Em Xangai, não fez o calor de duas semanas atrás em Sepang e sem nenhuma mais intempérie, a Mercedes dominou o Grande Prêmio da China, com atual classificação de grandeza dos pilotos em Stuttgart, Hamilton bem à frente de Nico Rosberg. Porém, a Ferrari, bem aos poucos, se aproxima da Mercedes em determinadas situações. Na quinzena anterior, foi o calor. Hoje, foram os pneus macios, que fizeram Sebastian Vettel acompanhar bem de perto os dois carros da Mercedes, que se manteve alerta e emulou a estratégia da Ferrari para se livrar de algum pulo do gato. Quando os pneus médios foram colocados, Vettel não acompanhou mais o ritmo da Mercedes e ainda viu a aproximação de Raikkonen, que usou sua delicadeza habitual para mandar os retardatários para aquele lugar durante a corrida inteira.
A corrida foi decidida basicamente na largada. Hamilton apontou seu carro para dentro, indicando que faria uma partida agressiva. O objetivo da Mercedes era que Vettel, de maneira nenhuma, se colocasse entre seus carros. A Ferrari também necessitava de uma largada, principalmente com Raikkonen, atrás dos dois carros da Williams. E na largada, ocorreu tudo o que Mercedes e Ferrari queriam. Os dois carros prateados foram sem problemas para a primeira curva e Hamilton manteve a ponta. Mais atrás, Vettel não fez uma largada perfeita e fez de tudo para manter sua terceira posição dos ataques dos carros da Williams. Se Vettel fosse ultrapassado, a estratégia da Ferrari iria por água abaixo, mas enquanto distribuía fechadas para os carros com as cores da Martini, Raikkonen aproveitou o ensejo para subir de sexto para quarto. Estava estabelecida a ordem natural das coisas na F1, com Mercedes e Ferrari andando nas quatro primeiras posições, longe de tudo e de todos, para decidirem entre si quem seria o vencedor do Grande Prêmio da China. Ligada pelo pulo do gato da Ferrari na Malásia, a Mercedes se mostrou atenta aos movimentos ferraristas e logo na primeira rodada de paradas, esperou o que os italianos iriam fazer para definir a sua tática. E a Mercedes se deu bem. Quando viram que a Ferrari iriam colocar pneus macios para um segundo stint, a Mercedes fez a mesmíssima coisa, garantindo um ritmo igual para os quatro primeiros colocados, que andavam juntos nos primeiros dois terços de corrida. Porém, ninguém atacava ninguém. Hamilton administrou a corrida inteira e acelerou quando necessário. Com os pneus médios, o ritmo da Ferrari caiu muito frente à Mercedes e os dois carros prateados dispararam rumo à uma nova dobradinha, mas Rosberg reclamou que a administração de Hamilton na verdade era um macete do inglês para fazer Nico desgastar mais seus pneus. Nico já percebeu que 2015 Hamilton está bem mais forte do que no ano passado e se continuar do jeito que está, Lewis será tricampeão sem maiores arroubos. A tática do alemão, novamente, é colocar novos ingredientes na briga com seu 'companheiro' de equipe, mas o porém para Nico Rosberg é que a Ferrari é uma rival de verdade para a Mercedes e os alemães não poderão vacilar, pois a Ferrari estará prontinha para atacar.
Após toda a animação de Sepang, a Ferrari voltou à realidade com o clima ameno de Xangai, mas foi uma imagem inédita de 2014 para cá, ver uma equipes realmente andando na balada da Mercedes, no entanto, o andar da corrida provou que isso se deu mais pelos pneus macios que ambas utilizaram em boa parte da corrida. Porém, é animador que a Ferrari consiga andar próxima da Mercedes em cada vez mais situações de prova. Se em Sepang foi o calor, hoje foram os pneus macios. E essas situações tendem a se repetir até o final do ano, podendo nos trazer novas brigas pela vitória entre Mercedes e Ferrari. Vettel andou a prova inteira em terceiro, mas com os pneus médios, Raikkonen esboçou uma reação, mas o alemão administrou bem o seu lugar no pódio e o segundo lugar no campeonato, enquanto Raikkonen finalmente fez uma prova limpa para ficar em quarto. Se antes de começar a temporada a Williams sonhava em ser a segunda força, os ingleses tem mesmo que se conformar em ficar com o terceiro lugar na ordem das equipes, esperando um vacilo de Mercedes e Ferrari para garantir, quem sabe, um pódio. Os dois carros da Williams atacaram Vettel na primeira volta, mas acabaram sendo ultrapassados por Raikkonen e então os dois bólidos brancos ficaram estaticamente em quinto e sexto, com Felipe Massa dominando amplamente Valtteri Bottas, algo que poucos esperavam para o veterano brasileiro.
Finalmente, a Lotus usou o potencial do motor Mercedes para pontuar em 2015, mas como era esperado, o piloto que fez isso foi Romain Grosjean. O francês largou bem, conquistando rapidamente o sétimo lugar e por lá ficando a corrida inteira, marcando os seus primeiros pontos e também da Lotus. Contudo, Pastor Maldonado deu outra demonstração que somente os dólares bolivarianos o mantém na equipes. A velocidade do venezuelano não pode ser colocado em xeque, mas as atrapalhadas dele fizeram com que Maldonado aparecesse várias vezes na corrida se metendo em confusão. Até mesmo quando não teve culpa, no incidente com Button, Maldonado parece chamar confusão e Pastor acabou abandonando tristemente, jogando fora valiosos pontos da Lotus. A Sauber chamou a atenção ao colocar seus dois pilotos no Q3, mas ficou evidente que o time suíço pensou mais na classificação (e quem sabe, também nas manchetes de jornal, atrás de patrocínio) do que na corrida e o ritmo ficou aquém do mostrado no sábado, mesmo com seus dois carros pontuando ao final da corrida.
Contudo, os pontos da Sauber foram conquistados pelos erros de Maldonado e pelas quebras da Renault. Essa semana será de intenso chororo da Renault e associados. Hoje foram dois motores quebrados para Red Bull e Toro Rosso, deixando os chefões da Red Bull cada vez mais irados na Áustria. Porém, a Toro Rosso parece ter um carro melhor do que a Red Bull e se não fosse o motor quebrado no finalzinho da prova, causando a entrada do safety-car nas duas voltas finais, Max Verstappen teria coroado uma bela corrida, onde fez ultrapassagens cirúrgicas e surpreendentes. O adolescente holandês tem um estilo de ultrapassagem inteligente, onde coloca seu carro de lado na última hora, surpreendendo seus adversário e os deixando sem defesa. Verstappen prova que tem mesmo muito futuro na F1, enquanto Sainz teve uma corrida problemática, onde quase abandonou com problemas de câmbio e só superou os dois carros da Manor. Daniel Ricciardo teve uma péssima largada, tentou uma prova de recuperação, se envolveu em várias brigas e terminou a corrida ainda nos pontos, mas muito aquém da expectativa da Red Bull. Se antes os austríacos pensavam em ser a sombra da Mercedes, hoje a realidade é ser a sombra da Williams, na briga para a ser a terceira força da F1. A Force India continua sofrendo pelo atraso em seus carros e Hulkenberg abandonou cedo, enquanto Pérez levou seu carro ao nono lugar, mas sendo o único a parar três vezes, algo que o mexicano se caracterizou exatamente pelo contrário, onde Pérez era mestre em poupar pneus. A McLaren vem evoluindo e já se mete na briga com Force India, Sauber e Toro Rosso. O motor Honda é notoriamente menos potente, por enquanto, por isso, Alonso e Button tem que forçar mais e mais, provavelmente provocando o erro banal de Button na sua emocionante briga com Maldonado no final da prova. Um fato que chamou atenção foi que o inglês andou a corrida inteira na frente de Alonso e se não fosse o toque de Button em Maldonado, teria chegado atrás do companheiro de equipe. Será que a pancada na pré-temporada em Barcelona afetou de alguma forma a pilotagem de Alonso? Resposta nas próximas corridas, onde a única garantia é que a Manor levará pelos menos duas voltas dos líderes. Como hoje.
Se nem tudo foram flores para a Mercedes, vide a reclamação de Rosberg para com Hamilton, pelo menos a Mercedes terá uma semana mais tranquila até chegar no Barein, daqui a uma semana. A dobradinha diminuirá o medo de uma espetacular recuperação da Ferrari, mas os alemães terão que ficar sempre ligados, pois os italianos estão próximos. Não a ponto de brigar pela vitória em toda a corrida, mas se a Mercedes, ou seus pilotos, vacilar, a Ferrari estará prontinha para um bote.
Foi monótono, muito monótono.
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