terça-feira, 11 de maio de 2010

História: 40 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1970


O novo Lotus 72 estava testado e pronto para ser estreado a qualquer momento por Colin Chapman, mas o dono de equipe enfrentava a resistência de Jochen Rindt, que confiava mais no velho modelo 49 e ainda achava o novo carro inseguro. Mesmo estreando o carro no International Trophy em Silverstone, Rindt pediu a Chapman para usar o Lotus 49 em Monte Carlo palco da terceira etapa do Mundial de F1. Mesmo contrariado, Chapman aceitou o pedido do austríaco.

A March vinha em uma ótima fase, com a vitória de Chris Amon na corrida em Silverstone e Jackie Stewart liderando o campeonato e a equipe novata dominou a primeira fila, com Stewart superando Amon, que corria na equipe oficial. Mesmo enfrentando problemas com seus freios, Jack Brabham conseguiu colocar seu carro na segunda fila, ao lado de Denny Hulme. Rindt estava tendo um péssimo final de semana, pois havia contraído uma doença após passar uma noite em um iate no porto de Mônaco e era apenas oitavo. Doente e com um carro obsoleto, mas confiável, Rindt esperava apenas uma corrida para marcar pontos.

Grid:
1) Stewart (March) - 1:24.0
2) Amon (March) - 1:24.6
3) Hulme (McLaren) - 1:25.1
4) Brabham (Brabham) - 1:25.4
5) Ickx (Ferrari) - 1:25.5
6) Beltoise (Matra) - 1:25.6
7) Pescarolo (Matra) - 1:25.7
8) Rindt (Lotus) - 1:25.9
9) Courage (De Tomaso) - 1:26.1
10) McLaren (McLaren) - 1:26.1

O dia 10 de maio de 1970 estava claro em Monte Carlo, mas longe de fazer calor. Era um clima perfeito para uma corrida de F1 e Stewart foi logo mostrando a que veio, com o escocês conseguindo uma belíssima largada e permanecendo na ponta. Brabham também larga bem, mas fica preso atrás de Amon, enquanto era perseguido por Ickx, Beltoise, Hulme, Pescarolo e Ickx. Ainda na segunda volta, Beltoise consegue ultrapassar Ickx e assim permanece a corrida por um longo tempo.

Contudo, Stewart não estava tendo vida fácil quando ser motor começa a ter problemas ainda na sexta volta, mas o escocês resolve permanecer na corrida, liderando à frente de Amon e Brabham, mas com Stewart não imprimindo seu famoso ritmo alucinante quando liderava. Isso permitiu que os carros ficassem compactos em suas posições, sem ninguém fugindo na frente. A primeira quebra mais importante ocorre quando Ickx vê sua Ferrari lhe trair com o semi-eixo quebrado ainda na volta 12. Dez voltas depois, correndo praticamente em casa, Jean-Pierre Beltoise abandonou quando seu Matra teve a transmissão quebrada. Na volta seguinte, Brabham se cansa de ficar atrás de Amon e efetua a ultrapassagem sobre o neo-zelandês, assumindo o segundo posto.

Stewart liderava, mas seus problemas pioravam na medida em que Brabham começava a atacá-lo e na volta 27, finalmente o motor Cosworth que impulsionava o chassi Matra de Stewart se silencia e Brabham parecia ter o caminho livre para uma vitória arrebatadora. Porém, mais atrás um piloto vinha crescendo na corrida a olhos vistos. Rindt não tinha conseguido bons resultados até então e sabia que, se quisesse conquistar o título, precisava de pontos para se aproximar dos ponteiros do campeonato. Se fosse uma vitória, seria ainda melhor. Na volta 36, o austríaco ultrapassou Henri Pescarolo e cinco voltas depois Rindt deixou Denny Hulme para trás, chegando à terceira posição. O piloto da Lotus já se aproximava do segundo colocado Chris Amon quando o 'Rei do Azar' tem sua suspensão quebrada na volta 61, apenas dezenove para o final.

Brabham tinha 15s de vantagem sobre Rindt no momento em que o austríaco assumiu a segunda posição e ninguém acreditava que um tricampeão mundial se curvaria frente a pressão do piloto da Lotus. Porém, o ritmo imposto por Jochen Rindt naquelas voltas finais entrou para os anais do automobilismo e a forma como o piloto da Lotus pilotou naquele dia o fez dizer mais tarde que nunca pilotou um carro de forma tão rápida e esperava nunca mais ter que repeti-la! Porém, nem todo esse show de pilotagem parecia ser capaz de levar Rindt a vitória, pois faltando quatro voltas para o fim, Brabham ainda tinha 4s de vantagem sobre o piloto da Lotus. Ou não? Jack Brabham tem a incrível falta de sorte de encontrar o March de Jo Siffert ziguezagueando na sua frente, tentando pescar as últimas gotas de combustível. Isso fez Brabham perder 5s frente a Rindt. E a corrida foi esquentando. Agora com 2.4s de desvantagem, Rindt se anima nas voltas finais e quase bate no guard-rail, mas ainda marca a volta mais rápida (1:23.3).

A dupla entra na penúltima volta e Brabham tem que ultrapassar três retardatários e o australiano perde mais algum tempo, enquanto Rindt cola de vez na traseira do australiano. A corrida já tinha entrado na história, com uma última volta cheia de tensão poucas vezes vista. Apesar o ritmo de Rindt, Brabham ainda era o favorito a vencer, mas o tricampeão encontra o De Tomaso de Piers Courage na curva do Gasometro e na ânsia de não perder mais tempo com retardatários, retarda a freada, mas a manobra é mal calculada e Brabham vai direto para o guard-rail. O ninguém acreditava, aconteceu. Rindt assumiu a liderança da corrida nos últimos metros e todos estavam tão surpreendidos, que o diretor de prova se esqueceu de dar a bandeirada para Rindt, pois esperava Brabham. O australiano teve que empurrar um comissário que teimava em empurrar seu carro (se isso acontecesse, Brabham seria desclassificado) e Jack ainda cruzou a linha em segundo, muito à frente de Henri Pescarolo, no que seria seu primeiro e único pódio na F1. Mais atrás, um jovem sueco, que estreava naquele dia, completava sua primeira corrida com um bom sétimo lugar. Seu nome era Ronnie Peterson. Jochen Rindt subiu ao pódio real em lágrimas, pois sabia que aquela vitória não apenas foi surpreendente, como também poderia marcar um reinício de campeonato.

Chegada:
1) Rindt
2) Brabham
3) Pescarolo
4) Hulme
5) Hill
6) Rodriguez

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