domingo, 29 de novembro de 2009

Top-10 da década

Há praticamente um mês a F1 encerrava sua sexagésima temporada da sua história e a sexta década de competições. Com 2010 batendo na portas e os primeiros testes para a temporada vindoura começando nessa semana, podemos olhar para trás e ver quem foi os grandes destaques das últimas dez temporadas, marcadas por muitas mudanças de regulamento, confusões fora das pistas e vários pilotos que entraram para a história. Para escolher os dez grandes pilotos nos anos 2000, classifiquei os oito primeiros colocados, como na pontuação atual, dos campeonatos de 2000 a 2009 e fiz a soma. De forma surpreendente, os dez pilotos que apareceram aqui seriam os mesmos que eu faria se a escolha fosse subjetiva, apenas com uma ou outra mudança na classificação. Vamos agora a eles!

1) Michael Schumacher - 64 pontos

O piloto desta década não podia ser outro! Michael Schumacher reescreveu a história da F1 com seus recordes conquistados nas sete temporadas que fez neste início de século 21 e nos dois títulos que ganhou ainda na década de 90. Schummy iniciou a década como o grande piloto da F1, mas ainda faltava o sonhado título pela Ferrari, motivo no qual o alemão foi contratado a peso de ouro em 1996, mas o alemão encontrou adversários duros na Williams, com Graham Hill e Jacques Villeneuve, e na McLaren, na figura de Mika Hakkinen. Porém, a fama de melhor piloto da F1 nunca foi tirada de Schumacher mesmo ele não tendo conquistado título nesses anos e o alemão começou a década vencendo o campeonato do ano 2000, tirando a Ferrari de um jejum de 21 anos. Já nessa primeira temporada Schumacher conquistou alguns recordes, como o de vitórias, mas nos anos seguites esses recordes seriam pulverizados pelo próprio alemão em uma sucessão incrível de títulos, cinco seguidos, terminando com o acachapante triunfo em 2004, com treze vitórias a bordo de sua imbatível Ferrari. Após um ano ruim em 2005, onde a Ferrari se perdeu, Michael voltou a boa forma em 2006, onde disputou o título com Alonso até a etapa final, mas perdeu o que seria sua última batalha na carreira. Já com 37 anos, Schumacher anunciou sua aposentadoria no outono de 2006 e passou a ser consultor da Ferrari, mas sua magia sobre os fãs parece não acabar nunca. O alemão causou um verdadeiro frisson quando anunciou que voltaria a F1 no lugar do acidentado Felipe Massa em 2009 e é candidato a ser piloto da Mercedes em 2010. Nessa década vimos um Schumacher mais completo e calmo, fazendo das vitórias um vício que parecia jamais acabar, mas o alemão esteve não totalmente distante das polêmicas, como foi o caso de Mônaco/2006. Contudo, mesmo tendo conquistado dois títulos em 1994 e 1995, o verdadeiro Michael Schumacher foi visto de forma genuína de 2000 a 2006.

2) Kimi Raikkonen - 44 pontos

Kimi faz parte de uma geração que os ingleses chamam de '2001 class', juntamente com Alonso e Montoya. O talento de Raikkonen chamou atenção cedo, fazendo com que o finlandês chegasse na F1 após apenas uma temporada nos monopostos. Muita gente ficou escandalizada com um piloto tão inexperiente chegando ao ápice do esporte a motor tão rápido, mas Raikkonen dissipou todas as dúvidas sobre ele quando marcou seu primeiro ponto logo na estréia. Após um bom ano na Sauber, Kimi foi contratado pela McLaren para substituir seu compatriota Mika Hakkinen e após um 2002 realtivamente discreto, Raikkonen entrou para o estrelato da F1 em 2003, quando conquistou sua primeira vitória na F1 e perdeu o título para Schumacher por apenas um ponto na última corrida. Mesmo sofrendo com um carro ruim na McLaren, Kimi venceria uma prova em 2004 e brigaria com Alonso pelo campeonato de 2005, que só escapou de suas mãos pelas constantes quebras da McLaren, mesmo com Kimi conquistando os mesmo números de vitórias de Alonso. Cansado da marcação cerrada de Ron Dennis com relação as suas noitadas, Kimi se transferiu para a Ferrari em 2007 com a difícil missão de substituir o recém-aposentado Michael Schumacher. Se não conquistou os corações dos italianos pelo seu jeito frio de ser, Raikkonen venceu a batalha interna contra Felipe Massa e se aproveitou da trágica administração da McLaren com relação aos seus pilotos para conquistar seu único título, até agora, na carreira. Porém, o triunfo parece ter dado um arrefecida no ânimo do finlandês, que foi batido de forma inapelável por Massa na disputa interna na Ferrari e começou 2009 com a quase certeza de que seria substituído por Alonso na temporada seguinte. Um carro ruim não ajudou Kimi, mas o finlandês ainda encontrou forças para conquistar uma vitória em Spa, mesmo sabendo que estava demitido. Após fracassar as negociações de uma possível volta a McLaren, Raikkonen estaria pensando, com apenas 30 anos de idade, em se aposentar da F1 e transferir para o WRC, Campeonato Mundial de Rally. Se isso realmente acontecer, Kimi fará falta...

3) Rubens Barrichello - 40 pontos

Apesar de muitas pessoas terem uma imagem de negativa de Barrichello como piloto, não há dúvidas de que o brasileiro foi um dos destaques da F1 nesta década. Após quase dez anos em equipes médias, Rubens teria sua oportunidade em 2000 quando se transferiu para a Ferrari. O sonho da 1º vitória logo seria conquistado no inesquecível GP da Alemanha de 2000, mas o próximo passo, seu 1º título, seria algo que dificilmente ocorreria. Barrichello tinha no box ao lado uma lenda chamado Michael Schumacher e o alemão, arquiteto do ressurgimento da Ferrari, tinha todas as atenções da equipe. Barrichello nunca se conformou com essa situação e não raro reclamava em público da Ferrari, sendo que os italianos nunca lhe negaram um bom carro, que o fizeram conquistar várias vitórias e dois vice-campeonatos. Porém, Rubinho pôde reclamar com razão de algumas atitudes da Ferrari, como a triste troca de posição na Áustria/2002. Após seis anos de Ferrari, Barrichello se mudou para a Honda com o intuito de levar sua vasta experiência a uma equipe com muita vontade de crescer, mas o brasileiro encontra um piloto mais adaptado na equipe e é derrotado por Jenson Button. Quando a Honda parecia que cresceria, vieram dois anos terríveis e Barrichello, tendo quebrado o recorde de corridas disputadas, parecia um ex-piloto em atividade. Numa das maiores reviravoltas da história da F1, Barrichello conseguiu a segunda vaga da Brawn, equipe que surgiu da antiga Honda, e conquistou mais duas vitórias e o 3º lugar no campeonato deste ano, além se assegurar mais um ano na F1. Rubens Barrichello pode ser considerado um dos grandes pilotos desta década pelo alto nível que pilotou, mas não o suficiente para lhe garantir um título. Suas grandes atuações na carreira, como em Monza nesse ano, foram as excessões a regra de um piloto nota 8, nada mais do que isso, mas capaz de levar seu carro ao fim da corrida e marcar pontos importantes. O maior problema de Rubens, que o levou a ser chicoteado pela própria torcida, é justamente suas desastradas declarações. Se não fosse isso, Rubens seria muito mais respeitado aqui no Brasil.

4) Fernando Alonso - 38 pontos

Alonso vive uma situação bem parecida com a de Michael Schumacher há dez anos atrás. O espanhol tem dois títulos sob o comando de Flavio Briatore e chega a Ferrari para ser a estrela da equipe. Na verdade, todos enxergam em Alonso um sucessor nato de Michael Schumacher, mas assim como o alemão, seu melhor momento só deverá vir mais tarde, quando atingir a maturidade plena e se tornar um piloto verdadeiramente completo. Alonso foi mais uma cria de Briatore e com apenas 19 anos foi colocado na Minardi para ganhar experiência na F1. Completando o período de maturação proposto por Briatore, Alonso passou a ser piloto de testes da Renault em 2002 como preparação para tomar o lugar de Jenson Button no ano seguinte. Com 21 anos de idade, Alonso quebrou todos os recordes de precocidade em 2003, quando conquistou seu primeiro pódio, pole e vitória. Totalmente obscurecido pela Ferrari de Michael Schumacher em 2004, Alonso foi o grande nome de 2005 e usou sua constância para assegurar seu primeiro título na F1, derrotando Raikkonen. Como Schumacher foi um mero coadjuvante em 2005, todos esperavam uma briga direta entre Alonso e o já veterano alemão. Com um bom carro em mãos, Schumacher voltou às vitórias e travou uma batalha inesquecível com Alonso pelo título em 2006, vencida pelo espanhol graças a uma quebra de motor do alemão na penúltima prova do campeonato. Já apalavrado com a McLaren, Alonso chegou na equipe inglesa com status de primeiro piloto pelos dois títulos conquistados, mas Fernando não esperava pelo fenômeno Lewis Hamilton e não demorou para ocorrer os primeiros problemas com o jovem companheiro de equipe, que só cresceriam ao longo do ano. Irritado com o suposto favorecimento ao inglês, Alonso denunciou a McLaren a FIA no escândalo de espionagem e sem clima dentro da equipe, viu com certo sarcamo a equipe perder o título para a Ferrari de Raikkonen. De volta a Renault, Alonso nunca teve um bom carro em mãos e ainda se meteu em outro escândalo, na sua vitória na nova pista de Cingapura. Apesar de tudo, ninguém duvida que Fernando Alonso é o melhor piloto da atualidade. Mesmo com os títulos pela Renault, Alonso nunca escondeu sua vontade em correr na Ferrari e o espanhol poderá realizar seu sonho em 2010, onde poderá confirmar o que esperam dele: um digno sucessor de Schumacher.


5) Juan Pablo Montoya - 25 pontos

Se não fosse sua marra, Juan Pablo... Apesar de figurar entre os grandes desta década, sempre fica a sensação de que faltou algo na carreira de Juan Pablo Montoya na F1. Esse colombiano rápido e agressivo chegou a F1 credenciado com uma carreira recheada de sucesso nos Estados Unidos, mas como outros chegaram a F1 da mesma forma e fracassaram, todos ficaram com um pé atrás. Porém, Montoya mostrou que ele era diferente na sua famosa ultrapassagem sobre Schumacher em Interlagos, sua 3º corrida na F1. Montoya ainda conquistaria sua primeira vitória na F1 na sua temporada de estréia, mas um 2002 recheado de poles e quebras o pôs longe do título, contudo em 2003 o colombiano mostrou um maior equilíbrio e brigou pelo título com Schumacher e Raikkonen, terminando aquela temporada em 3º. Porém, esse seria o início do declínio de Montoya. Em 2004 ele sucumbiu a decadência da Williams e se transferiu para a McLaren no ano seguinte, onde sofreu um estranho acidente (tênis ou motocross?) que o deixou de fora várias corridas e foi derrotado de forma inapelável por Raikkonen. Desmotivado e cada vez mais gordo, Montoya foi demitido antes do final de 2006 e se transferiu para a Nascar, onde vem melhorando ano a ano. Além da constante briga contra a balança, Montoya se mostrou um piloto estourado e de difícil convivência, mas sua agressividade dentro das pistas o marcaram como um dos grandes desta década.

6) Jenson Button - 22 pontos

Por coinscidência, a longa carreira de Button na F1 começou exatamente no ano 2000, onde estrou sob a desconfiança de todos pela falta de títulos nas categorias de base e logo se tornou uma promessa do automobilismo inglês. Jenson venceu Bruno Junqueira num vestibular promovido pela Williams para um cockpit no ano 2000 e mesmo sem um grande carro, Button se destacou e conquistou bons resultados, o elevando a estrela na Grã-Bretanha. Porém, Frank Williams tinha prometido a Montoya um carro em 2001 e emprestou Button a Benetton, onde o inglês passaria a ter sua pior fase na carreira. Com apenas 21 anos de idade, Jenson passou a viver mais das festas do que das corridas e isso acabou influenciando seu desempenho nas pistas, que foi verdadeiramente sofrível. Após um bom ano na Renault em 2002, Button foi mais uma vez substituído por uma promessa, quando Briatore colocou Alonso em seu lugar em 2003. Sem nenhuma equipe grande interessada, Button apostou na BAR. Após derrotar Jacques Villeneuve, Button conquistou ótimos resultados em 2004, inclusive alguns pódios e o 3º lugar no campeonato. Quando a equipe é comprada pela Honda, a expectativa era de que o título era apenas questão de tempo, inclusive com Button conquistando sua 1º vitória no conturbado GP da Hungria de 2006, mas a equipe se perde e o inglês tem duas péssimas temporadas. Com a chegada de Lewis Hamilton, Button é deixado de lado pela torcida inglesa e ninguém mais lembrava da promessa do início da década, mas Jenson dá a volta por cima quando a Honda se transforma em Brawn e o carro construído por Ross se torna o melhor da F1. Button vence seis das sete primeiras corridas de 2009 e conquista seu primeiro título na carreira, mostrando que ele é bem mais do que uma promessa. Com 29 anos de idade, Button se transferiu para a McLaren e agora se tornou, com alguns anos de atraso, em uma estrela da F1.


7) Lewis Hamilton - 22 pontos

Ele pode ter estreado apenas no final da década, mas o que Hamilton fez nas três temporadas o coloca com um dos destaques desta década. Desde muito novo protegido de Ron Dennis, Hamilton foi um verdadeiro virtuose nas categorias de base, conquistando tudo o que tinha pela frente com o melhor equipamento a disposição. Obviamente chegando a F1 pela McLaren, Hamilton estava fadado a ser segundo piloto e aprendiz do bicampeão Fernando Alonso em 2007, mas de forma inesperada, talvez até mesmo para ele, Lewis passou não apenas a andar no mesmo nível do espanhol, como superá-lo em alguns momentos, liderando a maior parte do seu campeonato de estréia. Os dois se tornaram inimigos e dividiram a equipe. Até o momento ninguém lembrava que Hamilton era um novato e o inglês recordou isso a todos nas duas corridas finais de 2007, onde perdeu um título ganho de forma inacreditável. Alçado a favorito ao título em 2008, Hamilton mostrou talento e nevorsismo em vários momentos nesta temporada, mas no fim foi protagonista da mais emocionante conquista de título da história da F1, com Lewis conquistando o campeonato com uma ultrapassagem na última curva e se estabelecendo como o mais jovem Campeão Mundial da história. Mesmo em um ano ruim, Hamilton ainda conquistou vitórias em 2009 e passa a impressão que seu auge ainda não chegou.


8) Ralf Schumacher - 21 pontos

Sempre lembramos de Ralf como o irmão mais novo de Michael Schumacher e sua opção sexual duvidosa, mas não restam dúvidas que Schumaquinho foi um dos pilotos mais regulares desta década. Já estabelecido na Williams no ano 2000, Ralf utilizou o início da parceira da equipe com a BMW para alcançar o posto de primeiro piloto, sendo o preferido dos alemães. A chegada de Montoya a equipe em 2001 trouxe uma rivalidade enorme dentro da equipe, com os dois pilotos nunca se entendendo, mas foi nesse ano que Ralf protagonizou dobradinhas com o irmão Michael, fazendo com que se tornasse mais do que o irmão mais novo de Michael. No entanto, Ralf foi batido por Montoya em 2003 no único ano em que a Williams teve um carro para brigar pelo título e com a parceria Williams-BMW entrando em crise, Ralf acabou preferindo um lugar na Toyota em 2005. A equipe nipônica teve seu melhor ano justamente em 2005, com Ralf conquistando até alguns pódios, mas a Toyota não evoluiu a partir daí e Ralf foi perdendo motivação até anunciar sua aposentadoria no final de 2007. Apesar do maldoso apelido de 'half' Schumacher, quando estava em seus dias Ralf poderia até enfrentar seu irmão de igual para igual.


9) David Coulthard - 20 pontos

David Coulthard foi um dos pilotos mais sortudos da década, pois se manteve um piloto bem-sucedido por vários anos, mesmo quando sempre entrava em listas de dispensa na McLaren, equipe na qual fez parte por vários anos. David iniciou a década como fiel escudeiro de Mika Hakkinen, mas quando o finlandês se desmotivou no final do ano 2000, David tomou as rédeas da equipe e foi o principal adversário de Schumacher em 2001, mas algumas quebras fora de hora, fizeram com que David tivesse que se contentar com o vice-campeonato. Quando Raikkonen substituiu Hakkinen em 2002, Coulthard foi sendo minado pela velocidade do jovem finlandês até ser dispensado da McLaren no final de 2004. Achando abrigo na Red Bull, Coulthard usou sua experiência para ajudar a nova equipe e isso lhe resultou em alguns pódios e uma aposentadoria em 2007 cheia de homenagens dos demais pilotos, pois o escocês era considerado o piloto mais simpático do grid. Talvez por isso ele tenha ficado tanto tempo na F1 em equipes grandes, mesmo sem mostrar a ambição dos grandes campeões.


10) Felipe Massa - 19 pontos

O apelido de 'Nigel' Massa cai como uma luva no brasileiro. Assim como Nigel Mansell em seu tempo, Felipe Massa não é considerado o melhor piloto da atualidade. Nem o segundo, nem o terceiro... Mas o brasileiro compensa isso com muito trabalho e uma velocidade estonteante, capaz de o colocar entre os grandes pilotos da atualidade, mesmo sem ter a finesse e a técnica de outros pilotos contemporanêos. Massa sempre foi ajudado na carreira por Todt e foi através dessa parceria que ele chegou a Sauber em 2002 para substituir Raikkonen, mas sua imaturidade, apesar da grande velocidade, fez com que Massa fosse dispensado no final do ano. Após um ano como piloto de testes da Ferrari, Felipe voltou a Sauber em 2004 e quando Barrichello saiu da Ferrari em 2005, Massa teve a oportunidade de sua vida. Correndo ao lado de Schumacher, o seu grande amigo e professor, Massa foi ganhando experiência e sua curva ascendente culminou na briga pelo título em 2008, onde superou dois erros nas duas primeiras corridas para uma temporada cheia de garra e vitórias, mas o título perdido na última curva foi dolorido. Decepcionado com um carro ruim em 2009, Felipe ainda sofreu seu pior acidente na carreira quando atingido por uma mola nos treinos para o GP da Hungria deste ano, o deixando de fora do resto da temporada. Já recuperado do acidente, Massa agora se preocupa unicamente com 2010, onde tentará conquistar seu primeiro título e ainda derrotar Fernando Alonso, com quem discutiu asperamente em 2007.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fazendo história


"Eu sempre respeitei nomes como Petty, Earnhardt e Gordon, mas não esperava fazer algo que ninguém tinha conseguido fazer." Foi com essas humildes palavras que Jimmy Johnson começou a explicar o seu feito realizado neste domingo. O americano não apenas entrava no seleto rol de pilotos com mais de três títulos na Nascar (os outros são os próprios Richard Petty, Dale Earnhardt e Jeff Gordon), como foi o primeiro a conquistar quatro títulos consecutivos na disputada categoria neste domingo, com um quinto lugar no oval de Homestead.

Com o advento do odioso play-off na categoria em 2004, Johnson passou a dominar a Nascar com vitórias nos momentos corretos e muita regularidade nas dez corridas decisivas que fazem parte do play-off. Foi assim no triunfo de 2009 e também nos outros três, mas Johnson tem um quê que incomoda bastante os especialistas da Nascar. Jimmy Johnson está longe de ser um piloto carismático e suas vitórias não emocionam os torcedores da Nascar, tanto que ninguém lembra com saudade de nenhuma de suas 47 vitórias na carreira. Um exemplo dessa falta de sal de Jimmy é que mesmo com todos esses títulos e ter o talento reconhecido por todos, Johnson não é considerado a principal estrela da Hendrick Motorsports, com essa regalia ficando a cargo de Jeff Gordon, outro com quatro títulos na carreira.

Na verdade, muitos dos críticos de Johnson credenciam os títulos do piloto a estrutura da Hendrick, hoje a melhor equipe da Nascar, e ao seu chefe de mecânicos, Chad Knaus, com quem conquistou todos os títulos. Pura lorota! O problema é que Jimmy tem uma característica que não agrada muito aos fãs da Nascar. Se há uma característica que pode ser muito lembrado em JJ (como é conhecido) daqui a alguns anos, essa é a eficiência. Não bater nos adversários para ganhar ou conquistar vitórias memoráveis. Jimmy apenas fica no lugar certo e na hora certa e entende como ninguém uma corrida na Nascar, a construindo do início ao fim com o auxílio importante de Chad Knaus. Johnson pode não ter a fama de intimidador de Earnhardt, o carisma de Petty, a polêmica de Tony Stewart ou o bom-mocismo de Jeff Gordon, mas como o próprio Knaus disse após a corrida, Jimmy Johnson é um piloto super-talentoso e sua eficiência pode o levar a voos ainda maiores.

domingo, 22 de novembro de 2009

Tua Glória é Lutar!


Demorou, mas chegou. Foi sofrido e por isso foi mais gostoso. Chorei, não vou mentir. Quando o árbitro carioca apitou o final do jogo entre Ceará e Ponte Preta, gritei como a muito não fazia. Vibrei como a muito não fazia. Meu tornozelo inchado por uma tendinite para lá de incômoda parou de doer por alguns instante e pude pular como não pulava a tempos. Foram anos de humilhação e de uma crise que parecia não ter fim. Me perguntava se um dia eu veria o Ceará disputando a 1º divisão e com as decepções a cada ano que passava fazia desse sonho uma espécie de utopia, uma miragem turva em meio ao deserto de más notícias e times ruins. Esse ano começou com um presidente trabalhador chamado Evandro Leitão, que pegou um time pobre, sem dinheiro, com jogadores sem identificação e uma torcida desmotivada, mas que nunca desistiu do clube. Era comum (e verdadeiro) se dizer aqui na capital que o Ceará só tinha torcida. Com um trabalho de formiga e a médio prazo, Leitão foi montando a infra-estrutura de se fazer inveja na região e um time bom, que jogadores rodados, mas com boas passagens na região. Porém, a perda do título cearense machucou bastante, principalmente por saber que o Ceará tinha (e continua tendo) mais time que o Fortaleza. Leitão acreditou no elenco e fez contratações pontuais, para reforçar um time que já era considerado bom. Mas ainda faltava algo. Zé Teodoro é um bom treinado, que nos levou ao histórico Estadual de 2006, mas ele não tinha prestígio suficiente para fazer com que o Ceará saísse das pasmaceira atual. Para piorar, o time não engrenou de vez e chegou a frenqüentar a lanterna. Numa dessas coisas do destino, Teodoro recebeu um convite do Juventude e abandonou o Ceará, que trouxe para o seu lugar PC Gusmão. O carioca tinha prestígio e arrumou a defesa, transformando em Erivélton e Fabrício em dois pilares de uma muralha. A meia cancha com Michel, João Marcos e Heleno se transformou num lugar pouco penetrada pelos meias adversários. Agora tinhamos o comandante e os resultados começaram a aparecer, mas ainda faltava algo. Faltava a estrela. Mota tinha propostas de clubes da Série A, mas o atacante não tinha esquecido as raízes e o time de coração. Ele fez parte do grande time de 2001, marcado na memória de todos que viram o ataque Iarley-Mota-Sérgio Alves. Mota voltou em 2009 para levar seu time de coração de volta ao lugar que sua torcida merece. Foi uma campanha dura, que houve erros de arbitragens contra (o gol de mão do Paraná não saiu de nossa memória) e muita gente secando. Porém, o time era regular e conseguiu resultados históricos, como a vitória em pleno Maracanã em cima do Vasco. Os últimos resultados provocaram calafrios, mas o paraíso estava perto. Em Campinas, debaixo de chuva, o Ceará acabou com o jejum de dois jogos sem vitória em cima de uma desinteressada Ponte Preta. Não precisamos de ninguém para subir, apesar da derrota do Figueirense. Vencemos em campo, onde devem ser disputada as coisas do futebol. A nossa capital está vestida de preto e branco e ficará ainda mais alvinegro com a festa de logo mais. Esta sendo uma festa inesquecível e será ainda mais nos próximos meses. Os pessimistas já falam que ficaremos só um ano entre a elite, mas isso fica para depois. O que importa é que verei, com meus emocionados olhos, o Ceará enfrentando São Paulo, Flamengo, Corinthians e Vasco. Nunca vi isso, mesmo em 1993, quando tinha apenas 11 anos e o Vozão só pegou os times nordestinos. Agora passaremos 2010 vendo o Ceará na elite, enfrentando os melhores jogadores que atuam no Brasil. Isso ninguém nos tira. Ficaremos muito tempo lá? Não sei, será feito um grande trabalho para isso e tenho certeza que Evandro Leitão e sua equipe tem condições para tal. Agora temos mesmo é que comemorar! Não fui assíduo aos estádios por falta de tempo, mas estarei no Castelão no próximo sábado. Lutamos 16 anos, mas agora vamos aproveitar a glória! SÉRIE A, SE PREPARE, O VOZÃO ESTÁ CHEGANDO!

sábado, 21 de novembro de 2009

Um ano de lembranças. Boas e más.


Quando os livros sobre a história da F1 lembrar de 2009, eles terão que abrir um capítulo todo especial a respeito desta temporada e mostrar uma série de fatos que mudarão a face da categoria nos anos seguintes. A abertura e o fim de uma era. A Fórmula 1 de cinco anos atrás definitivamente não será a mesma daqui a cinco anos, quando havia dinheiro, poder e luxo na categoria e hoje há mais dúvidas, problemas e humildade. Lembro que a CART, após a saída da Penske no final de 2001, entrou em uma série de mudanças de regulamento e reviravoltas a cada temporada. O final, todos sabemos. Num ano de transição fora das pistas, claro que isso acabaria refletindo no que ocorria dentro delas e o que vimos foi um campeonato esquisito, cheio de surpresas positivas e negativas. Button, Brawn, Barrichello, Vettel, Red Bull, derrocada de Ferrari e McLaren... Não falta do que falar sobre o que aconteceu em 2009!

Quando a Honda anunciou sua saída de forma repentina da F1, a estrutura de Brackley parecia fadada ao abandono e centenas de pessoas estariam desempregadas, inclusive pessoas brilhantes como Ross Brawn, Jenson Button e Rubens Barrichello. Brawn, ainda diretor técnico da Honda, era também o diretor técnico da FOTA e por isso, conhecia como ninguém as grandes mudanças nos carros para 2009. A volta dos pneus slicks era o grande chamariz, mas aerodinamicamente as coisas iriam mudar ainda mais. Brawn fez o Honda-2009 pensando em todos os pormenores do regulamento e sabia que o carro seria extremamente competitivo e apostou alto. Juntamente com Nicky Fry, ele comprou a Honda numa operação chamada Management Buy-out e transformou a Honda em Brawn. Inicialmente, todas as nove demais equipes apoiaram a Brawn para que o time iniciasse suas atividades. Na verdade, todos pensavam sadicamente em se livrar do último lugar do Mundial de Construtores, pois a lógica indicava que uma equipe recém formada, com pouco dinheiro e histórico péssimo nas duas últimas temporadas estava fadado aos últimos postos. Todos pensavam assim e inclusive eu escrevi isso. Todos escreveram isso. Button e Barrichello foram contratados mais para dar uma visibilidade maior a ambos para tentarem algo melhor para 2010. Os primeiros testes em Barcelona mostraram um carro fantasticamente rápido e todos ainda tinham um pé atrás. Estão atrás de patrocínio para estampar alguma marca no carro imaculadamente branco. O tempo passou, a Brawn não saía dos primeiros lugares, Button e Barrichello cada vez mais animados e as adversárias cada vez mais assustadas. Seria possível um conto de fadas na cientifica F1? Uma equipe iniciada três meses antes seria capaz de derrotar Ferrari e McLaren? Em Melbourne, Button consegue uma vitória esmagadora e inicia uma sequencia de triunfos que lhe daria o título no final da temporada, com o gostinho do título também do Mundial de Construtores. A Brawn passou de coitadinha do grid a campeã mundial em menos de dez meses! Porém, a equipe ainda não tinha patrocínios para 2010 e um sonho como foi 2009 parecia impossível sem dinheiro. Ross Brawn tinha conseguido o motor Mercedes, mais tarde reconhecido como o melhor motor da F1 atual, no início da temporada, iniciando um namoro que daria num surpreendente casamento. A Mercedes via na Brawn a possibilidade real de ter uma equipe totalmente sua depois de 55 anos e Brawn precisava de dinheiro para correr de forma competitiva em 2010. Nessa semana, a Mercedes anunciou a compra da Brawn e a partir do próximo ano, teremos novamente a Mercedes GP na F1. Hoje, Ross Brawn pode se orgulhar de sua aposta no início do ano e que transformou uma equipe falida em campeã mundial, praticamente de graça, vendeu a estrutura por muito dinheiro e ainda será o chefe de equipe. Enquanto isso, em Tóquio, os acionistas da Honda devem estar pensando num hara-kiri menos doloroso...

Outro grande nome dessa aventura da Brawn em 2009 foi Jenson Button. O inglês de 29 anos era um piloto em vias de ser aposentado antes de completar 30 anos e via a sua torcida se virar Hamilton, então campeão mundial. Sempre comparei a história de Button a garotas solteiras de sua idade. Apesar de bonitas, elas ainda não haviam achado seu príncipe encantado e estavam loucas para casar. Para piorar chegou uma vizinha tão bonita quanto e casou bem mais nova do que ela. Substitua as palavras ‘bonitas’ com ‘talentoso’, ‘casar’ com ‘Campeão Mundial’ e você a história de Button e Hamilton, ‘a vizinha mais nova’. Jenson sempre foi considerado um talento, mas que dificilmente seria campeão e sua maior virtude era trazer de volta ao circo os famosos playboys, tão comuns na década de 70. Sempre com namoradas bonitas e carrões milionários, Button era mais lembrado pelo que trazia fora das pistas do que fazia dentro delas. Mas havia talento naquele garoto que chegou na F1 arrasando com apenas 20 anos de idade há quase dez anos atrás. A torcida inglesa já estava apaixonada por Hamilton e Button sofria com a Honda, algo que deve ter sido extremamente doloroso para ele. Jenson nunca tinha sentado num grande carro em sua carreira na F1 e a Brawn não seria o cockpit dos sonhos de um dos pilotos mais bem pagos da F1, mesmo com apenas uma vitória. Se todos sabiam o que Button era capaz de fazer com um carro mediano, em 2009 passamos a conhecer o que Jenson é capaz de fazer com um carro vitorioso. O inglês da Brawn dominou a F1 de forma poucas vezes vistas na primeira metade do ano. Foram vitórias arrasadoras e sem erros, fazendo com que o título fosse questão de tempo. Porém, ninguém conhecia como era Button administrando um campeonato ganho e foi nesse momento que vimos um piloto comedido, com medo de arriscar e extremamente pressionado. A partir de sua corrida caseira, em Silverstone, Button passou por um momento delicado, onde não mais venceu na temporada e viu a aproximação do seu companheiro de box e das demais equipes que tinham sido humilhadas por ele. Aquele Button forte e campeão do início do ano parecia um gatinho assustado no terço final do ano. Resultados pífios pareciam nos fazer crer que o seu título certo iria para o ralo. Em Interlagos, lugar onde marcou pontos pela primeira vez na carreira em 2000, Button voltou a fazer uma corrida digna de Campeão Mundial, saindo da 14º posição a 4º com ultrapassagens audaciosas e emocionantes, conquistando seu até o momento único título na carreira. Foi tudo alegria para o inglês, mas havia ainda mais tensão fora das pistas. Para correr em 2009, Button passou a ganhar bem menos do que antes e com o título na mão, exigiu de Ross Brawn uma quantia que ele achava razoável para um Campeão Mundial. As negociações se arrastavam e quando a Mercedes comprou a Brawn, a McLaren se vingou de sua antiga parceira com a contratação de Button. Agora, Jenson dividirá o box da McLaren com sua ‘vizinha mais nova’. A convivência de Button e Hamilton, apesar de ambos campeões mundiais, tende a ser tranqüila no que se refere a brigas internas, já que ambos parecem se dar bem, mas Jenson será testado até o limite ao ter ao lado um piloto nitidamente melhor do que ele. Dentro da McLaren, como Alonso provou em 2007, Hamilton tem a total preferência, mas Jenson parece ter a preferência da torcida. Ele parece um cara normal, como vários britânicos bem-sucedidos que moram na ilha, ao contrário de Hamilton, que mais parece um robô programado para ganhar. Nisso, Jenson Button pode se orgulhar neste ano, fora o título, claro. A reconquista da torcida inglesa.

Rubens Barrichello era um piloto aposentado no final de 2008. A Honda testava dois pilotos brasileiros para substituí-lo antes de anunciar sua saída da F1. Ninguém estava interessada no piloto com mais corridas na história da F1, mas Ross Brawn precisava de um piloto experiente e bom suficiente para conseguir algumas vitórias e pontos no Mundial de Construtores. Barrichello era o nome certo para isso e foi contratado. A grande dor de cabeça de Ross acabou sendo que Rubens precisava saber seu papel na equipe. Tudo o que esperava do brasileiro, Brawn viu com Rubinho conquistando pontos e completando dobradinhas com Button. Porém, o gênio complicado de Barrichello, sempre se superestimando demais, acabou por pesar no clima da equipe no início do ano. Na verdade, Barrichello nunca se conformou muito em ser um ótimo piloto e acertador de carros, mas não em um piloto a se apostar para ser Campeão Mundial. O box da Brawn nunca esteve 100% feliz por causa de declarações desastrosas de Barrichello após as corridas, notadamente em Barcelona e Nürburgring. Na verdade, Brawn queria de Barrichello o mesmo papel que fez na Ferrari, algo que Rubens fez muito bem na primeira metade do ano, mas o paulistano queria mais. Uma vitória em Valencia, a centésima do Brasil na F1, e em Monza, a 3º do brasileiro na tradicional pista italiano, fizeram com que Barrichello sonhasse com o título. Na verdade, o sonho de Barrichello era mais matemática do que real, apesar do estardalhaço proporcionado pela imprensa ufanista brasileira, principalmente no Grande Prêmio do Brasil. O que se viu nas primeiras horas do dia da corrida em Interlagos pela TV Globo foi altamente constrangedor, causando até mesmo uma torcida contra o próprio Rubinho, que perdeu o título em casa, além de ainda ter caído para terceiro no Mundial. Porém, o ano foi extremamente positivo para Barrichello. Um ano depois de ter sido aposentado por todos, Rubens tem um contrato sólido com a Williams para 2010 e corre serelepe para o Grande Prêmio de número 300 na carreira ainda em forma, pronto para ser competitivo e brigar com piloto até quinze anos mais jovem do que ele. Só basta Rubinho não falar tanta besteira, como já falou quando disse que finalmente teria um carro competitivo nas mãos. E Ferrari e Brawn?

Falando em Ferrari, a equipe italiana viveu um ano complicado nesse 2009. Outra grande novidade para esse ano foi o Kers, um mecanismo novo e complexo, que aumentaria a potência do carro em alguns segundos, assim como aumentaria consideravelmente o peso do carro. A equipe de Maranello foi uma das únicas a usar o aparelho e construiu o carro em cima de se aproveitar o Kers o máximo possível. Foi um fracasso retumbante. Raikkonen e Massa tiveram a ‘honra’ de ocuparam os dois últimos lugares da sexta-feira no Bahrein e nunca brigaram pelo título, o que para Massa acabaria por ser dramático, vide a expectativa que tinha em recuperar o título que lhe escapou por muito pouco em 2008. Para piorar, Felipe protagonizou o momento mais angustiante dos últimos tempos da F1. Durante a Classificação para o Grande Prêmio da Hungria, Massa vinha em volta de desaceleração quando uma mola se soltou do carro de Barrichello que vinha bem à sua frente. A mola parecia inocente, quicando no asfalto húngaro, mas bem no momento em que Massa ia cruzar com a peça, a mola criou impulso suficiente para ficar na altura do capacete do brasileiro e atingir em cheio a testa de Massa. Desmaiado na hora, Massa bateu forte contra uma barreira de pneus. Primeiramente, sem ainda ver a cena, todos ficaram mais preocupados com a saída de pista do ferrarista ter estragado o seu final de semana. Quando as imagens vieram, a angústia aumentava e as informações eram desencontradas. Ele corria risco de morte, foi feita uma cirurgia, ele estava fora de perigo, ele estava em coma, ele respondia bem aos estímulos, ele podia perder a visão. Tudo acontecia com Felipe Massa, mas quase uma semana após seu sério acidente, ele deu uma entrevista a TV Ferrari, ainda com olho inchado, tranquilizando a todos. Começou uma campanha para que ele voltasse rapidamente ao cockpit da Ferrari, mas o bom senso prevaleceu e ele só conhecerá seu novo companheiro de equipe em 2010. Raikkonen estava melhor do que Massa até o acidente do brasileiro, mas ninguém via futuro na Ferrari para o finlandês. Nem mesmo a vitória em Spa, a única da Ferrari neste ano, fazia com que as especulações da saída de Kimi diminuíssem. Antes do final do ano, a Ferrari anunciou a saída de Raikkonen. Kimi procurou abrigo na sua antiga equipe, a McLaren, mas esta estava mais ocupada em brigar com a Mercedes e trouxe Button. Com a notícia, Raikkonen simplesmente anunciou que não correrá em 2010. Simples assim. A Mercedes ainda o quer, mas Kimi quer correr de rally num futuro próximo. Ainda com 30 anos, o antes garoto gelado vindo da Finlândia parece ter se enchido da F1 e agora quer viver ainda mais vida, o que significa mais farras regadas a vodka. Apesar do seu jeito deslocado, Kimi tem um carisma que fará falta a F1. Isso se a Mercedes não convencê-lo a correr em 2010.

Após anos de especulação, Fernando Alonso correrá na Ferrari em 2010. Era o sonho de Nano, mas também era o sonho de Alonsito correr na McLaren quando lá chegou em 2007. A ida de Alonso para a Ferrari faz com que sua carreira fique ainda mais parecida com Michael Schumacher. Após dois títulos sobre a batuta de Flavio Briatore, Alonso chega a Ferrari com o status de piloto favorito ao título. A diferença é que Alonso encontrará um piloto forte e estabelecido na Ferrari, com o espanhol tendo que ter muito cuidado em lhe dar com Felipe Massa, com quem já discutiu asperamente em 2007. Apesar de recuperado aparentemente, ninguém sabe ao certo como estará Massa após seu terrível acidente. Alonso poderá combater seu maior rival e companheiro de equipe justamente nesses pontos fracos. Porém, Alonso tem tudo para ter ano mais tranqüilo e competitivo na Ferrari do que teve na Renault. O ano começou com um carro extremamente ruim e Alonso, mesmo utilizando o Kers, não conseguia tirar desempenho do carro. Porém, mais atrás, o momento decisivo da Renault ia se estabelecendo com a péssima performance de Nelsinho Piquet. Após ter seu contrato renovado a fórceps para 2009, o brasileiro conseguia uma temporada ainda pior do que a anterior, com sua demissão acontecendo no meio da temporada. Um mês depois, durante a transmissão da Globo, Reginaldo Leme anunciou em primeira mão que uma bomba estava prestes a explodir e que a Renault iria ser investigada pelo acidente de Piquetzinho em Cingapura em 2008. Ninguém, nem mesmo Galvão Bueno, sabia o que acontecia. Os dias seguintes provariam tão ruins como os dias posteriores a 13 de maio de 2002, na famosa troca de posição entre Schumacher e Barrichello na Áustria. Após a demissão do filho, Nelson Piquet denunciou a armação protagonizada pela Renault para a FIA, em que Briatore tinha pedido a Nelsinho que batesse de forma deliberada no muro para ajudar Alonso, na base da estratégia, a conquistar a vitória no novo circuito de rua. Era asqueroso demais para acreditar, mas as investigações posteriores provaram que isso tudo era verdade. Após tentar processar a família Piquet, a Renault demitiu Briatore e Pat Symons, outro envolvido no caso. A FIA abriu um julgamento e baniu para sempre Briatore das competições da FIA, além de suspender Symons por cinco anos. Para a Renault, ficou a promessa de punição semelhante se algo parecido acontecesse e Nelsinho acabou ganhando uma absolvição por delação premiada. O que acabou sendo pior para o brasileiro. Apesar de livre para correr, Nelsinho Piquet será para sempre marcado pelo o que fez em Cingapura e ninguém, seja patrocinadores ou equipes, querem associar seu nome a um piloto capaz tanto de fazer o que fez, assim como entregar seus antigos empregadores. Com esse turbilhão acontecendo, a própria equipe Renault foi se desfazendo em resultados pífios e acabou apenas em oitavo no Mundial de Construtores. O carro era tão ruim que Alonso ainda conseguiu um pódio, ironicamente, na pista de rua de Cingapura, enquanto o substituto de Piquet, Romain Grosjean, se mostrou um piloto imaturo demais para correr em alto nível. Hoje a própria sobrevivência da equipe Renault está em xeque.

Se a Renault realmente ir embora, será a quarta montadora a anunciar isso em um ano. Após a Honda, BMW e Toyota também o fizeram. Após um ótimo ano em 2008, a BMW vinha com a certeza de brigar pelo título em 2009 e apostou forte no Kers, sendo a única equipe a bater o pé e investir no equipamento. Foi um erro estratégico e fatal. O carro era extremamente ruim e Kubica e Heidfeld chegaram a fechar o grid em Mônaco. No entanto, a súbita saída da marca bávara foi uma surpresa para todos, pois uma marca tradicional como a BMW podia passar tranquilamente por um ano ruim e voltar com força em 2010. Os acionistas de Munique não pensaram assim. Assim, o ótimo Robert Kubica ficou no mercado e se transferiu para a Renault. Que também pode acabar! Coitado do polonês... Já a Toyota sempre esteve ameaçada de sair da F1 pelos resultados obtidos nunca terem sido condizentes com o que a montadora investia. Foram anos trocando chefias e engenheiros, enquanto não se trocava o essencial: os pilotos. Com um cheque branco em mãos, nunca se pensou em se trazer um piloto realmente de ponta, como Schumacher, Raikkonen ou Alonso. Apenas pilotos já decadentes, como o próprio Jarno Trulli, que passou cinco anos ruminando na F1 pela Toyota, fazendo ótimos treinos e segurando todas na corrida até seu primeiro e prematura pit-stop. Glock era uma promessa e a boa temporada da Toyota fazia com que seus pilotos ficassem próximos da sonhada primeira vitória da equipe, chegando a ocupar a primeira fila no Bahrein e isso fazia crer até que a montadora ficasse, mas os prejuízos da Toyota neste ano fizeram com que ela decidisse sair da F1 após oito temporadas pífias. Impressionante que ninguém parece muito descontente com a saída da Toyota. Parece até que os japoneses eram um corpo estranho na F1, principalmente para os torcedores, que só lamentaram a saída de Kamui Kobayashi. O japonês substituiu Glock no Grande Prêmio do Brasil e fez uma estréia memorável, dificultando e muito a vida de Jenson Button na corrida em Interlagos, chamando a atenção de todos. Com outra chance no chato GP de Abu Dhabi, Kobayashi marcou seus primeiros pontos e virou o queridinho da mídia. Hoje, com apenas duas corridas, todos parecem sentir mais falta de Kobayashi do que a Toyota e suas centenas de provas.

Outra equipe em crise foi a McLaren, que se viu envolvida em polêmica logo na primeira corrida, na famosa mentira de Lewis Hamilton na Austrália, quando disse que não deixou Trulli passá-lo sobre bandeira amarela. Logo de cara a McLaren teve que enfrentar um tribunal e o resultado foi a demissão de um funcionário com 35 anos de casa e a saída de Ron Dennis. Para piorar, o carro era muito ruim pelo mesmo motivo que a Ferrari: o Kers. Porém, a McLaren continuou a apostar no aparato e os resultados foram vistos na segunda metade do campeonato, quando Hamilton conquistou duas vitórias e alguns pódios, se tornando o campeão do ‘segundo turno’. Porém, a Mercedes nunca tinha engolido o episódio da espionagem em 2007 e a confusão em Melboune parecia a gota d’água, juntamente com o mal desempenho nas pistas. Enquanto apoiava oficialmente a McLaren, a Mercedes via seu motor equipar o time que dominava a F1 e a montadora da estrela de três pontas ainda sonhava com uma equipe própria. Como a Brawn estava sem dinheiro, a Mercedes comprou a equipe e deixou a McLaren a própria sorte. Antes que alguém tenha pena deles, o time chefiado por Martin Whitmarsh trouxe Jenson Button para a equipe e formou um dream team britânico. Esse é o objetivo da McLaren a médio prazo. Um time totalmente inglês, uma espécie de Ferrari britânica, construindo tudo na F1 e ainda vendendo carros esportivos carismáticos para endinheirados. Isso será possível? Só o tempo dirá.

Quando a Red Bull tirou Adryan Newey da McLaren em 2005, ela esperava um projetista campeão construir um carro campeão. Porém, Newey não assina um carro campeão desde 1999. O salário alto do engenheiro começava a se mostrar difícil de ser explicado, quando uma mudança radical de regulamento faz com que os projetistas mais espertos tenham mais espaço do que o normal. Newey ainda não tinha os famosos difusores duplos em seu papel branco, mas seus carros andavam colados nos carros equipados com o dispositivo. A vitória na terceira corrida provava que o carro era bom, mas ainda precisava de um ajuste fino. Com uma dupla de pilotos forte como Vettel e Webber, a equipe foi crescendo a ponto de conquistar vitórias dominantes na Inglaterra e na Alemanha, com Webber vencendo pela primeira vez em terras germânicas. Porém, Vettel era a estrela. O alemãozinho de 21 anos era simpático e extremamente rápido, fazendo com que todos prestassem atenção nele. Batendo impiedosamente o antigo leão-de-treino Mark Webber, Vettel brigou pelo título até a penúltima etapa e ainda teve fôlego para tirar o vice-campeonato de Barrichello, conquistando outro recorde de precocidade na carreira. Hoje, a questão nem se Vettel será campeão, mas quando ele será campeão. A Red Bull terminou o ano com duas vitórias nas duas últimas etapas, fazendo com que se tornasse uma força em 2010 e com uma dupla forte e ao mesmo tempo antagônica (a impetuosidade de Vettel e a regularidade de Webber), a equipe dos energéticos tem tudo para dar trabalho na próxima temporada, principalmente com Newey acertando novamente. A prova cabal do talento de Vettel foi a queda forte da Toro Rosso. A equipe júnior da Red Bull tinha terminado em alta em 2008 quando ainda tinha Vettel nas suas fileiras, com a saída do alemão, a equipe voltou aos últimos lugares do grid. Bourdais nunca se adaptou totalmente a F1 e acabou demitido no meio da temporada quando não conseguiu se impor frente ao estreante Sebastien Buemi, que terminou o ano muito bem. O único momento de destaque neste ano no time italiano foi a estréia de Jaime Alguersuari. Com 19 anos de idade, o espanhol se tornou o piloto mais jovem a correr na F1 e mesmo não cometendo erros importantes, também não mostrou que pode ser um substituto de Vettel. E dificilmente alguém o será!
Fisichella teve um ano estranho no que pode ser seu último ano na F1. O veterano italiano vinha fazendo uma temporada medonha na Force Índia, constantemente superado por Adrian Sutil, quando a F1 chegou a Spa. Numa pista rápida e sem muita pressão aerodinâmica, a FI mudou da água para o vinho e das últimas posições pulou para as primeiras, com Fisichella conquistando uma inacreditável pole e chegando em segundo, colado no vencedor Kimi Raikkonen, da Ferrari. A equipe italiana estava sofrendo com o desempenho ridículo de Luca Badoer, que substituía pessimamente Felipe Massa até Spa. Pensando em ter um piloto italiano correndo de Ferrari em Monza, e ainda por cima em alta, a Ferrari trouxe Fisichella para a equipe. Físico teria seu sonho realizado, mas o sonho foi se tornando um pesadelo com o fim do desenvolvimento da Ferrari no modelo de 2009 e a equipe ficando para trás. Giancarlo largou duas vezes em último, enquanto via a Force Índia, ainda em Monza, conquistar um 4º lugar com Sutil. O alemão se mostrou rápido e era até cotado para ir para a McLaren se juntar com seu amigo Hamilton, mas os acidentes proporcionados por Sutil maculou um pouco sua campanha em 2009, principalmente quando quase apanhou do nanico Jarno Trulli em Interlagos. A Williams teve mais um ano de poucos investimentos e carros bons e confiáveis. Porém, serviu para mostrar como uma comparação entre pilotos pode ser cruel. Enquanto Nico Rosberg brilhava e se tornava num dos destaques do campeonato pela pilotagem sólida que tinha, Kazuki Nakajima se mostrava num dos piores pilotos que já apareceram nos últimos tempos na F1, não marcando nenhum ponto ao longo do campeonato e ainda sendo abandonado pela Toyota. Os dois acabaram por sair da Williams, com Rosberg crescendo na equipe oficial da Mercedes e Nakajima fazendo crescer a fila dos desempregados. Com a recente compra de ações de um empresário austríaco, a Williams mostra que o real motivo de não ter chances de título, algo comum nos anos áureos da equipe, é mais por falta de recursos do que por falta de fosfato.

Essa foi a F1 dentro da pista, mas a maior parte do tempo os noticiários da categoria mostravam o que acontecia fora das pistas. A FIA proporcionou um campeonato confuso em termos de regras e decisões. Podemos enumerar as confusões dos difusores traseiros, que algumas equipes pediram para usar e a FIA aceitou, enquanto outras a entidade simplesmente vetou. Apenas para a FIA aceitar durante o campeonato. Isso custou uma fortuna para o time, que sofreram amargamente com a crise econômica mundial e a FIA, falsamente, combatia. Mudar de regras, para fabricar novos carros fazem com que as escuderias gastem ainda mais dinheiros para um projeto partindo do zero, enquanto não se podia tirar nada do projeto anterior. O Kers foi um claro exemplo de dinheiro jogado fora com a interferência da FIA. No ano que vem, ninguém usará o Kers. Por essas e outras, a FOTA chegou a anunciar o rompimento com a FIA no meio do ano, quando na verdade queria a cabeça de Max Mosley, conseguida semanas depois. Porém, Mosley queria vingança e cortou a cabeça de Briatore mais tarde no escândalo de Cingapura/2008. Até a escolha das novas equipes para 2009 teve polemica, com as equipes deixadas de fora reclamando de corrupção nessa eleição sem nenhuma transparência. Foi um ano que teve mais perdas do que ganhos na F1, com três montadoras abandonando o campeonato (podendo ser quatro) e uma ferida aberta entre os dirigentes que dificilmente será cicatrizada. Jean Todt, novo presidente da FIA, tem a missão clara de conseguir um equilíbrio com a FOTA e conseguir que a F1 seja mais vista dentro das pistas do que fora. Os novos regulamentos contribuem para isso, com as corrida tendendo a ser decididas dentro da pista, nao na base da estratégia com o fim do reabatecimento. E o próximo ano promete com pelo menos quatro equipes fortes (Mercedes, Red Bull, McLaren e Ferrari) para brigar pelo título. Tomara que Button, Hamilton, Vettel, Webber, Rosberg, Alonso e Massa sejam os protagonistas de 2010.

domingo, 15 de novembro de 2009

Maluco Beleza


A história de pilotos talentosos, mas sem títulos mundiais, terem sido mais populares do que muitos campeões é bastante conhecida na F1 e não faltam exemplos, como Ickx e Peterson. No Mundial de Motociclismo, o exemplo maior desta espécie de piloto está no americano Randy Mamola. Dono de um estilo agressivo e extremamente maluco, Mamola conquistou fãs em todo o mundo graças ao que fazia em cima de uma moto de competição, mas nem por isso deixou de ser competitivo, sendo quatro vezes vice-campeão e lutando de igual para igual com lendas como Kenny Roberts e Eddie Lawson. Simpático e carismático, Mamola levava multidões a gritar seu nome com suas atitudes fora das pistas e, principalmente, pelo que fazia dentro delas. Completando cinqüenta anos nessa semana, vamos conhecer um pouco mais da história deste californiano.

Randy Mamola nasceu no dia 10 de novembro de 1959 na cidade de San Jose, nos Estados Unidos e seu primeiro objetivo de vida estava longe das pistas. Quando criança, o pequeno Randy sonhava ser músico e escolheu a bateria como forma de mostrar sua paixão pela música. Ele entrou para uma banda com apenas 10 anos de idade, mas sua vida deu uma guinada quando ele experimentou andar de moto pela primeira vez aos 12 anos. De repente, a bateria deu lugar as motos e Mamola passou a se dedicar a motovelocidade, primeiro em pequenas corridas locais, próximo ao aeroporto de San Jose, depois partindo em corridas mais sérias, competindo com pilotos de sua idade no norte da Califórnia. No início dos anos 70, o motociclismo americano vinha sendo dominado por outro californiano, que seria tão carismático quanto Mamola no futuro, chamado de Kenny Roberts e Randy passou a ter Kenny como fonte de inspiração no início de sua carreira. Quando, ainda como amador, foi patrocinado por uma concessionária da Yamaha, marca na qual Roberts corria profissionalmente, todos passaram a chamar Mamola de "Baby Kenny". Mamola já era um nome conhecido dentro do motociclismo americano quando se profissionalizou em 1976, quando completou a idade mínima de 16 anos.


Após um ano de aprendizado em corridas regionais, Randy estreou em 1977 no Campeonato Americano das 250cc de forma arrebatadora, conquistando três pódios e um ótimo segundo lugar no campeonato. Naturalmente considerado favorito para a temporada seguinte, Mamola não decepcionou e conquistou o campeonato, com duas vitórias em Pocono e Laguna Seca. Na prestegiada corrida das 200 Milhas de Daytona, Randy chegou em 3º lugar após ter problemas de freios, quando podia ter derrotado o já estabelecido Freddie Spencer, vencedor daquele ano. E isso com uma moto de 750cc que não estava acostumado! Perto do final do ano, Mamola foi convidado a participar do torneio Anglo-Americano de motociclismo, onde duas equipes eram formadas entre os melhores pilotos dos Estados Unidos e da Inglaterra para uma disputa nas pistas britânicas. Era essencialmente um trabalho em equipe, mas Mamola mostrou um trabalho fenomenal em pistas desconhecidas para ele, terminando no individual em segundo, atrás do americano Mike Baldwin e à frente do Bicampeão Mundial das 500cc de 1977, o inglês Barry Sheene. Com Kenny Roberts se tornando o primeiro americano a conquistar o Mundial de Motovelocidade em 1978, todos os chefes de equipes do Mundial passam a se interessar cada vez mais nos campeonatos americanos e Mamola era o maior destaque do momento. No início de 1979, Randy é convidado pela equipe Zago a participar do Mundial das 250cc com uma Yamaha e o americano aceita no ato, na tentativa de emular o desempenho do seu ídolo Kenny Roberts numa moto de mesma marca.

Seria um desafio e tanto para Mamola, pois ele não conhecia nenhuma das pistas e estaria numa equipe satélite, sem apoio oficial de nenhuma fábrica, mas não demora para que o californiano mostrasse seu grande talento. Logo em sua segunda prova, na Alemanha, Mamola consegue um 2º lugar, algo que repetiria nas duas provas seguintes. Foram desempenhos tão sensacionais, que a equipe Zago, que tinha uma Suzuki nas 500cc, colocou Mamola para correr também nas 500cc na metade da temporada. E os resultados não tardaram a aparecer. Randy subiu ao pódio logo na sua terceira corrida na Finlândia e com outro pódio no final do ano, ele consegue um surpreendente oitavo lugar no Mundial das 500cc, enquanto levava sua Yamaha ao quarto lugar no Mundial das 250cc. O desempenho de Mamola tinha sido tão impressionante que a equipe oficial da Suzuki o contratou para disputar o Mundial das 500cc em 1980. A Suzuki, que havia perdido a supremacia do Mundial das 500cc para a Yamaha de Kenny Roberts, forma uma super-equipe para derrotar o americano e tinha, entre outros, feras como Marco Lucchinelli, Franco Uncini e Graziano Rossi (pai de Valentino). Mamola teria um verdeiro esquadrão para derrotar dentro do próprio box, isso sem contar seu grande ídolo, Roberts, que se recuperava de um grande acidente na pré-temporada. Mesmo sem contar com nenhuma vitória até o momento, Mamola surpreende ao se tornar o maior rival de Roberts durante o ano e quando triunfou pela primeira vez no Mundial, em Zolder na Bélgica, Mamola ganhou confiança para partir para cima de Roberts. Contudo, Kenny, bem mais experiente do que seu compatriota, conquista o tricampeonato, mas Mamola, de apenas 21 anos de idade, supera todos os seus mais experientes companheiros de equipe e em sua primeira temporada completa no Mundial das 500cc, fica com o vice-campeonato. Era a primeira vez na história que os Estados Unidos faziam dobradinha no Mundial de Motociclismo.

Isso tornava Mamola um dos favoritos para 1981, principalmente pelo fato de que Roberts estava tendo problemas extra-pista, com o final do seu casamento. Isso significava que a temporada seria dominada pelos pilotos da Suzuki. Mamola teria Marco Lucchinelli como companheiro de equipe e os dois polarizaram as disputas. Randy vence a primeira corrida em Zeltweg, mas Lucchinelli usa sua experiência para vencer três provas seguidas na metade final do campeonto e conquistar seu único título na carreira, deixando Mamola com seu segundo vice consecutivo. Ainda em 1981, o maior adversário das duas montadoras estabelecidas no Mundial, Suzuki e Yamaha, reestreava no Mundial. Através do americano Freddie Spencer, outra cria do Campeonato Americano de motociclismo, a Honda voltava ao circuito mundial depois de quase quinze anos de afastamento. Ainda com uma moto de quatro tempos, Spencer consegue resultados discretos, mas os anos seguintes mostraram que a Honda voltaria rapidamente ao cume do esporte. Enquanto isso, Mamola sofria um forte acidente depois da quarta etapa da temporada 1982 e fica duas provas de fora, voltando apenas na metade final do campeonato, ainda com tempo de conquistar uma vitória e terminando o campeonato em sexto. Como Franco Uncini, seu companheiro de equipe na Suzuka, tinha vencido o Mundial daquele ano, todos acreditavam que Mamola podia ter conquistado o título naquele ano, mas o destino não quis assim. Para piorar, a Honda crescia a olhos vistos e já contava com a melhor equipe do Mundial, tanto estruturalmente como em pilotos. Spencer provava ser um piloto da linhagem dos grandes pilotos americanos do final dos anos 70 e superava dentro da equipe pilotos do naipe de Marco Lucchinelli e Ron Haslan. Para contrapor a Honda, a Yamaha monta uma estrutura invejável com a ajuda da Marlboro e trazia nomes respeitáveis para a equipe como o lendário chefe de equipe Kel Carruthers, Giacomo Agostini como chefe esportivo, além de trazer outra fera dos Estados Unidos para ser companheiro de Roberts: Eddie Lawson. A Suzuki fica parada no tempo, apenas assistindo a emocionante briga entre Spencer e Roberts, que dividiram todas as doze vitórias daquele ano com vantagem para o piloto da Honda na última corrida da temporada, com Mamola ainda conseguindo o terceiro lugar no Mundial mais na base da regularidade.

Após quatro temporadas na Suzuki, Mamola é atraído pela estrutura da Honda e se transfere para a equipe oficial da montadora. Num primeiro momento, o caminho parecia livre para Randy conquistar seu primeiro Mundial. Roberts havia anunciado sua aposentadoria no final de 1983 e Spencer havia sofrido um sério acidente na pré-temporada. Contudo, a Yamaha ainda tinha ás na manga. Eddie Lawson vence sua primeira corrida no Mundial logo na abertura da temporada de 1984 e o americano domina a temporada com quatro vitórias, enquanto Mamola, após um período de adaptação, vence três provas no final do campeonato e consegue o terceiro vice-campeonato na carreira. Porém, Spencer ainda mostrava todo o seu talento e já recuperado de suas lesões, vence cinco provas no ano e consegue a façanha de conquistar os Mundiais das 250 e 500cc em 1985. Mamola tem uma temporada apagada em 85, vencendo apenas uma corrida e ficando em último na disputa particular entre os pilotos da Rothmans Honda. Sem muito espaço dentro da Honda, Mamola recebe uma super-proposta. Uma proposta de sonho. Trabalhar com seu ídolo Kenny Roberts numa equipe que seria montada pelo americano com o apoio da Lucky Strike. Randy aceita no ato! Mamola seria o líder da equipe e inicia uma era das lindas motos patrocinadas pela tabaqueira. A Yamaha seria dividida entre as equipe de Agostini e Roberts, mas nem assim perde a competitividade, com Lawson derrotando a Honda de Wayne Gardner, enquanto Mamola conquista uma vitória e termina o ano de estréia da equipe Lucky Strike num promissor terceiro lugar.

Através de seus contatos com a Yamaha, Roberts passa a ter um maior apoio da montadora japonesa, mas isso acaba dividindo as atenções da Yamaha, que vê uma briga interna entre as suas duas equipes principais. Mamola vence a primeira corrida da temporada em Suzuka, na primeira vez que o circuito recebia uma etapa do Mundial, e liderava pela primeira vez na carreira o Mundial de Motociclismo. Porém, a unidade da Honda dá a Wayne Gardner a possibilidade de conquistar seu único título, enquanto Mamola e Lawson brigaram até o final do ano pelo vice-campeonato, ficando com Randy mais na base da regularidade. Era o quarto vice-campeonato do californiano. Após dois anos ótimos ao lado de Roberts e a Yamaha, Mamola aceitava o desafio de levar a Cagiva, que ainda tateava no Mundial de Motociclismo, as vitórias. A moto italiano corria de vermelho e tencionava se tornar uma espécie de Ferrari do motociclismo, mas Randy nunca foi considerado um grande acertador de motos e apesar de todos os seus esforços, ele nunca levaria a marca italiana a vitória, conseguindo resultados apenas regulares e apenas um pódio na Bélgica, em 1988. Quando seu contrato com a Cagiva acabou em 1990, Mamola dá um tempo no motociclismo, mas ele retorna em 1992 com uma Yamaha particular, onde consegue resultados melhores, mas longe das vitórias. Já contando com 33 anos, Mamola resolve abandonar a carreira. Ele disputou 151 Grandes Prêmios, onde conquistou 13 vitórias, 5 poles, 11 melhores voltas, 57 pódios, 1050 pontos conquistados e quatro vice-campeonatos (1980,81,84 e 87).

Após abandonar as pistas, Mamola se casou em 1994 e em 1996 cria o Riders of Health, onde ao lado de estrelas do motociclismo, vai ao interior da África, de moto, entregar alimentos aos necessitados. Esse era um lado de Randy Mamola fora das pistas. Outro era o que ele fazia dentro das pistas. Mesmo sem ter conquistado um único título na carreira, Mamola foi o piloto mais popular no Mundial de Motociclismo na década de 80 por causa de seu estilo extremamente temerário e pelo seu relacionamento com a torcida. Mamola foi o primeiro piloto a agradecer o público após as corridas e na volta de desaceleração, ele jogava luvas, botas e até seu capacete para o público. Sua forma de tomar as curvas, entrando de lado e com fumaça da borracha queimada saindo pela lateral da sua moto, faziam com que todos fossem a loucura. Isso poderia ser prejudicial a ele nas provas, mas ninguém parecia ligar muito para isso. Nem ele! Para Randy Mamola, além de vencer, o que importava era dar espetáculo. Durante o Grande Prêmio das Nações de 1985, em Misano, Mamola quase caiu de sua moto na curva rápida que antecedia a reta principal. Para um piloto normal, o instinto seria deixar a moto ir embora e rolar pelo chão. Não para Randy! Ele conseguiu o milagre de permanecer em cima da moto, no que é até hoje considerada a melhor manobra da história do motociclismo. Se não bastasse tudo isso, ainda havia uma loucura ainda maior. Durante o Grande Prêmio da França de 1986, em Le Mans, Mamola estava em segundo, muito distante do líder Lawson e igualmente longe do terceiro colocado Christian Sarron. Ao final da prova, Lawson venceu mais uma, com Mamola ainda mais longe, era o piloto mais saudado pela torcida. O motivo seria dado uma semana depois através do fotógrafo Dan Morley. Sozinho na pista e com a corrida sem muita emoção, Mamola parou sua moto na frente do público e dos comissários de pista, que correram em direção ao americano pensando que tinha tido problemas, e empinou sua roda traseira apenas para dar espétaculo a torcida, que foi a loucura. Quando Morley publicou a foto, cuja a imagem e TV não mostrou, Mamola ficou emocionado, mas o chefe de equipe Kenny Roberts ficou irritado, inclusive tendo demitido Randy. Alguns dias depois, talvez refeito da raiva e percebendo a beleza que seu piloto tinha proporcionado para quem gostava de corridas, Roberts voltou atrás. Afinal, ele sabia que esse era o estilo de Randy Mamola. Hoje em dia, o californiano acompanha o circuito do Mundial de Motociclismo como um dos mais respeitados comentaristas do mundo e ainda oferece exibições com uma Ducati de dois lugares, onde Mamola leva convidados a uma volta rápida antes da prova de MotoGP. Michael Schumacher foi um dos convidados e deve ter sido por isso que ele hoje corre de moto. Sempre no final de suas exibições, Mamola lembra a todos os fãs do motociclismo sua loucura em Le Mans, com uma empinada na roda traseira. Randy pode nunca ter conquistado um título, mas ele será sempre lembrado como um dos maiores pilotos de todos os tempos, além de um dos mais carismáticos e malucos da história!

Parabéns!
Randy Mamola

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

História: 15 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1994


A F1 esperava ansiosamente o fim da temporada de 1994 pelos mais variados motivos. Primeiro, pelo ano trágico, com duas mortes em um único final de semana, deixando a F1 numa situação de insegurança que há muito não se via. Segundo, porque várias mudanças técnicas fizeram com que os carros mudassem da água para o vinho com a temporada em andamento, causando uma verdadeira confusão na cabeça de engenheiros e projetistas. Terceiro, as várias intervenções extra-pista que acabaram por modificar o campeonato, fazendo com que Schumacher e Hill ainda estivessem em condições de serem campeões, separados por apenas um ponto com apenas uma corrida para o fim. O alemão da Benetton tinha feito uma temporada impecável até o GP da Inglaterra, quando foi desclassificado e passou a ser punido de forma discutível durante o resto da temporada, fazendo com que Hill diminuísse a diferença absurda que Schumacher tinha até a metade do ano. Se há quem diga que o inglês da Williams só chegou em Adelaide com chances de título por causa das punições a Schumacher, também não dá para negar que Damon aproveitou todas as oportunidades que lhes foram criadas e ainda arrumou o carro da Williams, que não funcionava nas mãos de Senna.

Novamente Hill teria a companhia de Mansell na equipe Williams, com o veterano inglês sendo uma espécie de conselheiro ao companheiro de equipe, indicando os caminhos do título, algo que Mansell não conseguiu seis anos antes em Adelaide. Porém, Nigel mostra a velha garra ao conseguir o melhor tempo da sexta-feira e como um dilúvio se abateu na Austrália no sábado, lembrando as chuvas que atrapalharam as edições de 1989 e 1991 da corrida na Oceania, Mansell consegue sua 32º e última pole na carreira. Schumacher era o favorito da maioria dos pilotos e torcedores, mas o frio alemão parecia nervoso e sofreu um forte acidente na sexta, porém Michael ainda consegue ficar na primeira fila, vencendo o primeiro round contra Hill. Com Herbert apenas em sétimo, Hill teria a vantagem de ter Mansell lhe ajudando na briga direta contra Schumacher, que tinha apenas o talento a seu valor. Além da malandragem...

Grid:
1) Mansell (Williams) - 1:16.179
2) Schumacher (Benetton) - 1:16.197
3) Hill (Williams) - 1:16.830
4) Hakkinen (McLaren) - 1:16.992
5) Barrichello (Jordan) - 1:17.537
6) Irvine (Jordan) - 1:17.667
7) Herbert (Benetton) - 1:17.727
8) Alesi (Ferrari) - 1:17.801
9) Brundle (McLaren) - 1:17.950
10) Frentzen (Sauber) - 1:17.962

O dia 13 de novembro de 1994 tinha céu claro e ensolarado em Adelaide, praticamente descartando a chuva que tinha desabado forte no sábado. Eram condições ótimas para uma decisão de campeonato e todas as atenções estavam voltadas em Schumacher e Hill antes da corrida. Mansell era reconhecido pelas suas ótimas e agressivas largadas e a expectativa era de que o inglês segurasse Schumacher nas primeiras voltas, mas Nigel não contava com as largadas fantásticas de Schumacher. Não faltavam os que falavam de um dispositivo proibido no Benetton do alemão, mas a verdade foi que Mansell patinou na largada e o alemão partiu voando rumo a primeira curva, assumindo a liderança da corrida, trazendo Hill consigo, que tinha também conseguido ultrapassar Mansell. O inglês da Williams ainda estava próximo do pelotão dianteiro, mas um erro ainda na primeira volta faz com que Hakkinen e Barrichello ultrapassem Mansell, deixando o Campeão Mundial de 1992 em quinto.

O erro de Mansell fez com que Schumacher e Hill conseguissem uma boa diferença para o resto do pelotão e isso deixava os dois protagonistas do campeonato sozinhos na frente, brigando por cada centímetro de pista na luta pelo primeiro título de ambos. A diferença entre os dois primeiros nunca superou 1s. Schumacher forçava, mas Hill ainda enchia os retrovisores do Benetton do alemão. Na volta 14, Mansell ultrapassa Barrichello e parte para cima de Hakkinen, acompanhados de perto por Alesi. Os quatro já estavam muito distantes dos dois líderes, que se aproximavam de suas primeiras paradas. Se não pudesse ultrapassar na pista, Hill poderia conseguir a manobra nos boxes. O pit-stop, tradicional calcanhar-de-aquiles da Williams, seria fundamental nessa batalha. Na 18º volta, Schumacher e Hill entram juntos nos boxes. Depois de terem forçado tudo na pista, os dois postulantes deixavam tudo nas mãos dos seus habilidosos mecânicos. A Benetton era a equipe mais rápida do ano, apesar do acidente em Hockenheim e trapaça na mangueira de combustível, e por isso não foi surpresa ver a equipe chefiada por Flavio Briatore conseguir liberar Schumacher 1s mais rápido do que Hill, fazendo com que a diferença entre ambos fosse ainda maior do que antes.

Isso parece dar a Hill uma força ainda maior devido a adversidade e faz com que o inglês aumente o ritmo e encoste rapidamente em Schumacher. O inglês começa a pressionar Schumacher. Naquele momento, a Williams parecia melhor do que a Benetton. Schumacher se defendia das investidas de Hill e passava a ficar mais perto do erro. Na volta 26, Schumacher passa reto e bate de leve no muro, porém, suficiente para quebrar sua suspensão. O alemão sabia que estava perdido e Hill via a sua frente a chance de sua vida. Schumacher volta rapidamente à pista e joga seu carro desavergonhadamente para cima de Hill, que desvia e tenta colocar por dentro. Foi um erro fatal. Se Schumacher foi capaz de jogar seu carro em cima do inglês quando estava voltando à pista, por que não jogá-lo na manobra seguinte? Numa das mais controversas manobras da história, Michael jogou seu carro danificado em cima de Damon e voa para fora da pista. Hill permanece na pista, mas logo se percebe que seu Williams não estava ileso. Um pneu furado era o menor dos males, pois com um 5º lugar, ele garantiria o título. Damon vai aos boxes trocar seu pneu dianteiro esquerdo, mas logo os mecânicos percebem que não era apenas um pneu furado. A suspensão estava torta e a corrida acabada.

Dentro do carro e explicando o incidente aos engenheiros, Damon Hill não disfarçava a decepção pelo triste fim de campeonato. Próximo ao local do acidente, Schumacher recebe a notícia de que era o Campeão Mundial de 1994 de uma comissária de pista. Num primeiro instante, Michael parece sem ação e permanece com as mesmas feições, mas aos poucos, o frio alemão vai se soltando, enquanto a Benetton vibrava com seu primeiro título. Aquilo era o antí-climax da decisão pelo título daquele ano, mas ainda havia uma corrida a ser disputada. Mansell assume a primeira posição após as paradas e com as punições a Hakkinen e Barrichello por ter desobedecido a velocidade máxima nos boxes, o inglês parte para uma vitória tranquila, conquistando sua 31º e última vitória na carreira. A Williams tinha o consolo do Mundial de Construtores, mas a controvérsia estava no ar.

Após quatro anos da polêmica decisão de 1990, mais uma vez o Mundial de F1 era decidido através de um acidente. Depois de um ano tão complicado, mais uma polêmica era tudo que a F1 não queria. Schumacher passou os quinze anos seguintes e passará o resto da sua vida sendo cobrado pela sua manobra em cima de Damon Hill, mas o alemão nunca demonstrou muito arrependimento do que fez naquela tarde de novembro, ao contrário do que já mostrou algumas vezes pelo incidente parecido em 1997. Na verdade, Michael se sentia roubado pela FIA após tantas punições e o alemão tinha Senna como maior exemplo, tanto que o alemão dedicou o título a Senna. Quando se sentiu roubado e teve a oportunidade de vingança, Senna fez a mesma manobra em cima de Prost. Schumacher se espelhava em Senna em vários aspectos, mas não precisava se inspirar em algo tão ruim ou negativo. Hill, fadado a ser um discreto segundo piloto de Senna no início do ano, conseguiu a proeza de levar a Williams de volta às vitórias após um início tremendamente ruim, mas parecia inocente demais para estar numa briga pelo título. Mesmo já contando com 34 anos, antes aos 25 de Schumacher, Damon parecia ser bem mais inexperiente do que Schumacher, tanto nas corridas como na vida. Hill poderia ter esperado Schumacher encostar e assumir a liderança e o título, mas o inglês caiu na ardilosa armadilha de Schummy e acabou ficando como vítima de Schumacher. A primeira de muitas. Se não fizesse mais nada na carreira, Michael Schumacher já tinha entrado na história pela forma como conquistou o seu primeiro título, mas o alemão conquistaria muitos mais vitórias e títulos. Além de polêmicas!

Chegada:
1) Mansell
2) Berger
3) Brundle
4) Barrichello
5) Panis
6) Alesi