segunda-feira, 31 de maio de 2010

Figura (TUR): Lewis Hamilton

Na coluna abaixo, a Red Bull mostrou como não pode se comportar perante uma dupla de pilotos agressivos brigando pela ponta da corrida. Esse lance será lembrado por muito tempo pelas pessoas que acompanham a F1, mas alguém acabará esquecendo um lance muito parecido que aconteceu algumas voltas mais tarde, mas para sorte da McLaren, tudo acabou dando certo. Porém, isso não tira em nenhum momento o brilho da vitória de Lewis Hamilton, que triunfou numa prova que se encaminhava para o colo da Red Bull, mas o inglês da McLaren estava no lugar certo para aproveitar a oportunidade. Hamilton vinha sendo um dos protagonistas do campeonato, mas lances de pouca sorte acabaram por atrapalhar o Campeão de 2008. Com o domínio recente da Red Bull, Hamilton parecia fadado a ver uma disputa interna dentro da RBR, mas Hamilton arregaçou as mangas e partiu para a luta contra os carros azuis. Numa pista com características parecidas com Barcelona, onde a Red Bull venceu com os pés nas costas, Hamilton conseguiu a façanha de se meter entre os carros azuis e um lugar na primeira fila. Aquilo poderia ser um golpe de sorte, mas na corrida Hamilton pressionou Webber nas primeiras voltas e depois Vettel em alguns momentos, até que o alemão fez a presepada do ano mais tarde. Já em primeiro, Hamilton tinha tudo para garantir uma vitória tranquila, mas o inglês não esperava o ataque forte de Button e usando a inteligência, disputou de forma limpa com o companheiro de equipe por cinco curvas e no final acabou levando vantagem. Uma mostra que não terá vida fácil dentro da mesma trincheira. Com a McLaren praticamente ordenando que ficassem onde estavam, Hamilton garantiu sua primeira vitória em 2010 e esse pode ser o impulso para que Lewis continue lutando contra as adversidades e tente o bicampeonato.

Figurão (TUR): Sebastian Vettel

Nunca foi tão fácil encontrar o personagem desta coluna. O que Sebastian Vettel fez ontem durante o Grande Prêmio da Turquia pode ter não apenas acabado com a harmonia da equipe mais descontraída da F1, como pode ter definido os rumos tanto dele como da própria Red Bull. Nunca é bom ter ordens de equipe imperando num time e ver dois bons pilotos brigando pela ponta da corrida é algo raro de se ver, ainda mais quando dividem o mesmo teto, mas Vettel abusou de todos os limites ao acertar Mark Webber no meio da reta oposta enquanto brigavam pela ponta da corrida, que se encaminhava claramente para uma dobradinha da Red Bull. Esse lance, mais a insinuação de que Webber estava louco, quando Vettel saiu do carro, pode ocasionar muitos problemas para a equipe que tem o melhor carro da temporada. Primeiro, uma animosidade explícita entre seus pilotos, já que haviam suspeitas de que isso acontecia desde o ano passado. Mesmo nas brigas mais encardidas entre companheiros de equipe, como a mais recente entre Alonso e Hamilton em 2007, havia um certo respeito entre os rivais de mesma trincheira, mas agora Vettel escancarou que Webber não seria um convidado ao seu aniversário e vice-versa. Para o australiano, conhecido por ser extremamente político desde os tempos da Jaguar, resta saber lhe dar com um piloto que é melhor do que ele e ainda tem a preferência da cúpula da equipe, mas foi o bandido nessa briga desta vez. Webber pode se aproveitar muito bem disso, pois Vettel vem mostrando que seu decantado amadurecimento está demorando demais a acontecer e numa disputa mais complicada, o talentoso alemão ainda pode se embananar. Mais do que um toque que destruiu uma corrida, Vettel mostrou que a Red Bull pode ter ficado pequena demais para ele e Webber, mas o alemão também mostrou que tem a cabeça fraquinha demais, além de ser carente de amadurecimento.

domingo, 30 de maio de 2010

Vamos quebrar tudo...


Lembram daquela musiquinha que aparecia no Programa do Ratinho quando o pau comia no palco? Pois bem, quando Mark Webber chegar para a reunião pós-corrida da Red Bull e o australiano se reencontrar com Sebastian Vettel, bem que essa musiquinha poderia reaparecer e com Christian Horner, com o papel de Ratinho, ficando entre os dois. Raramente se vê um momento tão definitivo na temporada como o entrevero entre Webber e Vettel, quando ambos brigavam pela ponta da corrida, com ambos saindo da pista e entregando a dobradinha para a McLaren, com Hamilton ainda tendo que suportar uma pressão inesperada de Jenson Button para finalmente conquistar sua primeira vitória em 2010.

Assistindo a corrida de hoje, me lembro da gritaria após a corrida no Bahrein, quando muitos assodados clamavam pela volta do reabastecimento para voltar a emoção nas corridas de F1. Só a chuva faz das corridas de hoje ficarem boas, complementavam outros, após as emocionantes corridas na Austrália e na Malásia. Pois bem, na Turquia não houve reabastecimento e a chuva que caiu definitivamente não influiu em nada para uma das melhores corridas dos últimos tempos, com quatro carros andando juntos em três quartos da prova, num nível altíssimo e com brigas que serão lembradas por muito tempo. Por sinal, se houvesse reabastecimento, haveriam as brigas entre Webber-Vettel e Hamilton-Button? Provavelmente eles ficariam comboiando um ao outro, esperando que o pit-stop definisse a fatura nos boxes, não na pista, como vimos. Por sinal, muitas brigas se decidiram na pista, onde se deve haver as trocas de posições. Não houve ultrapassagem em algumas delas? Isso faz parte e nem sempre a ultrapassagem em si é garantia de emoção e o exemplo que sempre lembro é da famosa corrida em que Gilles Villeneuve segurou quatro carros até o fim do Grande Prêmio da Espanha de 1981. Ele não deixou ninguém passar, mas a prova entrou para a história. Como a de hoje.

Como bem falou Jenson Button na entrevista coletiva, ninguém na McLaren esperava estar comemorando uma dobradinha menos de um mês após a dominação da Red Bull em Barcelona, principalmente em Kurtkoy, uma pista que teoricamente favorecia a equipe energética. Porém, a McLaren surpreendeu a Red Bull e andou no mesmo ritmo da equipe austríaca a corrida inteira. Hamilton e Button perderam uma posição cada na largada, mas recuperaram brilhantemente ainda na primeira volta e iniciaram a disputa pela ponta da corrida. Hamilton sempre que podia mostrava o bico para Webber, com Vettel logo atrás assistindo, enquanto Button se aproximava. A parada poderia ser decisiva para Hamilton, mas acabou o prejudicando quando a McLaren se atrapalhou e o inglês acabou ultrapassado por Vettel, que havia feito sua parada na volta anterior. Foi a senha do começo da confusão e da emoção.

Com Button andando muito rápido antes de fazer sua parada, os quatro primeiros colocados estavam colados, andando no mais alto nível, a ponto de Michael Schumacher, 5º colocado, estar virando 1s mais lento. Não haviam trocam de posições, mas a proximidade entre Webber, Vettel, Hamilton e Button, nessa ordem, não permitia sequer um pit-stop no banheiro, pois qualquer coisa poderia acontecer. Até mesmo uma indesejada chuva. Pela primeira vez em anos, muitos torcedores rezavam para não chover e não estragar a bela corrida que se desenrolava. A McLaren era claramente superior em reta, mas a Red Bull era nitidamente mais equilibrada nas curvas rápidas, especialmente a famosa curva 8, ainda não batizada. Porém, a briga pela ponta iria ser decidida entre dois companheiros de equipe, portanto, não indicando muita emoção. Teoricamente. Vettel começava a esboçar um ataque em Webber, enquanto deixava Hamilton um pouco para trás e na volta 41 entrou colado na traseira de Webber na reta oposta. Como todo piloto que defende uma posição, ainda mais a primeira, o australiano foi para dentro e espremeu Vettel, mas ainda lhe deu espaço. Por um motivo que ninguém, a não ser Vettel, o alemão resolveu ir para à direita e o toque foi inevitável. O prejuízo só não foi maior para a Red Bull porque Vettel não veio totalmente para cima de Webber, mas o estrago estava feito. Um pneu furado destruiu a corrida de Vettel, enquanto Webber, com a asa dianteira, via as duas McLarens pronta para uma dobradinha. Ou não?

Faltando pouco mais de quinze voltas era mais do que normal que Hamilton e Button permanecessem nas mesmas posições, mas o atual Campeão mundial partiu para cima e numa manobra de perder o fôlego, ficou roda a roda com o companheiro de equipe e chegou a ultrapassar Hamilton, mas o Campeão Mundial de 2008 não iria desistir fácil e deu o troco ainda na curva seguinte, dando um susto no staff da McLaren. Foi uma manobra histórica e bonita de se ver, algo raro que não acontecia a muitos anos. Mas ao contrário da Red Bull, deu certo, mas Martin Whitmarsh foi cuidadoso e na velha história de conservar o combustível, deu a ordem para que Hamilton e Button ficassem naquelas mesmas posições e conquistassem a segunda dobradinha do ano para a McLaren, enquanto um injuriado Mark Webber completava o pódio, mas como consolação, ao menos liderava o campeonato de forma isolada.

Contudo, o Grande Prêmio da Turquia pode ter significado uma briga entre companheiros de equipe rara de se ver. Em 2007 na McLaren, Hamilton e Alonso soltaram muitas farpas pela imprensa, mas na pista eles foram justos um com outro, com excessão da confusão dos pits na Hungria, mas, ainda assim, num movimento dentro dos boxes. Até mesmo na época entre Senna e Prost na própria McLaren, o momento mais sério entre eles dentro da pista ocorreu já no final da convivência entre eles, quando decidiam um campeonato. Já com Mark Webber e Sebastian Vettel, ainda antes da metade do campeonato em que a Red Bull tem o melhor carro do ano, ambos já estragaram a corrida um do outro numa manobra transloucada do alemão, que ainda quis ter razão quando insinuou que Webber estava louco na briga entre os dois. Ainda no ano passado existiam rumores de que os dois não se gostavam muito e com a presepada de hoje, ficará difícil esconder isso. Nessa hora, Christian Horner terá que mostrar pulso firme para segurar o ímpeto dos seus pilotos e que daqui para frente, eles comecem a se respeitar e que o campeonato, que parecia encaminhado para eles, não seja perdido por causa de erros infantis e individuais. A McLaren só tem a agradecer ao surto de individualismo de Vettel, mas também terá que segurar seus pilotos, pois Button demonstrou hoje que não será um segundo piloto inofensivo frente a Hamilton e sua cara no pódio, parecia de um piloto que tinha condições de ter vencido, mas foi podado pela equipe.

Com tantas emoções na frente, o resto foi, literalmente, o resto. O melhor momento de Michael Schumacher foi mesmo a largada, quando ultrapassou Button, mas o veterano alemão não foi sequer capaz de segurar por muito tempo a 4º posição e foi ultrapassado pelo inglês ainda na primeira volta. E na 5º posição que cruzou a primeira volta, só não cruzou a última porque ganhou um posto pelo abandono de Vettel, logo à frente de Rosberg. A atualização da Mercedes serviu muito mais a Schumacher do que a Rosberg, que vem acusando o golpe e é superado, corrida após corrida, por Schummy. A Renault deu um bom salto de crescimento e já anda no mesmo nível de Mercedes e Ferrari. Kubica passou a corrida inteira atrás de Rosberg e até esboçou alguns ataques ao alemão, mas permaneceu na mesma 6º posição em que largou. Felipe Massa fez uma primeira volta agressiva e chegou a ter um toque perigoso com Kubica numa freada, mas a partir daí se aquietou na posição que estava e por lá terminou. A forma como ficou atrás da Renault mostra que a Ferrari, considerada favorita destacada após a vitória no Bahrein, tem que reagir o mais rápido possível se quiser fazer algo de interessante num campeonato que se desenha numa briga particular entre McLaren e Red Bull. Uma noção do nível atual da Ferrari é que seus dois pilotos não estavam entre as oito melhores voltas da corrida. Um péssimo presente de aniversário de 800 GPs na F1. Para desespero de Massa, Alonso mais uma vez conseguiu chegar logo atrás do brasileiro numa corrida que começou errática desde os treinos no sábado. Alonso chegou a perder uma posição na largada, mas logo ultrapassou De la Rosa e ultrapassou Sutil nos boxes. Com a visão da traseira de Vitaly Petrov a corrida inteira, Alonso partiu para o ataque nas voltas finais e conseguiu uma ultrapassagem agressiva em cima do russo, que acabou tendo um pneu furado e a corrida estragada. Foi uma pena para Petrov, que pela primeira vez no ano andou no mesmo ritmo de Kubica e vendeu caro sua ultrapassagem para Alonso.

Com a Renault se firmando como a quinta força do Mundial e com Petrov saindo da zona de pontuação no final, sobrou o pontinho final para as demais equipes veteranas. Force India, Sauber, Toro Rosso e Williams brigaram pelo ponto final e este acabou com Kobayashi, coroando o bom trabalho do japonês, que passou a corrida inteira sendo pressionado. Primeiro, Koba aguentou bem a pressão de Alonso, mas o espanhol o ultrapassou nos boxes. Depois, Kobayashi foi ultrapassado de forma muito bonita por Adrian Sutil e ficou em 10º a prova inteira. Porém, a Toro Rosso tentou uma estratégia diferente e trocou os pneus novamente de seus pilotos, fazendo com que Jaime Alguersuari voasse na pista, inclusive com o espanhol ficando com a melhor volta da prova nos momentos finais. O espanhol ultrapassou De la Rosa e Hulkenberg e partiu para cima de Kobayashi nas voltas finais, com os quatro protagonizando uma disputa interessante pelo ponto final, que acabou ficando com Kobayashi na última volta. Um prêmio para este japonês que fez duas corridas espetaculares ano passado e que estava devendo em 2010. De la Rosa ficou atrás do seu companheiro de equipe novamente, mas nada que se compare ao banho que Vitantonio Liuzzi vem levando de Adrian Sutil na Force India. Enquanto o alemão se esforçou ao máximo até conseguir chegar a zona de pontos, Liuzzi... ele correu hoje? Barrichello vive sua montanha-russa de ótimas e péssimas largadas e na Turquia foi a vez de uma largada ruim, que adicionada a um péssimo pit-stop, o colocou nas últimas posições e atrás de Hulkenberg. Outro que teve problemas foi Buemi, que teve um pneu furado ainda no início da corrida e só foi visto ultrapassando as novatas, que fizeram seu papel. Levar seus carros até o final da corrida atrapalhando o menos possível os outros. Apenas Glock e Di Grassi conseguiram.

A corrida da Turquia prova que uma corrida não depende apenas de artifícios como o reabastecimento ou a obrigatoriedade de uma segunda parada, como foi dito no início do ano. Se a pista é boa, a corrida tende a ser boa, ainda mais com quatro pilotos como Lewis Hamilton, Jenson Button, Mark Webber e Sebastian Vettel. Eles deram um show na pista de Kurtkoy e por isso que seria uma pena que a pista saía mesma do calendário da F1. Porém, esse show de hoje pode custar caro a ambas as equipes, pois o espírito competitivo de seus pilotos podem atrapalhar os anseios dos times. A Red Bull, antes preocupada com a confiabilidade, agora tem que lidar com seus pilotos, enquanto a McLaren, que corria atrás da Red Bull, não apenas está quase no mesmo nível da equipe austríaca, como também terá que escolher qual dos seus pilotos irá ser o primeiro piloto. Mas quem escolher? Hoje foi um dia marcante para a F1.

sábado, 29 de maio de 2010

Contrariando as apostas


Apesar de todos apostarem contra, Mark Webber provou mais uma vez que sua ótima fase ainda não acabou e mesmo contra todas as apostas, conseguiu o tri nas poles. Para quem não entende a má-vontade de Reginaldo Leme para com Mark Webber, onde o veterano comentarista sempre vota contra o australiano, vale uma explicação. No começo da década passada Antônio Pizzônia era o queridinho da imprensa tupiniquim quando conquistou vários títulos nas categorias de base inglesa e dava pinta que poderia brilhar na F1 em breve. Quando o amazonense estreou na categoria em 2003 pela equipe Jaguar, todos apostavam que Pizzônia destruiria Mark Webber, um piloto com uma carreira obscura, mesmo tendo mostrado alguma velocidade na F3000. Contrariando todas as apostas, Webber destroçou Pizzonia a ponto do brasileiro ter sido demitido ainda antes da temporada terminar. E a maioria da imprensa brasileira, liderada por Reginaldo Leme, passou a crucificar o australiano, que nada mais fez que ser bem mais rápido do que Pizzônia, ou seja, seu trabalho.

Porém, Mark Webber vem se especializando em contrariar apostas em sua carreira e quando todos apostavam numa pole de Vettel, o australiano cravou o seu jovem companheiro de equipe e a maior ameaça da Red Bull, Lewis Hamilton. O treino indicava um domínio da Red Bull, mas Hamilton usou sua velocidade incrível para se meter entre os carros azuis e largará na primeira fila, deixando Vettel, que errou em sua volta mais rápida, em terceiro, ao lado de Button, discreto em mostrar que a McLaren, hoje, é a principal adversária da Red Bull.

Completando seu 800º GP na F1, a Ferrari não tem muito o que comemorar. Superada desta vez pela Mercedes, que largará à sua frente, os vermelhos ainda foram incomodados pela Renault e ainda viu Fernando Alonso errar pela segunda vez consecutiva e ficar de fora do Q3. Mesmo sendo um especialista na pista de Kurtkoy, Felipe Massa foi apenas oitavo, num sanduíche da Renault, já que Vitaly Petrov vem surpreendendo numa pista em que sempre andou bem. Enquanto Alonso lamenta sua lentidão, Massa tem mais uma chance de superar seu companheiro de equipe.

Kobayashi fez um ótimo trabalho ao colocar a Sauber no Q3, superando novamente Pedro de la Rosa, alimentando os indício que o veterano espanhol irá ter uma aposentadoria forçada. Rubens Barrichello faz o pode com um Williams nitidamente sem motor e colocou, novamente, muito tempo em Nico Hulkenberg, talvez o pior estreante da temporada. Mesmo sem ter passado para o Q3, Sutil vem dando um banho em cima de Vitantonio Liuzzi, que vem desperdiçando uma chance rara na F1: uma segunda chance na carreira. Nas equipes nanicas, Lotus vem se destacando como a melhor novata, enquanto a Virgin ainda se vira com os problemas mecânicos que sempre lhe aflinge e não a deixa evoluir, ficando próxima da Hispania, pior carro disparado da F1 atual.

A corrida amanhã deverá ser definida entre Red Bull e Hamilton, com claro favoritismo para os azuis frente ao preateado inglês. Porém, a primeira curva de Kurtkoy é pródiga em acidentes e um Vettel louquinho para mostrar serviço poderá ser perigoso para as aspirações da Red Bull. Porém, com tão pouco público, seria uma pena que a prova de amanhã seja a última da espetacular pista de Kurtkoy. Tomara que essa aposta também esteja errada.

domingo, 23 de maio de 2010

Mergulho


Essa duas semanas que passaram foram sortidas de corridas históricas em Mônaco, principalmente com os famosos acidentes de Darek Daly em 1980 e Nelson Piquet/Riccardo Patrese em 1985. Porém, há 55 anos atrás o acidente mais conhecido da história de Mônaco aconteceu quando algo muito temido aconteceu na prova monagasca. Um mergulho no mar do Mediterrâneo. Alberto Ascari estava a ponto assumir a primeira posição da corrida com o abandono de Stirling Moss, quando o italiano perdeu o controle de sua Lancia na freada próximo ao porto e mergulhou no Mediterrâneo. Mergulhadores imediatamente pularam na água, mas Ascari, com pequenas escoriações e o nariz quebrado, estava bem e rapidamente medicado quando foi levado de volta a terra. Seu carro seria rebocado mais tarde. Porém, apenas quatro dias depois do susto, Alberto Ascari morreria num teste em Monza.

História: 25 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1985


Chegando a Monte Carlo, a temporada de 1985 já tinha seus principais carros e pilotos. A McLaren continuava forte e Alain Prost ainda mais faminto para conseguir logo seu sonhado título. O campeão Niki Lauda ainda era uma mera sombra do que tinha sido em 1984. A Ferrari voltava a mostrar força, desta vez liderada por Michele Alboreto, numa ótima fase até então, enquanto a Lotus mostrava força nos treinos classificatórios, principalmente com a velocidade incrível Ayrton Senna, que já começava a incomodar Elio de Angelis, veterano da equipe de seis temporadas e líder do Mundial no momento, que se sentia menosprezado frente ao novo piloto da equipe.

Ayrton Senna mostrava sua incrível forma no mesmo circuito em que apareceu pela primeira vez e consegue sua terceira pole consecutiva, mostrando que seu talento aliado ao potente motor Renault turbo faria grandes estragos ao longo do ano. Porém, nessa corrida Senna entrou em sua primeira grande polêmica por causa de atitudes nada éticas dentro das pistas. No final do treino, com o tempo da pole já estabelecido, Senna colocou pneus velhos e começou a andar lentamente pela pista de Mônaco, com o intuito de atrapalhar os adversários que tentavam superar seus tempos. O piloto da Lotus conseguiu seu objetivo, mas os demais pilotos, principalmente Keke Rosberg e Michele Alboreto, que tiveram suas melhores voltas atrapalhadas, ficaram irritadíssimos e, conta a lenda, Rosberg teria chamado Senna para a briga. Hoje em dia, isso dá punição e o piloto em questão é chamado de anti-ético para sempre. Como era Senna...

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:20.450
2) Mansell (Williams) - 1:20.536
3) Alboreto (Ferrari) - 1:20.563
4) Cheever (Alfa Romeo) - 1:20.729
5) Prost (McLaren) - 1:20.885
6) Boutsen (Arrows) - 1:21.302
7) Rosberg (Williams) - 1:21.320
8) De Cesaris (Ligier) - 1:21.347
9) De Angelis (Lotus) - 1:21.465
10) Warwick (Renault) - 1:21.531

O dia 19 de maio de 1985 estava nublado, mas ao contrário das três últimas corridas no principado, a chuva não faria parte importante da corrida. Senna tentaria repetir a estratégia que usou nas duas oportunidades em que foi pole e largou de forma excelente, chegando na curva Saint Devote em primeiro com certa tranquilidade. Mansell, um piloto que sempre andou bem em Mônaco, manteve a segunda posição, enquanto Alboreto era seguido de Prost, que ultrapassara Cheever na largada. Por causa da estreiteza do circuito citadino, as largadas normalmente provocam acidentes e no meio do pelotão Gerhard Berger se envolveu num acidente com Patrick Tambay e ambos levaram a Ferrari de Stefan Johansson e roldão. Os três estavam fora ainda antes da primeira curva.

Mesmo com Mansell sendo um especialista na pista de Mônaco, Senna sabia que o inglês poderia lhe ajudar a segurar Alboreto e Prost, enquanto dispararia na ponta, mas o piloto da Lotus não contava com a agressividade mostrada por Alboreto naquele dia e no final da primeira volta o italiano conseguiu ultrapassar Mansell na Saint Devote, com Prost ultrapassando a Williams logo depois. Mansell perderia várias posições e não seria mais um fator durante a corrida. Mesmo tendo Alboreto em segundo, Senna controlava a corrida com certa tranquilidade, até seu motor estourar na volta 14. Seria um castigo dos deuses pelo o que o brasileiro tinha feito no dia anterior?

Alboreto agora liderava, mas Prost sempre permanecia por perto. Os dois estavam bem mais rápidos que o 3º colocado Elio de Angelis, que vinha numa corrida solitária. Mais atrás, Riccardo Patrese era pressionado por Nelson Piquet numa luta pela nona posição. Os dois ex-companheiros de equipes vinham fazendo uma corrida tímida, mas Piquet tentou ultrapassar Patrese na entrada da Saint-Devote na volta 17, mas o italiano fechou a porta e os dois se tocaram ainda antes da freada, provocando um dos mais conhecidos acidentes do principado. Apesar dos dois carros terem ficado destruídos, Piquet e Patrese estavam bem, mas a pista não. Quando os líderes se aproximaram do local do acidente na volta seguinte, o asfalto estava ensopado de óleo e Alboreto acabou passando reto, tendo que frear forte para não bater na barreira de pneus. Prost também escorregou, mas teve mais sorte e se segurou, assumindo a liderança da corrida. Alboreto engatou a ré e rapidamente partiu em perseguição a Prost. Niki Lauda, apenas em oitavo, não foi muito afortunado e no mesmo local em que Alboreto escorregou, o tricampeão também se atrapalhou com o óleo na pista e acabou deixando seu McLaren morrer, acabando com sua corrida.

Se sentindo como verdadeiro dono da corrida, Alboreto partiu então em perseguição a Prost e em poucas voltas já estava colado na McLaren. Na volta 23, o piloto da Ferrari fez uma bela manobra em cima de Prost na mesma Saint-Devote que havia lhe tirado a liderança mais cedo e parecia que nada pararia Alboreto naquele dia. Porém, Mônaco tem seus mistérios e injustiças. O acidente entre Piquet e Alboreto não havia deixava apenas óleo na pista, mas pequenos pedaços de carro e Alboreto, infelizmente, sofreria com esse acidente mais tarde quando seu pneu traseiro esquerdo teve um furo lento e o italiano teve que trocar seus pneus algumas voltas mais tarde.

Poucos podiam imaginar que Alboreto ainda poderia conseguir algo nessa corrida, mas o italiano estava mesmo endiabrado naquela dia de maio de 1985. Após trocar seus pneus, Alboreto voltou à pista em 4º e era, inegavelmente, o piloto mais rápido da pista. Rapidamente ele encostou na Ligier de Andrea de Cesaris e ultrapassou o italiano numa manobra audaciosa na Mirabeau. Elio de Angelis estava longe, mas Michele forçou o ritmo já nas voltas finais assumiu a segunda posição. Mesmo tirando tudo que sua Ferrari poderia lhe dar, Alboreto não foi capaz de alcançar Prost, que venceu pela segunda vez consecutiva em Mônaco, mas o piloto da McLaren agora sabia quem seria seu maior adversário na disputa pelo título de 1985.

Chegada:
1) Prost
2) Alboreto
3) De Angelis
4) De Cesaris
5) Warwick
6) Laffite

Tripleta


Os pilotos espanhóis que disputam o Mundial de Motovelocidade devem ter se inspirado na Internazionale de Milão, que ontem completou a tripleta ao vencer a final da Liga dos Campeões, se juntando ao Campeonato Italiano e a Copa da Itália. Se ontem o palco dos interistas foi Madri, capital da Espanha, os ibéricos completaram a tripleta alguns quilometros a leste, em Le Mans, com Pol Espargaró vencendo nas 125, Toni Elias na Moto2 e Jorge Lorenzo completando a festa espanhola na França. Por coinscidência, foram os mesmos vitoriosos da corrida anterior, em Jerez.

Lorenzo mostrou hoje que sua alta confiança pode lhe render frutos até mesmo numa lenda como Valentino Rossi. Ainda com o ombro baleado, Rossi fez uma ótima largada (ele, um péssimo largador) e se manteve na ponta até onde deu. Lorenzo tinha muito mais moto e a ultrapassagem era questão de quando e onde se realizaria. E ela aconteceu na oitava volta, com os dois pilotos da Yamaha chegando a ficar lado a lado em alguns momentos. Pensando no ombro dolorido, Rossi nem ofereceu tanta resistência no ataque final de Lorenzo e se conformou com o segundo lugar. Todos sabiam que na oportunidade que teria para liderar a corrida, seria difícil alcançar o ritmo de Lorenzo e o espanhol de 23 anos imprimiu um ritmo fortíssimo, colocando tempo em cima de Rossi imediatamente após a ultrapassagem vitoriosa e venceu sem muitos problemas uma corrida até certo ponto morna. Com a segunda vitória consecutiva, Lorenzo começa a desgarrar na liderança e começa a ver Rossi, sentado numa cadeira de praia e comendo pipoca, ficar cada vez mais distante.

Não restam dúvidas que a Yamaha tem os melhores pilotos e as melhores motos, mas seus principais adversários passam por um momento delicado na carreira. Casey Stoner e Daniel Pedrosa parecem necessitar mais de um psicológo do que uma moto melhor, pois ambos já mostraram ter uma máquina capaz de conseguir algo melhor do que fizeram na França hoje. Stoner era o mais rápido na pista quando caiu sozinho, ainda no início da prova e seu choro nos boxes mostra toda a frustração de um ótimo piloto, mas que está pressionado por bons resultados e, ao contrário de Lorenzo, ver sua confiança ir para o brejo. Outro no qual precisa de uma melhorada no ânimo é Daniel Pedrosa. O espanhol sempre foi cria da Honda e desde os 15 anos foi talhado para ser Campeão Mundial na MotoGP. A Honda lhe deu as melhores motos nas 125 e 250 e Dani venceu três títulos nas categorias de base, mas em sua sexta temporada na MotoGP, a Honda começa a se perguntar se apostou certo no espanhol, que se mostra cada vez mais desequilibrado mentalmente, apesar de sua suposta frieza. Pedrosa acompanhou de perto a briga das Yamahas até Lorenzo deixar Rossi para trás, mas ao contrário do que poderia supor, Pedrosa não atacou Rossi. Paradoxalmente, Doviziozo e Hayden se aproximaram do representante da Honda e ultrapassaram-no na última volta de forma humilhante. Os coadjuvantes de Honda e Ducati começam a tomar as rédeas das equipes, enquanto Stoner e Pedrosa devem estar se perguntando o que está acontecendo com eles mesmos.

Na Moto2, Toni Elias venceu com facilidade uma prova extremamente acidentada e o espanhol soube tirar proveito de uma largada sensacional, onde pulou de sétimo para primeiro ainda antes da primeira curva para não apenas vencer, como assumir a liderança do Mundial, já que Tomoyoshi Koyama foi uma das vítimas do circuito francês. Elias, que vinha fazendo uma carreira regular na MotoGP até ser rebaixado para a Moto2 esse ano, prepara sua volta a categoria principal pela porta da frente. Pol Espargaró venceu novamente nas 125cc e começou a desta espanhola, pois Nicolas Terol e Marc Marquez completaram o pódio na prova em Le Mans, porém, ao contrários dos demais vencedores de hoje, Espargaró ainda é o vice-líder da temporada, apenas dois pontos atrás de Terol.


Como a próxima corrida será em Mugello, Rossi deverá fazer uma preparação toda especial para tentar uma virada em cima de Lorenzo, que está com a confiança lá em cima, e vencer em casa. O experiente italiano sabe que uma vitória na Itália será essencial como fator psicológico para o resto do Mundial. Lorenzo que se cuide!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1980


Monte Carlo recebia alegre a F1 para a edição de 1980 de sua tradicional corrida. Encravada no litoral francês, a torcida tinha o que comemorar, pois Didier Pironi tinha acabado de vencer sua primeira corrida na F1, com sua Ligier. Um carro francês! Toda a expectativa estava para que um francês vencesse a prova. Até porque Arnoux ainda era o líder, mesmo que seu Renault Turbo não tivesse a mínima chance nas apertadas ruas de Mônaco.

Motivadíssimo após sua vitória, Pironi esbanja talento e consegue também sua primeira pole, mostrando que a Ligier tinha um ótimo carro e ele próprio era mais do que capaz de vencer corridas. Após algumas corridas sem aparecer muito, a Williams voltou a mostrar força com Reutemann largando mais uma vez à frente do companheiro de equipe Jones e completando a primeira fila. A Ferrari mostrava que não tinha a mínima condição de conseguir algo em 1980, mas Villeneuve ainda conseguia milagres e punha o carro vermelho em 6º, com Scheckter apenas em 17º, na penúltima fila, tendo ao seu lado outro campeão mundial, Emerson Fittipaldi. Mais surpreendente do que a penúltima, estava a última fila, com o líder do campeonato René Arnoux e o campeão de 1978, Mario Andretti, fechando o grid.

Grid:
1) Pironi (Ligier) - 1:24.813
2) Reutemann (Williams) - 1:24.882
3) Jones (Williams) - 1:25.202
4) Piquet (Brabham) - 1:25.358
5) Laffite (Ligier) - 1:25.510
6) Villeneuve (Ferrari) - 1:26.104
7) Depailler (Alfa Romeo) - 1:26.210
8) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:26.227
9) Jarier (Tyrrell) - 1:26.369
10) Prost (McLaren) - 1:26.826

O dia 18 de maio de 1980 estava nublado no principado de Mônaco e havia a possibilidade de chuva a qualquer momento. A primeira curva de Mônaco sempre foi problemática por causa da estreiteza da reta dos boxes, afunilando na ainda mais apertada Saint-Devote. Acidentes sempre aconteceram no local, mas um dos mais famosos estavam prestes a acontecer. No pelotão da frente, tudo normal, mas com algumas mudanças. Enquanto Pironi larga de forma impecável, Jones toma o lugar de Reutemann e pula para segundo, enquanto Piquet não arranca bem e é ultrapassado por Laffite e Depailler. Assim que os líderes passaram pela Saint-Devote, a confusão começou. Derek Daly, largando em 11º, tentava ganhar posições na primeira curva e não julgou o famoso clichês das corridas: Não se pode ganhar uma corrida na primeira curva, mas pode perder.

O irlandês da Tyrrell perder o ponto de freada e acertou em cheio a Alfa Romeo de Giacomelli e Daly saiu, literalmente, voando, caindo em cima da traseira do seu companheiro de equipe Jean-Pierre Jarier, que vinha alguns metros à frente e ainda atingiu a dianteira da McLaren de Prost. Quem largava nas últimas posições, teve que tomar decisões impraticáveis numa corrida, como Riccardo Patrese, que teve que engatar uma ré e acabou atingindo o ATS de Jan Lammers. Apesar do acidentes espetacular, apenar Daly, Jarier, Prost e Giacomelli estavam fora da corrida e ilesos. Voltando a corrida, Pironi imprimia um ritmo fortíssimo e parecia imbatível naquele dia de primavera no mar do Mediterrâneo. Mais atrás, Jones liderava um trenzinho que tinha Reutemann e Laffite. Ligier e Williams dominavam a corrida inteiramente.

Mais atrás, Scheckter, que tinha se aproveitado da confusão da primeira volta e ganho dez posições, segurava um enorme pelotão atrás de si, que incluía até mesmo Villeneuve. Ninguém ultrapassava ninguém. Problema antigo em Monte Carlo... Alan Jones acaba sendo a primeira vítima da difícil corrida monegasca e abandona ainda na volta 25 com o diferencial quebrado, permitindo a Reutemann se descolar de Laffite e ficar num sanduíche da Ligier, mas com o argentino num solitário segundo posto. Patrick Depailler, ainda se recuperando do seu acidente de asa-delta e resolvendo os problemas crônicos de dirigibilidade da Alfa Romeo, vinha num excelente quarto lugar quando o motor italiano lhe traiu e deixou Piquet num tranquilo quarto lugar.

O templo nublado denunciava que a chuva estava próxima de cair e por volta do giro de número 50 a chuva fina começou a molhar o asfalto do principado. Quem lidera uma corrida, chuva nunca é bem-vindo, mas o drama de Didier Pironi é ainda pior. Seu câmbio começa a ter problemas e as marchas estavam difíceis de ser engatadas. O francês fazia um esforço sobre-humano para se manter na corrida num ritmo normal, mas na volta 54 Pironi acabou se desconcentrando e batendo no guard-rail, acabando com o sonho de conquistar uma vitória em Monte Carlo. Mesmo sem ter o melhor carro do final de semana e de forma discreta, Carlos Reutemann assumia a ponta da corrida para não mais perde-la. Com a chuva que aumentava de intensidade, todos os pilotos na pista estavam cautelosos e tudo o que queriam eram ver a bandeirada. Menos um. Gilles Villeneuve teve problemas nos seus pneus, ao forçar demais com sua Ferrari nada equilibrada, e saiu pronto para ultrapassar quem viesse pela frente. E deu de cara logo com René Arnoux, co-protagonista da já famosa disputa de Dijon em 1979. Agora era Villeneuve que tentava ultrapassar. E era também a vez de Arnoux fechar a porta. Os dois faziam uma disputa empolgante, até Villeneuve fazer outra mágica. Na entrada da Saint-Devote, o canadense resolver colocar sua Ferrari por dentro, passar por cima da zebra e dar um enorme susto em Arnoux, que nunca esperava que um piloto colocase o carro ali. Tão assustado, que Emerson aproveitou a carona e também ultrapassou o francês. Parecia que Arnoux ainda não tinha aprendido a lição... Reutemann vencia e era o quinto vencedor diferente em seis provas, mostrando que o campeonato tinha emoção na frente e atrás. Com Villeneuve.

Chegada:
1) Reutemann
2) Laffite
3) Piquet
4) Mass
5) Villeneuve
6) Fittipaldi

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Figura (MON): Robert Kubica

Se houvesse uma pontuação em que o piloto marcaria mais ou menos pontos pela colocação conseguida e pelo potencial verdadeiro do carro, Robert Kubica estava disparado na liderança desse campeonato fictício, pois o que o polonês vem fazendo nesse ano com seu regular Renault está chamando a atenção de todos no circo da F1. Em pistas em que o carro é importante, Kubica fez milagre com um carro que não tinha potencial para ficar nem entre os dez primeiros, vide o que a pré-temporada mostrou. Em Mônaco, pista onde o braço tem uma porcentagem enorme em um bom ou mal resultado, Robert Kubica mostrou que está mesmo no mesmo nível das grandes estrelas da F1 atual. Mesmo contra carros nitidamente mais equilibrados e com um orçamento maior, Kubica sempre andou entre os primeiros nos treinos livres e perdeu a pole por causa de uma volta excepcional de Mark Webber, que tem em mãos o melhor carro da F1 atual. Mesmo perdendo a 2º posição para Vettel na largada, Kubica não deu sossego ao alemão da Red Bull e no fim conquistou um excelente terceiro lugar, subindo ao pódio pela segunda vez nesta temporada. As equipes já perceberam que Kubica pode dar vitórias e títulos se estiver com o carro certo, por isso não se surpreenda se mais uma atuação magistral desse polones o coloque num cockpit competitivo em 2011.

Figurão (MON): Mercedes

Exatamente um ano atrás, a equipe, então chamada Brawn, vencia sua quinta corrida na temporada e poucos poderam acreditar que o time formado dos espólios da Honda perderia o título em 2009. Mais de 360 dias depois e com os dois títulos assegurados, a agora Mercedes, com todo o glamour e, principalmente, dinheiro sabe que dificilmente terá condições de brigar pelo título nesse ano e talvez uma vitória seja um prêmio maior do que o potencial do novo carro. Mesmo com a genialidade de Michael Schumacher e Ross Brawn, o time prateado não consegue se encontrar nessa temporada e já se firma como a quarta força do Mundial, ficando atrás de suas rivais Red Bull, Ferrari e McLaren. Em Mônaco, a Mercedes não mostrou forças para ficar à frente das três que, teoricamente, brigaria pelo campeonato nesse ano e ainda viu Schumacher, esperança de algo a mais pela equipe, ser penalizado muito por culpa do time, que disse ao alemão que a pista estava livre na última volta, quando na verdade não estava. Com os meios necessários e os homens corretos dentro e fora da pista, a equipe oficial da Mercedes tem tudo para conquistar ótimos resultado. Mas dificilmente ocorrerão em 2010.

domingo, 16 de maio de 2010

Realidade na ponta


Após seis corridas, a Red Bull finalmente mostra no campeonato de pilotos e construtores toda a sua superioridade que vem mostrando em 2010. Mark Webber confirmou sua ótima fase com uma vitória esmagadora nas ruas de Mônaco, onde não largou a primeira posição em nenhum momento da prova de hoje e assumiu a liderança do campeonato pela primeira vez na carreira, trazendo consigo Sebastian Vettel, que largou bem e também não saiu do segundo posto, garantindo assim a dobradinha da Red Bull, a primeira em 2010 e já sem tempo. Quanto as outras, sobraram apenas as migalhas, sendo que Robert Kubica mostrou que é o melhor piloto do ano ao colocar sua média Renault no pódio mais uma vez.

Como de costume, Monte Carlo não trouxe uma corrida emocionante, mas para o padrão do principado, a corrida foi até animada. Quatro intervenções do safety-car, acidentes e ultrapassagens marcaram a prova de hoje, mas a realidade foi que dos cinco primeiros colocados, apenas Vettel trocou de lugar com Kubica na largada e as demais posições permaneceram as mesmas. Era isso que precisava Mark Webber. O australiano foi impecável na corrida de hoje e não foi ameaçado em nenhum momento da corrida, seja na largada, seja nas paradas ou até mesmo nas oportunidades em que Bernd Maylander entrou com seu belo Mercedes na pista para segurar os carros em bandeira amarela. Webber dominou a corrida monegasca como poucas vezes vista na casa dos Rainier e o australiano, numa fase iluminada, entrou no embalo que pode lhe dar um título que talvez nem Webber, prestes a completar 34 anos e com nove anos de experiência na F1, esperasse. Sebastian Vettel, queridinho da Red Bull, pareceu ter sentido o baque e não parece não ter condições no momento de derrubar seu companheiro de equipe. O alemão ainda largou bem e tomou o lugar de Robert Kubica na largada, mas via Webber se distanciar volta após volta. Mesmo empatado em pontos com Webber, Vettel precisa de uma reação urgente, caso queira entrar em vantagem na briga com Mark Webber na briga pelo título, que se encaminha para uma disputa interna dentro do seio da Red Bull.

Qualquer que fosse o resultado de Robert Kubica na corrida, o polonês já tinha feito muito em Mônaco. Kubica está levando, literalmente, seu Renault a resultados em que o potencial do carro nem de longe poderia sonhar. Nem Alonso, que se vestia de amarelo nas duas últimas temporadas, fez o mesmo que Kubica pela Renault. E olha que o espanhol fez muito! Apesar de ter perdido sua posição na largada, mesmo com o bico do seu carro apontado para dentro, Kubica não se desesperou em nenhum momento e acompanhou de perto Vettel, nunca deixando que Massa o pressionasse em demasia. É por essas e outras que Kubica vê seu nome ventilado nas grandes equipes e a cada dia que passa, fica impossível quem um time de ponta não enxergue o enorme talento de Robert Kubica. A comparação com Kubica chega a ser cruel com Vitaly Petrov, pois o russo prova que não é um mal piloto, mas que apenas acompanha o real potencial da Renault. Petrov abandonou no finalzinho da corrida, sendo que ele teve sua prova comprometida com um pneu furado, mas a Renault não tem do que reclamar deste domingo, pois o pódio foi todo ocupado com seus motores.

Felipe Massa fez o feijão-com-arroz neste domingo e apenas fez o necessário para levar sua Ferrari ao lugar em que largou. Mesmo ganhando tres posições no campeonato, Massa fez uma corrida burocrática, onde andou rápido, mas se corrida tivesse mais quatro horas de duração, dificilmente sairia da posição que estava. Felipe ainda não fez uma corrida em que foi destaque, enquanto que seus teóricos adversários pelo cockpit da Ferrari em 2011 fazem ótimas corridas. Fernando Alonso diminuiu bastante o prejuízo de ter largado nos boxes com uma estratégia ousada, mas ao mesmo tempo inteligente da Ferrari. Com o safety-car logo na primeira volta, Alonso calçou os pneus mais duros e com eles foi até o fim da prova, pois sabia que o resto do pelotão teria que parar obrigatoriamente pelo menos uma vez. Enquanto os demais não faziam sua obrigação, Alonso ultrapassava os pilotos das equipes menores, inclusive uma antológica sobre Heikki Kovalainen na chicane do porto, por fora. Ok, o finlandês tinha uma Lotus, mas alguém lembra de uma manobra parecida. Graças a estratégia em sexto, Alonso caminhava calmamente rumo aos importante pontos, quando foi ultrapassado de forma sensacional por Michael Schumacher na última curva, com a luz verde claramente estampada na sua cara. O espanhol ultrapassou, se aprovetou da estratégia, não viu os líderes dispararem, Felipe Massa não se aproximou dele no campeonato, mas essa ultrapassagem levada de Schumacher deve ter doído para Alonso!

Lewis Hamilton vive o drama de ter sempre que economizar seu carro para chegar ao final. Notório pela sua agressividade, Hamilton recebeu a 'chamada' do seu engenheiro ainda na metade da prova para diminuir seu ritmo e resguardar seus freios, pois a essa altura os breques da McLaren já pediam água. O resultado foi um 5º lugar opaco do inglês, onde Hamilton esteve longe de mostrar algo de bom no final de semana monegasco, algo parecido com Button, que largou mal e quebrou o motor na segunda volta. Motivo? A ultra-profissional McLaren se esqueceu de tirar uma peça que ajudava na refrigeração do motor com o carro parado. Com o carro andando, essa mesma peça só serviu para efeito contrário e o motor Mercedes do atual campeão literalmente cozinhou. E adeus liderança do campeonato. A equipe oficial da fábrica vive a situação de, após ter conquistado o campeonato do ano passado se chamando Brawn, fica cada vez mais para atrás e agora dá para dizer que é a quarta força do campeonato, apesar da linda manobra de Schumacher no final. O alemão superou Rosberg na largada e passou a corrida inteira atrás da Ferrari de Alonso. Vide o que aconteceu em 2005, quando ultrapassou Barrichello na última volta, todos sabiam que Schumacher poderia fazer algo. E o fez quando ninguém esperava. Alonso relaxou e Schumacher pôs por dentro. Estará o heptacampeão de volta?

Rosberg caiu ainda mais no campeonato onde chegou a ser vice e ainda enxerga o crescimento do seu companheiro de equipe, onde superava com certa facilidade no início do campeonato. Nico ainda tentou algo quando retardou sua parada, mas o alemão não teve dicernimento para ir logo aos boxes quando teve Mark Webber, que havia acabado de sair dos boxes, na sua frente. A Force India colocou seus dois carros pela primeira vez nos pontos, com Sutil acabando por superar Liuzzi durante as paradas, mas essa é a mais pura realidade, pois o alemão vem sendo a alma da equipe em 2010. Logo atrás, vieram a Toro Rosso, com Buemi e Alguersuari esperando que alguém a sua frente abandonasse e eles pudessem capitalizar o problema e ganhar algum ponto. Isso nunca aconteceu e quando a Red Bull constrói o melhor carro do ano, a Toro Rosso resolve fazer um carro pra si... Sauber e Williams não viram a bandeirada, sendo que a segunda ainda teve o prejuízo de ver seus dois carros destruídos em acidentes e protagonistas de duas entradas de safety-car. Se Rubens Barrichello não teve culpa pelo aparente problema de suspensão que o fez perder o controle do carro, após uma ótima largada que o fez andar na frente das duas Mercedes no início da prova, Nico Hulkenberg terá que explicar o motivo de ter batido sozinho no túnel. As novatas, pela primeira vez no ano, não conseguiu ver nenhum dos seus carros ir até o final por variados motivos. A Virgin de Lucas de Grassi, a Lotus de Heikki Kovalainen e a Hispania de Bruno Senna saíram com problemas mecânicos, enquanto Timo Glock bateu no guard-rail e Karun Chandhok e Jarno Trulli protagonizaram o acidente mais espetacular do ano, quando, faltando quatro voltas, se enrroscaram na Rascasse e o Lotus de Trulli voou em cima da Hispania de Chandhok, com o capacete do indiano sendo atingido pelo carro do italiano. Foi um acidente perigoso e que ocorre bem na frente dos líderes, causando o fim da corrida atrás do safety-car.

A comemoração da Red Bull tem muito a ver que Mônaco não seria, em teoria, a pista favorita para um carro que funciona muito bem em curvas de alta. A dobradinha em Mônaco serve para mostrar que Adryan Newey construiu um carro excelente e que ainda conta com dois pilotos que fazem mesmo a diferença quando algo precisa ser feito para se conseguir a vitória. Enquanto as adversárias quebram a cabeça tentando tirar a diferença para a Red Bull, agora a equipe austríaca aparece na liderança dos dois campeonato e com a perspectiva de que não sairá mais de lá. Foram corridas tumultuadas na Ásia, mas quando a F1 chegou à Europa, a realidade veio a tona.

sábado, 15 de maio de 2010

E se...


A Ferrari dominou os treinos livres da quinta-feira e pintava como favorita, mas na figura de Fernando Alonso, líder nas duas primeiras sessões. Porém, na terceira vez em que a F1 vai à pista, o espanhol exagerou na Subida do Cassino e se estatelou no guard-rail, destruindo todo o seu final de semana, pois enquanto seus rivais de digladiavam na pista, Alonso apenas assistia, pois a Ferrari não tinha tempo hábil para consertar sua Ferrari parcialmente destruída. Pelo desempenho mostrado e a forma como Felipe Massa andou, ele uma notória vítima do austuriano em 2010, Fernando Alonso deveria estar pensando na provável pole que perdeu.

Quem não tem nada com isso é Mark Webber, mostrando que sua fase atual é explêndida, ao conseguir uma pole inesperada, pois nem a Red Bull mostrou o rendimento minimamente parecido com o massacre em Barcelona, nem o próprio australiano estava brilhando, com atuações obscuras até então. Porém, quando interessava mostrar algo mais, Mark Webber brilhou e conseguiu sua segunda pole seguida, superando a grande estrela do final de semana. Robert Kubica está provando o porquê da Ferrari estar interessada nele e o polonês colocou sua apenas regular Renault na primeira fila, numa demonstração pura de quando a pista necessita da habilidade do piloto, os grandes se sobressaem. E Kubica já pode ser considerado um grande.

Vettel foi superado mais uma vez por Webber, mas o alemão também tirou uma volta da cartola em Mônaco, pois em nenhum momento o piloto da Red Bull apareceu entre os primeiros, ao contrário de Massa, constantemente sendo o mais veloz no Q1 e Q2, mas não cosneguindo se impor quando importava. O próprio Felipe admite que não anda muito bem em Monte Carlo e sabe que desperdiçou uma chance óbvia de ficar com a pole e se encaminhar para a vitória, diminuindo os rumores de que está de saída da Ferrari. Largando em quarto, o brasileiro dependerá muito da largada.

Os pilotos com motores Mercedes, como McLaren e a equipe da fábrica, não foram bem e Hamilton liderou os pilotos com propulsores alemães, com Nico Rosberg superando mais uma vez Michael Schumacher, mas com uma diferença na casa dos milésimos. O líder do mundial destoou mais uma vez e mesmo ficando apenas dois décimos atrás de Hamilton, nunca andou o necessário para superar o companheiro de equipe. Com mais uma vaga para entrar no Q3 com a não-participação de Alonso, Rubens Barrichello mostrou um bom trabalho com sua Williams e Vitantonio Liuzzi finalmente largará na frente do companheiro de equipe Adrian Sutil, com o alemão ficando novamente de fora do Q3.

As novatas não atrapalharam tanto assim as equipes e até mesmo a Lotus ficou próxima da Sauber, apesar das rodadas de Trulli e Kovalainen. Não deverá haver tantas reclamações dos pilotos sobre fechadas de carros mais lentos, mas isso deverá acontecer aos montes durante a corrida. Largando na pole, Mark Webber é o favorito natural a vitória, mas terá ao lado um piloto faminto em mostrar que merece estar num cockpit melhor e por isso Kubica poderá ser um fator essencial amanhã. Já Alonso, largando em último, deve estar pensando no que poderia ter feito com um carro na mão como ele tinha na quinta-feira.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sessentão


Silverstone recebia o Grande Prêmio da Inglaterra e até a família real esteve presente, mas aquela corrida não seria mais uma na antiga base aérea inglesa na Segunda Guerra Mundial, por apenas um detalhe. A corrida valia por um campeonato. Após anos fazendo parte de corridas esporádicas, as equipes de fábrica e particulares, com suas maiores estrelas da época, fariam parte de um Campeonato Mundial organizado pela FIA. Por isso, aquele 13 de maio de 1950 não era simplesmente mais um Grande Prêmio, mas a estréia de um dos campeonatos de mais sucesso e duradouros da história do esporte e hoje o Campeonato Mundial de F1 é o significado de tecnologia de ponta e disputas em alto nível, envolvendo os melhores pilotos da história ao longo das últimas seis décadas. Giuseppe Farina, um promissor piloto italiano do pré-guerra, entrou na história por ter conquistado a primeira pole a primeira vitória na Inglaterra, com seu imbatível Alfa Romeo. No final do ano, Farina seria também o primeiro campeão, inaugurando uma era de grandes campeões.

terça-feira, 11 de maio de 2010

História: 40 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1970


O novo Lotus 72 estava testado e pronto para ser estreado a qualquer momento por Colin Chapman, mas o dono de equipe enfrentava a resistência de Jochen Rindt, que confiava mais no velho modelo 49 e ainda achava o novo carro inseguro. Mesmo estreando o carro no International Trophy em Silverstone, Rindt pediu a Chapman para usar o Lotus 49 em Monte Carlo palco da terceira etapa do Mundial de F1. Mesmo contrariado, Chapman aceitou o pedido do austríaco.

A March vinha em uma ótima fase, com a vitória de Chris Amon na corrida em Silverstone e Jackie Stewart liderando o campeonato e a equipe novata dominou a primeira fila, com Stewart superando Amon, que corria na equipe oficial. Mesmo enfrentando problemas com seus freios, Jack Brabham conseguiu colocar seu carro na segunda fila, ao lado de Denny Hulme. Rindt estava tendo um péssimo final de semana, pois havia contraído uma doença após passar uma noite em um iate no porto de Mônaco e era apenas oitavo. Doente e com um carro obsoleto, mas confiável, Rindt esperava apenas uma corrida para marcar pontos.

Grid:
1) Stewart (March) - 1:24.0
2) Amon (March) - 1:24.6
3) Hulme (McLaren) - 1:25.1
4) Brabham (Brabham) - 1:25.4
5) Ickx (Ferrari) - 1:25.5
6) Beltoise (Matra) - 1:25.6
7) Pescarolo (Matra) - 1:25.7
8) Rindt (Lotus) - 1:25.9
9) Courage (De Tomaso) - 1:26.1
10) McLaren (McLaren) - 1:26.1

O dia 10 de maio de 1970 estava claro em Monte Carlo, mas longe de fazer calor. Era um clima perfeito para uma corrida de F1 e Stewart foi logo mostrando a que veio, com o escocês conseguindo uma belíssima largada e permanecendo na ponta. Brabham também larga bem, mas fica preso atrás de Amon, enquanto era perseguido por Ickx, Beltoise, Hulme, Pescarolo e Ickx. Ainda na segunda volta, Beltoise consegue ultrapassar Ickx e assim permanece a corrida por um longo tempo.

Contudo, Stewart não estava tendo vida fácil quando ser motor começa a ter problemas ainda na sexta volta, mas o escocês resolve permanecer na corrida, liderando à frente de Amon e Brabham, mas com Stewart não imprimindo seu famoso ritmo alucinante quando liderava. Isso permitiu que os carros ficassem compactos em suas posições, sem ninguém fugindo na frente. A primeira quebra mais importante ocorre quando Ickx vê sua Ferrari lhe trair com o semi-eixo quebrado ainda na volta 12. Dez voltas depois, correndo praticamente em casa, Jean-Pierre Beltoise abandonou quando seu Matra teve a transmissão quebrada. Na volta seguinte, Brabham se cansa de ficar atrás de Amon e efetua a ultrapassagem sobre o neo-zelandês, assumindo o segundo posto.

Stewart liderava, mas seus problemas pioravam na medida em que Brabham começava a atacá-lo e na volta 27, finalmente o motor Cosworth que impulsionava o chassi Matra de Stewart se silencia e Brabham parecia ter o caminho livre para uma vitória arrebatadora. Porém, mais atrás um piloto vinha crescendo na corrida a olhos vistos. Rindt não tinha conseguido bons resultados até então e sabia que, se quisesse conquistar o título, precisava de pontos para se aproximar dos ponteiros do campeonato. Se fosse uma vitória, seria ainda melhor. Na volta 36, o austríaco ultrapassou Henri Pescarolo e cinco voltas depois Rindt deixou Denny Hulme para trás, chegando à terceira posição. O piloto da Lotus já se aproximava do segundo colocado Chris Amon quando o 'Rei do Azar' tem sua suspensão quebrada na volta 61, apenas dezenove para o final.

Brabham tinha 15s de vantagem sobre Rindt no momento em que o austríaco assumiu a segunda posição e ninguém acreditava que um tricampeão mundial se curvaria frente a pressão do piloto da Lotus. Porém, o ritmo imposto por Jochen Rindt naquelas voltas finais entrou para os anais do automobilismo e a forma como o piloto da Lotus pilotou naquele dia o fez dizer mais tarde que nunca pilotou um carro de forma tão rápida e esperava nunca mais ter que repeti-la! Porém, nem todo esse show de pilotagem parecia ser capaz de levar Rindt a vitória, pois faltando quatro voltas para o fim, Brabham ainda tinha 4s de vantagem sobre o piloto da Lotus. Ou não? Jack Brabham tem a incrível falta de sorte de encontrar o March de Jo Siffert ziguezagueando na sua frente, tentando pescar as últimas gotas de combustível. Isso fez Brabham perder 5s frente a Rindt. E a corrida foi esquentando. Agora com 2.4s de desvantagem, Rindt se anima nas voltas finais e quase bate no guard-rail, mas ainda marca a volta mais rápida (1:23.3).

A dupla entra na penúltima volta e Brabham tem que ultrapassar três retardatários e o australiano perde mais algum tempo, enquanto Rindt cola de vez na traseira do australiano. A corrida já tinha entrado na história, com uma última volta cheia de tensão poucas vezes vista. Apesar o ritmo de Rindt, Brabham ainda era o favorito a vencer, mas o tricampeão encontra o De Tomaso de Piers Courage na curva do Gasometro e na ânsia de não perder mais tempo com retardatários, retarda a freada, mas a manobra é mal calculada e Brabham vai direto para o guard-rail. O ninguém acreditava, aconteceu. Rindt assumiu a liderança da corrida nos últimos metros e todos estavam tão surpreendidos, que o diretor de prova se esqueceu de dar a bandeirada para Rindt, pois esperava Brabham. O australiano teve que empurrar um comissário que teimava em empurrar seu carro (se isso acontecesse, Brabham seria desclassificado) e Jack ainda cruzou a linha em segundo, muito à frente de Henri Pescarolo, no que seria seu primeiro e único pódio na F1. Mais atrás, um jovem sueco, que estreava naquele dia, completava sua primeira corrida com um bom sétimo lugar. Seu nome era Ronnie Peterson. Jochen Rindt subiu ao pódio real em lágrimas, pois sabia que aquela vitória não apenas foi surpreendente, como também poderia marcar um reinício de campeonato.

Chegada:
1) Rindt
2) Brabham
3) Pescarolo
4) Hulme
5) Hill
6) Rodriguez

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Figura (ESP): Mark Webber

Desta vez o australiano da Red Bull esteve impecável e não poderia ser outro a ocupar esta coluna a não ser Mark Webber. Normalmente obscurecido pelo enorme talento de Sebastian Vettel, Webber vinha fazendo uma temporada regular, onde em poucas oportunidades o autraliano pôde usufruir do potencial da Red Bull, mas em Barcelona, uma pista que caiu como uma luva em mais um carro projetado por Adryan Newey, Webber se aproveitou para usar o potencial que tinha em mãos e não apenas ajudou a Red Bull a dominar o final de semana, como também bateu constantemente Vettel em todos os treinos. Pole com todo o mérito, Webber só se preocupou na largada, quando foi atacado por todos os lados por Vettel, Alonso e Hamilton. Como que para mostrar quem mandaria naquele dia, Webber freou mais forte e contornou a primeira curva na frente e a partir de então engatou uma série de voltas mais rápidas, deixando para trás Vettel e todo o pelotão. O australiano dominou como quis a corrida e, como diriam os ingleses, deu um passeio no parque. Mark Webber foi perfeito e conseguiu uma vitória que o encherá de motivação para as próximas corridas.

Figurão (ESP): Hispania

Fernando Alonso provou que santo de casa faz milagre e mesmo não tenho um carro de potencial para tanto, o espanhol conseguiu um ótimo segundo lugar em casa, na frente da sua torcida. A sua compatriota Hispania, uma das três novatas de 2010 na F1, esperava fazer o mesmo, mas ao contrário do bicampeão, a pequena equipe espanhola apenas deixou evidente todas as suas limitações técnicas e orçamentárias. Primeiro, trouxe o experiente Christian Klien para ser piloto de teste na sexta-feira apenas para ouvir do austríaco que o carro não está no nível da F1. No sábado, novamente o time espanhol ficou com os últimos lugares do grid e com seus dois pilotos apenas 1s à frente do pole da GP2 na mesma pista de Barcelona. Bruno Senna chegou a dizer que o carro era tão ruim de guiar, que precisaria de vários pit-stops, tamanho era o consumo de pneus. Bruno não precisou de tanto, pois abandonou ainda na primeira volta após bater no muro de pneus. No decorrer da corrida, o sobrevivente Karun Chadhok era tão lento, que provocou dois incidentes em que o indiano não teve culpa, apenas os outros pilotos envolvidos (Massa e Alguersuari) foram surpreendidos pela lentidão do carro espanhol. Claramente mais lento que os dois outros novatos, a Hispania corre o sério risco de morrer de inanição, pois não tem dinheiro para investir e tem em mãos uma estrutura extremamente pobre tecnicamente e estruturalmente. Foi uma prova de que a Adrian Campos escapou de passar por um grande vexame, deixando isso para Carabante, Colin Kolles e os pilotos novatos Bruno Senna e Karun Chandhok.

domingo, 9 de maio de 2010

Aussie Rules


Mark Webber não tomou conhecimento da concorrência neste domingo em Barcolena e conseguiu uma vitória categórica, onde largou bem, disparou na frente e só viu o segundo colocado da corrida quando parou seu Red Bull no Parque Fechado, para comemorar junto aos seus mecânicos um triunfo que pode o colocar na briga definitiva do campeonato. Porém, o segundo colocado mudou de mãos algumas vezes e com a sorte de um campeão que é, Fernando Alonso pode subir ao pódio em casa, algo que parecia impossível no início da prova. Por sinal, hoje foi uma corrida daquelas bem esquecíveis para quem procura emoção.

Como de costume, Barcelona foi uma corrida chata e sem grandes emoções. A largada ocorreu sem problemas e os cinco primeiros colocados permaneceram nas mesmas posições, enquanto a procissão se iniciava com Webber disparando frente a Vettel, que tentou repetir a manobra na Malásia, mas o alemão não conseguiu. A esperança de troca de posições eram nos pit-stops, que provavelmente ocorreriam apenas uma vez. E foi o que aconteceu. Hamilton não teve uma parada brilhante, mas Vettel foi ainda pior e o inglês acabou assumindo a segunda posição da corrida após uma batalha dura na saída dos pits, quando Hamilton deu um chega pra lá em Vettel e o piloto da Red Bull acabou saindo da pista. Mais atrás, a McLaren agora seria a prejudicada quando Button perdeu sua posição para Schumacher e partir daí iniciou-se o melhor momento da corrida, com o inglês tentando a ultrapassagem no final da reta dos boxes, com Schumacher se defendendo explendidamente, tudo isso sobre os olhares atentos de Felipe Massa. No decorrer da corrida, a explosão de pressão de Button diminuiria e Schumacher permaneceria na mesma posição, enquanto Vettel começava a sofrer problemas nos freios que o fizeram ir aos boxes por uma segunda vez, fazendo com que Alonso conseguisse um lugar no pódio. Enquanto Vettel se arrastava na pista, mas ainda com vantagem sobre Schumacher, Hamilton protagoniza o último momento da corrida quando tem seu pneu estourado na curva 3, na penúltima volta, e bate no muro, promovendo o sortudo Alonso ao segundo lugar, enquanto Vettel, tirando o pé do acelerador no meio da reta, beliscava um lugar no pódio. Quem nem deu bola para isso foi Webber. O australiano esteve simplesmente perfeito nas 66 voltas da corrida e sua vantagem foi tão grande, que Mark não tentou o hat-trick (vitória, pole e melhor volta), pois não valia a pena acelerar no final de uma corrida bastante desgastante para os pneus, preferindo ficar 'apenas' com vitória e pole. O australiano não é exatamente um piloto brilhante e do mesmo nível de Vettel, mas deixou de ser o leão de treino, como era conhecido no começo da carreira, para se tornar um piloto extremamente eficiente em ritmo de corrida e quando teve um excelente carro em mãos, como hoje, foi competente a ponto de conseguir uma vitória como a deste domingo, onde não deu chances da ninguém.

Vettel pode ficar num canto da parede e resmungar. "Tudo acontece comigo!" O jovem alemão poderia estar facilmente na liderança do campeonato, mas problemas de todos os tipos (inclusive seus...) fizeram com que Sebastian perdesse pontos preciosos no campeonato e hoje foi mais um dia desse. Como não conseguiu ultrapassar Webber na largada, um segundo lugar era mais do que possível para Vettel, mas um pit-stop lento fez com que o alemão perdesse tempo e retornasse à pista atrás de Hamilton, ainda saindo da pista. Isso parece ter mexido com o carro, pois o ritmo de Vettel não foi mais o mesmo a partir daí e o alemão reclamava constantemente pelo rádio em problemas na diateira do seu Red Bull. Uma segunda parada foi feita para resolver o problema que só piorava, mas Vettel se viu praticamente sem freios, com seu engenheiro e toda a Red Bull rezando para que o alemão terminasse a corrida. Contudo, não apenas Vettel viu a bandeirada, como também ganhou um lugar no pódio de presente. Lewis Hamilton fazia uma corrida muito boa, onde se colocava entre os carros da Red Bull, algo impensável após o domínio dos carros azuis no sábado. Porém, na penúltima volta, o inglês da McLaren foi traído por um pneu dianteiro esquerdo estourado bem no momento em que contornava a rápida curva 3, local onde a pressão sobre o pneu é enorme. Hamilton não apenas teve sua corrida destruída e foi prejudicado no campeonato, como mostrou o quanto é perigoso se manter mais de 50 voltas com o mesmo set de pneus. Aconteceu com ele, mas podia ter acontecido com qualquer um.

Vendo tantos problemas ocorrendo com seus rivais, Alonso se viu de repente em segundo lugar, mesmo sem ter efetuado nenhuma ultrapassagem, mesmo que mantendo um ritmo forte a corrida inteira. O espanhol sabia que sua Ferrari não estava no nível de Red Bull e McLaren na sua casa e por isso preferiu esperar os acontecimentos a sua frente e no final o espanhol capitalizou os problemas de Vettel e Hamilton para conseguir um ótimo segundo lugar. Sem chance de vitória, Alonso fez o certo para quem quer conquistar o campeonato: marcar o maior número de pontos possíveis. Massa só se destacou quando fez uma boa largada e pulou para sétimo e por lá ficou até a penúltima volta, quando subiu um posto com o acidente de Hamilton. 2010 defitinivamente não vem sendo um ano muito bom para Massa e nem com Galvão Bueno se engasgando no meio da transmissão pode negar isso.

A forma como Michael Schumacher segurou Button provou o quanto a Mercedes está atrás das adversárias nesse ano. O alemão se aproveitou de um pit-stop lento da McLaren e ganhou a posição do atual Campeão Mundial, mas teve trabalho para segurar o inglês, que tentou ultrapassá-lo por várias voltas, mas o velho Michael Schumacher teve gana para se segurar e ainda subiu para quarto nas penúltima volta, assegurando seu melhor resultado do ano. Apesar de ter co-protagonizado o melhor momento da corrida com Schumacher, Jenson Button ainda se manteve na liderança do Mundial com o quinto lugar na corrida, mas sua vantagem caiu para perigosos três pontos ante Fernando Alonso. Porém, ninguém pode negar que Button tentou fazer algo numa corrida onde as ultrapassagens são notoriamente difíceis. Assim como foi extremamente difícil foi a corrida de Nico Rosberg. O piloto da Mercedes fez uma péssima largada e ficou brigando com as Williams na primeira parte da corrida, mas um pit-stop mal feito fez o alemão perder uma enormidade de tempo e caísse para a obscura 15º posição. Sem chances de marcar pontos, Rosberg tentou uma segunda parada e, mais rápido, chegou forte atrás do seu xará Hulkenberg. Mesmo com um carro que era mais 2s mais rápido, Rosberg demorou a ultrapassar o novato, tendo que receber uma lição de como ultrapassar pelo seu engenheiro. Com milhões de pessoas vendo isso! Nico ainda ganhou duas posições com o incidente de Hamilton e o problema de Liuzzi na última volta, quando já era pressionado por Rosberg. É conhecido de todos que a Mercedes tirou Schumacher da aposentadoria porque apostava nele e Rosberg está vendo, da pior forma possível, que está é a cruel realidade. O carro foi mudado para que Schumacher melhorasse seu desempenho. Rosberg? Que se acostume com o novo carro. E ele era vice-líder do mundial...
Kubica e Sutil, comprovadamente os melhores pilotos que não estão nas quatro melhores equipes de 2010, fizeram corridas discretas, onde Sutil ultrapassou Kubica na largada e ficou a corrida inteira à frente do polonês, que teve que esperar a rodada única de paradas para deixar Jaime Alguersuari para trás e se estabelecer atrás de Sutil. Ambos merecem melhores carros que têm em mãos, mas vão marcando pontos e fazendo sombra a pilotos que não estejam fazendo um bom trabalho nas equipes grandes. Rubens Barrichello fez uma ótima largada e ganhu várias posições, acabando por colocá-lo entre os dez primeiros da corrida e novamente entre os pontos. A Williams não tem um bom carro esse ano, mas Barrichello vem mostrando que mesmo com quase 300 corridas nas costas, ainda tem motivação para tirar algo mais do carro. Alguersuari foi outro que fez uma ótima largada, perdeu posições durante as paradas, mas efetuou a ultrapassagem mais bonita do dia, quando ultrapassou por fora Hulkenberg na freada da reta dos boxes. Por sinal, pela segunda vez o espanhol coloca uma por fora em cima do alemão da Williams, novamente discreto hoje. Mesmo punido com drive-through, Alguersuari ainda conseguiu marcar um ponto com a 10º colocação e já começa a ameaçar Buemi, discretíssimo a ponto de só aparecer quando abandonou.

A Sauber tinha boas perspectivas para hoje, mas tudo começou a dar errado quando De la Rosa tem seu pneu furado ainda na primeira volta e Kobayashi larga muito mal, caindo várias posições. O espanhol abandonaria mais tarde, provavelmente com problemas após uma volta quase que completa andando com três pneus, enquanto Kobayashi passou a prova inteira brigando com Vitaly Petrov, mas não conseguindo a ultrapassagem. Peter Sauber deve estar perdendo os últimos fios de cabelo que ainda restam, pois conseguir o necessário patrocínio com resultados assim devem ser bem difíceis. Enquanto Lotus e Virgin fizeram seus papeis como equipes secundárias, a Hispania foi ainda pior e deu vexame em casa. Bruno Senna bateu ainda na primeira volta e disse que dificilmente teria condições de chegar até o final com um carro tão ruim, enquanto Karun Chadhok, que acabaria abandonando, se envolveu em dois incidentes com Alguersuari e Massa, mostrando o quão lento é. Se Lotus e Virgin são lentas demais em comparação as veteranas, a Hispania começa a ficar lenta demais frente as duas novatas. Como dizia o outro, a Hispania terá que melhorar muito, mais muito mesmo... para ter um carro ruim!

Finalmente a Red Bull mostrou sua superioridade, mas não da forma como queria, pois Alonso se meteu entre seus pilotos, fora a sorte do acidente de Hamilton e Vettel ter chegado ao fim com seus sérios problemas. A equipe precisa melhorar um pouquinho mais a constância em ritmo de corrida para estabelecer um verdadeiro domínio nesse ano, pois em termos de velocidade, está claro que a Red Bull é bem mais rápida do que McLaren, Ferrari e Mercedes. Se o problema for mesmo constãncia, Mark Webber mostrou hoje que pode ser um aposta mais segura do que Vettel.