domingo, 21 de outubro de 2018

Dia de Kimi

Após o penta de Marc Márquez na MotoGP nessa madrugada, era esperado que Lewis Hamilton completasse a trinca de pentacampeões nesse final de tarde em Austin, lugar onde o inglês sempre andou bem, porém, o barato das corridas, que nos faz se apaixonar por elas, é o imponderável. Com a montanha de informações com que pilotos e equipes tem a disposição hoje em dia, esse fator muitas vezes não aparece, mas basta um safety-car na hora errada para que o destino de uma corrida seja mudada e hoje foi o que aconteceu para Hamilton ficar muito perto do penta, mas provavelmente terá que esperar uma semana para garantir o feito. Raikkonen fez uma corrida soberba e provavelmente será uma de suas últimas vitórias na sua já longa carreira, enquanto seu companheiro de equipe padece de uma sequência de panes mentais que não condiz à um tetracampeão.

A corrida em Austin foi das melhores desse segundo semestre e não decidiu o campeonato por muito pouco. A Ferrari sabia que suas chances de manter suas tênues chances de títulos ainda esticadas dependia de segurar Hamilton e por isso escolheu colocar Raikkonen com pneus mais macios e ter mais aderência na largada, já que o punido Vettel largaria em quinto. O finlandês estava por dentro, mesmo que no lado sujo da pista, e saiu como um foguete rumo à primeira colocação. Maurizio Arrivabene ainda vibrava quando Sebastian Vettel fez, com o perdão da palavra, outra cagada. O alemão já pode pedir música no Fantástico. Pela terceira corrida, o alemão da Ferrari se envolveu num incidente na primeira volta e caiu para as últimas posições. Dessa vez, foi Daniel Ricciardo a 'vítima' de Vettel. O alemão já havia completado a ultrapassagem sobre a Red Bull, mas Vettel acabou cometendo um pequeno erro, o suficiente para Ricciardo ficar lado a lado na próxima curva. De forma inacreditável, Vettel teimou em decidir a parada naquele momento e o resultado foi uma rodada que o deixou nas últimas posições. Se punido a coisa já estava feia para Vettel, mais essa presepada deixou Hamilton tranquilo rumo ao pentacampeonato a ser decidido hoje. 

Contudo, como falado mais cedo, o legal das corridas é o imponderável e se Ricciardo 'atrapalhou' Vettel na primeira volta, acabou 'ajudando' o antigo companheiro de equipe quando abandonou pela enésima vez nessa temporada e o safety-car virtual veio à tona. A corrida ainda estava no começo, mas a Mercedes achou por bem trazer Hamilton para os boxes e colocar os pneus macios, os mais duros do final de semana. Pela precocidade da parada, uma segunda visita aos boxes era uma possibilidade real, mas já foi visto várias vezes surpresas nesse quesito e o fato de estar com os pneus mais duros do final de semana poderia ser um indicativo que Hamilton não pararia mais. Porém, bolhas nos pneus da Mercedes fez com que a segunda parada fosse inevitável e o inglês teve que remar tudo de novo quando parou uma vez mais do que seus adversários, caindo para quarto. Enquanto Ricciardo procurava um bar para afogar as mágoas, Verstappen fazia uma corrida sensacional, saindo das últimas posições para terceiro, após ultrapassar o poste Valtteri Bottas no que hoje chamamos de undercut, mas antigamente era a ultrapassagem nos boxes. Correndo em segundo e com pneus supermacios, Verstappen não apenas conseguiu se manter até o final da corrida, como se aproximou perigosamente de Raikkonen, com pneus macios desgastados. Porém, Hamilton, com jogo de pneus macios novos, vinha bem mais rápido. Três pilotos com situações diferentes e três equipes diferentes. O final da corrida foi emocionante, mas os três mantiveram suas posições, apesar de um ataque forte de Hamilton em cima de Verstappen na penúltima volta. Kimi Raikkonen soube se defender de Hamilton quando estava com pneus desgastados, antes de sua única parada, e soube controlar bem a pressão de dois pilotos melhores 'calçados' do que ele. O finlandês bateu alguns recordes hoje. Como sua última vitória havia sido em 2013, a diferença de cinco anos entre suas vitórias era um recordes, mas mais importante foi que Raikkonen superou Mika Hakkinen como o finlandês mais vitorioso da história da F1. Um belo presente para um piloto bastante popular.

Hamilton saiu de Austin com o título nas mãos, mas a estratégia da Mercedes, que tanto lhe ajudou nas últimas corridas, acabou lhe atrapalhando hoje, mas a Mercedes ainda tem muito crédito com Lewis e o título deverá vir mesmo no México, ainda mais com Vettel cometendo erros inacreditáveis para um piloto do seu calibre. Vettel ainda salvou um quarto lugar ao ultrapassar Valtteri 'poste' Bottas na penúltima volta, mas a forma como correu mostrou bem que ele tinha totais condições de estar na briga pela vitória. Se Hamilton tem a ajuda de Vettel, não tem ajuda de Bottas. O finlandês fez uma corrida extremamente opaca e aumenta o tamanho da injustiça de Esteban Ocon estar praticamente fora do grid em 2019. O francês tem totais condições de fazer um trabalho melhor do que o de Bottas e vai ser substituído na Force India por um piloto-pagante horroroso como Lance Stroll, chamado de amador por Fernando Alonso, colocado para fora pelo canadense na primeira volta. Na eterna briga pelo melhor do resto, ponto para a Renault, que se aproveitou da má fase da Haas em casa e colocou seus dois pilotos atrás das equipe top-3. Mesmo que um minuto atrás. Magnussen salvou a honra da Haas, que viu Grosjean bater em Leclerc na primeira volta e arruinar a corrida de ambos. Ocon superou Pérez, um bom piloto, mais uma vez, demonstrando o tamanho da injustiça dele estar fora da F1, enquanto McLaren, Williams, Toro Rosso e Sauber cumpriram com seus papeis.

Hamilton está com a mão na taça e mesmo querendo ter garantido a fatura nos Estados Unidos, país que adora, dificilmente a comemoração chegará à Interlagos, com o penta sendo comemorado no México. Podendo ter se juntado à Scott Dixon e Marc Márquez hoje, Lewis Hamilton terá que esperar um pouco mais, porque hoje foi dia de Kimi.

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