quinta-feira, 30 de abril de 2015

Conquista para aparecer

Cinco de Janeiro de 2008. O Ceará entrava em campo no acanhado estádio de Horizonte para enfrentar o time local, que tinha acabado de subir para a divisão principal do campeonato cearense. Numa decisão estúpida da Federação Cearense de Futebol, o campeonato da primeira divisão de 2008 começaria no primeiro final de semana do ano, deixando os clubes grandes da capital sem pré-temporada. O Ceará tinha passado, de forma até surpreendente, pela série B de 2007 suavemente, sem maiores sustos, ao contrário dos dois anos anteriores, onde brigou para não cair, principalmente em 2005, onde só se livrou da série C com uma vitória redentora sobre o Vila Nova de Goiás na última rodada do campeonato. Naqueles tempos, as referências do Ceará eram Reinaldo Aleluia, Arlindo Maracanã e o goleiro Adílson, grande herói do título cearense de 2006, vencido pelo Ceará com um time medíocre, derrotando na ocasião os 'Galáticos do Nordeste', como os torcedores do Fortaleza chamavam o seu time. Porém, naquele começo de 2008, alguns jogadores não se apresentaram a tempo e as contratações ainda chegavam. Com um time remendado e com jogadores a léguas da forma ideal, o Ceará foi humilhado pelo Horizonte por 5x1, num baile de bola do time que acabava de sair da segundona cearense.

Mas como o Ceará teria moral para solicitar que suas 'estrelas' se apresentassem em forma ou no dia marcado? Salários atrasados eram regra em Porangabussu. A desorganização imperava com uma diretoria amadora, liderada por Eugenio Rabelo, mais conhecido pela sua loja de eletrodomésticos e por ter se elegido deputado graças aos votos da torcida, com o título de 2006. Numa reportagem da Placar, um jogador cearense que estava no futebol internacional, mas em sua periferia, dizia que 'não queria mais jogar em clubes como o Ceará, que não paga a ninguém'. Essa era a fama do Ceará. De mau-pagador, de clube sem estrutura e desorganizado. Dizia-se que o Ceará só tinha a sua torcida. E era verdade. Sem surpresa, o Campeonato Cearense de 2008 foi um retumbante fracasso e o Ceará nem para a final foi. O clima era tenso e Rabelo acabou defenestrado da direção do Ceará. Para o seu lugar, entrou o então diretor de futebol Evandro Leitão, jovem dirigente que segurou as pontas, com muita dificuldade, na maratona que é a Série B em 2007. Evandro assumiu o clube e foi logo afirmando que iria estruturar o clube 'com a ajuda da torcida'. O recado estava dado. No Brasil, o Internacional lançou seu programa de sócio-torcedor com sucesso e o clube gaúcho é hoje um dos mais ricos do Brasil justamente graças ao seu programa, que paga as contas do clube, mesmo não lotando o estádio todo jogo. Outros clubes imitaram os colorados e o Ceará, com algumas modificações, implementou seu programa de sócio-torcedor. Evandro pediu um voto de confiança e os primeiros sócios aderiram o programa.

Pelo segundo ano consecutivo, o Ceará atravessou a Série B sem problemas e iniciava 2009 com uma nova cara. Mais profissional. Um ano após o desastre em Horizonte, o clube se apresentava com praticamente todos os seus jogadores, incluindo as novas contratações, no PV. Eu estava lá. Havia esperança nos olhos da torcida. O ídolo Sergio Alves treinava chutes, mas alguns jogadores se destacavam, entre eles o volante Michel, vindo por empréstimo do Sport. Vindo da Ponte Preta, chegava o também volante João Marcos. Até então, as contratações do Ceará provinha de clubes pequenos do interior de São Paulo ou refugos de times da série B. Trazer jogadores de Sport e Ponte Preta, naquele tempo bem à frente do Ceará, era uma grande evolução. Contudo, mesmo com um bom time em campo, o Ceará acabou perdendo o título cearense de 2009 para o rival. Enquanto isso, chegava ao Ceará uma meia já veterano, de trancinhas no cabelo, chamado Geraldo. Adílson falhou fragorosamente num jogo que definiu a desclassificação do Ceará, em pleno Castelão, da Copa do Brasil frente ao Central de Caruaru e era contratado o goleiro Lopes, que assumiu a titularidade. Na esquerda, chegava o lateral Fabio Vidal, se juntando à Boiadeiro pela direita. O começo da série B foi desanimador. Várias derrotas e a lanterna nas primeiras rodadas. Seria outro ano de sofrimento? Naquela época, minha rotina me fazia acordar antes das cinco da manhã e por isso, não acompanhei muito os jogos do Ceará na série B e por isso, tinha um informante: um eletricista, que não perdia um jogo do Ceará. Ele me dizia: calma João, o time é bom, está jogando bem e quando acertar, vai embalar. A primeira vitória foi contra o São Caetano, no Castelão. O próximo jogo seria contra o Brasiliense. Fora. O Ceará passou o ano inteiro de 2008 sem vencer uma única partida fora do estado do Ceará. Era a síndrome da cancela. O Brasiliense estava no auge e conseguia trazer jogadores como Athirson. Estava chegando na parada de ônibus em plena madrugada, para esperar a rota da empresa, quando um rapaz me falou do jogo na noite anterior, em Brasília: 1x0 pro Ceará, gol de Geraldo. 

Fiquei surpreendido. Assim como foi surpreendente a arrancada do Ceará. Eram vitórias em cima de vitórias. Dentro e fora de casa. Contra o América de Natal, reestreava Mota. Mota, Motinha... Então com 28 anos, Mota tinha várias propostas de clubes brasileiros em 2009 e estava no auge da sua forma, mas preferiu o Ceará por ser torcedor do clube. Mota não fez muitos gols naquela campanha, mas sua inteligência tática, sua garra de torcedor dentro de campo e sua inteligência fez com que o Ceará marcasse os gols necessários para se aproximar do sonho, até então utópico, de subir à série A. Era o time do 1x0 ou 2x1. A defesa era o ponto fundamental da equipe. A zaga com Fabrício e Erivelton era a garantia lá atrás, mas à frente deles, havia o trio-de-ferro, com Michel, João Marcos e o truculento Heleno. PC Gusmão, querendo reaparecer no cenário nacional, montava o time de trás pra frente. E tinha sucesso na empreitada. A grande atração da série B daquele ano era o Vasco. Era certeza dos cariocas subirem, mas o Ceará mostrou sua força ao derrotar o time cruzmaltino em pleno Maracanã por 2x0. Uma vitória sobre o rival, que acabaria rebaixado, pôs o Ceará no rumo do acesso, que veio numa emocionante vitória sobre a Ponte Preta em Campinas, onde a torcida alvinegra colocou mais gente que a macaca. Era um sonho se tornando realidade. Mas Evandro Leitão e sua diretoria queria mais. Bem mais!

Após um Cearense conturbado, onde o Ceará perdeu o título nos pênaltis, havia a expectativa do primeiro jogo do Ceará na série A em dezesseis anos. Contudo, havia um porém. Em 1993, o Campeonato Brasileiro foi atingido por uma virada de mesa para que o Grêmio subisse para a primeira divisão e por causa de um regulamento confuso, o Ceará ficou num grupo com times médios e pequenos. Naquele ano, não enfrentamos Corinthians, Flamengo e outros gigantes do futebol brasileiro. Era a primeira vez que eu via o Ceará medindo forças contra os grandes times do Brasil e ao contrário dos pessimistas, que previam um rebaixamento vergonhoso, o Ceará fez um bom papel, se garantindo mais um ano na série A e ainda conseguindo uma inédita vaga na Copa Sul-Americana. Nos momentos de turbulência, quando o desastroso treinador Mario Sergio chegou a afirmar que o Ceará iria cair, a diretoria resolveu fazer uma aposta. Há muitos anos fora do país, no Oriente, Magno Alves parecia estar aposentado do futebol, mas aos 35 anos o Magnata retornou com o mesmo faro de gol dos tempos de Fluminense e com toda a sua classe, Magno garantiu os gols que deixaram o Ceará na série A. E arrebatava o coração da torcida alvinegra.

Porém, há uma hierarquia no futebol brasileiro. E o Ceará não está no topo da pirâmide. Cair para a série B, mais ano, menos ano, era até mesmo inevitável. E isso aconteceu em 2011, mas nem tudo foi perdido naquele ano. Recuperamos a supremacia no Estado e fizemos um ótimo papel na Copa do Brasil, só parando nas semifinais, ainda eliminando o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho durante a campanha. Foi o jogo mais emocionante no qual estive presente. Em 2012, o Ceará venceu a arrogância do Fortaleza em duas tensas finais de campeonato local, mas acabou naufragando na série B, onde a torcida, mal acostumada, dizia que 'subir era obrigação'. Ninguém é obrigado a ser campeão ou subir de divisão. Aprendemos a lição, mas o time de 2009, ainda com a espinha dorsal no clube, foi praticamente desfeita, só restando João Marcos e Mota, que fazia um ataque de sonho com Magno Alves, que retornava ao clube. Era o ataque MMA. Em 2013, o Campeonato do Nordeste estava de volta ao calendário e o Ceará era um dos favoritos ao título. Após perder de 2x0 pro Vitória em casa, o Ceará deu a volta por cima com uma goleada de 4x1 sobre o time baiano num jogo inesquecível. A semifinal parecia barbada: ASA de Arapiraca, ainda mais com o Ceará empatando em 3x3 no Alagoas. Na nova Arena Castelão, tudo parecia certo contra o time de Didira. Quando entrei no novo Castelão, exclamei: Provavelmente não conhecerei o Santiago Bernabeu, mas agora sei como é. Porém, havia algo de estranho no ar. Muita festa. Muita purpurina. E o resultado foi uma desclassificação alarmante em pleno Castelão lotado. A série B começou de mal a pior, mas a chegada do treinador Sergio Soares garantiu uma arrancada parecida com 2009 e fez a torcida sonhar novamente com o acesso, mas o Ceará falhou nos momentos decisivos.

Em seu ano do centenário, o Ceará montou um time forte com claros objetivos: ser tetracampeão estadual, campeão do Nordeste e subir à Série A. E o time parecia ter condições para tal. No meio campo, permanecia Ricardinho. Estreando no início de 2013, com pinta de de camisa 10, o maestro alvinegro logo tomou de conta da meia cancha alvinegra. No gol, chegava Luís Carlos, considerado o melhor goleiro da série B e tendo feito uma exibição de gala pelo Paraná contra o próprio Ceará num Castelão cheio. A zaga tinha Sandro, um negro alto, forte e cabeludo, que logo se tornou uma barreira na zaga alvinegra. João Marcos ainda era o pulmão da equipe, enquanto Magno Alves, ao lado de Bill, fazia gols em profusão. O tetra foi conquistado em duas tensas finais, com dois 0x0. Porém, na Copa do Nordeste o Ceará teve uma campanha irrepreensível, com direito a goleada em cima do Vitória por 5x1 no PV, mas a Copa do Nordeste escapou numa final contra o Sport e novamente com o Castelão lotado. Contudo o Ceará apareceu para o Brasil na Copa do Brasil. Num jogo inesquecível, o Ceará derrotou o Internacional por 2x1 em pleno Beira-Rio com autoridade, fazendo o mesmo no jogo de volta no Castelão. A crítica nacional ficou impressionada com a forma como o Ceará jogava, que naquele momento liderava com solidez a série B. Porém, a mesma Copa do Brasil que ajudou a propagar o nome do Ceará nacionalmente, destruiu os sonhos do Ceará em 2014. Num desastroso jogo contra o Botafogo, quando levou dois gols nos acréscimos, o Ceará foi eliminado da Copa do Brasil e degringolou na série B, perdendo a chance do acesso já nas rodadas finais, mesmo com o retorno de PC Gusmão.

O nome do Ceará aparecia nacionalmente muito bem. Foram duas semifinais na Copa do Nordeste. Duas bolas na trave para subir à série A em dois anos seguidos. Uma grande exibição na Copa do Brasil. Mas tudo no quase. O Ceará queria mais. Foram contratados alguns jogadores de forma pontual, como Uilliam Correia, Sandro Manuel, Eloir, Charles e Marinho. Luís Carlos permanecia fechando o gol. Ricardinho continuava brilhando no meio campo. E Magno Alves, maior artilheiro em atividade no mundo, continuava fazendo seus gols. O início da Copa do Nordeste foi turbulento, com o Ceará vencendo, mas sem convencer. O técnico Dado Cavalcanti parecia aquele professor que sabe muito, mas que os alunos não confiavam. Caiu. Entrou Silas Pereira, jogador de Copa do Mundo e treinador promissor, mas que queria voltar à aparecer no mercado de técnicos. Uma vitória sobre o rival encheu o Ceará de moral. Contra o Vitória, pela terceira vez no caminho do Ceará no mata-mata da Copa do Nordeste, o alvinegro fez duas grandes partidas, principalmente em Salvador e se qualificou para enfrentar o Bahia na final. O grande Bahia. Mas hoje o Ceará também é grande. Na verdade, sempre foi. E com duas vitórias, o Ceará conquistou ontem o maior título em sua centenária história. Em todo o país, se fala do recorde de público no Castelão. Voltando sete anos no tempo, ninguém poderia imaginar o Ceará do jeito que está. De uma fachada quebrada, feia e alvo de protestos da torcida, hoje o Ceará tem uma bela estrutura, elogiada por vários jogadores que por aqui passaram. Salário atrasado é coisa do passado e hoje os jogadores fazem questão de vir para cá, pois sabem que o Ceará é bom pagador. Se antes as contratações tinham nomes como Faeco e Juranílson, hoje somos capazes de deixar nomes como Marcos Aurélio e William no banco. Compramos um Centro de Treinamento que é um dos melhores do Nordeste. Mas a diretoria do Ceará quer mais. Quer construir um estádio e voltar à série A. E por lá ficar mais do que os dois anos do biênio 2010/11. Quer manter um clube saneado e que apareça para o Brasil como uma das forças do Nordeste, algo que se perdeu alguns anos atrás, mas hoje está genuinamente de volta. Se antes o Ceará tinha apenas torcida, hoje tem torcida, estrutura e bons times. Algumas vezes usei a primeira pessoa nesse texto e o motivo é muito simples: eu participei de tudo isso. Fiquei com raiva nas dolorosas derrotas, mas também vibrei muito no sucesso, pois amo o Ceará Sporting Club. No momento em que escrevo, tenho apenas três horas de sono, devido à emoção do jogo de ontem. Mas eu sei que ainda não acabou. Tem muito mais ainda por vir! 

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Memória seletiva

Alguns anos atrás, a FIA realizou uma pequisa em seu site com os fãs da F1 (e eu me lembro de ter participado) para saber o que a F1 precisava melhorar. E o clamor foi para que houvesse mais ultrapassagens. Todo mundo lembra de 2007 como um grande campeonato, mas a maioria das corridas foram monótonas, onde a torcida era para que a chuva movimentasse as provas. Uma comissão foi formada para tentar aumentar as ultrapassagens e foi criado o DRS, ou simplesmente a Asa Móvel, para que facilitasse as ultrapassagens. E funcionou. Ontem, Mark Webber veio a público dizer que esses artificialismos não faz bem à F1 e que deveria haver... menos ultrapassagens!

Porém, o DRS ou algo parecido, é inédito na história da F1? Nos míticos anos 80, no cockpit dos carros havia o botão de pressão do turbo, que aumentava ou diminuía a pressão do turbo nos potentes carros de então. Resumindo, se um piloto precisasse ultrapassar alguém, seja retardatário ou não, ou precisasse melhorar seu tempo, bastava aumentar a pressão do turbo. Se o caso fosse poupar o carro ou combustível, bastava diminuir a pressão do turbo nesse botãozinho mágico. Ou seja, para se ultrapassar 30 anos atrás, algumas vezes os grandes pilotos da época se valiam de um botão para ajuda-los. Alguém chamava isso de artificialismo?

Após o Grande Prêmio da China desse ano, o promotor local reclamou que a F1 atual não estava boa, pois 'uma equipe está dominando e vários times pequenos estão em crise, ao contrário do que acontecia quando a F1 chegou aqui'. Voltamos à 2004, ano do primeiro Grande Prêmio da China. Bernie Ecclestone e as demais equipes da F1 estavam de cabelo em pé pelo domínio acachapante de Michael Schumacher, que venceu treze corridas em 2004, conquistando o heptacampeonato com os pés nas costas, onde a Ferrari matou às rivais sem dó, nem piedade. No pelotão de trás, as coisas não pareciam tão promissoras, com Jaguar e Minardi colocadas à venda devido à crise...

Vejo nas redes sociais um clamor pela volta dos motores V8 e V10, mas ninguém lembra que no auge desses motores, principalmente do último, haviam problemas de competitividade, incluindo corridas muito monótonas, longe dos 'bons tempos'. Mas os 'bons tempos' eram tão bons assim? Nesse domingo tirei a manhã para assistir o Grande Prêmio da Espanha de 1990, já que não havia nada de melhor para fazer. Senna, em suas voltas de classificação fantásticas, ficou com a pole no apertado circuito de Jerez, mas no warm-up, Prost havia sido 1s mais rápido, demonstrando o quão bom estava a Ferrari no circuito espanhol. Começou a corrida e Senna mantém a ponta, com Prost e Mansell logo atrás. O francês era bem mais rápido com a Ferrari, mas não conseguia a ultrapassagem. Veio a primeira rodada de paradas e Prost resolve ficar uma volta a mais na pista e ganha a posição nos... boxes. Com pista livre, Prost passa a andar 2s mais rápido do que Senna, que acabaria abandonando. Naquele dia, os pneus Goodyear e Pirelli não suportaram em sua maioria o calor espanhol e boa parte dos pilotos pararam duas vezes. E foi só! Foi uma corrida monótona, onde senti falta do DRS e os pneus se desgastaram como hoje em dia. Mas ninguém ousa dizer que há 25 anos atrás, haviam corridas assim, pois todos preferem dizer que só haviam corridas boas naqueles tempos.

Hoje, um dos esportes favoritos de todos é malhar a F1, tendo rasgos de nostalgia, mas se esquecendo que nos 'bons tempos' haviam problemas, corridas monótonas e pedidos de melhorias. 

O DRS é uma ótima ideia, na minha opinião, mas sendo gerenciado de forma péssima. Nos anos 80, quem gerenciava o aumento ou diminuição da pressão do turbo dentro do cockpit era o próprio piloto, usando o seu feeling. Hoje, a forma de se utilizar o DRS, somente numa parte da pista e com o piloto menos de 1s atrás do outro, dá um quê de artificialismo, mas dando um número xis de oportunidades de uso do DRS (como é na Indy, quem inspirou essa ideia) para o piloto, deixando-o utilizar quando quiser, proibindo qualquer intervenção via rádio, seria muito mais interessante. E parecido com trinta anos atrás. Crises entre equipes menores sempre existiram e a F1 precisa se reinventar o mais rápido possível, mas a categoria sempre sobreviveu a essas crises. Se inspirando novamente na Indy, vejo as equipes grandes (Penske, Ganassi e Andretti) com até quatro carros. É uma ideia de melhoria, assim como há outras. Tenho fé de que a F1 sobreviverá a mais essa crise, apesar de muita gente por aí parecer torcer contra.

Há uma espécie de memória seletiva dos fãs da F1 hoje em dia. Há um vídeo no YouTube de 1993, onde Nelson Piquet dá uma entrevista à Jô Soares falando dos seus 'bons tempos', onde os carros quebravam mais, as corridas eram mais emocionantes e não havia um domínio tão forte de uma equipe. Sim, tô falando de 1993, não 2003 ou 2013. Vinte e dois anos atrás, reclamava-se de que as corridas estavam chatas e do domínio avassalador da Williams de Alain Prost. Algo parecido com hoje. Porém, todos gostam de lembrar de 1993 como um grande ano, de grandes corridas e onde tudo era bom na F1. Um ano antes, Ayrton Senna resmungava numa entrevista, mostrado no seu ótimo documentário, que a F1 estava se tornando uma competição entre engenheiros e a máquina estava se tornando mais importante do que os pilotos. Lemyr Martins dizia praticamente a mesma coisa numa reportagem sobre os grandes pilotos da F1 numa matéria de... 1978, na Revista Placar! Mesma reclamação do antipático Helmut Marko semanas atrás.

Semana passada estava assistindo, com muita nostalgia, a largada do Grande Prêmio da Itália de 2001. Motores V10, Schumacher na pista, motores gritando pela pista de Monza. Uau! Esses eram bons tempos. Porém, me lembrei das reclamações de quatorze anos atrás: corridas ruins, domínio da Ferrari de Schumacher... Somos realmente chatos e espero que daqui a quatorze anos, em 2029, nos lembraremos com saudades dos tempos de Hamilton, Vettel, Alonso, Button, Rosberg, Massa...

domingo, 26 de abril de 2015

Um novo jardim

O clichê era quase inevitável sobre a primeira vitória de Josef Newgarden na F-Indy, mas o jovem americano de 24 anos mereceu demais esse triunfo no Alabama, em Birmigham, se tornando o quarto vencedor diferente em quatro etapas até agora na temporada 2015. E foi agora na quarta etapa que a Indy nos proporcionou uma corrida de verdade, onde houve ultrapassagens na pista e fora dela.

Helio Castroneves largou na pole e ficou na ponta no início da prova. Newgarden havia largado entre cinco primeiros e numa largada relâmpago, pulou para segundo, andando no mesmo nível do piloto da Penske. O piloto da pequena equipe CFH, dos ex-pilotos Sarah Fischer e Ed Carpenter, assumiu a ponta pela primeira vez quando Castroneves teve problemas pela segunda corrida consecutiva em seu pit-stop, mas Newgarden mostrou a gana para vencer quando, em sua segunda parada, a equipe CFH demonstrou sua desvantagem para a Penske e Josef saiu dos pits atrás de Castroneves. Na relargada, Newgarden não tomou conhecimento de Helio e o ultrapassou na pista, esperando a estratégia se assentar para administrar como gente grande a liderança no final da prova, que teve emoção pelo eterno drama da Indy com relação ao combustível. Sempre me perguntei o porquê os estrategistas da Indy sofrerem tanto com relação à estratégia de combustível e na F1, nos tempos de reabastecimento, isso nunca ocorreu.

O fato foi que Newgarden, segurando a ponta com maestria, seguido por Scott Dixon, teve que diminuir seu ritmo para chegar até o final. A sorte do americano foi que Dixon também precisou fazer o mesmo, já que os motores Chevrolet, bem mais potentes que os Honda, também consomem mais. Graham Rahal, com motor Honda e fazendo uma corrida agressiva no final, não tomou conhecimento dos experientes Will Power, Ryan Hunter-Reay e Helio Castroneves e os ultrapassou um a um. Correndo em terceiro, Rahal parecia ter pouca chance de vitória, mas o americano que corre na equipe do pai, o lendário Bobby Rahal, imprimiu um ritmo fortíssimo, chegando a andar numa média de 2s mais rápido do que os dois líderes e se não alcançou Newgarden, ultrapassou Dixon na última volta, fazendo a primeira dobradinha americana na Indy depois de muitos anos. Se alguém saber a quanto tempo não temos dobradinha americana, os comentários estão aí para isso. O que importa é que Newgarden fez por merecer sua vitória. O jovem já correu na Europa, mas voltou aos Estados Unidos para correr na Indy, mas sem ser uma grande estrela, sempre correu em equipes pequenas, mas Josef mostrava talento e em 2015, ele andou na frente em praticamente todas as corridas e na primeira prova sem maiores intempéries, venceu com autoridade. Nova estrela surgindo? 

Dixon consolidou sua boa fase com o terceiro lugar, com Will Power ficando em quarto após uma corrida problemática no começo, onde foi ultrapassado por Newgarden na largada, por Pagenaud nas primeiras voltas, saiu dos boxes de forma temerária, colocando Takuma Sato para fora da pista e o australiano acabou sendo punido por isso. A Penske não teve um dos seus melhores dias, com todos os seus quatro carros tendo algum tipo de problema. Montoya fez uma corrida apagadíssima largando de 15º, mas teve sorte por não perder a liderança do campeonato, pois Helio Castroneves acabou tendo problemas na última volta e caiu de quarto para 15º, logo atrás de Montoya. Castroneves, após sua segunda parada, perdeu rendimento de forma assustadora, não tendo mais condições de brigar pela vitória, se segurando na terceira posição, mas acabou ainda mais atrás. A Andretti mostrou o quão é forte após um sábado muito ruim, onde os seus três carros não conseguiram boas posições no grid, e acabou com Hunter-Reay em quinto, seguido por Muñoz e Marco Andretti.

Com Montoya tendo um final de semana problemático e Helio Castroneves perdendo uma chance de ouro para assumir a liderança do campeonato (deve ser por isso que ele nunca foi campeão de nada...), a Indy chega no mítico mês de maio com o campeonato embolado, mas ainda com Penske e Ganassi mais fortes do que nunca para o resto do certame. 

Que pena...

Morreu nessa madrugada o espanhol Lucio Pascoal Gascon, mais conhecido como Tchê, uma das maiores lendas do kartismo nacional como preparador e chefe de equipe. Pelas mãos de Tchê, radicado no Brasil desde a década de 1960, passaram alguns dos melhores pilotos brasileiros da história, mas assim como Gerard Ducarouge, Tchê está sendo lembrado apenas como o 'preparador de kart de Ayrton Senna'.

Puxa, é uma grande injustiça com Tchê, pois além de Senna, o espanhol também teve parcerias com Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Chico Serra e Roberto Moreno. Porém, aqui no Brasil e principalmente para a Globo, automobilismo se resume à apenas Ayrton Senna, não sobrando espaço para mais ninguém. Não importou o que Tchê fez para o kartismo brasileiro, e foi muita coisa, mas só importa que ele preparou os karts de Senna. Não assisti, mas vi comentários, que no programa especial dos 50 anos da Globo desse sábado, quando se falou de F1, só Senna foi citado. E o Emerson, que abriu as portas e começou com tudo? E Nelson Piquet, tão tricampeão como Senna?

É um pequeno desabafo sobre, na minha opinião, é uma puta injustiça com vários representantes históricos do automobilismo brasileiro, mas deixados no rodapé da história por conta de uma estratégia de uma emissora, junto também, sem hipocrisia, com a família de Senna.

Porém, nesse momento e nesse post, só lamentar a morte de mais um dos grandes do esporte a motor brasileiro.   

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Destino diferentes

O blog do Rodrigo Mattar (Mil Por Hora) lembrou que hoje estão fazendo dez anos da primeira corrida da história da GP2. Após um período fértil no final do século 20, a F3000 entrou em crise com a introdução do novo carro em 2002 e a categoria, mesmo fazendo parte da programação de suporte às corridas europeias da F1, entrou em franca decadência. Apadrinhada por Flavio Briatore e Bernie Ecclestone, a GP2 surgiu em 2005 como uma substituta melhorada da F3000, onde levaria seus maiores destaques diretamente para a F1 com um chassi Dallara muito parecido com o carro da categoria máxima, além de um motor Mecachrome bastante potente, com a categoria permanecendo no programa de suporte à F1, mas desta vez correndo duas vezes por final de semana, uma corrida mais longa no sábado e outra mais curta no domingo.

Essa receita atraiu os pilotos mais promissores daquela época, além das equipes de base mais fortes da Europa. Porém, nem todos os pilotos que largaram em Ímola no dia 23 de abril de 2005 conseguiram sucesso em suas carreiras. Abaixo, um pequeno resumo do que fez e do que faz cada um dos 24 pilotos que inauguraram a GP2.

Scott Speed (EUA) - iSport - Piloto descoberto por Danny Sullivan, que na época trabalhava para a Red Bull, Scott Speed teve seu início de carreira atrapalhada por uma doença estomacal, que o fez chegar à GP2 sem grandes resultados na Europa, mesmo que todos soubessem que se tratava de um piloto muito rápido e isso apareceu na temporada inaugural da GP2, onde terminou o campeonato em terceiro lugar, com cinco vitórias. Speed subiu para a F1 no ano seguinte através da Red Bull, mas os dois anos do americano na Toro Rosso foram nada produtivos e Speed acabou mais conhecido por ser um piloto de difícil trato. Voltando aos Estados Unidos, Speed tentou a Nascar e o Rallycross. Também sem sucesso. Hoje Scott Speed corre na F-E, pela equipe Andretti.

Can Artam (TUR) - iSport - Piloto obscuro e sem grandes resultados na carreira, Artam foi piloto da tradicional equipe Super Nova na última temporada da F3000 e graças aos seus patrocinadores, conseguiu um lugar na boa equipe de Paul Jackson. Muito mais lento do que seu companheiro de equipe Speed, Artam só passou um ano na GP2 e ficou vários anos parados, só retornando à ativa em 2013, correndo no Campeonato turco de turismo.

Nelson Piquet Jr (BRA) - HiTech/Piquet - Filho do tricampeão Nelson Piquet e elevado pelo próprio pai como o maior talento brasileiro nos últimos tempos, Nelsinho Piquet teve uma carreira praticamente perfeita até a F3 Inglesa, onde foi campeão 26 anos após o pai. Sempre correndo com o esquema da família, que lhe propiciava do bom e do melhor, Piquet Jr garantiu o vice campeonato da GP2 em 2006 e estreou na F1 em 2008 pela equipe Renault, graças aos contatos do seu pai com Flavio Briatore. Porém, Nelsinho Piquet nunca repetiu na F1 o sucesso que teve nas categorias de base e acabou demitido da Renault no meio de 2009. Para explodir o 'Crashgate' em Cingapura, onde o brasileiro bateu de propósito, para ajudar a Renault dar a vitória para Alonso. Ileso pela delação premiada, a carreira de Nelsinho Piquet praticamente acabou ali. Um cigano das pistas, Nelsinho Piquet já correu de tudo quanto foi categoria e atualmente se divide entre a F-E e o Global RallyCross.

Xandinho Negrão (BRA)  - HiTech/Piquet - Filho de Xandy Negrão, piloto de muito sucesso na Stock Car nacional, Xandinho teve uma carreira parecida com a de Nelsinho Piquet, onde sua rica família lhe proporcionou sempre o melhor equipamento, mesmo que ao contrário de Piquet Jr, não se via tanto talento no representante da família Negrão. Após ser campeão sul-americano de F3 em 2004, Xandinho debutou na Europa logo na GP2, na equipe Piquet e por lá ficou por três temporadas, sem mostrar nada que fizesse subir de categoria. Seguindo os passos do pai, Xandinho Negrão foi para a Stock Car e hoje corre em categorias de turismo nacionais.

Ernesto Viso (VEN) - BCN - Piloto extremamente rápido e desastrado (parece ser a sina dos venezuelanos...), Viso chegou à GP2 após um bom ano na F3 Inglesa, mas nunca conseguiu transformar seu potencial em resultados concretos, ficando mais conhecido por um espetacular acidente em Magny-Cous na GP2 em 2007, onde escapou praticamente ileso por muita sorte, num acidente muito parecido com o que matou Marcos Campos em 1995 numa corrida de F3000. Graças aos seus patrocinadores, Viso conseguiu uma vaga como piloto de testes da Spyker em 2007 na F1, mas no ano seguinte Viso se mudou para os Estados Unidos, onde passou a ser conhecido como EJ Viso. O nome mudou, mas os resultados na Indy continuaram os mesmos e quando a grana dos seus patrocinadores acabou, o venezuelano  saiu da categoria e hoje corre numa categoria de pick-ups em pistas de terra.

Hiroki Yoshimoto (JAP) - BCN - Yoshimoto fez toda a sua carreira em seu país antes de debutar na Europa logo numa categoria forte como a GP2, mas como é bastante comum para pilotos japoneses, Yoshimoto mostrou muita velocidade e também predileção à acidentes. Após duas temporadas na GP2, Yoshimoto voltou ao seu país, onde corre até hoje no forte Campeonato Japonês de GT.

Giorgio Pantano (ITA) - Super Nova - Piloto muito rápido e talentoso, Pantano é considerado como um dos melhores pilotos de kart da história, mas como normalmente acontece com quem se destaca muito no kart, a vida de Pantano nos monopostos não foi tão gloriosa. Após um ano na F-Palmer Audi, Pantano subiu para a F3000, mas o italiano amargou os anos decadentes da categoria e ainda assim, não conseguiu ser campeão. Porém, graças a patrocinadores, Pantano conseguiu comprar um lugar na decadente Jordan e estreou na F1 em 2004, mas numa equipe ruim, o italiano pouco apareceu e se fez aparecer. Tentando dar um passo atrás e dois na frente, Pantano resolveu participar da nova GP2, mas só foi garantir o título na sua quarta temporada na categoria, já contando com 29 anos de idade. Pantano foi o primeiro campeão da GP2 a não subir à F1 no ano seguinte e após uma tentativa na Indy, hoje Pantano corre no Mundial GT.

Adam Carroll (ING) - Super Nova - Principal rival de Nelsinho Piquet e Bruno Senna na F3 Inglesa, Carroll tinha a fama de ser um piloto muito rápido e talentoso, mas sem o apoio necessário para subir na carreira. Talvez por isso, Carroll tenha tido uma carreira tão irregular, com ótimas vitórias, mas sem títulos. Carroll chegou a ser piloto de testes da BAR-Honda, mas não se segurou no programa da equipe e se tornou um cigano das pistas. Hoje, Adam Carroll corre no Campeonato Britânico de GT.

Nico Rosberg (ALE) - ART - Havia uma certa rivalidade na época entre Nico Rosberg e Nelsinho Piquet, sobre quem seria o primeiro herdeiro de campeão a chegar na F1. Piloto cerebral, Nico venceu o primeiro campeonato da GP2 e debutou na F1 no ano seguinte pela Williams, mas enquanto hoje em dia Nelsinho Piquet corre em categorias e pistas obscuras, Nico Rosberg é hoje uma das estrelas da F1, onde tem como principal rival o seu grande adversário do kart, Lewis Hamilton.

Alexandre Prémat (FRA) - ART - Piloto francês de ótimos resultados nas categorias de base, incluindo vitórias em Macau, Prémat chegou à GP2 como protegido de Nicolas Todt, um dos donos da forte equipe ART e principais agentes de piloto. Porém, Prémat acabou sendo vítima de sua própria equipe, pois viu seus dois companheiros de equipe (Rosberg e Hamilton) sendo campeões na GP2. Contratado pela Audi, Prémat se transferiu para o DTM em 2007 e também participou com a montadora das 24 Horas de Le Mans. Em 2012, Prémat fez uma mudança incomum em sua carreira, ao se transferir à tradicional V8 Supercar Australiana, mas sem grande sucesso.

Olivier Pla (FRA) - David Price - Rival de Prémat nas categorias de base francesa, Pla foi um piloto de ponta na F-Renault e F3, mas não chegou a ser campeão, porém, seus resultados lhe garantiram um ano na temporada inaugural da GP2, mas Pla ficaria conhecido por ter ficado parado no grid em várias corridas em 2005. Pla abandonaria os monopostos em 2006, após meia temporada na GP2 e a grana dos seus patrocinadores acabou, o francês se transferiu para as categorias de turismo e Endurance.

Ryan Sharp (ING) - David Price - Piloto inglês sem grandes resultados nas categorias de base, fez apenas um bom ano na F-Renault V6 e com isso, garantiu um lugar na GP2, onde acabaria ejetado na metade da temporada por falta de resultados. E grana. Sharp muda de foco e participa do WTCC em 2006, mas também sem sucesso. 

José Maria López (ARG) - DAMS - Argentino protegido pela Renault, onde fazia parte do programa de jovens pilotos, 'Pechito' López era um dos favoritos ao título em 2005 na GP2, após um bom ano na F3000 pela mesma equipe DAMS, uma das mais tradicionais das categorias de base europeias. Contudo, López não entrega os resultados esperados e no final de 2006 o argentino se transfere para o turismo local, se tornando uma lenda no TC 2000. Em 2010, com apoio do governo argentino, Pechito entra na roubada da US F1 Team e ainda perde seu lugar na TC 2000. Porém, López daria a volta por cima e em 2014 é contratado pela Citroën como piloto oficial da equipe no WTCC. Mesmo no seu primeiro ano na categoria, Pechito López se torna campeão mundial e hoje luta pelo bicampeonato.

Fairuz Fauzy (MAL) - DAMS - Surfando na onda de popularidade do automobilismo na Malásia na época, Fauzy andou nas melhores equipes da GP2, graças aos seus patrocinadores, sem nunca mostrar bons resultados. Seus apoios ainda lhe garantiram um lugar como piloto de testes da Lotus em 2010, mas Fauzy nunca estreou na F1. Ainda bem!

Mathias Lauda (AUT) - Coloni - Terceiro filho de Campeão Mundial de F1 na GP2, Mathias era de longe o pior herdeiro. O filho de Niki Lauda nunca mostrou um milionésimo do talento do pai e hoje corre de turismo. Como sempre, sem sucesso!

Gianmaria Bruni (ITA) - Coloni - Piloto agressivo e com resultados regulares nas categorias de base, Bruni foi adversário de Antonio Pizzônia nos tempos de F-Renault, e foi piloto titular da Minardi em 2004. Tentando fazer o mesmo movimento do compatriota Pantano, Bruni deu um passo atrás e fez parte da temporada inaugural da GP2, com uma vitória. Após outro ano na categoria, Bruni se mudou para o GT em 2007, sendo piloto oficial da Ferrari e conseguindo muito sucesso desde então.

Neel Jani (SUI) - Racing Engineering - Piloto da Red Bull, o suíço Neel Jani foi um cigano das pistas, com sua pilotagem certinha, mas sem grandes emoções. Jani chegou a ser piloto reserva da Toro Rosso em 2006, mas seu momento de destaque é o atual, onde é piloto oficial da Porsche no WEC.

Borja Garcia (ESP) - Racing Engineering - Rival de Fernando Alonso no kart espanhol, Garcia nem de longe conseguiu emulou seu adversário no automobilismo europeu. Borja Garcia foi campeão espanhol da F3 em 2004 com a Racing Engineering e por isso ganhou um lugar na GP2 em 2005, mas sem resultados de relevo, acabou dispensado, se transferindo à World Series, onde foi vice-campeão em 2006. Retornando à GP2 em 2007, Garcia teve resultados medianos, que o fez andar na malfadada Superliga, correndo por Sevilla e Sporting.

Juan Cruz Alvárez (ARG) - Campos - Praticamente desconhecido, Alvárez foi para a GP2 após dois anos pela equipe Campos na World Series. Sem resultados de relevo, Alvárez só fez esse ano na GP2 e em 2007 retornou à Argentina, onde corre nos fortes campeonatos de turismo portenhos.

Sergio Hernández (ESP) - Campos - Companheiro de equipe de Álvarez na equipe Campos na World Series em 2004, Hernández garantiu seu lugar na GP2 em 2005, com resultados um pouco melhores do que o companheiro de equipe, que lhe garantiram uma segunda temporada na categoria. Em 2007 o espanhol se muda para o WTCC e hoje corre no turismo espanhol.

Heikki Kovalainen (FIN) - Arden - Piloto de sucesso por onde passou, Heikki Kovalainen, que era rival de Kimi Raikkonen no kart nórdico, parecia ser o próximo grande piloto finlandês na F1. Parecia. Após ser campeão da World Series em 2004, Kovalainen era um dos favoritos ao título da nova GP2 e foi o primeiro vencedor da categoria, em Ímola, mas Kova acabaria derrotado por Nico Rosberg no final do campeonato. No entanto, isso não abalou a caminhada de Kovalainen rumo à F1 e o finlandês acabaria sendo piloto de testes da Renault em 2006, sendo efetivado no ano seguinte. Porém, esse foi o limite de Kovalainen, que nunca obteve o sucesso esperado na F1, mesmo sendo, ao lado de Nico Rosberg, o único desse grid da GP2 a ter conquistado uma vitória na F1, quando o finlandês correu pela McLaren. Hoje, Kovalainen corre no campeonato Super GT, no Japão.

Nicolas Lapierre (FRA) - Arden - Contemporâneo de Prémat e Pla, Nicolas Lapierre era uma das esperanças (que não deu certo) da França voltar a ter sucesso na F1. Após um bom ano de estreia na GP2, Lapierre era um dos favoritos para o título de 2006, mas um acidente em Mônaco o deixou de fora algumas corridas, mas o ano não foi perdido para Lapierre, que ajudou a França a vencer a A1GP. Em 2007, Lapierre, assim como Pla e Prémat, se transferiu para as corridas de Endurance, como piloto da Oreca e hoje o francês é piloto oficial da Toyota no WEC.

Clivio Piccione (MON) - Durango - Monegasco que tem nome que mais parece astro pornô, teve uma carreira regular nas categorias de base inglesa. Mesmo tendo vencido uma corrida na temporada de estreia na GP2, Piccione teve uma segunda temporada ruim na categoria e em 2007 o monegasco se transferiu para as corridas de turismo e GT, algo que faz até hoje.

Ferdinando Monfardini (ITA) - Durango - Italiano de carreira medíocre nas categorias de base europeia, conseguiu um lugar na GP2, após dois anos regulares na F3000, mas na nova categoria, Monfardini manteve os resultados medianos e em 2007 se transferiu para o turismo.

Vinte e quatro pilotos largaram para aquela corrida em Ímola com um claro objetivo: chegar à F1. Infelizmente, alguns pilotos talentosos não conseguiram o seu objetivo, por variados motivos, sendo o principal, a falta de investimento. Outros tinham investimento, mas não tinham talento. No final de 2005, apenas Speed, Rosberg, Jani e Kovalainen subiriam à F1, sendo que apenas Rosberg e Speed como pilotos titulares. E somente Nico Rosberg teve uma carreira de sucesso na F1. Os outros vinte e três pilotos tiveram diferentes destinos, alcançando sucesso em outras categorias ou se mantendo como piloto profissionais, mesmo que em categorias menos famosas. É o cruel funil da F1. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Panca da semana

O rapper sul-coreano Kim Jin-Pyo sofreu o susto de sua vida quando perdeu a freada no final do retão daquele circuito Yeongam, que sediou algumas etapas da F1, e deu de cara com um carro numa competição coreana. Felizmente, tudo bem com o rapper!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Figura(BAH): Kimi Raikkonen

Desde o seu título mundial de 2007, Raikkonen vem tendo uma relação conturbada com a Ferrari. Após dois anos apagadíssimos, Kimi se aposentou da F1 pela equipe italiana no final de 2009, mas o finlandês resolveu retornar à F1 através da Lotus com ótimos resultados, nos fazendo relembrar do velho Kimi de 2007 a ponto da Ferrari recontrata-lo. Porém, em seu primeiro ano nesse seu retorno à Ferrari, Raikkonen foi muito mal, deixando-se dominar por Fernando Alonso, fazendo os italianos relembrarem do Kimi desmotivado de 2008/09. Contudo, a saída de Alonso, a troca de boa parte da equipe Ferrari e o voto de confiança dado pelo novo chefe Maurizio Arrivabene melhorou o astral de Raikkonen e da mesma forma como a Ferrari mudou da água para o vinho em relação ao ano passado, Raikkonen teve o mesmo efeito e fez uma belíssima corrida em Sakhir. Usando de sua relação com o engenheiro James Allison, o mesmo dos tempos da Lotus, Raikkonen esteve cada vez mais à vontade e no Bahrein, usou a velha estratégia que fez dele o piloto sensação da Lotus em 2012/13. Sabendo que a Ferrari trata melhor os pneus do que a Mercedes, Raikkonen usou uma tática diferente dos prateados e de Vettel, Kimi colocou pneus médios no segundo stint de corrida e de forma surpreendente, andou no mesmo ritmo dos pilotos à sua frente, mas que estavam equipados com pneus macios. Quando Hamilton, Rosberg e Vettel colocaram os pneus médios, Kimi ficou na pista e colocou os compostos macios na última parte da corrida e se tornou o piloto mais rápido da pista, imprimindo uma bonita caçada aos dois carros da Mercedes, animando a parte final da corrida. Já com Rosberg na sua mira, Raikkonen nem precisou se esforçar muito, pois o alemão errou na freada da primeira curva e Kimi assumiu a segunda colocação, mas já era tarde demais para tentar alcançar Hamilton, mas quando Raikkonen recebeu a bandeirada, estava apenas 3s atrás do inglês da Mercedes. No seu stint com pneus médios, Raikkonen ficou lento nas voltas finais e, quem sabe, se tivesse parado um pouco antes, teria chances de alcançar Hamilton e brigar mais seriamente pela vitória no final. Se, se, se... O mais importante para todos é que o velho Kimi, que não subia ao pódio desde o GP da Coreia de 2013, está de volta, andando no ritmo de Vettel e ajudando a Ferrari a animar esse campeonato com corridas próximas à Mercedes.

Figurão(BAH): Pastor Maldonado

Ninguém duvida da velocidade de Pastor Maldonado. É algo que se pode provar pelos tempos marcados pelo venezuelano desde os tempos da Williams e sua vitória pontual em Barcelona/2012. Porém, quando nos lembramos de Maldonado, o que vem a mente não é sua velocidade. Desde que debutou na F1 em 2011, Pastor Maldonado vem se caracterizando como uma calamidade ambulante, capaz de se meter em confusões, mesmo em que não é o culpado. A agressividade do venezuelano é capaz de destruir não apenas a sua, mas também a corrida dos seus adversários ao longo dos últimos anos e no Bahrein, novamente Pastor aprontou das suas, por sinal, repetindo o que vem fazendo nas três corridas anteriores de 2015. Um ano após provocar a capotagem de Esteban Gutierrez na pista barenita, Maldonado conseguiu a proeza de errar o seu lugar no grid, fazendo-o ganhar uma das punições mais inusitadas da história, mas quando as cinco luzes vermelhas se apagaram, Maldonado continuou seu 'show', saindo da pista várias vezes, sendo rápido e ganhando posições, mas também se metendo em inúmeras confusões e por fim, ficando nas últimas posições graças a um problema em seu Lotus. Com zero ponto no campeonato e apenas uma bandeirada à vista, Maldonado não ajuda em nada a difícil situação financeira da Lotus, que necessita de pontos para melhorar sua posição (e situação financeira) no final do ano, mesmo o venezuelano custeando boa parte do orçamento da equipe com o seu patrocínio estatal. Mesmo sendo um gente boa, Maldonado parece não se importar muito com as críticas e conselhos que recebe, preferindo ouvir alguns bajuladores, que dizem que tudo está bem e que no final, Maduro continuará financiando sua acidentada carreira. Porém, como a Lotus vem sofrendo desde o ano passado, será que vale a pena ter um piloto tão rápido, mas tão errático e que não garante os pontos necessários para uma equipe independente? Seus acidentes, mais a sua simpatia, já faz de Pastor Maldonado o Andrea de Cesaris do século 21 até agora!

domingo, 19 de abril de 2015

Exército de um homem só

Num campeonato dominado pela Penske e seu exército de quatro carros, Scott Dixon encarnou o romance de Moacyr Scliar e encarou o exército do time de Roger Penske em Long Beach, derrotando-os na base da estratégia, 'ultrapassando' o pole Helio Castroneves durante a primeira rodada de paradas. Dixon não teve problemas para vencer pela primeira vez na tradicional pista de rua californiana, entrando na briga pelo título.

No périplo de hoje F1, MotoGP e Indy, a corrida em Long Beach foi a mais chata e houve vários motivos para tal. Primeiro, a natural dificuldade de ultrapassar no apertado circuito de rua, mas o segundo motivo teve muito a ver com a primeira etapa do ano, em St Petersburg, quando uma enxurrada de bandeiras amarelas apareceram nas primeiras voltas devido ao novo kit aerodinâmico da Indy, que se quebrava facilmente em qualquer toque, inclusive causando um sério ferimento numa torcedora na pista de rua na Flórida. Alertados sobre isso, os pilotos foram bem mais cautelosos hoje e o resultado foi uma única bandeira amarela ainda no começo da prova. Motivo? Uma asa quebrada no meio da pista...

Foi nesse momento que o atual campeão Will Power teve sua corrida definitivamente liquidada. Largando em 18º devido a um golpe de azar na classificação desse sábado, onde lhe faltou sorte numa bandeira vermelha, o australiano da Penske já havia ganho duas posições, quando a bandeira amarela surgiu e ele tentou mudar de estratégia. Porém, Power ainda é capaz de erros banais e na tentativa de ganhar tempo na entrada dos boxes, acabou quase batendo e deixando seu carro morrer. Perdendo uma volta, somado a corrida fluída de hoje, Power terminou a prova em 20º lugar.

Lá na frente, Castroneves aproveitou bem a pole para ficar na frente nas voltas iniciais. O segundo colocado no grid Montoya esboçou uma tentativa de ultrapassagem sobre o brasileiro na primeira curva, mas o colombiano recuou e permitiu a Dixon assumir o segundo posto e comboiar Helio nas voltais iniciais. Com o carro mais equilibrado, Dixon sabia que ultrapassar beirava a irresponsabilidade e por isso esperou a primeira rodada de paradas. A experiente equipe Ganassi não decepcionou e o neozelandês assumiu a ponta para não mais perdê-la, usando a experiência para administrar a vantagem que tinha para Castroneves, que teve um pit-stop atabalhoado, e vencer pela primeira vez em Long Beach, 36º vitória na Indy, assumindo o quinto lugar de todos os tempos da categoria. Helio chegou a ser atacado por Montoya logo após a segunda (e última) rodada de paradas, mas o piloto da Penske não teve muito trabalho para ser segundo colocado, mantendo a posição no campeonato.

Montoya teve uma corrida mais agitada. O colombiano chegou a ser ultrapassado pelo seu companheiro de equipe Simon Pagenaud, mas recuperou a posição nos boxes. Após pressionar Castroneves, JP perdeu muito rendimento e passou as últimas vinte voltas sendo pressionado pelo francês. Chegando agora na Penske, Pagenaud, que chegou a colocar o bico do seu Penske ao lado do carro de Castroneves no começo da prova e recuou para evitar um acidente, respeitou também demais Montoya e acabou sendo pressionado por Tony Kanaan nas voltas finais. Passando boa parte da prova empacado atrás de Sebastien Bourdais, Kanaan aproveitou a maior experiência da Ganassi, que trabalhou mais rápido do que a equipe do francês, a KV, quando ambos pararam na mesma volta, e assumiu o quinto lugar nas voltas finais. Com Pagenaud empacado atrás de Montoya, Kanaan se aproximou bastante do francês da Penske, mas Kanaan acabou tendo os mesmos problemas de Pagenaud para ultrapassar e mesmo com bem mais push-to-pass, acabou mesmo atrás de Pagenaud e tendo Bourdais colado.

E assim terminou Long Beach, a prova mais tradicional da Indy depois das 500 Milhas de Indianápolis. Foi uma corrida modorrenta, mais parecendo uma procissão, mas corridas são assim mesmo. Tem dias bons e outros nem tanto, mas o campeonato de 2015, que ainda tem Montoya na liderança, vê Scott Dixon, um dos pilotos mais experientes e calculistas da história da Indy, começando a crescer, juntamente com a Ganassi. 

Mito!

Nos últimos tempos, quando aparece um piloto de segundo escalão, mas que consegue alguns brilharecos, logo ele ganha a alcunha de 'mito'. O maior exemplo disso foi Kamui Kobayashi, piloto mediano, mas como todo japonês, bastante agressivo e com algumas ultrapassagens amalucadas, ganhou vários fãs e muitos o chamavam de 'Kobamito'. Para mim, mito é algo diferente. Bem diferente de Kobayashi. Mito para mim tem nome e sobrenome: Valentino Rossi.

O italiano da Yamaha, que nunca se adaptou ao novo sistema de classificação da MotoGP, novamente não conseguiu um bom lugar no grid. Após sua vitória na semana passada e a pole de ontem, a vitória na Argentina parecia nas mãos, tão habilidosas quanto Rossi, de Marc Márquez. E o espanhol da Honda fez sua parte, largando bem e não perdendo tempo com a surpreendente Suzuki de Aleix Esparagaró. Com pneu duro na traseira, Márquez abriu 4.5s para o segundo pelotão. Rossi chegou a levar um chega pra lá de uma Ducati na primeira volta, mas como é característico de sua carreira, o italiano rapidamente escalou o pelotão e chegou ao segundo grupo que tinha vários pilotos, como as Ducatis, a Honda de Cal Cruthlow e Jorge Lorenzo. 

Parecia uma briga pelo segundo lugar, mas após Rossi ultrapassar, um por um, todos esses pilotos, o italiano, trazendo consigo o sempre constante Andrea Doviziozo, começou a se aproximar à uma taxa alarmante de Márquez. Valentino tinha escolhido a novidade do dia na MotoGP: os pneus extraduros. E Rossi foi chegando em Márquez, que fazia de tudo para evitar uma briga com Rossi nas voltas finais. Era uma briga não apenas de gerações, mas uma briga épica. Nas arquibancadas do circuito de Termas de Rio Hondo, o público ia ao delírio com a aproximação de Valentino Rossi. Mito tem torcida não apenas em casa. Mas em todo mundo!

Faltando duas voltas, Rossi se aproximou de Márquez. Com o italiano correndo com uma moto oito décimos de segundo mais rápida do que sua máquina, o bom senso indicava que o melhor para Márquez, pensando no campeonato, era deixar Valentino passar e garantir os vinte pontos do segundo lugar. Contudo, a mentalidade vencedora de Márquez nunca permitiria um comportamento tão permissivo. O espanhol da Honda já havia mostrado nos dois últimos anos que ele também sabia brigar pela vitória nas últimas voltas. O público prendeu a respiração, mas infelizmente foi por pouco tempo. Com uma moto claramente mais equilibrada, Rossi colocou por dentro no final da reta oposta, mas Márquez não se deu por vencido. Tocou uma vez na Yamaha. Rossi deu uma olhada ameaçadora, mas Márquez não se intimidou e tentou novamente na curva seguinte, mas acabou errando o cálculo e bateu na roda traseira de Rossi, caindo logo em seguida. Como aconteceu oito dias atrás em Austin, Márquez saiu em desabalada carreira atrás de sua moto, mas a queda foi definitiva. Numa corrida épica, Valentino Rossi garantia sua segunda vitória em três corridas no Mundial de MotoGP e liderava o campeonato.

Em segundo lugar chegou Andrea Doviziozo na renascida Ducati e de segundo em segundo lugar, o italiano vai ganhando pontos que o colocam em segundo lugar no campeonato, apenas seis pontos de atrás de Rossi. Nos tempos das 250cc, Doviziozo foi o maior rival de Pedrosa e Lorenzo, mas ao contrário dos espanhóis, Dovi era conhecido pela constância não apenas em corrida, como em campeonatos, ganhando até o apelido de 'Calculadora'. Andrea vai fazendo um campeonato brilhante, acompanhando de perto a briga entre Honda e Yamaha. Cal Cruthlow garantiu uma Honda no pódio com uma bela ultrapassagem em cima da Ducati de Iannone na última curva, impedindo um pódio totalmente italiano na Argentina. Sem brilho, Jorge Lorenzo, com a mesmo moto de Rossi, chegou apenas em quinto, longe dos seus bons tempos. Piloto muito forte, Lorenzo parece estar sofrendo de uma 'Pedronização', se acomodando como segundo piloto de um campeão brilhante. Mesmo com a sofrida derrota, Márquez ainda é um grande na MotoGP. Jovem, ainda tem muito a aprender e Márquez deve ter aprendido muito hoje em sua derrota para Rossi.

Foi a confirmação de que, mesmo já contando com 36 anos de idade e sete títulos mundiais de MotoGP, Valentino Rossi quer mais. Muito mais. Ele foi rápido o tempo todo, marcando a volta mais rápida da prova enquanto perseguia Márquez no que parecia uma caça sem muita produtividade. Mas mitos não caçam à toa. E Rossi deu um bote que deixou o seu sucessor, Márquez, atordoado. E garantiu mais uma vitória para sua galeria!

Marcando colado

Desde a Malásia, quando a Ferrari usou a estratégia para extrair o potencial do seu carro para derrotar as até então imbatíveis Mercedes, os alemães resolveram fazer a tática de marcar colado o que os italianos tem em mente para a estratégia dos seus carros. Hoje no Bahrein, a Mercedes optou pela estratégia de duas paradas, a mesma de Vettel. O que a trupe de Toto Wolff não esperava foi que Raikkonen fizesse diferente e quase tirasse a vitória certa de Lewis Hamilton ao mudar se tática. Se o finlandês tivesse feito sua segunda parada duas voltas antes, sua diferença para Hamilton seria ainda menor do que os 3s da bandeirada, podendo render uma briga interessante pela liderança nas voltas finais. Vettel fez sua pior corrida no ano, bem parecido com seus tempos de Red Bull em baixa, enquanto Kimi voltou aos bons tempos de Lotus, nesse seu retorno. Quem não volta aos bons tempos é o cada vez mais abatido Nico Rosberg, terceiro hoje...

Foi uma corrida bem estática a de hoje, com as peças sendo posicionadas no tabuleiro para se estabelecer o cenário para o final. Prestando atenção no que fazia a Ferrari, a Mercedes armou uma estratégia de duas paradas para seus dois pilotos, parando logo depois de Vettel. Hamilton dominou a prova, só sendo ameaçado na saída de sua primeira parada, quando Rosberg fez uma bela ultrapassagem sobre Vettel no final da reta dos boxes e Lewis tinha seu companheiro de equipe bem no seu retrovisor, mas o inglês acelerou com os pneus novos e a partir de então administrou até a bandeirada, mesmo um problema de freio ter aparecido no final da prova. Foi a terceira vitória em quatro provas em 2015 e não restam muitas dúvidas de que Hamilton é o favorito destacado para o campeonato deste ano. Mesmo que a Ferrari reaja, e essa reação já é fato consumado, Hamilton ainda pode tirar um coelho da cartola com sua pilotagem cada vez mais exuberante, como sua volta que lhe deu a pole ontem. O inglês parece cada vez melhor e o terceiro título parece favas contadas. Nico Rosberg fez sua melhor corrida em 2015, com belas ultrapassagens sobre as duas Ferraris após uma largada não tão boa do alemão. Por sinal, a placa de titânio colocado no fundo dos carros, assim como as equipes faziam nos 80, fez que o espetáculo visual realmente melhorasse bastante, com as duas ultrapassagens de Nico Rosberg parecessem mais espetaculares do que realmente foi. Contudo, Nico viu os freios do seu carro se deteriorarem no final da prova, mas o pior foi que sua insistência em ter uma estratégia parecida com a de Hamilton o viu a mercê da veloz Ferrari de Raikkonen nas voltas finais. Mesmo se não errasse na freada da curva um, dificilmente Nico não seria ultrapassado por Raikkonen, que vinha ainda praticamente 1s mais rápido. Já é a quarta derrota consecutiva de Nico para Lewis e o pior é que em nenhuma dessas derrotas, Rosberg andou próximo do seu companheiro de equipe, ao contrário do ano passado. Mesmo assumindo a vice liderança do mundial com os resultados de hoje, a diferença entre os dois pilotos da Mercedes já é superior a uma vitória e nada, no momento, indica uma fenda na armadura de Lewis Hamilton, que parte impávido rumo ao tricampeonato mundial.

A Ferrari resolveu colocar ovos em duas cestas hoje e com duas estratégias distintas, quase surpreendeu a Mercedes novamente. Vettel ficou na mesma estratégia da Mercedes, mas o alemão fez uma corrida bastante errática hoje, sendo ultrapassado três vezes por Rosberg, e saindo da pista algumas vezes. O alemão acabou tendo que fazer uma terceira parada para trocar o bico de sua Ferrari e Vettel se viu preso e impotente atrás da Williams de Bottas, acabando em quinto lugar. Restou Raikkonen. Um até agora apagado Kimi Raikkonen, que via sua renovação de contrato em xeque, mesmo com todo o apoio da equipe e até mesmo de Vettel. Porém, desde a prova passada se via lampejos do velho Kimi e hoje, a Ferrari, comandada por James Allison, que fez ótima parceria com Raikkonen na Lotus, resolveu usar o finlandês para uma via diferente. E muito boa. Na sua primeira parada, onde foi último dos quatro grandes (dá para chamar assim os pilotos de Mercedes e Ferrari), Raikkonen colocou os pneus duros para alongar o máximo possível seu segundo stint. Raikkonen ficou várias voltas com o mesmo pneu, andando até mesmo num ritmo parecido com as Mercedes com pneus macios. Porém, a Ferrari deve ter feito um cálculo para que Raikkonen tivesse um ritmo de ponta com os pneus macios no final da prova e ele pudesse atacar. Somente isso explica Kimi ter ficado tanto tempo na pista, sendo ultrapassado (veja a ironia...) até mesmo pela McLaren de Fernando Alonso! O finlandês voltou à pista em terceiro, 16s atrás das Mercedes, mas num ritmo alucinante, chegando a ser 2.5s mais rápido do que os carros à sua frente, Raikkonen foi se aproximando dos líderes e quando começava a ensaiar a manobra em cima de Nico Rosberg, o alemão errou na freada da curva um e assumiu o segundo lugar na abertura na penúltima volta. Rapidamente Kimi deixou Nico para trás e terminou a prova 3s atrás de Lewis, indicando que as voltas a mais do piloto da Ferrari com pneus médios desgastados fizeram falta no final, mesmo que Raikkonen pudesse ter a mesma dificuldade de Vettel na briga com Bottas, mas Kimi tinha pneus macios, ao contrário do alemão, que com o mesmo composto do piloto da Williams, pouco pôde fazer. Porém, essa boa exibição de Raikkonen é muito bem vinda, indicando que a Ferrari conta com dois pilotos de ponta para incomodar ainda mais a Mercedes.

A Williams caminhava para fazer sua corrida arroz com feijão, onde seria quinto e sexto tranquilamente, mas tudo começou a sair do script quando Felipe Massa ficou parado na saída da volta de apresentação, com o brasileiro tendo que largar dos boxes. Bottas fez uma prova solitária, mas a terceira parada de Vettel fez com que o finlandês assumisse o quarto lugar e de forma até surpreendente, Bottas segurou Vettel sem maiores problemas repetindo o melhor resultado da Williams em 2015. Massa teve um dia de azar, como na primeira metade de 2014, e mesmo fechando a zona de pontuação, vimos que seu pouco trato com os pneus o fez perder muito tempo no final da prova, mesmo que um assoalho danificado não ter ajudado os préstimos do brasileiro. A Red Bull foi outra que fez uma corrida solitária com Daniel Ricciardo, que só apareceu com mais destaque no momento em que seu motor Renault estourou espetacularmente no momento em que o australiano recebia a bandeirada em sexto lugar. Mas com mais um motor, literalmente, pelos ares, a Red Bull terá mais motivos para chorar com seu antigo parceiro de sucesso. Largando nas últimas posições, Kvyat mostrou um ritmo de corrida bem melhor do que de classificação e garantiu dois pontinhos com um nono lugar. A Lotus continua garantindo pontos com Grosjean, cada vez mais seguro e longe do 'maníaco da primeira curva' de 2012, e também garantindo minutos de exposição com Pastor Maldonado aprontando das suas, mesmo que isso não garanta valiosos pontos para o time aurinegro.

A decadente Force India mostrou bom desempenho com Sergio Perez, mesmo o mexicano longe de conseguir o pódio do ano passado, mas do jeito que vão as coisas para os indianos, oitavo lugar já é motivo de se comemorar, o mesmo não acontecendo com Hulkenberg, que faz uma temporada apagada como a sua corrida de hoje. O talentoso alemão parece cada dia mais desmotivado por ver que não terá mesmo um carro de ponta à disposição para vencer na F1, tanto que já esse ano correrá pelo WEC como piloto oficial da Porsche. A Sauber teve uma corrida difícil, mas Nasr mostrou suas credenciais ao fazer uma bela ultrapassagem sobre Massa, com um Williams bem superior ao seu carro. Ericsson, que fez uma boa largada, tinha tudo para pontuar, mas um pit-stop desastroso da Sauber pôs tudo a perder e o sueco terminou atrás do seu companheiro de equipe novato. Mais uma vez. A Toro Rosso fazia uma corrida anônima com seus dois bons pilotos e abandonou tanto com Sainz, como com Verstappen. Em uma cena que não foi abordada pela transmissão de hoje, dentro dos boxes da Toro Rosso, Carlos Sainz Sr e Jos Verstappen conversavam, provavelmente sobre os problemas dos seus pupilos. A McLaren soltou um pouco mais de potência do motor Honda e mesmo sendo ultrapassado por quem se aproximasse, Fernando Alonso garantiu um 11º lugar, bem próximo de pontuar. Aos poucos, a McLaren-Honda vai evoluindo, mas precisar melhorar a confiabilidade, pois Button, num final de semana terrível, sequer largou, tamanho eram os problemas em seu carro. A Manor terminou a corrida com seus dois carros, mas já se percebe uma clara vantagem de Stevens sobre Mehri.

E a quarta corrida do ano termina com Hamilton cada vez mais consolidado como melhor piloto do ano e grande favorito ao titulo de 2015. De forma interessante, mesmo com esse domínio todo de Lewis, a Mercedes já não domina como fazia no ano passado e para piorar as coisas pros lados tedescos, hoje a Ferrari provou que tem dois pilotos prontos para atacar os alemães quando derem qualquer brecha. E com Nico Rosberg ainda sem mostrar seu melhor ritmo, a vida para Lewis Hamilton fica ainda mais tranquila. O mesmo não acontecendo com a Mercedes.   

sábado, 18 de abril de 2015

Temos briga

Mercedes fazer a pole não é mais nenhuma novidade, ainda mais com Lewis Hamilton. Mas em temperatura normal e sem problemas aparentes de Nico Rosberg, a Ferrari de Sebastian Vettel estar ao lado de Lewis na primeira fila amanhã em Sakhir pode ser o início de uma briga titânica entre Mercedes e Ferrari não apenas na corrida deste domingo, como também para o resto do campeonato.

 Começando de trás para frente, a McLaren teve um dia de altos e baixos, com Jenson Button sequer completando sua volta de aquecimento no Q1, mas com Fernando Alonso indo facilmente ao Q2 e até mesmo brigando para entrar no Q3. A evolução da McLaren-Honda, após um início de temporada medonho, está saltando aos olhos. Porém, no único treino sem problemas para Button, o terceiro treino livre, o inglês foi bem mais rápido do que Alonso, o que é algo bastante incomum nos últimos quinze anos da F1. O que é algo bastante comum é ver Maldonado decepcionando. Mesmo com um problema no motor Mercedes, o venezuelano parece um pára-raio de problemas, mesmo que Maldonado, na minoria das vezes, não seja o culpado.

A briga para entrar no Q3 foi acirrada e derrubou a dupla da Sauber, mesmo com Felipe Nasr andando entre os dez primeiros em todos os treinos livres. A Red Bull conseguiu passar fácil com Daniel Ricciardo até a classificação final, mas Daniil Kvyat acabou ficando ainda no Q1, o que põe o jovem russo numa situação delicada, ainda mais com Max Verstappen e Carlos Sainz andando muito forte no ano de estreia de ambos. A Red Bull não costuma ter muita paciência com seus jovens pupilos.

No Q3, mesmo com a Williams próxima, com Bottas novamente botando tempo em Massa, a briga pela pole foi inteiramente entre Mercedes e Ferrari. Não sei se de propósito, Hamilton foi o último dos quatro a completar a última volta no Q3, todos com pneus macios novos. Vettel foi o primeiro a completar a sua volta e causou um choque quando Rosberg ficou um décimo atrás do compatriota da Ferrari. Hamilton colocou quase meio segundo em Vettel, mas isso era esperado. Os treinos livres mostraram uma Mercedes imbatível em uma volta, mas com a Ferrari superior em ritmo de corrida e com Vettel na primeira fila, isso pode ajudar bastante a causa dos italianos.

No box da Mercedes houve comemoração com a pole de Hamilton, mas era nítida a cara de preocupação de Toto Wolff, ainda mais com Nico Rosberg, cada vez mais abalado psicologicamente, tomando quase seis décimos de Hamilton. Com o crescimento exponencial da Ferrari, a Mercedes necessitará ainda mais de um segundo piloto forte, algo que Nico Rosberg não entregou até agora. Em outras mídias, comentaristas pareciam felizes com a F1 em sua crise sem fim e talvez piorada com um domínio da Mercedes. Mesmo os alemães ainda muito fortes, a Ferrari parece estar cada dia mais próxima e deve haver briga na prova de amanhã. Para tristeza de alguns. Se na Malásia a desculpa era o calor insano, hoje no deserto barenita não havia tanto calor a noite. Hamilton ainda é meu favorito, mas Vettel irá incomodar. E muito!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Falta de esportividade

Quando a Red Bull deixou de ser apenas uma forte patrocinadora na F1 e comprou a Jaguar no final de 2004, o time dos energéticos logo ganhou a simpatia do paddock da categoria com suas concorridas festas, seu 'Red Bulletin' e um espírito jovem, algo que já estava em falta há dez anos atrás. Mesmo que os resultados fossem parcos, todos gostavam dos carros azuis, mas Dietrich Mateschitz não estava gastando dinheiro à toa e comandada por Christian Horner e Helmut Marko, a equipe se aproveitou bem da mudança de regulamento no biênio 2008/09 e deu o pulo do gato para se tornar uma equipe grande e vencedora. Foram quatro títulos seguidos com Sebastian Vettel, maior representante da canteira da Red Bull, o seu famoso (e também cruel) programa de jovens pilotos.

No final de 2013, a Red Bull estava na crista da onda e mesmo com a enorme mudança de regulamento marcada para 2014, poucos sugeririam que o time austríaco não fosse o grande favorito ao título e Vettel pudesse conquistar o seu quinto título pela RBR. Naquela temporada, Vettel simplesmente venceu as nove (repito, nove!) últimas corridas de 2013 com enorme facilidade, caracterizando um domínio que apenas grandes equipes na história da F1, como a Ferrari na Era Schumacher e a McLaren, com o comando de Ron Dennis, conseguiram. Quando questionados sobre a falta de emoção na F1 naqueles tempos, Marko e Horner se enfezavam e diziam que toda a equipe tinha trabalhado muito e que aquilo era resultado de trabalho árduo. As outras equipes? Que trabalhem também. Pois bem, a Mercedes trabalhou muitíssimo bem e dominou o ano de 2014, enquanto a Red Bull sofria com a unidade de potência da Renault. 2015 começou e a Red Bull, ao invés de dar uma passo à frente, parece estar um passo atrás em comparação às rivais, cada vez mais longe da briga pela vitória.

O chororo da Red Bull já foi até tema de um post aqui no blog, mas fiquei chocado com o egoísmo e a falta de esportividade de Helmut Marko em uma entrevista para Livio Oricchio, no Globoesporte.com (http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2015/04/livio-oricchio-marko-condena-f-1-atual-e-diz-que-ameaca-da-rbr-e-real.html). Abaixo, alguma frases que me chamaram atenção.

  • "Eu não critico os concorrentes, minha queixa é quanto a forma como estão conduzindo a F1, como não fazem nada para mudar o regulamento. A F1 não pode continuar como está, com uma equipe dominando tanto."
  • "O fato de nossa vantagem (2010 à 2013) vir da eficiência de nosso trabalho no chassi. Todas equipes poderiam dispor das nossas soluções. Não havia segredos. E o que vivemos hoje? Nós ficamos nas mãos dos fornecedores da unidade motriz e seus mistérios, ninguém entende nada, a não ser os engenheiros. Por melhor que seja o seu chassi, essa, sim, nossa responsabilidade, não há como lutar com quem conta com uma unidade motriz muito superior as demais, como a da Mercedes."
  • "A F1 ficou extremamente tecnológica. Deixou de ser esporte. É uma competição de engenheiros de motores, não de engenheiros de chassi e de pilotos."
  • "De novo volto à questão da dependência extrema do fornecedor da unidade motriz. Ficamos nas suas mãos. Se eles acertam, como fez bem a Ferrari, a equipe pode pensar em lutar lá na frente. Mas no nosso caso as unidades da Renault têm todo tipo de problemas."
  • "Nosso show é fraco"
  • "Se a médio prazo nós seguirmos nesse estágio, assistindo aos outros lutando pela vitória e não podermos fazer nada, e não por nossa causa, qual o sentido de permanecermos na F1? Nenhum."
Desde que conheço a F1, uma de suas características, uma de suas marcas mesmo, é que a F1 é o pináculo do automobilismo, onde estão todos os melhores pilotos e ENGENHEIROS do mundo, onde a tecnologia é testada nas pistas para se chegar aos carros de rua. Ou seja, a F1 é uma competição de pilotos e ENGENHEIROS desde que os tempos da Alfa Romeo de Fangio, Farina, Fagioli e o engenheiro Gioacchino Colombo, em 1950. Portanto, sr Marko, a F1 sempre foi um esporte de pilotos e ENGENHEIROS. 

Quando o ENGENHEIRO Adryan Newey projetava carros vencedores entre 2010 e 2013, usando toda a tecnologia possível, ninguém na Red Bull reclamava do esporte F1, ou que a categoria era tecnológica demais. 'Uma equipe dominando tanto' sempre aconteceu na história da F1, desde a Alfa Romeo nos 1950 até a Mercedes atualmente, passando pela Red Bull. Isso é cíclico e hoje a Ferrari, ao invés de ficar reclamando na imprensa sobre o regulamento, fez um belo trabalho no inverno europeu, com uma equipe inteiramente nova, e já começa a incomodar a Mercedes.

Lógico que um domínio na F1, algumas vezes, pode tornar algumas corridas monótonas e campeonatos menos interessantes, mas a Red Bull, na figura do sr Marko, quando dominou, nunca falou que a F1 tinha um show fraco. E além do mais, quem está atrás na corrida rumo ao título, como está a McLaren-Honda hoje em dia, trabalha forte para tirar a diferença e para quem gosta da F1, assistir esse desafio de voltar a brigar pela vitória nos prende na frente da TV quinzena após quinzena. 

Quando foi tetracampeã com a Renault, a Red Bull vivia uma verdadeira lua de mel com a montadora francesa, mas bastou um escorregão da Renault para que os austríacos passassem a achincalhar com os outrora parceiros campeões mundiais. Horner já sugeriu que se voltasse ao V8 aspirado, mas o inglês ou é mal informado, esquecido ou pouco inteligente (acho que a opção correta são as três coisas juntas), pois Renault e Mercedes disseram que a tecnologia dos V8 era ultrapassada e não desafiava mais seus engenheiros, a ponto de quase abandonarem a F1. Os motores híbridos, com seu barulho estranho e tudo, é o futuro do automobilismo mundial e a F1 não podia ficar de fora. Por isso, a vinda dos complexos motores híbridos turbo segurou não apenas Renault e Mercedes, como trouxe de volta a Honda para a F1. Voltando à marca que a F1 é ápice da tecnologia, seria uma enorme contradição a categoria mais forte do mundo andar com motores V8 aspirado, de uma tecnologia anterior, enquanto no WEC, se utiliza motores híbridos há alguns anos...

Por fim, Marko dá um show de falta de esportividade ao, novamente, ameaçar deixar a F1. Isso prova que ao contrário do aniversariante Frank Williams, a Red Bull não vê a F1 como esporte (outra contradição, pois Marko diz que a F1 hoje não é esporte...), mas como um negócio, onde só serve se está vencendo. Investir num projeto de médio ou longo prazo, como vem fazendo Ferrari e McLaren-Honda e a própria Mercedes fez, não está nos planos de Mateschitz, Marko e Horner. Bem ao contrário dessas marcas, onde o automobilismo está em suas entranhas, a Red Bull demonstrou, nessa entrevista de Helmut Marko, ser uma equipe antipática e que não sabe perder. Se quer ir embora? Um time com essa mentalidade não fará falta. Que pague uma multa nada barata à Bernie Ecclestone e venda toda a bagaça, inclusive seu programa de jovens pilotos, que revelou Vettel e Ricciardo, mas deixou outros muito mais desempregados. Que a Red Bull vá embora. E leve Helmut Marko, um Flavio Briatore austríaco, junto!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Clamoroso!

Um pouco atrasado, mas é de se lamentar a demissão de Claudio Carsughi da Radio Jovem Pan. Já é um absurdo demitir alguém com tantos anos de empresa (no caso de Carsughi, desde 1957!), imagine alguém tão competente como o italiano. Mesmo sendo mais lembrado pelo automobilismo, me lembro mais de Carsughi, com seu inconfundível sotaque italiano, falando da rodada do Campeonato Italiano e chamando o jogo do 'Atalanta de Bérgamo'. Quem perde não é apenas a Jovem Pan, mas todos nós, mas o velho Carsughi ainda estará por aí e teremos o prazer de vê-lo e ouvi-lo em outros projetos. Ainda bem!

terça-feira, 14 de abril de 2015

Panca da semana (2)

Em Monza, durante o Mundial de GT, milagrosamente ninguém, nem mesmo os comissários, sem machucaram nessa baita pancada!

Panca da semana

Acidente que encerrou a não-corrida em NOLA. Bourdais ter escapado sem ferimentos na cabeça já é pra exaltar ao Senhor!

Mal a categoria

Além de correr em pistas mequetrefes, a Indy também se queima em ter em suas fileiras pilotos (?) como Francesco Dracone, capaz de presepadas como essa...


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Figura(CHN): Max Verstappen

Quando a F1 começou a temporada 2015, uma das atrações da categoria era Max Verstappen, de apenas 17 anos, que está fazendo sua temporada de estreia na F1, após apenas um ano de monoposto. As críticas sobre o adolescente holandês foram pesadas, inclusive de que um carro de F1 está fácil demais para ser pilotado (duvido alguém que diz isso conseguir andar 100 m sem fazer um F1 morrer...). Max e seu pai, Jos Verstappen, apenas diziam que ninguém poderia critica-lo sem vê-lo em ação. E Max fez uma baita corrida em Xangai. Após duas corridas honestas em Melbourne e Sepang, onde inclusive Verstappen jr marcou seus primeiros pontos, o holandês da Toro Rosso fez uma corrida muito boa em Xangai, pista onde não conhecia, mas superou o seu talentoso companheiro de equipe, Carlos Sainz, na classificação. Na corrida, Verstappen foi ainda melhor, sendo o melhor piloto do grupo Red Bull, fazendo ultrapassagens belíssimas em pilotos bem mais experientes do que ele. O estilo de Max Verstappen em ultrapassar é bastante interessante, pois o holandês coloca seu carro por dentro no último instante, deixando o piloto da frente desconcertado e quase sem defesa. Sergio Pérez quase parou o carro, quando foi surpreendido ao ser ultrapassado por Max. Ultrapassagem de gente grande. Com o motor quebrado nas últimas voltas, Max Verstappen perdeu outra chance de pontuar, pois nas duas oportunidades em que quebrou, o piloto da Toro Rosso estava na zona de pontuação. Ainda é cedo para identificar um fenômeno, mas Max Verstappen já está acima das expectativas que eram colocadas sobre ele.