domingo, 23 de maio de 2010

Tripleta


Os pilotos espanhóis que disputam o Mundial de Motovelocidade devem ter se inspirado na Internazionale de Milão, que ontem completou a tripleta ao vencer a final da Liga dos Campeões, se juntando ao Campeonato Italiano e a Copa da Itália. Se ontem o palco dos interistas foi Madri, capital da Espanha, os ibéricos completaram a tripleta alguns quilometros a leste, em Le Mans, com Pol Espargaró vencendo nas 125, Toni Elias na Moto2 e Jorge Lorenzo completando a festa espanhola na França. Por coinscidência, foram os mesmos vitoriosos da corrida anterior, em Jerez.

Lorenzo mostrou hoje que sua alta confiança pode lhe render frutos até mesmo numa lenda como Valentino Rossi. Ainda com o ombro baleado, Rossi fez uma ótima largada (ele, um péssimo largador) e se manteve na ponta até onde deu. Lorenzo tinha muito mais moto e a ultrapassagem era questão de quando e onde se realizaria. E ela aconteceu na oitava volta, com os dois pilotos da Yamaha chegando a ficar lado a lado em alguns momentos. Pensando no ombro dolorido, Rossi nem ofereceu tanta resistência no ataque final de Lorenzo e se conformou com o segundo lugar. Todos sabiam que na oportunidade que teria para liderar a corrida, seria difícil alcançar o ritmo de Lorenzo e o espanhol de 23 anos imprimiu um ritmo fortíssimo, colocando tempo em cima de Rossi imediatamente após a ultrapassagem vitoriosa e venceu sem muitos problemas uma corrida até certo ponto morna. Com a segunda vitória consecutiva, Lorenzo começa a desgarrar na liderança e começa a ver Rossi, sentado numa cadeira de praia e comendo pipoca, ficar cada vez mais distante.

Não restam dúvidas que a Yamaha tem os melhores pilotos e as melhores motos, mas seus principais adversários passam por um momento delicado na carreira. Casey Stoner e Daniel Pedrosa parecem necessitar mais de um psicológo do que uma moto melhor, pois ambos já mostraram ter uma máquina capaz de conseguir algo melhor do que fizeram na França hoje. Stoner era o mais rápido na pista quando caiu sozinho, ainda no início da prova e seu choro nos boxes mostra toda a frustração de um ótimo piloto, mas que está pressionado por bons resultados e, ao contrário de Lorenzo, ver sua confiança ir para o brejo. Outro no qual precisa de uma melhorada no ânimo é Daniel Pedrosa. O espanhol sempre foi cria da Honda e desde os 15 anos foi talhado para ser Campeão Mundial na MotoGP. A Honda lhe deu as melhores motos nas 125 e 250 e Dani venceu três títulos nas categorias de base, mas em sua sexta temporada na MotoGP, a Honda começa a se perguntar se apostou certo no espanhol, que se mostra cada vez mais desequilibrado mentalmente, apesar de sua suposta frieza. Pedrosa acompanhou de perto a briga das Yamahas até Lorenzo deixar Rossi para trás, mas ao contrário do que poderia supor, Pedrosa não atacou Rossi. Paradoxalmente, Doviziozo e Hayden se aproximaram do representante da Honda e ultrapassaram-no na última volta de forma humilhante. Os coadjuvantes de Honda e Ducati começam a tomar as rédeas das equipes, enquanto Stoner e Pedrosa devem estar se perguntando o que está acontecendo com eles mesmos.

Na Moto2, Toni Elias venceu com facilidade uma prova extremamente acidentada e o espanhol soube tirar proveito de uma largada sensacional, onde pulou de sétimo para primeiro ainda antes da primeira curva para não apenas vencer, como assumir a liderança do Mundial, já que Tomoyoshi Koyama foi uma das vítimas do circuito francês. Elias, que vinha fazendo uma carreira regular na MotoGP até ser rebaixado para a Moto2 esse ano, prepara sua volta a categoria principal pela porta da frente. Pol Espargaró venceu novamente nas 125cc e começou a desta espanhola, pois Nicolas Terol e Marc Marquez completaram o pódio na prova em Le Mans, porém, ao contrários dos demais vencedores de hoje, Espargaró ainda é o vice-líder da temporada, apenas dois pontos atrás de Terol.


Como a próxima corrida será em Mugello, Rossi deverá fazer uma preparação toda especial para tentar uma virada em cima de Lorenzo, que está com a confiança lá em cima, e vencer em casa. O experiente italiano sabe que uma vitória na Itália será essencial como fator psicológico para o resto do Mundial. Lorenzo que se cuide!

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