domingo, 30 de setembro de 2012

25 anos de uma briga história

O Grande Prêmio da Espanha de 1987 foi amplamente dominado por Nigel Mansell, ainda com esperanças de reverter um campeonato extramente irregular, onde ou venceu, ou alguma coisa aconteceu com ele. Contudo, o lado histórica desta corrida aconteceu mais atrás. Ayrton Senna tentou algumas vezes levar seu carro até o final da corrida sem trocar os pneus, no intuito de levar seu Lotus o mais à frente possível. Em Detroit deu certo. Venceu. Em Monza, quase deu certo. Liderava até a antepenúltima volta, quando saiu da pista quando era pressionado por Piquet. Em Jerez, Senna foi chamado de freio de mão por Nelson Piquet. Vejam porque:

Sonhando


Estava assistindo a pouco o Motocross das Nações, uma competição realizada anualmente onde os melhores pilotos do mundo da modalidade se enfrentam em três baterias não para saber quem é o melhor, mas qual país tem a melhor equipe. Há um ingrediente interessante no Motocross, pois há dois campeonatos fortíssimos (Mundial e Americano) e os pilotos dos dois certames podem se enfrentar, mas cada um por seu país.

Fiquei imaginando se houvesse um campeonato desse, mas no automobilismo. Se no Motocross há a possibilidade de motos diferentes se enfrentarem ao mesmo tempo com alguma igualdade, no automobilismo isso não seria possível. Para isso, ressuscitariam os carros da finada A1GP e os quinze principais países do mundo colocariam 30 carros em cada uma das três baterias, com um piloto podendo participar de duas baterias e o país venceria quem conquistasse menos pontos, seguindo as regras do Motocross das Nações (1º ganha um ponto, 2º ganha 2 e por aí vai).

Sonhando mais um pouco, dá até para montar as equipes:
Alemanha: Sebastian Vettel, Nico Rosberg e Nico Hülkenberg
Austrália: Mark Webber, Will Power, Daniel Ricciardo
Brasil: Felipe Massa, Tony Kanaan, Luiz Razia
Espanha: Fernando Alonso, Jaime Alguersuari, Pedro de La Rosa
Estados Unidos: Ryan Hunter-Reay, Alexander Rossi, Graham Rahal
Finlândia: Kimi Raikkonen, Heikki Kovalainen, Valtteri Bottas
França: Sebastien Bourdais, Romain Grosjean, Simon Pagenaud
Grã-Bretanha: Lewis Hamilton, Jenson Button, Paul di Resta
Holanda: Giedo van der Garde, Robin Frinjs, Nigel Melker
Itália: Davide Valsecchi, Jarno Trulli, Luca Fillipi
Índia: Narain Karthikeyan, Karun Chandhok (se conhecerem um terceiro, avisem...)
Japão: Kamui Kobayashi, Takuma Sato, Yu Kanamaru
México: Sérgio Pérez, Estabán Gutierrez, Michel Jourdain Jr
Rússia: Vitaly Petrov, Mikhail Aleshin, Daniil Kvyat
Venezuela: Pastor Maldonado, Ernesto Viso, Johnny Cecotto Jr

Para vocês, qual equipe venceria esse campeonato imaginário? Independentemente do resultado, seria três corridas e tanto!

A primeira de Ninho

Semana passada, um vídeo muito engraçado apareceu na net com Augusto Farfus dando uma 'voltinha' com sua esposa numa pista de corrida. Lembrou outra cena célebre, ocorrida com Riccardo Patrese e sua esposa uns anos atrás, com a moça no banco de passageiros quase em desespero. E no desespero, a moça chamava Augusto de Ninho, o que passou a ser o apelido não apenas íntimo, como também mundial de Augusto Farfus. O que ninguém sabia, nem Farfus, que a revelação do seu apelido lhe daria uma sorte para entrar para a história do automobilismo brasileiro alguns dias depois.

Após uma temporada de adaptação difícil no DTM, num carro totalmente novo (BMW), Farfus conseguiu a proeza de logo em sua temporada de estréia conseguir vencer no DTM, se tornando o primeiro brasileiro a fazê-lo. E foi uma vitória sem sustos, largando da pole e dominando de ponta a ponta, tirando, é claro, as várias paradas que marcam o DTM atual. Porém, Farfus soube manter a calma e após uma hora e oito minutos, derrotou o pelotão da Audi que o perseguia e garantiu sua primeira vitória na categoria.

O DTM é a principal categoria de turismo do mundo e mesmo com toda a tradição brasileira nas pistas, houve poucas chances de pilotos tupiniquins no certame alemão, com carros (Mercedes, Audi e agora BMW) que mais parecem protótipos. Houve corridas esporádicas e o máximo que houve foi um segundo lugar de Max Wilson numa prova em Interlagos, quando o DTM se chamou ITCC, em 1996. No começo da carreira, Farfus era uma espécie de discípulo de Felipe Massa, sendo seu companheiro de equipe e seguindo sua trajetória, vencendo a F-Renault e a F3000 Italiana nos seguintes aos triunfos de Massa, mas ao contrário de Felipe, que logo teve uma boa proposta da F1 e está lá até hoje, Farfus se enveredou para as categorias de turismo, primeiro no WTCC, onde foi piloto da Alfa Romeo, mas rapidamente começou uma longa relação com a BMW, que o tirou do WTCC e o colocou no DTM esse ano, após uma temporada parada unicamente de testes. Mesmo há quase dez anos correndo de turismo, Farfus teve dificuldades com os carros do DTM, ainda mais com a BMW também tendo que se readaptar à categoria depois de vinte anos fora. Farfus já tinha conseguido um pódio e hoje, conseguiu a proeza de uma belíssima vitória.

Com a temporada no fim, Farfus pode começar 2013 embalado e brigando pelo título, que este ano ficará entre Gary Paffet (Mercedes) e Bruno Spengler (BMW). Porém, a motivação de Farfus agora é outra!    

Chatice espanhola

A MotoGP teve uma corrida entediante em Aragón. Isso exprime tudo, mas tudo mesmo, do que foi a corrida deste domingo na Espanha. Claro que os espanhóis não tem do reclamar, com seus compatriotas vencendo nas três categorias e uma dobradinha na corrida principal, mas o espanhol Carmelo Ezpeleta, espécia de Bernie Ecclestone da MotoGP deve estar preocupado com a chatice atual da principal categoria do Mundial de Motovelocidade.

Daniel Pedrosa largou em segundo e mesmo sendo o melhor largador da categoria, não conseguiu ultrapassar seu rival Jorge Lorenzo. Mas bastou um punhado de voltas para Dani deixar Jorge para trás e abrir 9s para o líder do campeonato e vencer a corrida. Lorenzo nem ligou muito, pois sua vantagem caiu de 38 para 33 pontos com relação a Pedrosa e com poucas corridas para o fim, o piloto da Yamaha está com a faca e o queijo bem molinho vindo da frigideira para vencer seu segundo título na MotoGP, enquanto Pedrosa faz o que pode: vencer todas as corridas possíveis. A melhor briga ficou pelo terceiro lugar entre os dois pilotos da Yamaha Tech 3, vencido pelo italiano Andrea Doviziozo, mas até nisso se vê a diferença dos três principais pilotos da MotoGP para o resto. Stoner está várias corridas de fora, mas ainda assim Doviziozo, com seus sexto pódio, ainda está atrás do australiano na Classificação do mundial.

Claro que Pedrosa e Lorenzo não tem nada a ver com isso. Eles querem mais é que tudo permaneça assim e continuem vencendo. Mas para os fãs, está ficando chato acompanhar a MotoGP.

sábado, 29 de setembro de 2012

O voo de Patrese

O Grande Prêmio de Portugal em 1992 seguia seu ritmo tranquilo e normal, com Mansell dominando como fez em praticamente todas as corridas, mas Berger e Patrese batalhavam por posição quando aconteceu o momento mais assustador daquela temporada.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Triangulações

Fazia tempo que a F1 não tinha uma dança de cadeiras tão grande e que envolvesse tantas estrelas (sejam consolidas ou em ascensão) em tão pouco tempo. Lewis Hamilton, queridinho de Ron Dennis desde a tenra idade, saiu da barra da saia da McLaren de Whitmarsh e trocou de carro prateado, passando para a Mercedes, querendo por querer se tornar uma equipe condizente com sua estrutura e orçamento. Quase que ao mesmo tempo, a McLaren trouxe o mexicano Sérgio Pérez, referência da nova geração, para um contrato multi-anos, enquanto Michael Schumacher deverá amargar uma segunda aposentadoria, sendo que desta vez compulsória. Vamos elencar a situação de alguns personagens dessa sexta-feira em que não teve F1, mas foi muito mais animada do que muitos treinos livres.

Mercedes: O time de Ross Brawn e Norbert Haug tem nas mãos uma estrutura que foi campeã três anos atrás praticamente sem orçamento, mas que só venceu uma única corrida desde então. Em tempos de crise braba, os acionistas da Mercedes devem estar se perguntando por que jorram dinheiro num investimento sem tanto retorno assim. O time precisava de uma mexida forte. E ela veio com a milionária contratação de Hamilton. Isso demonstra o quanto os alemães querem ser fortes na F1 e não medem esforços para tal e um talento do calibre de Hamilton, um dos poucos que podem fazer diferença na F1 atual, pode fazer com que a Mercedes se torne a equipe que dela se espera.

McLaren: A saída paulatina da Mercedes e o fim do contrato com a Vodafone deixa o futuro da McLaren nebuloso. O time de Martin Whitmarsh sente falta do pulso firme de Ron Dennis e a perda de Lewis Hamilton foi um golpe e tanto para a equipe inglesa. Hamilton é cria da McLaren desde os 13 anos e o inglês realmente fazia a diferença para a equipe. Button pode ser rápido e consistente, mas não o algo a mais  de Hamilton.

Lewis Hamilton: O inglês irá ganhar muito dinheiro e irá para uma estrutura que pode se tornar até mesmo mais sólida do que a McLaren num futuro próximo, mas há um risco ao britânico. Se a briga pelo título deste ano estava complicado, dificilmente Lewis o conquistará esse ano. E o campeonato de 2008 vai se tornando cada vez mais distante, ainda que ninguém duvide do que Hamilton pode fazer. Fora que a Mercedes nunca venceu um campeonato e Hamilton não se mostrou muito hábil em levar uma equipe nas costas, se o time prateado não corresponder, como não correspondeu até agora.

Sérgio Pérez: De piloto-pagante a estrela ascendente, o mexicano só precisou de uma temporada e meia, se tornando um piloto altamente prestigiado, principalmente pelo ritmo fortíssimo de corrida, além de cuidar dos pneus muito bem. Porém, Pérez agora irá 'jogar em time grande' e não terá muitos tapinhas nas costas em caso de erros, como acontecia na Sauber.

Ferrari: E o que os italianos tem a ver com o dia de hoje? Tudo. Sérgio Pérez era (pode-se usar o verbo no passado) da Academia de Pilotos da Ferrari e substituto natural de um cada vez mais claudicante Felipe Massa. Estava claro que Pérez tinha totais condições de substituir Massa em 2013, mas Montezemolo preferiu esperar mais um pouco. Só que o mexicano, não. E agora fica a pergunta: quem irá substituir Massa no final de 2013, já que fica cada vez mais claro (Massa nunca em sua vida poderá reclamar de falta de oportunidades na Ferrari!) que ele irá renovar o contrato por mais uma temporada? Não acho que Vettel aceitará se sujeitar a um time comandado por Alonso e o espanhol quer Massa por saber que pode derrotar o brasileiro quando e onde quiser. E Alonso não deve se animar muito em ter Vettel a partir de 2014! A Ferrari precisa de um piloto jovem e rápido, pensando num futuro além de 2016, quando acaba o contrato de Alonso. Tinha Pérez. Não tem mais.

Nico Rosberg: O alemão assinou ainda com a Brawn no final de 2009 e parecia ser o primeiro piloto do time com a saída de Jenson Button. Eis que surge a Mercedes e Michael Schumacher ressurge das cinzas. Rosberg fica em segundo plano, até derrotar sistematicamente o heptacampeão. Só que a confiança do time não veio em nenhum momento e mesmo com a saída de Schumacher, seu amigo Hamilton aparece com um salário milionário e status de estrela da equipe. Nico, Nico... melhor você pensar em outra equipe, pois definitivamente a Mercedes não lhe olha como futuro campeão com ela.

Sauber: O time tem como principais patrocinadores a empresa de Carlos Slim, segundo homem mais rico do mundo e que colocou Pérez no cockpit do carro do velho Peter Sauber. Para surpresa de muitos, além de pay-driver, Pérez se mostrou um ótimo piloto e superior a Kamui Kobayashi, cuja mitologia está ficando mais no folclore do que faz em pista. A ida de Pérez para a McLaren pode envolver também a saída dos valiosos patrocinadores do time suíço, que sempre precisou de grana para se manter firme e forte entre as médias. Resta a Peter Sauber apostar, se quiser manter o mexicanos, em Esteban Gutiérrez, seu terceiro piloto e também outorgado por Slim na Sauber.

Force India: Se Massa renovar mesmo contrato com a Ferrari, Paul di Resta e Nico Hülkenberg poderão ficar numa saia justa, pois eles esperavam papar uma vaga em alguma equipe grande, como Ferrari (parece que ficará com Massa), McLaren (ficou com Pérez) ou Mercedes (com Hamilton). Agora, para os dois jovens promissores pilotos, restou apenas a vaga na Force India, que dificilmente mantém a mesma dupla de pilotos por dois anos seguidos e a Ferrari está louquinha para colocar no cockpit de Vijay Mallya o francês Julien Bianchi, novo protegido de Nicolas Todt. Di Resta e Hülkenberg correm o risco de se verem à pé em 2013.

Com a contratação consumada de Hamilton, temos que parabenizar Eddie Jordan. Novamente o ex-chefe de equipe acertou na mosca quando, quase um mês atrás, cravou a transferência de Lewis para a Mercedes. Apesar de folclórico, Jordan é uma pessoa do meio e tem muitos contatos. Portanto, prestemos atenção no que o irlandês fala daqui para frente.  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Figura(CIN): Sebastian Vettel

No ano passado, Sebastian Vettel foi passageiro costumas desta parte da coluna, mas neste ano, com um campeonato muito mais equilibrado, isso não vinha acontecendo com frequencia. Depois de um jejum de dez corridas, algo que nunca havia acontecido desde que entrou na Red Bull em 2009, Sebastian Vettel voltou a ganhar na F1 e reapareceu na parte de cima desta coluna de forma merecida. Se a McLaren vinha de três vitórias consecutivas e Hamilton vinha numa onda de confiança, Vettel mostrou na pista que as coisas não seriam tão fáceis para o inglês ser o maior rival de Fernando Alonso na luta pelo título deste ano. Vettel foi o mais rápido em todos os três treinos livres e após um vacilo na classificação, onde abriu a segunda fila e tomou uma luneta de Hamilton, Vettel declarou que esperava muito mais na corrida. E assim foi. Para quem levou meio segundo de Hamilton, era esperado que Vettel não conseguisse acompanhar o piloto da McLaren, mas o alemão da Red Bull tomou o segundo lugar de Pastor Maldona e nunca ficou mais de 2s longe do favorito a corrida. Quando Hamilton ficou sem marchas ainda no primeiro terço da corrida, Vettel não se importou muito com a McLaren de Button lhe acossando e as duas entradas do safety-car que neutralizou sua vantagem para garantir a segunda vitória de 2012 e reassumir o segundo lugar no campeonato. Ainda longe de Alonso nos pontos, Vettel terá que lutar muito para conseguir o terceiro título consecutivo, mas o alemão se mostrou forte o suficiente para isso.

Figurão(CIN): Michael Schumacher

Quando inexplicavelmente Michael Schumacher perdeu o controle do seu Mercedes numa das freadas do circuito de rua de Marina Bay e voou na traseira de Jean-Eric Vergne, milhões de telespectadores em todo mundo devem ter exclamado a mesma coisa: Já está passando da hora! Desde sua volta à F1 em 2010, Schumacher está fazendo sua melhor temporada justamente em 2012, quando está andando muitas vezes à frente de Nico Rosberg em ritmo de classificação (algo que não ocorria nos outros anos...) e se está muito atrás do companheiro de equipe no campeonato, deve-se muito mais as quebras que parecem só acontecerem em sua carro, no caso da Mercedes. Porém, o erro em Cingapura beirou o bizarro e o alemão, ainda sem a confirmação se ficará na F1 em 2013 e com a Mercedes querendo Lewis Hamilton para a próxima temporada, talvez esteja na hora de Michael Schumacher colocar a viola no saco e curtir sua família, riqueza e recordes longe dos circuitos da F1.

domingo, 23 de setembro de 2012

Estrela de Vettel. E Alonso.


Fernando Alonso tem aquele negócio que tudo o que deseja, ele acaba conseguindo. Claro, com muito trabalho e competência, mas também com sua dose de sorte. Depois de levar oito décimos de Hamilton nos treinos, o espanhol falou que lutaria unicamente pelo pódio, pois não tinha chances de enfrentar a McLaren e a Red Bull de Sebastian Vettel. Ainda antes de levar tudo isso de Hamilton, o piloto da Ferrari apontou para o inglês como seu rival mais perigoso. Pois com a corrida nas mãos, Hamilton viu um enorme zero no meio do seu volante indicando a quebra do seu câmbio e a vitória acabou caindo nas mãos de Vettel, que foi o mais rápido nos treinos livres e era realmente o mais veloz com os pneus macios. E Alonso, se aproveitando de mais uma quebra do azarado Maldonado, conseguiu o que queria e diminuiu o prejuízo frente a Vettel, que provavelmente seria o único a ter chances de impedir a vitória de Hamilton.

Quando digo que Cingapura tem sua cara, foi provado hoje. A corrida estourou em uma volta o limite de duas horas de prova. Os pilotos saíam dos carros suando em bicas pelo forte calor, mesmo a prova sendo realizada à noite. E vários incidentes, principalmente no pelotão intermediário, marcaram a corrida de hoje, que trouxe, como sempre, o safety-car. Hamilton dominou a primeira parte da corrida até ter o câmbio quebrado e seu movimento de mãos era como se dissesse a si mesmo ‘Porque comigo?’, enquanto Vettel tomou o bastão de piloto dominante no país asiático e venceu com enorme facilidade, mesmo tendo que se preocupar com duas relargadas e Button algumas vezes lhe fungando no cangote. O jovem alemão venceu pela segunda corrida consecutiva em Cingapura, mas a Red Bull vem mostrando um desempenho irregular neste ano, saindo de corridas excelentes para outras medíocres, particularmente em circuitos rápidos, como o de Suzuka na próxima quinzena. Quem também se mostra irregular é Mark Webber, que após sua vitória em Silverstone se tornou o piloto burocrático do ano passado e teve que se contentar com a décima posição, atrás de Daniel Ricciardo, que marcou pontos novamente com a Toro Rosso. Do jeito que vai, Webber terá que engolir ser o escudeiro de Vettel até o final do ano, pois o alemão ainda não tem situação fácil no campeonato.

Alonso fez uma corrida discreta e se aproveitando de problemas mecânicos de pilotos que vinham à sua frente (Hamilton e Maldonado), conseguiu seu objetivo no final de semana: o pódio. E quase que o espanhol ainda conseguia algo mais quando na primeira relargada, Button quase encheu a traseira de Vettel. A McLaren tem o melhor carro, mas a agressividade de Hamilton está tirando mais do carro do que a delicadeza de Button, que muitas vezes de aproximou de Vettel, mas faltou o instinto assassino, como diria Damon Hill em referência à Ayrton Senna, para atacar o alemão. E este instinto sobra para Hamilton, mas o inglês não teve nada o que fazer e a McLaren poderá perde-lo, pois Hamilton parece cansado de sempre morrer na praia com a McLaren e os Euros da Mercedes, fora a perspectiva de melhoria da equipe, lhe parecem agradar bastante. Felipe Massa teve um início de corrida altamente negativo e até a entrada do safety-car, o brasileiro parecia ter um dia daquelas, mas ajudado pela entrada do Mercedes pilotado por Bernd Maylander, Massa protagonizou a manobra da corrida ao ultrapassar Bruno Senna com o carro totalmente desequilibrado, na parte mais estreita da pista. Massa ainda teve tempo de passar Ricciardo e encostrar em Grosjean, mas teve que se conformar com a oitava posição. Contudo, por tudo o que aconteceu com o brasileiro no começo da prova, estes pontos podem ser comemorados, mesmo não ajudando Alonso, que hoje é o principal objetivo de Massa.

Quem irá comemorar hoje é Paul di Resta, que conseguiu um ótimo quarto lugar em sua melhor posição na F1 e o que foi melhor, com méritos próprios e sem atacado pelo quinto colocado Nico Rosberg, quando na verdade, o escocês estava mais próximo de se aproximar de Alonso. Já Hulkenberg tentou uma estratégia diferente e acabou se dando mal pela sequencia de safety-car e um toque em Kobayashi, que furou seu pneu já no final da prova, mas lhe garantiu, com pneus supermacios, a melhor volta da corrida. Rosberg fez uma prova anônima, mas garantiu bons pontos para si e para a Mercedes com o quinto lugar, ao contrário de Schumacher, que cometeu um erro grosseiro no mesmo em que também encheu a traseira de Petrov. Em 2012, a vez foi de Jean-Eric Vergne. Schumacher até recuperava aos poucos sua reputação com boas atuações, mas esse erro em Cingapura poderá trazer novas críticas e a pergunta: Não está passando da hora de se aposentar? Pérez não conseguiu o milagre da multiplicação de voltas com um mesmo set de pneus e não marcou pontos, enquanto Kobayashi errava no final e fazia Peter Sauber reclamar de outro bico quebrado. Koba é agressivo, mas de mitológico, sinceramente, não tem nada e digo isso faz tempo.

A Williams foi a grande perdedora do dia. Maldonado fez uma largada limpa e tranquila, mesmo perdendo duas posições para Vettel e Button. Tudo o que o venezuelano não precisava era um acidente com os líderes do campeonato. Depois, Pastor fez uma corrida limpa, andando no ritmo dos líderes da prova e sem ser muito pressionado por Alonso, mas um problema hidráulico o fez perder rendimento, foi atacado fortemente pela Ferrari de Alonso e a Williams, como é tradicional, errou na estratégia antes do venezuelano abandonar. Uma lástima. Assim como para Bruno Senna, que largou em 22º após uma punição, mas fez uma baita corrida de recuperação até abandonar nas voltas finais, quando tentava se manter na zona de pontuação. Mesmo num circuito de alto downforce, onde era seu forte, a Lotus não foi nada bem em Cingapura e dificilmente ganhará uma corrida em 2012, mesmo com os vários pódios que o sexto colocado Kimi Raikkonen conseguiu ao longo do ano. Voltando de sua suspensão, Romain Grosjean andou mais rápido do que o finlandês nos treinos, mas recebeu a famosa ‘Kimi is faster than you’ e cedeu sua posição à Kimi. A Marussia ficou bem próximo de marcar um pontinho com Glock finalizando a prova em 13º, mas os abandonos acabaram por ali, enquanto Karthikeyan trouxe o primeiro safety-car e a Caterham, após sonhar em se aproximar do pelotão intermediário, agora está mais próximo da Marussia.

Não foi uma corrida dos sonhos de todos e foi até cansativa de ver, com poucos bons momentos, mas que pode trazer a Red Bull de volta à briga pelo título com outra boa exibição de Vettel. Hamilton terá que lutar muito nas seis provas que restam para enfrentar um Alonso que parece conseguir tudo o que quer. Quem sabe, até o tricampeonato.

sábado, 22 de setembro de 2012

Calor inglês

Lewis Hamilton está no meio de uma difícil renovação de contrato com a McLaren, que está em ótima fase, mas sua fleuma não permite confessar que a recessão econômica mundial lhe atingiu em cheio. Criado dentro da equipe desde sua tenra idade, Hamilton vem fazendo ótimas apresentações nas últimas provas e na calorenta Cingapura, o inglês conseguiu mais uma pole em sua carreira e esquenta ainda mais a disputa pelo título, já que Alonso ficou num distante quinto lugar, com Vettel no meio.

Com a ótima fase de Hamilton e da McLaren nas últimas corridas, a pole do inglês não foi tão surpreendente, mas quem vinha dominando os treinos livres era Sebastian Vettel e seu capacete mais enfeitado que penteadeira de quenga. Porém, o alemão não foi páreo para o inglês no momento chave da Classificação, no Q3. Com os pneus supermacios, Hamilton foi incrivelmente rápido, superando algumas vezes em até 1s seu companheiro de equipe Button. Um top-3 com Hamilton-Vettel-Button era o esperado, mas Maldonado veio e estragou tudo ao colocar sua Williams num incrível segundo lugar. Sem punições e com a cabeça no lugar, Maldonado mostrou uma velocidade impressionante, deixando Bruno Senna com cara de tacho, pois dois acidentes lhe deixaram numa obscura 17º posição. Situação parecida com a de Massa, que tomou oito décimos de Alonso, ficando longe de ajudá-lo na briga pelo título que, com a não muito boa atuação da Ferrari, mais o crescimento da McLaren, tende a se tornar encarniçada nas últimas etapas do mundial.

Uma coisa que eu gosto da corrida na Cingapura é que ela tem uma cara. Uma pista misturando retas largas com curvas muito estreitas, o circuito de rua asiático tem suas características próprias: muito longa, difícil e muito quente, além, lógico, de ser à noite. Hamilton já venceu uma vez e ainda terá o nada confiável Maldonado ao seu lado. Porém, com Alonso um pouco mais atrás, o inglês da McLaren tem uma chance incrível de entrar de vez na briga pelo campeonato desse ano.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1997

Dez anos após o conturbado Grande Prêmio da Áustria de 1987, o país da Europa Central voltava a receber uma corrida de F1 no reformado (e criticado) circuito de Zeltweg. No final dos anos 80, a F1 saiu da Áustria por causa da velocidade excessiva dos carros no velocíssimo autódromo e em 1995 a empresa de telefonia celular A1 reformou toda a pista e a grande polêmica foi exatamente aí. O tradicional e amado Österreichring, com suas famosas curvas longas e rápidas, foi totalmente destruído para uma circuito banal, ainda com muitas retas, mas curvas como a Jochen Rindt Kurve deu lugar a curvas travadas e de segunda marcha. Hakkinen e Irvine criticaram ferozmente a atitude.

De cara, os pneus Bridgestone se comportaram muito bem no compacto circuito austríaco e cenas inusitadas foram vistas, como Pedro Paulo Diniz, com um Arrows, ficando com a primeira posição em um treino livre. Num treino classificatório muito emocionante, Jacques Villeneuve voltou à pole ao superar por menos de um décimo Mika Hakkinen. Corroborando com a boa forma da Bridgestone, Jarno Trulli levou a equipe Prost ao terceiro lugar com o carro reserva acertado para seu companheiro de equipe, já que o italiano teve o motor do seu bólido titular estourado. A Stewart colocou seus dois carros entre os dez primeiros, enquanto a Ferrari sofria com seus dois carros largando no rodapé do top-10.

Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:10.304
2) Hakkinen (McLaren) - 1:10.398
3) Trulli (Prost) - 1:10.511
4) Frentzen (Williams) - 1:10.670
5) Barrichello (Stewart) - 1:10.700
6) Magnussen (Stewart) - 1:10.893
7) Hill (Arrows) - 1:11.025
8) Irvine (Ferrari) - 1:11.051
9) M.Schumacher (Ferrari) - 1:11.056
10) Coulthard (McLaren) - 1:11.076

O dia 21 de setembro de 1997 estava ensolarado e os austríacos lotaram o renovado Österreichring para assistir novamente a uma corrida de F1 e torcer para seu piloto local, Gerhard Berger. Porém, o austríaco, que lutou como nunca para a volta de sua corrida caseira, decepcionou tremendamente desde antes da largada, quando um pequeno problema o fez largar do box e evitar o vexame, talvez maior, de largar à frente apenas dos Tyrrells e Minardis. Villeneuve largou mal ao deixar seus pneus patinarem, permitindo que Hakkinen e Trulli ficassem à sua frente ainda na primeira curva. Para piorar as coisas para o canadense, Rubens Barrichello partiu para cima ainda na primeira volta e deixou Villeneuve apenas em quarto. Os pneus Goodyear estavam tendo dificuldades de aquecimento e o piloto da Williams era a principal vítima.

Porém, quem liderava era um piloto com pneu Goodyear e Mika Hakkinen, não sofrendo com problemas de pneus e pressionado pela vitória na corrida anterior do seu companheiro de equipe, se preparava para completar a primeira volta quando algo claramente quebrou em seu McLaren e o finlandês, numa cena de dar dó, parou seu carro na sombra das grandes arquibancadas da reta principal. Com isso, Jarno Trulli liderava pela primeira vez em sua carreira com seu humilde Prost, que tinha a primeira grande alegria desde a ótima fase de Olivier Panis na primeira metade do ano. Todos esperavam o comportamento do jovem italiano, apenas em sua 14º corrida de F1, e Trulli se comportou tremendamente, completando volta mais rápida em cima de volta mais rápida, abrindo uma ótima vantagem para Barrichello. Quando seus pneus atingiram a temperatura ideal, Villeneuve aumentou seu ritmo e passou a atacar o brasileiro da Stewart, mas o canadense só efetuou a ultrapassagem na volta 15 e imediatamente superou a melhor volta de Trulli. E se aproximava do italiano, descontando a respeitável vantagem de 10.8s de Trulli.

Na volta 38, um momento assustador aconteceu quando Irvine tentou uma ultrapassagem para lá de otimista em cima de Alesi e o francês quase capotou, com o pneu da Benetton passando perto de atingir o capacete de Irvine. Nesse exato instante, Michael Schumacher ultrapassava Frentzen quando um mar de bandeiras amarelas eram mostradas. O alemão da Ferrari, que tentativa descontar o prejuízo da má performance da Ferrari em Zeltweg, levaria uma punição mais tarde. Quando Trulli fez sua primeira parada, o italiano tinha 7s de vantagem sobre Villeneuve, mas o canadense vinha voando em Zeltweg e oito voltas depois, quando fez seu pit-stop, liderava confortavelmente à frente de Trulli. O piloto da Prost não parecia ter condições de atacar Villeneuve, que permanecia andando muito forte e o pódio já estava bom demais para Trulli, quando o motor Mugen Honda estourou na volta 58. Foi outra cena penosa para quem assistia a ótima exibição de Trulli, que lhe garantiu uma passagem longe (até demais...) na F1.

Após a segunda parada, Villeneuve passou a ter problemas com seus pneus e era alcançado por David Coulthard, em ótima corrida de recuperação e animado pela boa vitória em Monza. O duo da Stewart também teve problemas e após uma visão pouco usual de equipes como Prost e Stewart brigando pela vitória, quem lutava pelo triunfo eram as gigantes Williams e McLaren. Tentando ajudar seu companheiro de equipe, Frentzen também se aproximava de Coulthard. No final, os três primeiros receberam a bandeirada separados por 4s e Villeneuve voltava a vencer depois de um meio de temporada ruim e para ajuda-lo, Schumacher só marcou um pouco, mas com muita luta. Após receber sua punição, Schumacher voltou agressivo à pista e fez Barrichello errar e sair da pista, enquanto ultrapassava espetacularmente seu antigo rival Damon Hill na última volta. O campeonato abria novamente, mas 1997 ficou marcado por surpresas como a de Trulli.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Coulthard
3) Frentzen
4) Fisichella
5) R.Schumacher
6) M.Schumacher 

domingo, 16 de setembro de 2012

A estrela de Jorge


Jorge Lorenzo utiliza uma grande estrela amarela no seu capacete negro e ela brilhou forte em Misano. Não apenas a vitória, mas a queda de Daniel Pedrosa fez com que o espanhol da Yamaha esteja com uma mão no título da MotoGP deste ano. Hoje, tudo conspirou a favor de Lorenzo e contra Pedrosa, que ficou zerado em pontos pela primeira vez no ano e viu sua desvantagem, que vinha caindo nas últimas provas, subir de 13 para confortáveis 38 pontos e com Lorenzo tendo uma regularidade impressionante, Pedrosa deve se conformar com mais um vice na carreira.

A corrida no perigoso circuito de Misano começou de forma muito esquisita. O péssimo Karel Abraham não conseguia fazer sua moto pegar no grid e a prova chegou a ser interrompida. O problema foi que o pole (por 0.018s) Daniel Pedrosa parecia ter as mesmas dificuldades, a ponto de Suhei Nakamoto, o chefão da Repsol Honda, mandar colocarem a moto reserva na porta do Box, para qualquer eventualidade. Por um motivo que ninguém entendeu muito bem, Pedrosa saiu da pole para último (enquanto Abraham ficou parado mais uma vez e teve sua moto levada para o Box) e ainda na primeira volta, acabou sendo atropelado pelo compatriota Hector Barberá. Ao contrário do que se falou na transmissão, Pedrosa não foi afobado, tanto que foi atingido por trás, mas o zero ponto em Misano não mudará a situação de Dani, que vê o título cada vez mais longe.

Sem o único piloto que poderia ameaçá-lo em Misano, Jorge Lorenzo deu um passeio. Claramente andando abaixo do seu limite, o piloto da Yamaha venceu depois de muito tempo e seu título está mais do que encaminhado. Com tantos abandonos, sobrou homenagens simbólicas a Marco Simoncelli, agora nome do circuito de Misano. Seu melhor amigo, Valentino Rossi, conseguiu uma largada espetacular e pulou para segundo. Todos esperavam que o italiano da Ducati perdesse a posição, principalmente com a Honda melhor acertada de Stefan Bradl colado desde o começo da corrida. A falta de ambição de Bradl, mais a maestria e garra de Rossi fizeram com que o italiano abrisse uma confortável diferença e conseguisse o melhor resultado da Ducati nos últimos tempos. Em terceiro chegou Álvaro Bautista após uma disputa sensacional com Andrea Doviziozo na última volta, com o espanhol conseguindo superar Dovi por meros três milésimos de segundo. Detalhe: Bautista utilizou neste domingo a moto que era de Simoncelli ano passado.

Como fez em Misano, agora Lorenzo poderá passear no restante do ano, já que Pedrosa, frágil não apenas fisicamente como também psicologicamente, deverá sentir esse baque justamente no seu melhor momento na MotoGP. Lorenzo deverá receber Rossi em 2013 com seu segundo título na MotoGP e cada vez melhor.

Laranja poderosa


Quando a Seleção Holandesa de futebol começa uma Copa do Mundo, ela sempre é favorita. Suas estrelas jogam nas equipes de ponta do futebol mundial e seu jogo bonito normalmente faz com que os holandeses cheguem fortes na Copa do Mundo. Mas sempre acontece algo e os homens de laranja acabam fracassando no final. Esse enredo todo tem muito a ver com Will Power. Para mim, o piloto da Penske é melhor da Indy, talvez o único com chance de fazer bonito na F1, mas sua falta de aptidão em circuitos ovais vem destruindo campeonatos em que Power é sempre o mais rápido, com várias poles e vitórias, mas o piloto da Penske acaba se dando mal no final. Em Fontana, com 17 pontos de vantagem antes da largada, mais uma vez Power sucumbiu por uma afobação ainda no primeiro terço de uma corrida de 500 Milhas e pela terceira vez consecutiva, Power tem que se conformar com o vice. Assim como a Holanda.

Desde o começo da década passada correndo em alto nível nos monopostos americanos, Ryan Hunter-Reay era típico piloto em que todos queriam ver numa equipe de ponta, ao contrário do que sempre aconteceu com ele ao longo de sua já longa carreira. Dá para afirmar que Hunter-Reay não tinha feito nada demais até o ano passado e que não era favorito para este ano, mas uma arrancada espetacular no meio da temporada o fez conquistar três vitórias consecutivas em três tipos de pistas. Esse foi o diferencial do piloto da Andretti, que volta a comemorar um título depois de longa seca. Hunter-Reay andou bem em circuitos ovais longos, ovais curtos, circuitos mistos e circuitos de rua, enquanto Power só andava bem única e exclusivamente em circuitos com curvas para direita e para a esquerda.

Porém, o título de Hunter-Reay não veio sem drama. Mesmo com Power fora da corrida, Hunter-Reay teria que ficar no top-5 e no fim da corrida isso parecia improvável, pois o americano não tinha ritmo suficiente para alcançar o pelotão da frente formado por Ed Carpenter (o vencedor), Franchitti, Sato, Dixon e Tagliani. Correndo em sexto, Hunter-Reay perderia o título por um ponto. A quebra de Tagliani foi provicencial para Hunter-Reay e ele ainda conseguiu um quarto lugar na bandeirada que lhe deu o primeiro título da Indy e quebrando outro jejum, desta vez de americanos sem título desde 2006 com Sam Hornish Jr.

A primeira temporada dos novos carros foi tão empolgante quanto com o novo carro, só que bem mais segura, graças a saída de ovais-Nascar e da própria precaução dos pilotos. A decantada estréia de Rubens Barrichello ficou abaixo das expectativas, com o brasileiro ainda tendo devaneios com uma volta à F1 e se esquecendo de se concentrar na categoria que o abrigou de braços abertos. O talento de Barrichello ainda o fez conseguir bons resultados nas últimas provas em mistos e talvez em pouco mais de foco, além de uma equipe melhor, podem fazer Rubens melhorar. Hélio Castroneves chegou a estar na briga pelo título até a penúltima prova, mas sua conhecida inconsistência o fez se conformar em ajudar Power na final em Fontana, já que o barsileiro, ao contrário do companheiro de equipe, anda bem em ovais. É incrível um piloto nunca ter conquistado um título na Indy permanecer tanto tempo numa equipe como a Penske. Por isso que sempre digo que Helio Castroneves é um dos pilotos mais abençoados da história do automobilismo americano. Mesmo estando na mesma equipe de Barrichello, Tony Kanaan se superou e conseguiu resultados pouco condizentes com o carro ruim que tinha, conseguindo alguns pódios, mas seus problemas nos treinos afastaram possíveis vitórias. Neste ano, a Ganassi teve Scott Dixon como seu representante na luta pelo título, já que Franchitti fez um péssimo campeonato, mas o escocês não tem do que reclamar, já que venceu as outras 500 Milhas, as que importam, em Indianápolis. E pela terceira vez!

E a Indy encerra seu campeonato ainda na metade de setembro coroando Ryan Hunter-Reay. O norte-americano não é nenhum virtuose, mas soube utilizar o bom equipamento da Andretti e superou Will Power no ponto fraco do australiano: os ovais. Resta saber como se comportará Power com o terceiro vice consecutivo e pelo mesmo motivo. Também vamos ver como será a tratada a Indy aqui no Brasil. O destaque foi menor do que em outros anos e o exemplo aconteceu hoje pela manhã, na reprise da corrida no Bandsports. Como a corrida foi muito tarde e cheguei de uma viagem de oito horas muito cansado, deixei para ver a prova hoje pela manhã. Na penúltima bandeira amarela, decisiva, quando faltavam 15 voltas, a reprise foi cortada para passar, menos mal, a corrida da World Series. Bem emblemático... 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Que pena

É com grande pesar que soube neste começo de noite aqui em Itaúna, onde estou em um treinamento e por isso estou meio fora do blog, da morte de Sid Watkins. Passei a admira-lo quando adquiri o seu livro "Vivendo no Limite" em 1999. Foi o meu primeiro sobre automobilismo e li e reli várias vezes. O primeiro capítulo, em que Watkins lembra do final de semana em Ímola em 1994, foi tocante, pois ele contou todo o drama daquele final de semana em detalhes, mas sem ser piegas e mostrando toda a tensão daqueles três dias. Fiquei abismado quando ele falou para Senna desistir da F1, chorando em seu ombro. Porém, sua contribuição para a F1 foi enorme e se Senna foi a última fatalidade na F1, isso se deve muito a luta de Watkins por mais segurança dos carros, macacões e capacetes, além de ter padronizado todos os procedimentos para atendimento aos pilotos. Desde 2005 fora da F1, aposentado, Watkins esteve em Silverstone no último GP da Inglaterra. Foi sua despedida do seu local de trabalho, onde foi muito respeitado e que ajudou muito. Uma pena...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

40 anos de Emerson

Hoje é uma data para lá de especial para o decadente automobilismo brasileiro e como recordar é viver, vamos para Monza naquele 10 de setembro de 1972 com vitória de Emerson Fittipaldi em imagens raras.


Figura(ITA): Sérgio Pérez

O mundo dá muitas voltas e Pérez provou isso em Monza, casa do seu algoz no começo do ano. Em Sepang, o mexicano estava próximo de Alonso com um carro bem mais rápido do que a Ferrari de Alonso, mas um erro após uma chamada de rádio de sua equipe fez com que Pérez tivesse que se conformar com a segunda posição, mas alça-lo como estrela ascendente da F1 neste 2012. Seis meses depois, Pérez efetua uma estratégia diferente dos demais em Monza, mas de tão simples e genial, que deve ter feito muito estrategista arranca os cabelos. Como a maioria dos pilotos iriam para a uma única parada, Pérez inverteu a ordem ao largar com os pneus duros, deixando os médios para o segundo stint. Mesmo andando 40% da prova com os pneus dito moles, Pérez usaria a fama da Sauber de não consumir muito pneus e do tanque mais seco para ser o piloto mais rápido da pista e efetuar uma excepcional corrida no fim. Mas primeiro Pérez teria que se defender dos demais pilotos que largariam ao seu lado, apenas em 12º, com pneus mais aderentes que o seu. Sérgio foi discreto no começo, mas com os pilotos parando e seu rendimento aumentando, o mexicano se viu na liderança até parar nos boxes para sua única parada. Com pneus médios, Pérez se transformou no piloto mais rápido da pista e voou para cima dos seus adversários, inclusive as duas Ferraris de Massa e de Alonso, seu algoz na Malásia. Pérez não tomou conhecimento dos carros caseiros e de alguma forma se vingou de Alonso ao tirar pontos preciosos do espanhol no campeonato. O terceiro pódio na temporada de Sérgio Pérez prova que o mexicano está se confirmando como um das grandes esperanças não apenas para o automobilismo mexicano, mas também do automobilismo mundial para se tornar um dos grandes do futuro. Próximo!

Figurão(ITA): Red Bull

Correndo fora de casa (Monza é território Ferrari), tudo que a Red Bull queria era fazer com que os tifosi saíssem tristes do tradicional Autodromo Nazionale di Monza com Sebastian Vettel cada vez mais perto de Fernando Alonso, quiçá, à frente do espanhol. Pois aconteceu justamente o contrário. Desde a sexta-feira tinha ficado claro que o time energético estava tendo sérios problemas com o acerto nas enormes retas de Monza e Vettel teve que fazer tripas, coração para conseguir um suado lugar no Q3. O decadente Mark Webber, em queda livre desde sua vitória em Silverstone, ficou novamente pelo Q2, mas o australiano confiava novamente no bom acerto de corrida da Red Bull. Porém, a cantada melhora de ritmo da Red Bull na corrida não se mostrou tão forte como em outras oportunidades e seus dois carros estiveram longe de brigar até mesmo pelo pódio, com Vettel ainda se metendo numa confusão com Alonso, que lhe rendeu um merecido (mas não polêmico) drive-through, que o fez brigar com o deprimido Webber, mas para infelicidade da trupe de Christian Horner, nenhum rubro-taurino veria a bandeirada, com Vettel voltando a ter problemas no alternador, enquanto Webber abandonaria a duas voltas do fim após rodar devido ao desgaste dos pneus traseiros. Zero ponto após mais 30 corridas fazem de 2012 um ano bem diferente para Red Bull em comparação aos dourados anos anteriores. Mesmo saindo das pistas de baixo downforce, a Red Bull terá pouco tempo para tirar Vettel e Webber da 4º e 5º posições do Mundial de Pilotos e leva-los a brigar novamente pelo título com Alonso.

domingo, 9 de setembro de 2012

Dupla vitoriosa


Lewis Hamilton venceu confortavelmente hoje em Monza, se aproveitando da ótima performance da McLaren em Monza, mesmo que a equipe tenha amargado o abandono do então segundo colocado Jenson Button. Porém, o grande vencedor na Itália foi Fernando Alonso, que pulou de décimo no grid para o pódio em terceiro lugar com outra corrida magnífica, mas ainda em menor escala em comparação a Sérgio Pérez, que ganhou dez posições e conquistou seu terceiro pódio na temporada na frente dos seus pretensos futuros torcedores.

A corrida foi muito equilibrada, com exceção de Hamilton, que dominou a corrida de ponta a ponta e com os resultados de outros pilotos, subiu para segundo no campeonato, mas Fernando Alonso viu sua vantagem para o vice-líder subir de 24 para 34 pontos, com o abandono da dupla da Red Bull. O ferrarista foi o grande vencedor deste final de semana complicado, onde teve duas quebras na sexta-feira e um treino classificatório turbulento, o deixando apenas em décimo. Alonso contou com a ajuda de Massa, que teve problemas de desgaste de pneus e perdeu muito rendimento no final e acabou tendo que ceder sua posição para Alonso.

Os pneus também foram chave para Pérez, que largou com pneus duros, esticou ao máximo sua única parada e quando colocou os pneus médios, voou na pista, superando Raikkonen e as duas Ferraris. E se tivesse mais um pouquinho de tempo, alcançaria Hamilton, no qual era mais rápido. Pérez está merecendo mais do que demais uma vaga em equipe grande, pois seu bom trato com os pneus, além da velocidade, estão mais do que provadas. A Red Bull foi a grande derrotada do dia com um abandono duplo, mas Vettel e Webber estiveram longe de brigar até mesmo pelo pódio, fazendo com que o tricampeonato fique dificílimo para o time austríaco, que perdeu o terceiro lugar para Raikkonen que, seu carro não rendendo bem nas retas italianas, fez uma corrida para marcar pontos. Se Massa não parecia muito satisfeito ao final da prova, Bruno Senna conseguiu ultrapassar Ricciardo na última volta para marcar um pontinho e tinha mais do que comemorar.

O campeonato sai da Europa com a sensação de que Alonso tem a sorte de campeão e mesmo Hamilton, que deverá ter ajuda de Button no restante do campeonato, vindo muito forte, o espanhol ruma ao terceiro título. 

sábado, 8 de setembro de 2012

Dobradinha prateada

A McLaren vem confirmando sua ascensão na temporada 2012 com uma primeira fila para o grid de largada do Grande Prêmio da Itália deste ano, sendo que desta vez o chateado Lewis Hamilton superando Jenson Button por uma margem mínima. Com o contrato a renovar e entrando em rota de colisão com seu time, Hamilton mostrou seu talento com uma pole de certa forma tranquila, conseguida com uma volta em sua penúltima tentativa, enquanto Button desalojou a novidade de hoje da primeira fila em sua tentativa derradeira.

Se Fernando Alonso errou (sinceramente eu não vi um erro tamanho para deixa-lo 1.6s atrás das McLarens), Felipe Massa conseguiu sua melhor sessão classificatória de 2012 e com dois décimos de deficit, abrirá a segunda fila de amanhã ao lado de Michael Schumacher, já que a outra surpresa do dia, Paul di Resta, perderá cinco posições e sairá apenas em nono. Massa necessita de forma urgente e imediata de bons resultados e uma corrida boa em Monza é tudo que ele mais deseja para renovar seu contrato com a Ferrari, ainda mais com Alonso apenas na décima posição. Di Resta, que procura um lugar em uma equipe melhor na próxima temporada, se aproveitou do problema do seu companheiro de equipe ainda no Q1, e passou Hulkenberg na hierarquia da Force India com um ótimo treino onde chegou a ficar em segundo lugar, mas foi superado no fim por Button e Massa.

Com enormes retas, a Mercedes saiu do seu marasmo e colocou seus dois carros confortavelmente entre os dez mais rápidos, só que Nico Rosberg parece muito desmotivado nesse terço final de campeonato, com Schumacher o superando facilmente mais uma vez. Num circuito de baixíssimo downforce, Red Bull e Lotus não foram bem, com Vettel ainda tirando um sexto lugar a fórceps, enquanto Webber nem pro Q3 foi, com Raikkonen tendo que se conformar com um oitavo lugar, bem à frente de D'Ambrosio, que, sem ritmo, pouco pôde mostrar.

Vindo de duas vitórias consecutivas e domínio nos treinos em Monza, a McLaren é a favorita para amanhã. Com Alonso largando surpreendentemente no meio do pelotão, Vettel, mesmo com seu Red Bull não rendendo bem em Monza, pode tirar pontos importantes no campeonato. Assim, como Button e Hamilton. Massa terá que fazer bem papel de escudeiro na Ferrari para evitar um enorme prejuízo para Alonso amanhã!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Valeu Alex!


Foi o acidente mais horrendo que vi ao vivo. Matei aula na faculdade para assistir aos treinos do GP da Itália de 2001 e ainda assistir a corrida da Indy na Alemanha. Como sempre, assistia a corrida deitado no chão e quando Zanardi rodou e foi abalroado por Tagliani, dei um pulo e meu sangue esfriou. Foi um acidente marcante, ainda rescaldo do 11 de Setembro. Passei o dia na internet, procurando por notícias e lá pelas quatro da tarde soube que Zanardi tinha perdido as pernas.

Eu admirava o italiano pelos seus dois anos históricos da Indy. Torci muito pelo sucesso dele na F1 em 1999, mas Zanardi fracassou. Zanardi e F1 não se davam muito bem, pois foram seus únicos fracassos na vida. Zanardi foi pro WTCC e venceu uma corrida, além do Italiano de Superturismo pela equipe BMW. Tudo isso sem as pernas e em carros adaptados. Partiu para os esportes paraolímpicos, correndo numa bicicleta de mão. Ganhou provas e hoje, chegou ao cume com a medalha de ouro nas paraolimpíadas de Londres. Não por coincidência, no autódromo de Brands Hatch.

Um momento de arrepiar deste guerreiro italiano, que nunca perdeu o bom humor com sua situação. Não faltam exemplos de superação nessa Paraolimpíada, mas a trajetória de Zanardi, mais seu enorme carisma, faz dele o personagem principal não dessa Paraolímpiada, mas do esporte mundial.

Valeu Alex!

Rubens e Adriano


No mesmo dia em que Adriano faltava a mais um treino e deixava seu contrato de risco por um fio com o Flamengo, Rubens Barrichello escrevia isso em seu twitter: Todo mundo perguntando se, caso a Renault me chamasse para correr em Monza, se eu iria. A resposta é sim, claro.

Rubens e Adriano foram atletas de ponta na metade da década passada em seus respectivos esportes, mas não foram os campeões que todos esperavam por variados motivos. Adriano foi irresponsável com sua carreira, deixando a marca da indisciplina e da polêmica. Já Barrichello não é irresponsável ou indisciplinado, mas as polêmicas em que mete não tem nada com o que faz nas pistas. Mas fora delas. E é aí onde Adriano e Rubens Barrichello estão ligados.

Essa recente declaração do piloto brasileiro, praticamente suplicando por uma corridinha na F1, é patético e faz com que Barrichello seja lembrado por ser uma pessoa recalcada e infeliz, apesar de dizer sempre o contrário. Barrichello sempre foi um piloto correto dentro da pista, assim como Adriano dentro dos campos, mas suas polêmicas ocorrem fora da pista, quando abre a boca. Agora ficam as indagações que não querem calar:

- O que Barrichello esperava fazer em uma única corrida em sua doentia perseguição por outra chance na F1? Assombrar a todos e conseguir um contrato?

- Reparem que o desespero é tão grande, que Rubens chamou a Lotus de Renault. Cadê o comprometimento com a pretensa nova equipe?

- Será que, com 40 anos de idade e 19 temporadas na F1, Barrichello ainda sonha com o título da categoria? Se for...

- Se você fosse Chip Ganassi, com que Rubens negocia um melhor carro na Indy em 2013, você contrataria um piloto que menospreza a categoria (carros, pilotos e pistas) e ainda pensa na F1?

- E no caso de Jimmy Vasser, que abriu as portas de sua equipe ao brasileiro, e só vê críticas ao seu equipamento, o que ele deve pensar de Rubens Barrichello?

Assim como Adriano, Rubens Barrichello precisa de um psicólogo...   

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Figura(BEL): Nico Hülkenberg

Assim como aconteceu em sua primeira temporada da F1 dois anos atrás, Hülkenberg vem evoluindo a olhos vistos na segunda parte do campeonato e isso culminou com a ótima corrida do alemão da Force India em Spa. Após um treino discreto, onde foi limitado pelo carro que tem, Hülkenberg se aproveitou da 'proeza' do personagem retratado abaixo e subiu várias posições na corrida. Com a relargada, Hulk permaneceu solidamente em quarto e andava no mesmo ritmo de pilotos muito melhor equipados do que ele, como Raikkonen (Lotus), Schumacher (Mercedes) e Webber (Red Bull). Imprimindo um ritmo forte para fazer duas paradas, Hülkenberg chegou num ótimo quarto lugar e comemorou sua melhor posição na F1 da mesma forma de um vencedor, enquanto sua equipe lhe aplaudia. Algo bem diferente do seu badalado companheiro de equipe Paul di Resta, que estava logo atrás do alemão na relargada e ficou para trás. Nico Hülkenberg é mais um alemão a se destacar na F1 e com exibições como a de ontem, poderá rapidamente almejar lugares melhores na F1. 

Figurão(BEL): Romain Grosjean

Dificilmente, desde que este blog está no ar, foi tão fácil escolher o personagem festa coluna que sempre é feita na segunda-feira posterior aos Grandes Prêmios. Um piloto ser suspenso por uma corrida por uma única presepada é algo tão raro que nem há muito o que falar para 'agraciar' Romain Grosjean com a parte de baixo desta coluna. O francês da Lotus é rápido, veloz e tem gana de vencedor, mas sua afobação destruiu várias corridas em sua primeira temporada completa na F1, só que em Spa ele não apenas destruiu a sua corrida, como a de outros quatro pilotos que fatalmente brigariam pela vitória e, o que é pior, mexeu na dinâmica do campeonato, pois em seu strike levou consigo o líder do campeonato Fernando Alonso e o sempre postulante. Contudo, pior do que acabar com a corrida de vários pilotos, foi que isso quase custou caro. Grosjean passou a centímetros da cabeça de Alonso e poderia ter provocado uma tragédia em Spa. O piloto da Lotus foi tão culpado, que nem questionou a decisão da FIA de não deixa-lo correr na próxima semana em Monza. Tomara que isso sirva de lição ao jovem piloto francês, que é muito bom, mas ainda, como falou Alonso, com a cabeça de piloto da GP2.

domingo, 2 de setembro de 2012

Walking alone

Como havia falado ontem, Jenson Button teria que torcer para seus companheiros de primeira fila não cometessem erros na primeira curva e pudessem destruir sua corrida. Pois bem, os erros aconteceram como esperado, mas como foi mais atrás, Button passeou pela pista de Spa e venceu pela segunda vez neste ano, corroborando com a sensação de recuperação que o inglês vinha tendo desde Hockenheim, mas como Jenson está muito atrás no campeonato, talvez o triunfo do piloto da McLaren não consiga mexer tanto no campeonato como o abandono de Alonso e Hamilton na primeira curva, além da grande corrida de recuperação de Vettel, o segundo colocado na corrida e agora do campeonato, superando um insosso Mark Webber.

Não restam dúvidas que o grande momento da corrida foi o perigoso acidente na largada. Num primeiro momento, tive a sensação de erro de Hamilton, mas os replays comprovaram mais uma besteira de Romain Grosjean numa primeira volta. O francês foi para cima de Hamilton, que claramente manteve sua linha, fazendo com que o piloto da Lotus perdesse o controle do carro e fizesse um verdadeira strike, envolvendo o líder do campeonato Fernando Alonso e as Saubers, que tinham ótimas perspectivas para a corrida. A imagem do carro de Grosjean, voando, cortando a frente de Alonso foi assustadora e talvez se refazendo do susto, o espanhol demorou um pouco para sair do carro, enquanto Hamilton reclamava com um claro 'tá louco?' com Grosjean. Nos boxes, a namorada de Hamilton e a chefona da Sauber, Monisha Katerborn, lamentavam o incidente, dando um toque feminino ao drama que neutralizou a prova por seis voltas e acabaria por definir a estratégia dos que restaram. As duas mulheres tinham muito a reclamar. Hamilton via no toque com Grosjean a chance de título ir embora ainda mais. Já a Sauber lamentava a saída de Pérez ainda na primeira curva e com o carro avariado, Kamui Kobayashi não pôde aproveitar seu segundo lugar no grid e fez uma corrida apagada. 

Mesmo sem nenhuma mulher para lamentar, Fernando Alonso foi o maior prejudicado da presepada de Grosjean. Mesmo ileso, viu sua diferença confortável de 40 pontos cair para perigosos 24 para Vettel, talvez seu mais perigoso rival e, o que talvez seja ainda pior, com menos de uma vitória de diferença. Sabedor que não tem carro bom o suficiente para brigar mano a mano com Red Bull e McLaren, Alonso sabe que precisará da sorte mais uma vez ao longo dessas oito provas restantes. Ainda no pit-lane, Grosjean via os replays com cara de desconsolo. Ele sabia o que vinha por aí. Críticas, acusações e uma provável punição. Grosjean é muito rápido, bem mais do que Bruno Senna, apesar da torcida contra global, mas seus erros vão se sucedendo de forma insustentável e hoje foi um erro perigoso, com direito a carros voando e roda passando perto de capacetes. Um acidente com proporções trágicas poderia ter acontecido por culpa de Grosjean e já na metade de sua primeira temporada completa, o piloto da Lotus precisa refletir sobre isso. Ou que a FIA o faça com uma pesada punição. Contudo, o lado cômico deste melé foi a queimada de Pastor Maldonado. Sinceramente eu ria a cada replay. O venezuelano deverá bater o recorde de punições em uma mesma temporada e mesmo com sua velocidade e dinheiro, isso será levado em conta na sua continuação na F1.

Foram seis voltas atrás do safety-car até que Button começasse sua supremacia frente aos rivais. Forte do princípio ao fim, Jenson mal apareceu na transmissão da corrida tamanha foi seu domínio. O piloto da McLaren foi supremo do começo ao fim e ainda se aproveitou das voltas mais lentas atrás do Mercedes guiado por Bernd Maylander para mudar sua estratégia para uma única parada e ainda assim não diminuir seu ritmo rumo a bandeirada. A McLaren voltou muito forte das férias e como Button está muito atrás no campeonato, o time de Martin Whitmarsh deverá se lamentar bastante do acidente em que se envolveu Hamilton, seu melhor piloto no campeonato. Se serve de consolo, Monza, mesmo sendo uma pista única, tem características de alta velocidade como Spa e pode-se afirmar que a McLaren virá muito forte para o GP italiano. Durante todas as férias da F1, o chefe da Red Bull Christian Horner esperava por uma falta de sorte de Alonso para poder dar uma guinada no campeonato. Pois ela aconteceu logo na primeira prova da volta às 'aulas' e Vettel aproveitou muito bem com uma boa corrida de recuperação. O alemão largou em décimo, mas perdeu posições na confusão da primeira curva. Porém, Vettel ultrapassou Massa e Webber e sem estragar seus pneus, optou  por uma estratégia de uma parada que deu muito certo, pois mesmo com os pneus médios, ele não perdeu muito desempenho frente a Raikkonen, que parou duas vezes, e chegou num excelente segundo lugar, subindo para a mesma posição no campeonato. Foi uma grande corrida de Vettel, mostrando para alguns céticos, como eu, que também sabe fazer corridas de recuperação. Porém, o golpe de Vettel em cima de Webber tenha sido mais certeiro. Mesmo com Webber na frente de Vettel até Spa, se  percebe claramente que a Red Bull aposta suas fichas no alemão e hoje foi provado porquê. A Red Bull não tem, hoje, o melhor carro da categoria como era ano passado, mas Vettel soube utilizar seus pneus e ainda ser rápido e fazer ultrapassagens, enquanto Webber fazia uma corrida burocrática, até mesmo sendo ultrapassado por Vettel. Com 24 pontos atrás de Alonso, Vettel tende a repetir seus dois últimos anos que lhe garantiram o título, quando fez um excelente segunda parte do campeonato, arrancando rumo ao terceiro título.

Ao contrário do companheiro de equipe, Kimi Raikkonen faz sua parte no que tange velocidade e confiabilidade, chegando a mais um pódio e se metendo, aos poucos, na briga pelo título, onde aparece em quarto, um ponto apenas atrás de Webber. Porém, mais uma vez ficou um gosto azedo para a Lotus, pois tudo levava a crer que Raikkonen finalmente poderia dar a vitória ao time numa pista em que sempre andou muito bem, que sempre vem forte nos treinos e em ritmo de corrida, mas bate na trave sempre. Hoje, Raikkonen teve um início de corrida ruim com os pneus médios e chegou a perder a segunda posição para Schumacher, mas Kimi fez a ultrapassagem da corrida ao ultrapassar o heptacampeão de forma espetacular na primeira perna da Eau Rouge. Schumacher estava sem pneus? Estava. A Mercedes era muito mais lenta que a Lotus? Era. Mas a ultrapassagem de Kimi entrará fácil como uma das grandes dos últimos tempos. Na confusão da primeira curva, a dupla da Force India subiu para terceiro e quarto, mas seus pilotos tiveram corridas bem distintas. Enquanto Paul di Resta perdia rendimento e posições, até terminar num melancólico décimo lugar, Nico Hülkenberg fazia a melhor prova de sua carreira e comemorou muito seu quarto lugar onde brigou de igual para igual com Lotus, Red Bull e Ferrari. Foi uma ótima corrida de Hulk, que mostra um crescimento acentuado em 2012, ao contrário do seu companheiro de equipe. Correndo sozinho com o abandono de Alonso, Massa fez uma ótima corrida de recuperação, chegou ao quinto lugar e na entrevista que deu a Globo, deu a dica que pode ter assinado sua renovação de contrato para 2013. Felipe fez dele o que se espera a Ferrari: tirou pontos dos rivais de Alonso. Massa ultrapassou Webber nas voltas finais e diminuir o prejuízo de Alonso, além de dar pontos importante a Ferrari no Mundial de Construtores, onde briga acirradamente com McLaren e Lotus pelo segundo lugar.

Em sua corrida de número 300 na F1, Michael Schumacher lutou muito, chegou a namorar com o pódio, mas a verdade é que a Mercedes errou novamente a mão em seu projeto e foi vergonhoso a forma como era superada pela Force India, isso sem contar a McLaren.As duas clientes da Mercedes. O carro não consegue lhe dar com os pneus e mesmo parando na mesma volta de Vettel, Schumacher perdeu rendimento de vertiginosamente. Mesmo em sétimo, Schummy terá o que comemorar com outro triunfo sobre Rosberg, que fez uma corrida medíocre, mesmo com o carro que tem. A Toro Rosso teve muito o que comemorar com seus dois pilotos ficando logo atrás da Force India na confusão da primeira curva e marcando pontos bastante comemorados pelo time, com Vergne superando Ricciardo mais uma vez. O australiano parece ser mais consistente que o francês, mas Vergne consegue se superar em momentos positivos para a Toro Rosso. Desde os tempos gloriosos, quando brigava pelo título, a Williams era conhecida por errar continuamente na estratégia. Pois hoje o time errou bisonhamente com Bruno Senna. O brasileiro parou junto com o pessoal que iria parar duas vezes, como foi o caso de Raikkonen, Massa, Webber e Hulkenberg. E Bruno vinha na mesma balada deles, mas alguém deve ter tido a grande ideia de segurar Bruno até o fim da corrida. O resultado foi a perda de pontos certos para a Williams e de Bruno superar Maldonado no campeonato, mostrando sua consistência frente a forma bruta de levar o campeonato de Pastor. Entre as pequenas, o momento de maior destaque foi quando a dupla da Marussia Timo Glock e Charles Pic se engalfinhavam numa luta por posições. A briga só foi mostrada de forma casual, pois eles haviam acabado de tomar volta de Webber e Massa, que disputavam posição. Porém, a coisa estava mais animada entre os dois carros rubro-negros, que se digladiavam por uma posição qualquer como se estivesse brigando pela primeira posição e não custa lembrar que Glock e Pic não se falam. Talvez por isso tanta vontade dos dois!

Como diz a propaganda do uísque que patrocina a McLaren, Jenson Button caminhou sozinho rumo a segunda vitória de 2012, mas que mudou pouca coisa no seu campeonato, mas que embolou a briga pelo título com o azar de Alonso, cortesia de Grosjean, e a boa corrida de Vettel. As corridas, como a de hoje, estão muito boas. E o campeonato também!

sábado, 1 de setembro de 2012

Previsão: chuvas e trovoadas na primeira curva

Jenson Button tem uma relação especial com Spa. Foi lá que ele visitou pela primeira vez a sala de entrevistas coletivas quando marcou um terceiro lugar no grid para o GP belga em 2000, seu ano de estréia. A famosa pista de estrada sempre fez bem a Button, um piloto cerebral e de tocada suave, que se não faz muita diferença nos treinos, onde não largava na pole há três anos, faz nas corridas. Button conseguiu hoje sua primeira pole pela McLaren e foi o sétimo piloto diferente a largar na ponta amanhã, após um período difícil para o inglês.

Porém, o que chama atenção no grid é quem largará ao lado de Button amanhã. Encerrando um jejum de oito anos para pilotos japoneses na primeira fila, Kamui Kobayashi levou sua equipe à loucura com um segundo lugar, corroborando com a boa performance em todos os treinos da Sauber, mesmo na inútil sessão de ontem. Atrás de Button, sairá o inconstante Pastor Maldonado, que se mostra um ótimo piloto no sábado, está passando da hora de marcar alguns pontinhos após sua consagração em Barcelona. Mesmo com 33 dias de férias, a F1 continua imprevisível e os postulantes ao títulos não largarão de uma boa posição amanhã. O líder Alonso sairá apenas em sexto, com as duas Red Bulls muito mal, com Vettel não passando ao Q3 desde não sei quando, enquanto Webber terá que largar ainda mais atrás, graças a uma punição por ter trocado o câmbio. Hamilton, que normalmente supera Button em ritmo de classificação, levou muito tempo do companheiro de equipe e largará logo atrás de Alonso, enquanto a Lotus tentará sua perseguida primeira vitória do ano com Raikkonen em quarto, mas o finlandês tem um aproveitamento de 100% nas vezes em que recebeu a bandeirada em Spa.

O desempenho dos brasileiros foi bizonho mais uma vez. A triste realidade para o automobilismo tupiniquim é que seus dois pilotos não estão fazendo por onde permanecerem em suas equipes em 2013 e até mesmo na F1. O risco de termos 0% em 2013 de pilotos brasileiros cresce de forma assustadora. Porém, Button não tem nada com isso e com dois pilotos desastrados ao seu lado, o inglês só tem que escapar bem da primeira volta e fazer sua conhecida prova tática. Além de torcer para que não chova amanhã!