domingo, 29 de setembro de 2013

Jogo de equipe

Com o mês de outubro chegando, muitos campeonatos vão se definindo e hoje o DTM viu Mike Rockenfeller conquistar seu primeiro título da categoria, após um 2012 de evolução e um 2013 de consagração. O alemão da Audi foi constante ao extremo, vencendo duas provas e chegando na zona de pontuação nas demais corridas, conquistando o troféu com uma etapa de antecedência, algo não muito comum no competitivo mundo do DTM.

O principal rival de Rockenfeller foi o brasileiro Augusto Fafus Jr da BMW. Vencedor da etapa de abertura, Farfus não foi tão constante quanto Rockenfeller, deixando de marcar pontos três vezes, mas vindo de uma vitória em Oschersleben. No tradicional circuito de Zandvoort, Farfus teria a ajuda do pole Marco Witmann, também da BMW, mas o problema seria o pelotão de Audis atrás deles. Isso seria crucial. Na largada, Witmann larga mal e Farfus assume a ponta, de onde não sairia mais. Porém, precisando apenas de um terceiro lugar, Rockenfeller larga tão bem que suscitou dúvidas de uma queimada de largada, não confirmada nos replays. Mike tomou a segunda posição de Witmann e comboiou Farfus até o brasileiro começar a ter problemas com seus pneus macios. Rockenfeller chegou a esboçar uma pressão, mas sem necessitar forçar demais, o alemão desistiu da briga após a primeira parada de box.

Quando trocou seus pneus, Farfus disparou na ponta, chegando a abrir 15s sobre Rockenfeller, devidamente protegido pelo piloto Audi Timo Scheider. Um safety-car ainda criou certa tensa ansiedade, mas estava claro que Scheider não atacaria Rockenfeller, que apenas viu de longe Farfus conquistar sua terceira vitória no ano, e definir seu primeiro campeonato do DTM com o segundo lugar. Destaque negativo para a Mercedes, longe da briga pelo título e com seu melhor carro apenas em décimo em Zandvoort.

Mike Rockenfeller, um piloto discreto, mas eficiente, como são conhecidos os alemães, é uma cria da Audi e além do DTM, piloto os belíssimos R18 nas 24 Horas de Le Mans. Rockenfeller teve todos os méritos no campeonato desse ano, mas deverá ter em Farfus um rival duríssimo em 2014. 

Quebrando o bom momento

Mesmo a Honda tendo a melhor moto na MotoGP em 2013, as duas vitórias de Jorge Lorenzo nas duas últimas etapas mostraram que a boa vantagem do novato sensação Marc Márquez no campeonato poderia ser derrubada com mais algumas das ótimas exibições de Lorenzo nas provas restantes. Se quisesse se manter como favorito ao título, Márquez necessitava urgentemente de uma reação para quebrar o bom momento de Lorenzo. Aragão é uma pista que favorece a Honda, mas Lorenzo só tinha ficado 0.01s atrás de Márquez nos treinos. A corrida tinha tudo para ser tensa. E realmente foi, mas principalmente entre os pilotos da Honda.

Como virou tradição, Lorenzo pegou a ponta na largada, com as duas Hondas logo atrás. Márquez caiu para terceiro na primeira curva, mas ultrapassou Pedrosa na curva seguinte. Apesar de Lorenzo ter conseguido abrir uma pequena diferença na primeira volta, não foi como em Misano, quando o piloto da Yamaha disparou na ponta. A aproximação das motos laranjas da HRC era inexpugnável, mas com Márquez e Pedrosa se engalfinhando. Dani parecia ter um melhor ritmo e ultrapassou Marc para partir para cima do seu velho rival. Porém, se quisesse vencer e manter uma boa vantagem sobre Lorenzo, Márquez sabia que não poderia deixar que seu companheiro de equipe abrisse vantagem. Fora que o novato precisava se ficar por cima do experiente piloto da Honda. Numa tentativa de ultrapassagem, Márquez chegou a sair da pista, mas voltou sem maiores problemas, mas aparentemente Pedrosa se desconcentrou e quando foi dar motor, sua moto ejetou-o e Dani estava fora da corrida e numa maca rumo ao centro médico numa ambulância.

Mesmo perdendo tempo, Márquez rapidamente tirou a vantagem para Lorenzo e o ultrapassou com facilidade, com Jorge chegando a olhar para trás, incomodado com a chegada do compatriota. Márquez administrou muito bem a briga com Lorenzo, com ambos chegando a marcar exatamente o mesmo tempo de volta, mas Marc não deu chances a Lorenzo e venceu pela sexta vez no ano, abrindo mais cinco pontos no campeonato e não precisando mais vencer para se tornar campeão da MotoGP. Lorenzo foi elegante na derrota, mas sua cara no parque fechado mostrava que a vaca estava indo para o brejo, pois como vem acontecendo, Jorge mostrou outra grande exibição, mas não o suficiente para fazer frente ao poderio da Honda e o talento de Marc Márquez. Com Pedrosa fora, Valentino Rossi também quebrou a sequencia de quatro quarto lugares consecutivos, mas o piloto da Yamaha teve que lutar muito com os dois pilotos da Honda satélite Stefan Bradl e Alvaro Bautista. Contudo, os 13s atrás do líder mostra bem o quanto Vale esta atrasado frente aos líderes do campeonato.

Com essa vitória, Marc Márquez voltou às vitórias e deu um passo importante rumo ao incrível primeiro título em sua estreia na MotoGP. Com a queda de Pedrosa, que nada tinha de mais grave em seu acidente, Márquez deverá ocupar todas as atenções da Honda, que deverá ter que convencer a Pedrosa a ajudar Márquez na luta pelo título com a Yamaha de Lorenzo, mas com a queda de hoje, no dia do seu aniversário, mais as constantes brigar em que estão envolvidos, será que Pedrosa quererá ajudar Márquez? Eis um abacaxi que Suhei Nakamoto, presidente do HRC, deverá ter que descascar nas próximas semanas.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

História: 15 anos do Grande Prêmio de Luxemburgo de 1998

Após outro fim de semana ruim de Mika Hakkinen em Monza, as chances de Michael Schumacher conquistar o tricampeonato aumentavam cada vez mais, algo que soava impossível no começo do campeonato de 1998, quando a McLaren dominou as primeiras corridas a seu bel prazer. Porém, Schumacher usou sua magia para chegar à Nürburgring empatado com seu velho rival Hakkinen e usaria outro fator para favorece-lo: o fator casa. Nürburgring ficava menos de 100 km da cidade natal de Schummy.

Por isso, hordas de torcedores alemães invadiram o velho circuito de Nürburgring para ver Michael Schumacher tentar derrotar Mika Hakkinen novamente. Como é comum naquela região alemã, a chuva se fez presente naquele final de semana e foi Schumacher, conhecido como um ás na chuva, que saiu da pista no começo do treino, ainda com asfalto úmido, mas secando claramente. Com pista seca, Hakkinen fez o melhor tempo, mas em sua segunda volta rápida, Schumacher colocou meio segundo em Mika, espantando a todos com a exibição do alemão. Para melhorar, Irvine consegue sua melhor posição de largada e faria uma primeira fila toda vermelha, enquanto Coulthard corroborava com o fim de semana infeliz da McLaren ao perder seu lugar na segunda fila para Fisichella. 

Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.561
2) Irvine(Ferrari) - 1:18.907
3) Hakkinen(McLaren) - 1:18.940
4) Fisichella(Benetton) - 1:19.048
5) Coulthard(McLaren) - 1:19.169
6) R.Schumacher(Jordan) - 1:19.455
7) H.H.Frentzen(Williams) - 1:19.522
8) Wurz(Benetton) - 1:19.569
9) Villeneuve(Williams) - 1:19.631
10) Hill(Jordan) - 1:19.807

O dia 27 de setembro de 1998 estava claro e Nürburgring teria pista seca para o segundo Grande Prêmio luxemburguês da história. No warm-up a McLaren se recuperou com seus dois carros sendo os mais rápidos. Ron Dennis diria que seus carros estavam com algum combustível  no tanque, mesmo nos treinos de classificação. A largada se deu sem problemas com as duas Ferraris disparando rumo à primeira curva, mas para surpresa de todos, foi Irvine quem apareceu na ponta, seguido por Schumacher, enquanto Coulthard até larga melhor do que Hakkinen, mas respeita a hierarquia da McLaren e tira o pé para que o finlandês ficasse em terceiro.

Porém, não demorou muito para que Schumacher retomasse a ponta ainda no início da segunda volta e o plano da Ferrari parecia perfeito. Com Hakkinen preso atrás de Irvine, Schumacher poderia impôr o seu ritmo forte para disparar na ponta rumo à vitória. Porém, Hakkinen parecia estar mais confortável em ritmo de corrida e pressionava Irvine, que já estava 4s atrás do companheiro de equipe. Mika sabia que não podia perder muito tempo e após apenas 14 voltas, efetuou uma tranquila ultrapassagem sobre Irvine na chicane Veedol. A Ferrari esperava que Irvine dificultasse ao máximo a ultrapassagem, mas o irlandês não tinha um bom acerto e logo seria alcançado pelo quarto colocado Coulthard. Durante a rodada de paradas, o escocês assumiria o terceiro lugar. Com pista livre e com a confiança cada vez maior, Hakkinen começou a tirar a diferença para Schumacher, que imediatamente respondeu levando sua Ferrari e os pneus Goodyear ao limite extremo. Mesmo separados por 4s, era uma briga de gato e rato entre os dois postulantes ao título.
Na volta 24 Schumacher fez sua primeira parada e ele voltou à pista ainda em segundo lugar, com Irvine segurando uma fila de carros atrás de si, já completamente sem ritmo. Nesse momento Hakkinen estava 3.5s atrás de Schummy. O finlandês sabia que aquela era a sua chance. Com quatro voltas a mais de combustível, Mika voou na pista, enquanto Schumacher era atrapalhado por retardatários. Quando Hakkinen fez seu pit-stop, estava 19.3s à frente de Schumacher, mas ajudado por um pit-stop assombroso, o finlandês da McLaren conseguiu sair à frente do rival, para um longo suspiro da torcida alemã. Schumacher ainda tentou efetuar a ultrapassagem, mas Hakkinen segurou a pressão do alemão nas voltas posteriores e com o tempo, Mika começou a aumentar a vantagem.

A segunda rodada de paradas não mostrou mudanças. Mika Hakkinen estava administrando sua posição e mantinha a liderança ao redor 4-5s. Quando recebeu a bandeirada para a sua provável vitória mais importante de sua carreira, Mika Hakkinen estava mais feliz do que o costume. Muitos duvidavam que Hakkinen seria capaz de enfrentar Schumacher numa briga pelo título na F1, mas naquele final de setembro de 1998 Mika mostrou ao mundo que estava mais do que preparado para conquistar o seu primeiro título na carreira e derrotar uma lenda Michael Schumacher. Isso se confirmaria um mês depois na última prova em Suzuka.

Chegada:
1) Hakkinen
2) M.Schumacher
3) Coulthard
4) Irvine
5) Frentzen
6) Fisichella

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Carona perigosa

Quando foi anunciada a punição à Mark Webber após este pegar uma carona com Alonso depois do Grande Prêmio de Singapura, me juntei aos indignados de que acham a F1 está ficando fresca demais. Porém, este vídeo apareceu e mostrou que ambos foram imprudentes ao extremo. Como Webber estava levando o terceiro puxão de orelhas e como o regulamento prevê que isso vale dez posições no grid... foi justo!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Figura(CIN): Sebastian Vettel

A 33º vitória na carreira de Sebastian Vettel parece ter sido como a maioria, onde o alemão dominou como quis os adversários e venceu de ponta a ponta, conquistando seu terceiro grand-chelen (pole, vitória, melhor volta da corrida e todas as voltas lideradas) na sua já gloriosa carreira, no lugar do adjetivo precoce. Porém, o que chamou a atenção foi a forma em que Vettel humilhou a concorrência nas ruas de Cingapura. O potencial do Red Bull RB9 é indiscutível, mas Sebastian Vettel deu um verdadeiro show na noite cingapuriana. Logo nas primeiras voltas abriu confortável 6s que pareciam ser suficientes para administrar a corrida como normalmente Seb faz, porém, o acidente do seu futuro companheiro de equipe exatamente no meio da prova mudou a estratégia da Red Bull. Enquanto muitas equipes anteciparam seus pit-stops, a Red Bull resolveu deixar seus pilotos na pista. O time conhecia seu piloto e Vettel passou a andar incríveis 2s, ou mais, mais veloz do que qualquer um na pista. Sua volta posterior a sua segunda parada chegou a absurdos 3s sobre o segundo colocado Fernando Alonso. Tamanho domínio começa a incomodar alguns e vaias foram ouvidas novamente no pódio para Vettel, numa antipatia que de certa forma também atingiu Schumacher em seu auge. Porém, mesmo com a corrida não sendo das mais emocionantes, foi melhor aproveitar a pilotagem inspirada de Sebastian Vettel rumo ao seu quarto título e a imortalidade na F1.

Figurão(CIN): Mercedes

Com um equipamento bem superior ao da Ferrari em Cingapura, rival direta pelo segundo lugar no Mundial de Construtores, a Mercedes tinha a faca e o queijo na mão para superar os italianos e ser o melhor do resto num campeonato dominado, mais uma vez, por Red Bull e seus blues caps. O começo foi promissor com Nico Rosberg quase roubando a pole de Vettel na classificação e na largada, mas apesar de não conseguir o objetivo, o alemão vinha num sólido segundo lugar, enquanto Hamilton era bem menos brilhante, mas vinha conseguindo pontos importantes. Porém, o acidente de Daniel Ricciardo mexeu com a dinâmica da prova e os estrategistas entraram em ação. A procedência da Mercedes era a melhor possível, pois todos lembram das vitórias conseguidas por Michael Schumacher através de Ross Brawn, hoje chefe dos tedescos. Porém, Brawn pode ter perdido o toque. Sem o mesmo ritmo da Red Bull de Vettel, Brawn preferiu deixar seus dois pilotos na pista, enquanto vários pilotos fizeram uma segunda parada, que na teoria poderia ser a última. Enquanto Vettel abria o suficiente para ficar em primeiro com facilidade, Rosberg e Hamilton não conseguiram fazer o mesmo e os pilotos da Mercedes acabaram no meio do tráfego. Com o tempo perdido, não foram capazes de capitalizar totalmente os melhores pneus do que os dos adversários e um pódio fácil da Mercedes acabou num desapontador quarto (Rosberg) e quinto (Hamilton) lugares. Se havia dúvidas da melhor estratégia, não seria melhor tentar duas estratégias diferentes para seus dois pilotos, diminuindo um prejuízo, o que acabou acontecendo? Para piorar, Fernando Alonso fez outra corrida daquelas e com um equipamento bem inferior, manteve a Ferrari à frente da Mercedes no Mundial de Construtores, o que pode custar bons milhões de dólares a Mercedes e seus gênios da estratégia. 

domingo, 22 de setembro de 2013

Exibições de gala

O Grande Prêmio de Cingapura não foi um primor de emoção. A primeira metade de corrida foi um dos piores dos últimos tempos em termos de chatice, por sinal. Porém, se prestarmos atenção em atuações individuais, a prova de rua no oriente foi rica em exibições de gala. O que Sebastian Vettel fez hoje foi superior aos seus 'sunday drives' de outras de suas 32 vitórias, número que o faz como o piloto em atividade com mais vitórias e o quarto em todos os tempos. Vettel humilhou a concorrência com um ritmo incrivelmente avassalador neste domingo, chegando a colocar 3s em qualquer piloto em condições normais de pista. O único fator anormal foi mesmo Vettel, que se superou e, passo a passo, não apenas se aproxima do seu quarto título, como também coloca seu nome entre os grandes da F1. Porém, ao seu lado no pódio, haviam dois caras que também fizeram corridas acima da média, com Fernando Alonso superando a ruindade do seu carro e Kimi Raikkonen superando problemas físicos para chegar em terceiro, ambos ganhando várias posições e mostrando a todos quem são as estrelas da F1 atual.

O safety-car provocado por Daniel Ricciardo exatamente no meio da prova foi o antídoto para o purgante que era o Grande Prêmio de Cingapura. A largada fora o único momento de emoção, quando Vettel chegou a perder a liderança para Rosberg, mas quando o alemão da Mercedes espalhou na primeira curva, o representante da Red Bull começou seu show, com um ritmo de corrida que via sua vantagem sobre os demais aumentar até se estabelecer os confortáveis 6s. Quando Ricciardo cometeu um erro, admitido pelo próprio, e bateu de frente na curva debaixo do estádio, as estratégias mudaram e a Red Bull resolveu ficar na pista, assim como a Mercedes. Com receio que os pilotos que pararam durante a intervenção do Safety-Car não parassem mais, Vettel barbarizou. Eram voltas com incríveis 2s ou mais, à frente de quem quer que fosse. Em menos de 15 voltas, Vettel abriu os mais do que suficientes 32s sobre Alonso e de forma impressionante, abriu a mesma vantagem nas voltas seguintes ao seu pit-stop, recebendo a bandeirada com a certeza de que o quarto título já é seu, só nos restando a esperar quando. Hoje Vettel mostrou que mesmo tendo o melhor carro do pelotão, Seb está guiando de forma magistral, precisando ser rapidíssimo quando necessário. Muitos diminuem o alemão pelo carro que tem em mãos, mas são corridas como a de hoje que mostram o talento extraordinário deste alemão que vai entrando na história da F1. Webber nunca teve caminho livre à sua frente e encaixotado, esteve longe de andar, sequer, próximo do ritmo do seu companheiro de equipe e para piorar, um problema de câmbio o fez abandonar na última volta, com o seu Red Bull em chamas.

Largando em sétimo, Alonso fez a melhor largada do dia e, quiçá, da temporada, quando pulou de sua posição no grid para terceiro usando apenas a astúcia de saber se colocar na melhor posição possível. Contudo, com um carro ruim para a travada pista de Cingapura, era claro que Alonso corria no limite e quando se viu atrás de Paul di Resta após sua primeira parada, Fernando simplesmente não conseguia deixar o escocês da Force India para trás, reforçando as dificuldades que o espanhol estava tendo com sua Ferrari. Quando Ricciardo bateu, Alonso foi aos boxes e era o primeiro que havia feito duas paradas. Porém, ainda faltava a outra metade da longa corrida em Cingapura, sem contar que Fernando correria com tráfego à frente, algo que sempre estraga os pneus. Mas Alonso fez outra corrida misturando inteligência e agressividade, se segurando até o final da prova com um ritmo aceitável para garantir outro pódio com o segundo lugar, mesmo que longe de Vettel. Se Alonso confirmar o vice-campeonato no final da temporada, isso se deverá unicamente a seu talento e genialidade, mesmo que alguns comecem a demoniza-lo aqui no Brasil por causa da dispensa de Massa da Ferrari. Reginaldo Leme, que fazia tempo não participava de uma transmissão de F1, disse que Alonso teve sorte em ficar em segundo. Quando cara pálida? Quando Alonso parou nos boxes durante o Safety-Car? Ok, mas vários pilotos também pararam e Alonso teve a COMPETÊNCIA para resguardar seus pneus e aproveitar a estratégia traçada pela Ferrari, algo que Felipe Massa, com a mesma estratégia e com pit-stops mais rápidos do que o companheiro de equipe, não conseguiu, precisando de uma terceira parada que o fez chegar num bom sexto lugar, mas longe do algo mais que Alonso faz praticamente toda corrida. Precisa dizer o porquê Massa está sendo trocado?

Ainda mais com o piloto que irá substituir o brasileiro. No sábado haviam dúvidas se Kimi Raikkonen participaria da corrida graças a um nervo comprimido que lhe rendia muitas dores nas costas. Kimi participou da classificação no sacrifício e para a corrida fez uma infiltração para poder correr sem tantas dores. E o resultado foi outra corrida magistral de Raikkonen, onde o finlandês foi um dos poucos a conquistar posições na pista no começo da prova e juntamente com Alonso, conseguiu capitalizar o Safety-Car e ganhar dez posições da onde largou, garantindo outro pódio. Foi uma prova que a Ferrari fez um ótimo negócio olhando apenas a questão humana para 2014. Resta saber se esses dois seres humanos de talento enorme se darão bem trabalhando juntos no próximo ano. Romain Grosjean aproveitou as dores de Kimi para ser o principal piloto da Lotus e mesmo não largando tão bem, o francês vinha num ritmo forte e tinha boas chances de conseguiu um pódio, vide a pouca ferocidade da Lotus aos pneus Pirelli, mas problemas no motor Renault acabou com a corrida de Grosjean, que saiu da corrida arrasado. Nico Rosberg quase conseguiu tirar a primeira posição de Vettel na largada, mas do jeito que Sebastian vinha, era questão de tempo o piloto da Red Bull retomar a posição logo depois em uma hipotética ultrapassagem, mas Nico vinha fazendo uma corrida sólida em segundo lugar, quando a Mercedes resolveu deixar tanto ele como Hamilton na pista. Os estrategistas da Mercedes, tão elogiados por Galvão Bueno durante a transmissão global, devem ter se esquecido do quanto os carros prateados destroem os pneus Pirelli e jogaram um pódio certo por um pálido quarto e quinto lugares. Sendo que Hamilton atacou fortemente Rosberg no final da corrida, podendo ter transformado num verdadeiro desastre a corrida da Mercedes. Para piorar, o time tedesco não conseguiu ultrapassar a Ferrari no Mundial de Construtores quando o desempenho do carro alemão era bem melhor do que o italiano.

A McLaren quase conseguia um lugar no pódio quando arriscou a mesma estratégia de Alonso e Raikkonen quando Button ficou várias voltas em terceiro lugar, mas isso quase custou muito caro à Jenson, pois o inglês desgastou seus pneus mais do que o devido brigando com Kimi e quando foi ultrapassado belamente pelo finlandês, a mais bonita da corrida, Button foi ultrapassado por vários pilotos com pneus em melhores condições e viu seu companheiro de equipe Pérez, com a mesma estratégia, encostar e quase efetuar a ultrapassagem, mas o inglês segurou a sétima posição, com Pérez logo atrás. O mexicano ainda não renovou seu contrato e precisa de corridas melhores que a de hoje, mesmo que as limitações da McLaren não permitam mais do que as posições conseguidas pelos seus pilotos. Nico Hülkenberg ainda consegue um algo mais levando seu fraco Sauber aos pontos, mas seu melhor momento na corrida foi seu 'what?', quando recebeu a notícia de sua equipe que teria que devolver sua posição para Pérez numa manobra discutível. Gutierrez deu sinal de vida quando se classificou melhor do que Hulk pela primeira vez no ano, mas seu ritmo de corrida foi bem inferior ao do companheiro de equipe e novamente acabou fora dos pontos, mesmo imitando a estratégia do alemão. Paul di Resta estava prestes a dar o pulo do gato quando retardou ao máximo sua parada e chegando a atrapalhar a vida de Alonso, mesmo usando os pneus supermacios. No começo do ano, a Force India era uma das equipes que melhor tratava os pneus, particularmente os moles. Com a corrida interrompida pelo Safety-Car, Di Resta se viu entre as duas Ferraris e poderia ter conquistado um ótimo sexto lugar, lembrando que ele largou em 17º, quando bateu sozinho nas voltas finais, jogando fora pontos importantes da Force India em sua briga com a McLaren pelo quinto lugar. Como consolo nessa atual má fase da Force India, Sutil ainda marcou o ponto final, mas como terminou atrás de duas McLarens, a chance da equipe hindu chegar à frente da McLaren diminuiu bastante. A Toro Rosso só apareceu mesmo quando Ricciardo bateu e deu uma mexida na dinâmica da corrida, que teve várias mudanças de posição com a diferença de estado de pneus entre os pilotos nas voltas finais. A Williams foi novamente discreta, com Maldonado ainda chegando na posição de fona, em 11º. As nanicas fizeram o papel delas de dar passagem aos demais para levar voltas.

Se hoje foi uma corrida modorrenta em determinados momentos, mostrou-se que no momento temos uma geração espetacular de pilotos e o pódio foi a prova disso. O quarto título de Vettel já está engatilhado e provavelmente Abu Dhabi, local onde Seb conquistou seu primeiro título, deverá ser o local de sua consagração. Porém, se a Ferrari acertar no ano que vem, Alonso e Kimi serão adversários fortíssimos para Vettel. Portanto, que venha logo 2014!

sábado, 21 de setembro de 2013

Sufoco desnecessário

No fim do Q3, com seis décimos distante de qualquer um, a Red Bull perguntou a Vettel se ele ainda tinha algo a tirar do seu ótimo tempo. Um ou dois décimos, respondeu Sebastian. De bate pronto, a Red Bull resolveu resguardar um jogo de pneus e Vettel não daria uma segunda volta rápida com o alemão. Porém, para desespero das unhas de Vettel, roídas de forma incessante pelo alemão, que via impotente seus adversários chegar muito perto do seu tempo, Vettel viu sua diferença se esfumaçar, mas Seb ainda garantiu sua quinta pole no ano. Pelo o que vinha andando, continuando a ótima fase desde Spa, Vettel nem precisava passar por esse sufoco.

Os treinos em Cingapura foram todos dominados por Vettel, que se deu ao luxo de passar um sufoco desnecessário, mas para surpresa geral, a primeira fila não teve um segundo carro da Red Bull. Foi Nico Rosberg, depois de um longo e profundo sono, que colocou seu Mercedes em segundo lugar, menos de um décimo atrás de Vettel, enquanto Webber nem em terceiro ficou, posição essa que terminou com Romain Grosjean, que andou muito mais forte do que Raikkonen e completou o top-3. Pelo o que falou a reportagem da Globo, o problema de Kimi não seria motivação, ou a falta dela, ou uma represália da Lotus por causa de sua ida para a Ferrari em 2014. Raikkonen estaria com problemas nas costas e até mesmo se ventilou que ele não participasse da prova amanhã.

A Ferrari continuou seu martírio com seus dois pilotos levando 1s da Red Bull e até o final do ano, a casa de Maranello deverá pensar em construir o novo carro para 2014 e de como irá lidar com a explosiva dupla Kimi-Fernando, apesar dos fortes rumores de que Alonso poderia se transferir para a McLaren, o que seria uma enorme surpresa. Reflexo disso ou não, Alonso tomou tempo de Felipe Massa pela segunda corrida consecutiva. Massa sugeriu que correria para si até o final do ano, até porque precisa mostrar o serviço que não mostrou até agora para conseguir um lugar na F1 em 2014. Um detalhe interessante sobre o que li e vi nessa semana pós-anúncio da saída da Ferrari. Muita gente elogiou a forma como Massa saiu da Ferrari e estou entre eles, mas não concordo que por isso, ser uma pessoa íntegra, Felipe não merecesse sair da Ferrari. A F1 não se mede ética ou integridade, mas resultados. E fazem cinco anos que Massa não dá resultados numa equipe como a Ferrari. Isso é fato. A Ferrari teve paciência de Jó com Felipe. Por gostar dele, esperou muito, mas chegou um momento em que isso já não era mais possível e trouxe um piloto melhor do que o brasileiro, mesmo que isso signifique o fim da harmonia da equipe. Finalizando, nas duas últimas quartas-feiras assisti o Supermotor da Bandsports e delirei com O PIOR comentarista de corridas que existe: Eduardo Homem de Mello. Fico impressionado com as asneiras que ele fala. Ele falou que Massa vinha 'muito mais rápido' do que Alonso nas últimas corridas. Quando cara pálida? Sem contar hoje, Alonso estava vencendo por 8x4 nas classificações! De duas uma, ou ele é cego ou estava bêbado, mas prefiro a terceira vertente da incompetência, temperada com um ufanismo sem cabimento para desmerecer o piloto Fernando Alonso (não estou falando da pessoa Fernando Alonso...) e dizer que a Ferrari traiu Massa, quando isso nunca ocorreu. Muito pelo contrário.

Voltando a prova, amanhã a corrida tende a ser dominada por Vettel, apesar de que numa prova longa como em Cingapura, as variáveis aumentem bastante, ainda mais com a diferença brutal dos pneus supermacios e médios. Porém, se tudo ocorrer dentro dos conformes, Vettel começará a fazer contar de onde conquistará o seu quarto título.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

2014 será interessante

Não bastassem todas as mudanças ocorridas na F1 numa das silly-seasons mais animadas dos últimos tempos, a Indy se contagiou e surpreendeu nesta segunda-feira com a contratação de Juan Pablo Montoya por parte da Penske.

Desde que foi anunciado a sua não renovação pela Ganassi na Nascar, Montoya teve seu nome especulado em alguma equipe na Indy, vide seus resultados apenas medianos na stock americana. Obviamente a equipe Ganassi, onde Montoya fez sua fama no final dos anos 90, foi a primeira candidata, mas a saída do colombiano por falta de resultados deve ter sido demais para o ego de JP. Então apareceu com força a Andretti, com Michael elogiando bastante Montoya e chegando a procurar patrocínios, mas acabou por não dar certo. Neste final de semana mesmo foi anunciado que Montoya ficaria na Nascar numa equipe menor, a Forniture Row, e tudo parecia caminhar para isso quando o mundo do automobilismo foi surpreendido pelo anúncio desta tarde.

Juan Pablo Montoya é a prova cabal que não basta apenas ser rápido para fazer sucesso no automobilismo. Que o colombiano tem muito talento e velocidade, é inegável, mas sua cabecinha acabou por atrapalhar sua passagem na F1, onde tinha tudo para ser o anti-Schumacher, mas Montoya se preocupou demais nisso e seu ego grandioso, do tamanho de sua pança, não ajudou muito no trato com Williams e McLaren, suas equipes na F1. Porém, o estilo audacioso de Juan Pablo deixou saudades para os fãs da F1 e até mesmo sua marra o fez colecionar ídolos nos cinco anos e meio na categoria. Na Nascar, onde sua pança caberia sem maiores dramas, Montoya fez sucesso nos circuitos mistos, mas como esse tipo de traçado só acontece duas vezes num calendário de 36 provas, o desempenho de Montoyucho deixou a desejar, com duas vitórias apenas, mas nenhuma vez em oval. Mesmo a Ganassi não sendo uma equipe de ponta na Nascar, nos últimos tempos nem nos circuitos mistos Montoya vinha se destacando e acabou indo embora da equipe que o revelou de forma emocionante catorze anos atrás.

A contratação de Montoya, mesmo aos 37 anos e gordo como nunca, foi um golpe de mestre da Indy, pois mesmo longe do seu auge, Juan Pablo já venceu uma 500 Milhas de Indianápolis e, principalmente, tem muito carisma, particularmente com o público latino. A Penske terá em 2014 um trio de pilotos forte, já que Will Power é o melhor da turma, Castroneves deverá entrar no campeonato como campeão e Montoya querendo retornar aos tempos em que era considerado o melhor piloto de monopostos dos Estados Unidos. Tudo isso com a tradição e a força do time capitaneado por Roger Penske. Não apenas na F1 2014 será interessante... 

domingo, 15 de setembro de 2013

Tirando a diferença

O já famoso câmbio sem seamless finalmente fez sua estreia na Yamaha e os resultados foram animadores para Jorge Lorenzo. Como foi dito na transmissão do Sportv, o sonho de todo piloto é largar na frente, sumir dos adversários e vencer a corrida. Lorenzo não largou na pole, mas já estava na ponta na primeira curva. E sumiu. O espanhol da Yamaha fez uma corrida soberba e não deu chance alguma para os seus compatriotas da Honda oficial, que foram os destaques da corrida em sua luta pela primeira posição, vencida por Márquez.

A corrida na perigosa pista de Misano foi praticamente decidida na largada. Com um controle de largada melhor que o dos adversários, Lorenzo saiu da segunda para a primeira posição como um raio e de lá não saiu mais. Quando a diferença de Jorge para Pedrosa, então segundo colocado, chegou aos 3s, o piloto da Yamaha administrou a corrida até a bandeirada para consolidar sua quinta vitória do ano e segunda consecutiva. Com esse resultado, Lorenzo tem o mesmo número de vitórias de Márquez na atual temporada, mostrando que os dois acidentes no meio do ano foram cruciais para estar tão atrás do novato. Mesmo colocando meio segundo em todo mundo nos treinos, Márquez não foi capaz de repetir o mesmo ritmo na corrida e chegou a errar, caindo para quarto. Com a tenacidade de sempre, Marc foi para cima de Rossi e chegou ao terceiro lugar, imediatamente abrindo ataque ao seu companheiro de equipe Pedrosa. Foi o melhor momento da prova.

Mesmo companheiros de equipe, Pedrosa e Márquez disputaram ferozmente o segundo lugar, trocando de posições até mesmo durante uma volta, mas a impetuosidade de Márquez prevaleceu mais uma vez e ele ficou com a posição de Pedrosa, que pareceu ter perdido a batalha psicológica dentro da equipe Honda e se contentou com o terceiro lugar, mesma posição do campeonato, empatado com Lorenzo, mas com o piloto da Yamaha tendo mais vitórias. Apesar de ter tentado acompanhar os espanhóis no começo da prova, Rossi mostrou novamente que, hoje, está atrás deles em ritmo de prova e correndo a 13 km de sua cidade natal, Rossi teve que se conformar com mais uma quarto lugar. Sem surpresas, a mesma posição no campeonato.

Com mais essa vitória, Lorenzo pode ganhar um gás para tentar se aproximar de Márquez na luta pelo campeonato, já que Pedrosa parece estar definitivamente batido, mesmo que com o mesmo número de pontos de Jorge, mas pela parte psicológica. Márquez parecia aliviado ao chegar ao parque fechado. Ele sabe que Lorenzo está voltando a sua melhor forma e que as cinco corridas finais serão cada vez mais decisivas. 

sábado, 14 de setembro de 2013

Sessão cinema

Hoje deixei de ir ao jogo do Ceará no Castelão para ver Rush. Era uma dúvida que eu tinha desde sexta-feira. O jogo ou Rush? Como um amigo meu desistiu de ir ao jogo após me chamar hoje pela manhã, fui ao shopping ver o filme, que era a minha preferência. O jogo foi 4x0 pro Vozão. Mas se fosse de oito ou dez, não seria tão marcante como Rush. 

Admito que não assisti 'Grand Prix', considerado um filme-lenda para fãs do cinema e das corridas, mas acho muito difícil 'Grand Prix' ser melhor do que Rush pelo aspecto emoção. Sei da história da rivalidade entre James Hunt e Niki Lada de cor e salteado, mas fiquei confessamente emocionado em algumas cenas que eu sabia que iria acontecer, como a volta de Lauda em Monza ou a corrida final em Fuji. Aí é que está. É um filme de ação, mas tocante. Sai do cinema com vontade de bater palmas, mas me contive numa sessão relativamente cheia. Sai apenas dizendo, 'Que filme!'.

Para quem acompanha corridas desde sempre reconhece alguns erros. Em certas cenas se dizia estar em Monza, Paul Ricard e Fuji onde claramente se tratava de Brands Hatch. Mas, que raios, para quer se ater nesses detalhes? Era bem melhor acompanhar o ritmo forte do filme, deixando alguns erros, exageros ou omissões de lado.

A comparação com outros filmes como 'Dias de Trovão' e 'Alta Velocidade' é até covardia. O filme do Stallone eu até assisti no mesmo cinema e o enredo poderia ser melhor aproveitado (dois pilotos, um novato e um veterano brigando pelo título e pela mesma mulher, sendo que o jovem é ajudado pelo antigo rival do veterano), mas o filme é tão mal feito que Alta Velocidade virou piada. Bem ao contrário de Rush, que é constantemente elogiado pela crítica especializada. Tanto de cinema, como de corridas. Ron Howard se preocupou muito com os detalhes e dois me chamaram a atenção. O ator que encarna Patrick Depailler na reunião em Nürburgring é incrivelmente parecido com o francês. Se Depailler estivesse vivo concordaria. Outro detalhe que me chamou a atenção foi na entrevista de Hunt na McLaren, com o braço direito de Teddy Mayer chamando Emerson Fittipaldi de 'Fittifuckpaldi' e ele estava indo para a 'Coperfucksucar'... 

No fim, Niki Lauda falando de Hunt foi a cereja do bolo. A emoção de vê-lo falando do antigo rival mostrou a essência de um filme que já entrou na minha história como um dos melhores do que já assisti e não cansarei de assisti-lo jamais. Houve erros? Houve. Exageros? Alguns. Mas a emoção de ver a F1 retratada como uma história de cinema, numa história digna de cinema,  foi uma das poucas coisas boas deste ano. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Crônica de uma não renovação anunciada

A notícia estourou hoje, mas dá para dizer que veio com um ou dois anos de atraso. Felipe Massa anunciou em seu Instagram que 2013 será o seu último ano na Ferrari. O anúncio de Kimi Raikkonen como companheiro de equipe de Fernando Alonso no próximo ano amanhã é mera formalidade. Desde o final de semana em Monza essas notícias eram conhecidas de todos, só restando mesmo a confirmação para tal. Novamente crédito para Eddie Jordan, que meses atrás cravou a saída de Massa e a entrada de Raikkonen na Ferrari. Jordan cravou a saída de Hamilton da McLaren no ano passado e acertou em cheio, ou seja, é sempre bom prestar muita atenção no que o velho Eddie diz, pois normalmente ele acerta.

A saída de Felipe Massa é carregada de simbolismos para um automobilismo brasileiro em frangalhos. Pela primeira vez em quase quinze anos não haverá um piloto tupiniquim na Ferrari e em nenhuma equipe top na F1. Voltaremos aos tempos pré-2000, onde cada ponto conquistado era motivo de festa e esperança de que em algum momento um brasileiro fosse para uma equipe de ponta e voltar a vencer. A chance de não termos um piloto brasileiro na F1 em 2014 é real e preocupante, apesar de que as chances de Massa na Sauber são bem grandes, vide o bom relacionamento de Felipe e da Ferrari com a equipe suíça, que no ano que vem terá um adolescente em seu cockpit e necessitará de um piloto experiente para não repetir o fiasco desse ano. Porém, o que há além de Massa na F1? O único seria Felipe Nasr, um piloto com muito sucesso até a F3, mas que ainda não venceu na GP2 em quase dois anos na categoria e que mesmo mostrando algum talento (e patrocinadores fortes, é bom dizer), não parece ser um extra-classe que chegaria na F1 chegando. De resto... nietti, nádegas, bulhufas!

Se tem algo do qual Felipe não poderá reclamar é de falta de oportunidades em seus oito anos de Ferrari, sem contar o período emprestado na Sauber e um ano como piloto de testes com a equipe italiana. Afora 2008, onde quase foi campeão, e 2009, quando sofreu o acidente mais sério de sua vida, Massa sistematicamente derrotado por todos os seus companheiros de equipe. E o acidente foi outro marco importante. Desde a molada de Barrichello, é nítido que Felipe Massa deixou de ser o piloto sólido e guerreiro que quase lhe deu o título em 2008. Foi como Nelson Piquet pós-Tamburello/87. Ninguém sai incólume de uma pancada daquela na cabeça e assim foi com Massa. Apesar da velocidade, sempre achei que Felipe não tinha o talento e a naturalidade de Alonso, Raikkonen, Hamilton e Vettel, mesmo tendo enfrentado todos eles e misturou derrotas com vitórias ao longo de todos esses anos. Isso no auge, pois depois de 2009 foram raras as vezes em que Massa pôde brigar pelas primeiras posições com as principais estrelas da F1. As renovações de contrato de Massa sempre foram cercadas de tensão e especulação de quem poderia substitui-lo. Juntamente com o trauma do acidente em Hungaroring, Massa ainda teve que enfrentar um Fernando Alonso louco para voltar a vencer e fazendo de tudo, dentro e fora das pistas, para brigar pelo título com a Red Bull de Sebastian Vettel. À Felipe foi mostrado quem manda na Ferrari ainda em 2010, quando foi mandado dar passagem à Alonso em Hockenheim na famosa 'Fernando is faster than you'.

Os anos ao lado de Alonso foram os piores de Massa na Ferrari. Em média, Massa conseguiu fazer 48,9% dos pontos de Alonso no triênio 2010-12. Esse ano a proporção é ainda pior: 46,3%. A título de comparação, Rubens Barrichello marcou 59,9% dos pontos de Michael Schumacher nos seis anos juntos na Ferrari e Berger conseguiu 65,2% frente à Ayrton Senna nos três anos juntos na McLaren. Os números frios mostram a desvantagem de Massa, mas era na pista que a atitude era mais perceptível, com Felipe se encolhendo cada vez mais frente a genialidade de Alonso, que algumas vezes esteve próximo de colocar uma volta no brasileiro enquanto brigava por vitórias. Se no ano passado a dispensa escapou por uma segunda metade de temporada forte, em 2013 foi difícil segurar Massa mais uma temporada. Desde 2011 a imprensa italiana pedia a cabeça de Felipe com alguma razão, enquanto todos especulavam quem iria para o lugar do brasileiro.

E o escolhido foi o menos indicado de todos. Kimi Raikkonen saiu da Ferrari brigado com Luca di Montezemolo e não querendo mais saber de F1. Pois o finlandês volta ao time de Maranello forte e com a expectativa de reviver os ótimos momentos em que levou a Lotus nas costas em sua volta à F1, onde seu talento pareceu ter permanecido intacto aos acidentes no rally. Já Fernando Alonso parecia acomodado em ter um segundo piloto subserviente, mas já cansado das seguidas surras impostas pela Red Bull via Vettel. O espanhol reclamou e recebeu um Kimi Raikkonen como resposta. Será uma dupla interessante, pois haverá talento em profusão e ninguém muito interessado em se tornar segundo piloto de quem chega ou de quem já está. 

A Era brasileira na Ferrari acabou depois de 14 anos. Felipe Massa procurará uma nova equipe ou uma nova categoria. Porém, é o futuro do Brasil na F1 que está em jogo.

MWRGate

Faltavam poucas voltas para o final da corrida em Richmond, prova em que se definia os doze pilotos da Nascar Sprint Cup que iriam para o famigerado play-off, onde decidiriam o campeonato nas dez corridas finais. Os dez primeiros da classificação iriam direto para a 'fase' seguinte, enquanto os dois restante passariam como 'wild card', por terem conseguido mais vitórias entre o décimo primeiro e vigésimo colocado no campeonato. A corrida era tensa e cheia de alternativas por causa da decisão de quem seriam os últimos a se classificarem aos play-offs. Nesse momento, o tetracampeão Jeff Gordon estava garantindo a décima posição por um ponto, mesmo sem nenhuma vitória. Como Joey Logano, em 11º, tinha uma vitória, passaria ao lado de Kasey Kahne, com duas vitórias, para os play-offs. Porém, Ryan Newman assumia a primeira colocação da corrida neste instante e com duas vitórias, tirava Logano dos play-offs. Mais atrás, Ryan Truex Jr, da equipe Michael Waltrip Racing, estava em sexto lugar na corrida, logo à frente de Gordon, e precisando de um milagre para se classificar para a fase final. Mostrado o contexto, eis que Clint Bowyer, companheiro de equipe de Truex Jr, roda sozinho e com isso trazendo a bandeira amarela. Foi o início de um complexo, polêmico e escandaloso quebra-cabeças.

A corrida, que parecia decidida, fica embaralhada e querendo ter o melhor equipamento, os primeiros colocados vão aos boxes e Newman perde a ponta para Carl Edwards. Gordon e Truex Jr voltam na mesma posição, mas cada um ganhando o posto de Bowyer, que vinha bem colocado na corrida. De forma imperceptível para quem acompanhava a tensão dos últimos momentos das 400 voltas de Richmond, Bryan Vickers, no terceiro carro da MWR, faz um pit-stop sem ver nem para crer. A bandeira verde é dada faltando duas voltas e nada muda na relargada, com Edwards vencendo e um carrossel de mudanças na definição de quem iria aos play-offs acontecendo. Toda uma movimentação havia influído definitivamente no campeonato e só foi-se perceber depois da corrida. Com a rodada de Bowyer e a parada de Vickers, Logano ganhava duas posições e o piloto da Joe Gibbs reassumia o décimo lugar. Como Gordon não tinha vitórias e Newman havia perdido o que seria sua segunda vitória na temporada, quem faria companhia a Kahne nos play-offs seria o 12º colocado, com uma vitória e esse era... Martin Truex Jr!

As equipes prejudicadas ficaram uma arara! Enquanto Truex Jr dava entrevistas onde dizia estar sem palavras, a equipe Hendrick (Gordon) e Stewart-Hass (Newman) reclamavam para todo mundo ouvir. Numa estripulia parecida com a da Renault em 2008 em Cingapura, a equipe MWR (Michael Waltrip Racing) teria mandado Bowyer, já garantido nos play-offs, rodar para forçar uma bandeira amarela e causar toda a ação vista no final da prova em Richmond. A gravação no rádio era nítida. O chefe de mecânicos de Bowyer, Brian Pattie, avisou o piloto sobre as chances de vitória de Newman "Isso não é bom”, disse Pattie, que deu a letra ao piloto. “É o seu braço que está doendo? Aposto que está quente”, logo após a rodada de Bowyer.

Lembrando o escândalo de cinco anos atrás na F1, o que houve em Richmond é, no mínimo, tão escandaloso quanto e a Nascar não esperou muito para efetuar as punições. A MWR foi apenada em 300.000 dólares, suspendeu o chefe da equipe, Ty Norris, deixou os chefes de mecânicos dos três pilotos em obervação, além de ter subtraído 50 pontos de Bowyer, Vickers e Truex Jr. Com a perda de pontos, Truex caiu para 17º e com isso, fazendo uma licença poética, foi Newman quem assumiu o lugar de Truex Jr nos play-offs, porém, Gordon permaneceu de fora da decisão e Boywer, o provocador de toda a confusão, praticamente não sofreu nenhum arranhão da presepada.

Para quem dizia que isso só acontecia na arrogante F1, foi mostrado de forma amarga nesse final de semana que a maracutaia de Cingapura/08 não foi aprendida, pois mais dia, menos dia, a justiça acaba sendo feita. Se não fosse a grande notícia de hoje, essa punição entraria como a manchete de toda a semana no automobilismo mundial. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Figura(ITA): Nico Hülkenberg

Este ano de 2013 não foi o da Sauber, devido a problemas variados, sendo o mais grave o financeiro. Com tantas dificuldades, Nico Hülkenberg não foi capaz em nenhum momento de mostrar seu talento comprovado em seu Sauber problemático. Até este fim de semana! No sábado Nico já havia conseguido a proeza de levar seu carro ao Q3, mas o alemão não ficou satisfeito com isso e conseguiu colocar seu Sauber numa excepcional terceira posição do grid, superando as duas Ferraris e só ficando atrás das imbatíveis Red Bulls. Porém, com um carro simplesmente ruim, era esperado que Hülkenberg fosse engolido pelo pelotão ainda nas primeiras voltas da mesma maneira em que foi engolido quando conseguiu sua pole em Interlagos/2010. Contudo, Nico está mais maduro e sua pilotagem está cada vez melhor. Se a ultrapassagem da dupla da Ferrari foi inevitável, Hülkenberg permaneceu num ritmo forte e sólido para ficar numa honrosa quinta posição, segurando sem maiores agruras a fortíssima Mercedes de Nico Rosberg e, até mesmo, se aproximar de Mark Webber enquanto esse não conseguia se livrar de Felipe Massa. Com este quinto lugar quase que miraculoso, Nico Hülkenberg se estabelece com um dos melhores pilotos das equipes médias e com a vaga de Massa ameaçadíssima, bem que a Ferrari poderia olhar com carinho para o alemão. Apesar de que sabemos que os olhos ferraristas olhem com mais carinho para um finlandês... 

Figurão(ITA): Lewis Hamilton

Ainda no sábado, Lewis Hamilton falou à imprensa que estava pilotando feito um idiota. E ele tinha razão. Mesmo a Mercedes exercendo sua força nos treinos de classificação, Hamilton esteve deprimente no sábado, ficando ainda no Q2 graças a um erro seu em sua primeira volta lançada, onde o assoalho do seu carro foi danificado e mesmo atrapalhado por Adrian Sutil em sua segunda volta, dificilmente Lewis conseguiria repetir os feito deste ano que o fizeram o maior pole-man de 2013. Porém, o domingo não seria muito melhor. Após uma largada convencional, Hamilton brigava para ganhar algumas posições quando foi chamado pela sua equipe para antecipar sua parada, pois foi identificado um furo lento em seu Mercedes. Parando muito cedo, era praticamente impossível completar o Grande Prêmio da Itália sem um segundo pit-stop, enquanto os demais pilotos, afora Kimi Raikkonen que também teve que antecipar sua parada devido a problemas, parariam apenas uma vez. Hamilton era sempre um dos mais rápidos na pista, mas com sua estratégia comprometida, tudo o que Lewis pôde fazer era assegurar um oitavo lugar e apenas quatro pontos na poupança para ser o melhor do resto, pois o tetra de Vettel é apenas questão de tempo. Mas com Alonso cada dia mais inspirado e uma pilotagem péssima em Monza, até isso Hamilton terá dificuldades de conseguir!

domingo, 8 de setembro de 2013

Sunday drive

Desde sexta-feira que se previa a corrida de hoje da forma como ela foi. Uma neblina minutos antes da largada chegou a criar uma expectativa de algo diferente, mas a chuva foi tão leve que o apagar das luzes vermelhas se deu com todo mundo com pneu slick e lá se foi Sebastian Vettel para mais uma corrida em que dominou como quis, assim como fez em Spa e na grande maioria de suas vitória na sua prodigiosa carreira. Nesse momento, já se fazem contas de quando Vettel irá confirmar seu tetracampeonato, pois mesmo com um carro que não parecia estar 100%, o alemão sequer foi incomodado até a bandeirada de chegada em Monza, onde a torcida invadiu o pódio mesmo sem uma vitória ferrarista, mas para gritar por Alonso, que hoje tinha uma cara um pouco mais animada no pódio, mesmo com um segundo lugar que praticamente afirma que a partir de agora o pensamento será para 2014.

Assim como em Spa, o Grande Prêmio da Itália não foi um primor de emoção, com Vettel liderando desde a primeira volta até a bandeirada, mas há indícios de que a coisa não foi tão tranquila para os lados rubro taurinos. Desde as primeiras voltas uma luz vermelha piscava na traseira de Vettel. Aparentemente inofensivo, isso era sinal de um problema hidráulico que tanto abandono causava alguns anos atrás. E isso aparecer ainda nas primeiras voltas não era um bom sinal. O pneu dianteiro travado na primeira curva para se livrar de Felipe Massa também preocupou, mas após o pit-stop, nem isso mais era um fator. O que é líquida e certo é que mesmo com tantos problemas, o carro da Red Bull está imbatível como esteve em 2011 e Vettel segue numa fase incrível, onde vencer virou rotina e recordes são quebrados da mesma forma como com o seu compatriota. Da mesma forma como o companheiro de equipe, a corrida de Webber não foi livre de problemas, como um defletor quebrado quando era ultrapassado por Alonso e um problema de câmbio enquanto brigava com o espanhol. Mas nem isso fez com que o australiano chegasse colado em Alonso com o seu Red Bull, mesmo meia-boca, pronto para dar o dote se Alonso desse mole. Como não foi o caso, Mark completou a prova com um bom terceiro lugar que o faz se aproximar da mesma posição no campeonato, já que Hamilton e Raikkonen tiveram corridas problemáticas em Monza.

A feição de Alonso no pódio era de felicidade de chegar ao pódio em Monza, casa espiritual da Ferrari, mas também de resignação, frente ao poderio da Red Bull. Alonso demonstra a cada final de semana de corrida que está enfrentando um carro bem melhor do que o seu e consegue incomoda-los, fazendo um algo a mais que o caracteriza como um dos grandes da história da F1. Se Massa necessitava de uma 'grande corrida' para renovar o contrato, que pode ser ou não anunciado nessa semana, na minha opinião isso não aconteceu. Ok, ele andou na mesma balada de Alonso, mas perdeu o pódio para Webber na rodada de paradas e em nenhum momento parecia que ultrapassaria o australiano, ficando em quarto lugar atrás de um carro cheio de problemas, mesmo que superior ao seu. Acho que Massa acaba renovando, mas o brasileiro entrará para a história da Ferrari como o piloto no qual o time italiano, conhecido pela capacidade de destruir carreiras, mas teve paciência em engolir corridas e mais corridas fracassadas, pontuados por algumas corridas boas, como a de hoje, mas apenas boas e nada mais. Enquanto isso, Nico Hulkenberg fazia a melhor corrida do ano do jovem e talentoso alemão. Com uma carroça nas mãos, Nico perdeu as posições para a Ferrari, o que já era esperado, mas segurou a quinta posição a prova inteira, não se importando em ter uma Mercedes colado na sua asa traseira no final da corrida. Nico é jovem, talentoso e vive mostrando serviço, mas parece que Hulkenberg não tem a sorte de estar no hora certa e no momento certo.

A Mercedes fez uma corrida discreta, longe de brigar com Red Bull e Ferrari pela ponta. Rosberg fez uma corrida burocrática, onde não conseguiu sequer ultrapassar uma Sauber, mesmo pilotado brilhantemente por Hülkenberg. Talvez por isso Nico seja tão menosprezado no paddock da F1, mesmo mostrando velocidade e um exemplo foi as ultrapassagens na raça de Hamilton sendo aplaudidas pelos mecânicos, enquanto mal se mostrava Nico pressionando seu xará e compatriota Hulkenberg. Hamilton continuou seu inferno astral em Monza e teve um pneu furado no começo da corrida, forçando-o a fazer dois pit-stops, ao contrário da única visita aos boxes de todos os demais. Isso fez com que Lewis fosse um dos mais rápidos da pista em vários momentos da corrida e o fez passar muita gente, mas isso só lhe rendeu um oitavo lugar. Raikkonen teve destino semelhante quando bateu na largada e teve que trocar a asa dianteira logo na primeira volta, mas a Lotus não estava num bom final de semana e a evolução de Kimi não foi tão enfática como a de Hamilton, com a mesma estratégia e pela segunda corrida consecutiva Raikkonen não marcou pontos, enquanto Grosjean se esforçou para garantir os dois pontinhos do nono lugar.

Querendo mostrar que a Red Bull fez o certo ao promove-lo, Daniel Ricciardo fez uma corrida para fechar a prova em sétimo e finalmente ultrapassar seu companheiro de equipe Vergne, que foi um dos poucos abandonos da prova. A McLaren parecia forte ao colocar seus dois carros no Q3, mas na corrida foi outra história e Button teve que segurar Raikkonen nas voltas finais para marcar o ponto final da prova, com Sergio Pérez logo atrás. Apenas se destacar o boné diferente de toda a equipe McLaren pelo marco de 50 anos da equipe. A Force India segue em queda com Paul di Resta sendo o primeiro a abandonar quando bateu na primeira volta, mas dificilmente o escocês faria muito diferente de Adrian Sutil, que brigou muito nas posições intermediárias, mas fora da zona de pontos. A Williams segue seu calvário, juntamente com Gutierrez, enquanto as duas equipes nanicas brigaram muito entre si, chegando a atrapalhar alguns carros mais rápidos.

E assim a F1 se despede da Europa com o campeão e o vice praticamente decidido. A questão já não é 'se', mas 'quando' para Vettel, enquanto Alonso olha desconsolado seu rival já ter o dobro de títulos que possui, sendo o bicampeonato do espanhol aconteceu há sete longos anos atrás. Resta saber quem será o companheiro de Alonso em 2014 para que a F1 se defina e parta para a consagração de Vettel e da Red Bull em 2013.

sábado, 7 de setembro de 2013

Domínio anunciado

Os três treinos livres já haviam mostrado que só uma hecatombe poderia tirar a pole de Sebastian Vettel, seguido de perto pelo companheiro de equipe Mark Webber. E foi justamente isso o que aconteceu hoje. Juntando ao surpreendente domínio da Red Bull em Monza e sua pista sem nenhuma pressão aerodinâmica, a Mercedes esteve longe do ritmo dos sábados anteriores, a Lotus esteve mal o tempo todo e a Ferrari acabou se embaralhando em querer colocar Alonso brigando pela primeira fila com Webber e acabou se dando mal.

A quadragésima pole de Vettel na F1 era tão favas contadas que a emoção ficou pelas demais posições no grid e houve algumas surpresas interessantes. A Lotus de Kimi e Grosjean não se encontrou em nenhum momento e os dois pilotos ficaram de fora do Q3, com o francês errando na freada da primeira chicane várias vezes. A Mercedes sempre esteve em dificuldades, primeiro com Rosberg no terceiro treino livre e depois com Hamilton na Classificação, onde o inglês saiu da pista, foi atrapalhado pelo ex-amigo Adrian Sutil e nas próprias palavras, dirigiu como um idiota, ficando de fora do Q3 também. Isso abriu o caminho para que alguns carros que normalmente não fazem parte do segmento final fossem ao Q3, como os dois carros da Toro Rorro e os dois carros da McLaren. Porém, quem surpreendeu mesmo foi Nico Hülkenberg. O alemão da Sauber não apenas subiu ao Q3, como colocou seu problemático Sauber na terceira posição, à frente das duas Ferraris, que discutiam pelo rádio a melhor posição de pista e acabaram se atrapalhando, com o favorito da equipe Alonso ficando marginalmente atrás do ameaçado Massa.

Com a confirmação de Ricciardo na Red Bull, hoje a maior especulação na F1 é o lugar de Massa na Ferrari. Contando com o ufanismo global, não achei Galvão Bueno e cia confiantes para uma renovação de Massa em 2014. A preocupação é latente, até porque Massa não vem entregando os resultados dos quais é cobrado desde 2010, tempo em que seu lugar na Ferrari é resultado de longos debates toda temporada. A realidade é que, contando apenas os seus resultados, Felipe Massa já deveria estar procurando lugar para correr em 2014 e o dito anúncio da TV italiana ontem, que ele estava fora da Ferrari, não deixa de ser um indício forte. O problema seria trazer Kimi Raikkonen de volta, pois é sabido que Montezemolo não gosta muito do finlandês e talvez Alonso não veja com bons olhos o talentoso finlandês dividindo a Ferrari, que desde 2007 não sabe o que é título. Porém, o time de Maranello está em terceiro no Mundial de Construtores por causa dos pálidos resultados de Massa e Raikkonen não parece ser um piloto político a ponto de encher o saco de Alonso dentro da equipe. Fora que Hulkenberg, não apenas pelo resultado de hoje, parece ser uma variável fortíssima nesse complicado jogo de xadrez que é a renovação ou não do contrato de Massa pela Ferrari. Se eu fosse Domenicalli, escolheria o alemão, mas algo me diz que Felipe ficará mais um ano na Ferrari, contrariando o bom senso.

Isso é 2014. Para amanhã, Vettel é favorito a fazer outra corrida a seu estilo, onde vence dominando e sem dar chances aos rivais, ainda mais com um Sauber o separando dos seus mais perigosos rivais ao menos na primeira volta. Porém, há previsão de chuva forte amanhã. Contudo, todos esquecem que a primeira vitória de Vettel cinco anos atrás justamente em Monza foi marcada justamente pelo piso molhado.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Barraco

Os italianos são conhecidos por serem extremamente temperamentais. Pois Max Papis se mostrou uma das pessoas mais centradas quando levou um tapa de uma namorada após uma corrida. Isso pode se tornar um expediente casos os pilotos da Nascar quererem desabafar e não poderem com medo de alguma punição...

Capítulos finais

Ontem à noite Fernando Alonso deixou todos na expectativa quando anunciou pelo twitter que nesses dias haveria um grande anúncio para fazer. O anúncio houve, mas não com Fernando Alonso diretamente envolvido. Já no final desta tarde a Red Bull anunciou que Daniel Ricciardo assumirá o carro de número 2 (ou alguém ainda duvida que Vettel será campeão esse ano?) em 2014 no lugar do compatriota Mark Webber, de malas prontas para o WEC.

A escolha de Ricciardo mostrou o quão grande se tornou a Red Bull, antes considerada uma equipe excêntrica e divertida. Por trás da vinda de Daniel, houve muita política envolvendo os dois manda-chuvas da equipe, Christian Horner e Helmut Marko. Enquanto Horner queria um piloto de ponta ao lado de Vettel a partir do ano vindouro, Marko queria um jovem piloto do seu criadouro de revelações do automobilismo, mas que até agora só tem Vettel como triunfo. As orelhas de Dietrich Mastechitz, dono da Red Bull, devem estar vermelhas até agora de tantas argumentações ouviu dos seus dois homens fortes na F1, mas a velha parceria com Marko acabou valendo.

Daniel Ricciardo desde muito novo é ligado à Red Bull e com ela foi campeão da F3 Inglesa em 2009, subindo à World Series na temporada seguinte. Mais preocupado em ser piloto de testes da Red Bull e aprender o máximo possível no ambiente da F1, o australiano não fez muita questão de levar a sério a categoria de acesso, mesmo mostrando bons resultados na WS. Em 2011 Ricciardo fez suas primeiras corridas na F1 pela finada HRT até chegar a Toro Rosso em 2012, junto com Jean-Eric Vergne, no lugar dos antigos pilotos do celeiro de Marko, Jaime Alguersuari e Sebastien Buemi. A verdade verdadeira foi que Ricciardo não chamou tanta atenção como Vettel fez nos seus tempos de Toro Rosso e até mesmo marcou menos pontos do que Vergne, mas com uma pilotagem cerebral e consistente, garantiu o lugar principal do Programa de Jovens Pilotos da Red Bull e quando se compatriota Webber anunciou sua aposentadoria no final de 2013, se tornou o principal candidato a substituí-lo, ao lado de estrelas como Raikkonen e Alonso, preferências de Horner, que terá que engolir Ricciardo para os próximos anos.

Com a confirmação de parte dessa novela que se tornou a silly-season versão 2013, histórias paralelas ainda precisam ser resolvidas e a principal delas envolve Kimi Raikkonen. O finlandês não vê muito futuro na Lotus, mas com a porta da Red Bull fechada, sua situação se complica, pois saiu meio corrido tanto da McLaren como da Ferrari, apesar da última estar paquerando com o finlandês vide mais um ano difícil de Massa que, venhamos e convenhamos, não está mais merecendo a paciência que a Ferrari está tendo com ele. Outros anúncios virão nos próximos dias e até o momento, as definições não alteraram os batimentos cardíacos dos amantes da F1. Se os próximos movimentos o farão, o tempo irá dizer.  

domingo, 1 de setembro de 2013

Sobrevivendo

Que tal construir uma pista ruim, com curvas apertadas e cheia de ondulações. Depois colocar nela vários pilotos maluquinhos e agressivos, loucos para aparecer nesse final de campeonato. Juntando a tudo isso, ter comissários sem critério e mais preocupado com o espetáculo do que propriamente a segurança de todos. Pois o resultado de tudo isso foi visto no Grande Prêmio de Baltimore neste final de tarde de domingo na Indy. A corrida foi uma das mais malucas e insanas dos últimos tempos em qualquer categoria, onde praticamente todos os pilotos bateram ou se viram envolvido em algum problema durante as mais de duas horas de prova. Charlie Kimball teve que fazer quatro manobras evasivas, sem contar com as duas balizas que o americano da Ganassi fez para desviar de carros parados à sua frente. James Hinchcliffe bateu duas vezes e ainda chegou no top-10, mas o sortudo do dia foi mesmo Helio Castroneves. O brasileiro da Penske teve uma corrida medíocre, bateu, errou nos pits, foi punido, se envolveu em um engavetamento e ainda saiu mais líder do que nunca, graças aos infortúnios dos seus principais adversários.

Com tantos problemas, não foi surpresa que o pódio em Baltimore não tivesse nenhum integrante das chamadas equipes grandes (Penske, Ganassi e Andretti), mesmo o vencedor Simon Pagenaud ter liderado um treino livre e ter mostrado força em vários momentos. Como a maioria dos pilotos, o francês teve que fazer uma corrida de sobrevivência para receber a bandeirada e no caso de Pagenaud, significou a sua segunda vitória no ano e a consolidação como um dos grandes pilotos franceses do momento. O segundo colocado Josef Newgarden, da pequena equipe Sarah Fischer foi tocado por Castroneves na primeira volta e chegou a perder muito rendimento, mas se viu brigando com Pagenaud nas voltas finais, mas não teve força para lutar pela liderança, mas sua chefe não ficou nada triste e comemorou bastante no final. E completando o pódio, Sebastien Bourdais largou em último por um acidente nos treinos, mas esteve forte o suficiente para brigar pela vitória na parte final da corrida, mesmo tendo rodado uma vez.

O pódio em Baltimore demonstra bem o quão maluca foi a prova de hoje e isso acabou por praticamente dar o título para Castroneves. Scott Dixon largou na pole, mas não liderou uma única volta, sendo ultrapassado por Will Power ainda na primeira volta, mas com Helio lá atrás, o neozelandês apenas se preocupou em marcar o maior números de pontos possível e esteve na briga com Power a prova toda. Numa das inúmeras relargadas, Dixon foi alvo de uma barbeiragem de Power e bateu forte no muro, acabando a corrida de ambos e praticamente sacramentando o título, na sorte absurda, de Castroneves, que vem conquistando o título desse ano de uma forma similar, mesmo que longe de ser igual, de Jenson Button em 2009. O inglês venceu as sete das oito primeiras corridas daquele ano e depois ruminou até conquistar o título com uma prova de antecipação. Já Hélio ganhou apenas uma vez (com o carro irregular, diga-se de passagem), mas marcou pontos cruciais o ano inteiro. Se no começo do ano ainda brigava por vitórias, hoje o piloto da Penske só tem a vantagem que tem pelos azares de Dixon e de Ryan Hunter-Reay, outro que abandonou hoje, pois faz tempo que Castroneves não faz uma corrida decente.

Foram vários incidentes que teve vários protagonistas, como Graham Rahal, Justin Wilson e Marco Andretti em dias inspirados, mas com várias participações especiais e sem coadjuvantes discretos. Foi um caos! Com a Indy sem um comando firme, as corridas rolam soltas e as corridas se transformam, como hoje em Baltimore, em Demotions Derby. 

Segurou!

A situação de Jorge Lorenzo até lembra um pouco o do seu compatriota Fernando Alonso. Com um equipamento inferior, o espanhol, também com uma gana enorme para vencer e se manter no topo de sua geração, tem que andar muito mais do que seu equipamento permite para se manter à frente dos rivais. Lorenzo tinha liderado em Indianápolis e Brno, mas sucumbiu a superioridade das Hondas de Pedrosa e, principalmente, de Márquez para terminar num amargo terceiro lugar, reclamando que fez de tudo, mas não havia sido o suficiente. Todos haviam visto que Lorenzo havia dado tudo, tudo mesmo nessas provas, mas vinha Márquez e destronava o bicampeão. Hoje, porém, foi um pouco diferente.

Uma diferença crucial foi que Márquez teve um acidente no warm-up onde teve o ombro esquerdo deslocado, o mesmo que atrapalhou a temporada de Lorenzo e Pedrosa nas provas anteriores. Como esses pilotos de moto são de borracha, Marc teve seu ombro colocado no lugar, tomou uma injeçãozinha e partiu para a largada, onde foi superado mais uma vez por Lorenzo, se especializando cada vez mais nesse quesito. O controle de largada da Yamaha está tão bom que Rossi pulou de sexto para terceiro na primeira curva. A marca de Iwata sabe que uma boa largada é essencial para se manter à frente da rival Honda. Pedrosa, antes considerado o melhor largador da MotoGP, não o fez, mas num ritmo alucinante, logo ultrapassou quem vinha pela frente e encostou na dupla que liderava, Lorenzo e Márquez. E assim esse trio ficou a corrida inteira.

Porém, nas voltas finais, o melhor equilíbrio da Honda começou a fazer efeito e Márquez partiu para cima de Lorenzo. Foram duas tentativas, uma faltando três voltas e outra na passagem final. Ambas foram rechaçadas com muita categoria por Lorenzo, particularmente na última volta, onde Márquez conseguiu uma ultrapassagem sensacional nas últimas curvas, mas escapou na penúltima e deu o espaço que Lorenzo necessitava para botar por dentro e vencer depois de muito tempo. A vitória do piloto da Yamaha servirá, neste momento, muito mais para aumentar seu moral no campeonato, pois Lorenzo ainda está em terceiro no Mundial, 39 pontos atrás de Márquez, que ainda goza de uma boa vantagem no campeonato e não pareceu ter sido muito afetado, aparentemente, pela sua contusão. E o vice Pedrosa? Em melhores condições físicas do que Márquez, Dani não tentou uma única ultrapassagem, preferindo ver de longe seus rivais brigar pela vitória. Ainda no quesito decepções, o local Cal Cruthlow, envolvido no acidente com Márquez, chegou num obscuro sétimo lugar, enquanto Valentino, apesar da ótima largada, foi mais uma vez coadjuvante dos líderes do campeonato com o terceiro quarto lugar consecutivo.

Mesmo sem poder descontar muito no campeonato, essa vitória de hoje poderá ser crucial para Lorenzo, que voltou a vencer após sua sequencia de acidentes que atrapalhou sua defesa de campeonato. Para Márquez, esse segundo posto não foi de todo ruim, pois continua abrindo para o seu companheiro de equipe, enquanto a diferença segue grande na luta pelo seu primeiro título, mas Lorenzo provou que, com um equipamento inferior, é capaz de lutar com todo o seu talento contra a força da Honda e a impetuosidade de Márquez.