domingo, 19 de abril de 2015

Mito!

Nos últimos tempos, quando aparece um piloto de segundo escalão, mas que consegue alguns brilharecos, logo ele ganha a alcunha de 'mito'. O maior exemplo disso foi Kamui Kobayashi, piloto mediano, mas como todo japonês, bastante agressivo e com algumas ultrapassagens amalucadas, ganhou vários fãs e muitos o chamavam de 'Kobamito'. Para mim, mito é algo diferente. Bem diferente de Kobayashi. Mito para mim tem nome e sobrenome: Valentino Rossi.

O italiano da Yamaha, que nunca se adaptou ao novo sistema de classificação da MotoGP, novamente não conseguiu um bom lugar no grid. Após sua vitória na semana passada e a pole de ontem, a vitória na Argentina parecia nas mãos, tão habilidosas quanto Rossi, de Marc Márquez. E o espanhol da Honda fez sua parte, largando bem e não perdendo tempo com a surpreendente Suzuki de Aleix Esparagaró. Com pneu duro na traseira, Márquez abriu 4.5s para o segundo pelotão. Rossi chegou a levar um chega pra lá de uma Ducati na primeira volta, mas como é característico de sua carreira, o italiano rapidamente escalou o pelotão e chegou ao segundo grupo que tinha vários pilotos, como as Ducatis, a Honda de Cal Cruthlow e Jorge Lorenzo. 

Parecia uma briga pelo segundo lugar, mas após Rossi ultrapassar, um por um, todos esses pilotos, o italiano, trazendo consigo o sempre constante Andrea Doviziozo, começou a se aproximar à uma taxa alarmante de Márquez. Valentino tinha escolhido a novidade do dia na MotoGP: os pneus extraduros. E Rossi foi chegando em Márquez, que fazia de tudo para evitar uma briga com Rossi nas voltas finais. Era uma briga não apenas de gerações, mas uma briga épica. Nas arquibancadas do circuito de Termas de Rio Hondo, o público ia ao delírio com a aproximação de Valentino Rossi. Mito tem torcida não apenas em casa. Mas em todo mundo!

Faltando duas voltas, Rossi se aproximou de Márquez. Com o italiano correndo com uma moto oito décimos de segundo mais rápida do que sua máquina, o bom senso indicava que o melhor para Márquez, pensando no campeonato, era deixar Valentino passar e garantir os vinte pontos do segundo lugar. Contudo, a mentalidade vencedora de Márquez nunca permitiria um comportamento tão permissivo. O espanhol da Honda já havia mostrado nos dois últimos anos que ele também sabia brigar pela vitória nas últimas voltas. O público prendeu a respiração, mas infelizmente foi por pouco tempo. Com uma moto claramente mais equilibrada, Rossi colocou por dentro no final da reta oposta, mas Márquez não se deu por vencido. Tocou uma vez na Yamaha. Rossi deu uma olhada ameaçadora, mas Márquez não se intimidou e tentou novamente na curva seguinte, mas acabou errando o cálculo e bateu na roda traseira de Rossi, caindo logo em seguida. Como aconteceu oito dias atrás em Austin, Márquez saiu em desabalada carreira atrás de sua moto, mas a queda foi definitiva. Numa corrida épica, Valentino Rossi garantia sua segunda vitória em três corridas no Mundial de MotoGP e liderava o campeonato.

Em segundo lugar chegou Andrea Doviziozo na renascida Ducati e de segundo em segundo lugar, o italiano vai ganhando pontos que o colocam em segundo lugar no campeonato, apenas seis pontos de atrás de Rossi. Nos tempos das 250cc, Doviziozo foi o maior rival de Pedrosa e Lorenzo, mas ao contrário dos espanhóis, Dovi era conhecido pela constância não apenas em corrida, como em campeonatos, ganhando até o apelido de 'Calculadora'. Andrea vai fazendo um campeonato brilhante, acompanhando de perto a briga entre Honda e Yamaha. Cal Cruthlow garantiu uma Honda no pódio com uma bela ultrapassagem em cima da Ducati de Iannone na última curva, impedindo um pódio totalmente italiano na Argentina. Sem brilho, Jorge Lorenzo, com a mesmo moto de Rossi, chegou apenas em quinto, longe dos seus bons tempos. Piloto muito forte, Lorenzo parece estar sofrendo de uma 'Pedronização', se acomodando como segundo piloto de um campeão brilhante. Mesmo com a sofrida derrota, Márquez ainda é um grande na MotoGP. Jovem, ainda tem muito a aprender e Márquez deve ter aprendido muito hoje em sua derrota para Rossi.

Foi a confirmação de que, mesmo já contando com 36 anos de idade e sete títulos mundiais de MotoGP, Valentino Rossi quer mais. Muito mais. Ele foi rápido o tempo todo, marcando a volta mais rápida da prova enquanto perseguia Márquez no que parecia uma caça sem muita produtividade. Mas mitos não caçam à toa. E Rossi deu um bote que deixou o seu sucessor, Márquez, atordoado. E garantiu mais uma vitória para sua galeria!

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