sábado, 30 de junho de 2007

A dança da chuva

Corrida em Magny-Cours normalmente é sinal de corrida sem graça e normalmente quem larga na frente fica por lá mesmo até o final da corrida. Isso com tempo seco, pois com chuva a coisa muda de figura. Os torcedores de Felipe Massa devem estar torcendo que amanhã seja dia de sol forte e que as corridas modorrentas dos últimos anos se repitam. Para quem gosta de corrida, como eu, a torcida é que aconteça várias precipitações durante o dia francês e que a pista de Magny-Cours se despeça da F1 com uma corrida digna.

A Ferrari deu a volta por cima depois de três corridas seguidas muito decepcionantes. E como normalmente acontece quando a Ferrari tem um bom carro, Felipe Massa se sobressaiu frente aos demais e conquistou a quarta pole da temporada, chegando aos 50% neste quesito nesse ano. A Classificação foi bem agitada e as Ferraris tiveram que enfrentar somente a McLaren de Hamilton, já que Alonso teve o câmbio quebrado e irá largar em décimo. É outro que tá torcendo por chuva amanhã. Raikkonen perdeu mais uma chance de superar Massa, pois o finlandês vinha mais rápido que o brasileiro nos treinos livres, mas quando chegou o pega pra capar, Kimi deu pra trás e Massa está sorrindo de orelha a orelha uma hora dessa. Hamilton já pode contar com o luxo de correr pensando no campeonato, pois os dez pontos de vantagem em cima de Alonso devem aumentar neste domingo e como Massa está quase 20 atrás na Classificação do mundial, perder dois ou quatro pontos não será algo muito traumático para Lewis. Por sinal, se a Ferrari deixar Hamilton vencer amanhã, será muito difícil alguém segurar o inglês semana que vem em Silverstone.

No resto do pelotão a Renault parece já estar no mesmo nível da BMW, mas foi Kubica quem irá ocupar o quinto posto amanhã, à frente das Renaults. Heidfeld, com problemas nas costas, não contava com uma volta fulgurante do seu companheiro de equipe e amanhã quer... chuva! A Red Bull foi a grande decepção do pelotão intermediário e Webber conseguiu nada além do que uma décima quarta posição, enquanto Coulthard encostava seu carro com um defeito no câmbio. Atrás de Renault e BMW, vieram dois pilotos que vem carregando suas equipes nas costas: Rosberg(Williams) e Trulli(Toyota).

A Honda deu uma melhorada hoje, mas ficar em décimo segundo e décimo terceiro não é motivo de muita alegria para os nipônicos. Scott Speed vem mostrando bastante evolução na sua Toro Rosso e mais uma vez superou Liuzzi. E com muita vantagem! A Super Aguri parece ter caído do cavalo após as belas corridas de Sato e a Sypker continua onde está, em último. Amanhã, a expectativa é de uma corrida marcada pelo tempo. Se fizer sol, dificilmente Massa perde, mas se chover, a coisa será muito interessante.

A volta de Valentino!

Rossi ressurgiu das cinzas nesse sábado e conquistou mais uma vitória em seu vasto repertório, mas desta vez foi de modo especial. Largando em décimo primeiro, Rossi foi ultrapassando um a um seus adversários até chegar no líder da corrida e do campeonato Casey Stoner. O italiano esperou, ensaiou a ultrapassagem várias vezes e avisou a Stoner onde iria ultrapassá-lo: no esse antes da reta dos boxes. E assim o fez. Faltando quatro voltas Valentino colocou por dentro e deixou Stoner para trás, que não fez muito para se defender, pois além de já ter desgastado demais seus pneus, o australiano pensou no campeonato. Mesmo com essa vitória maiúscula Rossi ainda tem 21 pontos de desvatagem frente a Stoner e terá que torcer para um erro do australiano se quiser superar seu surpreendente rival. Nicky Hayden deu sinal de vida em Assen, local da sua primeira vitória ano passado, e conseguiu seu primeiro pódio no ano. O americano também havia conseguido um péssimo lugar no grid, mas largou muito bem e fez a ultrapassagem da corrida, ao ultrapassar seu compatriota Colin Edwards por fora antes dos esses da reta dos boxes. Hayden também superou seu rival John Hopkins e seu companheiro de equipe Dani Pedrosa, que não está nada satisfeito com a Honda e dizem que um divórcio não seria supresa. Vermeulen mostrou que só bem mesmo na chuva, mas a manobra que o fez cair para a última posição foi totalmente inacreditável e Randy de Puniet, que teve sorte em não quebrar nada na queda, merecia uma punição. Alex Barros fez uma corrida razoável e chegou em sétimo, mas precisa urgentemente melhorar suas largadas, pois toda corrida passar na primeira curva para lá de décimo quinto complica muito seu planejamento.

Nas 250 Lorenzo se recuperou do mal resultado da semana passada e dominou completamente em Assen. O espanhol largou na pole, perdeu momentaneamente a ponta para Andrea Doviziozo, mas ainda na primeira volta recuperou a primeira posição e não foi mais incomodado por ninguém. Como acontece sempre a Honda de Doviziozo foi perdendo rendimento até ser alcançada pelas Aprilias da equipe de Aspar Martínez e ser ultrapassado por Alex de Angelis e Álvaro Bautista e no fim Dovi foi quarto, vendo o sonho do título ficar cada dia mais longe por causa da inércia da Honda em melhorar sua moto. Porém, a melhor briga da corrida foi pela quinto lugar entre Hiroshi Aoyama e Marco Simoncelli. Os dois pilotos protagonizaram uma bela disputa na última volta com vantagem para o japonês, mas o supreendente mesmo foi ver que nenhum dos dois caíram!

Na menor categoria da motovelocidade, Mattia Pasini venceu a segunda seguida e mostra que se não fosse o azar, brigaria seriamente pelo título. Uma vantagem de 7s na 125 é uma eternidade e Pasini o fez sem ser incomodado em nenhum momento da corrida. Porém, o destaque da corrida foi a briga pela segunda posição, mas especificamente na reta de chegada. Talmacsi, Faubel, Gadea, Corsi, Koyama e Pesek brigaram intensamente pela dois lugares restantes do pódio, mas Talmacsi e Faubel também brigavam pela liderança do campeonato. Na última volta Gadea liderava o pelotão, mas Talmacsi e Faubel o superaram e trocaram de posição até a última curva quando Faubel ficou à frente. O húngaro não teve dúvidas ao ficar lado a lado com o espanhol e tentou apertar o freio dianteiro do rival. Talmacsi parece que se arrependeu e não tocou na manete de freio de Faubel e teve que se conformar com a terceira posição. Com esses resultados Faubel abriu vantagem na liderança e a briga será mesmo entre os dois pilotos da Aspar Martínez.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Tirando o atraso

Essa semana para mim foi muito corrida e praticamente não liguei o PC com tempo suficiente para escrever algo ou alguma coisa sobre corridas. E olha que essa semana será das mais animadas!

A F1 irá se despedir de Magny-Cours nesse final de semana e a Ferrari parece querer se despedir da crise que já rondava Maranello. Raikkonen e Massa comandaram a dobradinha vermelha e para completar a festa italina a Toro Rosso pôs Speed em terceiro e Liuzzi em quinto. Ok, eles estavam com pouca gasolina e os próprios pilotos admitiram, mas não deixa de ser interessante ver quatro motores Ferrari entre os cinco primeiros. Raikkonen parece estar sacramentando sua alegria do começo da semana e os bons treinos realizados em Silverstone semana passada parece ter tido efeito na scuderia nas palavras de Massa. A McLaren não estava nos seus melhores dias e até Hamilton ficou parado no meio da pista, mas pelo menos colocou tempo no cada dia mais aperriado Alonso, que ficou num longuínquo oitavo lugar. Mesmo a Toro Rosso andando com pouco combustível, o dedo de Adryan Newey ficou por conta do excelente sexto lugar de Coulthard com a Red Bull. Assim como o dedo de Newey apareceu na quebra de Webber na segunda sessão...

Mesmo com um carro quase novo a Honda não toma jeito mesmo e os carros continuam tomando tempo da Super Aguri, pois como sempre Davidson ficou em nono, bem à frente de Sato, que hoje andou mal. Robert Kubica, que dizem (e acho que foi mesmo!) que foi salvo pelo papa João Paulo II ficou apenas em décimo segundo, mas muito à frente de Heidfeld, que está sofrendo com dores nas costas e talvez nem corra. Toyota e Renault não foram bem e ficaram na metade de baixo do pelotão, enquanto a Spyker mais correu na brita que no asfalto. Mas se teve uma coisa boa que vi hoje foi o clima. A pista de Magny-Cours é chata e quando a corrida acontece em condições normais de pressão e temperatura a corrida é horrível e sem muitas emoções, mas quando chove tudo muda como foi o caso da edição de 1999, uma das melhores corridas que já assisti. Então, tomara que chova mesmo!

E falando em chuva, Chris Vermeulen parece cada vez mais à vontade de pedir ajuda a algum índio que saiba a dança da chuva para que chova em todas as etapas do Mundial. Mesmo não gostando de correr no piso molhado, Vermeulen ficou com a pole para a tradicional corrida em Assen, no Grande Prêmio da Holanda, outrora conhecido como TT. O australiano da Suzuki mostrou toda sua cada vez mais conhecida habilidade na chuva e vai liderar uma dobradinha australiana, já que o líder do campeonato Casey Stoner vem mantendo sua ótima fase, seja sobre sol ou chuva, pista rápida ou lenta. Completando a primeira fila vem a Kawasaki de Randy de Puniet. Honda? Yamaha? Só da segunda fila em diante. Ruindade das gigantes japonesas? Que nada! O problema é justamente outro japonês: a Bridgestone. Tanto que a primeira Honda é Marco Melandri, quarto, que anda com os pneumáticos japoneses. A primeira moto com Michelin vem sendo a surpresa dessa semana: a Yamaha de Colin Edwards. Não sei no que deu o americano, mas desde a etapa da Inglaterra o taxano vem andado pacas e colocando tempo no seu famoso companheiro de equipe Valentino Rossi. E onde estaria Rossi? Em décimo primeiro! Mesmo sendo um gênio, Rossi nunca andou lá essas coisas todas na chuva, mas com seu talento excepcional ele tirava a diferença no braço, mas sem pneus não dá. Barros irá largar logo atrás de Rossi, mas o problema é que o brazuca vem sendo superado constantemente pelo seu companheiro de equipe Alex Hofmann. Abre o olho Alex!

Por fim, tem a IRL com a incrível sorte de Dario Franchitti. Quem pensava que o escocês tinha gastado toda sua sorte em casar com a Ashley Judd, está completamente enganado. Depois de ter ganho naquele demolition-derby da semana passada em Iowa, Franchitti irá largara na pole por que chuveu em Richmond e como não houve Classificação, o grid será formado pela ordem do campeonato. Kanaan mostrou que tem o melhor carro no acanhado circuito e largando na primeira fila tem tudo para ir para frente. Outro destaque é a ruindade cada vez mais aparente da Milka Duno, que como disse anteriormente, não passa de um Danica Patrick piorada e mais gostosa.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Ele ganhou, ele ganhou!


Ufa! Pode não ter sido uma corrida dos sonhos, mas Montoya colocou seu nome nas estatísticas do automobilismo mundial. Mesmo largando em trigésimo segundo e tendo carros bem mais rápidos que o seu, o colombiano da Chip-Ganassi conseguiu sua primeira vitória na Nextel Cup, a segunda na Nascar. Com certeza não foi coinscidência que essas vitórias de Montoya tenham sido em circuitos mistos, pois o colombiano se criou em "road tracks", como dizem os americanos, enquanto a maioria dos caipiras que correm na NASCAR mal sabem virar para a direita. Só nos resta saber quando Montoya irá tirar o dedo nos circuito ovais, tradicional reduto da NASCAR. Montoya contou com a sorte para vencer em Sonoma, pois o piloto do dia, Jamie McMurray, liderou o maior número de voltas e tinha o carro mais rápido quando ficou sem gasolina. Já o atual campeão Jimmy Johnson, que havia largado na última fila, fazia uma bela corrida de recuperação até ter um problema mecânico. Contudo, Montoya não teve nada com isso e venceu, pois estava na hora certa e no lugar certo. Com esse triunfo, Montoya se juntou a nomes como Mario Andretti e Dan Gurney como os únicos a vencer na F1, F-Indy e Nascar. Outra. É a primeira vitória de um estrangeiro na NASCAR desde o longuínquo ano de 1974. E ainda foi um canadense! Se não me engano, Montoya se tornou o primeiro latino a vencer na Stock americana. Ele pode não ter merecido a vitória, mas agora ele terá mais motivos para continuar na besteira de dizer que a NASCAR é melhor que a F1... Oh! My God!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

História: 20 anos da última vitória da Lotus

A equipe Lotus foi uma das equipes mais tradicionais e inovadoras da F1. Graças ao gênio Colin Chapman, a Lotus sempre saía na frente das suas rivais e isso lhe garantiu vários títulos de pilotos, mas também algumas temporadas desastrosas. Do primeiro carro construído com monocoque ao carro-asa, a Lotus redefiniu várias vezes a F1, mas desde a morte de Chapman no final de 1982, a Lotus vinha passando por um período de transição. Mesmo com o tradicional apoio da John Player Special, a Lotus não brigava pelo título desde 1978 e nem mesmo a mão firma de Peter Warr não resolviu alguns problemas da equipe. A contratação de Ayrton Senna em 1985 era um alento, mas nem todo o talento do brasileiro fez com que a equipe brigasse seriamente pelo título. Porém, a veia inovadora da equipe veio à tona com a suspensão ativa, uma inovação colocada em prática em 1987. O potente motor Honda, o patrocínio da Camel e o talento de Senna era tudo que a Lotus precisava para alçar vôos maiores. Mesmo com a superioridade da Williams-Honda, Senna vinha de vitória em Monte Carlo quando a F1 chegou à Detroit.

A suspensão ativa seria uma vantagem para a Lotus no ondulado circuito de Detroit e Senna havia vencido no circuito em 86. Como o Grande Prêmio do Canadá tinha sido cancelado por não ter reformado seus boxes a tempo, Detroit seria a única parada na América do Norte. Tentando uma recuperação, a Williams de Mansell foi a mais rápida na sexta feira, à frente de Senna e Piquet. Prost reclamava bastante dos pneus, que segundo ele servia melhor nas Williams do que na sua McLaren. Choveu sexta-feira à noite, mas no sábado o clima ficou mais firme e na Classificação Senna chegou a liderar por muito tempo, mas Mansell fez uma volta espetacular e ficou com a pole com mais de 1s de vantagem sobre Senna. Era a quarta pole em cinco corridas para Mansell.

Grid:

1) Mansell(Williams) - 1:39.264
2) Senna(McLaren) - 1:40.607
3) Piquet(Williams) - 1:40.942
4) Boutsen(Benetton) - 1:42.050
5) Prost(McLaren) - 1:42.357
6) Cheever(Arrows) - 1:42.361
7) Alboreto(Ferrari) - 1:42.684
8) Fabi(Benetton) - 1:42.918
9) Patrese(Brabham) - 1:43.479
10) Warwick(Arrows) - 1:43.541

Choveu novamente no sábado à noite e no domingo de manhã, fazendo com que o warm-up fosse realizado com pista molhada, mas quando a largada se aproximou, a pista ficou completamente seca. Os três primeiros colocados mantiveram suas posições, enquanto Cheever pulava para quarto e Fabi saiu da oitava posição no grid para quinto, seguido por Michele Alboreto, Prost, Thierry Boutsen e Stefan Johansson. Na terceira volta Piquet saiu um pouco do traçado numa curva e acabou passando por cima de detritos que furaram seu pneu. Quando o brasileiro foi aos boxes Cheever assumiu o terceiro posto, mas três voltas depois Fabi bateu na traseira do americano numa tentativa de ultrapassagem totalmente atrapalhada. Fabi quebrou o nariz do seu Benetton e abandonou ali mesmo, enquanto Cheever foi se arrastando aos boxes para trocar um pneu furado, perdendo duas voltas e voltando em 19º.

Na décima volta Mansell estava 5s à frente de Senna e este tinha 23s de vatagem em cima do terceiro colocado Alboreto. De repente, Senna sentiu o pedal de freio muito macio e por muito pouco não bateu no muro. Foi então que o brasileiro decidiu diminuir o ritmo para esfriar seus freios, perdendo cerca de 3s por volta com relação ao seu ritmo anterior. Senna estava preocupado com a aproximação de Alboreto, mas o câmbio da Ferrari do italiano quebrou na volta 25 dando o terceiro lugar para Prost. Na volta 26 Mansell tinha 18.8s de vantagem em cima de Senna, mas o inglês começava a sentir câimbras na sua perna direita e Senna começou a se aproximar da Williams. Na volta 34 Mansell entrou nos boxes para trocar seus pneus, mas uma porca presa no pneu traseiro direito fez com que o inglês perdesse 18s nos boxes. Para piorar as coisas para Mansell, todo o tempo em que ficou parado nos boxes, o inglês teve que apertar o pedal de freio com a perna direita, aumentando ainda mais sua dor.

Agora em segundo, Prost estava com problemas de câmbio e de freios quando decidiu fazer sua parada na volta 36. Senna marcou a volta mais rápida da corrida na volta 39 com 1:40.464, mais rápido que seu tempo na Classificação! Percebendo que seu carro estava bem acertado com pneus velhos, ele decidiu terminar a corrida ser fazer um pit-stop. Toda volta a Lotus se preparava para uma parada de Senna, mas o brasileiro sempre passava direto e como até a volta 50 o brasileiro não havia parado, os adversários perceberam o pulo do gato de Senna. Ele já estava quase um minuto na frente do segundo colocado Mansell, mas o inglês estava exausto dentro do carro. Mansell declarou depois da corrida que toda vez que passava em frente aos boxes, pensava em desistir. Na volta 53, Piquet e Prost o passaram, e na volta 56, Berger também o fez. Mesmo com muitas dores, Mansell foi até o fim e conseguiu dois pontinhos. Após uma grande recuperação, Piquet ultrapassou Prost na volta 54 e terminou em segundo lugar, mesmo detestando o circuito de Detroit, enquanto o francês teve que se conformar com o lugar mais baixo do pódio. Faltando três voltas uma chuva fina caiu do circuito, mas Senna já tinha tirado o pé e venceu com extrema facilidade, assumindo a liderança do campeonato, à frente de Prost e Piquet.

Está foi a sexta vitória de Senna na F1, mas ele não sabia que essa seria a última do ano. Mesmo com o potencial da suspensão ativa e da potência do motor Honda a seu dispor, a Lotus não venceu mais durante o ano e no final da temporada sofreria um duro golpe: Senna havia assinado contrato com a McLaren para 1988. Mesmo com a contratação milionária de Nelson Piquet, a saída de Senna foi um marco para a Lotus. Mesmo contando com os serviços do tricampeão, a Lotus não foi nada bem em 1988 e a equipe começou a dengringolar. Primeiro perdeu a Honda no final de 88 e depois Piquet no final do ano seguinte. Nem mesmo um contrato com a Lamborghini e ter contado com o talento de Mika Hakkinen no começo da carreira fez com que a Lotus voltasse aos seus tempos de glória e no final de 1993 a equipe fechou às portas. Porém, a vitória na cinzenta Detroit se tornou histórica para a Lotus e para a F1.

Chegada

1) Senna
2) Piquet
3) Prost
4) Berger
5) Mansell
6) Cheever

Coitado do Ralf

Me lembro que após o Grande Prêmio de Mônaco de 2004, Fernando Alonso soltou os cachorros em cima do Ralf Schumacher, por causa de um entrevero entre os dois que custou uma dobradinha da Renault e um segundo lugar certo do espanhol. Além de esculhambar a falecida mãe dos irmãos Schumacher, Alonso tocou num ponto interessante. Ele bradou para quem quizesse ouvir: "Ele só está aqui porque é irmão de quem é!" A referência era clara. Ralf só estava na F1 e na ocasião numa equipe grande, a Williams, porque muita gente pensar que Schumacher significa título. Alonso, ainda longe de ser o campeão que é hoje, identificou que Ralf só tinha mesmo o sobrenome, tanto que é um dos poucos pilotos que é tratado pela imprensa mundial pelo nome, não pelo sobrenome. Pois bem, após a aposentadoria de Michael Schumacher, Ralf entrou numa fase tão ruim que até a DTM quer distância do alemão. Será que a aposentadoria do irmão mais velho fez com que a profecia de Alonso se realizasse? Em termos. Realmente Ralf Schumacher está desmotivado, na pior temporada de sua já longa carreira e ainda ganha um altíssimo salário, mas o mais novo do clã Schumacher vem mal a muito tempo. Sua última vitória foi em 2003 e mesmo tendo o melhor carro na ocasião, passou longe de brigar pelo título. Desde o acidente em Indianápolis/2004 Ralf vem se arrastando na pista, mas como todos falavam no irmão dele, isso serviu como uma espécie de pára-choque de críticas. Quando Michael foi embora, o único Schumacher que sobrou foi Ralf e seus erros ficaram mais em evidência. Um exemplo? Ralf bateu na largada de várias corridas, mas em Indianápolis no último domingo chamou muito mais atenção. Levar tempo do companheiro de equipe, Ralf sempre levou, mas só agora estamos atentos a isso. Mesmo sendo um piloto completamente sem carisma e asséptico, Ralf tem seus números e alguns trófeus na sua prateleira, mas parte para uma aposentadoria infeliz e completamente merecida.

terça-feira, 19 de junho de 2007

História: 30 anos da primeira vitória de Laffite e Ligier


Na metade dos anos 70 a F1 começava a ser invadida pela França. Pilotos, equipes, fornecedores e patrocinadores gauleses começaram a ver a F1 como uma boa ferramente de marketing para expandir suas marcas e principalmente acabar com o domínio ítalio-inglês dentro da categoria máxima do automobilismo. O primeiro grande investidor francês a desembarcar na F1 foi a Elf no começo dos anos 70 patrocionando a Tyrrell e colocando François Cevert nos carros azuis. Mesmo a dramática morte de Cevert em 1973, a França não parou de investir no automobilismo e vários pilotos surgiram nessa época, como Patrick Depailler e Jacques Laffite. Logo equipes francesas começaram a surgir no cenário mundial, seguindo o rastro da mítica equipe Matra. A Renault investia pesado na Fórmula 2 e tinha uma categoria de base importante e acabaria revelando vários pilotos, a Fórmula Renault. A equipe Ligier foi fundada por Guy Ligier em 1969 e desde então disputava corridas de Esporte-Protótipo e as 24 Horas de Le Mans. A Ligier vinha tendo bons resultados na corrida francesa e então Guy Ligier convenceu a tabaqueira francesa Gitanes a financiar seu projeto de construir um carro de F1. Ligier também convenceu a Matra voltar à F1 e em 1976 a equipe Ligier-Matra estreou na F1 com um carro projetado pelo jovem engenheiro francês Gerard Ducarouge. Uma seleção francesa estava sendo formada e para demonstrar sua fidelidade a pátria, a equipe resolveu usar as cores francesas nas corridas, o azul. O campeão de F2 de 1975 Jacques Laffite foi contratado e assim a Ligier teve o apoio irrestrito da torcida e da imprensa francesa. O talento de Ducarouge aparece e o JS5 (em homanagem a Jo Schlesser, amigo de Guy Ligier morto durante o Grande Prêmio da França em 1968) é um sucesso e Laffite fica com a pole do Grande Prêmio da Itália e consegue dois pódios logo de cara, na Bélgica e na Itália. Porém, 1977 começa de forma horrível para a equipe francesa. O carro era bom, mas Laffite vinha tendo muito azar, como na África do Sul, quando foi atingido pelo carro de Tom Pryce no acidente que matou o piloto galês.

Para o Grande Prêmio da Suécia a Goodyear começava a se preparar para a chegada da francesa Michelin e por isso trouxe várias combinações de borracha, atrapalhando a Classificação dos pilotos, que tinham que testar vários tipos de pneus. Porém, a Lotus de Mario Andretti mostrava que era superior aos demais e ficou com mais uma pole, tendo novamente John Watson ao seu lado na primeira fila, assim como foi na corrida anterior, em Zolder. Jaqcues Laffite se classificou em oitavo, enquanto o líder do campeonato Jody Scheckter largava em quarto, nove posições à frente de Niki Lauda, que estava apenas um ponto atrás dele no campeonato.


Grid:
1) M.Andretti(Lotus) - 1:25.404
2) J.Watson(Brabham) - 1:25.545
3) J.Hunt(McLaren) - 1:25.626
4) J.Scheckter(Wolf) - 1:25.681
5) H.Stuck(Brabham) - 1:26.127
6) P.Depailler(Tyrrell) - 1:26.209
7) G.Nilsson(Lotus) - 1:26.227
8) J.Laffite(Ligier) - 1:26.259
9) J.Mass(McLaren) - 1:26.380
10) R.Peterson(Tyrrell) - 1:26.383

Assim como foi em Zolder, Watson largou melhor do que Andretti e o americano chegou a ser ameaçado por Scheckter, mas o piloto da Lotus permaneceu em segundo. A superioridade da Lotus era muito grande e Andretti não esperou muito para assumir a liderança e na segunda volta já tinha ultrapassado Watson e disparava no circuito sueco. Atrás de Watson vinha Scheckter, Hunt, Stuck, Depailler, Mass, Reutemann e Laffite. Andretti vinha imprimindo um ritmo alucinante e disparava na frente, enquanto Watson vinha segurando um trenzinho que acabava justamente em Laffite, até então o oitavo colocado. Essa situação acabou na volta 30 quando Scheckter tentou ultrapassar Watson na briga pela segunda posição e os dois bateram. Scheckter abandonou na hora enquanto Watson teve que ir aos boxes para tentar consertar seu Brabham. Isso deixava Hunt em segundo lugar, seguido muito de perto por Depailler, Mass, Laffite e Reutemann. Como num passe de mágica Laffite começou a forçar seu ritmo e em cinco voltas ultrapassou Mass, Depailler e Hunt assumindo a segunda posição!

Laffite estava impossível nesse dia e partiu a caça de Andretti, que na volta 41 estava 15s à sua frente, mas suas perspectivas de ultrapassar o americano eram poucas. Enquanto isso acontecia, a briga pela terceira posição continuava empolgante. Mass e Reutemann ultrapassaram a Tyrrell de Depailler e não demorou para Mass encostar no seu companheiro de equipe Hunt. A McLaren de Hunt estava perdendo rendimento e o inglês foi ultrapassado por Mass na volta 45, seguido por Reutemann na volta seguinte. Watson tentava se recuperar e também ultrapassou Hunt na volta 47. Para sorte de Scheckter, Lauda abandonou a corrida na volta 48 com problemas de equílibrio em sua Ferrari e o sul-africano não perderia a liderança do campeonato por enquanto.

Quando tudo indicava que Andretti ganharia com muita tranqüilidade, uma fatalidade aconteceu com o americano. Faltando duas voltas para o fim da corrida Andretti entrou nos boxes. Pane seca! Andretti teve problemas no motor e fez com que o carro consumisse mais do que o normal e seu tanque ficou vazio faltando duas voltas e meia... Como não havia bocal de reabastecimento no Lotus, os mecânicos da equipe começaram a colocar gasolina no tanque de Andretti na base do copinho mesmo! Andretti ainda voltou à pista para ser sexto colocado. Quem não tinha nada a ver com isso era Laffite, que comemorou muito essa vitória. Foi os primeiros pontos de Laffite no ano e a primeira vitória totalmente francesa nos 27 anos de F1.

A França tinha sido reposta no mapa do automobilismo mundial: piloto, equipe e motor franceses derrotaram seus rivais ingleses e italianos. Nos anos seguintes, a Ligier passou a usar o motor Ford-Cosworth e com ele conseguiria seu melhor resultado: um segundo lugar no Mundial de Construtores de 1980. Laffite permaneceria com a equipe até 1982 e com ela venceria todas as suas seis corridas. Após breve passagem pela Williams, Laffite voltaria à Ligier em 1985. Até a dobradinha Ferrari-Michael Schumacher, Laffite tinha o recorde de corridas por uma mesma equipe, a Ligier. Laffite encerrou sua carreira quando bateu na largada do Grande Prêmio da Inglaterra de 1986 à bordo de um Ligier. O francês quebrou suas duas pernas e se aposentou aos 42 anos. A Ligier nunca abandonou sua origens francesas e teve uma longa parceria com a Renault nos anos 80 e 90. A cor azul nunca foi abandonada, mas Guy Ligier não conseguia mais levar sua equipe aos bons momentos e nem mesma a vitória de Olivier Panis no Grande Prêmio de Mônaco de 1996 evitou que a equipe fosse vendida para Alain Prost em 1997. Foi o fim do sonho de uma equipe totalmente francesa.

Chegada

1) Laffite
2) Mass
3) Reutemann
4) Depailler
5) Watson
6) Andretti

Figura(EUA): Retão de Indianápolis

A F1 carece cada dia mais de ultrapassagens e isso não vem de hoje, mas basta a categoria chegar num autódromo que tenha uma reta enorme, para podermos ver um carro passando por outro dentro da pista. O enorme retão de Indianápolis nos proporcionou brigas em todo momento da corrida e em todas as posições. Desde a briga pela ponta da corrida (Hamilton vs. Alonso) até a briga pela décima segunda posição (Liuzzi vs Wurz), não faltou disputas, troca de vácuo, fechadas e... ufa!, muitas ultrapassagens. Apesar dos americanos não serem fãs da F1 e o próprio Bernie Ecclestone não esteja muito animado para renovar o contrato com o mítico autodrómo americano, a corrida desse domingo provou que Indianápolis não pode ficar de fora do calendário da F1.

Figurão(EUA): Williams

Como ir do céu ao inferno em uma semana. Essa pode ser a frase da equipe de Grove para o final de semana em Indianápolis. Se em Montreal Wurz fez a desta da equipe com um pódio após um longo e tenebroso inverno, em Indy as coisas se complicaram bastante para a equipe de Sir Frank Williams. Na Classificação, Wurz foi muito mal (mais uma vez!) e foi um dos nocauteados na primeira parte da sessão, enquanto Rosberg ficou de fora da superpole pela primeira vez na temporada, tendo que amargar uma décima quarta posição. Durante a corrida o carro de Wurz apareceu bastante... atrás do de Liuzzi! Por mais que o austríaco fizesse, ele não conseguiu se livrar do carro do italiano, nitidamente mais lento. Mais à frente, Rosberg fazia uma bela corrida de recuperação e já aparecia em sexto quando o motor Toyota explodiu faltando quatro voltas. O alemão saiu do carro gesticulando claramente que a culpa era novamente do carro e a equipe Williams sabe muito bem disso e espero que a equipe volte, pelo menos, a briga pela quarta posição dos construtores. Já Wurz, o pódio em Montreal apenas adiou sua demissão.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

História: 40 anos da única vitória da Eagle








Depois da vitória esmagadora na estréia do motor Ford-Cosworth, a Lotus era a favorita para vencer o Grande Prêmio da Bélgica, quarta etapa do campeonato de 1967. Porém, como todo projeto novo, o Lotus 49 ainda não confiável o bastante e quem liderava o campeonato era Denny Hulme com o seu acertado Brabham-Repco. Mesmo não gostando do circuito de Spa, Clark já havia vencido quatro vezes consecutivas no perigoso autódromo e não foi surpresa que o escocês ficasse com mais uma pole na sua carreira, fazendo uma incrível média de 244 km/h, 3s à frente de Dan Gurney. Assim como Jack Brabham, Gurney fazia o dublê de piloto e chefe de equipe. O americano tinha acabado de vencer as 24 Horas de Le Mans com o mítico Ford GT40 e ainda teve tempo de revisar seu Eagle-Weslake para a prova belga. O carro era muito bom, mas Gurney ficava na mão constantemente pela falta de confiabilidade do carro. Sem companheiro de equipe desde que Richie Ginther abandonou o time após não ter se classificado para o Grande Prêmio de Mônaco, Gurney inscreveu o lendário A.J. Foyt para a corrida em Spa, mas o americano acabou não largando, pois teve que ir correr nos Estados Unidos. Completando a primeira fila vinha a segunda Lotus de Graham Hill. Jackie Stewart estava de volta ao circuito que quase o matou no ano anterior e mesmo fazendo severas críticas ao autódromo de Spa, ficou em sexto no grid em seu BRM. Outro piloto que estava motivado para esse Grande Prêmio por causa de um bom resultado nas 24 Horas de Le Mans era Mike Parkes, que juntamente com Ludovico Scarfiotti, foi segundo na corrida de longa duração. O então líder do campeonato Denny Hulme estava tendo problemas com o equílibrio do seu carro e teve que se contentar com décima quarta posição.

Grid:
1) Clark(Lotus) - 3:28.1
2) Gurney(Eagle) - 3:31.2
3) Hill(Lotus) - 3:32.9
4) Rindt(Cooper) - 3:34.3
5) Amon(Ferrari) - 3:34.3
6) Stewart(BRM) - 3:34.8
7) Brabham(Brabham) - 3:35.0
8) Parkes(Ferrari) - 3:36.6
9) Scarfiotti(Ferrari) - 3:37.7
10) Surtees(Honda) - 3:38.4

Clark fez uma excelente largada e assumiu a liderança na Eau Rouge, mas a Lotus dava sinais que a corrida seria bem problemática. Graham Hill teve problemas de embreagem e ficou parado no grid. Após dois minutos consertando o carro nos boxes, Hill voltou à pista, mas sua embreagem quebrou de vez apenas na terceira volta. Gurney errouna hora de largar e acabou perdendo o segundo lugar para Rindt, com Stewart e Mike Parkes na cola do americano na briga pela terceira posição. Porém, no final da primeira volta Parkes escorregou no óleo da BRM de Stewart na perigosa curva Blanchimont a mais de 240 km/h. A Ferrari capotou e Parkes foi levado para o hospital com um traumatismo craniano e suas pernas terrivelmente quebradas. Parkes sobreviveu, mas sua carreira como piloto terminou nesse dia, mas o inglês continuou por vários anos na Ferrari como engenheiro e piloto de testes.

Enquanto Clark liderava, o segundo colocado Rindt perdia rendimento e era ultrapassado por Stewart, Gurney e Chris Amon da Ferrari. Os três encostaram em Clark e começaram a brigar pela liderança, porém Amon perdeu rendimento e a briga pela vitória ficou entre Clark, Stewart e Gurney. Por coinscidência, Gurney e Clark pararam nos boxes ao mesmo tempo, na volta 12. Clark sentiu um problema no seu motor Ford e teve que trocar as velas, retornando à pista em sétimo, enquanto Gurney falou ao seu mecânico que a pressão de combustível do seu motor estava muito baixa. Como não havia muito o que fazer, o mecânico mandou Gurney de volta à pista e a parada do americano acabou sendo tão rápida que ele voltou ainda em segundo, mas 15s atrás do novo líder Stewart. Não deixava de ser impressionante ver Stewart liderando na mesma pista que quase o matou um ano antes.

Mesmo com o problema em seu motor, Gurney partiu para cima de Stewart e rapidamente se aproxiamava do escocês. Jackie estava tendo um problema de câmbio quando o seletor de marchas afrouxou e assim Stewart começou a dirigir com apenas uma mão no volante, enquanto a outra tinha que segurar alavanca de câmbio. Sem muito o que fazer, Stewart deixou Gurney o ultrapassar na volta 21, mas ele não desistiu da corrida e se manteve à frente do terceiro colocado Chris Amon.

Dan Gurney conseguiu sua quarta e última vitória na F1 com mais de um minuto de vantagem em cima de Stewart. Foi a primeira vitória de um piloto americano em um carro americano na Europa desde 1921 e a única na história dos Grandes Prêmios modernos. Esta seria a única vitória da Eagle em sua curta história na F1. Dan Gurney ficaria somente mais um ano com sua equipe na F1 até se mudar definitivamente para os Estados Unidos em 1969, onde se tornaria um dos maiores construtores de chassis da Fórmula Indy.

Chegada
1) Gurney
2) Stewart
3) Amon
4) Rindt
5) Spence
6) Clark

domingo, 17 de junho de 2007

In love

Hamilton e Alonso abraçados no pódio. Uma cena bonita, com certeza, mas pela cara do Alonso, uma cena bem forçada, contudo Hamilton mostrou que está em lua-de-mel com a equipe e essa vitória pode significar algo impensado por todos antes de Melbourne: o título logo na estréia. O Grande Prêmio dos Estados Unidos de hoje provou que a F1 pode ter corridas emocionantes e com ultrapassagens sem que haja intervenções externas, como chuva ou a entrada do safety-car. E até mesmo os pilotos das equipes de ponta brigaram entre si, com Hamilton ficando lado a lado com Alonso na volta 38 e Massa tendo que fazer das tripas ao coração para segurar um veloz e, finalmente, combativo Kimi Raikkonen. Mais atrás, muitas brigas pelo pelotão intermediário com destaque para a disputa pela décima segunda posição, que envolveu oito carros.

Como era de se supor, a McLaren dominou como quis o GP dos Estados Unidos num circuito de Indianápolis com muita gente, mas com vários vazios nas enormes arquibancadas. A tensão entre Hamilton e Alonso está aumentando a cada dia que passa e a largada foi uma prova de que se não fosse o pulso firme de Ron Dennis, a McLaren poderia sair amargando um resultado desastroso. Após se defender de Massa, Alonso partiu para cima de Hamilton e dois quase se tocaram. Depois de sobreviverem a primeira curva, os dois começaram a despachar a Ferrari de Massa e após a primeira parada, Alonso começou a andar mais forte e quando o duo da McLaren alcançou vários retardatários que brigavam ferozmente por posição, Alonso pegou o vácuo de Hamilton e num momento que lembrou a mítica briga entre Senna e Mansell na Espanha, as rodas de ambos ficaram separadas por centímetros. Sensacional! Hamilton venceu a disputa e venceu a corrida, disparando no campeonato de pilotos, mas quem está feliz da vida é o Sr. Ron Dennis, pois agora a diferença da McLaren e da Ferrari no Mundial de Construtores chegou a um nível que dificilmente a equipe prateada perderá nesse ano.

A Ferrari fez o que podia hoje, mas tentando surpreender, usou duas táticas diferentes com seus pilotos. Massa fez o convencional e largou com pneus macios, enquanto Kimi largou com pneus duros. Enquanto Felipe tentava acompanhar as McLarens, Kimi perdia duas posições na largada e ficou várias voltas atrás da Renault do compatriota Heikki Kovalainen. Parecia que seria mais uma corrida safada de Kimi, mas tudo começou após a primeira parada. Inicialmente, ultrapassou Nick Heidfeld na freada da curva 1 bem no momento em que Kovalainen saiu dos boxes. Agora em quarto, Kimi começou a tirar a diferença para Felipe e após a segunda parada, os pilotos da Ferrari começaram uma briga para valer, como a muito tempo não se via dentro da escuderia de Maranello. Felipe estava com pneus duros, mas estava mais rápido no miolo. Kimi estava com pneus moles e estava mais rápido no retão. Foi uma briga de xadrez que encontrou seu auge faltando menos de dez voltas quando Raikkonen chegou a colocar de lado. Massa começou a perder o equilíbrio no miolo, enquanto Raikkonen perdia a aderência dos pneus moles e assim ficou, com Massa na frente de Kimi, mas com certeza essa foi a melhor corrida de Raikkonen na Ferrari.

Atrás dos top-quatro, Kovalainen mostra que vem evoluindo e levou seu Renault a um bom quinto lugar, após ter liderados algumas voltas antes de fazer sua primeira parada. Mesmo com a quebra do câmbio de Heidfeld, Kovalainen teve méritos na sua posição e vem calando a boca de Briatore, que tanto o criticou no começo da temporada. Já Fisichella é um capítulo à parte. Apesar do seu erro no começo da corrida ter estragado sua estratégia, o desempenho do italiano foi sensacional, fazendo ultrapassagens de todos os jeitos possíveis, inclusive por fora no miolo! Foi uma grande atuação de Fisico e a nona posição foi injusta, pois o italiano merecia um ponto.

Trulli mostrou que nada está perdido na Toyota, mas esse resultado se deve unicamente ao seu talento em segurar carros mais rápidos, pois a briga com Webber foi de tirar o fôlego! Por sinal, o australiano conseguiu seus primeiros pontos neste ano após vários azares, principalmente no Canadá. Webber é outro piloto que vem evoluindo. Já os companheiro de equipe de Trulli e Webber ficaram pelo caminho. Para ser mais exato, na primeira curva. Como já está virando tradição, o Grande Prêmio dos Estados Unidos trouxe acidentes na curva 1 após a largada e desta vez envolveu os tiozões da F1. Como nenhuma imagem esclareceu por completo de quem foi a culpa, a única coisa que dá pra dizer foi que Barrichello está com muito azar mesmo, Coulthard estava no lugar errado e Ralf irá bardar aos ceús se chegar ao final da temporada empregado.

O novato Sebastian Vettel conseguiu o último pontinho da corrida, mas o alemão errou na largada e ficou muito para trás por causa disso. Como conseqüência fez uma corrida discreta, mas no final ainda participou da animada briga Trulli-Webber. A Williams fez sua pior corrida deste ano, com Wurz ficando preso a corrida inteira atrás de Liuzzi sem conseguiu passar e Rosberg quebrando mais uma vez. Por sinal, Nico vem mostrando que é um seguidor de Raikkonen no quesito azar, pois o alemão vinha fazendo uma bela corrida e estava em sexto quando quebrou o motor faltando quatro voltas. Sua revolta ao sair do carro era mais do que justificada.

Na Honda, a coisa continua feia. Não bastasse perder Barrichello logo na largada, Button foi envolvido na confusão e perdeu várias posições. Até aí tudo bem. O problema foi a falta de vontade do inglês de ultrapassar Scott Speed, por exemplo, e ser ultrapassado em plena reta por Anthony Davidson, da filial Super Aguri. A ultrapassagem de Davidson foi tão fácil que ele colocou de lado uma vez, desistiu e colocou de novo, completando a manobra no final do retão dos boxes. Enquanto isso, Button só faltou acenar para o compatriota ultrapassar logo! Liuzzi apareceu bastante no começo da corrida brigando de forma sensacional com Wurz, mas quando ele fez sua parada seu desempenho começou a cair e no final acabou abandonando. Enquanto Speed, mesmo correndo em casa, foi um fantasma. Já Sato cometeu o erro mais besta da corrida, ao repetir o mesmo erro de Fisichella uma curva depois de ultrapassar Sutil no final da reta dos boxes. A Spyker continuou seu sofrimento e novamente Sutil superou Albers. E com folga!

Depois de duas corridas emocionantes na América do Norte, a F1 segue caminho de volta para a Europa e como a próxima corrida será no insosso circuito de Magny-Cours, a monotonia deverá estar de volta. Só que Hamilton não estará nem ligando se for ele quem dominar e com dez pontos de vantagem sobre Alonso, a coisa deverá ficar feia por espanhol. A Ferrari? Só um milagre para salvar essa temporada.

História:45 anos da primeira vitória de Jim Clark


Se havia uma pista que Jim Clark odiava era o incrível circuito de Spa Francorchamps. Mesmo sendo um autódromo cheio de desafios, a pista era extremamente perigosa com curvas velocíssimas e até mesmo precípicios ao lado da pista. A primeira vez que Clark se dirigiu a Spa foi em 1958 e logo de cara ele viu a morte do seu ídolo Archie Scott-Brown. Em 1960, durante o seu segundo Grande Prêmio, Clark testemunhou a morte de dois amigos, Chris Bristow e Alan Stacey, seu companheiro de equipe na Lotus. Uma ano mais tarde, ainda em Spa, Clark assistiu ao acidente com Cliff Allison, grave a ponto de obrigá-lo a abandonar o automobilismo. Mesmo com toda essa raiva do circuito, Clark estava embalado para a disputa do Grande Prêmio da Bélgica após ter conquistado sua primeira pole em Monte Carlo e a primeira vitória só não aconteceu no principado por causa de um câmbio quebrado. Clark sabia que o novo Lotus 25 era capaz de lhe dar a primeira vitória na F1 e a Lotus precisava pontuar com seu primeira piloto, pois até o momento só havia pontuado com o segundo piloto Trevor Taylor, num segundo lugar no Grande Prêmio da Holanda.

A Ferrari seria a única equipe não-inglesa em Spa, pois a Porsche teve problemas com uma greve na sua sede em Stuttgart e ficou de fora da etapa belga. A Ferrari estava longe de exercer o mesmo domínio da temporada anterior, mesmo tendo Phil Hill na liderança do campeonato empatado com Graham Hill. Provando estar numa ótima fase, G.Hill marcou sua primeira pole na F1 com seu BRM e teria ao seu lado o vencedor do Grande Prêmio de Mônaco Bruce McLaren. Fechando a primeira fila estaria o segundo piloto da Lotus Trevor Taylor. E onde estaria Clark? O escocês teve problemas no eixo de comando do seu motor Climax durante os treinos e por isso teve que usar o carro de Taylor para se Classificar, ficando num desapontador 12º lugar no grid. A primeira Ferrari que aparecia era Phil Hill em quarto, tendo ao seu lado na segunda fila Innes Ireland numa Lotus particular. O piloto da Porsche Dan Gurney apareceu em Spa e andou num Lotus-BRM, mas o americano não sentiu bem à bordo do novo carro e preferiu não largar.

Grid:
1) G.Hill(BRM) - 3:57.0
2) McLaren(Cooper) - 3:58.8
3) Taylor(Lotus) - 3:59.3
4) P.Hill(Ferrari) - 3:59.6
5) Ireland(Lotus) - 3:59.8
6) Mairesse(Ferrari) - 3:59.8
7) Rodriguez(Ferrari) - 4:01.0
8) Gregory(Lotus-BRM) - 4:01.0
9) Ginther(BRM) - 4:01.4
10) Maggs(Cooper) - 4:03.6

Graham Hill largou bem e ficou na dianteira na entrada da Eau Rouge, mas ele teve que lutar pela liderança com McLaren durante a primeira volta. Ao final da primeira volta Graham Hill ainda liderava, mas atrás dele havia algumas suspresas. Mesmo odiando o circuito, Clark tentou se recuperar da péssima Classificação e ultrapassou oito carros na primeira volta e estava em quarto. Entre Clark e Hill, estava o segundo piloto da Lotus Trevor Taylor e McLaren. A primeira Ferrari estava em quinto, mas de forma surpreendente não era o atual campeão Phil Hill. Usando o seu conhecimento local, o belga Willy Mairesse estava colado em Clark. Naquela época o circuito de Spa tinha mais de 14 km de extensão e longas retas, permitindo aos pilotos que pegassem o vácuo do carro que vinha à frente. Dessa forma, havia uma troca constante de posições entre os pilotos, principalmente se eles corressem em grupo. E assim os cinco primeiros colocados brigavam entre si, com Taylor e Mairesse surpreendentemente brigando pela ponta. Mais atrás, as Ferraris de Phil Hill e Ricardo Rodriguez brigavam pela sexta posição com a Lotus de Innes Ireland, mas Ireland teve que abandonar na oitava volta com a suspensão quebrada.

Na volta 9, Clark marcou a melhor volta da corrida quebrando o recorde da pista e assumiu a liderança, começando a abrir uma pequena diferença para Taylor e Mairesse continuava pressionando o segundo piloto da Lotus. Conta a lenda que Colin Chapman sinalizou para Taylor deixar Clark passar e permitir que o primeiro piloto da equipe vencesse. Pensam que isso só ocorria na Ferrari da era Schumacher? G.Hill e McLaren começaram a ficar para trás e brigavam pela quarta posição, mas McLaren abandonaria na volta 19 quando perdeu a pressão de óleo do motor Climax. Taylor começava a se distanciar de Mairesse e a Lotus parecia que não apenas comemoraria a primeira vitória de Clarl, como também comemoraria a sua primeira dobradinha na história. Porém, na volta 17 Taylor rodou e novamente tinha Mairesse colado em seus retrovisores. Então, por muito pouco Spa não via mais uma tragédia.

Na volta 26 Taylor e Mairesse vinham colados quando Taylor erra uma marcha e toca em Mairesse. Os dois carros vinham a alta velocidade e a Lotus de Taylor atingiu em cheio um poste telegráfico enquanto a Lotus de Mairesse pegava fogo. Mairesse sofreu várias queimaduras no seu corpo, mas foi levado ao hospital e teve sorte em escapar dessa. Mais sorte teve Taylor, pois o poste acabou caindo em cima da sua Lotus e não o atingiu por alguns centímetros. Clark ficou muito preocupado quando viu a cena do acidente e pensou que mais uma tragédia havia acontecido e ele só ficou mais tranqüilo quando a Lotus mostrou Taylor inteiro para ele nos boxes. Após esse susto Clark liderava com muita folga, enquanto o segundo colacado G.Hill tinha problemas com o seu motor BRM. Mais atrás, as Ferraris de P.Hill e Rodriguez duelavam para ver quem ficaria com o último degrau do pódio.

No fim, Clark venceu sua primeira corrida de F1 com estilo, mais de 40s na frente de G.Hill. Na briga pelo terceiro lugar, P.Hill superou o jovem mexicano Rodriguez por apenas um décimo de segundo e ficou em terceiro. Mesmo assumindo a liderança isolada do campeonato, Graham Hill sabia que a maior ameaça ao seu primeiro título tinha nome e sobrenome: Jim Clark. Apesar de respeitar bastante a Ferrari e Phil Hill, o inglês da BRM sabia que após experimentar pela primeira vez o gostinho da vitória, o seu bom amigo Clark lhe daria bastante trabalho durante o ano.

Chegada
1) Clark
2) G.Hill
3) P.Hill
4) Rodriguez
5) Surtees
6) Brabham

sábado, 16 de junho de 2007

Lewis Strikes again!

Alonso ficou assustado com tamanho domínio que o próprio espanhol exerceu durante todo o final de semana em Indianápolis. "É a minha chance de colocar esse moleque no lugar," deve ter pensado Alonso sobre seu atual companheiro de equipe e futuro inimigo. Na Classificação, a McLaren continuou dominando e a primeira fila era certo como dois mais dois é quarto, mas restava saber quem seria o pole. Alonso deve ter pensado que seria ele, mas na primeira volta voadora dos dois com pneus macios na terceira parte da Classificação, Hamilton superou pela primeira vez Alonso. Todos trocaram os pneus, ninguém melhorava, Alonso errava no miolo do circuito, enquanto Hamilton, último a completar uma volta rápida, ainda teve fôlego para melhorar seu melhor tempo e conseguir a segunda pole e menos de oito dias. Alonso deve estar se perguntando se fez bem em trocar a tranqüilidade da Renault e a garapa que era Fisichella ao seu lado...

A cada dia que passa Hamilton dá motivos para Alonso reclamar da McLaren e se queimar junto a Dennis e Norbert Haug, mas a vibração dos mecânicos da McLaren com a pole dá uma pista de que como Hamilton é querido dentro da equipe e Alonso deveria aproveitar a presença de Nelson Piquet em Indianápolis e perguntar como o tricampeão venceu um inglês dentro de uma equipe inglesa com todo o entusiasmo da mídia inglesa. Enquanto isso, Hamilton não está nem aí e se vencer de novo amanhã, um título que ninguém imaginava antes do começo da temporada começaria a se apromixar e nem todo o talento e malandragem de Alonso poderá detê-lo.

A evolução da Ferrari foi um fato incontestável e Massa novamente superou Raikkonen. Se a Ferrari tiver um bom ritmo de corrida poderá incomodar bastante a McLaren e já que falamos da F1 de 20 anos atrás, Felipe bem que poderia ser um Alain Prost e se aproveitar da briga na McLaren, a equipe que tem o melhor carro e os melhores pilotos. Raikkonen andou forte e muito próximo de Massa em toda a Classificação, mas ficou um décimo atrás e se não largar forte, coisa que não fez esse ano, dificilmente ultrapassará Massa e brigará com as McLarens. E ainda tem que ficar de olho na BMW.

Heidfeld ficou em quinto, mas bem que o alemão queria mais depois do seu pódio semana passada. A BMW está muito forte nas corridas norte-americanas e Heidfeld ficou apenas 0.008s atrás de Raikkonen. O novato Vettel foi sétimo e mesmo com um bom carro, seria pedir demais para que ele ficasse mais à frente. Separando as BMWs ficou a Renault de Kovalainen. A boa corrida no Canadá fez muito bem ao finlandês e parece que sua confiança aumentou bastante depois de uma começo de ano muito atribulado. Mesmo ficando atrás do companheiro de equipe em boa parte dos treinos, a décima posição de Fisichella deve ser mais por uma estratégia diferente.

Nas posições intermediárias, a Red Bull pôs Mark Webber na Super Pole e se não me engano o australiano não ficou depois de décimo nessa temporada, mas nas corridas... David Coulthard foi décimo primeiro e como o escocês gosta de largar pesado, é bom provável que ele fique à frente de Webber no final da corrida. A não ser que os carros quebrem antes. A Toyota se recuperou do fiasco de ontem e Trulli conseguiu ficar entre os dez, enquanto Ralf ficou em décimo segundo. Em sete corridas, Ralf foi mais lento do que Trulli em todas! A Williams parece ter ficado deslumbrada com o pódio semana passada e nem mesmo Rosberg andou bem, com o alemão ficando décimo quarto, enquanto Wurz ficou na primeira parte da Classificação. Wurz não deve reclamar da sorte, pois se não fosse o pódio...

A Honda foi mal novamente e desta vez Button superou Barrichello, mas a perspectiva não é nada animadora para a equipe japonesa. Davidson superou Sato e desta vez o japonês não foi tão bem como em Montreal, enquanto Davidson ainda não perdeu rendimento. Mais atrás, Liuzzi superou o anfitrião Scott Speed e durante a transmissão aconteceu uma coisa engraçada. A Globo, que morre de medo de fazer propaganda alheia, teve que engolir por duas vezes a exibição de alguns torcedores de cartazes com relação ao canal de assinatura SpeedTV e na primeira vez que o carpaz apareceu, o Galvão disse que se tratava da torcida do Scott Speed. Já na Spyker, o novato Adrian Sutil colocou ordem na casa e superou o veterano Christijan Albers.

Amanhã, a corrida tende a ser muito próxima, pois os tempos foram bem apertados, em particular no meio do pelotão. Outro fator importante é a primeira curva. Desde 2004 a curva 1 foi palco de acidentes múltiplos após a largada e como a pista é muito larga, os pilotos do meio do pelotão costumam se exceder um pouco. Mas como a McLaren está largando na primeira fila, seus pilotos não irão se preocupar com isso. Só se Alonso e Hamilton baterem!

Uma 24 horas de arrepiar!

No momento em que escrevo isso, já deve ter se passado uma hora das tradicionais 24 horas de Le Mans. Não deixa de ser legal para o automobilismo mundial termos nesse final de semana as 24 horas de Le Mans e no outro lado do atlântico, a F1 em Indianápolis. Agitação em dois templos sagrados! Porém, fazia muito tempo que não víamos uma briga tão forte entre duas grandes montadoras nas estradas de Sarthe. A Audi, que ganhou seis das últimas sete edições, terá a companhia da não menos vitoriosa Peugeot. O mais interessante dessa batalha franco-alemã é a briga pela tecnologia. A Audi saiu na frente com seu Audi R10 e com mais essa obra-prima da engenharia, se tornou a primeira equipe a vencer em Le Mans com um carro movido a diesel. A Peugeot não ficou atrás e na sua volta as 24 horas depois de quase 15 anos, projetou um Esporte-Protótipo totalmente novo à diesel. Será uma batalha de titãs!

Enquanto a Audi tem toda a experiência a seu favor, a Peugeot trouxe uma verdadeira turma do barulho para tentar derrubar a marca alemã. A Audi terá três equipes com os seus já tradicionais pilotos Frank Biela, Emanuele Pirro, Rinaldo Capello, Tom Kristensen e Allan McNish. Todos eles tem pelo menos uma vitória em Le Mans, sendo que Kristensen é o recordista com sete. Já a Peugeot terá dois carros, mas com vários pilotos que passaram pela F1 ou estão para entrar, como é o caso de Sebastien Bourdais. Outro fato interessante será a volta às pistas de Jacques Villeneuve desde sua demissão da F1 e a tentativa de se tornar cantor. O canadense estará na equipe Peugeot. Como dificilmente a vitória saíra das mãos de um carro da LMP1, a principal categoria, não devemos nos esquecer da equipe de Henri Pescarolo que nos últimos anos deu um aperto nos Audis e chegou algumas em segundo lugar, mas com a chegada da Peugeot, as atenções para a equipe do velho piloto de F1 diminuiu bastante, mas como a corrida é longa, muita coisa pode acontecer. Emmanuel Collard é a principal esperança da equipe, que terá duas equipes oficiais e outra particular, a Rollecentre. Outro ex-piloto F1 que estará na LMP1 será o sueco Stefan Johansson à bordo de um Courage.

A definição do grid foi feito na quarta-feira, pois uma velha conhecida de Le Mans deu as caras na quinta: a chuva. E sabem o melhor? A previsão é que chova bastante no sábado e no domingo. Bourdais marcou o melhor tempo com a Peugeot e talvez queira demonstrar que o francês anda bem em todo tipo de pista, seja aonde for e assim Bourdais, juntamente com Sarrazin e Pedro Lamy terão a honra de largar na pole. Em segundo apareceu a primeira Audi com o trio Capello/Kristensen/McNish. Detalhe: a diferença entre os carros foi de meio segundo num autódromo com mais de 13 km! Em terceiro apareceu a segunda Peugeot, da dupla Villeneuve/Gene/Minassian. Entre os brasileiros, Thomas Erdos irá largar em vigésimo primeiro e tentará defender seu título na categoria LMP2 e será o sexto da sua categoria. Em sua segunda largada em Le Mans, Christian Fittipaldi saíra em trigésimo e sexto na categoria GT1, enquanto Jaime Melo Júnior é um dos fvoritos a vencer na GT2 à bordo de sua Ferrari F430.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Façam suas apostas!

Tomara que a última esperança da Ferrari não seja Indianápolis, porque se for, o campeonato está perdido. Assim como foi semana passada em Montreal, a McLaren dominou ambas as sessões de treinos livres e novamente Alonso foi o mais rápido tanto de manhã como de tarde. E olha que isso foi mais significativo do que podemos imaginar. De tarde a pista estava muito quente e mesmo assim as McLarens fizeram dobradinha, sempre com Hamilton fungando no cangote do espanhol. A Ferrari se recuperou do fiasco do treino da manhã e Massa liderou boa parte da sessão da tarde, mas quando as McLarens colocaram pneus macios no final do treino, seu tempo foi batido sem muita cerimônia. Isso é bom para a escuderia italiana, pois evoluiu e se aproximou bastante da McLaren, mas a diferença ainda foi de quase meio segundo.

O tempo conseguido por Alonso se manhã não foi batido à tarde e ele foi o único a ficar na casa de 1:11. Outra coisa interessante foi ver que Nick Heidfeld ficou em terceiro na primeira sessão e não conseguiu melhorar seu tempo na segunda, o mesmo ocorrendo com seu companheiro de equipe nos Estados Unidos, o novato Sebastian Vettel. Por sinal, quando estrear no próximo domingo, Vettel deverá ser um dos mais jovens a alinhar num grid da F1 na história.

Este começo de final de semana de GP foi marcado por uma pequena rivalidade que pode estar começando entre Hamilton e Alonso, constantamente alimentada pela imprensa dos dois. De forma bastante elegante, Hamilton e Alonso soltaram farpas em cima do outro durante as entrevistas pré-Grande Prêmio, mas uma hora dessa Ron Dennis deve estar se reunindo com os dois para apaziguar os ânimos e tratar de ganhar a corrida em Indianápolis, que é mais importante. E uma vitória da McLaren será mais importante como golpe psicológico em cima da Ferrari. Quando saíram de Monte Carlo todos diziam que a Ferrari iria dominar as corridas da América do Norte, mas até agora o que se viu foi exatamente o contrário e permanecendo dessa maneira, dificilmente a Ferrari irá se recuperar de mais uma derrota. E o pior é que a BMW está evoluindo rápido...

Na briga pela segunda divisão, a Renault parece ter perdido o melhor momento depois de Mônaco e vem sendo superada pela Williams, que vem surpreedentemente colocando Nico Rosberg entre os dez primeiros em todos os treinos sem muito esforço, mas essa performance não é repetida por Alex Wurz, décimo sexto hoje, demonstrando que o pódio semana passada foi mais obra do acaso do que pelo talento do comprido austríaco. A Red Bull também é outra que já aparece com freqüência entre os dez e até mesmo Coulthard andou bem e foi o mais rápido no speed trap, mas o calcanhar-de-aquiles da equipe se mostrou bem claro com o outro piloto da equipe. Mark Webber encostou seu carro com problemas mecânicos no final da segunda sessão...

Mais atrás no pelotão, a Toro Rosso apareceu bastante graças ao piloto da casa Scott Speed. Pena apareceu saindo da pista várias vezes e tendo uma pane na saída dos boxes, enquanto Liuzzi o superava com uma boa margem. Spyker e Super Aguri mantiveram seus desempenhos normais na sexta-feira, com Anthony Davidson superando Takuma Sato hoje, mas começando a ficar para trás a partir de amanhã, enquanto Albers finalmente colocou tempo em Adrian Sutil, que levou um carão de Mike Gascoyne sobre sua constante atração pelos muros. Falando em Gascoyne, a Toyota continua a desgraça de sempre! Não adianta esculhambar muito o Ralf se o carro não presta mesmo e a equipe fica só à frente da Spyker, que tem um décimo do orçamento da gigante japonesa. Uma hora dessa, os executivos japoneses preparam com bastante carinho as espadas samurais para cortarem a cabeça de alguns funcionários da parte esportiva da montadora. E se desgraça pouca fosse bobagem, a rival Honda está crescendo a olhos vistos! Acho que a presidente da Toyota F1, o Tomita, deve estar dando Graças a Deus por estar se aposentando compulsoriamente e saindo dessa barca furada chamada Toyota F1.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

História: 25 anos da morte de Riccardo Paletti

Neste domingo faltou muito pouco para que o circuito Gilles Villeneuve fosse novamente palco de uma tragédia. O já muito falado acidente de Robert Kubica provou que a segurança da atual F1 chega próximo da perfeição, mas a 25 anos atrás a história era bem diferente. Muitos consideram o ano de 1982 pior até mesmo que 1994, em termos de drama, acidentes e mortes. Montreal recebia a oitava etapa do campeonato de F1 de 1982 já chamando seu charmoso circuito de rua de Gilles Villeneuve, numa homenagem ao ídolo da casa morto somente um mês antes. Os organizadores estavam receosos com a queda de público e o clima bastante instável atrapalhou ainda mais. O grid mostrava uma cada vez melhor Ferrari pilotada por Didier Pironi na pole, superando a dupla da Renault René Arnoux e Alain Prost. Nelson Piquet, não tendo se classificado na etapa anterior, ficou em quarto e o motor BMW que empurrava sua Brabham dava sinais de melhora. No final do pelotão, de forma quase imperceptível, Riccardo Paletti conseguia colocar sua péssima Osella em vigésimo terceiro. Se tudo desse certo, essa seria sua segunda largada na F1 e um resultado positivo seria um belo presente de aniversário para Paletti, que seria na terça-feira pós-Grande Prêmio do Canadá. Ele faria 24 anos.

Riccardo Paletti nasceu em 15 de Junho de 1958 em Milão e somente aos 19 anos ele estreou no automobilismo, disputando o campeonato italiano de Fórmula Super Ford em 1977. Já no ano seguinte ele subiu para a F3 e mesmo sem grande destaque, Paletti estreou no prestigiado Campeonato Europeu de F2 no final de 1979, mas ele só faria um campeonato completo em 1981. Já nessa época Paletti conseguiu o forte patrocínio da Pioneer e graças ao suporte financeiro, o italiano assinou contrato com a Onyx, principal equipe de F2 na época. Paletti começou a temporada 1981 muito bem, conseguindo dois pódios seguidos em Silverstone e Thruxton, mas esses foram os únicos resultados conquistados pelo italiano e no final do ano ele fechou o campeonato num discreto décimo lugar. Mesmo sem nenhum resultado mais relevante, a Pioneer resolveu investir no seu pupilo e Paletti conseguiu um lugar na F1, na pequena equipe Osella. Mesmo tendo como companheiro de equipe o experiente Jean Pierre Jarier, Paletti sabia que seu carro era muito ruim e teria grandes dificuldades para se classificar nas corridas e assim foi. Foram três decepções seguidas na África do Sul, Brasil e Long Beach. Porém, a briga FISA-FOCA fez com que um boicote das equipes inglesas fosse feito no Grande Prêmio de San Marino e Paletti pôde estrear em casa, no circuito de Ímola, mas a experiência foi bastante curta: a suspensão de seu Osella se partiu na sétima volta. Com a volta das equipes inglesas, Paletti voltou a ficar de fora dos Grandes Prêmios da Bélgica e de Mônaco. Porém, a Osella vinha melhorando seus carros e em Detroit, tanto Jarier como Paletti conseguiram se classificar para a corrida, mas a sorte não estava no lado do italiano. Durante o warm-up, no domingo pela manhã, Jarier e Paletti bateram seus carros e como Jarier destruiu também o carro reserva, Paletti teve que ceder seu carro para Jarier e ficou de fora da corrida americana.

Uma semana mais tarde, Paletti resolveu levar seus pais para Montreal com o intuito de ver a corrida e comemorar seu aniversário. Paletti conseguiu se classificar para a corrida, não se envolveu em acidentes no warm-up e estacionou seu Osella na penúltima fila do grid de largada. Lá na frente, o pole position Pironi deixou sua Ferrari morrer no grid quando a luz verde apareceu. O terceiro colocado Alain Prost desviou da Ferrari parada e assim fez todos os pilotos a seguir, porém Raul Boesel não conseguiu desviar de Pironi a tempo e tocou de leve na Ferrari. Foi o começo da tragédia. Paletti, que vinha logo atrás de Boesel, teve sua visão encoberta pelo carro do brasileiro e quando Boesel foi para à esquerda, era tarde demais para Paletti. O italiano bateu de frente na traseira da Ferrari de Pironi à 160 km/h. O impacto foi tão forte que a Ferrari desviou para a direita e atingiu o Theodora de Geoff Less, que escapava do acidente. Pironi saiu de sua Ferrari ileso e quando viu a situação da Osella de Paletti foi ajudar o italiano. Pironi foi o primeiro a chegar na cena do acidente, um mês após ter parado seu carro para ver a situação de Gilles Villeneuve. O carro do médico Sid Watkins estava atrás da última fila na hora da largada e rapidamente estava tentando ajudar o italiano. Quando vê a gravidade da situação, Pironi coloca as mãos na cabeça. Então... fogo!

Um vazamento de gasolina faz com que o tanque de combustível, que estava cheio, explodisse e atrasasse ainda mais a tentativa de salvamento de Paletti. Watkins ainda teve tempo de fechar a viseira de Paletti para que ele não se queimasse e mesmo com a cena chocante, o fogo foi extindo rapidamente, inclusive com a ajuda de Pironi. Como se não bastasse tudo isso, a mãe de Paletti conseguiu entrar na pista e vendo seu filho desfalecido dentro do carro, ficou totalmente histérica. Foi preciso longos 24 minutos para que o carro fosse cortado, Paletti fosse retirado e levado de helicóptero para o hospital Sacré Cour. Duas horas depois ele foi declarado oficialmente morto. Mesmo com o incêndio, Paletti foi morto na hora do impacto, quando a barra de direção ficou cravada no seu peito e a causa mortis foi hemorragia interna.

Depois de mais essa tragédia, a corrida ficou em segundo plano, mas contou com alguns fatos interessantes. Mesmo envolvido na tragédia, Pironi teve muita coragem para pegar o carro reserva e ir para a segunda largada, mas como a Ferrari subssalente não estava bem acertada, assim como a cabeça de Pironi, o francês não fez muita coisa durante a corrida e acabou em nono. Arnoux ficou em primeiro na largada à frente de Nelson Piquet, mas na nona volta o brasileiro roubou a primeira posição do francês e liderou por toda a corrida, conseguindo a sua primeira vitória após ter sido campeão de 1981. Foi o primeiro triunfo da BMW na F1. Novamente as Renaults não tivarem a confiabilidade necessária e tanto Arnoux como Alain Prost abandonaram antes da metade da corrida. Patrese levou a segunda Brabham, com motor Ford, ao segundo lugar, enquanto o líder do campeonato John Watson completou o pódio, se aproveitando dos problemas de Andrea de Cesaris e Derek Daly, que eram terceiro e quarto respectivamente, mas ficaram sem gasolina na última volta. No pódio, os três protagonistas estavam com cara de velório e Nelson Piquet não ocupou a lugar mais alto do pódio. Após o acidente de Paletti, a F1 demorou 12 anos para ver um piloto morrer em um fim de semana de Grande Prêmio e por uma coinscidência sinistra, o carro de Roland Ratzenberger tinha o mesmo número 32 que estampava a Osella da Riccardo Paletti no fatídico dia 13 de Junho de 1982. Mesmo não tendo sido em piloto de ponta, Paletti é até hoje lembrado na Itália e como homenagem póstuma, o pequeno circuito de Varano, perto de Parma, se chama Autodromo Riccardo Paletti.

Eis o vídeo do acidente: http://www.youtube.com/watch?v=L6TLRKsAyd4

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Figura(CAN): Lewis Hamilton

Não podia ser outro! Se faltava alguma coisa para Hamilton ser considerado uma realidade, agora não falta mais! O inglês de 22 anos se tornou o primeiro piloto negro a vencer uma corrida de F1 e o terceiro piloto mais jovem a conquistar uma corrida (por coinscidência, atrás somente de Alonso e McLaren). Apenas em sua sexta corrida Hamilton provou tudo que se esperava dele após sua estréia nos Grandes Prêmios e mesmo sendo estreante, já é um dos principais favoritos ao campeonato, mesmo tendo que enfrentar um bicampeão como Alonso e uma fortíssima Ferrari liderada por Massa. Assim como nas cinco corridas anteriores, Hamilton foi perfeito em todas as sessões de treinos livres no Canadá e mesmo não conhecendo o circuito Gilles Villeneuve, Lewis liderou a sessão livre de sábado. Na Classificação superou seu companheiro de equipe Alonso e ao contrário dos seus rivais, não cometeu erros durante a corrida e mesmo com quatro entradas do safety-car, não se desconcentrou e manteve o segundo colocado Nick Heidfeld à uma distância segura e venceu sem muitas dificuldades. Mesmo sendo um novato, Hamilton já demonstrou maturidade e velocidade para ser um dos favoritos aos título mundial de pilotos. Desde que a imprensa inglesa não o atrapalhe...

Figurão(CAN): Jenson Button

Bem que a Toyota poderia ser o "agraciado" deste final de semana, mas como a marca japonesa já fez parte algumas vezes com seus desmotivados pilotos, vamos dar chances aos outros. Jenson Button estreou na F1 no começo do ano 2000 e logo a imprensa inglesa o transformou num popstar. Button sempre esteve em equipes boas, namorou mulheres bonitas e teve muito, muito espaço na mídia. Os britânicos o colocavam num patamar acima dos feitos de Button e o inglês era idolatrado pelos súditos da rainha. Porém, após setes de reinado Button viu sua coroa ser ameaçada pelo jovem e rápido Lewis Hamilton e isso mexeu na cabeça do britânico. Depois de brigar para sair - e depois para ficar na BAR, agora Honda - Button está enfrentando uma crise técnica muito grave dentro da equipe e ele parece totalmente perdido, levando tempo constantemente de Rubens Barrichello. Em Montreal, Button foi bastante infeliz. No sábado, no último minuto da segunda parte da Classificação, Button se atrapalhou na entrada da chicane e fez com que seu companheiro de equipe Barrichello não fizesse um tempo suficiente para ir para a Super Pole. E mesmo com o erro do Rubinho, Button ficou quase meio segundo mais lento que o brasileiro. Na largada, Button teve problemas de câmbio e simplesmente ficou parado, terminando seu Grande Prêmio ainda no grid. E se não bastasse toda a frustração de ficar parado no grid, ainda viu Lewis Hamilton conseguir sua primeira vitória em seis corridas na carreira, coisa que Button demorou seis... anos! Mesmo com apenas 27 anos, Button está numa encruzilhada em sua carreira e se ele não melhorar logo, será mais um inglês que a imprensa britânica nos vendeu como campeão e acabou virando eterna promessa.

Impressionante!


Desde o acidente fatal de Roland Ratzenberger que um carro não ficava tão destruído a ponto do cockpit ser afetado e parte dos pilotos ficarem a mostra. Pois olhem os pezinhos do Kubica. Treze anos após o acidente de Ratzenberger, Kubica só torceu o tornozelo e pode correr semana que vem.

domingo, 10 de junho de 2007

Apesar do susto, Hamilton finalmente vence a primeira

Já fazia muito tempo que a F1 não levava um susto tão grande. O Galvão ficou com voz de velório, até mais de que quando Massa foi desclassificado. As câmeras não mostravam muita coisa. Para ironizar as coisas, a Globo ainda mostrou o acidente fatal de Riccardo Palletti antes da largada. O acidente de Kubica é desses de pensar como a F1 é segura, pois se fosse, não indo muito longe, uns 10 anos antes, com certeza o piloto não quebraria apenas a perna. Kubica foi tocado por Cristo, como minha mãe costuma dizer. Ele nasceu de novo, é que muitos irão dizer. Mas o que importa é que Kubica está bem e logo, logo estará de volta às pistas. E tomara que seja logo mesmo.

O Grande Prêmio do Canadá foi de longe o melhor desta temporada. Mesmo com um campeonato tão disputado, a F1 estava tendo corridas chatas e sem ultrapassagem, mas em Montreal finalmente podemos ver uma corrida com várias alternativas, ultrapassagens e acidentes (tirando o de Kubica, lógico). E finalmente Hamilton venceu! O inglês quebrador de recordes se tornou o primeiro piloto negro da história da F1 a vencer uma corrida e a venceu com estilo. Se aproveitando dos problemas de todos seus rivais, Hamilton dominou como quis a corrida e mesmo com quatro entradas do safety-car, ele relargou com maestria, tanto que Heidfeld não ficou próximo nenhuma vez de Hamilton durante as várias relargadas.

A corrida foi diferente desde a largada. Hamilton largou de forma convencional, enquanto levava colado atrás de si Nick Heidfeld. Alonso tentou ir por fora, mas acabou travando a roda dianteira direita e foi para grama. Ele voltou bem à frente de Hamilton, mas sem velocidade e assim caiu para quarto, atrás de Heidfeld e Massa. Massa tinha ultrapassado Raikkonen e o finlandês ainda foi deixado para trás por Nico Rosberg. Enquanto Hamilton disparava, Heidfeld ficava para trás, mas não chegava a atrapalhar Massa, que tinha se aproveitado de um erro de Alonso na primeira curva ainda nas primeiras voltas. Rosberg surpreendia e seguia Alonso de perto, enquanto mantinha Raikkonen sobre controle. Mais atrás, muitas disputas e ultrapassagens protagonizadas principalmente por Mark Webber. A primeira entrada do safety-car mudou muita coisa, pois Hamilton tinha acabado de parar enquanto Alonso e Rosberg pareciam não estar muito informados das novas regras do safety-car. Punição para eles. Após o acidente de Kubica, muita gente deu o pulo do gato. Como a neutralização foi muito longa, muita gente parou duas vezes, colocando os dois tipos de pneus, pois os macios não eram bons. Simples assim.

Hamilton não quis saber de muita conversa e venceu de uma forma tão natural, que nem parecia que ele é um novato. Me lembro que o meu guru Eduardo Côrrea falava muito em quebrar a "barreira da vitória". Parece que Hamilton já tinha quebrado essa barreira antes de sua primeira vitória. Agora, Lewis lidera o campeonato com folgados oito pontos de vantagem em cima de Alonso e praticamente inalcançáveis 15 pontos em cima de Massa. Uma hora dessa a imprensa inglesa deve estar delirando, pois desde Nigel Mansell o hino britânico não era tocado com tanta alegria e esperança, mesmo com Damon Hill e Jenson Button ano passado. Alonso teve um dia de cão e esteve longe de ter um carro minimamente decente neste domingo. Depois de errar 3 vezes na primeira curva e sofrer a punição por ter entrado nos boxes na hora errada, o espanhol até que conseguiu várias ultrapassagens e um pódio não seria surpresa, mas quando o safety-car saiu pela última vez o carro da McLaren perdeu rendimento e Alonso foi presa fácil... para a Super Aguri do Sato! Agora com oito pontos de desvantagem, Alonso terá que se virar para derrotar seu motivadíssimo companheiro de equipe.

A Ferrari é outra que quer esquecer Montreal o mais rápido possível. Quando saíram de Monte Carlo, a equipe italiana disse que Montreal seria diferente, mas o que se viu foi exatamente o contrário. Primeiro, Raikkonen tocou em Massa na curva 2, após a largada, e danificou sua asa dianteira. Massa não tinha ritmo para atacar Heidfeld, enquanto Raikkonen estava ficando longe da Williams de Rosberg! Na primeira parada, me assustei vendo Kubica parado na saída dos boxes. Teria o piloto da BMW problemas? Uma câmera mais próxima explicou tudo. O sinal estava vermelho. Montoya também sofreu com problema semelhante no Canadá em 2005 e teve destino parecido. Bandeira preta e desclassificação sem muita reclamação. Acho que o Massa estava tão concentrado em ir logo para à pista que se esqueceu de olhar que cor estava o sinal, mas não podemos culpar somente Felipe, pois a Ferrari também poderia ter avisado e tinha até mais condições de fazer isso. Pois bem, mesmo com a asa trocada Raikkonen continuou com sua corrida sem-vergonha e chegou a ser ultrapassado pela... Super Aguri de Takuma Sato! E sabe o que é pior? Ficou atrás do japonês... Foi um quarto lugar que caiu do céu para o finlandês, mas essa falta de gana está prejudicando seriamente a imagem de Kimi.

Mesmo com o acidente de Kubica, não dá para dizer que a BMW saiu triste de Montreal. Heidfeld fez a corrida da sua vida e deu o primeiro pódio para a marca alemã no ano e o melhor foi que Nick conseguiu a segunda posição por mérito próprio, pois desde a primeira curva permaneceu lá e tinha ritmo para tanto. Agora, as surpresas...

Se tem uma equipe que eu torço, essa é a Williams. Admiro a história de Frank Williams e mesmo em dificuldades, a equipe não esmoreceu e conseguiu o primeiro pódio desde o Grande Prêmio da Europa de 2005. Porém, o que ninguém imaginou foi que o pódio fosse conquistado por Wurz, que havia largado em décimo nono. Dez anos após sua estréia em Montreal, Wurz fez uma corrida tática, de apenas uma parada, e se aproveitou das várias entradas de safety-car para cuidar dos seus pneus macios que usou na metade final da corrida. E isso tudo com a asa traseira quebrada! A emoção da equipe quando Wurz subiu ao pódio foi cativante, enquanto Wurz acenava para seus mecânicos como se fosse um rapper. O coitado do Rosberg, que sempre fica na frente de Wurz nas Classificações e treinos livres, deu azar e sofreu a mesma punição de Alonso, mas como ele não tinha uma McLaren em mãos, pouco pode fazer e ainda rodou na tentativa de ultrapassar Trulli na curva 1. Décima posição para o azarado alemão, que já merece aparecer mais à frente no final das corridas.

Kovalainen foi outro que deu a volta por cima em Montreal. Depois de bater na Classificação e ficar na Q1, Kova trocou o motor e largou em último. Usando a mesma estratégia de Wurz, Heikki fez algumas ultrapassagens no início e teve paciência na metade da corrida e no final chegou a atacar Wurz para ficar no pódio, mas o finlandês achou melhor ficar com a quarta posição e por lá ficou. Grande resultado para ele, que já tinha a demissão dada como certa e igualou a melhor posição conquistada por Fisichella em Monte Carlo. Fisico, que vinha andando bem, fez a mesma besteira de Massa e também foi excluído da prova de hoje.

Mark Webber foi um dos destaques da corrida, tentando ultrapassagens e mesmo tendo rodada numa tentativa em cima de Kubica ainda no comecinho da corrida, o australiano foi muito combativo durante toda a prova, chegou a andar em segundo com um bom ritmo e só não marcou pontos por um erro incrível de sua equipe. Durante uma das intervenções do safety-car, Webber não foi aos boxes e permeneceu em segundo, atrás de Hamilton, mesmo tendo que fazer ainda sua última parada. De uma forma inacreditável, quando Hamilton acelerou para retomar o ritmo de corrida, Webber foi aos boxes fazer seu pit... Mesmo com mais um entrada de safety-car, o australiano pouco pode fazer e ainda assim foi nono, colado em Ralf. Coulthard passou desapercebido e foi dos primeiros a abandonar. A Toro Rosso perdeu uma grande chance de pontuar quando Liuzzi abandonou quando estava em quinto e não pararia mais, mas o estiloso italiano bateu no Muro dos Campeões nas voltas finais, causando a última entrada de safety-car. Speed foi o primeiro a abandonar quando tentou uma manobra kamikase em cima de Wurz e quase tirou o piloto da Williams da corrida, quebrando apenas o aerofólio traseiro do austríaco. Speed teve a suspensão quebrada e teve seu carro tocado por Kubica durante o acidente do polonês.

A Honda foi outra que perdeu uma chance de ouro para conseguir o pódio. Barrichello vinha em terceiro após a última intervenção do safety-car e tinha totais condições de ficar com o pódio, mas a equipe Honda deu bobeira na estratégia e não fez como algumas equipes e colocou logo o pneu macio. Assim, Rubens teve que ir aos boxes faltando apenas sete voltas para o fim, jogando um belo resultado pela janela. Já Button nem largou... Já a Toyota fez uma corrida terrível e fica até difícil saber qual dos dois pilotos foi pior. Por muito pouco Trulli não viu seu nome envolvido numa tragédia ao tocar com Kubica no acidente mais sério dos últimos anos. Depois rodou numa disputa com Rosberg e por fim conseguiu bater o carro sozinho quando saiu dos pits. Por fim, Ralf foi medíocre como vem sendo sempre, sendo ultrapassado pela Super Aguri de Takuma Sato(!) e não se aproveitando dos problemas de Alonso e subir uma posição. Pela Classificação final, Ralf ficou mais próximo de ser ultrapassado por Webber do que ultrapassar Alonso e se Ralf perdesse o último ponto da corrida, acho que ele nem correria em Indianápolis...

Junto com Hamilton, Heidfeld, Wurz e Kovalainen, o grande destaque da corrida foi Takuma Sato. O japa voador deu um show com seu Super Aguri e desta vez ele não se satisfez em ficar na frente das Hondas oficiais. Sato se aproveitou de um erro de Raikkonen e ficou à frente de uma Ferrari(!) por muitas voltas. Nas voltas finais, a consagração. Para alegria da Honda, Sato deixou Ralf para trás na reta dos boxes e quando Alonso começou a ter problemas, Sato se aproximou do espanhol no grampo e numa manobra ousada, ultrapassou Alonso por fora na freada da última chicane. O sexto lugar foi a melhor posição da Super Aguri e Sato ultrapassou uma Ferrari e uma McLaren!

Menos de uma semana para a corrida em Indianápolis, a perspectiva é de como será o comportamento de Alonso. Com certeza o espanhol não esperava ter tanta resistência de Hamilton e com oito pontos de desvantagem, Alonso irá sofrer para recuperar o terreno perdido. O que é ruim para os brasileiros é que está cada vez mais difícil para Massa brigar pelo título esse ano, pois além da McLaren estar muito bem, seus pilotos estão motivados como nunca. Principalmente Hamilton!

Festa do astro de rock

Ao contrário das demais corridas do fim de semana, a categoria 250 produziu uma corrida bem chata e com final previsível. Jorge Lorenzo largou na pole, não foi incomodado e venceu uma corrida sem muitas emoções. Porém, a comemoração de Lorenzo foi a parte mais legal da corrida. Quando o espanhol se aproximou da entrada dos boxes, ele parou sua moto e um aparato todo especial já etsva montado. Microfone de show e dois guitarristas, devidamente vestidos como Lorenzo, esperavam por ele. De forma totalmente cômica, Lorenzo tirou o capacete e começou a "cantar" no microfone de tamanho pra lá de avantajado para o público espanhol, enquanto dois malucos, de macacão e capacete de Lorenzo, empunhavam uma guitarra cada um. Lorenzo pode ser marrento, mas não deixa de ser engraçado...

A corrida não teve nada demais e Lorenzo foi ajudado pela má largada de dois dos seus principais rivais. Hector Barberá, que largava em segundo, caiu para décimo segundo, enquanto o novo desafeto Bautista caiu para décimo quarto. O suíço Thomas Lüthi largou muito bem e ficou em segundo, mas já na segunda volta Andrea Doviziozo ultrapassou Lüthi e passou a acompanhar Lorenzo. Eu disse acompanhar, pois em nenhum momento Lorenzo foi atacado. O samarinês Alex de Angelis, largando em sétimo, começou a se aproximar do primeiro pelotão e ultrapassou Lüthi na volta 8 e Doviziozo na volta 14. Quando todos esperavam que De Angelis partisse para cima de Lorenzo, que vinha perto dele, o espanhol começou a acelerar enquanto os pneus de De Angelis começavam a pedir arrego. Doviziozo perdia rendimento, mas já estava longe de Lüthi, e esse não era atacado por ninguém. Na verdade, só houve briga pela quinta posição e numa bela recuperação, o posto ficou com Álvaro Bautista. As KTMs andaram relativamente bem e Mika Kallio andou boa parte da corrida em quinto, mas foi ultrapassado por Baustista no final, com seu companheiro de equipe Hiroshi Aoyama logo atrás. Barberá não pode se recuperar tão bem e ficou apenas em oitavo. Com esses resultados, Lorenzo aumentou ainda mais a sua enorme diferença para o vice-líder Andrea Doviziozo, que começa a sentir a presença de Alex de Angelis próximo a ele, apenas dois pontos atrás. Em 2008, tanto Lorenzo como Doviziozo estarão na MotoGP. E de forma merecida!

Já nas 125, a corrida foi bem animada como sempre foi, mas não falarei muito do começo da corrida, pois perdi um pouco a hora e acordei 6:15. Pensa que é fácil acordar cedo desse jeito em pleno domingo? Quando liguei a TV, a corrida já estava nas mãos de oito piloto: os três pilotos da Aspar Martínez (Faubel, Gadea e Talmacsi), Lukas Pesek, o aniversariante Pol Espargaro, as duas KTMs (Koyama e Randy Krummenacher) e a Honda de Bradley Smith. Os oito vinham trocando de posição constantemente. Na metade da corrida, completando 16 (!) anos hoje e correndo em casa, Pol Espargaro foi para cima das motos da Aspar Martínez que lideravam a corrida e Pol assumiu a segunda posição na freada da curva 1, enquanto o líder do campeonato Hector Faubel perdia rendimento. Provavelmente Faubel tentava repetir a tática da semana passada, quando se resguardou no meio da prova para atacar no final.

As motos da KTM vinham surpreendendo, principalmente com Randy Krummenacher, um suíço de 17 anos, cuja a melhor posição era uma décima terceira posição. O pessoal de box da KTM não acreditou quando Krummenacher assumiu a segunda posição na volta 16 e ultrapassou o líder Gadea na volta seguinte. Apenas na sua décima corrida da carreira, Krummenacher era o líder! A briga estava forte e nada estava decidido, mas na volta 18 Pesek tentou ultrapassar Faubel no final da reta oposta e o toque foi inevitável. Pesek foi totalmente estabanado na manobra e derrubou o ídolo local, para desespero de Faubel e da equipe. Faltando duas voltas, a briga pela liderança se resumia as KTMs de Krummenacher e Tomoyoshi Koyama e as duas motos de Aspar Martínez, Sérgio Gadea e Gabor Talmacsi. No início da volta derradeira Koyama liderava, mas Gadea usou a potência de sua Aprilia e saiu de terceiro para primeiro na reta dos boxes, enquanto Talmacsi ultrapassa Krummenacher na freada da curva 1. Na reta oposta, Koyama partiu com tudo para cima de Gadea e ultrapassou o espanhol, que acabou errando a trajetória e foi ultrapassado por Talmacsi e Krummenacher. Koyama venceu pela primeira vez na carreira e depois de muito tempo se ouviu o hino do Japão no Mundial de Motovelocidade. Com a segunda posição, Talmacsi assumiu a liderança do campeonato com 14 pontos de vantagem em cima do acidentado Faubel, com Pesek, que ainda conseguiu voltar e pontuar, logo atrás. Porém, o destaque ficou para o choro de Krummenacher pelo primeiro pódio na carreira e pelo bolo de aniversário que o quinto colocado Pol Espagaro ganhou ainda dentro da pista, mas a torcida espanhola desta vez ficou frustrada, pois nenhum espanhol ficou no pódio. Ah! Antes que eu esqueça. Mattia Pasini abandonou mais uma vez ao cair na curva 3...