segunda-feira, 15 de agosto de 2016

História: 45 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1971

Apesar da morte de Jochen Rindt um ano antes, o Grande Prêmio da Áustria ainda tinha muito apelo popular, principalmente dos italianos, que cruzaram a fronteira para torcer pela Ferrari, no entanto, a situação do principal piloto da scuderia era bastante complicada no campeonato. Tendo vencido cinco das sete corridas de 1971, Jackie Stewart estava com a faca e o queijo na mão para se tornar bicampeão em Zeltweg. O desempenho ruim de Chris Amon em Nürburgring fez a Matra não aparecer na Áustria, se concentrando no novo motor que seria usado em Monza. A McLaren dispensou Peter Gethin, colocando em seu lugar o veterano Jackie Oliver, mas Gethin não ficaria muito tempo desempregado, partindo para a BRM, que estreava um novo motor, usado apenas por Jo Siffert. Aos 22 anos de idade e correndo em casa, um austríaco com resultados discretos na F2 e na F3 faria sua estreia na F1 com a March: Niki Lauda.

Com seu novo motor BRM, Siffert superou a Tyrrell de Stewart e as instáveis Ferraris para ficar com a segunda pole na carreira, dois décimos à frente de Stewart, que passou a maior parte do tempo com a pole, mas a perdeu para o suíço no final. Era também a primeira pole da BRM em seis anos! Cevert estava em constante progresso e conseguiu um ótimo terceiro lugar. Regazzoni foi o quarto com o mesmo tempo de Fittipaldi. Ickx ficou em sexto. Estes seis pilotos estavam mesmo segundo. Os demais pilotos da BRM não conseguiram ficar no top-10, mostrando que o novo motor utilizado por Siffert fazia muita diferença, enquanto Lauda estreava na F1 largando na última fila do grid.

Grid:
1) Siffert (BRM) - 1:37.44
2) Stewart (Tyrrell) - 1:37.65
3) Cevert (Tyrrell) - 1:37.86
4) Regazzoni (Ferrari) - 1:37.90
5) Fittipaldi (Lotus) - 1:37.90
6) Ickx (Ferrari) - 1:38.27
7) Schenken (Brabham) - 1:38.64
8) Hill (Brabham) - 1:38.70
9) Hulme (McLaren) - 1:38.88
10) Wisell (Lotus) - 1:38.95

O dia 15 de Agosto de 1971 amanheceu com muito sol e temperatura agradável no pequeno vilarejo de Zeltweg, num clima perfeito para uma corrida de F1. As contas para que o campeonato fosse decidido na Áustria eram simples. Para impedir o bicampeonato de Stewart, Ickx teria que ser no mínimo segundo colocado e o escocês não pontuar, enquanto que para o terceiro colocado no campeonato Ronnie Peterson, só a vitória interessava. O circuito de Zeltweg tinha uma reta estreita e cercada de guard-rail, fazendo com que as largadas fossem confusas, mas em 1971 não houve nenhum acidente. Stewart forçou tentando ganhar a primeira posição de Siffert, mas o veterano da BRM manteve a ponta, enquanto Regazzoni tentou ultrapassar o escocês por fora, sem sucesso, porém, Rega ultrapassa Cevert, enquanto Fittipaldi perdia duas posições, para Schenken e Ickx.

Stewart mantinha Siffert próximo, mas não tentava a ultrapassagem, provavelmente pensando no campeonato, enquanto Regazzoni e Cevert brigavam pelo terceiro lugar e Ickx segurava Schenken e Fittipaldi na briga pela quinta posição. O belga sofria com a instabilidade de sua Ferrari e era ultrapassado por Schenken e Fittipaldi, enquanto Cevert ultrapassava Regazzoni, mas era atrapalhado por Ganley, que tinha ido aos boxes com problemas no motor, e levava o troco de Regazzoni, num animada batalha pelo terceiro lugar. Infelizmente, a bela briga duraria apenas até a oitava volta, quando Regazzoni teve que abandonar com o motor quebrado. Cevert passaria a correr sozinho, 5s atrás do seu companheiro de equipe Stewart, que tinha 3s de desvantagem para Siffert. Em quarto, Schenken era pressionado por Emerson Fittipaldi, enquanto Ickx caía para 11º, com um problema de ignição do motor Ferrari, devido a um cabo solto das velas de ignição. O belga abandonaria na 31º volta, dando adeus às chances de título. Stewart mantinha-se em segundo, num ritmo mais brando por uma vibração na traseira de seu Tyrrell e ao saber que Ickx tinha abandonado, permite a aproximação de Cevert. Essa vibração poderia ter tido consequências trágicas, como se veria mais tarde. O outro postulante ao título, Peterson, era apenas oitavo, com problemas de dirigibilidade do seu March, algo que faria o estreante Lauda abandonar na volta 20.

Na volta 23, com o título na mão, Stewart cede passagem à Cevert, que com o seu carro em perfeitas condições, sai a caça de Siffert, 7s na frente. Apesar dos esforços de Cevert, Siffert continuava a ser o mais rápido na pista e aumentava sua vantagem sobre o Tyrrell. O suíço era atrapalhado pelos retardatários, mas Cevert negociava de forma ainda pior com os carros mais lentos, ficando ainda mais para trás. Emerson tentava de tudo para ganhar a quarta posição de Schenken, mas o piloto da Brabham resistia bravamente. Em outra briga entre pilotos da Lotus e da Brabham, o veteraníssimo Graham Hill segurava bem o impetuoso Reine Wisell, na briga pela quinta posição, mas o sueco logo ultrapassaria Hill e aumentaria a vantagem, porém Wisell já estava longe do companheiro de equipe. Após longa disputa, Emerson ultrapassa Schenken na volta 32, assumindo quarto lugar e despachando o australiano, mas o brasileiro logo ganharia uma posição, quando a roda traseira esquerda de Stewart ganha vida própria perigosamente na curva Texaco, fazendo o escocês sair da pista. Era o primeiro abandono de Stewart na temporada 1971, mas o seu título estava praticamente ganho. Após marcar a volta mais rápida da corrida, Siffert enviava um sinal para Cevert, de que a corrida era sua. Vendo o companheiro de equipe abandonar de forma até perigosa, Cevert diminui o ritmo, conformado com a segunda posição. 

Porém, François Cevert começa a ter problemas técnicos em seu carro nas voltas finais. Primeiro, a quarta marcha começa a não entrar, permitindo a rápida aproximação de Emerson Fittipaldi. Os dois começam a disputa pela segunda posição, com algumas trocas de posição, mas na volta 42 o motor de Cevert estoura, fazendo com que Emerson assumisse a segunda posição, com 27s de desvantagem para Siffert, líder soberano de toda a corrida. Porém, o box da BRM se assusta com o baixo ritmo de Siffert nas voltas finais. Um furo lento no pneu traseira do suíço fazia com que Siffert perdesse 3s por volta para Emerson. O box da BRM chega a sinalizar para Siffert entrar nos boxes e trocar o pneu, mas Jo permanece na pista, diminuindo nas curvas rápidas. Faltando duas voltas, a diferença entre os dois primeiros era de apenas 7s, mas o pneu de Siffert resiste e o suíço vence o Grande Prêmio da Áustria de forma dramática, com apenas 4s de vantagem. Mais uma volta e Emerson teria ganho a corrida. Esta era a segunda vitória na F1 de Siffert, o primeiro da temporada para a BRM. Fittipaldi conseguiu o melhor resultado da Lotus desde o início do ano. Schenken terminou em terceiro, dando à Brabham o seu primeiro pódio em um ano. Wisell foi quarto, à frente de Hill, que finalmente marcou seus primeiros pontos em 1971. Pescarolo levou o último ponto. Siffert conseguia seu único grand-chelem da carreira (vitória, liderança em todas as voltas, pole e melhor volta), diminuindo um pouco a tristeza da BRM pela recente morte de Pedro Rodríguez. Aos 32 anos Jackie Stewart se tornou campeão mundial pela segunda vez, se igualando ao compatriota Jim Clark. Stewart dominou a temporada, vencendo cinco das oito corridas, além de ajudar a Tyrrell a conquistar seu primeiro Mundial de Construtores. A parceria Stewart-Tyrrell entraria para a história da F1.

Chegada:
1) Siffert
2) Fittipaldi
3) Schenken
4) Wisell
5) Hill
6) Pescarolo 

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