorrência. Com extrema facilidade, Andretti marcou a pole com quase 1s de vantagem sobre a Ferrari de Carlos Reutemann, seguido por Lauda, Villeneuve, Scheckter e Hunt, com o campeão de 1976 já levando quase 2s do pole. A evolução de novo modelo da Lotus era tamanha que Peterson ficou a 1.72s do seu companheiro de equipe com o carro antigo da Lotus. 

Grid:
1) Andretti (Lotus) - 1:20.90
2) Reutemann (Ferrari) - 1:21.69
3) Lauda (Brabham) - 1:21.70
4) Villeneuve (Ferrari) - 1:21.77
5) Scheckter (Wolf) - 1:22.12
6) Hunt (McLaren) - 1:22.50
7) Peterson (Lotus) - 1:22.62
8) Patrese (Arrows) - 1:23.25
9) Watson (Brabham) - 1:23.26
10) Jabouille (Renault) - 1:23.58

O dia 21 de maio de 1978 amanheceu nublado em Zolder, mas a pista estaria seca na corrida, para alívio dos pilotos, lembrando a tumultuada corrida do ano anterior, onde a chuva causou várias surpresas e abandonos em Zolder. Vendo o tamanho da diferença da Lotus 79 para os demais, a Ferrari resolveu arriscar e montou pneus Michelin macios no carro de Villeneuve, para observar se o canadense conseguiria andar no ritmo de Andretti. A largada foi muito confusa na prova de 40 anos atrás. Andretti largou sem maiores problemas, mas Reutemann patinou muito e isso causou muita confusão no pelotão intermediário. Scheckter toca em Lauda que sai da pista, enquanto Patrese bate em Hunt, fazendo o inglês rodar e atingir o Brabham de Lauda, provocando o abandono de ambos. Mais atrás Emerson Fittipaldi bateu em Ickx e abandonou imediatamente, enquanto Didier Pironi bateu na traseira de Patrick Depailler, mas para sorte de Ken Tyrrell, a batida foi em baixa velocidade e os dois carros continuaram na prova.

Andretti imediatamente abre uma diferença de 4s sobre Villeneuve, mas o canadense era incapaz de atacar a Lotus, mesmo com pneus mais macios. Scheckter e Peterson brigavam pelo terceiro lugar. Na décima volta finalmente Peterson consegue ultrapassar Scheckter na freada na primeira curva, mas o sueco já estava muito atrasado com relação aos líderes. Com problemas de motor, Scheckter perde várias posições até ir aos boxes para averiguar um problema no seu motor Cosworth. Patrese assumia a quarta posição 7s atrás de Peterson, porém o italiano era acossado pelo ascendente Reutemann, após a má largada do argentino, mas antes que Reutemann atacasse o piloto da Arrows, Patrese entrou nos boxes na volta 31 com a suspensão quebrada e era o fim de mais uma boa corrida do jovem italiano. Após abrir uma boa diferença sobre Villeneuve no começo da prova, Andretti sustentava a mesma vantagem de 4s sobre o canadense, mas quando os retardatários começaram a aparecer, Andretti usou sua maior experiência para ir ganhando terreno em cima de Villeneuve. Porém, a corrida de Villeneuve se complica na volta 40 quando o pneu dianteiro esquerdo da Ferrari sofreu um furo e o canadense teve que ir aos boxes. A aposta da Ferrari nos pneus moles só durou até a metade da corrida. A Ferrari realiza um rápido pit-stop e Gilles retorna à corrida em sexto, entre as Tyrrells de Depailler e Pironi, mas já tendo levado uma volta de Mario Andretti.

Contando com mais de 30s de vantagem sobre o seu companheiro de equipe, Mario Andretti passa a administrar a corrida. O americano deixa Villeneuve passa-lo para o canadense recuperar uma volta e logo depois Gilles ultrapassa Patrick Depailler para ser quinto. Os primeiros colocados ficam espalhados na pista, com o terceiro colocado Reutemann 10s atrás de Peterson e Laffite 9s atrás de Reutemann, em quarto. Nas voltas finais o desgaste dos pneus passa a ser um problema para os pilotos. Peterson entra nos boxes para trocar seus pneus na volta 57 e volta à pista em quarto, colado em Laffite. Com pneus novos, Peterson não tem trabalho em ultrapassar Laffite e parte para cima de Reutemann. Peterson marca a volta mais rápida da corrida e faltando três voltas para o final, o sueco executa a ultrapassagem na chicane para completar a dobradinha da Lotus. Com pneus totalmente desgastados, Reutemann anda teria que enfrentar a pressão de Laffite. Na última volta, Laffite forçou passagem na chicane e foi fechado por Reutemann, fazendo Laffite sair da pista. Reutemann manteve o terceiro lugar, enquanto Villeneuve marcava seus primeiros pontos na F1 com o quarto lugar. Mesmo abandonando, Laffite ainda marcou os pontos com o quinto lugar, enquanto Pironi levou seu Tyrrell ao sexto lugar ao aproveitar os abandonos de Depailler e Bruno Giacomelli mais cedo. A vitória de Mario Andretti provava a inacreditável superioridade do Lotus 79 sobre o resto do pelotão. Embora Gilles Villeneuve fosse capaz de acompanhar o ritmo da Lotus de Andretti em parte da corrida, isso aconteceu apenas graças aos pneus macios do canadense, que acabaram se desgastando no meio da prova. Com um carro revolucionário nas mãos, Mario Andretti não apenas liderava o campeonato como se tornava o grande favorito ao título de 1978.

Chegada:
1) Andretti
2) Peterson
3) Reutemann
4) Villeneuve
5) Laffite
6) Pironi 

domingo, 20 de maio de 2018

Com a mão no título

Ainda na quinta etapa de um campeonato com dezenove eventos pode ser prematuro apontar que um piloto é grande favorito ao título, mas a forma de Marc Márquez, somado aos erros dos seus principais adversários já deixa o espanhol da Honda com a mão na taça, no que seria um incrível quinto título em seis temporadas de MotoGP para Márquez. 

A corrida em Le Mans lembrou um pouco a corrida de F1 em Barcelona em termos de (falta) emoção. A escolha pouco ortodoxa de pneus de Márquez mostrou sua estrela de campeão. Enquanto o resto do grid escolheu pneus macios na traseira por causa do asfalto pouco abrasivo de Le Mans, Márquez optou pelos duros e mesmo não largando muito bem, Marc venceu com o pé nas costas, principalmente às custas dos erros alheios. Saindo da pole position e com o circuito inteiro torcendo por ele, Johan Zarco largou muito mal e estava em sexto na primeira curva, mas demonstrando sua agressividade e a gana de vencer não apenas pela primeira vez, como na frente de sua torcida, Zarco pulou para segundo na freada da chicane, assustando até mesmo Márquez, que caiu várias posições com a manobra brusca do francês. Zarco colou em Lorenzo, novamente fazendo uma largada fabulosa, mas caiu sozinho na curva mais lenta do circuito, deixando sua torcida com as mãos na cabeça ao ver a cena. Mais cedo, Doviziozo vinha com ritmo de quem, no mínimo, brigaria pela vitória e após ultrapassar Lorenzo e assumir a ponta, Dovi saiu de suas características e errou sozinho na temida curva 4, abandonando pela segunda corrida consecutiva.

Márquez, já dono da melhor volta da corrida, viu todas essas quedas de camarote e o único trabalho foi deixar o descendente Lorenzo para trás para vencer com sobras uma corrida definida pelos erros dos favoritos, mas também estava claro que Márquez poderia perfeitamente vencer se Zarco e Doviziozo estivessem correndo no momento da bandeirada. Com seus principais rivais zerados, Márquez já abriu mais de trinta pontos sobre o vice-líder Maverick Viñales, que mais uma vez fez uma corrida esquecível. Danilo Petrucci voltou aos bons termos ao fazer uma bela segunda posição, mas talvez sua irregularidade deixe a Ducati oficial com uma pulga atrás da orelha para contrata-lo. Lorenzo utiliza a tática de largar muito bem, se segurar como pode, mas é nítido como o espanhol ainda não está a vontade na Ducati e na segunda metade da corrida Lorenzo vai perdendo posição após posição, hoje terminando em sexto, logo atrás do seu velho e resistente rival Daniel Pedrosa. Valentino Rossi mostrou o porquê ainda tem contrato com a Yamaha. Longe, muito longe do seu auge, Rossi ainda consegue fazer um algo a mais com o seu equipamento e subiu no pódio em Le Mans, enquanto Maverick Viñales, no que já considero a grande decepção do ano, teve que lutar muito para ser sétimo após andar em décimo segundo em boa parte da corrida.

Com o vice-líder fazendo uma temporada opaca, o atual vice-campeão caindo duas vezes seguida e os demais pilotos da Honda oficial (Pedrosa e Cruthlow) caindo sem parar, ninguém tem dúvidas de que Marc Márquez já é o favoritaço para conquistar o título desse ano.

sábado, 19 de maio de 2018

História: 15 anos do Grande Prêmio da Áustria de 2003

Passado pouco mais de um ano, as memórias de Rubens Barrichello deixando Michael Schumacher ultrapassa-lo na linha de chegada em Zeltweg ainda estavam bem presentes em todos que estavam de alguma forma envolvidos na F1. Aquela atitude desnecessária da Ferrari foi o marco do distanciamento da F1 com os seus torcedores e é algo que a Liberty quer mudar nos dias de hoje. Quinze anos atrás, havia a unanimidade de aquilo não deveria se repetir, apesar de que ordens de equipe sempre estiveram presentes na F1 e que a punição que a Ferrari levou em 2002 esteve mais ligado ao descumprimento dos protocolos do pódio, não à sua polêmica decisão de trocar o vencedor na bandeirada. Em 2003 boa parte dos países que recebiam a F1 iniciavam uma campanha anti-tabagista e a Áustria era uma delas. Mesmo sendo uma etapa popular, a decisão dos governantes austríacos fez com que o país ficasse de fora do calendário da F1 por muitos anos a partir de 2004.

Se tratando de um circuito curto e de poucas curvas, as diferenças eram bem pequenas entre os pilotos e Schumacher ficou com a pole com pouca diferença para Raikkonen, que completava a primeira fila. Montoya colocava a Williams em terceiro, mostrando um certo equilíbrio de forças das três grandes equipes de 2003. Havia a sensação de que a Ferrari não queria que seus dois pilotos não estivessem próximos em nenhum momento do final de semana e após dominar o final de semana do ano anterior, Rubens Barrichello ficou sete décimos atrás de Schumacher com uma estratégia diferente, mas ainda em quinto. Antônio Pizzônia conseguia seu melhor resultado em sua estréia na F1 com um lugar no top-10 e pela primeira vez superava seu companheiro de equipe, numa classificação marcada pela instabilidade climática, mas sem chuva forte. Porém, isso atrapalhou as voltas lançadas de alguns pilotos, como Webber, Alonso e Ralf Schumacher.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:09.150
2) Raikkonen (McLaren) - 1:09.189
3) Montoya (Williams) - 1:09.391
4) Heidfeld (Sauber) - 1:09.725
5) Barrichello (Ferrari) - 1:09.784
6) Trulli (Renault) - 1:09.890
7) Button (BAR) - 1:09.935
8) Pizzônia (Jaguar) - 1:10.045
9) Fisichella (Jordan) - 1:10.105
10) R.Schumacher (Williams) - 1:10.279

O dia 18 de maio de 2003 amanheceu com sol entre nuvens em Zeltweg, pequena cidade que receberia o Grande Prêmio da Áustria pela última vez por muito tempo, porém, havia a previsão de chuva na hora da corrida. A largada foi atrasada duas vezes, ambas causadas por Cristiano da Matta, que sinalizou problemas em seu Toyota e teve que largar em último, enquanto dos boxes sairiam Webber, Alonso e Frentzen, esse, com problemas de embreagem no seu Sauber na segunda tentativa e o alemão foi forçado a correr com o carro reserva, que estava acertado para Heidfeld bem no dia do seu aniversário de 36 anos. Com uma freada forte e em subida na primeira curva, a largada em Zeltweg sempre foi tensa e com acidentes desde a antiga configuração do autódromo, mas em 2003 tudo ocorreu normalmente, com Schumacher mantendo a ponta. Quem largou nas posições ímpares de deu bem e Montoya emergiu na frente de Raikkonen, enquanto Barrichello deixava Heidfeld para trás. No final do pelotão, Verstappen abandona sua Minardi com problemas e com o carro parado em lugar perigoso, o safety-car entrou na pista, com a corrida começando para valer na quarta volta.

Schumacher começou a imprimir um ritmo fortíssimo, abrindo em média 1s por volta em cima de Montoya, enquanto Barrichello pressionava Raikkonen na briga pelo terceiro lugar. Na volta 12 a esperada chuva começa a cair em alguns lugares da pista, porém, a chuva não era forte o suficiente para encharcar a pista, mas causou algumas mudanças. Trulli rodou no piso úmido e Montoya tira muita diferença para Schumacher, mostrando que naquelas condições, os pneus Michelin eram melhores do que os Bridgestone. Ninguém apostou em pneus para pista molhada e com a chuva parando logo depois, a corrida transcorreu normalmente rumo à primeira rodada de paradas. Montoya e Coulthard pararam na volta 21 e na seguinte, Barrichello perde muito tempo em sua parada por causa de um reabastecimento lento. Armação da Ferrari!, gritaram alguns. Uma volta depois, o susto da corrida. Schumacher entrou para a sua parada e se com Rubens a Ferrari se atrapalhou, com o alemão seria ainda pior. Um incêndio começou no bocal de reabastecimento, gerando pânico nos boxes enquanto a Ferrari apagava o fogo com extintores. De forma impressionante, Michael manteve a frieza e quando lhe foi dado o sinal para sair, o alemão voltou à pista como se nada tivesse acontecido. Porém, Schumacher havia perdido muito tempo, não se sabia se foi colocado o combustível planejado e os arautos da teoria da conspiração do 'brasileirinho contra esse mundão todo' se calaram.

Com todo esse drama, Schumacher caiu para terceiro, mas vinha bem mais rápido do que Montoya e Raikkonen, os dois que ponteavam nessa ordem a corrida. Rapidamente o alemão da Ferrari encostou em Kimi e bem no momento em que efetuava a ultrapassagem sobre o piloto da McLaren, o motor BMW da Williams de Montoya quebrou logo a frente. Schumacher subia de terceiro para primeiro em apenas uma ultrapassagem e em poucos metros! Alonso fazia uma bela corrida de recuperação e foi o último a fazer sua parada quando já vinha em quinto, mas o motor Renault quebrou logo depois. Havia a expectativa de como seriam os pit-stops da Ferrari, mas os mecânicos italianos consertaram a mangueira de reabastecimento e a segunda parada de Schumacher e Barrichello aconteceram sem maiores dramas. Ralf Schumacher e Coulthard brigavam pela quinta posição e numa animada briga, o escocês da McLaren assumia o posto, mas vinha longe de Jenson Button, que levava seu BAR a um formidável quarto lugar. Barrichello encostou em Raikkonen, mas ao contrário do seu companheiro de equipe, não achou uma brecha para efetuar a ultrapassagem. As últimas voltas aconteceram sem maiores problemas e Schumacher venceu pela terceira vez na temporada, enquanto Raikkonen colecionava segundos lugares que o deixavam na liderança do campeonato, apenas dois pontos na frente de Michael. Mordido por tudo o que acontecera no ano anterior, Schumacher estava com ainda mais gana naquele dia em Zeltweg e dominou a corrida, vencendo-a passando por cima até mesmo de um incêndio!

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Raikkonen
3) Barrichello
4) Button
5) Coulthard
6) R.Schumacher
7) Webber
8) Trulli

terça-feira, 15 de maio de 2018

História: 35 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1983

O Grande Prêmio de Mônaco de 1983 vivia o auge do glamour que o principado trazia à F1. Vários CEO's de grandes empresas estariam presentes à corrida e a ACM nunca havia faturado tanto dinheiro com publicidade. O reabastecimento era o grande barato da temporada de 1983, mas uma ordem ministerial datada de 1955 havia proibido grandes quantidades de combustível armazenada nos boxes nas corridas em Monte Carlo e por isso, excepcionalmente, não haveriam reabastecimentos durante a corrida monegasca de 35 anos atrás. Após a vitória de Patrick Tambay em Ímola com uma Ferrari número 27 que fora de Gilles Villeneuve, o francês se tornou o queridinho da sempre emotiva imprensa italiana, causando um certo ciúme de René Arnoux, que fora trazido da Renault como primeiro piloto da Ferrari, mas não estava fazendo um bom início de temporada. De temperamentos e estilos completamente distintos, Tambay e Arnoux não estavam na melhor das harmonias dentro da Ferrari. 

A classificação foi definida na sexta-feira, pois a chuva do sábado estragou as chances dos pilotos melhorarem seus tempos. Prost conquistou facilmente a pole, colocando quase um segundo e meio em cima do seu companheiro de equipe Cheever, que ficou em terceiro. Entre os dois carros da Renault vinha Arnoux, que acreditava que poderia ter ficado com a pole se não tivesse chovido no sábado. Tambay era quarto, mas um segundo mais lento do que seu companheiro de equipe. Graças ao seu estilo exuberante, Rosberg consegue um bom quinto lugar com o pequeno Williams-Cosworth, alguns centésimos atrás de Tambay. Piquet era sexto num bom trabalho com um Brabham-BMW que se provava ruim em circuitos de rua. A McLaren teve problemas com os pneus Michelin de classificação na sexta-feira e ficaram nas últimas posições. A borracheira francesa trouxe pneus novos exclusivos para a McLaren no dia seguinte, mas a chuva fez com que a McLaren, que fizera uma corrida incrível em Long Beach, ficasse de fora do GP de Mônaco, com Niki Lauda não se classificando para uma corrida de F1 pela primeira vez na carreira.

Grid:
1) Prost (Renault) - 1:24.840
2) Arnoux (Ferrari) - 1:25.182
3) Cheever (Renault) - 1:26.279
4) Tambay (Ferrari) - 1:26.298
5) Rosberg (Williams) - 1:26.307
6) Piquet (Brabham) - 1:27.273
7) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:27.680
8) Laffite (Williams) - 1:27.726
9) Jarier (Ligier) - 1:27.906
10) Warwick (Toleman) - 1:28.017

O dia 15 de maio de 1983 amanheceu chuvoso em Monte Carlo, seguindo o clima ruim de sábado, mas a chuva era bem mais amena do que no dia anterior e havia expectativa de instabilidade na hora da corrida. Os carros saíram para a volta de instalação com pista seca, mas uma chuva leve caiu novamente sobre o principado, deixando pilotos e engenheiros com um abacaxi na mão: com que pneus largar? Tendo nascido na região, Tambay indicou que a chuva seria passageira, mas a Ferrari decidiu largar com pneus de chuva, assim como Renault e Brabham. Keke Rosberg, no seu turno, insiste que a chuva seria rápida e convence Frank Williams a colocar pneus slicks em carro, o mesmo fazendo Laffite, Alboreto, Sullivan, Winkelhock, De Angelis e Warwick. Na luz verde, Prost larga bem, enquanto Arnoux patina bastante, mas o dono da melhor largada era Rosberg, que pulou da quinta para a segunda posição na freada da St. Devote como um raio! 

A aposta de Rosberg havia sido acertada. Muito mais rápido do que Prost, o finlandês assume a primeira posição ainda na primeira volta, enquanto Cheever já vinha longe em terceiro. Arnoux se recupera de sua má largada e ultrapassa De Cesaris e Tambay para ser terceiro, enquanto Alboreto e Mansell batem na Piscina. Apesar de algumas gotas ainda caírem em Monte Carlo, a pista estava claramente seca e Rosberg abre 5s em três voltas em cima de Prost, num ritmo bem superior ao do francês. Ainda na quarta volta Piquet tenta consertar o erro dele e da equipe e vai aos boxes colocar pneus slicks, enquanto Laffite usa seus pneus adequados para ultrapassar Tambay e Cheever, que havia sido ultrapassado na volta anterior por Arnoux. Rapidamente Laffite encosta em Arnoux e os dois se tocam na Portier. Arnoux acaba batendo no guard-rail, quebrando sua roda traseira esquerda, fazendo-o abandonar. Com a pista seca e sem chuva, os pilotos começam uma procissão rumo aos pits para colocar pneus slicks. Com isso, a Williams tinha uma tranquila dobradinha com Rosberg muito na frente de Laffite, enquanto Surer e Warwick vinham nas posições a seguir, mas quase um minuto atrás da Williams líder. Prost era o próximo e Piquet, sendo um dos primeiros a trocar de pneus, ganhou muito terreno com a troca dos demais pilotos e estava logo atrás de Prost. 

Após toda a ação inicial, a corrida se assenta. Enquanto a dupla da Williams dominava na frente por causa da aposta certeira de Rosberg, Prost tentava recuperar-se do prejuízo e encostava em Warwick na briga pela quarta posição, trazendo consigo Piquet. Mesmo com um carro superior à Toleman de Warwick, Prost sofria com o acerto de chuva e seu Renault estava claramente desequilibrado. Na volta 22 Piquet efetua uma audaciosa ultrapassagem em cima de Prost dentro do túnel e partia para cima do seu antigo rival na F3 Warwick, na mesma medida em que Cheever colava em Prost, que também tinha problemas no câmbio. O americano ultrapassa Prost na reta dos boxes na volta 28, mas a alegria de Cheever só duraria três voltas, tempo em que um problema elétrico desligou seu motor e o fez abandonar. Pressionado por Piquet, Warwick aumentava o ritmo e encostava no terceiro colocado Marc Surer, de Arrows. Mesmo com o carro cheio de problemas, Prost perseguia Piquet de perto. Não demorou e Surer via Warwick em seus retrovisores, que por sua vez via seus espelhos retrovisores recheados pela Brabham de Piquet, que era perseguido por Prost. Se Piquet e Prost brigavam constantemente por vitórias e pódios, Marc Surer e Derek Warwick apostaram certo e estavam em posições bem acima do potencial dos seus carros. Os dois eram bons pilotos e queriam agarrar aquela oportunidade com unhas e dentes. Porém, Warwick não teve a paciência necessária e o sonho da dupla terminaria na volta 50. Na freada da St. Devote, Warwick tentou achar uma brecha inexistente entre a Arrows de Surer e o guard-rail e os dois se tocam. Surer bate muito forte, mas sai do carro ileso, enquanto Warwick ainda voltou à pista, mas com a suspensão quebrada, abandonou logo em seguida.

Miraculosamente, Piquet e Prost não sofreram um único arranhão do acidente na frente deles. Laffite era ligeiramente mais rápido do que Keke Rosberg e já tinha diminuído sua desvantagem de 28 para 18s, mas na volta 55 ele entrou nos boxes em ritmo lento. Ele perdera a terceira marcha e logo em seguida o câmbio quebrou. Fim de linha para Laffite e o sonho de dobradinha da Williams. Rosberg ainda tinha um minuto de vantagem sobre Piquet, mas seu motor reteava em alguns momentos e suas mãos estavam cheias de bolhas. Tambay ultrapassa Patrese pela quarta posição, mas o italiano logo abandonaria com problemas de motor. Numa corrida com muitos abandonos, apenas sete pilotos percorriam o circuito nas voltas finais. Piquet marcou a volta mais rápida da corrida e chegou a ser 3s mais veloz do que Keke, mas o finlandês não tinha com o que se preocupar. De forma brilhante, Rosberg venceu pela segunda vez na F1 e mostrava que merecia a alcunha de campeão mundial. Piquet e Prost não adotaram a estratégia certa na corrida, mas ainda terminaram no pódio e Tambay termina com o quarto lugar. Sullivan terminou em quinto e marcou seus dois primeiros pontos na F1 e Baldi fechou a zona de pontuação com a Alfa. Para quem desconfiava do talento de Keke Rosberg e que seu título foi conquistado de forma fortuita no ano anterior, o finlandês deu uma bela resposta em Mônaco.

Chegada:
1) Rosberg
2) Piquet
3) Prost
4) Tambay
5) Sullivan
6) Baldi

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Figura(ESP): Lewis Hamilton

Quando subiu ao pódio atrasado em Baku, quinze dias atrás, Lewis Hamilton esperou para abraçar Valtteri Bottas, na opinião do inglês, o real merecedor da vitória no Azerbaijão, mas que havia abandonado no finalzinho da corrida. Hamilton parecia incomodado no alto do pódio azeri. Ao contrário da grande maioria de suas vitórias, Hamilton não foi o melhor piloto do dia e isso mexeu com os brios de Lewis, mas esse incômodo acabou em Barcelona. Tradicional sede das grandes novidades de pacotes aerodinâmicos, Barcelona viu uma Mercedes forte como nos tempos em que os alemães eram muito superiores aos rivais no triênio 2014-15-16 e Hamilton viu isso a oportunidade genuína para mostrar sua força. O inglês foi sempre rápido em todos os treinos livres e na classificação, conseguiu a pole com uma bela volta no final do Q3. Porém, os pontos são conquistados no domingo e Hamilton mostrou a todos quem é o grande piloto da atual geração. O inglês da Mercedes conseguiu uma bola largada e a partir de então imprimiu um ritmo avassalador, chegando a ser praticamente 1s mais rápido do que Vettel. Quando a Mercedes precisou mudar a estratégia de duas para uma parada, Hamilton lidou muito bem essa situação e praticamente não foi ameaçado nas 66 voltas da prova. Foi uma vitória enfática sobre os rivais diretos pelo título, meio que mostrando que o bom e velho Lewis Hamilton estava de volta. Só não precisava aquele cabelinho...

Figurão(ESP): Romain Grosjean

Algumas vezes o ocupante dessa parte da coluna é tão evidente, que a gente sente até vergonha alheia pelos 'feitos' durante o final de semana, mas Romain Grosjean teve em Barcelona a cereja do bolo de uma temporada que vem sendo incrivelmente trapalhada para o já veterano francês. Contratado pela Haas em 2015 para liderar o novato time americano em sua nova aventura na F1, Grosjean ficou mais conhecido pelas constantes reclamações via rádio, principalmente dos falhos freios da Haas. Essas atitudes dava a sensação de que a relação de Grosjean com a equipe não era das melhores, mas o francês ainda conseguia os melhores resultados possíveis para a Haas. Em 2018, a Haas finalmente construiu um bom carro e agora Grosjean teria a oportunidade de colher os frutos com bons resultados, porém, até agora Romain vem colhendo apenas desilusões. Quando tinha como companheiro de equipe o inexpressivo Esteban Gutierrez, Grosjean não teve muito trabalho para passar por cima do mexicano, mas com Kevin Magnussen as coisas foram bem diferentes. Rápido, agressivo e de personalidade forte, Magnussen começou essa temporada claramente na frente de Grosjean, conseguindo os melhores resultados da equipe até o momento, enquanto o francês estava zerado no campeonato, om direito a uma batida durante o regime de safety-car em Baku. Novamente em Barcelona Grosjean foi superado por K-Mag e estava atrás do companheiro de equipe na terceira curva da corrida quando o danês tirou o pé. Para não bater em Magnussen, Grosjean tirou o pé e perdeu o controle do carro no meio do pelotão numa curva rápida. De forma instintiva, Grosjean tentou ficar na corrida e acelerou seu carro para dar um 360º, mas ao fazer isso, ele foi colhido por Hulkenberg e Gasly num acidente potencialmente perigoso, mas que entre mortos e feridos, o maior prejudicado foi a reputação de Romain Grosjean, que agora está mais lento do que seu companheiro de equipe e ainda voltou a aprontar, como nos tempos em que o francês era chamado de 'Maníaco da primeira curva'. Para completar o quadro, Magnussen terminou a corrida num sólido sexto lugar, marcando bons pontos para Haas, mas com apenas um piloto marcando, o time ianque fica cada vez mais para trás no Mundial de Construtores. Se foi contratado como líder da equipe, Grosjean agora vai se tornando um fardo pesado para a Haas e isso pode ser decisivo para a sua continuidade na F1. 

domingo, 13 de maio de 2018

E a chuva não veio...

Em vários momentos da corrida de hoje, a transmissão da FOM apontava as câmeras para os céus da Catalunha. Na hora da largada havia a perspectiva de 80% de chances de chuva. A corrida de hoje começou, as voltas foram passando e todos clamavam desesperados pela esperada chuva que não veio. A razão era muito simples. A corrida de hoje em Barcelona foi um porre há muito tempo não visto na F1, com pouco ou quase nada tendo acontecido nas 66 voltas de prova. Hamilton venceu com um pé nas costas, Bottas completou a dobradinha da Mercedes após outra falha tática da Ferrari e Max Verstappen, mesmo com um pequeno dano na asa dianteira, não teve trabalho para segurar Vettel nas voltas finais.

O principal evento da corrida ocorreu logo na terceira curva da corrida e no pelotão intermediário. Grosjean vinha colado no seu companheiro de equipe Magnussen e quando o danês deu uma tirada de pé, Grosjean rodou para não bater em Kevin. Grosjean teve o instinto de piloto para não sair da corrida naquele momento da prova e para evitar ficar atolado na brita, acelerou para dar uma rodada completa. O problema foi que ao fazer isso no meio do pelotão, Grosjean ficou a mercê de ser atingido por outros carros, até pela fumaça feita ter deixado os pilotos que vinham atrás 'cegos'. O ato irresponsável do francês da Haas acabou alijando da corrida o próprio Grosjean, Hulkenberg e Gasly, que simplesmente estavam no local errada e na hora errada depois da cagada de Grosjean. Porém, a transmissão da Globo carregou muito nas tintas sobre Grosjean. Que o francês errou e foi irresponsável, não há muitas dúvidas disso, mas o trio global ainda enxerga Grosjean com os olhos de 2011, quando o francês foi suspenso de uma corrida por manobra temerária na largada do Grande Prêmio da Bélgica e por muito pouco Galvão, Reginaldo e Burti não pediram a forca para Grosjean, que vide o bom desempenho de Magnussen, deve estar perto do cadafalso mais pelos poucos resultados apresentados até agora.

Quando o safety-car voltou aos boxes, a corrida reiniciou. E terminou praticamente do mesmo jeito. Não houve muita coisa a contar. Hamilton venceu praticamente de ponta a ponta e de forma dominante, ao contrário do seu triunfo em Baku, quando a vitória caiu no colo do inglês. Mesmo com seu cabelo esquisito, Hamilton comemorou bastante e agora lidera com uma boa margem o campeonato. Bottas completou a dobradinha da Mercedes muito por outro erro tático da Ferrari. Vettel ultrapassou Bottas na largada e se mantinha em segundo com certa segurança, mesmo após a primeira rodada de paradas. Havia a previsão de mais uma rodada, mas quando se percebeu que a Red Bull só levaria seus pilotos apenas uma vez aos pits, levantou-se a hipótese para Mercedes e Ferrari ficaram na pista até o fim. Vettel tinha parado mais cedo e essa seria uma tática arriscada e por isso quando o safety-car virtual apareceu para tirar o carro de Ocon, o alemão foi chamado para os pits colocar pneus novos. Só que médios, o mais duro do final de semana! Foi um erro crasso! Atrás de Verstappen e com pneus iguais e com idade parecida, Vettel pouco pôde fazer para atacar o holandês da Red Bull e pela terceira corrida consecutiva ficou de fora do pódio. Para completar o final de semana ferrarista, Raikkonen abandonou no começo da corrida aparentemente com problemas no motor. Com a Mercedes aparentemente voltando a ficar por cima, os pontos perdidos por Vettel na China e no Azerbaijão poderão fazer muita falta para o alemão se quiser lutar mesmo com Hamilton pelo pentacampeonato.

Verstappen subiu ao pódio, mas não deixou de fazer besteira ao tocar em Sirotkin durante o safety-car virtual, quebrando a ponta de sua asa dianteira, além de furar o pneu do russo. Contudo, a corrida foi tão desprovida de emoção que nem isso atrapalhou Max para chegar ao pódio e segurar sem maiores arroubos Vettel, enquanto Ricciardo marcava voltas mais rápidas mesmo estando 20s atrás de Vettel. Magnussen comprovou sua boa forma e da Haas, mas pontuando com apenas um piloto a equipe americana pode sofrer no final. Sainz ficou bem atrás de Magnussen, contrariando a tese de que a Renault tem o quarto melhor carro do pelotão, enquanto Alonso chegou mais uma vez nos pontos após uma má largada. Leclerc já começa a nos mostrar que a Ferrari apostou certo em apoia-lo, em outra corrida muito boa do monegasco ao levar o difícil carro da Sauber aos pontos, ficando logo atrás da Force India de Pérez. A Williams pelo menos tem um ritmo de corrida melhor, mas nada que garanta aos seus pilotos um bom desempenho.

Nesse dias das mães, a F1 teve um verdadeiro anti-clímax após três corridas excelentes. Claro que Hamilton e a Mercedes não tem nada com a chatice da corrida em Barcelona, mas as mães que amam a F1 mereciam uma corrida bem melhor do que essa manhã. 

sábado, 12 de maio de 2018

Entre moles e duros

Alguns anos atrás, ainda na época da falida CART, a Indy resolveu introduzir a regra de que um piloto tenha que utilizar mais de um composto de pneu durante a corrida. Deu certo. A regra foi imitada na IRL e posteriormente pela F1. No circuito misto de Indianápolis, poucas vezes se viu uma diferença tão gritante entre os dois tipos de compostos, principalmente porque a borracha macia simplesmente não se desgastava com o decorrer das voltas, como normalmente acontece, além dos compostos duros serem muito mais lentos. Isso tornou a corrida de hoje bem tática e com algumas reviravoltas, mas no fim o vencedor foi o piloto mais bem sucedido no circuito misto de Indianápolis, Will Power.

O australiano da Penske vinha fazendo uma temporada de altos e baixos em 2018, mas a pole marcada ontem fez com que Power entrasse como favorito à corrida de hoje. Após uma boa largada, Will liderou o primeiro stint de corrida e quando colocou os pneus duros, foi ultrapassado pela sensação da Indy em 2018, o novato canadense Robert Wickens, na ocasião, calçado com os pneus macios. Power não se afobou, até porque sabia que Wickens ainda teria que colocar os pneus duros e quando isso aconteceu, Power ultrapassou de volta rumo à terceira vitória no circuito misto de Indiana, além de dar a vitória de número 200 à Roger Penske na Indy.

Power teve que lhe dar, no último stint, com o sempre perigoso Scott Dixon. Com a Ganassi fazendo uma temporada sofrível em 2018 e largando apenas em 18º, Dixon precisou usar a estratégia para subir através do pelotão. Sem o melhor carro do grid, o experiente neozelandês foi aproveitando as chances que foram aparecendo, além de andar forte quando teve pista livre. Fazendo pouquíssimas ultrapassagens na pista, Dixon apareceu na última relargada colado em Power e o pressionou nas últimas voltas, nunca ficando mais de 2s atrás de Power. Sem sombra de dúvidas, Scott Dixon é um piloto completo e o melhor dessa geração da Indy. Após muito brigar pela vitória com Power, Wickens perder ritmo na segunda metade da corrida, mas ainda assegurou um ótimo terceiro lugar, segurando Alexander Rossi o tempo todo na parte final da prova. Tão preocupado em atacar Wickens, Rossi acabou se descuidando e na última volta foi ultrapassado pelo ótimo Sebastien Bourdais, mais uma vez levando a pequena Dale Coyne a resultados acima do potencial da equipe. Porém, Rossi não deverá se lamentar muito por conta do campeonato, já que o líder do certame Newgarden cometeu um erro infantil quando tentou uma ultrapassagem arriscada em cima de Bourdais e estava muito mais rápido do que o francês, acabando por rodar e perder várias posições. Helio Castroneves fez uma corrida boa em sua volta à Indy, onde usou sua vasta experiência para se livrar dos problemas, junto com o potencial da Pesnke para ser sexto colocado.

A corrida no misto é apenas uma pequena abertura para o famoso mês de maio em Indianápolis. Já na segunda-feira as equipes, que testaram semana passada no oval, recomeçam os treinamentos visando as 500 Milhas no último domingo do mês. Dominador no misto, Power tentará a sua vitória mais importante, vencendo no oval de Indianápolis. 

Antes da chuva

Desde cedo nessa semana se fala que Barcelona terá uma corrida na chuva nesse domingo. Por sinal, o clima em Montmeló hoje já demonstrava que o tempo está mesmo virando, após uma sexta-feira quente e ensolarada mudando para um clima bastante nebuloso nesse sábado em Barcelona. Num circuito onde os carros de Adryan Newey sempre andaram muito bem, não foi surpresa ver a Mercedes dominando desde os treinos livres, apesar da cara do pole Hamilton mostrar bem que há ainda muito trabalho pela frente.

O treino de hoje foi bem esquisito, principalmente no quesito escolha de pneus. Os supermacios não estavam tão mais rápidos que as demais opções e o desgaste do composto mais macio estava alto. Ao contrário do que as equipes normalmente fazem, todos os pilotos procuravam os macios, ao invés dos supermacios, porém, com um jogo de supermacios a mais no Q3, foi bem estranha a escolha da Ferrari em montar os macios no momento decisivo do Q3, praticamente entregando a dobradinha na primeira fila à Mercedes, com Hamilton e Bottas separados por apenas milésimos. Porém, com Vettel apenas um décimo atrás com um pneu teoricamente mais lento mostra que a Ferrari está longe de estar morta na briga pela vitória.

Alonso finalmente estreou no Q3 em 2018, brigando com a dupla da Haas para ser o melhor do resto, em batalha ganha por Kevin Magnussen. A Renault teve o dissabor de perder Nico Hulkenberg no Q1 por um problema no câmbio, enquanto a carruagem da Force India já virou abóbora em Barcelona, com seus dois bons pilotos (Pérez e Ocon) longe de brigar para entrar no Q3. Charles Leclerc já começa a chamar a atenção com uma boa atuação na classificação de hoje, superando com sobras Ericsson (mera obrigação), mas colocando a Sauber numa posição de destaque no Q2. Após mais um erro de Hartley, o neozelandês, que nem se classificou por ter destruído seu carro hoje pela manhã, já vê seu nome sendo especulado para sair da Toro Rosso ainda antes da primeira metade da temporada. Hartley não deixou de ser uma invenção de Helmut Marko, que vem dando bem errado. Porém, nada pior do que a Williams, que caminha para a sua mais melancólica temporada na história, com seus dois pilotos nas duas últimas posições, novamente com o novato Sirotkin superando Stroll, que rodou em sua tentativa final. As risadas dos mecânicos da Williams demonstrou bem uma equipe sem rumo, onde as pessoas riam de não sei o que, como se estivessem pouco se lixando uma equipe tão gloriosa estar na situação que está, enquanto Felipe Massa acompanhava aliviado de não estar participando dessa bagunça que é hoje a Williams.

Porém, tudo pode mudar com a anunciada chuva para amanhã. Barcelona nunca foi palco de grandes corridas e se a chuva vier, pode animar a corrida deste domingo, com a relação de forças podendo mudar mais uma vez.