domingo, 27 de maio de 2018

A força da Penske

Chega ano, passa ano e a Penske continua seu eterno caso de amor com Indianápolis. Já na classificação seus quatro carros ficaram entre os nove mais rápidos no grid das tradicionais 500 Milhas, mesmo que a pole tenha ficado com Ed Carpenter. Porém, Pagenaud, Power, Newgarden e Castroneves largariam nas primeiras posições e estavam preparados para dar o bote quando fosse necessário. No fim, talvez o piloto menos esperado entre o quarteto da Penske acabou tomando o leite da vitória no fim. Já estava se tornando folclórico a forma como Will Power dominava nos mistos, mas vacilava nos circuitos ovais. O australiano demorou a conquistar seu até agora único título por causa dessa sua deficiência nos ovais. Porém, os anos foram passando e Power foi evoluindo nesse tipo de pista, promovendo as primeiras vitórias de Will em ovais. Power já tinha chegado em segundo nas 500 Milhas em 2015 e nesse ano deixou seus tarimbados companheiros de equipe para trás e venceu com categoria a corrida mais importante da Indy.

Com os novos kits universais, a corrida em Indianápolis ganhou outra cara, com os carros andando menos embolados, ou como os americanos gostam de chamar, em 'packs'. Se antes havia aquele grupo enorme andando junto, um puxando o vácuo do outro, a corrida de hoje foi mais 'raiz', com os melhores carros se sobressaindo e lembrando mais as corridas antigas, quando os carros andavam juntos, mas haviam buracos no pelotão. Na minha opinião, eu prefiro uma corrida assim, menos lotérica, onde o melhor conjunto possa trabalhar usando sua capacidade, não contando com a sorte. No começo da prova quem dominou foi o pole Ed Carpenter, seguido pela turma da Penske e um ascendente Tony Kanaan, que tomou a liderança de Carpenter após uma relargada. Kanaan fazia uma bela corrida até ter um pneu furado que o fez praticamente perder uma volta e já no final da corrida, acabou rodando e batendo.

Os pilotos convidados de hoje não tiveram um bom dia em Indiana. Danica Patrick encerrou sua carreira no muro, após fazer uma corrida que lembrou muito sua passagem na Indy, onde largava bem, mas ia perdendo rendimento. Aplaudida pelo público, acho extremamente injusto apontar Patrick como a melhor piloto mulher da história. Minha teoria era que se Patrick se chamasse 'Danico' ou qualquer versão masculina do seu exótico nome, ela nunca teria as chances que teve na Indy e na Nascar. Graças a sua beleza e por consequência o marketing envolvido nisso, Danica sempre andou nas melhores equipes dos Estados Unidos e o máximo que conseguiu foi uma vitória na base da sorte em Motegi há dez anos atrás. Nunca brigou pelo título, mesmo andando em equipes vitoriosas na Indy e sua passagem na Nascar beirou o pífio, pois enquanto seus companheiro de equipe na Stewart-Hass brigavam por vitórias e títulos, Danica comemorava top-20. Para quem já teve Michelle Mouton sendo vice-campeã mundial de Rally, Danica Patrick teria que comer muito arroz com feijão, mas a moça teve seu papel nos últimos quinze anos no automobilismo americano, mas longe de ser a melhor da história.

Outro convidado que se deu mal foi Helio Castroneves. O brasileiro andava no mesmo ritmo dos seus companheiros da Penske, mesmo que era claro que ele vinha um degrauzinho abaixo de Power e Pagenaud, mas como Helio sempre andou bem em Indianápolis, o brasileiro era um decisivo fator na prova. Porém, uma rodada já na parte final da corrida fez Castroneves bater na entrada dos pits e acabar sua corrida. Aplaudido pela torcida e por outras equipes, Helio é um gigante dentro da história das 500 Milhas, mas seu abandono traz outra teoria que eu tenho. Dizem que os deuses do automobilismo escolhem quem pode ou não vencer as 500 Milhas de Indianápolis e os mesmo já foram por demais condescendes com Helio ao deixa-lo vencer três vezes. Agora, vencer quatro vezes e se igualar à A.J. Foyt, Al Unser Sr e Rick Mears é um pouco demais. Helio pode ser um gigante em Indianápolis, mas não chega ao nível de lenda que esses três tem.

Quando a corrida começava a se definir nas famosas 'últimas cinquenta' voltas de prova, Power já mostrava que tinha o melhor ritmo dentro do seio da Penske, lembrando a decepcionante prova de Josef Newgarden, que mudou de estratégia e não saiu mais do meio do pelotão. Carpenter nem de longe mostrava o ritmo que tinha no começo da corrida e Dixon tentava mais uma mirabolante tática para tentar um algo mais com a Ganassi, que decepcionou durante todo o mês de maio. O neozelandês tentou uma tática diferente, mas tudo o que conseguiu foi ficar no top-5. Alexander Rossi era uma ameaça ao domínio da Penske. Largando apenas em 32º, o americano da Andretti imprimiu uma corrida de recuperação estupenda e numa relargada chegou a ultrapassar seis carros. Por fora! Rossi parou atrás de Carpenter, quando começaram a surgir os 'underdogs' tentando táticas suicidas. Stefan Wilson e Jay Howard tiveram que parar no finalzinho quando vinham na frente de Power, que já tinha ultrapassado o veterano Oriol Servia, na mesma tática dos dois.

Sem nenhum piloto investindo no 'tudo ou nada' na sua frente, Power fez as três voltas finais na ponta dos dedos para uma consagradora vitória em Indianápolis. Conta-se que o americano médio não liga muito para a Indy e o seu campeonato, mas pára para ver as 500 Milhas de Indianápolis. Quem acompanha a Indy sabe do talento de Will Power e que talvez um título seja pouco para o australiano, mas seus fracassos nos ovais faziam-no um quase desconhecido na América. Com essa vitória categórica no maior palco dos Estados Unidos, Will Power se consagrará como um grande dentro da Indy, pois além do título, agora tem também a cobiçada vitória nas 500 Milhas!

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