sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Feliz Natal

E o ano vai terminado. Dizem que 2016 foi um ano ruim, cheio de tragédias e mortes de pessoas icônicas. Não deixa de ser verdade, mas para mim foi um ano marcante por vários motivos e em vários temas. Esse blog começou quando escrevia nos fóruns do GPTotal e hoje sou colunista do conceituado site, o que me enche de orgulho. Por sinal, em 2017 o blog completará dez anos. Num período sem maiores novidades, o blog ficou meio parado, mas no próximo ano ele retornará com a mesma pegada de sempre. Muitas histórias já foram contadas aqui e estão sendo colocadas também na página do Facebook. Por isso, corridas históricas e biografias de grandes personalidades estão pulando, mas podem curtir na esses textos na Fanpage do blog. Vou me despedindo de 2016 desejando um ótimo 2017, de muita paz, prosperidade e saúde. Se 2016 não foi tão bom, a esperança é que 2017 seja melhor em qualquer ângulo de nossas vidas. E se o ano que está prestes a terminar foi bom, que só melhore ano que vem! Tudo de bom à todos!

domingo, 11 de dezembro de 2016

Sintomas da crise

Praticamente encerrando a temporada do automobilismo em 2016, Felipe Fraga conquistou seu primeiro título da Stock Car em Interlagos neste domingo. A vantagem do paraense de nascimento e tocantinense de adoção era tamanha no campeonato, que Fraga foi campeão com um décimo lugar, enquanto seu rival pelo título, o experiente Rubens Barrichello, chegou em segundo após rodar ainda no começo da prova. Como normalmente acontece em Interlagos, a chuva deu as caras e bagunçou um pouco o status quo da prova, mas a rodada de Barrichello ajudou Fraga, o líder no momento, a escolher a conservadora situação de colocar pneus de chuva, mesmo a precipitação tenha sido apenas passageira. O título de Fraga não correu muitos riscos ao longo dos quarenta minutos de prova.

Felipe Fraga se tornou o mais jovem piloto a vencer o disputado campeonato da Stock Car, o que é um feito e tanto, mas também demonstra a crise que passa o automobilismo brasileiro, prestes a não ter nenhum brasileiro na F1. A carreira de Fraga resume-se a uma passagem vitoriosa no kart, mas sem opções de se preparar no Brasil, Felipe se mandou prematuramente para a Europa, onde disputou uma temporada na F-Renault, sendo contemporâneo de Daniil Kvyat. Porém, a falta de apoio fez com que com Fraga voltasse ao Brasil e começasse na Stock com apenas 18 anos em 2014, culminando com o título nesse ano.

Por mais que Felipe Fraga elogie a Stock hoje, ele não sonhava em ser campeão pela categoria quando começou no kart. Ele queria a F1. Porém, sem apoio e categorias decentes no Brasil, Fraga tomou a decisão que lhe era mais fácil, que é se 'aposentar' na Stock antes dos 20 anos. E ele não está sozinho. Lucas Foresti, Rafael Suzuki também tiveram boas passagens no kart, mas sem condições de desenvolver suas carreiras, resolveram ficar na Stock, uma categoria conhecida não faz muito tempo por ter 'dinossauros'. 

Com a situação precária do automobilismo brasileiro, bons pilotos como Fraga, que venceu merecidamente o campeonato da Stock, preferirão ficar aqui no Brasil do que tentar conquistar seus sonhos na Europa e tentar a F1.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Figura(2016): Nico Rosberg

O destaque de 2016 não podia ser outro. Nico Rosberg foi escolhido quatro vezes como o 'Figura' em 2016, menos do que as cinco de Daniel Ricciardo, porém o simpático australiano não teve a temporada de Nico Rosberg. O alemão teve com Lewis Hamilton uma saudável rivalidade no kart, mas quando se encontraram na F1 e, principalmente, passaram a brigar pelas vitórias de forma praticamente exclusiva na Mercedes, a amizade se arruinou. Nico Rosberg sabia dos pontos fortes de Hamilton, assim como os fracos. Provavelmente até mesmo o alemão sabia que é menos piloto do que Hamilton, mas não podia ser subserviente a essa situação. Ele precisava potencializar seus pontos fortes e aproveitar as brechas que Hamilton dava. E Nico aproveitou cada brecha que Hamilton deu em 2016 para se sagrar campeão mundial pela primeira vez. Inicialmente, Nico aproveitou a pouca concentração de Hamilton quando esse conquistou seu terceiro título e Rosberg emplacou quatro vitórias consecutivas, num aproveitamento de 100% no início da temporada. Com o seu enorme talento, Hamilton ressurgiu e virou o campeonato com um número semelhante de vitórias. Rosberg ainda teve que enfrentar momentos difíceis, como o toque que teve com Hamilton em Barcelona, muito por culpa do alemão. Receber da Mercedes a ordem para Hamilton passar na chuvosa corrida em Monte Carlo, pois estava muito lento. E finalmente, o toque na volta final na Áustria. Com Hamilton novamente na ponta do campeonato e favorito ao título, Nico Rosberg permaneceu impávido em sua estratégia. Hamilton bateu na classificação em Baku. Rosberg venceu. Hamilton trocou motores alucinadamente em Spa. Nico foi lá e ganhou. Hamilton largou mal em Monza e Suzuka. Adivinha o resultado? Rosberg recebendo a bandeirada em primeiro. No momento mais tenso da temporada, quando rodou na primeira curva em Sepang, Hamilton quebrou o motor quando liderava tranquilamente, Nico Rosberg estava com o título nas mãos, pois com o carro que tem, chegar em segundo até o final da temporada era até fácil, mas como diria Juan Manuel Fangio, Carreras son carreras. No México, Nico Rosberg teve que lhe dar com um amalucado Max Verstappen, que tentou duas ultrapassagens agressivas, mas o alemão acabou se firmando na frente. Em Interlagos, em outra corrida marcada por um aguaceiro, Nico Rosberg chegou a perder o controle do seu carro e ainda teve a sorte da Red Bull errar na tática de um inspirado Max Verstappen para ficar em segundo. Nico só precisava ser terceiro em Abu Dhabi e novamente Lewis Hamilton colocou uma pressão psicológica imensa, garantindo a pole e diminuindo o seu ritmo para enervar Rosberg e deixar o alemão a mercê dos seus adversários. Mas Nico se manteve firme, ultrapassou Verstappen quando necessário e se defendeu de Vettel nas voltas finais para conseguir o campeonato que tanto perseguiu. E essa perseguição, mais a vontade de ficar com a família e a pressão que é ser parceiro de Hamilton, fez com que Nico Rosberg anunciasse, de forma chocante, a sua aposentadoria aos 31 anos de idade, apenas cinco dias após a sua maior glória esportiva. Criticado até mesmo por Niki Lauda, Nico Rosberg vai ser acusado de falta de ambição e muitas outras coisas, mas é o digno campeão mundial de 2016, além de ter conseguido um ano e tanto!

Figurão(2016): Daniil Kvyat

Escolher a grande decepção de 2016 não foi tão difícil assim. Mesmo tendo menos escolhas do que Hamilton, que vacilou muito no começo da temporada e algumas vezes arrumou fantasminhas para justificar suas derrotas, o derrotado desse ano foi mesmo Daniil Kvyat. Com a difícil missão de substituir o tetracampeão Sebastian Vettel na Red Bull em 2015, o russo fez um bom papel em seu ano de estreia na equipe principal da Red Bull e marcou mais pontos do que seu quase xará, Daniel Ricciardo. Contudo era evidente que Ricciardo tinha mais potencial do que o russo, que mostrava muita velocidade, mas se mostrava frágil mentalmente. Kvyat teve um começo de temporada 2016 forte, mas ainda muito atrapalhado. Após conseguir um pódio na China, o russo teve uma corrida catastrófica bem na frente do seus torcedores, em Sochi. Kvyat não usou o fator casa a seu favor e em menos de duas curvas, conseguiu bater duas vezes. Primeiro encheu a traseira do seu companheiro de equipe Ricciardo, que não marcaria pontos pela única vez em 2016 na Rússia por causa da presepada de Daniil. Metros depois, Kvyat bateu em Vettel, tirando o alemão da corrida e deixado o ex-piloto da Red Bull furioso, fazendo-o reclamar do seu sucessor no pit-wall da Red Bull, que não estava satisfeita com Kvyat também ter estragado a corrida da equipe com os toques que deu. Nos dias seguintes, Kvyat estava em sua casa vendo Games of Throne quando seu celular tocou e do outro lado estava o ranzinza Helmut Marko trazendo a notícia que estava rebaixado para a Toro Rosso já a partir da corrida seguinte, em Barcelona. Para piorar as coisas, seu substituto Max Verstappen vence a corrida espanhola com o seu carro, enquanto um desconcentrado Kvyat ficava no meio do pelotão e perdia terreno frente ao seu novo companheiro de equipe, o veloz Carlos Sainz. O resto da temporada de Kvyat foi um tormento, mesmo marcando alguns poucos pontos até o fim da temporada, também culpa da Toro Rosso, que usava um motor Ferrari 2015 sem nenhum desenvolvimento. Mesmo sendo rebaixado durante o ano e perdendo claramente para o seu novo companheiro de equipe, Kvyat teve o seu contrato renovado com a Toro Rosso em 2017, numa raríssima terceira chance na F1. Na corrida final em Abu Dhabi, a cena do abandono de Kvyat foi emblemática. O russo começou 2016 numa das melhores equipes da F1, conseguiu um pódio e falava em vitória. Acabou rebaixado e a última vez que foi visto na TV foi andando de bicicleta para ir aos boxes após abandonar a corrida.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Diferentes histórias

No final de 2015, havia a sensação que a F1 havia chegada a um dos seus pontos mais baixos no quesito popularidade e, principalmente, competitividade. A Mercedes havia destruído a concorrência como poucas vezes haviam sido vistas e com Nico Rosberg sofrendo com a gravidez problemática de sua esposa, Lewis Hamilton nadou de braçada, conquistando o título com três provas de antecedência. Porém 2016 viu uma história bem diferente, mesmo a Mercedes tendo dominado de ainda mais ampla nessa temporada. Logicamente houve um diferente campeão, Nico Rosberg. Porém, houve vários assuntos para fazer de 2016 um ano bem mais animado do que os anteriores.

Quando Lewis Hamilton conquistou o tricampeonato em Austin, no ano passado, pipocaram histórias do inglês se excedendo em festas e se envolvendo com os maiores popstars da atualidade. Enquanto comemorava seu momento de júbilo, Nico Rosberg venceu as três últimas provas de 2015, mas isso parecia um evento de menor importância, lembrando o banho que Hamilton havia dado em seu companheiro de equipe. No entanto, a filha de Nico havia finalmente nascido e o alemão poderia voltar totalmente seu foco em sua pilotagem e no sonho de igualar seu pai e vencer o Mundial de Formula 1. O assunto já foi vastamente falado não apenas nesse blog, mas em toda a internet: Lewis Hamilton é mais piloto do que Nico Rosberg. Ponto final. Porém, Nico não poderia ser um novo Rubens Barrichello e sair reclamando que está sendo boicotado pela equipe. O alemão resolveu trabalhar seus pontos fortes em comparação à Hamilton e aproveitar cada brecha que o inglês deixasse. E Hamilton deixou brechas claras nas primeiras corridas do ano. Nico Rosberg não deixou passar. Foram quatro vitórias incontestáveis, abrindo uma diferença considerável para Hamilton, que se via no meio de problemas de confiabilidade e erros que normalmente não comete. Foi atingindo por Bottas na largada no Bahrein (as largadas da Mercedes seriam os pontos fracos da equipe e seus dois pilotos sofreram bastante com isso), além de sucessivas falhas no seu motor.

Porém, havia a sensação de que Lewis Hamilton poderia virar o jogo, por sua habilidade superior. Porém, essa ênfase em melhorar, além do foco total de Nico Rosberg, fez com que ambos tivessem outra polêmica, a primeira de 2016, quando ambos bateram na primeira volta do Grande Prêmio da Espanha, eliminando-se e fazendo com que a Mercedes tivesse muito com o que conversar com seus pilotos. Porém, uma vitória redentora em Mônaco, combinado com um dia péssimo de Rosberg no principado, parecia ser o momento da virada de Hamilton e o inglês, parecendo mais focado em seu sonho do tetra, venceu corridas consecutivas, assumindo a liderança do campeonato e confirmando a virada que todos esperavam. Nico Rosberg corria o risco de ser o primeiro piloto a vencer as quatro primeiras corridas consecutivas de um ano e não se campeão. Houve outra polêmica na Áustria, quando os dois pilotos da Mercedes bateram na última volta, com vantagem para Hamilton. Nico parecia que teria que se conformar mais uma vez com o vice-campeonato, mesmo o alemão voltando a vencer na nova pista de Baku, enquanto Hamilton dava outra brecha, quando bateu na classificação e largou em décimo. A F1 entrou em férias com Hamilton bem na frente no campeonato, mas os motores quebrados no começo do ano iriam cobrar a dívida e Lewis escolheu trocar seus motores em Spa, local onde se é possível ultrapassar. Nico aproveitou para novamente vencer com facilidade e na prova seguinte, Lewis daria outra brecha com uma péssima largada em Monza. Rosberg voltava a ter quatro vitórias consecutivas e virava em cima do seu companheiro de equipe. Então veio Sepang...

A corrida malaia estava na mão de Hamilton, que poderia praticamente garantir o tetra. Rosberg havia largado mal e caído para as últimas posições, enquanto Lewis liderava soberano. O inglês voltaria à ponta do campeonato, mas outro motor quebrado pôs tudo a perder para Hamilton, que entrou em polêmica com a equipe, reclamando que não queriam que ele fosse campeão. Novamente Toto Wolff e Niki Lauda entraram em ação para que a Mercedes não desandasse na reta final do campeonato, mas agora Nico Rosberg não precisava mais vencer para ser campeão. Para Lewis Hamilton, era vencer ou vencer, além de esperar algum problema com Nico. O alemão usou seus pontos fortes, que é o trabalho, o foco e a mentalidade forte. Foram quatro vitórias consecutivas de Hamilton, mas Nico Rosberg fez seu trabalho, mesmo com alguns intempéries. No Brasil, um aguaceiro monumental fez da prova em Interlagos uma corrida lotérica, onde Nico Rosberg chegou a rodar, mas permaneceu com seu carro na pista para ser segundo. Na prova final, em Abu Dhabi, Hamilton utilizou a chamada 'Tática Villeneuve' de segurar seu ritmo, para que Nico Rosberg fosse atacado por outros pilotos. A Mercedes falava no rádio para Hamilton ser mais rápido, pois queria vencer a corrida. Lewis respondia que com o ritmo que tinha, venceria a corrida. Foi um inferno para Rosberg, mas o alemão segurou bem às pontas para realizar seu sonho e igualar ao pai, Keke Rosberg. Tudo isso para cinco dias depois Nico anunciar que, aos 31 anos, está se aposentando da F1 de forma incrível. Correr ao lado de um piloto melhor do que você com o mesmo carro e além disso ser polêmico pareceu ser demais para Nico, que esgotado mentalmente, irá curtir sua família. Para Hamilton, sua boa referência ficará em casa em 2017, mas a derrota nesse ano deverá fazer com que o inglês seja um piloto mais faminto em busca do tetra ano que vem, além de ter que saber lhe dar com um novo companheiro de equipe. A Mercedes terá trabalho para substituir um campeão mundial e escolher alguém que possa se dar bem com o gênio difícil de Hamilton.

Após ameaçar ficar de fora da F1 em 2016, por causa dos problemas com os motores Renault, a Red Bull voltou nesse ano mais forte do que nunca e mesmo vendo o seu motor Renault, renomeado TAG Heuer, menos potente do que os Mercedes, conseguiu as duas únicas vitórias que não levaram o nome da Mercedes em 2016. Mas o principal foi ter revelado ao mundo a sensação Max Verstappen. A chegada do holandês à equipe foi cercada de polêmica, como tudo ao redor de Max. Verstappen começou 2016 na Toro Rosso, enquanto a Red Bull mantinha Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat. O russo tinha feito mais pontos do que Ricciardo em 2015 e havia conquistado um pódio na China, quando teve um Grande Prêmio da Rússia, sua terra natal, próximo do ridículo. Primeiro ele tocou em Ricciardo na primeira curva, fazendo com que o australiano não marcasse pontos pela primeira e única vez em 2016. Na curva seguinte, bateu em Vettel, fazendo o alemão abandonar e Seb foi aos boxes de sua antiga equipe reclamar de Kvyat. Na semana seguinte, de forma surpreendente e humilhante para o russo, Verstappen foi alçado à titular da Red Bull, enquanto Kvyat seria rebaixado para a Toro Rosso. Tudo isso às vésperas do Grande Prêmio da Espanha, onde Verstappen não poderia testar seu novo carro. Porém, Max deu mostras de sua genialidade ao se aproveitar do incidente com a dupla da Mercedes para vencer em sua estreia na Red Bull. Vencedor mais precoce da história da F1, Verstappen se tornava uma das estrelas da F1. Para o bem e para o mal. Sua pilotagem espetacular fez com que Max, aos 19 anos, se tornasse o piloto mais temido do grid. Ninguém queria entrar numa briga com o holandês. Suas fechadas de porta causaram muitas polêmicas, principalmente com os pilotos da Ferrari, com quem Verstappen trocou várias farpas. No México, Max sofreu a humilhante sensação de ser retirado da sala pré-pódio, pois havia sido punido. Tudo isso para na corrida seguinte, em Interlagos, entregar uma das pilotagens mais espetaculares dos últimos tempos. Quem sabe da história!

Max Verstappen fez em Interlagos uma corrida que levantou a torcida brasileira, tão acostumada a grandes exibições. Saindo de 16º para 3º em dezessete voltas, Verstappen mostrou do que é feito, mas a maturidade natural que virá com os anos fará do holandês um piloto ainda melhor. Daniel Ricciardo estava numa zona de conforto ao lado de Kvyat, mas a chegada de Verstappen fez com que o australiano crescesse ainda mais. Daniel liderava em Barcelona e tinha tudo para vencer, mas a tática da Red Bull acabou favorecendo Verstappen. Em Mônaco, Daniel conseguiu uma emocionante pole e liderava quando novamente foi atrapalhado pela sua equipe, quando chegou aos boxes e a equipe se embananou toda. Duas vitórias desperdiçadas fez com que Ricciardo perdesse rendimento frente ao furacão Verstappen, mas o australiano deu a volta por cima, sempre se colocando no pódio, sendo o melhor do resto e finalmente conquistando sua merecida vitória em Sepang, numa briga emocionante com Verstappen. Ricciardo conseguiu o terceiro lugar no Mundial de Pilotos com folga, mas correndo ao lado de Max Verstappen uma temporada completada, Ricciardo terá que se reinventar se quiser repetir o status de melhor do resto. Se não conseguir, poderá seguir como o piloto mais simpático. A Toro Rosso sofreu com o motor Ferrari 2015. O início do campeonato foi forte, com Sainz marcando pontos regularmente, mas a falta de desenvolvimento fez com que a STR sofresse no final do ano, culminando com a última fila de Sainz em Abu Dhabi. Porém, o espanhol continua em alta na F1 e teve chance para ir para a Renault, mas ficará um terceiro ano na Toro Rosso, na esperança de se juntar à Max Verstappen, com quem não se dava bem, na Red Bull no futuro.O vexatório rebaixamento fez com que Kvyat sofresse muito e o russo acabou bem atrás de Sainz, mas de forma incrível, Kvyat teve o seu contrato renovado para 2017, enquanto o campeão da GP2 e protegido da Red Bull, Pierre Gasly ficará do lado de fora no próximo ano.

A Ferrari começou o ano falando em brigar com a Mercedes pelo título, mas a realidade foi bem cruel com os italianos. Vettel fez uma temporada abaixo das expectativas, cada vez mais cabisbaixo com a politicagem dentro da Ferrari. Sebastian teve momentos como a quebra do motor Ferrari na volta de apresentação no Bahrein, minando a motivação de Vettel, que terminou 2015 tão bem. Isso fez com que o sempre indiferente Kimi Raikkonen crescesse e andasse finalmente no mesmo ritmo de Vettel, passando a maior parte do campeonato na frente do alemão. Mesmo tendo o melhor ano nessa sua segunda passagem pela Ferrari, poucos entenderam a renovação que Kimi teve para 2017, se tornando o piloto mais velho do grid ano que vem. Junto com Nico Rosberg, outros dois pilotos marcantes se aposentaram em 2016. Jenson Button teve muitas dificuldades em se manter na McLaren, com a sombra de Stoffel Vandoorne à espreita. O belga marcou o primeiro ponto da equipe na única prova em Vandoorne participou, substituindo o lesionado Alonso. Na sua luta com Alonso, Button usou armas parecidas com as de Rosberg, usando seus pontos fortes para superar um piloto tão forte como o espanhol. Porém, com 305 corridas e prestes a completar 37 anos, Button anunciou sua aposentadoria como o último piloto gentleman da F1. Se a despedida de Button foi bonita, mas também bem formal, as cenas vistas em Interlagos para Felipe Massa mostraram o quanto o brasileiro era querido no seio da F1. Massa nunca foi uma estrela do quilate de Alonso, Hamilton, Vettel, Raikkonen, Rosberg e o próprio Button, mas fez um bom trabalho quando esteve no seu auge na Ferrari. Massa tem bons números na F1, mas também fatos não muito abonadores, como nunca ter superado seu companheiro de equipe em sua longa história na F1. Porém, Massa conquistou a admiração de todos e sua despedida em Interlagos mostrou uma F1 mais humana, algo que foi visto em outras ocasiões. Porém, demonstrou o tamanho da crise em que o automobilismo brasileiro está enfiado. Com Massa saindo, sobrou apenas Felipe Nasr como esperança para ter um brasileiro na F1 num futuro à curto prazo. Porém, o brasiliense teve um ano para esquecer na quase falida Sauber, onde Nasr foi superado constantemente por Marcus Ericsson, piloto de talento contestável. Mesmo não gostando da alcunha 'piloto pagante', Nasr só está na F1 por causa do dinheiro do Banco do Brasil e com a saída do banco estatal no final de 2016, a situação de Nasr era bem complicada, até a aposentadoria chocante de Rosberg. De qualquer maneira, não há nenhum piloto brasileiro se destacando nas categorias de base europeias. Sem poder se preparar adequadamente no Brasil, os jovens pilotos brasileiro preferem se aposentar na Stock Car brasileira. Um cenário triste para quem conquistou tantos títulos e revelou grandes nomes para a F1.

Uma briga interessante de 2016 foi pelo quarto lugar no Mundial de Construtores, vencida pela Force India. Mesmo com seu dono, Vijay Mallya, com sérios problemas na justiça, a Force India conseguiu se manter forte para usar o motor Mercedes e ficar com um ótimo quarto lugar, garantindo importante aporte financeiro. Sérgio Pérez foi o grande destaque da equipe, marcando pontos importantes, além de alguns pódios. Porém, quem saiu para uma equipe de fábrica foi Nico Hulkenberg, que irá para a Renault em 2017. A montadora francesa comprou uma equipe (Lotus) em frangalhos e em cima da hora, fazendo com que seus dois pilotos sofressem bastante, mas em outra manobra questionável, ninguém entendeu bem a renovação de contrato com o horroroso Jolyon Palmer. A Williams começou 2016 falando em vitórias e terminou sofrendo para marcar pontos. Com o motor Mercedes não tendo a vantagem que tinha anteriormente, os pontos fracos da Williams ficaram mais expostos e o time ainda viu a Force India se tornar a segunda melhor equipe da Mercedes. Para completar, vê um dos seus pontos fortes, o talento de Valtteri Bottas, se tornar favorito para substituir Rosberg na Mercedes, já que o finlandês é um piloto protegido por Wolff. A Williams trará para o lugar do aposentado Massa, o canadense Lance Stroll, campeão com sobras da F3 Europeia, mas também com fama de piloto pagante. Por sinal, muito pagante. Seu pai é dono de uma das maiores fortunas do mundo e Stroll teve uma preparação impressionante para chegar à F1,com até mesmo testes particulares pagos por seu pai, que assim como fez nas categorias de base, comprou ações da Williams. 

A McLaren não passou o papelão que teve em 2015, chegando a brigar diretamente por pontos durante boa parte da temporada. Se isso é um ponto positivo, por outro lado a McLaren ainda está longe dos anos de glória e isso já começa a fazer Alonso perder a paciência, que já é curta com os dez anos do seu último título. A Honda ainda tem o pior motor da F1, mas está cada vez mais evoluída, na medida em que Ron Dennis acabou levando um bilhete azul da equipe que ajudou a construir. A Manor fez uma tática diferente dos outros anos, se tornando uma espécie de Mercedes Jr, acolhendo os jovens pilotos da montadora da sua equipe e se dando bem. Atual campeão do DTM, o jovem Pascal Wehrlein fez mais do que o esperado, conseguindo passar ao Q2 algumas vezes e marcando o único ponto da equipe, mas a Manor acabou ultrapassada pela Sauber na penúltima prova do ano, com os dois pontos de Nasr em Interlagos. Porém, Wehrlein acabou o ano sem entender o porquê da Mercedes ter escolhido Esteban Ocon, que estreou no meio da temporada, como o piloto da Force India em 2017. Isso fez com que os dois jovens pilotos brigassem forte em Abu Dhabi. Porém, coisas do destino, com a aposentadoria de Rosberg, o 2017 de Werhlein tende a ser muito bom. A Haas foi a grande novidade do grid e ao contrários de suas antecessoras, o time americano conseguiu resultados decentes, não ficando eternamente na última fila. O começo da equipe foi surpreendente, com Romain Grosjean quase conquistando um pódio no Bahrein, mas a decisão da equipe em focar no carro de 2017 muito cedo estancou o desenvolvimento da equipe, que passou a lutar por pontos, enquanto sofria com um perigoso problema nos freios, enquanto Esteban Gutierrez mostrou mais uma vez que não tem lugar na F1, mesmo com todo os patrocinadores que trás e foi substituído por Kevin Magnussen.

Como sempre a FIA se meteu em confusões ao longo do ano, com decisão sendo revertidas a todo momento, como a história do rádio e dos limites da pista. A F1 foi comprada nesse ano, mas Bernie Ecclestone permanece a frente de tudo, porém, algumas mudanças tímidas começaram a acontecer, com a estrada (aleluia!) da F1 no Facebook e um canal no youtube mais movimentado. Para 2017, os carros mudarão bastante, com pneus mais largos e um aerodinâmica refinada. Os carros melhorarão seus tempos, mas será que as ultrapassagens serão facilitadas? 

A F1 de 2016 termina com muitas histórias contadas ao longo de sua maior temporada em todos os tempos. Mesmo a Mercedes dominando, não faltaram histórias a serem contadas, a última, a chocante aposentadoria de Nico Rosberg, deixando vaga o cobiçado cockpit da Mercedes. Lewis Hamilton, que em 2017 completará dez anos na F1, voltará ainda mais forte e mordido pela derrota para Nico. Porém, há a esperança que a mudança no regulamento faça com que a competitividade entre as equipes aumente. Apesar das reclamações, 2016 teve um novo campeão, disputas fortes, polêmicas e corridas boas (e ruins), como toda boa temporada de F1 tem. Resta-nos aproveitar. Que venha 2017!   

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Diferentes choque

A F1 ficou atordoada com o anúncio dessa manhã e extremamente chocada com a aposentadoria repentina e surpreendente de Nico Rosberg, cinco dias depois do título do alemão.

Após quatro anos ao lado de Lewis Hamilton, sendo três com os dois tendo o melhor carro da F1, Nico Rosberg pareceu se cansar da extrema competitividade do inglês e não quis sacrificar-se novamente para poder derrotar Hamilton, um piloto que vai escrevendo com tintas douradas sua história na F1. Foram onze anos na F1, com 23 vitórias, 30 poles e o título desse ano. O tempo dirá qual será a marca de Nico Rosberg na história da F1, mas sua repentina aposentadoria já o coloca como um dos campeões mais enigmáticos da extensa história da categoria. A falta de carisma do alemão colocam os ótimos números de Nico em segundo plano, além da sua ojeriza à estrelismos e polêmicas. Bem ao contrário de Lewis Hamilton, seu rival desde o kart. Por sinal, a disputa ferrenha com Hamilton marcará para sempre os dois campeões do mundo. Apesar de não ter o mesmo brilho de outras rivalidades, ninguém poderá negar que a disputa 'Hamilton vs Nico Rosberg' entrou para a história da F1 e essa aposentadoria do alemão só alimenta isso. Para derrotar alguém como Hamilton, Nico esgotou-se mentalmente a ponto de fazê-lo sair do automobilismo poucos dias depois de realizar o sonho de todo piloto que começa no kart, que é ser campeão mundial de F1.

Isso conta a favor de Hamilton, quando falarmos de sua história no futuro. Para derrotar o inglês, não basta apenas vencê-lo na pista, o que já é muito difícil, vide o talento do inglês. É preciso disputar renhidamente também nos bastidores, nos corredores da fábrica e nas reuniões com engenheiros. Nico Rosberg pareceu cansar disso. E o alemão, antes conhecido apenas como filho de Keke Rosberg, colocou seu nome na categoria também pela coragem de se aposentar com o título no bolso. Nico Rosberg derrotou duas lendas com o mesmo caso, mesmo que no caso de Michael Schumacher, com o heptacampeão longe do seu auge. Mas Nico bateu no melhor Hamilton e os números do inglês não mentem. Ele é um dos grandes da F1. Nico Rosberg sabe que aproveitou a chance que teve, com Hamilton com a guarda abaixada no começo do ano, combinado com Nico mais focado do que nunca, agarrando a menor brecha que o inglês deixou ao longo da temporada 2016.

Com essa repentina aposentadoria, agora a pergunta de um milhão de dólares é: quem ficará com a segunda vaga no cobiçado cockpit da Mercedes? Candidatos, obviamente, não faltam. Fernando Alonso chora por uma vaga numa equipe vencedora faz tempo, mas com o azar do espanhol, não duvido nada ele ir para a Mercedes em 2017, mas com a mudança de regulamento, a equipe perder rendimento... Outro nome forte é o alemão Sebastian Vettel, desiludido com a política da Ferrari e tão germânico quanto a estrela de três pontas. Porém, Alonso e Vettel tem contratos, sem contar os dois jovens da Red Bull, em particular Max Verstappen, no qual Toto Wolff é fã. Porém, Wolff também gosta bastante de Valtteri Bottas, piloto da Williams do que o austríaco colocou na equipe do tio Frank ainda 2013 e que vem fazendo bom papel. Os pilotos juniores da Mercedes, Esteban Ocon e Pascal Wehrlein são alternativas baratas e viáveis, dando credibilidade ao programa de jovens pilotos da montadora tedesca.

Wehrlein, por sinal, está sem contrato e meio que sem entender o porquê Ocon ter ido para a Force India e não ele, criando até uma briga forte entre eles na última corrida em Abu Dhabi, pela Manor. Pascal fez uma ótima temporada pela Manor e é o favorito a ficar com a vaga do recém-aposentado Nico Rosberg, enquanto Felipe Nasr, vendo sua vaga na F1 indo pro vinagre, perdendo lugar justamente para o jovem alemão, pode ver renascer suas chances na Sauber. 

A história de Nico Rosberg, um piloto sem a espetacularidade e habilidade de Hamilton ou Verstappen, surpreendeu a todos com o seu fim nessa quinta-feira. O alemão teve muitas portas abertas por ser filho do grande Keke Rosberg, mas seu início foi lento na F1. Nico conseguia mostrar seu talento e trabalho, mas como não há milagre na F1, Rosberg só se tornou uma verdadeira estrela quando a Mercedes passou a dominar a F1. Estrela, à seu modo. Sem holofotes. Nico tinha como companheiro de equipe um piloto totalmente diferente dele, mas que eram amigos desde o kart, porém, a competitividade de uma disputa de título na F1 minou essa amizade, talvez para sempre. Nico Rosberg lutou com todas as suas armas para derrotar Hamilton e quando o fez, pareceu não querer se sacrificar de novo. Muitos o acusarão de falta de ambição. Ambição das grandes lendas da F1. Nico Rosberg não é uma grande lenda da F1, mas soube derrotar duas com o mesmo carro.