terça-feira, 16 de agosto de 2016

História: 35 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1981

Zeltweg seria palco de mais uma batalha do campeonato mundial de 1981, mas os grandes favoritos daquele ano (Piquet e a dupla da Williams, Reutemann e Jones) não teriam os temidos motores turbo, que teria em Zeltweg a pista ideal para mostrar todo o seu potencial. Porém, o clima dentro da equipe francesa não era nada bom, com Arnoux vendo o novato Alain Prost tomando as rédeas da equipe e não ficando nada satisfeito com a situação, principalmente numa época em que os vários bons pilotos franceses da época lutavam para ver quem seria o primeiro campeão gaulês na F1. Outra equipe com dificuldade de relacionamento com seus pilotos era a Williams. Após sofrer com os motores em Hockenheim, a Williams fez vários testes em Silverstone para tentar encontrar o problema que fez seus dois pilotos terem dificuldades na Alemanha, mas a solução ficaria apenas com Jones, mesmo Reutemann sendo o líder do campeonato. Em plena negociação de contrato, Nelson Piquet queria um bom aumento, mas Ecclestone respondia ao brasileiro com o anúncio de Ricardo Patrese para 1982. Em plena decadência, a equipe Fittipaldi não participaria da prova austríaca por ter apenas um motor em condições de funcionamento...

Como esperado, a Renault dominou os treinos, sendo no mínimo 1s mais rápidos do que seus rivais. Arnoux obteve a pole position pelo terceiro ano consecutivo, três décimos de segundo à frente de Prost. Esta era a quarta pole consecutiva para a marca de diamante. Villeneuve teve que se esforçar para ser terceiro na sua desequilibrada Ferrari. O carro era estupidamente rápido nas retas, mas uma verdadeira calamidade nas curvas. Pironi perdeu tempo por causa de um acidente e ficou na oitava posição. A Ligier de Laffite ficou num excelente quarto lugar, mas Tambay não têm o mesmo desempenho e ficou apenas em 17º. O Reutemann e Jones colocaram a Williams na terceira fila. Piquet foi sétimo depois de quebrar um motor, enquanto Rebaque foi 15º. O Lotus 87 estava sofrendo bastante com os altos e baixos de Zelweg, mas De Angelis ainda conseguiu o nono lugar. A McLaren não conseguiu um bom acerto, enquanto Andrea de Cesaris sofria outro sério acidente em sua primeira temporada completa na F1, desta vez na curva Sebring. 

Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:32.018
2) Prost (Renault) - 1:32.321
3) Villeneuve (Ferrari) - 1:33.334
4) Laffite (Ligier) - 1:34.398
5) Reutemann (Williams) - 1:34.531
6) Jones (Williams) - 1:34.654
7) Piquet (Brabham) - 1:34.871
8) Pironi (Ferrari) - 1:35.037
9) De Angelis (Lotus) - 1:35.294
10) Patrese (Arrows) - 1:35.442

O dia 16 de Agosto de 1981 estava parcialmente nublado em Zeltweg, mas o público não era muito grande, tímidos desde a aposentadoria de Niki Lauda e o rendimento apenas mediado da Ferrari, já que o circuito era invadido pelos tifosi nos bons tempos da scuderia. Em 1980, a corrida foi decidida no consumo de pneus (pensam que isso só acontece hoje?) e no warm-up os pilotos com pneus Goodyear dominaram, ficando com as quatro primeiras posições. Gilles Villeneuve era conhecido por suas largadas 'à jato' e o canadense meteu sua Ferrari entre os dois carros da Renault na luz verde. Villeneuve e Prost ficaram lado a lado a reta inteira, mas o canadense ficou por dentro na primeira curva e subiu para primeiro, com Arnoux fazendo uma nova má largada e caindo para terceiro.

Somente Villeneuve conseguia guiar velozmente a Ferrari, mas seria muito difícil o canadense manter o ritmo dos carros da Renault nas 53 voltas de corrida e logo no final da primeira volta, Villeneuve derrapou na primeira curva e teve que cortar a chicane. Anos mais tarde, Ron Dennis exemplificava esse incidente no famoso entrevero de Senna e Prost em Suzuka/89, mas isso é outra história. Incrivelmente, como num caso de nado sincronizado, Reutemann fez a mesma manobra de Villeneuve logo em seguida, desta vez com o argentino evitando uma batida na traseira de Piquet. Villeneuve caiu para sexto e Reutemann desceu para a oitava posição. Sem a presença de Villeneuve, a Renault poderia dominar a corrida, já abrindo vantagem sobre Pironi, que tinha ultrapassado Laffite durante a primeira volta e no momento era pressionado pelo compatriota. A França tinha quatro pilotos nas quatro primeiras posições! Pironi segurava todo um pelotão atrás de si e em seis voltas, o piloto da Ferrari tinha 12s de desvantagem para Arnoux, em segundo. Piquet havia ultrapassado Jones na largada e estava colado em Laffite, que tentava de todas as formas ultrapassar Pironi, mas numa dessas tentativas, o piloto da Ligier acabou ultrapassado por Piquet, acabando com a quadra francesa nas primeiras voltas do Grande Prêmio da Áustria. Piquet imediatamente começou a atacar Pironi, mas o francês, talvez inspirado no seu companheiro de equipe, fazia das tripas coração para se manter em terceiro. Numa das tentativas, Piquet acabou perdendo impulso e foi ultrapassado por Laffite. Finalmente, na nona volta, Pironi cedeu e foi ultrapassado, quase que na sequência, por Laffite, Piquet e Jones. Contudo, Piquet avariou a minissaia de seu Brabham e perdeu um pouco de equilíbrio do seu carro.

Quando Laffite finalmente se livrou de Pironi, ele já estava 20s atrás de Prost e 16s de Arnoux, no que parecia uma corrida dominante da Renault. Porém, o ritmo forte dos carros amarelos foi a custo de muita borracha e o desgaste inevitável fez com que Laffite e Piquet, aos poucos, tirassem a diferença para os dois líderes. Quando Piquet viu que estava se arriscando demais em acompanhar o ritmo de Laffite, o brasileiro pensou no campeonato e começou a dosar o seu ritmo, enquanto o piloto da Ligier tirava 1s por voltas dos dois carros da Renault, que andavam separados por menos de 1s quando a prova se aproximou de sua metade. Porém, Laffite só teria que enfrentar uma Renault. Quando fazia o aproche da curva um, Prost teve a suspensão dianteira quebrada. Felizmente Prost não bateu em nada, mas estava fora da corrida, com Arnoux assumindo a ponta, mas sabendo que teria que enfrentar Laffite em algum momento da corrida. Piquet vinha 7s atrás de Laffite, tendo a mesma diferença para Jones, com Reutemann 5s atrás do 'companheiro' de equipe na Williams. Fazendo mais uma de suas famosas corridas de recuperação, Watson vinha em sexto, na posição de marcar pontos, mas um minuto atrás de Arnoux.

Na volta 33, mesmo após Laffite cometer um pequeno erro que quase o fez bater no no guard-rail, a diferença entre os líderes era de apenas 1s. Precisando se recuperar no campeonato, principalmente perante à Prost dentro da Renault, Arnoux não deixaria barato a primeira posição, enquanto Laffite ainda sonhava em entrar na briga particular entre Piquet e os pilotos da Williams na briga pelo título. E para isso, Laffite precisava ganhar. Enquanto isso, uma fumaça negra era vista em parte do circuito, quando o Alfa Romeo de Bruno Giacomelli rompeu em chamas, sem maiores problemas para o italiano. Como esperado, Arnoux vendeu caro a primeira posição, distribuindo algumas fechadas, enquanto Laffite andava no limite para tentar tomar a ponta. Na volta 39, quando encontraram os retardatários Derek Daly e Eliseo Salazar, Laffite aproveitou para assumir a ponta, faltando 14 voltas para o fim. Arnoux levou duas voltas para deixar Daly e Salazar para trás e quando se livrou dos dois retardatários, já tinha 3s de desvantagem para Laffite. Arnoux mantinha um ritmo forte, na esperança de alcançar e reabrir uma briga pela ponta, mas Laffite respondeu com a volta mais rápida da corrida. No fim, Jacques Laffite conquistou a quinta vitória da sua carreira, enquanto a Ligier, que não vencia há um ano, conseguia o primeiro sucesso de sua nova parceria com a Talbot-Matra. Arnoux foi segundo, conseguindo o seu primeiro pódio na temporada, mas o francês da Renault não estava satisfeito em ver uma chance de vitória ir embora. Prejudicado pela perda de uma saia, Piquet foi apenas o terceiro, seguido pelos dois carros da Williams, na ordem, Jones e Reutemann, mas o argentino teve muita sorte, porque seu motor quebrou nos metros finais! Watson ganhou o último ponto, também com problemas de motor em sua McLaren. Com essa vitória, somado ao sexto pódio em sete corridas, Jacques Laffite entrava de vez na briga pelo título de 1981. E Laffite agradecia ao seu amigo Jean-Pierre Jabouille, que no warm-up indicou ao compatriota usar os pneus macios da Michelin na traseira. A mesma combinação com que Jabouille venceu em 1980...

Chegada:
1) Laffite
2) Arnoux
3) Piquet
4) Jones
5) Reutemann
6) Watson

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