Após o fracasso na Malásia, a Ferrari resolveu antecipar o lançamento da nova Ferrari F2005 no Bahrein, como resposta ao incrível início de ano da Renault em 2005, mas aposentando definitivamente o histórico modelo de 2004. Porém, o que chamava a atenção há dez anos nas pistas (ou fora delas) era a notícia de que Juan Pablo Montoya tinha machucado o ombro e estava fora da F1 por tempo indeterminado. A primeira informação da McLaren era de que Montoya tinha machucado o ombro num simples jogo de tênis, mas conforme os dias iam passando, descobriu-se que a verdadeira história era de que Montoya, amante de esportes radicais, teria machucado seriamente o ombro numa corrida de Motocross, em Bogotá, num dia de folga. O colombiano, uma das estrelas da F1 na época, passou algumas corridas de fora, mas sua irresponsabilidade deixou a McLaren bastante contrariada e esse incidente, pouco antes de apenas sua segunda corrida pela equipe de Ron Dennis, praticamente acabou com a carreira na F1 de Montoya, um dos pilotos mais agressivos e carismáticos do século 21.
A classificação do sábado foi dificultada pela enorme quantidade de areia na pista, vinda do deserto, mas com os primeiros pilotos limpando a pista, Alonso, líder do campeonato, aproveitou para marcar o melhor tempo da primeira classificação quando entrou para a sua volta lançada no final da sessão. Provando que o novo carro da Ferrari ainda necessitava de mais testes, Rubens Barrichello tem problemas de câmbio e com isso, trocou o seu motor e largaria em último no domingo. Alonso confirmou a pole no domingo pela manhã, mas se ainda não estava muito testada, a nova Ferrari mostrou seu potencial com Schumacher completando a primeira fila. Trulli continuava a boa forma da Toyota ao garantir um terceiro lugar, enquanto Pedro de la Rosa, substituindo Montoya no Oriente Médio, superava seu afamado companheiro de equipe Kimi Raikkonen, mas as duas McLarens estavam apenas em posições intermediárias, enquanto Fisichella não conseguia acompanhar o ritmo de Alonso dentro da Renault.
Grid:
1) Alonso (Renault) - 3:01.902
2) M.Schumacher (Ferrari) - 3:02.357
3) Trulli (Toyota) - 3:02.660
4) Heidfeld (Williams) - 3:03.217
5) Webber (Williams) - 3:03.262
6) R.Schumacher (Toyota) - 3:03.271
7) Klien (Red Bull) - 3:03.369
8) De la Rosa (McLaren) - 3:03.373
9) Raikkonen (McLaren) - 3:03.524
10) Fisichella (Renault) - 3:03.765
O dia 3 de abril de 2005 estava, como sempre, muito quente no pequeno reino barenita. Na verdade, estava absurdamente quente naquele dia, com as temperaturas chegando aos 40ºC, umas das maiores da história da F1! Isso fazia com que a delicada mecânica da F1 sofresse ainda mais com o calor seco do deserto, mas o mundo também sofria naquele começo de abril. O carismático e adorado Papa João Paulo II havia falecido enquanto os pilotos treinavam no sábado e para a corrida, várias homenagens foram prestadas ao polonês, mesmo o Bahrein sendo um país muçulmano. A italianíssima Ferrari pintou de preto o bico dos seus carros e no pódio, não houve champanhe. Na largada, Alonso permaneceu tranquilamente em primeiro, com Schumacher suportando bem os ataques de Trulli nas duas primeiras curvas e se manteve atrás de Alonso. Não houve nenhum sério incidente entre os pilotos, mas provando o quão dura seria essa prova, Klien teve problemas com seu Red Bull ainda na volta de apresentação e se tornou o primeiro abandono do dia.
Após a domínio do binômio Schumacher-Ferrari em 2004 estar sob ameaça de um ascendente Fernando Alonso, era esperado uma disputa entre o veterano alemão e o atrevido espanhol nas primeiras voltas daquela corrida. Schumacher sempre disse que se aposentaria se encontrasse um moleque mais rápido do que ele. Alonso poderia ser esse moleque, mas as respostas ainda precisavam ser respondidas. Contudo, a esperada batalha de gerações durou menos do que os fãs queriam. Schumacher vinha próximo de Alonso na 12º volta quando o carro do alemão saiu de frente na forte freada da curva 9. Schumacher quase bateu na traseira de Alonso, no que seria um raro erro do heptacampeão, mas na verdade a nova Ferrari, ainda necessitando de mais e mais testes, teve um problema hidráulico, forçando o primeiro abandono mecânico de Schumacher em impressionantes 58 corridas consecutivas, desde a corrida caseira de Schummy em 2001. Isso deixava Alonso com três confortáveis segundos de vantagem sobre Trulli, novamente fazendo uma corrida segura com a Toyota. A parada dos primeiros colocados na volta 18 indicavam uma estratégia de três paradas para todos. Como não se podia trocar os pneus através da estratégia em 2005, a tática ideal para não destruir os pneus no calor e na poeira do Bahrein era andar com o carro o mais leve possível.
Porém, nem isso pôde impedir abandonos na prova barenita. Fisichella acendeu o sinal amarelo na Renault ao abandonar na segunda volta com o motor quebrado. O italiano, vencedor na primeira etapa do campeonato de 2005, começava a ser deixado de lado dentro da Renault. Pouco depois, seria a vez de Narain Karthikeyan (problemas elétricos) e Nick Hedfeld. O alemão teve seu motor BMW fundido, aumentando as tensões entre os bávaros e a Williams. Sato tem problemas de freios em seu BAR e teve que abandonar, mas o delicado (em termos de pilotagem...) Jenson Button conseguiu sobreviver na pista com os freios não funcionando bem, mas o inglês, que brigava pela sétima posição com De la Rosa, perderia rendimento e acabaria abandonando já no final da prova, mas sem a embreagem, após um pit-stop. Correndo em terceiro, Mark Webber perde o controle de sua Williams na curva 8, permitindo à Ralf Schumacher e Kimi Raikkonen ganharem sua posição. O australiano teve que antecipar sua segunda parada e com o carro desequilibrado, saiu da briga pelo pódio. Rubens Barrichello fazia uma ótima corrida de recuperação com a Ferrari F2005, mostrando o potencial do novo carro e o brasileiro lutava pela sexta posição.
Após a última rodada de paradas, Alonso consolidou ainda mais sua liderança e venceu com extrema facilidade o Grande Prêmio do Bahrein de 2005, a segunda na temporada. Na comemoração da vitória, o espanhol inaugurou uma nova forma de comemorar, apontando com os dedos a quantidade de vitórias no ano. Trulli fez uma corrida sólida e até mesmo discreta, mas era o segundo pódio consecutivo da Toyota, que poderia ter dois representantes, mas Raikkonen superou Ralf Schumacher na última parada. A última grande batalha da corrida foi pela quinta posição, entre um Mark Webber lutando com um desequilibrado Williams e um animado Pedro de la Rosa. O espanhol já havia brigado com Button e Barrichello e agora tentava o que seria sua melhor posição até então na carreira. De la Rosa, tentou, saiu da pista algumas vezes, mas acabou completando a ultrapassagem. Rubens Barrichello poderia estar nessa briga, mas seus pneus estava destruídos nas voltas finais e acabou ultrapassado por Massa e Coulthard, saindo da zona de pontuação e acabando com uma sequencia de dois anos da Ferrari, sempre entre os oito que marcavam pontos na época. Pneus. Essa seria a chave para 2005 e a Michelin, com Alonso e a Renault (que conquistava sua centésima vitória como fornecedora de motores na F1) sendo os líderes dos franceses rumo ao título mundial. Mas usando também pneus Michelin, mas ainda tateando naquele começo de ano, a McLaren de Raikkonen começava a arregaças suas mangas em 2005.
Chegada:
1) Alonso
2) Trulli
3) Raikkonen
4) R.Schumacher
5) De la Rosa
6) Webber
7) Massa
8) Coulthard
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