domingo, 21 de outubro de 2018

Dia de penta (I)

Quando comecei a acompanhar as corridas, os cinco títulos mundias de Fangio pareciam inatingíveis, mesmo que no Mundial de Motovelocidade já contasse com os oito títulos de Giacomo Agostini na categoria principal. Os tempos mudaram, principalmente no quesito segurança, que faz pilotos ficarem mais tempo nas pistas quebrando recordes. Na MotoGP, porém, um fenômeno chamado Marc Márquez vai fazendo história na frente de nossos olhos com apenas 25 anos de idade. O espanhol começou devastando as categorias menores do Mundial de Motovelocidade tão cedo, que chegou à MotoGP com 20 anos e logo numa moto oficial. A Honda sempre soube que tinha nas mãos um diamante puro. Em seis temporadas completas, são cinco títulos, conquistados de todas as formas possíveis. Na última etapa ou como hoje, quando garantiu o título com antecipação. 

Motegi não era um circuito para a Honda de Márquez, mas o espanhol é um piloto tão fora da caixa, que ele tirou a diferença no braço o maior equilíbrio da Ducati de Andrea Doviziozo, único piloto em condições de adiar a festa de Márquez na casa da Honda. A corrida de hoje foi outro jogo de gato e rato entre Márquez e Doviziozo, algo que se tornou bastante comum do ano passado para cá. Após uma classificação abaixo do normal, Márquez não demorou uma volta para se colocar em segundo e pressionar o pole Doviziozo. Conhecido pela frieza, Doviziozo não se intimidou com o talento de Márquez. Segurou o rojão por várias voltas, mesmo quando Márquez tinha a companhia da Honda de Cal Cruthlow e soube dar o troco quando Márquez o ultrapassava. Mesmo com uma moto mais nervosa, Márquez deu o bote na antepenúltima volta e quando todos esperavam um contra-ataque, Doviziozo caiu no final da penúltima volta, entregando o pentacampeonato da MotoGP nas habilidosas mãos de Márquez.

Falar do lugar de Márquez na história do Mundial de Motovelocidade pode parecer precoce, mas o que o espanhol vem fazendo já o colocar num patamar dos grandes da história. Com uma moto que não é a melhor do pelotão, Márquez vai tirando a diferença no braço e no seu controle absurdo. Enquanto os demais pilotos da Honda caem, Márquez vence. A Ducati tem hoje uma melhor moto, mas a Honda conta com Márquez. Olhando ao redor, o espanhol não vê ninguém se aproximando dele no quesito talento.

A Ducati terá apenas Doviziozo no próximo ano, pois Petrucci parece estar um nível abaixo, enquanto um baleado Jorge Lorenzo ainda terá que se adaptar à nervosa Honda. É duro dizer isso, mas Valentino Rossi já passou do seu apogeu e ainda tem que levar nas costas uma Yamaha problemática, destruindo a motivação do piloto que todos diziam ser o próximo rival de Márquez, o jovem Maverick Viñales. Grande decepção da temporada, Viñales tem que aprender que só velocidade não é o bastante para ser campeão. Rins é um ótimo piloto, mas a Suzuki não parece estar ao nível das melhores motos, apesar do crescimento mostrado essa temporada. Doviziozo foi o grande rival de Márquez nos últimos anos, mas é claro como uma praia no Caribe que o italiano não tem o talento do espanhol. 

No momento, não há ninguém capaz de segurar Marc Márquez. E não devemos esquecer que ele ainda tem apenas 25 anos e que ele ainda esta evoluindo muito. Sem deixar a agressividade de lado, Márquez vem sendo cada vez mais constante no campeonato, algo que o atrapalhou muito em 2015, quando foi derrotado pela Yamaha de Lorenzo. Com uma montadora gigante trabalhando para ele, um talento natural absurdo, nenhum piloto piloto ao seu nível chegando, pode-se gostar ou não dele, mas o fenômeno Marc Márquez vai fazendo história e seus números tendem só a melhorar nos próximos anos.

2 comentários:

  1. JC não sou um fã das motos,mas seu texto é tão bacana que até para mim ficou fácil entender o grande talento que o Márquez possui

    ResponderExcluir
  2. O jeito é aguardar a nova safra de talentos que está surgindo no horizonte pra ver se Marquez terá concorrência forte na próxima década.

    Dos nomes novos que estão surgindo, aposto em Francesco Bagnaia e Miguel Oliveira em um período próximo como oponentes do Marquez, colocaria Joan Mir nessa lista mas perdi um pouco a confiança no espanhol. E dos que ainda não subiram a MotoGP mas que o farão em breve, cravo Brad Binder, Marco Bezzecchi e Lorenzo Baldassarri como nomes que farão resistência a Marc Marquez.

    ResponderExcluir