domingo, 1 de novembro de 2009

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 1999


Após toda a polêmica na Malásia, a F1 volta a um local tradicional e onde os campeonatos são normalmente decididos. Com a confirmação da dobradinha da Ferrari no novo circuito de Sepang, Suzuka veria mais uma decisão apertada pelos título mundial de pilotos, com Eddie Irvine liderando o campeonato com dois pontos de vantagem sobre o campeão do ano anterior Mika Hakkinen. No início do ano, ninguém poderia imaginar ver o irlandês, segundo piloto destacado da Ferrari, brigando pelo título, mas as circunstancias esquisitas da temporada de 1999 fizeram com que Irvine fosse o favorito ao título, principalmente com a performance da Ferrari na corrida anterior.

Porém, a falta de experiência de Irvine em disputas pelo título poderia estar o atrapalhando numa pista que o próprio irlandês diz ser sua preferida. Eddie voltava aos angustiantes momentos em que não conseguia acertar sua Ferrari frente as McLarens e ainda sofreu um forte acidente na sexta-feira. Mas ainda havia Schumacher. O alemão provava em sua volta a F1 que dificilmente perderia esse título se não fosse o seu acidente em Silverstone e ficou com a pole com uma boa vantagem sobre Hakkinen, mas Irvine era apenas quinto no grid e seu sonho de título dependia unicamente da vontade de Schumacher trabalhar pela equipe e segurar Hakkinen lá na frente.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) – 1:37.470
2) Hakkinen (McLaren) – 1:37.820
3) Coulthard (McLaren) – 1:38.239
4) Frentzen (Jordan) – 1:38.696
5) Irvine (Ferrari) – 1:38.975
6) Panis (Prost) – 1:39.632
7) Trulli (Prost) – 1:39.644
8) Herbert (Stewart) – 1:39.706
9) R.Schumacher (Williams) – 1:39.717
10) Alesi (Sauber) – 1:39.721

O dia 31 de agosto de 1999 estava nebuloso e com temperatura baixa em Suzuka, mas o campeão da 50º temporada da F1 seria conhecido com pista seca e sem chuva, apesar do tempo carrancudo. A largada seria decisiva para os rumos da corrida e da decisão pelo título e Hakkinen já tinha feito algumas largadas surpreendentes, levantando até algumas suspeitas sobre algum dispositivo proibido em seu carro. Como isso nunca foi provado e Mika parecia possuído em conquistar seu segundo título mundial, o piloto da McLaren efetuou outra largada sensacional e antes da primeira curva já aparecia à frente de Schumacher e para piorar a situação de Irvine, Olivier Panis, da Prost, consegue uma largada ainda melhor e pula de sétimo para terceiro, com Irvine ainda conseguindo tomar a posição de Coulthard. O prejuízo para o ferrarista fica claro ao final da primeira volta, com o duo da ponta já colocando 3.5s em cima de Panis, que segurava todo o pelotão atrás de si.

Como McLaren e Ferrari nunca tiveram relações muito amistosas ao longo do ano, não faltaram comentários de acidentes propositais para prejudicar o adversário, mas Coulthard e Schumacher faziam uma corrida limpa até o momento, ambos procurando se aproximar do rival direto do seu companheiro de equipe. Hakkinen imprimia um rimo impressionante na frente e nem mesmo Schumacher parecia capaz de igualar, enquanto Irvine permanecia em quarto, colado em Panis, mas sem chances de ultrapassá-lo e ainda tendo que se preocupar com Coulthard, também colado atrás dele. O ritmo de Hakkinen era de tal forma forte, que na décima volta ele já tinha 5s de vantagem para Schumacher e 18s em cima de Panis, que começava a se descolar de Irvine, mas havia um motivo. Ainda na volta 16 o francês foi aos boxes para sua primeira parada, revelando uma arriscada estratégia de três paradas. Porém, nem isso deixava Irvine andar mais rápido e na primeira rodada de paradas, o irlandês perde a terceira posição para Coulthard.

Irvine parecia nervoso e a essa altura dependia unicamente de que Schumacher fizesse um milagre lá na frente, mas o tempo provava que isso era basicamente impossível, já que Hakkinen mantinha uma segura diferença de 7s em cima do alemão. Irvine tenta atacar Coulthard, mas não conseguia a ultrapassagem. O escocês passa a ser um segundo piloto mais efetivo do que Schumacher, com David segurando claramente Irvine, o que deixou o irlandês bastante contrariado depois da corrida. Enquanto Mika-Michael virava 1:41 lá na frente, David fazia com que Irvine virasse 1:44, fazendo com que a Ferrari tivesse uma desvantagem de 43s para os líderes na metade da prova. No entanto, Coulthard ainda ajudaria Hakkinen de forma mais direta.

A segunda rodada de paradas não mudou a situação dos dois primeiros, mas fez Coulthard rodar enquanto voltava a andar rápido na tentativa de voltar à pista à frente de Irvine. Nesse exato momento, Schumacher começava a andar ligeiramente mais rápido do que Hakkinen e ameaçava uma aproximação no líder. Numa atitude no mínimo estranha, Coulthard fica mais tempo do que o normal nos boxes e voltou à pista logo à frente dos líderes, a ponto de tomar uma volta. Logicamente Hakkinen passou sem problemas, mas quando foi a vez de Schumacher, David aplicou dois brake-tests em cima do alemão, só cedendo sua posição quando estava a ponto de receber a terceira bandeira azul, que o faria ser punido. Schumacher ultrapassou Coulthard reclamando muito, relembrando o passado nada amistoso dos dois. Na volta seguinte, Coulthard entrou nos boxes para abandonar graças a um ‘problema hidráulico’. Quando surgiu o escândalo de Cingapura envolvendo Nelsinho e a Renault, na hora me lembrei deste lance crucial da decisão do Mundial de 1999. Teria Coulthard ficado nos boxes mais tempo que o necessário somente para atrapalhar Schumacher? Ele teria rodado de propósito? Teria tudo sido orquestrado de maligna por Ron Dennis e sua trupe? Dez anos depois, nunca saberemos.

O fato foi que a diferença entre Hakkinen em Schumacher, que diminuía para menos de 5s subiu para mais de 10s após a presepada de Coulthard. Isso praticamente sacramentou a vitória e o título de Hakkinen. Faltando menos de dez voltas para o fim, Schumacher diminuiu o ritmo forte que tinha e praticamente levou seu carro até o final, enquanto Irvine estava num distante terceiro. Não faltou quem dissesse que Schumacher nunca se esforçou o que devia para que o título fosse para Irvine e até mesmo a Ferrari teria sacaneado com Irvine, não deixando que ele ficasse com as regalias de primeiro piloto e como conseqüência, não deixando que o irlandês conseguisse o sonho do título, mas o fato foi que Irvine foi um piloto opaco e sem brilho numa corrida em que ele podia ter atacado mais. Quem não tinha nada com isso era Mika Hakkinen. O finlandês recebeu a bandeirada pela vitória com extrema tranqüilidade e conquistava assim seu segundo título na carreira, se igualando a Schumacher e entrando como um dos grandes pilotos da história.

Chegada:
1) Hakkinen
2) M.Schumacher
3) Irvine
4) Frentzen
5) R.Schumacher
6) Alesi

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