segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Figura(MEX): Lewis Hamilton

A corrida não foi lá essas coisas, mas quantas vezes podemos ver um piloto se igualar à Juan Manuel Fangio? 

Figurão(MEX): Haas

Correndo praticamente no quintal de casa, a americana Haas teve a sua pior exibição em sua curta existência na F1. Não há dúvidas que a Haas conseguiu uma enorme evolução em 2018 e brigou várias vezes com Renault e a antiga Force India para ser a quarta força do pelotão da F1, mas nas difíceis condições do circuito no México, onde altitude se misturou com alto desgaste de pneus e motor, a Haas se perdeu totalmente e nem de longe o time de Kannapolis exibiu exibições sequer próximas do que já conseguiu esse ano. Na classificação, Grosjean e Magnussen ficaram no Q1, superados pela Toro Rosso e a McLaren de Alonso, que normalmente ficam nessa fase de classificação. Confirmada a péssima posição de largada, a experiente dupla de pilotos da Haas teria uma corrida longa pela frente. Com problemas no acerto do carro e desgastando bastante os pneus (Grosjean sempre se caracterizou por poupar muito bem os pneus...) a dupla da Haas ficou nas duas últimas posições, superada até mesmo pela fraca Williams e seus mais fracos ainda pilotos, com Grosjean sendo o único a tomar três voltas na prova de ontem. Depois de um ano tão positivo, o final de semana mexicano será dos mais esquecíveis para a Haas.

domingo, 28 de outubro de 2018

Sem segundo turno

Não foi com uma vitória, como Lewis Hamilton com certeza queria. Na verdade, Hamilton fez uma de suas piores corridas dos últimos tempos na cidade do México. Porém, sua vantagem construída ao longo dos últimos três meses transformou a conquista do pentacampeonato no México apenas uma questão de formalidade, onde o inglês precisou apenas não se estranhar com nenhum adversário para levar seu carro até a bandeirada. Numa outra vitória enfática de Max Verstappen no Autódromo Hermanos Rodríguez, Hamilton só precisou do quarto lugar para entrar no panteão dos grandes campeões da história da F1 e se colocar entre os gigantes da categoria.

Apesar de não ter tido o melhor carro em nenhum momento na América Central, Lewis Hamilton contou com a ótima forma da Red Bull no rarefeito circuito mexicano para se tornar ainda mais favorito ao título com duas corridas de antecedência. Se ontem Verstappen perdeu a pole por muito pouco para o seu companheiro de equipe Ricciardo, o holandês fez uma corrida irretocável nesse domingo um ano após sua vitória na mesma pista. O holandês largou otimamente e superou logo Ricciardo, ficando lado a lado com Hamilton na freada da primeira curva. Se colocando por dentro, Max ganhou a disputa e disparou na frente com um domínio que só foi visto nos melhores dias da parceria Mercedes/Hamilton ou Ferrari/Vettel. Verstappen ganhou com 15s de vantagem sobre os demais, mas a sua vida não foi tão simples por causa do desgaste excessivo de pneus, que fez a maioria dos pilotos optarem pela estratégia de duas paradas. Max ganhou e se tornou o piloto com mais vitórias sem uma única pole na carreira, mas a forma como dominou a corrida de hoje mostra bem que o jovem holandês só precisa de um carro a altura do seu talento para brigar mais seriamente pelo título. E que seja também minimamente confiável, como provou Daniel Ricciardo, abandonando pela oitava vez em 2018 quando estava prestes a completar uma dobradinha da Red Bull com uma parada a menos e teve o motor quebrado nas voltas finais.

Com a Red Bull tão na frente, a vida de Hamilton ficou bem descomplicada, pois somente a vitória interessava à Vettel e esse objetivo esteve bem longe do alemão. Desde a corrida de Singapura em 2015 que a Mercedes não tinha errado tão a mão no acerto do carro como nesse final de semana no México. A cara tensa de Toto Wolff na chegada mostrava um sabor agridoce para o austríaco, que viu a Mercedes fica na incômoda posição de terceira força da corrida, com Bottas chegando a fazer três paradas, tamanha era a dificuldade com os pneus. Correndo 2s mais lento que os pilotos de Red Bull e Ferrari, Hamilton sabia que bastava cruzar a bandeirada para coroar o pentacampeonato. Vettel fez o que pôde, conseguiu boas ultrapassagens sobre Hamilton e Ricciardo, conseguiu seu primeiro pódio no México, mas não tinha muito com o que o piloto da Ferrari poderia fazer ao sustentar uma desvantagem tão grande no campeonato. Muito por erros do próprio Sebastian. Como deve acontecer em casos de vitória ou derrota, o gesto elegante de Vettel e Hamilton no abraço sincero que deram provam que ambos são gigantes, mas com Hamilton um passo acima. 

Raikkonen completou o pódio numa corrida opaca, onde parou uma vez menos e diminuiu seu ritmo para chegar até o fim sem trocar pneus. Outra despreocupação de Hamilton foi o abismo das equipe top-3 e o resto. A Renault ainda se animou com os bons tempos na sexta-feira, mas a realidade na corrida foi até constrangedora. Hulkenberg foi o melhor do resto levando duas voltas de Verstappen. Pareceu até aqueles resultados dos anos 1980... Correndo em casa, Pérez fazia uma boa corrida até abandonar, algo que Fernando Alonso teve que fazer ainda nas primeiras voltas quando um pedaço da asa de Ocon ficou preso debaixo da sua McLaren. Um final de carreira amargo do espanhol. Pensando até em escrever uma carta para ele. Porém, nem tudo foi ruim para a McLaren, que viu Stoffel Vandoorne fazer sua melhor corrida na F1 para ser oitavo, superando Ericsson e Gasly, que fecharam a zona de pontuação. Enquanto Leclerc fazia outra corrida sensacional para ser sétimo, a Haas teve uma corrida terrível, ficando com as duas últimas posições, tomando tempo da fraca Williams e Grosjean tomando três voltas no cocuruto. 

O título de hoje foi a confirmação de que Hamilton está mesmo no olimpo dos grandes do esporte mundial e da F1. O inglês de 33 anos pode ter seus defeitos, mas a forma como piloto em 2018 mostrou muito bem que Hamilton merece os números que vem construindo em sua laureada carreira. Vettel se portou bem hoje, mas foi o culpado do final de campeonato morno que tivemos, mesmo com as boas indicações de que se a Red Bull acertar na parceria com a Honda, poderemos ter uma bela batalha em 2019. No animado pódio do México, não tivemos Hamilton, mas ele já está no pódio dos maiores campeões da história da F1.

Fim do jejum

A Yamaha sofria de uma seca histórica na MotoGP. Foram anos de glória com Valentino Rossi e Jorge Lorenzo e mesmo ainda contando com o veterano italiano, a marca dos três diapasões sofria com um 2018 absolutamente fora do comum de tão ruim. Contudo, foi necessário a MotoGP aportar num circuito fora do comum para que a Yamaha voltasse a vencer, acabando com um jejum de mais de vinte corridas.

O belíssimo circuito de Philipp Island tem como características além da beleza e da pista de alta velocidade, a quantidade de corridas sensacionais e bastante próximas. Ano após ano, corridas de alta qualidade são travadas no Grande Prêmio da Austrália que fica até difícil separar as melhores de todos os tempos. Talvez inspirados pela paisagem espetacular, os pilotos não apenas da MotoGP, mas das três categorias do Mundial, promovem corridas tão espetaculares quanto a bela vista. A edição 2018 da prova da MotoGP não foi diferente e numa prova bastante próxima na primeira metade, Maverick Viñales soube se desvencilhar do compacto grupo da frente para dar à Yamaha o gosto da vitória após etapas de fracassos contínuos. O próprio espanhol foi o que mais reclamou dos problemas da Yamaha e parecia perdido na situação adversa em que se encontrava, mas Viñales mostrou sua velocidade e conseguiu uma vitória enfática frente a uma batalha titânica pela ponta.

Nada menos que nove motos brigavam pela ponta da corrida, com várias trocas de posição entre eles. A Suzuki de Iannone era uma moto a se observar, com o italiano andando bem em todas as sessões e só perdendo a pole por causa do chuvisco no final da classificação. Porém, as trocas incessantes de posição não deixava ninguém se destacar, mas o perigoso acidente entre Marc Máquez e Johann Zarco na rápida curva um mudou a cara da prova. Mesmo sem cair, o espanhol da Honda teve que abandonar e mostrou a dependência que a Honda tem com ele. Sem Máquez (Cruthlow quebrou o tornozelo nos treinos e talvez nem volte em 2018), a melhor Honda do dia foi Franco Morbidelli em oitavo. Viñales já vinha no pelotão da frente quando o acidente ocorreu e assumiu a ponta para não mais perde-la. Iannone realmente foi muito forte durante a corrida, mas demonstrou o porquê da Ducati ter preferido Doviziozo e não ele. Iannone errou várias vezes nas incessantes brigas por posições, muitas vezes perdendo terreno quando poderia brigar mais na frente. A falta de confiabilidade na pilotagem do italiano da Suzuki ajudou Viñales chegar a abrir 4s de vantagem. Grande destaque também para Alvaro Bautista, que substituindo Jorge Lorenzo na Ducati, brigou de igual para igual com Doviziozo e acabou num comemorado quarto lugar, logo atrás do italiano, que andou com a moto o ano inteiro.

Foi uma corrida fora do comum num circuito fora do comum de tão espetacular e bonito. Somente assim para a Yamaha conseguir uma vantagem sobre os rivais e vencer depois de um longo jejum.

sábado, 27 de outubro de 2018

Se não quebrar...

Durante o terceiro treino livre a F1 mostrou um gráfico com uma dura realidade para Daniel Ricciardo: com sete abandonos, o simpático australiano é o piloto com mais desistências do ano. A sorte realmente não ajudou Ricciardo, que está saindo da Red Bull após longos anos e durante todo o complicado final de semana mexicano, foi superado pelo companheiro de equipe Max Verstappen. Porém, Ricciardo surpreendeu no final do Q3 e quando nenhum piloto conseguia melhorar seu tempo, Daniel tirou forças não se sabe da onde e superou Verstappen por menos de três centésimos, conseguindo sua terceira pole na carreira.

O Autódromo Hermanos Rodríguez está sendo um belo desafio para as equipes. Localizado à alta altitude, o tradicional circuito mexicano causou várias dores de cabeça para as equipes, principalmente com relação ao desgaste de pneus e motor. A Red Bull já anunciara que pelas características da pista, a corrida do México era a última chance de vitória em 2018 e os austríaco se provaram corretos, com Max Verstappen liderando os três treinos livres, com Mercedes e Ferrari logo atrás. Num circuito curto as diferenças sempre foram pequenas, mas no Q3 Verstappen logo tomou as rédeas e tinha tudo para conseguir sua primeira pole na F1, o que o transformaria no mais jovem da história, porém, ninguém sabe como, Ricciardo destruiu o tempo do seu companheiro de equipe na sua última tentativa para ficar com a pole e formar uma rara primeira fila toda da Red Bull. Verstappen não gostou nada da forma como foi superado, demonstrando isso ao atropelar a marca da segunda posição na entrevista pós-corrida. Como esperado, Ricciardo vibrou muito e mesmo de saída da equipe, a Red Bull comemorou bastante, demonstrando o enorme carisma desse australiano querido por todos.

Na briga pelo título, Hamilton conseguiu outro passo rumo ao título de forma antecipada. Precisando apenas de um sétimo lugar, o inglês ficou logo atrás dos dois carros da Red Bull e ainda superando Vettel por muito pouco, sendo que o alemão necessita desesperadamente da vitória. Depois de conseguir ótimas posições na sexta-feira, onde superou Ferrari e Mercedes, a Renault voltou ao normal e ficou como quarta força destacada e na briga por essa posição no Mundial de Construtores, ainda viu Haas e Force India ficarem pelo caminho.

A largada de amanhã será uma das mais esperadas do ano. A Red Bull saíra na frente após um longo tempo e Verstappen deverá estar mordido por essa derrota tão perto do final da classificação. Hamilton deverá ser cauteloso, enquanto Vettel terá que atacar, contudo, vimos o comportamento do alemão da Ferrari nessas situações nas últimas corridas. Ainda há o fator climático. A sexta trouxe um clima abrasador no México e hoje era esperado chuva, o que não aconteceu. Ficará para amanhã? Ainda há o fator confiabilidade. A corrida promete amanhã!

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Força Robert

Infelizmente veio a notícia que ninguém queria ouvir. Na verdade, todos nós torcíamos que a verdade não viesse à tona, mas foi o próprio Robert Wickens quem revelou a triste realidade: após seu terrível acidente em Pocono, o canadense ficou paraplégico.

Robert ainda conseguiu o título de Novato do Ano da Indy numa temporada sensacional, onde a vitória bateu na trave algumas vezes. Mesmo em seu primeiro ano e não estando numa equipe de ponta, Robert Wickens sempre andava no pelotão da frente, fazendo do futuro do canadense algo a ser apreciado, porém, veio o acidente em Pocono e a trágica consequência. A lista de fraturas havia sido muito grande, mas o que preocupava era a 'indeterminada lesão na espinha'. Wickens colocava vídeos que dava esperança até mesmo que ele retornasse às corridas, mas nessa sexta-feira ele revelou que 'está muito longe de caminhar com as próprias forças' e tinha feito seu primeiro exercício 'como paraplégico'.

É o fim de uma carreira muito forte de um piloto talentoso, que se destacou na Europa, mas que não o levou à F1. Convidado pelo amigo James Hinchcliffe, Wickens se mudou para a Indy, onde encontrou seu destino. Fico imaginando como deve estar sentindo Hinchcliffe, que convidou Wickens para correr nas Indy e seus temidos ovais, e também Ryan Hunter-Reay, que se envolveu no acidente. Deve ser bem difícil para eles essa situação, mas não será mais complicado do que a missão que Robert Wickens terá pela frente. Só nos resta torcer para que ele vença mais essa corrida.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Figura(EUA): Kimi Raikkonen

Não vou negar os adjetivos que já dirigi ao finlandês da Ferrari em 2018: sorumbático, burocrata e letárgico. Esses três foram os que vieram à mente agora, mas deve ter havido mais. Kimi Raikkonen mereceu muitas críticas esse ano e foi muitas vezes um submisso segundo piloto da Ferrari, dando a sensação que estava apenas batendo o ponto nas corridas, conquistando pontos no Mundial de Construtores que eram nada menos do que sua obrigação. A sua falta de combatividade na hora de ultrapassar chegava a dar nos nervos a ponto da Ferrari preferir sua troca em 2019, trazendo o sangue novo de Charles Leclerc até mesmo para colocar alguma pressão em Sebastian Vettel. Como se o alemão já não tivesse pressionado... Raikkonen já havia feito uma corrida notável em Monza, mas acabou ultrapassado por um inspirado Lewis Hamilton e parecia ter perdido sua última chance de vencer na F1, pois mesmo não se aposentando no final dessa temporada, Kimi terá chances escassas à bordo de uma Sauber em 2019. Porém, as besteiras cometidas por Vettel deixou Raikkonen como a única esperança da Ferrari e na maior parte da corrida na liderança da prova em Austin, Kimi não decepcionou. O piloto da Ferrari conseguiu uma bela largada e ultrapassou o pole Hamilton ainda antes da primeira volta. Depois não deixou o inglês passar quando estava com os pneus em frangalhos, enquanto Hamilton vinha com tudo com pneus novos. Raikkonen segurou Hamilton como nos bons tempos onde o nórdico ainda procurava seu primeiro título. O tempo em que ficou à frente de Hamilton pode ter contribuído para superaquecer os pneus da Mercedes do inglês, que teve que parar uma segunda vez, mas Raikkonen não teria que enfrentar apenas Hamilton. Verstappen vinha fazendo uma corrida estupenda após largar do meio do pelotão e estava com pneus em melhores condições, sem contar Hamilton, voando nas últimas voltas com pneus novos. Foi um final de corrida emocionante que poucas vezes se viu esse ano. Raikkonen apertou o ritmo e segurou o rojão de dois pilotos melhores 'calçados' do que ele e conseguiu sua primeira vitória em cinco anos, batendo o recorde de maior diferença entre vitórias, além de tomar a liderança isolada de piloto finlandês com mais vitórias na F1. Uma grande corrida de Kimi Raikkonen, mostrando que quando quer, o finlandês ainda tem a velha magia de outros tempos.

Figurão(EUA): Sebastian Vettel

Absolutamente não é aceitável a quantidade de erros que Sebastian Vettel vem cometendo nos últimos dois meses. Um piloto já experiente, com quatro títulos no currículo e que corre pela Ferrari não pode jogar tantas oportunidades fora por erros unicamente dele. Pela terceira corrida (já pode pedir música no Fantástico), Vettel tentou uma manobra otimista na primeira volta que o colocou nas últimas posições e longe da briga pela vitória, entregando pontos preciosos para Lewis Hamilton, que só não conquistou o pentacampeonato em Austin muito por causa do personagem de cima dessa coluna. Com esses erros inaceitáveis sendo cometidos praticamente em sequência nos momentos decisivos do campeonato, a confiança que a Ferrari tinha em Vettel vai se esvaindo, da mesma maneira que as chances de título vai indo embora. Esse ano a Ferrari completará onze anos sem títulos na F1. Um jejum que já chega a metade que a Ferrari amargou ao longos dos anos 1980 e 1990. Somente um alemão foi capaz de acabar com esse seca, porém, a Ferrari esperava que fosse Vettel a repetir o mesmo belo trabalho de Schumacher, mas até o momento a desilusão é enorme. A falta de uma batalha mais próxima pelo título tem um claro culpado: Sebastian Vettel.

domingo, 21 de outubro de 2018

Dia de Kimi

Após o penta de Marc Márquez na MotoGP nessa madrugada, era esperado que Lewis Hamilton completasse a trinca de pentacampeões nesse final de tarde em Austin, lugar onde o inglês sempre andou bem, porém, o barato das corridas, que nos faz se apaixonar por elas, é o imponderável. Com a montanha de informações com que pilotos e equipes tem a disposição hoje em dia, esse fator muitas vezes não aparece, mas basta um safety-car na hora errada para que o destino de uma corrida seja mudada e hoje foi o que aconteceu para Hamilton ficar muito perto do penta, mas provavelmente terá que esperar uma semana para garantir o feito. Raikkonen fez uma corrida soberba e provavelmente será uma de suas últimas vitórias na sua já longa carreira, enquanto seu companheiro de equipe padece de uma sequência de panes mentais que não condiz à um tetracampeão.

A corrida em Austin foi das melhores desse segundo semestre e não decidiu o campeonato por muito pouco. A Ferrari sabia que suas chances de manter suas tênues chances de títulos ainda esticadas dependia de segurar Hamilton e por isso escolheu colocar Raikkonen com pneus mais macios e ter mais aderência na largada, já que o punido Vettel largaria em quinto. O finlandês estava por dentro, mesmo que no lado sujo da pista, e saiu como um foguete rumo à primeira colocação. Maurizio Arrivabene ainda vibrava quando Sebastian Vettel fez, com o perdão da palavra, outra cagada. O alemão já pode pedir música no Fantástico. Pela terceira corrida, o alemão da Ferrari se envolveu num incidente na primeira volta e caiu para as últimas posições. Dessa vez, foi Daniel Ricciardo a 'vítima' de Vettel. O alemão já havia completado a ultrapassagem sobre a Red Bull, mas Vettel acabou cometendo um pequeno erro, o suficiente para Ricciardo ficar lado a lado na próxima curva. De forma inacreditável, Vettel teimou em decidir a parada naquele momento e o resultado foi uma rodada que o deixou nas últimas posições. Se punido a coisa já estava feia para Vettel, mais essa presepada deixou Hamilton tranquilo rumo ao pentacampeonato a ser decidido hoje. 

Contudo, como falado mais cedo, o legal das corridas é o imponderável e se Ricciardo 'atrapalhou' Vettel na primeira volta, acabou 'ajudando' o antigo companheiro de equipe quando abandonou pela enésima vez nessa temporada e o safety-car virtual veio à tona. A corrida ainda estava no começo, mas a Mercedes achou por bem trazer Hamilton para os boxes e colocar os pneus macios, os mais duros do final de semana. Pela precocidade da parada, uma segunda visita aos boxes era uma possibilidade real, mas já foi visto várias vezes surpresas nesse quesito e o fato de estar com os pneus mais duros do final de semana poderia ser um indicativo que Hamilton não pararia mais. Porém, bolhas nos pneus da Mercedes fez com que a segunda parada fosse inevitável e o inglês teve que remar tudo de novo quando parou uma vez mais do que seus adversários, caindo para quarto. Enquanto Ricciardo procurava um bar para afogar as mágoas, Verstappen fazia uma corrida sensacional, saindo das últimas posições para terceiro, após ultrapassar o poste Valtteri Bottas no que hoje chamamos de undercut, mas antigamente era a ultrapassagem nos boxes. Correndo em segundo e com pneus supermacios, Verstappen não apenas conseguiu se manter até o final da corrida, como se aproximou perigosamente de Raikkonen, com pneus macios desgastados. Porém, Hamilton, com jogo de pneus macios novos, vinha bem mais rápido. Três pilotos com situações diferentes e três equipes diferentes. O final da corrida foi emocionante, mas os três mantiveram suas posições, apesar de um ataque forte de Hamilton em cima de Verstappen na penúltima volta. Kimi Raikkonen soube se defender de Hamilton quando estava com pneus desgastados, antes de sua única parada, e soube controlar bem a pressão de dois pilotos melhores 'calçados' do que ele. O finlandês bateu alguns recordes hoje. Como sua última vitória havia sido em 2013, a diferença de cinco anos entre suas vitórias era um recordes, mas mais importante foi que Raikkonen superou Mika Hakkinen como o finlandês mais vitorioso da história da F1. Um belo presente para um piloto bastante popular.

Hamilton saiu de Austin com o título nas mãos, mas a estratégia da Mercedes, que tanto lhe ajudou nas últimas corridas, acabou lhe atrapalhando hoje, mas a Mercedes ainda tem muito crédito com Lewis e o título deverá vir mesmo no México, ainda mais com Vettel cometendo erros inacreditáveis para um piloto do seu calibre. Vettel ainda salvou um quarto lugar ao ultrapassar Valtteri 'poste' Bottas na penúltima volta, mas a forma como correu mostrou bem que ele tinha totais condições de estar na briga pela vitória. Se Hamilton tem a ajuda de Vettel, não tem ajuda de Bottas. O finlandês fez uma corrida extremamente opaca e aumenta o tamanho da injustiça de Esteban Ocon estar praticamente fora do grid em 2019. O francês tem totais condições de fazer um trabalho melhor do que o de Bottas e vai ser substituído na Force India por um piloto-pagante horroroso como Lance Stroll, chamado de amador por Fernando Alonso, colocado para fora pelo canadense na primeira volta. Na eterna briga pelo melhor do resto, ponto para a Renault, que se aproveitou da má fase da Haas em casa e colocou seus dois pilotos atrás das equipe top-3. Mesmo que um minuto atrás. Magnussen salvou a honra da Haas, que viu Grosjean bater em Leclerc na primeira volta e arruinar a corrida de ambos. Ocon superou Pérez, um bom piloto, mais uma vez, demonstrando o tamanho da injustiça dele estar fora da F1, enquanto McLaren, Williams, Toro Rosso e Sauber cumpriram com seus papeis.

Hamilton está com a mão na taça e mesmo querendo ter garantido a fatura nos Estados Unidos, país que adora, dificilmente a comemoração chegará à Interlagos, com o penta sendo comemorado no México. Podendo ter se juntado à Scott Dixon e Marc Márquez hoje, Lewis Hamilton terá que esperar um pouco mais, porque hoje foi dia de Kimi.

Dia de penta (I)

Quando comecei a acompanhar as corridas, os cinco títulos mundias de Fangio pareciam inatingíveis, mesmo que no Mundial de Motovelocidade já contasse com os oito títulos de Giacomo Agostini na categoria principal. Os tempos mudaram, principalmente no quesito segurança, que faz pilotos ficarem mais tempo nas pistas quebrando recordes. Na MotoGP, porém, um fenômeno chamado Marc Márquez vai fazendo história na frente de nossos olhos com apenas 25 anos de idade. O espanhol começou devastando as categorias menores do Mundial de Motovelocidade tão cedo, que chegou à MotoGP com 20 anos e logo numa moto oficial. A Honda sempre soube que tinha nas mãos um diamante puro. Em seis temporadas completas, são cinco títulos, conquistados de todas as formas possíveis. Na última etapa ou como hoje, quando garantiu o título com antecipação. 

Motegi não era um circuito para a Honda de Márquez, mas o espanhol é um piloto tão fora da caixa, que ele tirou a diferença no braço o maior equilíbrio da Ducati de Andrea Doviziozo, único piloto em condições de adiar a festa de Márquez na casa da Honda. A corrida de hoje foi outro jogo de gato e rato entre Márquez e Doviziozo, algo que se tornou bastante comum do ano passado para cá. Após uma classificação abaixo do normal, Márquez não demorou uma volta para se colocar em segundo e pressionar o pole Doviziozo. Conhecido pela frieza, Doviziozo não se intimidou com o talento de Márquez. Segurou o rojão por várias voltas, mesmo quando Márquez tinha a companhia da Honda de Cal Cruthlow e soube dar o troco quando Márquez o ultrapassava. Mesmo com uma moto mais nervosa, Márquez deu o bote na antepenúltima volta e quando todos esperavam um contra-ataque, Doviziozo caiu no final da penúltima volta, entregando o pentacampeonato da MotoGP nas habilidosas mãos de Márquez.

Falar do lugar de Márquez na história do Mundial de Motovelocidade pode parecer precoce, mas o que o espanhol vem fazendo já o colocar num patamar dos grandes da história. Com uma moto que não é a melhor do pelotão, Márquez vai tirando a diferença no braço e no seu controle absurdo. Enquanto os demais pilotos da Honda caem, Márquez vence. A Ducati tem hoje uma melhor moto, mas a Honda conta com Márquez. Olhando ao redor, o espanhol não vê ninguém se aproximando dele no quesito talento.

A Ducati terá apenas Doviziozo no próximo ano, pois Petrucci parece estar um nível abaixo, enquanto um baleado Jorge Lorenzo ainda terá que se adaptar à nervosa Honda. É duro dizer isso, mas Valentino Rossi já passou do seu apogeu e ainda tem que levar nas costas uma Yamaha problemática, destruindo a motivação do piloto que todos diziam ser o próximo rival de Márquez, o jovem Maverick Viñales. Grande decepção da temporada, Viñales tem que aprender que só velocidade não é o bastante para ser campeão. Rins é um ótimo piloto, mas a Suzuki não parece estar ao nível das melhores motos, apesar do crescimento mostrado essa temporada. Doviziozo foi o grande rival de Márquez nos últimos anos, mas é claro como uma praia no Caribe que o italiano não tem o talento do espanhol. 

No momento, não há ninguém capaz de segurar Marc Márquez. E não devemos esquecer que ele ainda tem apenas 25 anos e que ele ainda esta evoluindo muito. Sem deixar a agressividade de lado, Márquez vem sendo cada vez mais constante no campeonato, algo que o atrapalhou muito em 2015, quando foi derrotado pela Yamaha de Lorenzo. Com uma montadora gigante trabalhando para ele, um talento natural absurdo, nenhum piloto piloto ao seu nível chegando, pode-se gostar ou não dele, mas o fenômeno Marc Márquez vai fazendo história e seus números tendem só a melhorar nos próximos anos.

sábado, 20 de outubro de 2018

Pole com antecedência

De forma errônea, a FOM colocou na tela das nossas TV's que Lewis Hamilton tinha 81 poles ainda no terceiro treino livre, quando na verdade o inglês ainda tinha 80 antes da classificação de hoje. Os americanos talvez já estivessem se antecipando devido ao histórico recente de Hamilton, que novamente arrancou uma volta da cartola para superar as duas Ferraris e ficar com a pole, num dia em que a Mercedes não estava com uma vantagem clara sobre a Ferrari.

A classificação de hoje foi um pouco no escuro para as equipes, pois na sexta-feira choveu o dia todo e os times não testaram tudo o que haviam planejado, mas ainda assim os resultados foram bem normais, com exceção do erro de Max Verstappen no Q1, que ao quebrar a suspensão traseira do seu Red Bull, estragou sua classificação e amanhã largará no meio do pelotão. Kevin Magnussen, cada vez mais marcado pelos seus pares por causa de sua pilotagem agressiva, decepcionou com a Haas correndo em casa, enquanto Grosjean foi para o Q3 confortavelmente. A Mercedes deu pinta que vinha muito forte no Q1, mas quando os alemães e a Ferrari colocaram os pneus supermacios, ficou claro que não seria tão fácil como nas etapas anteriores. Vettel foi bem mais rápido do que as Mercedes, enquanto Raikkonen se garantia em primeiro no Q2 com o pneu hipermacio. A Mercedes precisava de um diferencial e ele está entre o volante e o banco do carro de número 44. Hamilton conseguiu outra pole sensacional, derrotando por muito pouco as duas Ferraris. Nos boxes, Maurizio Arrivabene sorria amarelo, como se tivesse inveja de Toto Wolff ter um piloto numa fase tão iluminada.

Como Vettel cometeu outra mancada e foi punido em três posições, tendo que largar em quinto amanhã, as chances de Hamilton sair de Austin com o mesmo número de títulos de Juan Manuel Fangio é bastante grande.

domingo, 14 de outubro de 2018

Até logo após 30 anos

Quando algumas marcas se associam a uma categoria, parece que ambas se tornam sinônimos. Alguém poderia imaginar a F1 sem a Ferrari? Para quem acha isso impossível, hoje o automobilismo viu a despedida da Mercedes-Benz do DTM após trinta anos de parceria. Liderada por Bernd Schneider, a Mercedes foi sempre um carro de ponta no DTM, conquistando vários títulos ao longo dos últimos anos e se tornando uma forte parceira da categoria, mas de forma surpreendente a marca de Stuttgart vai para a insossa F-E a partir da próxima temporada, deixando os fãs do DTM órfãos dos belos carros da estrela de três pontas. Na corrida decisiva de hoje, Gary Paffet fez as honras da Mercedes ao conquistar o bicampeonato ao derrotar o Audi de René Rast, que conseguiu seis vitórias consecutivas, mas teve que se contenta com o vice. Paffet teve uma carreira inteira ligada à Mercedes, desde que venceu a F3 alemã no começo do milênio e ao invés de partir para a F3000, foi contratado pela Mercedes para ser piloto de testes da então parceira McLaren, além de correr pela montadora no DTM. Foram longos anos de parceria, mas hoje foi a última corrida de Paffet no DTM pela Mercedes. A nossa esperança é que a montadora (espero eu!) reveja sua estratégia e volte ao DTM.  

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Figura(JAP): Lewis Hamilton

Durante as entrevistas, Lewis Hamilton se mostrava bastante empolgado por estar pilotando em Suzuka. "Não fazem mais pistas assim". Também não se via há algum tempo pilotagens como a que vem executando com arte Lewis Hamilton. O inglês vai mostrando exibições de alto nível em praticamente toda a corrida depois das férias do meio do ano e em Suzuka, uma pista seletiva e moldada para grandes pilotos, Hamilton se sentiu à vontade de outro final de semana supremo, onde não deu chance a ninguém e empilhou a sexta vitória em sete corridas, praticamente lhe garantindo o pentacampeonato. A temporada de 2018, que se desenvolveu tão bem no primeiro terço, vai se transformando num passeio de Lewis Hamilton, o que já traz algumas críticas de outro campeonato sem a emoção de algumas temporadas como 2012, 2014 e 2016, para ficar nas mais recentes. A chatice da atual temporada não é culpa da F1, mas de Lewis Hamilton. Contudo, para quem aprecia corridas e ótimas pilotagens, essas últimas corridas são ótimos pratos servidos por Hamilton.

Figurão(JAP): Sebastian Vettel

É complicado ser repetitivo, mas não há escapatória possível para essa parte da coluna em Suzuka nesse final de semana. Sebastian Vettel, um piloto experiente e com quatro títulos no cartel, cometeu outro erro de piloto que ainda busca um lugar ao sol dentro da F1. Trazido pela Ferrari como a grande esperança de reviver os tempos áureos do seu compatriota Schumacher, Sebastian Vettel vem decepcionando de forma sistemática esse ano, numa temporada em que a Ferrari passou a maior parte do ano tendo um carro, no mínimo, do mesmo nível da Mercedes do seu grande rival Lewis Hamilton. Com a Ferrari também sentindo a pressão da falta de títulos e cometendo erros aos borbotões, Vettel completou um final de semana horroroso da Ferrari ao se envolver num acidente completamente evitável com o reconhecidamente agressivo Max Verstappen quando o alemão já brigava pelo terceiro lugar após largar de oitavo, por culpa do pajé da Ferrari. Vettel fazia uma corrida de recuperação estupenda, mas ao ver os dois carros da Mercedes fugindo e tendo Verstappen entre ele e os carros prateados, Seb viu tudo vermelho estilo Ferrari e tentou ultrapassar o holandês na curva Spoon, um lugar no qual, com carros iguais, normalmente não se ultrapassa. O toque foi inevitável e Vettel levou a pior ao cair para as últimas posições. Com o carro que tem, a nova recuperação de Vettel foi até mesmo protocolar, escalando o pelotão até a sexta posição. Ao ficar atrás do seu sorumbático companheiro de equipe, mas 40s atrás, a Ferrari nem teve coragem de mandar Raikkonen tirar o pé e Vettel teve que se conformar com o que tinha, o que acabou lhe sendo terrível para o campeonato. Com a Mercedes novamente por cima e Hamilton pilotando como nunca tinha feito em sua já longa carreira, Vettel vai amargando outro vice-campeonato, aumentando a pressão sobre si, já que a Ferrari completará doze anos sem títulos. E sob pressão, Vettel vai mostrando que apita...

domingo, 7 de outubro de 2018

Briga desigual

Quando Sebastian Vettel conquistou seu tetracampeonato em 2013, havia uma expectativa de quando o alemão iria medir forças verdadeiramente com Lewis Hamilton. No período em que ganhou seus quatro títulos, o maior rival de Vettel era Fernando Alonso, que conseguia tirar leite de pedra de uma Ferrari claudicante, comandada pelos italianos. O espanhol, tentando desequilibrar Vettel, dizia que perdia os títulos para Adryan Newey, projetista do imbatível carro que ajudava Vettel a destruir a concorrência. O bom mesmo era Lewis Hamilton, bradava Alonso. Da mesma geração, ainda não havia tido uma briga 'face to face' entre Vettel e Hamilton. Isso, até a era híbrida começar e Vettel se mudar para a Ferrari. Os dois finalmente brigariam com ferramentas parecidas pelo título e em 2018 teria o tempero especial de estarem empatados em número de títulos.

Se a Ferrari apenas ameaçou em 2017 e faltou experiência aos novos italianos que comandam a equipe, 2018 seria o ano para acabar com a brincadeira de Hamilton e da Mercedes. Vettel é experiente e tem quatro títulos mundiais nas costas, enquanto Hamilton ainda parecia imaturo e já havia fraquejado contra um alemão mais maduro. Porém, Hamilton aprendeu bastante com a derrota para Nico Rosberg no quintal de sua casa, enquanto a aparente armadura de Vettel tantas vezes mostradas contra Fernando Alonso no começo dessa década exibia frestas. Na Red Bull e com o melhor carro, Vettel estava em sua zona de conforto e com os chefões Helmut Marko e Christian Horner ao seu lado, o mesmo não acontecendo com a sempre caótica gestão italiana, sem contar a pressão que Vettel tem em fazer o que Schumacher fez a quase vinte anos atrás: recuperar a Ferrari. Vettel continua mostrando velocidade, mas vem cometendo erros sobre pressão e hoje cometeu mais um, praticamente entregando o título para Lewis Hamilton, que vem pilotando cada vez melhor. Com a confiança em alta, com a Mercedes cada vez melhor e uma gestão sólida, Hamilton não teve adversários em sua pista favorita, desta vez não dando chances até mesmo à Valtteri Bottas, que o bateu claramente semana passada em Sochi, tendo a necessidade das polêmicas ordens de equipe para Hamilton vencer na Rússia. Desde a morte de Sergio Marcchione, talvez o menos latino dos chefes italianos, a gestão da Ferrari entrou em parafuso e os erros se sucedem nas mais diferentes áreas. São estratégias erradas na classificação e na corrida, mas hoje quem errou foi seu principal piloto. Vettel fazia uma rápida corrida de recuperação, se colocando na quarta posição após uma ótima largada e ultrapassagens sem problemas sobre a dupla da Toro Rosso e Grosjean. Max Verstappen já tinha mostrado que estava 'naqueles dias' quando deu um chega pra lá em Raikkonen quando escapou na pista na famosa chicane, permitindo que Vettel se aproximasse. Ainda na mesma volta, Vettel tentou uma afobada ultrapassagem na improvável curva Spoon, que jogou sua corrida pelo ralo. O toque entre os dois pilotos foi inevitável, mas Vettel levou a pior ao rodar e cair para a última posição. Game Over. Hamilton apenas administrou uma corrida onde a única emoção do inglês foi curtir as rápidas curvas de Suzuka ao longo das 53 voltas onde não foi incomodado em nenhum momento. Aos 33 anos, Hamilton chegou à vitória de número 71 e com mais de 60 pontos de vantagem sobe Vettel nas quatro corridas restantes, fica apenas a dúvida se o título será nos Estados Unidos ou no México, tamanho a diferença de pilotagem que tem sobre Vettel, além da sobra que a Mercedes tem sobre a Ferrari.

A ordem de equipe pode ter mexido na cabeça de Bottas, que fez uma corrida medíocre hoje, onde com o melhor carro disparado, ainda foi pressionado nas voltas finais por Max Verstappen. O holandês cumpriu uma justa punição de 5s pelo toque em Raikkonen e ainda assim se manteve na terceira posição. Com os pneus macios, foi para cima de Bottas, mas a superioridade do conjunto Mercedes ajudou a Bottas não passar o mico de destruir a dobradinha da Mercedes. Raikkonen poderia fazer as honras da Ferrari, mas com outra pilotagem apagada, Kimi mostrou o porquê estar de saída da Ferrari, pois o finlandês não apenas foi capaz de atacar Verstappen, como acabou ultrapassado por Ricciardo, que largou onze posições atrás dele. O australiano, tão chateado pela falha do motor Renault na classificação de ontem, fez uma corrida correta para ser quarto. A Ferrari, na pior corrida de 2018, ficou com a quinta a sexta posições, demonstrando ser a terceira força do momento. Sentindo o momento, Vettel fez a besteira de tentar uma ultrapassagem amalucada em cima de Verstappen e depois fez a corrida protocolar para chegar em sexto, mais de 20s atrás do seu sorumbático companheiro de equipe, mas ainda marcando a volta mais rápida. Um final de temporada péssimo para o alemão, cuja a derrota em Monza quando era o grande favorito à vitória parece estar tendo o mesmo efeito da marcante edição do Grande Prêmio da Itália de 1985, quando Alboreto nunca mais foi o mesmo após perder para Prost quando tudo levava a crer que ele era o favorito ao título.

O circuito de Suzuka pode trazer um enorme prazer aos pilotos por causa do seu rápido e seletivo traçado, mas também pode trazer muito sono aos fãs da F1 com corridas chatas, porém, pela baixa expectativa que sempre há em Suzuka, a corrida foi bem legal no pelotão intermediário. Sem contar as corridas de recuperação de Ricciardo e Vettel, a corrida foi cheia de ultrapassagens da sétima posição para baixo. Grosjean ficou na posição de melhor do resto a corrida inteira, mas acabou ultrapassado por Pérez após o período de safety-car virtual pelo abandono de Leclerc. Grosjean reclamou da manobra do mexicano, mas nas voltas finais a sua principal preocupação era mesmo segurar a segunda Force India de Ocon. A Honda sonhou em marcar pontos em casa e a boa posição no grid dos seus pilotos era um bom prenúncio, mas uma péssima largada de Hartley, seguido por um ritmo de corrida medíocre praticamente eliminou as chances de pontos do neozelandês, o mesmo acontecendo dele ficar na F1 em 2019. Gasly lutou mais e estava na briga pelos pontos, mas acabou ultrapassado nas voltas finais por Sainz pela décima posição e a Honda saí de Suzuka de mãos abanando novamente. A Sauber teve um final de semana complicado, o mesmo acontecendo com a Renault, que só marcou ponto por que Sainz estava melhor 'calçado' nas voltas finais. Magnussen foi claramente superado por Grosjean e numa manobra bastante discutível mudou de direção na freada, fazendo com que Leclerc batesse em sua traseira, lhe furando o pneu, causando o único safety-car do dia. Enquanto isso, na luta dos times tradicionais para sair da última posição, a McLaren superou por muito pouco a Williams na inglória situação de equipes tão gloriosas.

Lewis Hamilton já está na história da F1 e vai caminhando para o quinto título, se tornando o terceiro piloto da F1 a conseguir esse feito. Cada vez mais amadurecido (finalmente!), Hamilton está pilotando cada vez melhor e cresceu na hora certa, o mesmo acontecendo com a Mercedes, que hoje exibe uma dominância semelhante ao triênio 2014-16, onde bateu as rivais com gosto e sem piedade. Vettel já tinha mostrado cair de rendimento sob pressão na Red Bull e no caldeirão que vive na Ferrari, o alemão vai cometendo cada vez mais erros incompatíveis com o seu cartel. A esperada disputa entre os dois pilotos que dominaram essa década vai se mostrando mais desigual do que o esperado. Hamilton vai sobrando frente a um Vettel que mais erra do que o esperado. 

sábado, 6 de outubro de 2018

Viés de alta

Em tempos de pesquisa eleitoral, a Mercedes estaria partindo para ganhar no primeiro turno, com um alto viés de alta. Como um senador do partido que está vencendo de lavada, Lewis Hamilton vai subindo nas pesquisas e indo na onda da Mercedes, praticamente se garantindo como o terceiro pentacampeão da história da F1. Já a Ferrari está como aquele candidato que tinha tudo para disputar voto a voto com o favorito, mas passou a traças estratégias erradas a ponto de entrar num viés de baixa sem volta. Novamente a Ferrari errou feio na estratégia e Vettel terá que encarar uma corrida de recuperação amanhã.

A classificação em Suzuka viveu o suspense da chuva que poderia atrapalhar a favorita Mercedes. Os treinos livres mostraram um abismo similar ao visto nos tempos de dominação prateada no período 2014-16. A Ferrari estava impotente com o desempenho da Mercedes e num clima instável, foi justamente os italianos que vacilaram. No final do Q2 a chuva deu uma leve apertada e a Ferrari resolveu mandar seus pilotos ao Q3 com os pneus intermediários. Com a pista ainda seca! Uma aposta completa e nitidamente errada que custou tempo de pista ainda em condições de pneu slick para os pilotos da Ferrari. Quando finalmente foram para a pista com o pneu certo, Raikkonen e Vettel erraram na mesma curva, sendo que o alemão saiu da pista e o máximo que conseguiu foi uma crítica nona posição, enquanto a Mercedes comemorava mais uma dobradinha e Hamilton chegava a incrível marca de 80 poles na carreira. 

Se Vettel saiu do carro com a expressão da derrota, mas Daniel Ricciardo mostrou isso num urro, após mais um problema mecânico em seu carro no Q2, o relegando às últimas posições novamente. A frustração do australiano é mais do que válida, mas como está de saída da Red Bull, não há muito o que Daniel possa fazer. Para a Red Bull, a terceira fila da Toro Rosso com o motor Honda é um indicativo de bons ventos em 2019. Enquanto isso, a McLaren enxotou os japoneses liderados por Alonso se viu na última posição em Suzuka. E com Alonso saindo da F1 no final desse ano. Gil de Ferran foi um grandíssimo piloto, mas simplesmente esquecer de fazer o pedido correto de pneus para o final de semana em Suzuka é um claro indício de como a gestão da McLaren vai de mal a pior.

Mesmo com a chuva à espreita, o treino de classificação em Suzuka foi morno por causa do grande domínio da Mercedes e Hamilton deu outro enorme passo rumo ao título, enquanto a Ferrari espera por um milagre num circuito difícil de se ultrapassar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Figura(RUS): Max Verstappen

Num final de semana tão marcado pela parte debaixo dessa coluna, mas também por pouquíssimas coisas acontecendo durante o final de semana em Sochi, encontrar algo de bom era até complicado, mas Max Verstappen ajudou bastante na escolha ao destoar dos demais com outra bela pilotagem. O holandês completou 21 anos ontem e se auto presenteou com uma belíssima corrida de recuperação. Largando na última fila por causa das punições por troca de peças no motor Renault, Verstappen saiu com os pneus macios, os mais duros do final de semana, tentando postergar ao máximo sua parada. O que Max e a Red Bull não esperava era a facilidade com que o holandês se livrou de pilotos bem melhor 'calçados'. Verstappen não tomou conhecimento dos pilotos do pelotão intermediário e em poucas voltas apareceu na quinta posição. Quando os pilotos de Mercedes e Ferrari pararam, Verstappen assumiu a ponta e mesmo com pneus bem mais desgastados, conseguiu manter bem as duas Mercedes, só trocando pneus por força do regulamento. A título de comparação, Daniel Ricciardo com o mesmo carro e saindo uma posição à frente não foi tão espetacular. Num final de semana sem graça para a F1, Max Verstappen foi o único que nos fez sorrir.

Figurão(RUS): Mercedes

A questão 'ordens de equipe' é uma das mais sensíveis nos últimos anos da F1. A situação de equipes interferirem diretamente no resultado de corridas para melhor assentar seus interesses sempre aconteceu, principalmente com a Ferrari, que usa esse subterfúgio desde tempos idos. Não devemos nos enganar que em algum momento Lotus, McLaren, Williams ou alguma outra equipe grande também tenha mandado um piloto aliviar o ritmo para ajudar o companheiro de equipe melhor colocado no campeonato ou mesmo o mais querido pela cúpula. O diferencial é que com a tecnologia televisiva podemos ouvir o que é dito aos pilotos, nem que seja de maneira cifrada. A forma como Rubens Barrichello se comportou em 2001 e 2002 demonizou definitivamente as ordens de equipe, sendo que sempre foi algo que aconteceu não apenas na F1, como no esporte a motor como um todo. Quando uma equipe resolve escancarar sua política de primeiro e segundo piloto, ela tem que saber que as críticas virão aos montes e um dano é causado em sua imagem. Ao apertar o botão 'Tatics' e mandou Valtteri Bottas ceder sua vitória para Lewis Hamilton, Toto Wolff sabia (ou deveria saber) que dias turbulentos virão para a Mercedes. Explicações terão que ser dadas não apenas aos pilotos, mas ao público. A Mercedes ruma para o quinto título seguido, após derrotar a Ferrari em condições até mesmo adversas. Quando estava por cima, a Mercedes resolveu usar as controversas ordens de equipe. Errado? Não. Cada equipe joga de acordo com seus princípios. Desnecessário e dispensável? Sem sombra de dúvida.