As provas de Ímola de F1 eram conhecidas como "corridas econômicas", pois o consumo de combustível era essencial se um piloto quisesse ou não terminar a corrida na pista italiana. Com um enorme trecho rapidíssimo, que começava no início da reta dos boxes, passava pelas rápidas curvas Tamburello e Villeneuve para terminar na freada da curva Tosa, Ímola era uma das pistas mais velozes do ano e juntando com as subidas e descidas que marcavam o traçado italiano, o consumo de combustível era extremamente alto e quem quiser terminar a corrida, precisava pensar sempre em dosar o acelerador para enxergar a bandeira quadriculada.
Ayrton Senna estava motivado após sua primeira vitória na F1 e mostrava, já em sua segunda temporada na categoria, que era um ás nas Classificações e utilizando o famoso motor de treinos da Renault, consegue sua segunda pole consecutiva. Duas em três provas de 1985. Keke Rosberg mostrava a força do motor Honda ao compartilhar a primeira fila com o brasileiro, enquanto Michele Alboreto tentava mostrar que a Ferrari podia vencer em casa e ficava na segunda fila, ao lado do seu compatriota Elio de Angelis. As McLaren não apareceram forte nos treinos, mas numa corrida em que a estratégia era essencial, Prost e Lauda eram capazes de dar o bote e ninguém podia descartá-los.
Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:27.327
2) Rosberg (Williams) - 1:27.354
3) De Angelis (Lotus) - 1:27.852
4) Alboreto (Ferrari) - 1:27.871
5) Boutsen (Arrows) - 1:27.918
6) Prost (McLaren) - 1:28.099
7) Mansell (Williams) - 1:28.202
8) Lauda (McLaren) - 1:28.399
9) Piquet (Brabham) - 1:28.489
10) Berger (Arrows) - 1:28.697
O dia cinco de maio de 1985 estava nublado em Ímola, mas não havia perspectiva de chuva para a corrida. Era o típico clima de primavera na Itália e isso significava que o sol não castigaria pilotos e carros durante a prova. Na tentativa de garantir uma corrida parecida como a prova portuguesa, quando venceu de ponta a ponta, Senna foi logo garantindo uma boa largada e permanecendo na frente, enquanto Rosberg patina na largada e perdia posições. Elio de Angelis completava a dobradinha da Lotus, seguido de perto por Alboreto, Prost e Rosberg.
Os cinco primeiros faziam uma corrida tranquila na frente, onde ninguém atacava ninguém, mas todos vinham bastante próximos. A única mudança significativa era Niki Lauda e Nelson Piquet ultrapassando um lento Keke Rosberg ainda na sétima volta, mas o Brabham do brasileiro acabaria tendo problemas e Piquet perderia muito tempo nos boxes. Acompanhado dos gritos dos tifosi, Alboreto atacou Elio de Angelis na volta 11 e assumiu a segunda posição na freada da curva Tosa, manobra que Prost repetiu na passagem seguinte. De Angelis começava a pensar no final da corrida e diminuía seu ritmo, enquanto Alboreto atacava Senna pela primeira posição. Após mais uma tentativa do italiano, o motor Ferrari pedia arrego e Alboreto estava fora da corrida. O dia da Ferrari parecia acabado.
Prost passa então a atacar Senna, mas o brasileiro se defendia sem muitos dramas. Era a primeira briga na pista dos dois futuros desafetos. Quando Lauda começava a ter problemas elétricos em seu McLaren e perder posições, mais atrás um piloto ignorava a lógica de segurar o ritmo e partia com tudo para cima de seus adversários. Stefan Johansson tinha tido problemas nos treinos com seu motor Ferrari e largara em 15º, mas o sueco imprimia um ritmo muito forte e ganhava posições constantemente, a ponto de na volta 37 estar em quarto e se aproximando de Elio de Angelis, culminando com a ultrapassagem treze voltas mais tarde.
Prost abandonava a briga pela ponta nas voltas finais quando percebe que seu combustível se aproximava do limite. Inexperiente, Senna não abranda seu ritmo e isso o deixaria sem gasolina no início da volta 57, a três do final. Senna tinha feito uma grande corrida e acabou sendo considerado o 'vencedor moral' em Ímola. Porém, a corrida ainda não havia terminado. Prost havia diminuído tanto seu ritmo que ele acabou ultrapassado por Johansson e o sueco liderou uma corrida de F1 pela primeira vez na carreira, para delírio dos tifosi, que esperava uma vitória italiana parecida com a de Tambay dois anos antes. Porém, Johansson havia forçado demais e ainda nessa volta ele perdeu velocidade de repente. Pane Seca. Prost completou as duas voltas lentamente e após receber a bandeirada, encostou seu McLaren sem gasolina. Elio de Angelis cruzou a linha de chegada balançando sua Lotus, tentando pescar as últimas gotas de combustível que ainda tinha no seu tanque. Thierry Boutsen completou o pódio empurrando seu Arrows, enquanto Mansell e Piquet ficaram pelo caminho. Esse parecia ser o pódio, mas duas horas após a cerimônia, foi anunciado que Prost havia sido desclassificado por que seu carro estava dois quilos abaixo do peso mínimo. A ultra-profissional McLaren não calculou corretamente o combustível que seria utilizado em uma corrida tão dura nesse quesito. Numa prova em que a inteligência e o estilo refinado era mais do que necessário, a vitória caiu nas mãos certas, pois era assim que todos lembravam de Elio de Angelis.
Chegada:
1) De Angelis
2) Boutsen
3) Tambay
4) Lauda
5) Mansell
6) Johansson
A criançada de hoje não faz ideia as grandes provas naquela época.
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