domingo, 14 de agosto de 2016

Maníaco olímpico

Andrea Iannone tem costurado em seu macacão a palavra MANIAC, demonstrando bem a personalidade desse italiano. Desde as categorias menores do Mundial de Motovelocidade, Iannone sempre mostrou muita velocidade e talento, mas junto desse pacote, mostrou também muita imprudência e falta de estratégia, muito provavelmente o motivo de nunca ter conquistado um título mundial, mesmo tendo velocidade para isso. Iannone normalmente supera seu compatriota e xará Doviziozo, mas graças às suas várias quedas, Iannone foi dispensado pela Ducati em 2017, cedendo lugar para Jorge Lorenzo. Mesmo machucado (por uma queda de motocross...), Iannone conseguiu reunir velocidade e estratégia para vencer pela primeira vez na MotoGP, além de dar a primeira vitória da Ducati em seis anos, numa corrida amplamente dominada pelos italianos.

Desde os treinos livres a pista de Red Bull Ring, antigo Zeltweg, se encaixou perfeitamente às motos da Ducati, porém, havia desconfiança de que Doviziozo e, principalmente, o poleman Iannone poderiam finalmente superar a dupla Honda e Yamaha. As primeiras voltas foram de tirar o fôlego, numa briga muito próxima dos seis primeiros, tendo as duplas da Ducati e Yamaha, além de Márquez e Maverick Viñalez. Márquez havia sofrido um forte acidente no treino livre ontem pela manhã, onde deslocou o seu ombro e, incrível, viu seu ombro voltar ao local num solavanco, quando vinha na garupa de uma moto! Porém, machucado e com menos tempo de pista, Márquez não teve ritmo para acompanhar os líderes e teve que se conformar com a quinta posição, tendo que segurar por algum tempo Viñalez. Márquez percebeu que, como hoje, quando não tiver condições de brigar pela vitória, quanto mais pontos marcar, melhor para o campeonato. E Márquez não se arrependeu de sua tática hoje.

Mesmo mantendo a Ducati próxima, a dupla da Yamaha não liderou nenhuma volta e Lorenzo sobressaiu-se sobre Rossi, ficando em terceiro lugar. Após três corridas simplesmente terríveis, Lorenzo comemorou o terceiro lugar, enquanto Rossi vê cada vez mais distante o décimo título. Mesmo em quinto, Márquez perdeu poucos pontos para os seus mais próximos perseguidores, enquanto a 'múmia' Daniel Pedrosa mal apareceu na corrida. Toda a tensão ficou na briga entre os dois Andreas, com Doviziozo liderando a maior parte do tempo, com Iannone sempre muito perto. A imagem da Argentina, com os dois pilotos da Ducati trombando na última volta (e que definiu a saída de Iannone) ainda estava bem presente para os dirigentes da Ducati, mas por incrível que pareça, Iannone, que fez uma aposta mais agressiva com os pneus, fez uma corrida tática, deixando-se ultrapassar por Doviziozo no primeiro terço de prova, o seguindo de perto a maior parte do tempo e fazendo uma ultrapassagem limpa. Com contrato com a Ducati em 2017, era esperado que Doviziozo fizesse alguma tentativa nas voltas finais, mas Iannone esteve perfeito, administrou sua vantagem e venceu com todos os méritos, dentro do clima olímpico. Como esperado, o clima latino fez da comemoração da Ducati bem agitada do que os contidos japoneses de Honda e Yamaha.

Desde os tempos de Casey Stoner a Ducati não tinha uma moto tão dominante quanto hoje e a marca italiana não apenas venceu, como conseguiu uma dobradinha, sem dar maiores chances para a Yamaha. Uma vitória grandiosa para a Ducati e um ótimo resultado para Andrea Iannone, que finalmente conseguiu mostrar a velocidade de sempre, mas um senso estratégico que mais parece o de Doviziozo.  

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