Na metade dos anos 70 a F1 começava a ser invadida pela França. Pilotos, equipes, fornecedores e patrocinadores gauleses começaram a ver a F1 como uma boa ferramente de marketing para expandir suas marcas e principalmente acabar com o domínio ítalio-inglês dentro da categoria máxima do automobilismo. O primeiro grande investidor francês a desembarcar na F1 foi a Elf no começo dos anos 70 patrocionando a Tyrrell e colocando François Cevert nos carros azuis. Mesmo a dramática morte de Cevert em 1973, a França não parou de investir no automobilismo e vários pilotos surgiram nessa época, como Patrick Depailler e Jacques Laffite. Logo equipes francesas começaram a surgir no cenário mundial, seguindo o rastro da mítica equipe Matra. A Renault investia pesado na Fórmula 2 e tinha uma categoria de base importante e acabaria revelando vários pilotos, a Fórmula Renault. A equipe Ligier foi fundada por Guy Ligier em 1969 e desde então disputava corridas de Esporte-Protótipo e as 24 Horas de Le Mans. A Ligier vinha tendo bons resultados na corrida francesa e então Guy Ligier convenceu a tabaqueira francesa Gitanes a financiar seu projeto de construir um carro de F1. Ligier também convenceu a Matra voltar à F1 e em 1976 a equipe Ligier-Matra estreou na F1 com um carro projetado pelo jovem engenheiro francês Gerard Ducarouge. Uma seleção francesa estava sendo formada e para demonstrar sua fidelidade a pátria, a equipe resolveu usar as cores francesas nas corridas, o azul. O campeão de F2 de 1975 Jacques Laffite foi contratado e assim a Ligier teve o apoio irrestrito da torcida e da imprensa francesa. O talento de Ducarouge aparece e o JS5 (em homanagem a Jo Schlesser, amigo de Guy Ligier morto durante o Grande Prêmio da França em 1968) é um sucesso e Laffite fica com a pole do Grande Prêmio da Itália e consegue dois pódios logo de cara, na Bélgica e na Itália. Porém, 1977 começa de forma horrível para a equipe francesa. O carro era bom, mas Laffite vinha tendo muito azar, como na África do Sul, quando foi atingido pelo carro de Tom Pryce no acidente que matou o piloto galês.
Para o Grande Prêmio da Suécia a Goodyear começava a se preparar para a chegada da francesa Michelin e por isso trouxe várias combinações de borracha, atrapalhando a Classificação dos pilotos, que tinham que testar vários tipos de pneus. Porém, a Lotus de Mario Andretti mostrava que era superior aos demais e ficou com mais uma pole, tendo novamente John Watson ao seu lado na primeira fila, assim como foi na corrida anterior, em Zolder. Jaqcues Laffite se classificou em oitavo, enquanto o líder do campeonato Jody Scheckter largava em quarto, nove posições à frente de Niki Lauda, que estava apenas um ponto atrás dele no campeonato.
Grid:
1) M.Andretti(Lotus) - 1:25.404
2) J.Watson(Brabham) - 1:25.545
3) J.Hunt(McLaren) - 1:25.626
4) J.Scheckter(Wolf) - 1:25.681
5) H.Stuck(Brabham) - 1:26.127
6) P.Depailler(Tyrrell) - 1:26.209
7) G.Nilsson(Lotus) - 1:26.227
8) J.Laffite(Ligier) - 1:26.259
9) J.Mass(McLaren) - 1:26.380
10) R.Peterson(Tyrrell) - 1:26.383
Assim como foi em Zolder, Watson largou melhor do que Andretti e o americano chegou a ser ameaçado por Scheckter, mas o piloto da Lotus permaneceu em segundo. A superioridade da Lotus era muito grande e Andretti não esperou muito para assumir a liderança e na segunda volta já tinha ultrapassado Watson e disparava no circuito sueco. Atrás de Watson vinha Scheckter, Hunt, Stuck, Depailler, Mass, Reutemann e Laffite. Andretti vinha imprimindo um ritmo alucinante e disparava na frente, enquanto Watson vinha segurando um trenzinho que acabava justamente em Laffite, até então o oitavo colocado. Essa situação acabou na volta 30 quando Scheckter tentou ultrapassar Watson na briga pela segunda posição e os dois bateram. Scheckter abandonou na hora enquanto Watson teve que ir aos boxes para tentar consertar seu Brabham. Isso deixava Hunt em segundo lugar, seguido muito de perto por Depailler, Mass, Laffite e Reutemann. Como num passe de mágica Laffite começou a forçar seu ritmo e em cinco voltas ultrapassou Mass, Depailler e Hunt assumindo a segunda posição!
Laffite estava impossível nesse dia e partiu a caça de Andretti, que na volta 41 estava 15s à sua frente, mas suas perspectivas de ultrapassar o americano eram poucas. Enquanto isso acontecia, a briga pela terceira posição continuava empolgante. Mass e Reutemann ultrapassaram a Tyrrell de Depailler e não demorou para Mass encostar no seu companheiro de equipe Hunt. A McLaren de Hunt estava perdendo rendimento e o inglês foi ultrapassado por Mass na volta 45, seguido por Reutemann na volta seguinte. Watson tentava se recuperar e também ultrapassou Hunt na volta 47. Para sorte de Scheckter, Lauda abandonou a corrida na volta 48 com problemas de equílibrio em sua Ferrari e o sul-africano não perderia a liderança do campeonato por enquanto.
Quando tudo indicava que Andretti ganharia com muita tranqüilidade, uma fatalidade aconteceu com o americano. Faltando duas voltas para o fim da corrida Andretti entrou nos boxes. Pane seca! Andretti teve problemas no motor e fez com que o carro consumisse mais do que o normal e seu tanque ficou vazio faltando duas voltas e meia... Como não havia bocal de reabastecimento no Lotus, os mecânicos da equipe começaram a colocar gasolina no tanque de Andretti na base do copinho mesmo! Andretti ainda voltou à pista para ser sexto colocado. Quem não tinha nada a ver com isso era Laffite, que comemorou muito essa vitória. Foi os primeiros pontos de Laffite no ano e a primeira vitória totalmente francesa nos 27 anos de F1.
A França tinha sido reposta no mapa do automobilismo mundial: piloto, equipe e motor franceses derrotaram seus rivais ingleses e italianos. Nos anos seguintes, a Ligier passou a usar o motor Ford-Cosworth e com ele conseguiria seu melhor resultado: um segundo lugar no Mundial de Construtores de 1980. Laffite permaneceria com a equipe até 1982 e com ela venceria todas as suas seis corridas. Após breve passagem pela Williams, Laffite voltaria à Ligier em 1985. Até a dobradinha Ferrari-Michael Schumacher, Laffite tinha o recorde de corridas por uma mesma equipe, a Ligier. Laffite encerrou sua carreira quando bateu na largada do Grande Prêmio da Inglaterra de 1986 à bordo de um Ligier. O francês quebrou suas duas pernas e se aposentou aos 42 anos. A Ligier nunca abandonou sua origens francesas e teve uma longa parceria com a Renault nos anos 80 e 90. A cor azul nunca foi abandonada, mas Guy Ligier não conseguia mais levar sua equipe aos bons momentos e nem mesma a vitória de Olivier Panis no Grande Prêmio de Mônaco de 1996 evitou que a equipe fosse vendida para Alain Prost em 1997. Foi o fim do sonho de uma equipe totalmente francesa.
Chegada
1) Laffite
2) Mass
3) Reutemann
4) Depailler
5) Watson
6) Andretti
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