domingo, 30 de junho de 2013

Sinal de alerta

Provavelmente a belíssima corrida em Silverstone aplaque um pouco o perigo que foi a corrida de hoje. Desde o Grande Prêmio dos Estados Unidos de 2005 em Indianapolis que não se via os pneus afetarem tanto a segurança de pilotos como hoje. Correndo no quintal de Nigel Mansell, hoje vimos quatro repetições da famosa imagem de Mansell em Adelaide/86 com os pneus traseiros esquerdo de Hamilton, Massa, Vergne e Pérez voando pelos ares em momentos distintos da prova, causando até mesmo uma correria aos boxes e engenheiros clamando aos seus pilotos que não ataquem zebras. Até mesmo o acerto de alguns carros foram modificados para que dechapagens não acontecessem. Foi uma prova tensa, mas com um final emocionante pelo melhor dos motivos, quando um safety-car provocado pelo então líder inconteste da corrida, Sebastian Vettel, fizesse com que pilotos colocassem pneus novos, partissem para cima com grande ferocidade e grandes ultrapassagens ocorressem nas últimas sete voltas, mas como Nico Rosberg também parou no final, o alemão só viu as ultrapassagens pelo retrovisor de seu Mercedes e conseguiu sua segunda vitória nesta temporada, com Webber e Alonso, em ótimas corridas, completando o pódio.

Com um clima nada tipicamente inglês, a corrida foi totalmente no seco e se não houve forte calor, o sol foi inclemente com os pneus, particularmente com o pneu traseiro esquerdo. Primeiro foi o então líder Lewis Hamilton aparecer lento após seu pneu dechapar na reta Wellington. Poucas voltas depois, a vítima foi Felipe Massa, que havia feito a largada de sua vida ao pular de 11º para 5º. Para azar de ambos, o problema no pneu foi no início da volta e tanto Lewis como Felipe tiveram que dar praticamente uma volta inteira com o pneu danificado, parecendo ter estragado suas corridas de forma definitiva. Quando Jean-Eric Vergne teve destino semelhante no final da reta Hangar, o pânico se instalou para equipes e para a Pirelli. Christian Horner balança a cabeça em desaprovação no que via em apenas onze voltas. Equipes chamavam seus pilotos para trocar os pneus médios para duros, apesar de que o problema com o pneu de Vergne foi com o composto duro. Seguiu-se a constatação que o problema seria entre as curvas 4 e 5, obrigando os pilotos evitarem as zebras nessas curvas. Como o problema de Vergne foi bem longe dali, outra versão surgiu de que o problema era de superaquecimento nos pneus. O safety-car entrou pela primeira vez e a pista foi praticamente limpa, procurando algo que estivesse provocando esses perigosos incidentes. Foi uma prova tensa, onde todos até mesmo esperaram o pior, mas apenas Pérez foi vítima já no finzinho da corrida. E também na reta Hangar. Os pneus estão sendo os grandes protagonistas desta temporada e a Pirelli, que diz já estar certa para 2014, enfrentou um grande baque com esse episódio em Silverstone, onde a segurança dos pilotos foi claramente afetada. Afinal, se antes a durabilidade dos pneus italianos estava seriamente questionada, mas por motivos políticos nada foi feito, provavelmente agora, com problemas de segurança, algo seja feito para o bem da categoria e da própria imagem da Pirelli.

Apesar dos problemas, Nico Rosberg fez uma corrida sólida e se aproximava de Vettel quando o alemão da Red Bull teve problemas em seu carro, aparentemente de câmbio. Nico foi esperto quando entrou nos boxes e trocou seus pneus nas últimas voltas e ficou imune aos ataques de quem vinha com borracha nova logo atrás. Rosberg ainda está apenas em sexto no campeonato, mas sua segunda vitória o fez encostar nos pilotos logo à sua frente e coloca ainda mais interrogações na cabeça frágil de Lewis Hamilton, que tinha tudo para vencer em casa, mas foi traído pelo polêmico pneu traseiro esquerdo. Sempre dominando seus companheiros de equipe, Hamilton ainda não venceu nenhuma vez em sua estreia pela Mercedes, enquanto Nico já tem dois triunfos para contar, fora o fato de ter feito isso em duas corridas emblemáticas e uma na casa do inglês. Hamilton, bem ao seu estilo, fez uma brilhante corrida de recuperação após cair para as últimas posições e com ultrapassagens decididas e disputas muito interessantes, em particular com Paul di Resta, Hamilton ainda conseguiu subir ao quarto lugar, colado em Alonso. Porém, longe da briga pelo título e vendo Rosberg se destacando cada vez mais.

Bem no final de semana em que anunciou sua aposentadoria, Mark Webber fez uma corrida magnífica após outra largada pífia do australiano. Com poucas corridas para o fim de sua passagem para a F1, dificilmente Mark aprenderá a largar bem, algo que já o atrapalhou bastante nos últimos tempos. Porém, em um circuito onde venceu duas vezes nas últimas três temporadas, Webber fez uma corrida magistral até arriscar na estratégia ao colocar pneus novos nas últimas voltas e ultrapassar quem estivesse pela frente, mas como Nico tinha feito a mesma coisa, Webber pouco pôde fazer para se aproximar do piloto da Mercedes, contudo esse segundo lugar mostra que a saída de Webber da F1 foi mais uma opção pessoal do que uma performance ruim do australiano. Por sinal, a Globo e suas idiossincrasias babacas desde ontem não dizia o destino de Webber a partir de 2014. Diga-se de passagem, o Mundial de Endurance passa na SporTV, braço esportivo da Globo... Vettel fazia outra corrida com sua marca. Vendo Hamilton com o pneu destruído à sua frente, Sebastian ditou o ritmo da prova até ter problemas aparentes de câmbio. Para o campeonato, menos mal que o vencedor foi Nico Rosberg, piloto longe da briga pelo título e o prejuízo de Vettel não foi tão grande assim, mas parece que praga de espanhol pega, pois Alonso vivia dizendo que em uma hora Vettel teria os azares que Alonso teve no início do campeonato. E hoje foi a primeira...

Após uma classificação brochante, a Ferrari estava bastante desanimada para a corrida desta domingo, mas a prova começou animadora para o segundo piloto, quando Felipe Massa fez uma largada arrebatadora, saindo de décimo primeiro para sexto em apenas duas curvas, ainda tendo tempo de ultrapassar Raikkonen na primeira volta. Foi uma grande pilotagem de Felipe até ser a segunda vítima da Pirelli. Porém, Massa fez uma grande corrida e após ter ficado em último subiu pelo pelotão até assumir uma ótima quinta posição. Já Alonso fez o que um gênio como ele sempre faz. Largando mais atrás, Alonso escapou da má largada de Webber e partiu para uma corrida de recuperação cortesia de sua má posição no grid. Com ultrapassagens decididas, Alonso conseguiu no máximo um quinto lugar, pois sua Ferrari estava nitidamente desequilibrada. Porém, Alonso seguiu as estratégias de Rosberg e Webber e nas últimas voltas eram um dos mais rápidos da pista e ainda teve tempo de assumir um lugar no pódio, além de ficar estabelecido na vice-liderança do Mundial, capitalizando, mesmo que não totalmente, o zero ponto de Vettel. Outra equipe com problemas na Classificação, a Lotus, fez uma corrida muito boa com Raikkonen, mas o próprio finlandês adivinhou seu destino quando perguntou ao seu engenheiro se não deveria ter parada na ocasião da última entrada do safety-car. Com pneus velhos, Kimi foi um alvo fácil para Webber, Alonso e Hamilton, mas o quinto lugar, após um final de semana difícil, não deixa de ser bom para Raikkonen, que ainda se mantém, a duras penas, em terceiro lugar no campeonato, apesar de ser nítido que a Lotus perdeu o ritmo das equipes rivais na questão de desenvolvimento. Grosjean voltou a ser o piloto desastrado da primeira curva, quando tocou em Webber e fez com que o australiano trocasse o bico do carro em sua primeira parada, e não acompanhou o ritmo de Raikkonen a partir da segunda parada, abandonando no final da prova. Várias vezes neste final de semana foi mostrada pela FOM o campeão da GP2 em 2012 Davide Valsecchi, atual piloto de testes da Lotus. Para bom entendedor...

A Force India fez outra boa corrida e se firma como melhor equipe intermediária de 2013. Várias vezes Adrian Sutil ficou em terceiro lugar durante a prova, mas no final sucumbiu aos pneus novos de Mark, Fernando e seu ex-amigo Lewis, porém, o sexto lugar deu mais pontos a sua equipe, junto com os bons pontos marcados por Paul di Resta, desclassificado ontem do seu ótimo quinto lugar devido a seu carro estar 1,5kg abaixo do peso regulamentar. Largando em último, o escocês fez uma corrida magnífica rumo a zona de pontuação, inclusive com uma bela disputa com Hamilton. Querendo mostrar serviço para a matriz, Daniel Ricciardo voltou a fazer uma boa corrida em Silverstone, circuito que está bastante habituado desde os tempos da F3 Inglesa, e marcou bons pontos para a Toro Rosso após conseguir sua melhor posição de largada, em quinto. Para melhorar a situação do australiano, que pode contar com a força do compatriota Webber na sua sucessão, Vergne não estava fazendo nada demais até ser a terceira vítima da Pirelli e abandonar posteriormente. Correndo em casa a McLaren decepcionou novamente e Button ficou fora da zona de pontuação, enquanto Pérez foi a última vítima da Pirelli, quando até vinha na zona de pontuação. O time chefiado por Martin Whitmarch necessita de forma urgente-urgentíssima de uma grande reviravolta para que algo melhore neste 2013. Completando 600 GPs a Williams quase pontuou quando Maldonado em 11º, ficando logo atrás de outra equipe decepcionante em 2013, mas que ao menos já marcou pontos, que é a Sauber de Nico Hülkenberg, por enquanto, piloto único da equipe helvética. 

Foi uma corrida emocionante e cheia de fatos marcantes, mas está na hora de equipes e pilotos chamarem a Pirelli para um canto e cobrar sobre o que aconteceu hoje em Silverstone. Pneus dechapados podem ser muito perigosos e como a corrida na Alemanha já será na próxima semana, haverá pouco tempo de manobra. Rosberg venceu, Webber, Alonso, Hamilton e Massa fizeram ótimas corridas, enquanto Vettel lamentou seu primeiro abandono do ano. Tudo isso ficou para trás com a borracha indo para os ares em Silverstone.

sábado, 29 de junho de 2013

Homens de borracha

Sempre achei os pilotos do Mundial de Motovelocidade meio loucos não apenas pelas suas manobras em cima de duas rodas a mais de 300 quilômetros por hora, mas principalmente pela sua coragem frente à contusões. Porém, o que Jorge Lorenzo fez hoje entrou para a história. O espanhol da Yamaha sofreu um acidente muito forte ainda na quinta-feira em Assen, lembrando que o mítico TT holandês é realizado desde 1949 aos sábados. Com a clavícula esquerda quebrada em três locais, Lorenzo voou imediatamente para Barcelona, onde foi submetido a uma cirurgia reparadora de duas horas nesta sexta-feira. Após receber alta, Jorge viajou de volta para a Holanda ainda sexta-feira à noite para conseguir correr. E de forma inimaginável, Lorenzo correu!

A corrida em Assen foi cheio de fatos históricos. Após três anos de seca, Valentino Rossi fez uma prova perfeita e rapidamente deixou as duas Hondas para trás, assumindo a ponta da corrida para não mais deixa-la. Rossi voltou aos bons tempos e todo o público parecia feliz com isso. Quando Rossi ultrapassou Pedrosa de forma definitiva, Assen veio abaixo como se Robben tivesse feito um gol numa final de Copa do Mundo.  Lin Jarvis, chefe da Yamaha, vibrou demais também. Sem muitas chances de título, Rossi provou que ainda é capaz de ser competitivo e vencer corridas, mesmo tendo que enfrentar o trio espanhol, cada vez mais forte. Marc Márquez foi segundo, mas ele também estava sofrendo com problemas físicos após uma queda no terceiro treino livre que resultou em duas fraturas, uma na mão e outra no pé. Mesmo estreante, Márquez vai aprendendo e mostrando o fenômeno que é e será no futuro. Cruthlow largou na pole, a primeira de uma equipe satélite em anos, mas não resistiu a largada forte dos pilotos da Repsol Honda. Contudo, o inglês se recuperou e com ultrapassagens decididas, quase deixou Márquez para trás, só não o fazendo após levar um susto na abertura da última volta.

Daniel Pedrosa perdeu uma chance de ouro para se estabelecer ainda mais na ponta do campeonato. O espanhol chegou a liderar a corrida, mas foi perdendo de rendimento e sendo ultrapassado até cair para quarto. Pedrosa é rápido, mas ainda falta um quê de campeão, um algo mais, algo que Jorge Lorenzo mostrou de sobra hoje. Largando em 12º por força do regulamento, Lorenzo rapidamente pulou para quinto e deixou Cruthlow praticamente na carteirada, mas seu ritmo foi diminuindo até de forma esperada e perdoada. No final da corrida, Lorenzo, quinto colocado, mal levantava seu braço esquerdo e chorava de dor e de emoção pelo feito conseguido. Além do mais, apenas uma posição atrás de Pedrosa, Lorenzo saiu muito no lucro no campeonato e sendo aplaudido por toda a equipe. E são palmas mais do que merecidas. O espanhol pode ser arrogante, mas temos que tirar o chapéu para o que Jorge Lorenzo fez hoje em Assen.

Doce ilusão

Nigel Mansell dizia que ganhava 1s a cada vez que corria em Silverstone devido à torcida inglesa que sempre o empurrava loucamente a cada Grande Prêmio da Inglaterra. Vinte e um anos depois da famosa vitória de Nigel no mítico aeródromo inglês, Lewis Hamilton deu um gostinho especial para a sua torcida com uma pole atordoante, quando colocou quase meio segundo em seu companheiro de equipe e companheiro de primeira fila Nico Rosberg. Lewis deu tchauzinho para a torcida enquanto o Q1 rolava, mostrando sua confiança no ritmo de Classificação da Mercedes e no Q3 Hamilton conseguiu uma pole espetacular.

Porém, a tendência é que essa pole não se transforme em vitória amanhã. Os carros da Red Bull estão muito fortes e com Vettel e Webber na segunda fila, tudo indica que ambos deixarão os carros prateados para trás durante a prova e estragará a festa inglesa para Hamilton. Para melhorar a situação para a Red Bull, Ferrari e Lotus, equipes que sempre andam bem nas corridas em detrimento a classificações discretas, parecem não ter se encontrado no final de semana inglês a ponto de Raikkonen ter tido dificuldades para passar ao Q3 e Alonso tendo que largar apenas em décimo amanhã. Felipe Massa teve dificuldades de passar até mesmo ao Q2 e levou muito tempo de Alonso durante toda a classificação. O acidente (quarto em três finais de semana de corridas) pode ter influenciado, mas a expressão corporal de Massa na entrevista à Rede Globo depois da desclassificação indicou um piloto preocupado, sem muitos resultados para mostrar aos empregadores atuais e até mesmo futuros. Tenho a sensação (apenas sensação) de que Massa não recebeu boas notícias nas últimas semanas...

Hamilton levantará a galera largando na primeira posição neste domingo, mas a Red Bull é a grande favorita a vitória amanhã, principalmente com Vettel, que pareceu muito forte a ponto de andar no mesmo ritmo (de classificação) da Mercedes. Por que em ritmo de corrida, a Red Bull é muito superior.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Goodbye

Hoje pela manhã Mark Webber anunciou algo que todos mais ou menos sabiam: sua saída não apenas da Red Bull, mas também da F1 no final desta temporada. O australiano estava desgastado com os problemas que teve ao longo de todos esses anos com Vettel dentro e fora da pista, juntando com um contrato extremamente vantajoso com a Porsche, Webber se despediu da F1 após doze anos em que conquistou mais desafetos do que fãs.

Extremamente político, Mark Webber virou vilão para boa parte dos brasileiros quando destruiu (dentro e fora das pistas) Antônio Pizzônia, o queridinho da imprensa nacional no início do século 21, no curto tempo em que passaram juntos na Jaguar. Porém, Mark é muito rápido e juntamente com suas manobras nos bastidores, deixou muito companheiro de equipe na bronca com ele. Isso até encontrar Sebastian Vettel de proa. O alemão não apenas se mostrou mais rápido do que Webber, mas também imune aos truques do australiano nos boxes, sempre colocando Webber no bolso na pista, onde as coisas são realmente decididas. Cada vez mais dono da Red Bull, Vettel conseguiu fazer o que Webber fez no resto de sua carreira, que era fazer com que a equipe orbitasse em torno dele. Mark tentou de tudo para retomar a equipe para si, inclusive usando a amizade que tem com o chefe da equipe Christian Horner, mas Webber foi derrotado por Vettel e já contando com 36 anos, irá fazer Endurance com a Porsche.

Com a saída de Webber, o status quo da F1 muda novamente após a saída de Hamilton da McLaren para a Mercedes. Quem usará o carro de número 2 (ou 4, caso Vettel não seja tetra esse ano) da Red Bull em 2014? Candidatos não faltam. Muito se fala em Kimi Raikkonen, que está andando o fino desde seu retorno ano passado, além de ser muito amigo de Vettel. Mas aí é que mora o perigo. Qual seria o atrativo de ser segundo piloto de Vettel, um tipo de piloto faminto por recordes e ainda muito jovem? A escola de jovens pilotos da Red Bull tem a dupla da Toro Rosso também como candidata natural com Jean-Eric Vergne e Daniel Ricciardo, mas ambos não mostraram até agora um algo mais que o próprio Vettel mostrou na STR em 2008. Porém, trazer um piloto de fora das canteiras da Red Bull pode desmoralizar o próprio programa tão bem cuidado por Helmut Marko, mas que até agora tem apenas Vettel como único bom fruto.

O que é fato agora é que Mark Webber deixará a equipe Red Bull no final deste ano de uma forma esquisita, meio que brigado com o time que lhe deu seus melhores resultados. O episódio em Sepang não foi esquecido e a possibilidade de algum tipo de revide do australiano não seria surpresa. Porém, agora Webber voltará a Le Mans, lugar onde ficou mais conhecido pelo duplo mortal que deu quando ainda corria pela Mercedes em 1999.

sábado, 22 de junho de 2013

Vídeo do acidente

Assistindo num ângulo novo, percebe-se que Simonsen perde o controle do seu carro ao desviar de uma Ferrari que acabara de rodar à sua frente. Porém, ainda não assisti um vídeo mostrando o impacto...

Que pena (3)

Eu fico extremamente chateado quando estou assistindo uma corrida, ocorre um grave acidente e no final o piloto envolvido acaba por falecer. E fico ainda mais chateado quando tenho um pressentimento ruim. Estava assistindo as primeiras voltas das 24 Horas de Le Mans, algo que não faço muito, pois as corridas de Endurance, com o perdão dos fãs, não estão entre as minhas favoritas. Porém, Le Mans é Le Mans, e estava todo entretido vendo a luta entre Audi e Toyota quando os belos protótipos saíram do circuito Bugatti e foram em direção a Mulsanne. Ao contrário do circuito mais curto, com suas amplas áreas de escape, Sarthe mostrava guard-rails perigosamente próximos da pista. Pensei comigo mesmo. Bater ali vai ser foda! E me lembrei da eterna luta entre o coração (circuitos desafiantes, sem áreas de escape) e a razão (circuitos largos e seguros).

Então, é mostrado um Aston Martin semi-destruído justamente nessa parte do circuito. Allan Simonsen, pole da categoria GTE AM, estampou com força seu belo carro justamente na parte fora do circuito Bugatti. O socorro foi rápido e sinceramente não percebi a gravidade do acidente, demonstrado pelas imagens distantes do atendimento ao dinamarquês de 34 anos. Horas depois, a organização das 24 Horas de Le Mans anunciou a morte de Simonsen, piloto da Aston Martin, que tentava uma vitória no ano em que comemora o seu centenário. 

Vi apenas três ângulos do acidente de Simonsen e nenhum deles foi muito conclusivo, até por que não é mostrado o momento do impacto. A garoa que caía no momento do acidente provavelmente não ajudou Simonsen. O automobilismo mundial está vivendo um momento tão turbulento como o Brasil, com três mortes em três competições totalmente diferentes em menos de um mês. A corrida não foi cancelada, como é normal nas 24 Horas de Le Mans (que não via uma morte há dezesseis anos), mas a prova será enlutada, assim como está o automobilismo mundial, por causa de Allan Simonsen.

domingo, 16 de junho de 2013

Trio Iraquitana

O Mundial de MotoGP está sendo amplamente dominado por três pilotos espanhóis e correndo em casa, no já tradicional circuito de Barcelona, Jorge Lorenzo, Daniel Pedrosa e Marc Márquez, nessa ordem, deixou seus adversários para trás e completaram as 25 voltas da corrida nessa formação. A proximidade entre os três trouxe uma certa apreensão do que poderia acontecer, mas a realidade foi que o trio se respeitou bastante e na única tentativa mais séria de ultrapassagem, Márquez quase caiu quando colocou por dentro de Pedrosa, mas o jovem de 20 anos deve ter se lembrado que Pedrosa não apenas é o líder do campeonato, como também é seu companheiro de equipe, ao contrário do que aconteceu em Jerez com Lorenzo.

Conhecendo Pedrosa desde criança, Jorge Lorenzo sabe que se o compatriota e rival ficar na frente nas primeiras voltas, a tendência é Dani disparar e vencer a corrida. Por isso Lorenzo tirou forças não se sabe da onde e anulou a principal característica de Pedrosa, que é a largada, e superou o piloto da Honda, que largara na pole, ainda antes da freada da primeira curva. Essa ultrapassagem, onde Pedrosa ainda tentou ir para cima em alta velocidade no retão, praticamente definiu a vitória para Lorenzo, pois Pedrosa ficou na indecisão se atacava Lorenzo, ou se defendia de Márquez, dono da segunda melhor largada do dia, pulando de sexto para terceiro. E assim os três passaram a corrida toda, com a diferença não passando de 1s entre eles, até os pneus de Pedrosa irem embora e Dani ser ameaçado por Márquez no final.

Mesmo com a Yamaha sendo inferior a Honda, Lorenzo vai tirando a diferença no braço e se aproxima de forma cristalina de Pedrosa no campeonato. Já para Dani, a situação vai se complicando. Sempre tive a sensação de que Pedrosa teve um certo medo de Lorenzo. Talvez algum psicólogo pode explicar isso, mas são raras as vezes em que Pedrosa derrota Lorenzo numa disputa corpo a corpo. Talvez por Lorenzo aparentar ser mais forte fisicamente, mas a realidade é que Pedrosa viu Lorenzo se igualar em vitórias a ele e para piorar as coisas, Marc Márquez vem que nem um furacão para cima dele. A tirada de mão de Márquez na sua tentativa de ultrapassagem foi uma forma de respeito, mas Marc já está no mesmo nível de Pedrosa com o mesmo equipamento, mas com a tendência de crescimento. Ao contrário de Valentino Rossi, um quarto colocado distante, que parece sem forças para enfrentar a força dos jovens espanhóis.

E assim a banda toca na MotoGP, com o hino espanhol sendo tocado domingo após domingo para o vencedor da corrida. Ou até mesmo com a bandeira vermelha e amarela dominando o pódio, como foi hoje. Lorenzo, Pedrosa, Márquez. O título de 2013 sairá impreterivelmente destes três grandes pilotos.

sábado, 15 de junho de 2013

Briga à dois

O final de corrida em Milwakee pode ter sido de sentimentos ambíguos para Helio Castroneves. Largando em 17º, o piloto da Penske ousou na estratégia e no desenrolar da corrida estava brigando pela vitória junto a Takuma Salo e Ryan Hunter-Reay, recebendo a bandeirada em segundo. O outro lado é ter sido superado por Hunter-Reay no final da corrida e ter visto a diferença para o americano diminuída e com o representante da Andretti agora em segundo lugar no campeonato. Hunter-Reay é bem mais confiável do que Marco Andretti, então segundo colocado no campeonato, e o time Andretti vem bem mais forte do que no ano passado, além do fato de Ryan ser mais experiente e já ter um campeonato no currículo, como não é o caso de Castroneves, zerado em número de títulos na carreira.

A prova em Milwakee teve uma corrida sem muitos sobressaltos, com poucas bandeiras amarelas. Marco Andretti, mesmo vice-líder do campeonato, provou que não tem estrela de campeão quando teve um problema no reabastecimento em sua primeira parada e logo depois parou seu carro com problema mecânico. Marco foi um pole dominante, mas mesmo sem sua culpa, ele ainda se mete em confusões e perdeu pontos importantes na luta pelo campeonato. Com duas bandeiras amarelas nas primeiras trinta voltas, alguns pilotos mudaram sua estratégia, como foi o caso de Takuma Sato e Helio Castroneves que, no desenrolar da corrida, estariam na ponta da corrida. Sato chegou a perder o controle do carro e apesar da torcida do pessoal da Bandsports para o japonês bater no muro, Takuma não satisfez os anseios de Celso Miranda e acabou se mantendo em primeiro, segurando Helio. 

Porém, os carros da Andretti eram os melhores desde os treinos e Ryan Hunter-Reay atropelou no final, ultrapassando Sato e Helio, disparando na frente. Uma última bandeira amarela provocada por Bia Figueiredo (o que essa moça ainda faz na Indy?) estragou a estratégia de Sato, que havia acabado de parar, mas não fez com que Hunter-Reay diminuísse o ritmo, disparando na relargada e deixando Castroneves na poeira, que ainda foi pressionado fortemente por um surpreendente Will Power, muito bem no oval de Milwakee. Demonstrando o quão o campeonato é dominado pelo binômio Penske-Andretti, Ernesto Viso e Jamie Hinchcliffe completaram o top-5. Só Marco Andretti não estava nas primeira posições, devido a problemas em seu carro.

Hunter-Reay agora lidera a equipe Andretti na luta com a Penske de Helio Castroneves. Com a Ganassi tendo problemas com os motores Honda, só essas duas equipes lutarão pelo titulo a partir de agora, muito provavelmente com Hunter-Reay e Castroneves.

Que pena (II)

Se as duas mortes que tivemos nos automobilismo na última semana teve como característica tristes acidentes, a de hoje foi por causas naturais, mas nem por isso será menos triste e deverá ser até mesmo mais lembrada. José Froilan González, conhecido como Touro dos Pampas ou 'El Cabezón', faleceu hoje aos 90 anos de idade na sua amada Argentina. González fez parte da trupe argentina, capitaneada por Juan Manuel Fangio e financiada por Perón, que se aventurou à Europa no final da década de 40 e se tornaram os melhores pilotos da Europa, com claro destaque para Fangio.

González era conhecido pela coragem e por estar sempre acima do peso. Seu porte físico seria impraticável na F1 atual. Porém, como o preparo físico não era uma característica importante naqueles tempos, González era um dos pilotos de ponta naqueles primórdios da F1, junto com o próprio Fangio, além de Giuseppe Farina e Alberto Ascari. Em 1951 González foi contratado pela Ferrari para ser segundo piloto de Ascari. Naquele tempo, a Alfa Romeo tinha o melhor carro e havia se tornado a primeira campeã da história da F1 no ano anterior, mas a Ferrari se aproximava perigosamente da equipe no qual Enzo fora chefe antes da guerra e tentava a sua primeira vitória oficial na F1. A Ferrari havia batido na trave com Ascari na França e na Alemanha, mas em Silverstone, José Froilan González não desperdiçou a oportunidade e numa luta emocionante com a Alfa Romeo de Fangio durante a prova toda, González escreveu seu nome na história ao vencer pela primeira vez com uma Ferrari uma corrida oficial de F1.

González sempre teve seu nome ligado a escuderia, onde conquistou seu melhor resultado em 1954, sendo vice campeão e conquistando sua segunda e última vitória na F1. Abalado pela morte do jovem compatriota Onofre Marimón no mesmo ano, González perdeu a motivação de permanecer na Europa até sair da F1 em 1957, fazendo um breve retorno em 1960 para uma corrida única em Buenos Aires. Com o aumento da aura ferrarista, González se tornou uma lenda da Ferrari e do automobilismo, sendo sempre lembrado quando sua conquista em Silverstone completava uma data fechada. Em 2001, nos 50 anos da vitória de González, Michael Schumacher andou no carro do argentino em Silverstone, o mesmo fazendo Fernando Alonso dez anos depois. José Froilan González foi convidado a ambos eventos, mas sua saúde debilitada não o deixou fazer a longa viagem. Hoje, aos 90 anos, ele se juntará aos amigos Fangio e Ascari em seus carros vermelhos pelas pistas do céu. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Que pena...

Poucos dias após a morte do fiscal em Montreal logo depois do Grande Prêmio do Canadá no domingo, o automobilismo é abalado por mais uma morte. O americano Jason Leffler morreu após sofrer um grave acidente numa pista oval de terra, em Nova Jersey. Pelo o que sobrou do carro, foi realmente uma pancada e tanto. O piloto de 37 anos era muito conhecido nas categorias inferiores da Nascar, como Nationwide e Truck Series, mas não obtivera sucesso na principal, hoje conhecida como Sprint Cup. Leffler fazia sua volta às origens, já que a maioria dos pilotos da Nascar começam suas carreiras em ovais de terra, mas Jason Leffler acabou encontrando seu destino lá. Uma pena.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Morte na F1

É sempre muito chato quando alguém relacionado às corridas morre. Por isso, a morte de Mark Robinson, de 38 anos, no último domingo logo após a corrida em Montreal doeu bastante para quem acompanha a F1.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Figura(CAN): Sebastian Vettel

Mesmo os grandes campeões tem tabus a derrubar. Sebastian Vettel e a Red Bull nunca haviam vencido o tradicional Grande Prêmio do Canadá no belíssimo circuito Gilles Villeneuve, em Montreal. Em 2011 o alemão da Red Bull esteve bem próximo da vitória, mas um erro de Sebastian pôs tudo a perder na última volta. Vettel estava engasgado com isso. Nesse fim de semana Vettel foi para Montreal determinado a acabar com esse jejum e com uma vitória categórica, marcou seu nome como um vencedor em Canadá, agora restando apenas três corridas aonde não venceu no calendário atual da F1. Porém, além de vencer pela primeira vez em Montreal, Vettel deu uma demonstração clara que é o principal favorito ao título, podendo se tornar o quarto tetracampeão da história. Vettel foi soberano em todo o final de semana, seja no seco ou no molhado, venceu a corrida com sua marca de desaparecer nas primeiras voltas e administrar nas seguintes e com isso, abriu 36 pontos para seu maior rival, Fernando Alonso. Se continuar com esse ritmo, Vettel deverá se sagrar, também, o mais novo tetracampeão mundial da F1.

Figurão(CAN): Williams

Quando Valtteri Bottas conseguiu um surpreendente terceiro lugar na classificação para o Grande Prêmio do Canadá no sábado, todos comemoravam uma possível sobrevida nesse que é o pior ano da história da tradicional equipe de Frank Williams, agora dirigido pela sua filha, Clarie. Porém, mesmo Bottas tendo demonstrado um enorme talento ao conseguir esse lugar não correspondente com o carro que tem, essa terceira posição veio por causa da chuva que molhou a pista e embaralhou tudo no sábado. No domingo, com sol e pista seca, a carruagem virou abobora e ainda na primeira volta Bottas já havia caído para sexto, algo até normal vide as feras com quem o novato enfrentava no momento. Porém, a ruindade do carro apareceu ainda mais forte quando o finlandês foi perdendo rendimento ao longo da corrida, desaparecendo paulatinamente enquanto seu ritmo piorava e era engolido pelos rivais. O sonho dos primeiros pontos da Williams em 2013 se transformou num pesadelo com a 14º posição do finlandês, enquanto Pastor Maldonado não fez melhor, ficando duas posições atrás de Bottas, com quase um minuto de desvantagem para o companheiro de equipe após cometer outra besteira durante a corrida e duas voltas atrás do vencedor da prova. Hoje a Williams é uma mera caricatura do time vencedor de quinze anos atrás e só sobrevive graças ao amor de Frank pelo time que leva seu nome. Mesmo com todos os problemas, tanto técnicos como financeiros, a equipe cheia de tradição e glórias ainda tem muitos fás que torcem por ela, mas a realidade é que a Williams está apenas se arrastando para o mesmo destino de Lotus (a antiga...) e Brabham: a extinção, enquanto briga pelas últimas posições.

domingo, 9 de junho de 2013

Cheirinho de tetra

Hoje Sebastian Vettel pode ter dado um passo gigantesco rumo ao seu tetracampeonato consecutivo. Pois além da vitória que o fez se distanciar ainda mais do segundo colocado, agora Fernando Alonso, a forma como Vettel ganhou em Montreal mostra que a Red Bull tem hoje o melhor carro e quando Sebastian consegue a primeira posição na primeira curva, o alemão se torna imbatível. Porém, se há um antídoto para Vettel, ele se chama Fernando Alonso. O espanhol fez outra corrida monumental, saindo do sexto lugar onde largou para segundo na bandeirada fazendo ultrapassagens cirúrgicas em cima dos seus adversários. Hamilton completou o pódio com uma cara insossa, mas ao menos a Mercedes conseguir gerir melhor seus pneus.

A corrida em Montreal foi emocionante do segundo lugar para trás. Com sol e pista seca, situação que não foi experimentada pelos pilotos na sexta e no sábado, as equipes ainda tateavam para conseguir o melhor ritmo e os melhores pneus a colocar nas seguidas condições de pista. Sebastian Vettel ignorou todos esses obstáculos com mais uma vitória de sua marca. O alemão já pode se gabar que tem uma marca registrada na história da F1. A maioria das vitórias de Vettel foi como a de hoje. Uma boa largada vindo da pole, uma primeira curva sem problemas na liderança, um rimo alucinante, deixando todos comendo poeira e administrar a diferença para quem venha em segundo no resto da corrida. Assim se resume a corrida de hoje de Vettel, cujo único contratempo foi uma raspada no muro com o pneu traseiro direito ainda no começo da prova, quando procurava abrir vantagem sobre Hamilton, mas nada que pudesse atrapalhar a caminhada de Vettel rumo a sua primeira vitória no Canadá e a certeza de que, largando na ponta, ele se torna praticamente imbatível. Mark Webber esteve próximo do pódio, mas o australiano esteve longe do ritmo de Vettel e teve que se contentar com um quarto lugar, 25s atrás de Vettel. O episódio em Sepang abalou as estruturas de Webber, que parece estar sem clima dentro da Red Bull e, salvo alguma surpresa, deverá se aposentar no final deste ano.

Já Alonso teve bem mais trabalho para conseguir o segundo lugar que o deixou na mesma posição no campeonato. Após ter um pouco de trabalho para ultrapassar Valtteri Bottas na primeira volta, o espanhol ficou atrás das duplas de Red Bull e Mercedes, num conformado quinto lugar. Porém, Alonso começou a mostrar todo o forte ritmo da Ferrari e rapidamente partiu para cima, um a um, dos seus rivais. Primeiro ultrapassou Rosberg enquanto este brigava com Webber, numa manobra bonita na primeira curva. Após sua segunda parada, deixou o australiano para trás e se aproveitando da perda de rendimento de Hamilton no final, encostou no inglês nas voltas finais e deixou Lewis para trás em outra manobra trabalhada, na reta oposta. Alonso sabe que a Ferrari tem ritmo e que seu talento é inegável, mas sem uma boa forma para se classificar ao lado de Vettel, Fernando apenas conseguirá diminuir o prejuízo durante as provas e verá Sebastian empilhar vitórias como a de hoje. Parece claro que Alonso é o único capaz de enfrentar o poderio da dupla Vettel-Red Bull, mas falta ao espanhol um algo mais. Felipe Massa fez uma corrida de recuperação que lhe rendeu um oitavo lugar, com uma ultrapassagem na penúltima volta em cima de Kimi Raikkonen, mas foi fato a volta completa que levou do companheiro de equipe. Se alguém ainda tem devaneios de Massa Campeão Mundial pode esquecer, pois, hoje, Massa é nada mais do que um segundo piloto de Alonso. E por méritos do espanhol!

Lewis Hamilton passou a corrida praticamente inteira em segundo lugar, bem distante de Vettel, mas mantendo uma vantagem segura para o terceiro colocado, seja ele Rosberg ou Webber. Mas quando o P3 passou a ser ocupado por Alonso, o inglês viu o espanhol fazer várias voltas mais rápidas e se aproximou rapidamente, afunilando para uma disputa emocionante entre os dois antigos companheiros de equipe, com vantagem para o espanhol, mas com Hamilton dando muito trabalho. O inglês, que evidentemente não gosta de perder, subiu ao pódio com cara de poucos amigos, mas ao menos a Mercedes conseguiu se manter nas primeiras posições no fim da corrida, ao contrário do que ocorria anteriormente, mas Rosberg não obteve o mesmo sucesso, principalmente quando apostou em colocar os pneus supermacios na primeira parada. Nico teria que fazer um stint muito longo nas voltas finais, o que resultou numa terceira parada, sendo o único a fazê-lo em Montreal. Pneus, pneus... a Mercedes vive o drama do gerenciamento de pneus e agora enfrentará os tribunais, onde terá que explicar o seu já famoso teste secreto em Barcelona. Mas se há alguém que não tem do que reclamar dos pneus é a Force India, onde Paul di Resta conseguiu a proeza de completar 58 voltas com o mesmo pneu e completar a corrida com uma única parada, subindo de 17º no grid para sétimo, num ritmo muito forte a prova toda. Um belo presente para a centésima corrida da Force India na F1, que ainda pontuou com Adrian Sutil, mesmo este sendo punido por atrapalhar a briga entre Alonso e Hamilton.

Na briga interna da Toro Rosso, talvez uma das mais estressantes entre companheiros de equipe devido ao prêmio (ida para a Red Bull) envolvido, Jean-Eric Vergne conseguiu uma enorme vantagem ao conseguir um ótimo sexto lugar, melhor posição de sua carreira e do time no ano. Enquanto isso, Daniel Ricciardo teve que se conformar com um 15º lugar, quase uma volta atrás do companheiro de equipe. Como Webber deverá sair no final de 2013, exibições como essa de Vergne poderá faze-lo sonhar com a Red Bull. E para Ricciardo, as lembranças do que ocorreu com Buemi e Alguersuari devem martelar sua cabeça. Porém, muito se fala que no lugar de Webber deverá vir Raikkonen e com a Lotus perdendo muito rendimento, isso não é totalmente impossível. O time aurinegro não se encontrou no circuito Gilles Villeneuve e apenas Kimi marcou (poucos) pontos, enquanto Grosjean tentou uma estratégia diferente após largar em último, mas acabou ganhando as posições esperadas. Mesmo com os bons resultados dos seus pilotos em Montreal nos últimos anos, a McLaren não pontuou, com Button e Pérez fazendo corridas bem discretas. A Williams demonstrou mais uma vez que 2013 é mesmo seu pior ano na história. Largando em terceiro, era de se esperar pontos de Bottas. Porém, a surpreendente posição do finlandês veio com pista molhada, mas como hoje fez sol, Bottas caiu para as profundezas da 14º posição, ainda assim quase um minuto na frente de Maldonado, que foi mais uma vez punido por um toque na traseira de Sutil. Já se fala que Maldonado estaria levando seus preciosos patrocínios para a Lotus, pois o venezuelano já não aguenta mais a Williams. Porém, a Sauber foi ainda pior e seus dois pilotos abandonaram quando estavam fora da zona de pontuação, caracterizando outra equipe que foi muito bem em 2012, mas está em queda livre em 2013. As equipes nanicas receberam suas bandeiras azuis sem problema algum.

E Vettel começa a se preparar para se igualar a Alain Prost e ficar empatado em terceiro lugar no ranking dos maiores campeões da F1. A forma como o alemão venceu hoje mostra bem que a Red Bull tem hoje o melhor carro e que permite a Vettel vencer com sua marca registrada. Para piorar as coisas para os seus rivais, Seb já tem mais de 30 pontos de vantagem em primeiro, tornando a missão de Fernando Alonso, seu grande rival, bastante ingrata. Vettel já começa a ver a quarta taça chegando!

Contando com a experiência

Para quem acompanha este blog, sabe que Helio Castroneves está longe de ser o piloto dos meus sonhos. Mais midiátrico do que talentoso, o brasileiro vai se segurando na Penske há treze anos basicamente por andar bem e de forma consistente em um único circuito da Indy: justamente o mais importante, Indianápolis. Graças a essa sua inconstância, Castroneves nunca venceu um campeonato, apesar de já ter liderado vários graças às suas vitórias esporádicas. Ontem no Texas, o piloto de Ribeirão Preto fez uma corrida perfeita, onde usou o bom acerto da Penske em circuito ovais e sua experiência para faturar a prova no rápido trioval.

Desde a morte de Dan Wheldon, a Indy praticamente acabou com as perigosas e ensandecidas corridas lado a lado no Texas. Para mim é um alívio não ver mais um pelotão de carros quase tocando rodas a mais de 350 km/h. O Texas já foi palco de acidentes terríveis, acabando com as carreiras de Davey Hamilton e Kenny Brack. Por isso não foi surpresa nenhum acidente ter sido registrado ontem e a corrida teve apenas três bandeiras amarelas devido a pequenas causas. Will Power, o homem dos circuitos mistos, conseguiu largar na pole, mas o australiano estava tão à vontade no Texas como Ed Carpenter nos circuitos mistos. Rapidamente Power foi engolido pelo pelotão, com a Andretti muito forte, assim como Castroneves. O brasileiro da Penske não demorou para assumir a ponta da corrida e não mais largar. Como em toda prova em oval, o final é sempre emocionante devido às estratégias. Castroneves usou sua experiência em levar seu carro, economizando combustível, a não ser ameaçado por Ryan Hunter-Reay e recebeu a bandeirada com folgados 5s sobre o americano. O ritmo da corrida foi tão forte, que apenas cinco carros receberam a bandeirada na mesma volta.

Entre eles estava Tony Kanaan, que foi muito rápido nos treinos livres, mas decepcionou na Classificação ao ficar em 13º, mas usando as suas famosas relargadas e uma estratégia mais agressiva no final, o baiano subiu para terceiro e com um ritmo forte, se aproximava perigosamente de Hunter-Reay. Agora em quarto no campeonato, Kanaan seria um piloto seríssimo candidato ao título, mas a pequeneza de sua equipe poderá atrapalha-lo nos momentos decisivos do campeonato. Com a vitória e um problema com Marco Andretti que o fez perder muito tempo no meio da prova, Helio Castroneves deu uma disparada boa no campeonato, mas assim como sua comemoração de subir os alambrados após as vitórias são conhecidas, também o é sua inconsistência, mas até o momento, Helio está quebrando essa escrita.

sábado, 8 de junho de 2013

Nuvens negras

O circuito de Montreal já sediou várias corridas e treinos debaixo de chuva ao longo de sua já longa história na F1 e o clima instável deste final de semana fez do treino classificatório de hoje outra loteria com relação a escolha de pneus e timing para estar na pista no momento correto. Em situações como essas, zebras podem ocorrer e ela apareceu na abertura da primeira fila, já que uma primeira fila com Sebastian Vettel (completando impressionantes 39 poles!) e Lewis Hamilton, com sua Mercedes voadora nos treinos, não é nenhuma novidade. Mas Valtteri Bottas mostrou o porquê da Williams tê-lo preparado com tanto esmero nos últimos anos e fez uma classificação impressionante em seu carro ruim, mas que em condições adversas, conseguiu um ótimo terceiro lugar.

Com a chuva indo e voltando no circuito Gilles Villeneuve, a movimentação foi intensa durante as três partes da Classificação, mas em todas Sebastian Vettel mostrou muita força. Para contrapor o domínio da Red Bull  e de Vettel nos últimos tempos, muita gente torce por chuva, mas se esquecem que o alemão é um especialista na chuva, inclusive sua primeira vitória foi debaixo de muita água em Monza, com sua humilde Toro Rosso. Em alguns momentos Vettel colocava 1s nos demais pilotos, demonstrando sua destreza nesse tipo de condição, o mesmo valendo para Hamilton, ótimo na chuva, e foi o único a ficar próximo do piloto da Red Bull. Vindo de três derrotas seguidas para seu companheiro de equipe Nico Rosberg, Hamilton estava incomodado com a situação e mesmo admitindo várias vezes que ainda não está à vontade no carro, o inglês foi capaz de conseguir um lugar na primeira fila e superar Rosberg, também um bom piloto na chuva, com alguma tranquilidade.

Bottas conseguiu a classificação de sua vida e desde os primeiros momentos na pista molhada mostrou que é um especialista nesse tipo de situação. O finlandês colocou mais de 1s em cima de Maldonado, que apesar de veloz, só está na F1 e mais especificamente na Williams devido ao patrocínio bolivariano-ditatorial de seu país. Porém, na disputa entre companheiros de equipe, Bottas já tem 5x2 de vantagem sobre Pastor. Alonso repetiu seu desempenho discreto na Classificação, mesmo o espanhol chegando a liderar no seco. Talvez essa seja a esperança de Fernando para conseguir uma melhor posição amanhã e tentar retomar a briga pelo tri. Massa bateu pela terceira vez em dois finais de semana de F1, causando um prejuízo considerável para a Ferrari, fora o fato de estar largando apenas em 15º, isso se não tiver que trocar alguma coisa e cair ainda mais. Preocupante a situação de Massa com relação a seu futuro, com tantos acidentes. E por culpa do piloto. A Lotus foi outra a não ter bom rendimento, com Grosjean ficando pelo caminho no Q1 e Raikkonen tendo muitas dificuldades em um carro bastante arisco no molhado.

O clima instável de Montreal tende a se repetir amanhã, o que tornará a corrida outra incógnita para pilotos e equipes. Quem está na primeira fila se torna favorito, já que não terá nenhum spray na sua cara e para Hamilton, ele não terá tanta preocupação com o desgaste de pneus. Apenas a Mercedes e o episódio com a Pirelli. Mesmo pela metade, a corrida deverá ser interessante, por causa do clima instável.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

História: 15 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1998

O circo da F1 chegou à Montreal com a McLaren tendo cinco vitórias contra apenas uma da Ferrari, mas teimosamente Michael Schumacher ficava à espreita de qualquer erro dos carros prateados, particularmente seu antigo rival da F3 Mika Hakkinen, líder inconteste do campeonato e da McLaren. Porém, haviam mudanças nos demais carros, como uma modificação no motor Ferrari, uma tentativa de melhora no Williams FW20, uma sombra caricata dos modelos vencedores anteriores, além de uma atualização no pneu traseiro da Goodyear.

Porém, no sábado, as duas McLarens ficaram em primeiro e segundo, mas com David Coulthard superando Mika Hakkinen, invertendo a tendência do time comandado por Ron Dennis naquele ano. Como sempre, Schumacher ficou logo atrás das flechas prateadas, enquanto Fisichella, que sempre anda bem no circuito Gilles Villeneuve, completou a segunda fila, colocando um binóculo em Alexander Wurz. Corroborando com o desenvolvimento do carro, a Williams colocou seus dois pilotos entre o top-10, algo que não foi possível em Barcelona, corrida anterior, algo que não ocorria havia nove anos. A última fila tinha os dois pilotos mais ameaçados no momento na F1. Jan Magnussen tomava 1.5s de Rubens Barrichello e abria a última fila, enquanto Ricardo Rosset finalmente conseguia classificar seu Tyrrell para a corrida, passando pela regra dos 107%. Foram dois pilotos com ótimos desempenhos nas categorias de base, mas decepcionaram deveras na F1.

Grid:
1) Coulthard(McLaren) - 1:18.213
2) Hakkinen(McLaren) - 1:18.232
3) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.497
4) Fisichella(Benetton) - 1:18.826
5) R.Schumacher(Jordan) - 1:19.242
6) Villeneuve(Williams) - 1:19.588
7) Frentzen(Williams) - 1:19.614
8) Irvine(Ferrari) - 1:19.616
9) Alesi(Sauber) - 1:19.693
10) Hill(Jordan) - 1:19.717

O dia 7 de junho de 1998 estava frio e nublado em Montreal, palco tradicional de corridas com chuva na F1, mas desta vez a pista estaria seca para a disputa deste Grande Prêmio do Canadá. No apagar das luzes vermelhas, Hakkinen sai mal e é ultrapassado por Schumacher, porém mais atrás um acidente dramático se desenrolava. Em nenhum momento no final de semana Wurz, 11º no grid, conseguiu andar no ritmo de Fisichella e isso parece ter mexido nos nervos do austríaco, que tentou uma largada banzai em Montreal e acabou se chocando com Jean Alesi, levando de lambuja Jarno Trulli e Johnny Herbert. Wurz saiu capotando de forma espetacular, lembrando bastante o acidente de Maurício Gugelmin em Paul Ricard/89, mas assim como aconteceu com o brasileiro, Wurz saiu ileso e estava pronto para a segunda largada.

Porém a segunda largada foi muito complicada e não menos triste para Wurz, Trulli e Alesi. Primeiro, o líder do campeonato andou poucos metros quando o câmbio de Hakkinen ficou preso na segunda marcha logo após a largada e ele teve que abandonar precocemente. Atrás do primeiro grupo, Ralf Schumacher tentou emular a manobra desastrada de Wurz e acabou rodando, fazendo com que atingisse... Wurz, Trulli e Alesi! Com seus carros reservas, Trulli e Alesi estavam de fora novamente na primeira curva, com enormes prejuízos para Prost e Sauber, enquanto Wurz continuava correndo. O safety-car foi à pista e somente na quinta volta a corrida começou de verdade, com Coulthard e Schumacher rapidamente abrindo vantagem sobre o terceiro colocado Fisichella. Barrichello fazia a melhor corrida da Stewart em 1998 e após ultrapassar Frentzen na oitava volta, assumia o quarto lugar. Porém, a calmaria logo acabaria quando Pedro Paulo Diniz sai da pista bisonhamente após seu pit-stop e espalha muita sujeira na pista: o safety-car entrava na pista novamente. Contudo, a relargada propiciou outro forte acidente quando Mika Salo bateu no muro, enquanto Herbert terminava o péssimo final de semana da Sauber na brita. Era a terceira intervenção do safety-car.

E também o abandono de David Coulthard. O escocês teve problemas com seu acelerador drive-by-wire e a McLaren tem o seu primeiro duplo abandono do ano. Com a corrida tanto tempo neutralizada, vários carros foram aos boxes fazer suas paradas, incluindo aí o líder Schumacher. Porém, voltando a mostrar sua faceta agressiva ao extremo, quando o alemão da Ferrari saía dos boxes, encontrou a Williams do compatriota Frentzen em alta velocidade. Inimigos desde a F3 e procurando seu melhor resultado em 1998, obviamente Frentzen não aliviou, verbo que não existe no dicionário schumaquiano. Michael foi para a linha de corrida e forçou Frentzen a uma manobra repentina, colocando o alemão na brita e fazendo-o abandonar.

Fisichella, que não parou, liderava na relargada seguido pelo piloto local Jacques Villeneuve. Correndo no circuito que leva o nome do seu pai e devendo uma boa exibição para a torcida canadense, Jacques tentou ultrapassar Fisichella na curva 1 por fora, mas o canadense errou a freada e acabou fora da pista, perdendo várias posições. Schumacher era agora o segundo colocado e se aproximando de Fisichella. A profusão de safety-car fez com que as estratégias se misturassem e enquanto a Benetton pararia apena uma vez para Fisico, Schummy pararia duas. Porém, as coisas para o alemão se complicariam bastante quando ele foi punido para ficar 10s parado no box. Schumacher cumpriu a penalidade e retornou à pista em terceiro, logo atrás de outro ferrenho rival seu: Damon Hill. Como esperado, Schumacher partiu para cima do piloto da Jordan. E como também era esperado, o inglês não deu mole. O resultado foi uma briga encarniçada, onde Schumacher definiu a ultrapassagem na chicane dos campeões e o alemão reclamaria bastante das manobras de Hill após a corrida. Porém, Schumacher não tinha tempo para reclamações, pois estava 22s atrás de Fisichella e se ele quisesse a vitória, teria muito o que remar. Com menos combustível, Michael começou a tirar a diferença para Giancarlo, cuja parada se aproximava. Se o italiano voltasse à frente do alemão, a corrida estaria definida em favor a Fisichella. Porém, Schumacher imprimia um ritmo alucinante e a diferença havia caído para 17s quando Giancarlo fez sua parada.

Como era sua única parada até o fim da corrida, o pit-stop de Fisichella foi um pouco mais longo para que sua equipe colocasse mais combustível e ao final da volta 45, o italiano estava 7.4s atrás de Schumacher e, pior, com problemas no câmbio. O ritmo do alemão era tão forte que em apenas cinco voltas ele tinha aberto uma diferença capaz de, após sua terceira parada, voltar à frente de Fisichella e praticamente selar sua vitória. Schumacher recebeu a bandeirada com 16s de vantagem sobre Fisichella e com Irvine completando o pódio, a Ferrari estava bastante feliz, pois tirava uma diferença considerável para a McLaren no Mundial de Construtores, zerada neste fim de semana. Apesar de todos os percalços, Wurz completaria a prova em quarto, tornando o final de semana canadense ótimo para a Benetton, o mesmo acontecendo com a Stewart, com seus dois carros pontuando, sendo que Magnussen estava na zona de pontos pela primeira vez na carreira. E última. Dias depois o dinamarquês, que foi comparado a Senna por Jackie Stewart por sua performance na F3 Inglesa, estava demitido e nunca mais correria na F1. Schumacher parecia um pouco contrariado no pódio. Ainda com o polêmico episódio de Jerez na cabeça de todos, claramente todos criticariam o alemão pela manobra perpetrada contra Frentzen. Aquela corrida no início de junho de 1998 mostrou um Michael Schumacher em toda sua essência. Polêmico, agressivo e genial!

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Fisichella
3) Irvine
4) Wurz
5) Barrichello
6) Magnussen

terça-feira, 4 de junho de 2013

Deus existe!

Vendo o estado do capacete de Maria de Villota após seu acidente no ano passado, só Deus mesmo para explicar ela ainda estar viva!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Tragédia em Carpina

95% das pessoas nunca ouviram falar em Carpina. Cidade no interior de Pernambuco, provavelmente pequena e sem muitos atrativos. Digo isso, pois minha família é de uma cidade pequena no interior do Nordeste e sei como funciona. Alguém resolveu 'promover' uma corrida de kart nas ruas da cidade. Segurança? Já não basta esses pneus velhos circundando a pista? Fiscais? Para quê? O público quer ficar próximo da ação, então não é necessário ninguém impedir que eles fiquem a centímetros da pista. Não, não estou falando dos fatalistas anos 60, mas sim de uma corrida clandestina ocorrida em Carpina, agora conhecida nacionalmente pelo pior dos motivos, ocorrida neste domingo e que custou a vida de um piloto de 32 anos ao, pasmem, bater num poste. Nunca pensei que um piloto fosse morrer ao bater num posta em 2013! Não acompanhei o cambalacho da Stock em Brasília, mas milhares de quilômetros ao norte, se viu os reflexos do triste abandono do esporte a motor nacional.

Engavetamento

Junte uma reta muito pequena, uma freada forte, um muro chamando a todos... eis o resultado:

E não muito contente com Sebastien Bourdais, o homem que provocou tudo, Will Power ainda proporcionou isso: Houve até mesmo uma leitura labial sobre o capacete...

domingo, 2 de junho de 2013

Acerto no caos

A segunda corrida da rodada dupla em Detroit foi bem diferente da primeira prova. Se ontem a corrida foi fluída e sem muitas interrupções, hoje os carros tiveram poucas voltas em bandeira verde na primeira metade da prova, inclusive com um mega acidente em uma das relargadas, quando dez carros bateram na primeira curva. São nessas situações que a estratégia pode ser crucial para que um piloto consiga superar as adversidades ou simplesmente um piloto mais rápido e vencer uma corrida. Foi isso que definiu a primeira vitória de Simon Pagenaud na Indy.

Assim como no sábado, Mike Conway fazia uma corrida para vencer e dominar hoje. Com um carro rapidíssimo nas mãos, Conway era o grande favorito a ganhar novamente em Detroit, mas com tantas bandeiras amarelas, vários pilotos ficaram em janelas diferentes de paradas e nas voltas finais, ficou claro quem apostou corretamente, sempre lembrando da variável dos pneus macios, que sofria horrores no asfalto ondulado em Detroit e pouco durava, assim com a borracha da Pirelli na F1, ia ser beneficiado na bandeirada. Após o enrosco da primeira curva, a corrida foi até o fim sem bandeira amarela e com muitas alternâncias entre os líderes, mas o talentoso Simon Pagenaud se destacava ao esticar sempre que possível suas paradas e mantendo um ritmo muito forte na frente, abrindo cada vez mais do segundo colocado, o surpreendente James Jakes. Quando estes fizeram suas paradas finais, voltaram à frente de Conway, que teve que costurar para conseguir deixar para trás os carros da Ganassi numa sequencia de manobras sensacional. Porém, no fim, Pagenaud conseguiu se manter na ponta com muita categoria e venceu pela primeira vez na Indy. Jakes, que estava com os pneus moles no fim, viu seu desempenho se deteriorar, como esperado, nas voltas finais e levou um calor enorme de Conway, mas na briga entre os ingleses, Jakes superou Conway e conquistou também seu melhor resultado na carreira.

Atrás do surpreendente trio, todos vindos de equipes intermediárias, vieram os pilotos da Ganassi, liderado por Scott Dixon. Com isso, os seis primeiros corriam com motores Honda, apagando um pouco o vexame dos propulsores nipônicos em Indianápolis. Marco Andretti foi o melhor representante da equipe do seu pai, enquanto a Penske nada teve a comemorar na corrida organizada pelo capitão Roger Penske. Num total de 140 voltas no final de semana, A.J. Allmendinger conseguiu a proeza de não completar nenhuma! Will Power, o melhor piloto da equipe, vive um azar tremendo e foi um dos atingidos no grande acidente da volta 28. Helio Castroneves também se envolveu no acidente, mas mostrando a competência da Penske, conseguiu retornar à prova sem perder uma volta e como vários dos seus adversários no campeonato se deram muito mal hoje, Castroneves conseguiu se manter na ponta do campeonato, empatado com Marco Andretti. Mas pelo acidente em que se meteu, Hélio pode renovar o estoque de cuecas depois deste final de semana...

Simon Pagenaud, piloto descoberto por Gil de Ferran na ALMS, finalmente mostrou a que veio e conseguiu sua primeira vitória na carreira, mas o francês apenas corroborou um final de semana estranho, onde as equipes grandes não andaram bem e os times pequenos fizeram a festa. 

Caindo na real

Marc Márquez vinha fazendo uma temporada de sonho, bem ao estilo de Lewis Hamilton em 2007, onde o espanhol chegou como furacão na MotoGP e rapidamente se colocou como um piloto de ponta e, surpreendentemente, brigando pelo campeonato. Márquez já venceu uma vez e deu um chega pra lá em Jorge Lorenzo em poucas corridas na MotoGP. O espanhol já era considerado um fenômeno desde a Moto3 e passando pela Moto2, mas a MotoGP é outro departamento. Numa pista perigosa e manhosa como Mugello, Márquez finalmente conheceu o nível altíssimo da MotoGP. Primeiro, uma queda feia que o machucou na sexta-feira. No domingo, seu primeiro zero ponto numa queda em que saiu da pista sozinho, faltando poucas voltas para o fim. Agora, Márquez deve ter caído na real. Brigar com Jorge Lorenzo e Daniel Pedrosa, de igual para igual, precisa-se de experiência que o jovem piloto de 20 anos ainda irá adquirir. 

Lorenzo fez uma corrida impecável e sua manobra brusca em cima de Pedrosa ainda na primeira curva mostrou sua gana em vencer em Mugello, local onde vencera nos últimos dois anos. Jorge guardou equipamento na primeira metade da corrida, onde permitiu o duo da Honda lhe cercar, mas nem Pedrosa, muito menos Márquez o ameaçaram. Com uma moto mais equilibrada desde os treinos livres, Lorenzo gastou menos equipamento e na marca da metade da corrida, desapareceu na frente de Pedrosa, vencendo com muita facilidade e com a posterior queda de Márquez, já assumiu o segundo lugar no campeonato, apenas doze pontos atrás de Pedrosa. A outra Yamaha de fábrica ficou pelo caminho ainda nas primeiras curvas, quando Valentino foi atingido por um destrambelhado Álvaro Bautista, que foi bastante vaiado quando aparecia na TV com cara de rapariga ruim.

Sem pneus no final da corrida, Pedrosa ainda viu uma aproximação de Cal Cruthlow nas voltas finais, mas segurou uma importante segunda posição na bandeirada. Porém, a cara de Dani prova que ele não ficou satisfeito com a performance de sua Honda, o mesmo com Cruthlow, que chegou a jogar sua luva longe quando estava no parque fechado. Agora, com uma moto satélite, o que Cruthlow queria a mais? Largando na primeira fila, Andrea Doviziozo caiu pelo pelotão e ficou em quinto, mas brigando com Stefan Bradl até a última volta, com vantagem para o alemão, que comemorou muito sua melhor posição no ano.

Márquez provou que é mesmo um talento. Sua ultrapassagem sobre Pedrosa hoje mostra que ele não tem medo de cara feia e pode liderar uma Repsol Honda no futuro. Pois no presente, Lorenzo e Pedrosa ainda são as estrelar maiores e agora são os pilotos dominantes no campeonato.

sábado, 1 de junho de 2013

Propaganda negativa

Quando Bia Figueiredo apareceu no cenário automobilístico brasileiro ela já era conhecida como uma boa (no bom sentido) kartista e já havia dado trabalho a pilotos reconhecidamente bons, que conseguiram sucesso ao longo de sua carreira no automobilismo, como foi o caso de Lucas di Grassi e Sérgio Jimenez. Porém, já na Formula Renault a piloto não conseguiu resultados de relevo e ficou apenas como a primeira mulher a conseguir uma vitória. E pronto. Sem espaço para prosseguir na Europa, Bia partiu para os Estados Unidos na esteira do sucesso da midiátrica (e apenas isso) Danica Patrick na Indy. Com a ajuda de André Ribeiro, Bia mudou seu nome para Ana Beatriz nos States e começou sua carreira no EUA pela Indy Lights. Novamente conseguiu o feito de ser a primeira mulher a conseguir uma vitória na categoria, mas em nenhuma momento deu pinta de que teria talento o suficiente para subir para a Indy. Contudo, Bia tinha André Ribeiro, piloto à la Helio Castroneves (propaganda demais e talento de menos), que com seus contatos conseguiu um lugar para Bia numa equipe pequena, a Dale Coyne, com um patrocínio forte da Ipiranga. Corroborando com as poucas expectativas, Bia não saía das últimas posições, provando que sua subida a Indy havia sido uma forçação de barra absurda. Primeiro, foi um incidente em que a brasileira machucou a mão. Depois, a desculpa era que a equipe era ruim. Realmente a Dale Coyne, em sua longe história na Indy, sempre foi um time pequeno, mas bastava olhar para a performance do outro piloto do time, Justin Wilson, que o problema não era apenas esse.

Após ver o seu orçamento estourar com os resultados de sempre (ou seja, as últimas posições), Bia deu lugar no seu carro 18 ao inglês Mike Conway. O jovem britânico foi contemporâneo de Nelsinho Piquet e Bruno Senna na F3 Inglesa e após uma passagem pouco brilhante na GP2, se mudou de mala e cuia para os Estados Unidos, seguindo o movimento do seu empresário, o também inglês Mark Blundell. Conway pegou o carro ainda com as cores da Ipiranga, mas sem o patrocínio da empresa tupiniquim na sexta-feira. Estreando no difícil circuito de rua de Detroit, Conway simplesmente colocou o carro amarelo, sempre nas últimas filas, na primeira fila das duas corridas em Detroit. Para completar, Mike de um show de pilotagem na corrida organizada por Roger Penske, em luta direta com o atual campeão Ryan Hunter-Reay, derrotando o piloto da Andretti com uma ultrapassagem no meio da prova, quando Conway, que liderava até então, foi superado pelo americano unicamente pelo trabalho de box. Foi um corridão de Conway, onde dominou e não deu chances a Hunter-Reay, que se acomodou em um segundo lugar, pois do terceiro ao sexto lugar a briga foi empolgante nas voltas finais.

A Ganassi já vinha mostrando força quando Dario Franchitti havia feito a pole na sexta, mas como fora punido por ter trocado o motor em Indianápolis, perderia dez posições em Detroit. Logo na primeira volta, Scott Dixon foi atingido por um destrambelhado A.J. Allmendinger e por muito pouco não teve seu carro avariado. Um anti-doping em A.J. viria a calhar hoje, mas ao menos o americano admitiu o erro. Pois bem, Dixon caiu para último, iniciando uma empolgante corrida de recuperação que o colocou nas primeiras posições rapidamente. À sua frente, mostrando a força da Dale Coyne, estava Justin Wilson, que também se envolveu no melé de Allmendinger na primeira volta. O inglês se defendeu com unhas e dentes de Dixon, que vinha com pneus melhores e garantiu dois lugares no pódio para a Dale Coyne. Atrás deles, vinham Castroneves e Franchitti brigando com não menos força pelo quinto lugar, ganha pelo brasileiro também na base da garra e aproveitando os maus resultados de Marco Andretti e Takuma Sato, o brasileiro assumiu a liderança. Sato e Andretti podem ser muito rápidos, mas mostraram mais uma vez não serem pilotos confiáveis, não a ponto de brigar pelo título. Helio, dono da asneira da semana, assumiu a ponta do campeonato, mas a ascensão de Hunter-Reay deve ser um perigo para o brasileiro em sua pretensa luta pelo título. Porém, a asneira da corrida foi de Alexandre Tagliani. O canadense tem 14 temporadas na Indy e cometeu um erro ridículo de iniciante quando, em bandeira amarela, estampou seu carro na barreira de pneus. E o pior que Tagliani vinha bem na corrida!

Mike Conway largará na pole amanhã e já se tornou um dos favoritos para a prova de domingo. Sem orçamento para correr o resto do campeonato, Conway mostrou muito mais serviço que Bia Figueiredo que, tendo mostrado de forma explícita que o problema do carro 18 era entre o banco e o volante, deverá voltar ao Brasil correr de Stock-Car ou algo do gênero.