terça-feira, 30 de agosto de 2016

História: 35 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1981

A F1 chegava à Zandvoort em 1981 em meio às eleições da FISA, com Balestre tendo como adversário Basil Tye, presidente do RAC a apoiado pelas equipes inglesas. Um mês depois de sua demissão da Ligier, Gérard Ducarouge foi contratado como assessor técnico da equipe Alfa Romeo, indicado por Mario Andretti. A chegada de Ducarouge, no entanto, desagradava Carlo Chiti, que costumava reinar sozinho na Autodelta e as relações entre os dois homens imediatamente seria de desconfiança. Wilson Fittipaldi anunciou a assinatura iminente de um grande acordo de patrocínio com a transportadora Avia. Era um blefe, e a equipe brasileira voltava à Zandvoort pobre como sempre. O F8C estava em um estado deplorável, por falta de manutenção. Keke Rosberg tentava por todos os meios deixar a equipe dos irmãos Fittipaldi. Alain Prost, que acabara de se tornar pai (Nicolas, hoje piloto da F-E), anunciava a renovação de contrato com a Renault por dois anos. O francês chegou à negociar com a Williams, mas Gerard Larrousse tratou de renovar com o francês, considerado a maior revelação de 1981, mesmo que seu relacionamento com Arnoux não fosse dos melhores.

Como era de hábito, a Renault dominou a classificação, com Arnoux sendo o mais rápido na sexta-feira, mas superado por Prost no sábado, com direito a recorde da pista. Porém, a diferença para o resto do pelotão não era tão grande, com o terceiro colocado Nelson Piquet quatro décimos atrás. Equipado com os novos pneus Goodyear de 15'', a Williams colocou Jones e Reutemann logo em seguida. Laffite estava feliz com o seu sexto lugar, ao contrário de Tambay, sofrendo com vários problemas e ficando apenas em décimo primeiro. Andretti estava plenamente satisfeito com as alterações feitas em seu Alfa Romeo (já dedo de Ducarouge) e ocupava o sétimo lugar. Insatisfeito com a McLaren. Watson ainda conseguiu um oitavo lugar. De Cesaris foi vítima de um grande acidente na saída da curva Tarzan em que ele destruiu seu carro. Ileso, o jovem italiano disse que seus freios não funcionaram. O fato é que Ron Dennis se recusou a dar-lhe um carro reserva. Conta a lenda que os mecânicos da McLaren se recusaram a recuperar outro carro para De Cesaris e até ameaçaram uma greve. Fato era que o fim de semana do jovem italiano da McLaren havia terminado ainda antes da largada. 

Grid:
1) Prost (Renault) - 1:18.176
2) Arnoux (Renault) - 1:18.255
3) Piquet (Brabham) - 1:18.652
4) Jones (Williams) - 1:18.672
5) Reutemann (Williams) - 1:18.844
6) Laffite (Ligier) - 1:19.018
7) Andretti (Alfa Romeo) - 1:19.040
8) Watson (McLaren) - 1:19.312
9) De Angelis (Lotus) - 1:19.738
10) Patrese (Arrows) - 1:19.864

O dia 30 de Agosto de 1981 amanheceu com um clima agradável nas dunas próximas à Zandvoort, com um dia ensolarado. A questão dos pneus seria crucial e os dois pilotos da Renault escolheram tipos de pneus diferentes, com Prost escolhendo os pneus macios da Michelin, enquanto Arnoux iria com os duros. Piquet, Jones e Reutemann optaram pelos pneus mole da Goodyear. Melhorando cada vez mais o atraso dos motores turbo, Prost e Arnoux saíram muito bem e chegaram facilmente na frente na curva Tarzan. Jones e Piquet se aproximaram lado a lado na primeira curva e no fim, foi o australiano que teve vantagem. Mais atrás, Villeneuve larga como uma bala, mas acaba imprensado entre Giacomelli e Patrese. Seu carro decola, sai no chão e sai da pista em alta velocidade em direção ao cascalho. Felizmente todos evitam a Ferrari e Villeneuve só teve que caminhar de volta para os boxes. Reutemann ultrapassa Andretti na Gerlachtboch não sem antes bater na asa dianteira da Alfa Romeo. No mesmo local Pironi e Tambay batem e ambos tem que ir aos boxes com os carros danificados.

Prost abre uma pequena vantagem sobre Arnoux, que era ameaçado por Jones e Piquet. Jones assume a segunda posição na terceira volta, mas já estava 3s atrás de Prost. Sofrendo com a pouca aderência dos seus pneus duros, Arnoux é ultrapassado por Piquet na volta 5, com o brasileiro aproximadamente 2s trás de Jones. O australiano vinha num ótimo ritmo e se aproxima paulatinamente de Prost, com Piquet mais atrás, seguido por Laffite e Reutemann, que brigavam pelo quarto lugar. Prost e Jones eram os mais rápidos na pista e a cada passagem, faziam a melhor volta da corrida, com Jones menos de 2s atrás do francês. Na volta 19, Jones ataca Prost por fora na Tarzan, mas o francês resiste e os carros contornam a Tarzan roda a roda. Finalmente Prost mantém a posição. Mais atrás, no mesmo local, uma manobra teria reflexos decisivos no campeonato. Na entrada da Tarzan, Reutemann tenta uma manobra para lá de otimista em cima Laffite por dentro, batendo com força no lado direito da Ligier. O carro de Laffite voa antes de sair pelo cascalho. Um furioso Laffite sai do carro pela pista e dá um chute em um pedaço de carroçaria. Reutemann também estava fora da corrida, com sua roda dianteira esquerda quebrada. Líder do campeonato e no começo de uma corrida decisiva, essa precipitação de Reutemann lhe debitou pontos importantes que lhe fariam muita falta no final do ano!

O toque com Villeneuve na largada não sairia barato para Giacomelli e Patrese, com os dois italianos tendo a suspensão quebrada, sendo que Giacomelli teve muita sorte em sair ileso, pois sua suspensão quebrou a alta velocidade e o italiano saiu da pista muito rápido. Na volta 22, a triste corrida de Arnoux acabaria com o francês rodando, após perder várias posições por causa de sua escolha errada de pneus. Prost e Jones estavam para colocar uma volta em cima de Alboreto na saída da chicane de alta velocidade Panorama e o australiano aproveitou a oportunidade para passar por Prost. Jones imediatamente cola em Alboreto para se beneficiar do vácuo do italiano e segurar um ataque de Prost, mas o francês usa a potência do seu motor turbo para dar o troco no final da reta dos boxes, ainda se utilizando de Alboreto. O ritmo de Prost e Jones era tão forte, que com menos da metade da corrida, apenas os cinco primeiros permaneciam na volta do líder, mas Jones tinha forçado demais seus pneus e começava a perder terreno para o francês. Prost ganhava cerca de meio segundo por volta em Jones, enquanto Piquet vinha num solitário terceiro lugar, mais de 15s atrás de Jones. Watson vinha fazendo sua corrida sólida de sempre e já vinha em quarto, com Hector Rebaque sendo o último na mesma volta do líder, numa boa corrida do mexicano da Brabham.

Nas voltas finais, Piquet tenta um ataque em cima de Jones, mas é atrapalhado pelos retardatários. Faltando vinte voltas para o fim, Watson abandona com problemas eletrônicos em sua McLaren. Surer entra nos pontos com o abandono de Watson, mas era ameaçado pela Ensign de Eliseo Salazar. O chileno entraria na zona de pontuação nas voltas seguintes. Na curva Scheilvak, o pneu dianteiro esquerdo de Andretti explode, na volta 67. A Alfa Romeo saiu da pista e bateu contra a proteção de pneus com violência, antes de parar na grama, de cabeça para baixo. Embora consciente, Andretti estava preso em seu cockpit e os comissários correram em seu auxílio. Tirando algumas escoriações, o americano estava bem. Quem não estava muito bem era Jones, cujos pneus não suportaram o esforço que o australiano proporcionou a eles no começo da corrida e Piquet tirava 1s por volta. Faltando três voltas para o fim, Piquet aproveita o retardatário Salazar para ultrapassar um lento Jones e assumir o segundo lugar, lhe garantindo importantes pontos no campeonato. Alain Prost ganhou o GP da Holanda com autoridade, mas Piquet era o mais feliz depois da corrida, registrando seis importantes pontos no campeonato, num dia em que Reutemann zerou. Jones terminou em terceiro lugar e subia ao seu primeiro pódio desde Mônaco. Rebaque terminou em quarto lugar pela terceira vez em 1981, De Angelis terminou na quinta posição, enquanto o chileno Salazar marcou seu primeiro ponto na F1 e o último da Ensign. Prost saboreou plenamente esta vitória e desta vez não haveria quem dissesse que ele teve sorte nessa vitória, como havia acontecido depois  do GP da França. Melhor ainda, esta segunda vitória permitia ainda a Prost ter esperança de ganhar o título mundial. Um mês antes, Reutemann tinha dezessete pontos de vantagem na liderança, mas com o seu decisivo erro, ele estava empatado com Piquet, sendo que ainda haviam Jones, Laffite e o ascendente Prost no encalço do argentino. A temporada 1981 ainda estava muito aberta.

Chegada:
1) Prost
2) Piquet
3) Jones
4) Rebaque
5) De Angelis
6) Salazar

História: 40 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1976

A F1 chegava à Zandvoort com John Watson sem a sua famosa barba, fruto da aposta que fez com Roger Penske se vencesse uma corrida, além da volta da Ferrari ao paddock. Ainda se recuperando dos seus graves ferimentos, Niki Lauda convenceu Enzo Ferrari a não desistir do campeonato para ter uma chance de conquistar o seu segundo título. Porém, Enzo pensava que dificilmente venceria em 1976 e por isso contratou Carlos Reutemann para o resto da temporada, além da temporada de 1977, no lugar de Clay Regazzoni. Ainda com contrato com a Brabham, o argentino só estrearia em Monza, lugar onde Lauda estaria se preparando para fazer um retorno miraculoso. Apenas o dispensado Regazzoni representaria a Ferrari na Holanda. O principal rival de Lauda, James Hunt, utilizaria o antigo McLaren M23, enquanto Jochen Mass correria com o novo M26. Todo o cuidado era necessário para que Hunt conquistasse o máximo de pontos possível.

Hunt ficou com o melhor tempo na sexta-feira, mas o inglês teve problemas com seus pneus no sábado e não melhorou o seu tempo, perdendo, por muito pouco, a pole position para um surpreendente Peterson, que finalmente encontrava o acerto correto do seu March. O sueco não era pole havia dois anos e meio. A segunda fila tinha outra surpresa: ao volante do novo Shadow, Pryce ocupava a terceira posição, à frente de Watson, confirmando que a sua vitória austríaca não era fogo de palha. Com os pneus que ele escolheu, após polêmica entre Ferrari e Goodyear na sexta-feira, Regazzoni ficou em quinto lugar, seguido por Andretti e Brambilla. A Tyrrell estava decepcionante: oitavo e décimo quarto para Scheckter e Depailler, com o sul-africano reclamando do carro de seis rodas. Pace era nono, à frente de Laffite, Ickx, Reutemann e Nilsson. O grid estava muito apertado: os primeiros quatorze no grid estavam no mesmo segundo.

Grid:
1) Peterson (March) - 1:21.31
2) Hunt (McLaren) - 1:21.39
3) Pryce (Shadow) - 1:21.55
4) Watson (Penske) - 1:21.62
5) Regazzoni (Ferrari) - 1:21.85
6) Andretti (Lotus) - 1:21.88
7) Brambilla (March) - 1:21.88
8) Scheckter (Tyrrell) - 1:21.91
9) Pace (Brabham) - 1:22.03
10) Laffite (Ligier) - 1:22.06

O dia 29 de Agosto de 1976 amanheceu nublado no mar do norte, local onde ficava Zandvoort, mas se não havia chuva, havia muito vento que trazia muita areia das dunas para a pista, tornando a superfície bastante escorregadia. Insatisfeito com o seu carro, Jody Scheckter discutiu feio com Ken Tyrrell e o sul-africano confidencia a amigos que não ficaria na Tyrrell para 1977. Scheckter chegou a procurar Bernie Ecclestone para ficar com o lugar de Reutemann na Brabham, mas o negócio não saiu. Largando na pole após tanto tempo, Peterson mostrou que não tinha perdido a mão e sai muito bem na bandeirada, mantendo-se em primeiro, o mesmo não acontecendo com Hunt, que saiu muito mal e foi ultrapassado, por fora, por Watson na famosa curva Tarzan. Mais atrás, Laffite quebra seu Ligier numa tentativa de ultrapassar Scheckter, mas ambos permanecem na corrida.

Peterson não pôde escapar na frente e era pressionado por Watson e Hunt. Pryce vinha em quinto, mas logo é ultrapassado por Regazzoni, enquanto o quarto colocado Andretti rapidamente encosta no pelotão da frente. Watson tenta ultrapassar por dentro da Tarzan, mas Peterson joga dura e permanece na ponta. Quando o irlandês tenta uma tática diferente na volta 8, indo por fora, Watson acaba sendo ultrapassado por Hunt, enquanto Regazzoni encosta em Andretti, ultrapassando-o na volta seguinte. O suíço tinha apenas uma missão na Holanda: tirar pontos de Hunt para ajudar Lauda. Após ultrapassar Watson, imediatamente Hunt se aproxima de Peterson, enquanto também monitorava o terceiro colocado Watson. Na volta 12, Peterson derrapou em uma poça de óleo na curva Tarzan, abrindo a porta para Hunt assumir a liderança. Imediatamente, o sueco encontra-se sob a pressão de Watson, sendo ultrapassado na volta seguinte. Após se livrarem de Peterson, Hunt e Watson dispararam na frente, enquanto Regazzoni começava o ataque em cima de Peterson que, como havia feito nas primeiras voltas, se segurava como podia com um carro sem a mesmo velocidade dos seus rivais. Um tubo de refrigeração do freio quebrou no carro de Hunt, perturbando a função aerodinâmica da McLaren, enquanto Regazzoni conseguia ultrapassar Peterson na volta 19, com Andretti, Scheckter e Pryce logo atrás do sueco.

Com esse pequeno contratempo, Hunt não conseguia se livrar de Watson, que constantemente o atacava na Tarzan, mesmo que por fora, ajudando a defesa de Hunt. Perdendo muito tempo para ultrapassar Peterson, Regazzoni já vinha 6s atrás dessa briga, enquanto Peterson segurava Andretti, Scheckter e Pryce, 4s depois. Mesmo correndo sozinho, Regazzoni não conseguia se aproximar dos líderes, que se mantinha ocupados, brigando pela liderança da corrida. A corrida fica estável, até mesmo Peterson segurando sem maiores arroubos a Lotus de Andretti. Hunt se mantinha em primeiro, enquanto Watson já demonstrava sinais de impaciência, mas o irlandês não conseguia espaço para ultrapassar e tudo piorou a partir da volta 45, quando o câmbio da Penske de Watson começa a apresentar problemas nas marchas mais altas. A esperança de uma segunda vitória consecutiva para Watson acabariam na volta 48, com o seu câmbio definitivamente quebrado. Ao receber a placa que estava em segundo, Regazzoni aumenta o ritmo e marca a volta mais rápida da corrida, mas o suíço da Ferrari já estava 8s atrás de Hunt, com 25 voltas para o fim.

Após uma corrida bastante combativa, Peterson abandona na volta 52 com a pressão de óleo do seu March caindo a zero, elevando Andretti ao terceiro lugar, seguido por Pryce e Scheckter. Faltando quinze voltas para o fim, Hunt tinha apenas quatro segundos à frente de Regazzoni, com sua McLaren sofrendo com pequenos problemas. Cerca de oito segundos depois vinha Andretti, com um bom ritmo no final da corrida. Mesmo mais rápido do que Hunt, Regazzoni tirava apenas décimos de segundo, mas na volta 70 de 75, a diferença caía para perigosos 2s, enquanto Andretti era o piloto mais rápido da pista e se aproximava de ambos. Na penúltima volta, Regazzoni encosta de vez em Hunt, mas ambos se aproximam para colocar uma volta em Alan Jones. Hunt é mais esperto e deixa o australiano entre os dois na entrada da reta dos boxes, impedindo que Regazzoni pegasse o vácuo da McLaren. Rega reclama de Jones, mas aquele era seria seu único ataque sobre a liderança de Hunt. James Hunt ganhou o Grande Prêmio da Holanda nove décimos de segundo à frente de Regazzoni, com Andretti, em terceiro lugar, apenas dois segundos atrás do vencedor, no primeiro pódio do americano com a Lotus. Pryce terminou em quarto na sua primeira corrida ao volante do novo Shadow DN8, com Scheckter terminando num solitário quinto lugar e Brambilla finalmente marcando seu primeiro ponto na temporada. No dia do seu aniversário de 29 anos, James Hunt vencia pelo segundo ano consecutivo em Zandvoort, além de ficar apenas dois pontos atrás de Lauda no campeonato numa bela disputa que teve com Watson a corrida quase toda. Regazzoni fracassou em sua tentativa de tirar pontos de Hunt, que iria para Monza colado em Lauda no campeonato, pronto para tirá-lo da liderança. O que ninguém sabia era que o quase moribundo Lauda estava prestes a retornar a F1.

Chegada:
1) Hunt
2) Regazzoni
3) Andretti
4) Pryce
5) Scheckter
6) Brambilla 

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Figura(BEL): Fernando Alonso

Ano passado, primeira temporada da Honda com os novo motores híbridos, a corrida em Spa era sinônimo de desgosto para os seus pilotos, pois a falta de potência no rápido circuito belga significava várias ultrapassagens sofridas. Isso sem contar as várias quebras. Em 2016, Fernando Alonso parecia ter voltado ao ano passado, quando sofreu com vários problemas que o fizeram andar muito pouco, onde fez tantas trocas no motor, que perderia setenta posições no grid de forma teórica. Largando num incômodo último lugar, Alonso fez sua melhor corrida desde que voltou à McLaren. O espanhol largou melhor do que Hamilton, que estava na sua frente, e com os vários problemas que aconteceram nas primeiras dez voltas, rapidamente Alonso estava na zona de pontuação. Fernando fez uma prova magnífica com um carro que tem um ótimo chassi, mas com o motor com claro déficit de potências frente aos rivais. Porém, Alonso se segurava bem nas retas, principalmente na Kemmel, onde não era ultrapassado como no ano passado e numa cena que parecia inimaginável, o espanhol segurou a Williams com motor Mercedes com certa facilidade no final da prova, garantindo um ótimo sétimo lugar, principalmente lembrando o que a McLaren fez (ou não fez...) em 2015 em pistas como Spa. Mesmo ainda longe do lugar que é de direito, a McLaren-Honda prova que está no caminho certo após um início de parceria turbulento. Basta mais potência, que o talento de Alonso fará a diferença!

Figurão(BEL): Max Verstappen

Mesmo correndo com a bandeira holandesa, Max Verstappen não apenas na nasceu na Bélgica, como ainda mora no pequeno país europeu. Mesmo nutrindo uma imensa rivalidade, os dois países se uniram para torcer para o jovem piloto, colorindo Spa de laranja. Inicialmente, o fator casa fez bem à Verstappen, que quebrou outro recorde de precocidade com o segundo lugar que conseguiu no grid, sendo o mais novo a conseguir um lugar na primeira fila. Porém, esse foi o último bom momento de Max na sua corrida de casa. Ao contrário do histórico recente, onde as más largadas de Nico eram aproveitadas por quem estava próximo, Max Verstappen teve uma largada terrível e foi deixado para trás pela dupla da Ferrari. No pouco espaço entre a largada e a primeira curva, a apertada Source, Max resolveu arriscar tudo por dentro, colocando o seu carro no lado direito de Raikkonen. La Source já foi palco de inúmeros incidentes na primeira curva e a imprudência de Max Verstappen foi decisiva para a recuperação de vários pilotos, pois estragou a corrida do holandês, além dos dois pilotos da Ferrari. Porém, não parou por aí. Com a asa dianteira quebrada e sem aderência necessária, Max Verstappen não tirou simplesmente o pé e deixou os adversários passarem no seu caminho aos boxes. Mesmo sem a mínima condição, o piloto da Red Bull tentou brigar com vários pilotos, distribuindo fechadas e saindo da pista várias vezes de forma até perigosa. Com a corrida definitivamente acabada, Verstappen se envolveu em vários incidentes nas brigas que teve com Raikkonen (novamente...), Grosjean e Pérez, onde sobraram toques com todos eles. Largar em segundo e terminar fora da zona de pontuação não era o planejado por Max Verstappen, porém, a forma como guiou neste domingo mostra que seu enorme talento ainda precisa de mais maturidade para encarar momentos de adversidade durante as provas.

domingo, 28 de agosto de 2016

Aqui é Spa, meu filho!

A famosa frase de Murici Ramalho sobre os seus áureos tempos no São Paulo já foi utilizada aqui, sobre a pista de Spa, mas hoje vale a pena usar novamente. A pista de Spa Francorchamps nem precisa de chuva para proporcionar uma corrida emocionante e cheia de histórias para contar, mesmo que uma tenha sido bem perigosa, no forte acidente de Kevin Magnussen. As dez primeiras voltas aconteceram de tudo no Grande Prêmio da Bélgica, com vários toques e incidentes que ajudaram bastante Lewis Hamilton sair da última fila para o pódio, diminuindo bastante o prejuízo até mesmo calculado do inglês. A vitória de Nico Rosberg era ainda mais obrigação do que o ouro olímpico no futebol masculino no Rio de Janeiro e o alemão da Mercedes conseguiu sua vigésima vitória com imensa tranquilidade, seguido de Daniel Ricciardo.

Nas corridas da Inglaterra e na Alemanha, foi possível ver o fator casa definindo ou não a atuação dos pilotos anfitriões. Mesmo correndo sobre a bandeira holandesa, Max Verstappen é belga de nascimento e ainda mora no país. Contudo, os torcedores holandeses coloriram Spa de laranja e o jovem piloto da Red Bull estava tendo outro ótimo final de semana, incluindo outro recorde de precocidade quebrado (mais jovem a ocupar um lugar na primeira fila). Porém, a corrida de Max em 'casa' foi desastrosa do começo ao fim. Uma má largada fez com que Verstappen ficasse atrás das duas Ferraris, mas no pouco espaço entre a largada e a curva Source, Max resolveu colocar por dentro de Raikkonen, estragando a corrida do finlandês, de Vettel, que rodou ao ser atingido por Kimi, além da própria corrida de Verstappen, que teve que trocar a asa dianteira ainda na primeira volta. Mesmo não fazendo uma largada espetacular, Nico Rosberg se manteve tranquilamente em primeiro e com a confusão em que se meteram seus mais próximos perseguidores, Nico já tinha 4s de vantagem para o segundo colocado Nico Hulkenberg. Assim como na classificação, pareceu que Rosberg em nenhum momento forçou 100% do potencial dele e o do carro para vencer, acabando com a espetacular sequência de Hamilton, contudo, a subida ao pódio do companheiro de equipe da Mercedes deve ter estragado um pouco a festa de Nico. Hamilton fez uma largada cuidadosa, perdendo até mesmo a posição para Alonso, que largava atrás dele. Porém, os vários incidentes na primeira volta viram Hamilton rapidamente subir para 12º e com a bandeira vermelha, colocou os pneus macios, após largar com os médios. Lewis não fez uma empolgante corrida de recuperação, mas fez as ultrapassagens necessárias e soube aproveitar a situação para minimizar os prejuízos pela programada troca de motor que teria que fazer em algum momento na segunda metade da temporada. Hamilton largou pensando no sétimo lugar, posição que o mantinha na liderança do campeonato. Pois o inglês fez mais e ainda tem nove pontos de vantagem sobre Rosberg.

Daniel Ricciardo largou muito mal, mas o australiano contou com a 'ajuda' do seu companheiro de equipe para permanecer no pelotão da frente, logo assumindo o segundo lugar que manteve até a bandeirada. Com uma estratégia levemente diferente de Nico Rosberg, Ricciardo não ameaçou o alemão, mas se manteve solidamente em segundo, segurando bem o ataque de Hamilton quando o inglês ficou 1s atrás e com pneus mais macios. Ricciardo sofreu um baque com todo o sucesso de Verstappen, mas também fez com que o australiano crescesse e Daniel fez outra bela corrida, superando mais uma vez pelo menos um carro da Mercedes e subindo ao pódio, ficando cada vez mais consolidado no terceiro lugar do Mundial de Pilotos. Logo após bater nas duas Ferraris, Verstappen aprontou poucas e boas, principalmente na primeira volta, quando não tinha condições de andar rápido, mas nem por isso aliviou para cima dos seus concorrentes, fechando alguns pilotos, como Sergio Pérez e Valtteri Bottas, quando não tinha condições de fazê-lo. Depois, encontrou mais uma vez Raikkonen e os dois tiveram uma animada disputa onde Kimi ficou injuriado com as manobras de Max novamente. Verstappen errou a estratégia, colocando os pneus errados nos momentos errados e o resultado foi uma decepcionante 11º posição, não marcando pontos quando largou na primeira fila, além de mostrar alguma falta de preparo psicológico em vários momentos. Com 18 anos, Verstappen tem um talento incrível, mas precisa domar algumas vezes seus impulsos, para não criar momentos perigosos. A Ferrari tinha chance de andar até na frente da Red Bull hoje, mas o açodamento de Verstappen na primeira curva, mais uma curva bem fechada de Vettel na Source, que o fez ser tocado por Raikkonen, estragou o dia italiano. Vettel fez uma boa corrida de recuperação, mas foi apenas sexto, enquanto Raikkonen teve toques com Verstappen e Grosjean, além de mostrar pouca aptidão em ultrapassar. Os pilotos da Ferrari chegaram praticamente juntos em cima das Williams e da McLaren de Alonso. Vettel ultrapassou todos. Raikkonen, só passou Massa...

Se a Williams queria brigar pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores no começo do ano, em Spa a equipe mostrou que, de fato e de direito, não está nem mais em quarto lugar, ultrapassado pela Force India em pontos e em desempenho. Nico Hulkenberg poderia ter dado o pulo do gato quando era o piloto mais bem colocado com uma parada já feita, quando veio a bandeira vermelha e todos os carros puderam trocar de pneus. Hulk poderia ter conquistado seu primeiro pódio, mas o quarto lugar do alemão foi bastante comemorado, o mesmo acontecendo com Sérgio Pérez, que chegou 3s depois, mesmo tendo andado bem atrás do que o companheiro de equipe. A bela ultrapassagem de Pérez em Massa na Les Combes mostra bem que a Force India assumiu o lugar da Williams de segunda melhor equipe com motor Mercedes. A Williams fez uma corrida dentro da sua possibilidade, com Bottas sendo oitavo e Massa em décimo, com seus pilotos não sendo páreos para Vettel e Pérez, além de não ter conseguido ultrapassar a McLaren de Alonso. O rabugento espanhol fez a melhor corrida desde que entrou na McLaren. Largando em último, após ter um final de semana extremamente problemático, onde mal andou nos treinos, Alonso talvez tenha tido uma corrida ainda mais espetacular do que a de Hamilton, levou seu McLaren-Honda, ainda com sérios déficits de potência, ao sétimo lugar, na frente da Williams com motor Mercedes. Um ano atrás, um motor Honda na frente de um motor Mercedes seria impossível, por isso, palmas aos japoneses. O talento de Alonso e o equilíbrio do chassi McLaren fez o resto para conseguir o bom resultado. Button foi uma das vítimas da primeira volta e abandonou cedo.

A Renault tinha tudo para pontuar, mas o grave acidente de Kevin Magnussen trouxe a bandeira vermelha que juntou tudo novamente. O dinamarquês perdeu o controle na saída da Eau Rouge, batendo seco no muro de pneus, fazendo até a proteção da cabeça de Kevin sair voando! Miraculosamente Magnussen saiu do acidente apenas com um corte no tornozelo esquerdo, apesar de toda a desaceleração e do seu Renault ter ficado destruído. Jolyon Palmer estava na frente de Magnussen e quando os carros ficaram juntos após a bandeira vermelha, o inglês foi alvo fácil, sendo ultrapassado em sequência. Grosjean foi outro que andou numa posição pontuável, junto com o companheiro de equipe e ainda zerado no campeonato Esteban Gutierrez, mas perdeu rendimento durante a prova. Esteban Ocon estreou na Manor já andando na frente da Sauber de Nasr, que foi o último colocado. Mesmo com novo investidor, será difícil a Sauber sair do poço onde se encontra.

A corrida teve vários lances de emoção, com toques, belas disputas e até mesmo um sério acidente, mas entre vários carros danificados, salvaram-se todos. Nico Rosberg fez o que dele se esperava com Hamilton largando tão atrás, mas o alemão não deve ter ficado muito satisfeito com a eficiente corrida de Hamilton, que subiu ao pódio novamente, contra todos os prognósticos. Alonso fez uma corrida mitológica com seu McLaren. Ricciardo novamente separou as Mercedes. Foram várias ótimas atuações. Afinal, não é Spa que separa os meninos dos homens?

sábado, 27 de agosto de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio da Turquia de 2006

Assim como acontece nesse final de semana, dez anos atrás a F1 voltava de férias para a segunda corrida da história na Turquia, de longe, o melhor circuito projetado por Hermann Tilke. Com um clima muito quente, o circuito de Kurtkoy mostrava uma Ferrari tentando ainda se aproximar da Renault, porém, na primeira corrida na pista turca, os italianos sofreram bastante com os pneus Bridgestone, mas o regulamento era outro. A Honda finalmente vencia como equipe oficial, mas as condições em que Button venceu na Hungria fora totalmente atípica e dificilmente os japoneses repetiriam o feito num final de semana de tempo claro, quente e ensolarado. Nos bastidores, a Renault tentou reverter a decisão de FIA de tornar o seu amortecedor de massa ilegal, mas os franceses liderados por Flavio Briatore não conseguiram reverter a decisão.

Mesmo perdendo seu grande trunfo, a Renault esteve na briga pela pole, junto com as Ferraris e Raikkonen, já que Pedro de la Rosa, vindo do seu primeiro pódio na carreira, ficou no Q2. Felipe Massa vinha executando um bom final de semana e quando Schumacher marcou um ótimo tempo no final do Q3, após o alemão errar em sua primeira tentativa, parecia que Michael ficaria com a pole, mas Massa conseguiu uma volta incrível, batendo seu companheiro de equipe por quase quatro décimos de segundo, assegurando sua primeira pole na F1. Bom para a Ferrari, mas as Renaults de Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella estavam ameaçadoramente na segunda fila, em terceiro e quarto.

Grid:
1) Massa (Ferrari) - 1:26.907
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:27.284
3) Alonso (Renault) - 1:27.321
4) Fisichella (Renault) - 1:27.564
5) R.Schumacher (Toyota) - 1:27.569
6) Heidfeld (BMW) - 1:27.785
7) Button (Honda) - 1:27.790
8) Raikkonen (McLaren) - 1:27.866
9) Kubica (BMW) - 1:28.167
10) Webber (Williams) - 1:29.436

O dia 27 de agosto de 2006 estava quente e ensolarado em Istambul, com o asfalto em Kurtkoy beirando os 50ºC, numa corrida muito quente de F1, o que poderia afetar a estratégia das equipes. Se em 2005 foi visto um imenso congestionamento para se chegar ao circuito, o público turco não se animou muito com a F1 na segunda corrida otomana da história e o público foi pequeno, algo que marcaria toda a história do Grande Prêmio da Turquia. Brigando pelo campeonato, Schumacher sabia que a Ferrari faria toda a estratégia para que ele vencesse e até mesmo no Brasil havia um conformismo de que Massa, em algum momento, cederia sua posição para Schumacher. Massa largou bem, enquanto Michael atravessou a pista, em outra largada vertical do alemão, para defender a sua posição de Alonso. O espanhol quase efetuou a ultrapassagem, mas, em seguida, ficou espremido entre as Ferraris na curva um e recuou. Atrás dele o companheiro de equipe Giancarlo Fisichella rodou ao frear para evitar acertar Alonso e tudo ficou um pouco confuso no meio do pelotão. Christian Klien, da Red Bull, que era 10º no grid, largou bem, mas foi trancado na curva um e saiu de frente, mas conseguiu permanecer na pista. Kimi Raikkonen tentou evitar problemas, mas a McLaren, em seguida, foi atingida por trás pela Toro Rosso de Scott Speed. Isso resultou em um furo no pneu traseiro esquerdo do finlandês e ele teve que se arrastar de volta aos boxes, para abandonar logo depois. Nick Heidfeld foi atingido por Fisichella e perdeu a asa dianteira. Ralf foi outro a ter que trocar a asa dianteira, assim como Sato, que acabaria abandonando no começo da prova ainda pelos problemas na primeira volta, assim como Tiago Monteiro.

Enquanto isso, a Williams de Mark Webber foi para quarto e Jenson Button, da Honda, para o quinto lugar. O segundo Williams de Nico Rosberg também levou vantagem e subiu para sexto, enquanto Vitantonio Liuzzi escapou não se sabe como da confusão da primeira volta e levou seu Toro Rosso até o sétimo lugar. Na frente Massa liderava na frente de Michael e Alonso, com Button tomando o quarto lugar de Webber, mas já distante dos líderes. Liuzzi rodou na curva um e deixou seu Toro Rosso parado na volta 12, trazendo o safety-car para a pista. Enquanto o safety car estava na pista, vários carros aproveitaram a oportunidade para fazer suas primeiras paradas, incluindo os quatro primeiros. O líder da corrida Massa foi o primeiro e Michael teve que parar no pit lane e esperar. Enquanto isso, Alonso tem uma parada limpa e voltou à frente de Michael, em segundo lugar. Na relargada Massa novamente se manteve na frente, seguido por Alonso, Michael e Button. Rosberg, Klien, De la Rosa e Trulli eram os próximos, mas nenhum deles tinha parado. A tática da Ferrari havia sofrido um imenso golpe, pois agora a esperada troca de posições entre seus dois pilotos, marcada para a primeira parada, não aconteceria se Schumacher não passasse Alonso. E o espanhol sabia disso e na briga pelo campeonato, faria de tudo para separar as duas Ferraris. Kubica começava a mostrar talento ao fazer uma bela ultrapassagem em cima de Webber, enquanto Fisichella vinha se recuperando de sua rodada na primeira curva e já se aproximava da zona de pontos.

Aqueles que não tinham parado durante o período de safety-car começaram a fazer suas primeiras paradas, Trulli, Coulthard e Barrichello em primeiro lugar. Fisichella subiu para oitavo, seguido por Kubica. Michael errou na curva oito, saiu da pista e conseguiu voltar no caminho certo, mas perdeu alguns segundos para Alonso. Massa tinha uma corrida bastante solitária, correndo serenamente na frente. A diferença entre ele e Alonso era cerca de sete segundos e a mesma diferença separava Alonso e Michael. Apesar da velocidade aparentemente superior da Ferrari, a Renault estava segurando as pontas, devido ao talento do espanhol.  Massa, Alonso e Michael estavam trocando voltas mais rápidas na medida em que se aproximavam de suas segundas paradas. Barrichello conseguiu um belo vácuo de Webber na reta oposta e ultrapassou a Williams para ser sexto. Massa fez sua segunda parada e Alonso o fez também - o que foi um pouco surpreendente, uma vez que parecia que Alonso e Michael ficariam mais tempo na pista do que o brasileiro. Schumacher ficou na pista, tentando tirar a diferença para Alonso. Este seria o momento decisivo da corrida. Se Michael conseguisse ficar à frente de Alonso, a vitória seria dele, com Massa não tendo pudor em abdicar de sua primeira vitória para ajudar o companheiro de equipe e a Ferrari. Quatro voltas depois de Alonso parar, Schumacher fez sua parada e o mundo prendeu a respiração, mas o alemão voltou logo atrás da Renault, iniciando uma luta fratricida na última dúzia de voltas. A Ferrari era melhor nas freadas, mas Alonso era mais rápido nas curvas rápidas. Ele voava na curva oito, mas a Ferrari se aproximava novamente no final da volta.

Por via das dúvidas, Massa tirou o pé, se mantendo próximo da briga pelo segundo lugar, caso Schumacher conseguisse a ultrapassagem. Pelo segundo ano consecutivo, o Grande Prêmio da Turquia tinha emoção até o final em seu belo circuito. Alonso cometeu um pequeno erro e Michael quase aproveita, com o espanhol sofrendo com a deterioração dos seus pneus traseiros. Dez voltas, oito voltas para o fim, Michael e Fernando permaneciam implacavelmente colados, bem parecido com Imola em 2005, com o diferencial de que em Kurtkoy, havia pontos de ultrapassagem, mas como daquela vez, Alonso pilotou de forma sublime. Michael voltou a errar na curva 8, enquanto Button se aproximava da briga dos dois. Na penúltima volta Michael estava colado na traseira de Alonso, atacando nas curvas quatro e cinco, mas Alonso manteve-se na frente. Grande amigo do seu filho Popó Bueno, Galvão se emocionava na transmissão da Globo com a possível primeira vitória de Felipe Massa, que recebeu a bandeirada apenas 5s na frente de Alonso, com Schumacher colado. Foi outra excelente e emocionante corrida da temporada 2006! A batalha entre Alonso e Michael foi empolgante e Alonso manteve o sangue frio de uma forma notável. Com a Ferrari superior à Renault, Alonso nunca vacilou, lembrando-nos por que ele era o atual campeão. Era improvável que Button pudesse repetir a vitória na Hungria, mas ele chegou num respeitável quarto lugar para a Honda e Barrichello marcou o último ponto, em oitavo. De la Rosa teve outra corrida sólida para ser quinto, ainda mais com ele largando apenas em 11º. Depois de sua rodada no início da prova Fisichella, fez boa corrida de recuperação para ser sexto. Mesmo feliz pela vitória de Massa, Schumacher viu Alonso abrir doze pontos no campeonato, mas a corrida seguinte seria na casa da Ferrari, em Monza.

Chegada:
1) Massa
2) Alonso
3) M.Schumacher
4) Button
5) De la Rosa
6) Fisichella
7) R.Schumacher
8) Barrichello

Na conta do chá

Nico Rosberg está com a faca e o queijo na mão. Mesmo Red Bull e Ferrari estando menos de dois décimos atrás, o alemão contará amanhã com a punição de Lewis Hamilton e a pouca perspectiva de chuva em Spa para vencer neste domingo, recuperando alguns pontos de sua já considerável desvantagem no campeonato. Correndo praticamente em casa, Max Verstappen teve uma grande exibição e superou com folgas Ricciardo, além de ter ficado quinze centésimos apenas atrás de Nico.

Com Hamilton trocando quase tudo em seu motor, a graça da briga pela pole caiu muito, mas surpreendentemente Nico Rosberg viu seus adversários por perto. Porém, pareceu que o piloto da Mercedes não fez um grande esforço para ficar com a pole e se precisasse, tiraria mais do seu Mercedes para se tornar favorito destacado para vencer amanhã. Belga de nascimento e morando no país, Max Verstappen transformou Spa num reduto laranja e correndo em casa, o piloto da Red Bull brilhou e conseguiu um excelente segundo lugar, com um tempo próximo de Rosberg e superando com folgas seu companheiro de equipe Ricciardo. Especialista em Spa, incluindo quatro vitórias, Kimi Raikkonen ficou em terceiro e superou o seu cada vez mais mimado companheiro de equipe Vettel. O alemão sempre se inspirou em Schumacher, mas se voltarmos vinte anos no tempo, Michael raramente reclamava em público do seu carro e da Ferrari, o que não é o caso de Vettel, que reclama de tudo, ficando a cada dia mais parecido com outra lenda da F1 pelo mimimi: Alain Prost. Utilizando a potência do motor Mercedes, a Force India se colocou como a quarta força do final de semana, ocupando o lugar que seria da Williams. Massa vinha constantemente superando Bottas, mas um erro em sua volta rápida estragou tudo.

Com Hamilton largando em último (ou no pit-lane), não faltará ultrapassagens na corrida de amanhã, com Spa sofrendo com um inesperado calor e que pode mostrar muito desgaste de pneus durante a corrida, porém, Rosberg é o favorito e é o piloto mais pressionado neste domingo. Mesmo acossado por Verstappen e Raikkonen, Nico Rosberg tem a obrigação de vencer amanhã. Menos do que isso, mesmo tirando pontos da Hamilton, Nico terá fracassado de forma retumbante. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1996

Spa é e sempre foi uma das pistas favoritas de todos os pilotos da F1 e por isso, quando a categoria chega à pista belga, não importa o ano, logo são ouvidos os melhores elogios. Jacques Villeneuve chegou à outra pista desconhecida e o canadense aprendeu a pista de Spa utilizando o famoso jogo GP2... Era esperado um novo domínio da Williams, com Damon Hill sendo favorito, pois se o game GP2 era realmente muito divertido, provavelmente não era o simulador ideal para se preparar para uma pista desafiadora como era Spa.

O circuito belga também era muito marcante para Michael Schumacher, que cinco anos antes havia estreado na F1 marcando logo sua presença. Porém, nem mesmo o alemão estava imune aos problemas e Schumacher se acidentou fortemente na curva Rivage na sexta-feira, machucando o seu pescoço. Além da bela pista, o Grande Prêmio da Bélgica também se caracteriza pelo clima instável e quando a classificação estava prestes a começar, nuvens negras mostravam que a chuva poderia cair a qualquer momento. Villeneuve e Hill ficaram com a volta mais rápida em vários momentos durante a classificação e quando Hill estava pronto para ficar com a pole, a chuva veio e o estreante Villeneuve ficava com a pole. Schumacher veio atrás da dupla da Williams, mas 1s mais lento do que os dois primeiros.

Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:50.574
2) Hill (Williams) - 1:50.980
3) Schumacher (Ferrari) - 1:51.778
4) Coulthard (McLaren) - 1:51.884
5) Berger (Benetton) - 1:51.960
6) Hakkinen (McLaren) - 1:52.318
7) Alesi (Benetton) - 1:52.354
8) Brundle (Jordan) - 1:52.977
9) Irvine (Ferrari) - 1:53.043
10) Barrichello (Jordan) - 1:53.152

O dia 25 de Agosto de 1996 amanheceu com um clima ameno em Spa, com a chuva sempre à espreita, mas a corrida aconteceria todinha com pista seca e sol. Entre as novidades das equipes, a Williams inaugurava uma nova asa dianteira, onde os mecânicos poderiam fazer ajustes durante as paradas, claramente se inspirando na F-Indy. Mesmo não participando da briga pela pole, a McLaren tinha mostrado força nos treinos livres e a potência do motor Mercedes já chamava a atenção. Quando a quinta luz vermelha se apagou, Hill fez outra largada ruim e perdeu o segundo lugar para Schumacher e só não caiu para quarto, por que a apertada Source apareceu rapidamente e o inglês conseguiu segurar Coulthard. Mais atrás, a dupla da Sauber se tocou, com Frentzen e Herbert ficando fora da corrida, levando com eles a Ligier de Panis. Barrichello tocou em Irvine e o brasileiro teve que fazer um logo pit-stop no final da primeira volta.

Confirmando a potência do motor Mercedes, quando Hill e Coulthard apontaram na reta Kemmel, o escocês usou a força do motor Mercedes para ultrapassar Hill por fora na freada das Les Combes e subir para terceiro, deixando Hill apenas em quarto. Villeneuve e Schumacher corriam próximos lá na frente, enquanto Hill estava no meio das duas McLarens, sem chance de ataque. Villeneuve fritava o pneu constantemente na freada da chicane Bus Stop, estragando a estabilidade do seu Williams, além de deixar Schumacher próximo. Por incrível que pareça, Hill parecia estar segurando a McLaren de Hakkinen e a Benetton de Berger na briga pela quarta posição, enquanto Schumacher vinha apenas 1s atrás de Villeneuve, mas o canadense conseguia abrir nas retas. Na volta 11, Jos Verstappen entrou nos boxes reclamando que o seu acelerador não estava funcionando bem, mas a Arrows liberou o holandês após inspeção. Na volta seguinte, o holandês destruiu seu carro e as poucas imagens chegaram a assustar, mas Verstappen, fora o susto, estava bem. Porém, isso mudaria a corrida drasticamente.

Quando os carros completaram a primeira volta deles atrás do safety-car, Schumacher e Alesi foram para os boxes, enquanto Villeneuve não entendeu a mensagem da Williams e ficou na pista por mais uma volta. Quando Villeneuve não parou, a Williams mandou Hill entrar, mas daí perceberam que não teriam tempo para trocar toda a equipe de reabastecimento (Jacques e Damon tinham uma equipe cada) e mandaram o inglês ficar na pista, mas Hill já estava se preparando para entrar nos boxes, acabando que Damon perdeu ainda mais tempo. Resumindo, outra corrida jogada fora pelos homens do pit-wall da Williams. Durante as cinco voltas em que o safety-car ficou na pista, as McLarens não fizeram seus pit-stops, indicando que o time chefiado por Ron Dennis seria o único a parar apenas uma vez. Porém, o real líder era Schumacher, que abriu uma diferença de 2s em cima de Villeneuve nas primeiras duas voltas após a relargada, sendo que o canadense tinha ultrapassado Alesi logo após a relargada, na Source. Enquanto isso, Hill era apenas 11º colocado.

Na volta 20 Berger rodou na Bus Stop e Hill ganhou uma posição, passando a atacar Martin Brundle pela oitava posição, mas Hill, muito mais rápido com a Williams, não conseguia ultrapassar o compatriota. Os mesmos problemas aerodinâmicos que atrapalham as ultrapassagens hoje em dia, também faziam efeito vinte anos atrás. As duas McLaren pararam na metade da corrida, com Coulthard caindo para sétimo e Hakkinen para nono. Hill finalmente ultrapassou Brundle e entrou na zona de pontuação, enquanto Irvine abandonava pela sexta corrida consecutiva. Schumacher e Villeneuve estavam separados por apenas 2s, quando a segunda rodada de paradas começou. Com problemas de equilíbrio no seu carro, Schumacher parou primeiro. Villeneuve ficou duas voltas a mais na pista, chegou a sair da pista na frente do alemão, mas Schumacher vinha mais embalado na saída da Source e recuperou a primeira posição para não mais perde-la, até porque Villeneuve passou a ter problemas no motor Renault e tirou o pé. Numa corrida surpreendente, Schumacher conseguiu superar a Williams e venceu novamente em Spa. Os pilotos da Williams foram atrapalhados mais uma vez pela própria equipe. Após ótima corrida, Coulthard rodou e abandonou, fazendo com que Hakkinen subisse ao pódio, seguido de perto por Alesi. Após espetacular corrida de recuperação, Berger ainda marcou um ponto, chegando colado em Hill. Numa época em que a estratégia era feito na hora, a Williams se atrapalhou e Schumacher venceu contra todos os prognósticos.

Chegada:
1) Schumacher
2) Villeneuve
3) Hakkinen
4) Alesi
5) Hill
6) Berger

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Mais uma Olímpiada

Apesar de gostar infinitamente mais da Copa do Mundo, essas Olimpíadas no Rio de Janeiro foram marcantes pelos mais variados motivos, mas principalmente porque nunca mais teremos a oportunidade de ver dois eventos grandiosos como a Copa do Mundo ou a Olimpíada no nosso país.

Apesar de todos os problemas que todos nós passamos, no nosso dia a dia, não dá para dizer que as duas últimas semanas não forma divertidas, com direito a muito esporte. Mérito ao SporTV, que nos colocou à disposição dezesseis canais vinte e quatro horas por dia em HD. Quem estava em casa, sempre tinha as mais variadas opções, passando pelos tradicionais basquete, vôlei, natação e atletismo (meus esportes olímpicos favoritos), até mesmo o badminton e a esgrima. O Brasil teve sua melhor campanha na história, assim como medalhas de ouro surpreendentes, como no boxe e no salto com vara masculino. O futebol masculino finalmente ganhou seu ouro, mas num torneio mequetrefe, onde o Brasil só teve como maior inimigo a si mesmo.

Enfim, se passaram mais uma Olimpíada, com o diferencial que essa foi em nosso país. Foi legal ver Phelps e Bolt por aqui, mas para mim o que mais vale foi a perspectiva de daqui a quatro anos estaremos acompanhando novamente um novo ciclo olímpico e o quanto podemos fazer até Tóquio em 2020.  

domingo, 21 de agosto de 2016

De ponta a cabeça

Quando completou-se a primeira volta do Grande Prêmio da República Tcheca, com pista molhada pela primeira vez desde 1987 no circuito de Brno, a corrida parecia da Ducati, com Márquez conseguindo abrir diferença para os seus rivais do campeonato, com Lorenzo (mais uma vez) e Rossi sofrendo na chuva. O problema para Ducati foi que a chuva forte que caiu durante as provas de Moto2 e Moto3 parou e a pista foi secando, mesmo que bem lentamente. Isso proporcionou que toda a lógica das primeiras voltas fosse subvertida e vários pilotos vindo de trás conseguiram uma espetacular corrida de recuperação,  fazendo com que Cal Cruthlow conseguisse sua improvável primeira vitória na MotoGP, com Rossi em segundo e Márquez, grande beneficiado do dia em termos de campeonato, em terceiro.

A chuva havia parado quando os pilotos estacionaram suas motos no grid para a corrida de MotoGP, fazendo com que a direção de prova considerasse a corrida molhada, mas com a regra do 'flag to flag', onde os pilotos poderiam trocar de motos. Porém, o asfalto velho e ondulado de Brno fazia com que a pista permanecesse bem molhada nas voltas inicias, secando bem devagar. Quem se aproveitou dessas condições foram os pilotos da Ducati, com Iannone ficando na ponta, Doviziozo fazendo uma primeira volta espetacular, saindo da terceira fila para segundo, e com Scott Redding, piloto mais rápido na pista molhada, em terceiro. Os três andavam juntos e se destacando de Marc Márquez, pensando no campeonato e tentando amealhar o máximo de pontos possível, sofrendo pressão das duas Suzukis. E os pilotos da Yamaha? Se com Lorenzo já não é surpresa sua aversão ao piso molhado, desta vez até Rossi estava mal, abaixo do décimo lugar, juntamente com o abençoado Daniel Pedrosa. Ainda consigo me espantar ver Pedrosa ter uma vaga tão preciosa na MotoGP andar tão mal e a Honda renovar seu contrato até 2018...

Porém, a pista secava aos poucos e quem apostou nos pneus de chuva mais duros crescia na prova. Em especial, Cal Cruthlow. O inglês era o piloto mais rápido da pista e após chegar a andar em 15º, o piloto da LCR, equipe satélite da Honda que nunca havia ganho uma corrida, começou a escalar o pelotão de forma impressionante, sendo o piloto mais rápido da pista, muitas vezes superando em mais de 1s os pilotos da Ducati, que escolheram os pneus macios de chuva. E pagaram por isso. Doviziozo teve um problema técnico em sua moto, trocou de máquina, mas o italiano acabou abandonando. Iannone viu seus pneus acabarem e passou a ser atacado pelas Ducatis satélite de Redding e Barberá, enquanto Márquez fazia uma corrida de espera. Quem não esperava era Cruthlow que, na corrida de sua vida, na metade da prova já vinha num improvável quarto lugar. Não no mesmo ritmo de Cruthlow, mas igualmente escalando o pelotão, Rossi saía das posições intermediárias e ia ultrapassando quem via pela frente, fazendo com que a corrida tivesse contornos épicos. Mesmo completamente sem pneus, Iannone segurava Barberá e Cruthlow com sua raça e agressividade habitual, porém, os melhores pneus da ocasião fez com que Cruthlow conseguisse a ultrapassagem e disparasse na ponta. 

Ontem, na classificação, Márquez fez uma audaciosa ultrapassagem sobre Rossi em sua volta mais rápida, mas o italiano deu o troco na corrida, assumindo o segundo lugar, já que Barberá, no final da prova, perdeu rendimento. Mesmo Rossi sendo um rival de Márquez no campeonato, o espanhol da Honda não teve do que reclamar do terceiro lugar, pois perdeu poucos pontos para Rossi e ainda viu Jorge Lorenzo ter outra corrida horrorosa, onde trocou de moto duas vezes, acabando em último, uma volta atrás dos líderes. Lorenzo tem muita velocidade em piso seco, mas essa sua aversão à água impressiona, principalmente com Rossi, na mesma moto, ter exibições infinitamente melhores. Tirando os ovais, as corrida podem ter corridas nas mais diversas condições de tempo e um piloto completo, mesmo sendo um tricampeão, precisa correr bem em todos os modos de pista.

E Cal Cruthlow o fez. Piloto já em fase decadente, o inglês foi para a equipe LCR como se fosse uma última chance na carreira e ano passado quase não renovou, tamanho foi a quantidade de quedas e decepções, mas Cruthlow ficou mais um ano e nas três últimas corridas, com duas com tempo maluco, conseguiu dois pódios, sendo que em Brno, Cal foi ao alto do pódio pela primeira vez, superando duas lendas como Rossi e Márquez, além de ser o primeiro britânico a vencer na classe principal do Mundial de Motovelocidade desde a lenda Barry Sheene. Numa corrida com resultados surpreendentes (Loris Baz ultrapassou Barberá para ser quarto, enquanto Eugene Laverty já vinha próximo, em sexto), venceu quem apostou certo e saiu de trás para vencer de forma improvável. Foram vários pilotos que se destacaram hoje, mas todos os méritos para Cal Cruthlow.

sábado, 20 de agosto de 2016

História: 15 anos do Grande Prêmio da Hungria de 2001

Após uma folga de três semanas, a F1 retornava às suas atividades quinze anos atrás em Hungaroring, palco das corridas mais chatas daqueles tempos. Após a Williams dominar em Hockenheim, a equipe inglesa dificilmente repetiria o mesmo desempenho num circuito tão diferente quanto em Hungaroring. Michael Schumacher poderia ser campeão na Hungria, se vencesse a corrida, além de se igualar também à Alain Prost no quesito número de vitórias. Até mesmo um segundo lugar serviria ao alemão, mas o ferrarista dependeria de uma combinação de resultados. Durante a parada da F1, as novidades era que, após demitir Frentzen, a Jordan não aprovou o desempenho do piloto de testes Ricardo Zonta e contrata Jean Alesi, em litígio com a Prost. Alesi havia corrido pela equipe de Eddie Jordan na F3000 e próximo de se aposentar, voltaria à equipe em que começou a se destacar na Europa. Para o lugar de Alesi, a Prost trouxe Frentzen, já o contratando para 2002. O problema era saber se a equipe, em dificuldades financeiras, aguentaria até lá...

A classificação mostrou uma impressionante dominância de Michael Schumacher, com o alemão colocando nada menos do que oito décimos de segundo em cima do segundo colocado David Coulthard, enquanto o tempo da pole de 2000 era superado em mais de 3s. A guerra de pneus tinha derrubado os tempos de forma significativa em 2001. Coulthard precisava vencer se quisesse se manter vivo na briga pelo título, mas estava claro que o máximo que o escocês poderia fazer era adiar o tetracampeonato de Schumacher e ainda assim, estava muito difícil. Atrás de Coulthard vinha Rubens Barrichello em terceiro, com Ralf Schumacher ainda conseguindo um bom quarto lugar com seu Williams, mais afeito à circuitos de alta velocidade. Trulli mostrava seu forte ritmo em classificação ao colocar seu Jordan em quinto, enquanto Hakkinen lutou com seu carro em todo o final de semana, mesmo o finlandês gostando da pista onde venceu nos últimos dois anos, e era apenas sexto, à frente de Heidfeld, Montoya, Raikkonen e Villeneuve. Era a nona pole de Michael Schumacher em 2001 e da forma como tinha andado em todo o final de semana, o campeonato tinha tudo para ser definido na Hungria.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:14.059
2) Coulthard (McLaren) - 1:14.860
3) Barrichello (Ferrari) - 1:14.953
4) R.Schumacher (Williams) - 1:15.095
5) Trulli (Jordan) - 1:15.394
6) Hakkinen (McLaren) - 1:15.411
7) Heidfeld (Sauber) - 1:15.739
8) Montoya (Williams) - 1:15.881
9) Raikkonen (Sauber) - 1:15.906
10) Villeneuve (BAR) - 1:16.212 

O dia 19 de Agosto de 2001 amanheceu quente e ensolarado em Budapeste, fazendo com que a corrida em Hungaroring tivesse um cenário muito parecido com as corridas dos anos anteriores, o que significava uma corrida com poucas ultrapassagens, com as posições de pista sendo conquistadas principalmente devido à estratégias de boxes ou abandonos dos pilotos que vinham na frente. Portanto, a largada era especialmente importante na Hungria e Schumacher começou a ganhar o título quando tanto ele, como Barrichello largaram bem, o que não era o caso do segundo colocado no grid Coulthard, com o escocês ficando atrás de Barrichello. Atrás deles Ralf Schumacher estava em quarto à frente de Jarno Trulli e Mika Hakkinen. Eddie Irvine foi a primeira vítima da corrida ao atolar seu carro na caixa de brita logo na primeira curva.

A natureza da pista fazia com que fosse quase impossível ultrapassar e a corrida seria decidida principalmente na estratégia de pit stop. Jean Alesi, no entanto, conseguiu ultrapassar Pedro de la Rosa para tomar o 12º lugar do espanhol no início da corrida. Era a ultrapassagem única da prova até então... Os três primeiros construíram uma boa diferente em cima de Ralf Schumacher em quarto lugar, enquanto o quinto colocado Jarno Trulli estava segurando vários carros atrás dele. Como sempre, o ritmo de Trulli em corrida era bem inferior ao da classificação e num circuito como Hungaroring, azar de quem está atrás do italiano. A diferença entre os três primeiros era estática, em cerca de 2s, até a volta 11. Em seguida, Michael Schumacher começa a forçar (ou Rubens Barrichello diminuiu...) e quando a primeira rodada de pit stops se aproximou, Michael já estava mais de 13s à frente de Rubens Barrichello, com Coulthard colado no brasileiro. Na primeira rodada de pit stops, Coulthard conseguiu ficar à frente de Barrichello e durante algumas voltas parecia estar tirando a diferença que o separava de Michael Schumacher. Algumas voltas mais tarde, embora a diferença tenha se estabilizado, Rubens Barrichello começou a alcançar Coulthard. Atrás deles, Ralf Schumacher ficou isolado em 4º lugar, no entanto, Mika Hakkinen conseguiu passar Trulli durante as paradas e começou a fazer algumas voltas rápidas, conseguindo se aproximar de Ralf. Atrás de Hakkinen, a dupla da Sauber estava lutando por uma posição à frente de Montoya.

Na segunda rodada de pit stops, Barrichello conseguiu tomar o segundo lugar de volta de Coulthard quando o escocês teve um pequeno problema com o reabastecimento durante o seu pit stop. Michael se manteve na liderança e com Barrichello atrás dele em segundo lugar, era o resultado perfeito para a Ferrari para ganhar não apenas o título de pilotos com Schumacher, como também o de construtores com ampla antecedência. Hakkinen finalmente colava em Ralf Schumacher depois de marcar a volta mais rápida da corrida, mas por mais que Mika tentasse, ele não conseguia encontrar uma maneira de ultrapassar, principalmente devido potência superior do motor BMW nas retas. Estranhamente, Hakkinen faz um rápido reabastecimento na volta 72, provavelmente devido a um erro durante a sua parada, mas ele manteve o quinto lugar. Schumacher liderou a prova de ponta a ponta e nas voltas finais, permitiu a aproximação de Barrichello, com Coulthard logo atrás. Schumacher recebeu a bandeirada em primeiro numa prova, como normalmente acontece em Hungaroring, sem emoções, mas cheio de significados históricos. Schumacher se igualava à Alain Prost no quesito títulos (quatro) e vitórias (51), sendo que no caso de vitória, o alemão se tornava o maior vencedor da história, enquanto a Ferrari ganhava o Mundial de Construtores. Se em 2000 o alemão barbarizou, em 2001 Schumacher foi ainda mais perfeito. Muitas vezes a Ferrari não tinha o melhor carro, com a Williams se firmando como a mais forte nos circuitos rápidos e a McLaren se destacando nos circuitos dependentes de aerodinâmica. A Ferrari era o carro mais equilibrado, mas o fator de desequilíbrio em 2001 tinha nome e sobrenome: Michael Schumacher.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Coulthard
4) R.Schumacher
5) Hakkinen
6) Heifeld 

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

História: 30 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1986

Quando abandonou a F1 pela primeira vez sete anos antes, Niki Lauda deixou a torcida austríaca órfã de um ídolo e o público foi pequeno nos seus anos fora, porém, desta vez o definitivamente aposentado Lauda deixou um herdeiro na figura de Gerhard Berger. O jovem austríaco vinha fazendo uma ótima temporada na Benetton em 1986 e já chamava a atenção da Ferrari, após os italianos falharem em contratar Senna e Mansell. Isso, seria para 1987. Para 1986, Berger pretendia utilizar a potência do motor BMW na ar rarefeito de Zeltweg para vencer pela primeira vez na F1 à frente dos seus torcedores. Falando em motor, a McLaren começava a sofrer com a falta de desenvolvimento da Porsche entrou numa negociação com a Renault. 'Falta-nos motor', choramingava Prost, mas a Elf, parceira de longa data da Renault, não gostou muito da ideia da rival Shell usar a tecnologia da Renault e negociação emperrou, mas fazendo com que Ron Dennis e Mansour Ojjeh pressionasse a Porsche por um maior desenvolvimento nos motores. Dias antes de começar os treinos na Áustria, a F1 via o retorno de Didier Pironi à categoria num teste com a AGS após quatro anos. Pironi pensava seriamente em voltar à F1 e negociava com a Ligier para substituir Laffite em 1987.

Como esperado, o motor quatro cilindros da BMW tinha vantagem sobre os V6 de Honda, Porsche e Renault por causa dos seus turbos maiores e combinado com o ar rarefeito, a Benetton-BMW dominou a classificação. Na sexta-feira, Derek Warwick sofreu um sério acidente após a explosão do seu pneu, fazendo a Pirelli quase abandonar o final de semana. Porém, para tristeza da torcida local, Fabi roubou a pole position de Berger, com dois décimos separando os carros coloridos na primeira fila. Rosberg foi o mais rápido na sexta-feira, mas ele caiu para terceiro no dia seguinte. A McLaren mostrava velocidade, mas muito desequilíbrio nas subidas e descidas de Zeltweg, com Prost apenas em quinto. Patrese era quarto com o Brabham, se aproveitando do motor BMW, mas poderia ter sido melhor se o seu motor não tivesse explodido na sessão de sábado. Recuperado do seu acidente na véspera, Warwick foi o décimo e marcou a velocidade máxima do final de semana (345 km/h). A Williams-Honda foram afetadas por uma série de problemas mecânicos e Senna, insatisfeito com o acerto do seu carro, era apenas oitavo.

Grid:
1) Fabi (Benetton) - 1:23.549
2) Berger (Benetton) - 1:23.743
3) Rosberg (McLaren) - 1:23.903
4) Patrese (Brabham) - 1:24.044
5) Prost (McLaren) - 1:24.346
6) Mansell (Williams) - 1:24.635
7) Piquet (Williams) - 1:24.697
8) Senna (Lotus) - 1:25.249
9) Alboreto (Ferrari) - 1:25.561
10) Warwick (Brabham) - 1:25.726

O dia 17 de Agosto de 1986 amanheceu com sol forte e muito calor em Zeltweg, um clima perfeito para uma corrida de F1, mas isso não fez lotar o circuito como no auge de Niki Lauda. Porém, havia um bom público para torcer para Berger. Mansell foi o mais rápido no warm-up, que foi marcado pela explosão do motor de Patrese, que causou um grande incêndio e inutilizou o carro do italiano, fazendo com que a Brabham cedesse o carro de Warwick para Patrese, enquanto o inglês assistiria a corrida pela TV. Era a segunda pole de Fabi, que largou pessimamente em Nürburgring em 1985 quando esteve em primeiro no grid e o italiano não aprendeu a lição em Zeltweg, perdendo facilmente a primeira posição para Berger na largada. Mais atrás, Rosberg é ultrapassado por Prost e a dupla da Williams, enquanto Patrese larga muito mal e cai para 11º. Num circuito famoso pelas largadas caóticas, fora Dumfries ter perdido a asa dianteira, todos estavam ilesos para as 52 voltas da corrida.

A dupla da Benetton mantinha um ritmo forte e se destacava na frente, enquanto duas brigas aconteciam mais atrás, com Mansell atacando Prost pela terceira posição e Rosberg pressionando Piquet pela quinta posição, com Senna mais atrás em sétimo. A corrida cheia de expectativa da Brabham, devido ao motor BMW, acabou ainda na segunda volta, com Patrese tendo o motor estourado. O terceiro no final de semana... Senna tinha um carro tão desequilibrado, que fez sua parada para trocar pneus ainda na oitava volta, com desgaste precoce de pneus, caindo para 14º, num mal final de semana da Lotus, já que Dumfries era o último. A dupla da Lotus abandonaria antes da volta 15, com problemas de motor. Dez segundos atrás dos líderes, Mansell tentava de todas as formar ultrapassar Prost, mas o francês se mostrava muito combativo e mesmo tendo reclamado do motor Porsche, o propulsor alemão estava segurando bem o rojão que era o motor Honda de Mansell, enquanto o aniversariante Piquet vinha 5s atrás do companheiro de equipe, com Rosberg logo atrás. Alessandro Nannini vinha numa ótima 12º posição quando a suspensão de seu Minardi quebrou, fazendo o italiano entrar no meio de um milharal, numa cena típica da rural corrida austríaca.

Fabi vinha 2s atrás de Berger, mas sofria com um problema no câmbio, fazendo o italiano forçar seu motor ao limite para permaneceu próximo do companheiro de equipe. Na volta 17, Fabi se aproximou de Berger e ultrapassou o austríaco para... diminuir metros depois, com o motor quebrado. Fabi entraria para a história sendo o único piloto a ter pole (na verdade, duas) e nunca ter liderado uma volta sequer na F1. Sem Fabi, Berger tinha 18s de vantagem para a animada briga entre Prost e Mansell, enquanto Piquet foi trocar seus pneus na volta 19, iniciando a procissão de pilotos para os boxes. Na volta 26, Berger entrou nos boxes para o que aparentava ser seu pit-stop. Mesmo perdendo tempo para Mansell, parecia que Berger iria vencer pela primeira vez na frente do seu público. Porém, quando se preparava para voltar à pista, a bateria da Benetton morreu, fazendo com que os mecânicos perdessem um enorme tempo para fazer a troca da bateria, enquanto Berger lamentava a enorme chance perdida de vencer em casa. E seria a última... Mansell foi o último a parar e a Williams perdeu muito tempo para trocar o pneu traseiro direito, fazendo com que Mansell voltasse 11s atrás de Prost. Porém, nem tudo estava ruim para Mansell, quando Nelson Piquet, correndo num solitário terceiro lugar, vai aos boxes com a temperatura do óleo no vermelho, abandonando a corrida antes que o motor explodisse. Não era a comemoração ideal dos 34 anos de Nelson, mas Mansell não teria melhor sorte, quando o inglês encostou seu Williams na grama, com a transmissão quebrada.

Então, Prost se encontrou sozinho na ponta da corrida. Mesmo insatisfeito com o acerto do seu carro, Prost viu seus adversários caírem um a um e tinha 30s de frente do seu companheiro de equipe Rosberg, enquanto o terceiro colocado Alboreto vinha mais de um minuto atrás. A Ferrari vinha tendo um final de semana para esquecer em Zeltweg, mas a sorte, somada aos abandonos dos carros mais rápidos, fez com que a Ferrari estivesse na bica de conquistar um pódio, mas os italianos estavam tão mal, que brigavam a Lola-Hass de Jones e Tambay pelos pontos restantes. Depois da corrida, Stefan Johansson criticou bastante Tambay, que fez três paradas e ainda assim, terminou nos pontos. Querendo mostrar que tinha carro para vencer, Berger voltou à corrida várias voltas atrasados e se tornou o piloto mais rápido da pista, marcando a volta mais rápida da prova. Faltando menos de dez voltas para o fim, Rosberg abandonou com problemas eletrônicas em sua McLaren, fazendo com que a Ferrari, com uma volta de desvantagem, tivesse seus dois pilotos no pódio e quase se transformou em dobradinha, quando Prost parecia ter o mesmo problemas nas voltas finais, mas Alain conquistou sua terceira vitória na temporada, além de igualar à Juan Manuel Fangio. Em tempos de vacas magras, a Ferrari teve o prazer de colocar seus dois pilotos no pódio. A Lola-Hass comemorou seus dois pilotos nos pontos, enquanto Christian Danner marcar seu primeiro ponto na F1, com a Arrows. Com todos os seus rivais abandonando, Alain Prost foi o grande vencedor do dia, ficando apenas dois pontos atrás do líder Mansell. Apesar do choro por causa do motor...

Chegada:
1) Prost
2) Alboreto
3) Johansson
4) Jones
5) Tambay
6) Danner