terça-feira, 30 de março de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos Oeste 1980


A F1 parecia viver um período de transição no início da década de 80. As equipes tradicionais, como as duas últimas campeãs mundias, Ferrari e Lotus, ainda estavam bem abaixo das expectativas e no lugar delas, um batalhão de equipes emergentes davam as cartas naquele início de campeonato de 1980, com Williams, Renault, Ligier e Brabham dominando as primeiras corridas daquela temporada. Fora a Brabham no longuínquo ano de 1967, nenhuma delas haviam conquistado um título até então. Junto com esses times, vários pilotos praticamente novatos mandavam no certame, com René Arnoux liderando o campeonato após vencer as duas últimas corridas, enquanto Nelson Piquet e Didier Pironi faziam ótimas corridas até então. Em comum a esses três pilotos, apenas que eles estrearam em 1978, ou seja, tinham, no máximo, quarenta corridas de F1 no currículo.

Piquet já dava sinais que a aposta da Brabham em promovê-lo a primeiro piloto após a saída de Niki Lauda foi mais do que acertada e o brasileiro procurava sua primeira vitória para provar que tinha condições de brigar pelo título mundial apesar de estar apenas em sua segunda temporada completa na F1. Com um carro excepcionalmente acertado para o circuito de Long Beach, Piquet conseguiu sua primeira pole na F1 com mais de 1s de vantagem sobre o 2º colocado René Arnoux, surpreendendo com uma primeira fila num traçado que claramente não favorecia o seu carro com motor turbo. Na segunda fila, duas surpresas. A Alfa Romeo finalmente conseguia resultados condizentes ao seu investimento e Patrick Depailler, um piloto considerado acabado após um acidente de asa-delta em 1979, conseguia a 3º posição, à frente de Jan Lammers, estreando de forma incrível seu novo ATS. Enquanto isso, os campeões mundias de 1978 e 1979, Mario Andretti e Jody Scheckter, respectivamente, amargavam apenas a oitava fila. Emerson Fittipaldi conseguia a última posição no grid, superando o Shadow de David Kennedy por apenas dois décimos. Ao lado do bicampeão, largaria Clay Regazzoni, único piloto ainda na ativa da geração de Emerson.

Grid:
1) Piquet (Williams) - 1:17.694
2) Arnoux (Renault) - 1:18.689
3) Depailler (Alfa Romeo) - 1:18.719
4) Lammers (ATS) - 1:18.783
5) Jones (Williams) - 1:18.819
6) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:18.924
7) Reutemann (Williams) - 1:18.964
8) Patrese (Arrows) - 1:19.071
9) Pironi (Ligier) - 1:19.276
10) Villeneuve (Ferrari) - 1:19.285

O dia 30 de março de 1980 estava perfeito para uma corrida de F1 em Long Beach. A primeira curva do circuito de rua, um apertado hairpin, sempre foi pródigo em causar acidentes e por isso, todo cuidado era pouco. Sabendo da superioridade que tinha, Piquet fez uma largada perfeita, contornando a primeira curva em primeiro, seguido de Depailler e Arnoux. Uma pena foi o abandono precoce de Lammers, enquanto mais atrás a Brabham de Ricardo Zunino recebia um toque de Andretti e batia no muro ainda na primeira curva. Os sempre cuidadosos americanos resolveram deixar o carro do mexicano na área de escape. Um lugar aparentemente sem perigo, mas que mais tarde causaria uma tragédia.

Nelson Piquet fazia uma corrida perfeita e ninguém naquela tarde pôde sequer igualar o ritmo do brasileiro e o Brabham aumentava a diferença para os demais a cada volta. Ainda na terceira volta, Bruno Giacomelli vinha em 5º lugar, mas segurando um enorme pelotão atrás de si. O italiano era conhecido pela sua velocidade e, digamos, ser um pouco desastrado em suas opções táticas durante uma corrida. O italiano da Alfa Romeo vinha tentando segurar sua posição e fez com que ele, Reutemann, Jarier e Elio de Angelis fossem para a freada do final da reta dos boxes juntos. O cotovelo à direito era estreito e o resultado foi o pior possível, com Giacomelli rodando, fazendo com que Jarier e Reutemann batessem entre si e De Angelis acertasse o carro de Eddie Cheever, que estava abandonado a poucos metros do local. Quem se deu mal foi Elio de Angelis, que quebrou o seu tornozelo direito com o acidente. Enquanto isso, Clay Regazzoni e Emerson Fittipaldi, que haviam largado na última fila, utilizavam sua experiência para galgar posições e juntos, subiam pelo pelotão, enquanto os problemas não paravam de acontecer.

O líder do campeonato René Arnoux perdia rendimento a cada volta e ainda na volta 4 foi ultrapassado por Alan Jones, sendo posteriormente deixado para trás por Villeneuve, que sofria com sua quase indomável Ferrari. O segundo colocado Depailler não resistiu muito tempo ao assédio de Jones e foi ultrapassado na volta 17, com Villeneuve repetindo a manobra sobre o francês algumas voltas depois. A Alfa Romeo já mostrava velocidade, mas a pouca confiabilidade do equipamento italiano fez Depailler abandonar na volta 41 com a suspensão quebrada. Villeneuve, repetindo o erro de 1978 quando abandonou a corrida enquanto colocava uma volta num retardatário, tocava na traseira de Derek Daly enquanto colocava uma volta no irlandês e acabou tendo que ir trocar o bico do seu carro. Então, a tragédia.

Na volta 50, Regazzoni tinha acabado de assumir a 4º posição com o abandono de Jones. O suíço vinha fazendo uma corrida estupenda, enquanto Fittipaldi, igualmente sensacional, vide o equipamento que tinha, acompanhava Rega de perto. Então, no final da reta dos boxes, Clay Regazzoni perdeu os freios do seu carro a mais de 280 km/h e atingiu em cheio a Brabham de Ricardo Zunino, deixado no local desde a primeira volta. O Ensign de Regazzoni pegou fogo, mas os bombeiros agiram rápido e extinguiram o incêndio. No entanto, a situação era séria. Regazzoni estava desacordado, presos nas ferragens do seu carro e com as duas pernas quebradas. Foram precisos 30 minutos para tirar o piloto de 40 anos do seu bólido destruído. Quando chegou ao hospital, se descobriu que Regazzoni tinha a 12º vértebra esmagada e isso significava que o suíço estava definitivamente paralítico. Meses depois, Regazzoni tentou processar os organizadores por negligência, ao deixar o carro de Zunino naquele local, mas Rega acabou perdendo a causa. Ele continuou disputando corridas em carros especiais até morrer tragicamente no final de 2006.

Com todos esses incidentes, todos esperavam ansiosamente o final da corrida, que era dominada de forma abusurda por Piquet. Patrese estava muito longe para tentar uma aproximação ao brasileiro, enquanto Arnoux apenas tentava levar seu problemático Renault até o fim. Tentava. Na volta 78, o francês tem problemas em seu carro e perde um enorme tempo nos boxes, entregando o 3º lugar a Fittipaldi, que no dia anterior quase não conseguia colocar seu carro no grid. Nelson Piquet encerrava um jejum de cinco anos sem vitórias brasileiras na F1 e conseguia sua primeira vitória na F1 de forma categórica, conseguindo logo de cara seu primeiro hat-trick, com direito a vitória, pole e volta mais rápida na corrida. "Eu queria ganhar assim. Dominando a corrida, não vencendo porque alguém abandonou," diria Piquet mais tarde. Para melhorar aquela tarde para o Brasil, Emerson Fittipaldi conseguia o que viria a ser seu último pódio na F1. A imagem do velho campeão levantando o braço de Piquet significava muita coisa. Foi uma espécie de passagem de bastão, principalmente quando Emerson ficou sabendo da gravidade do estado de Regazzoni. O acidente tinha acontecido na frente de Fittipaldi e o suíço era o único piloto que tinha estreado no ano dele na F1, dez anos antes. Enquanto relaxava em uma banheira após a corrida, Emerson diz a Maria Helena, sua esposa. "Só vou correr até o final do ano. Depois, acabou." Realmente a F1 passava por um período de transição, onde saía de cena um campeão para a entrada de outro.

Chegada:
1) Piquet
2) Patrese
3) Fittipaldi
4) Watson
5) Scheckter
6) Pironi

segunda-feira, 29 de março de 2010

Figura (AUS): Robert Kubica

A perspectiva de 2010 para Robert Kubica era sombrio. A Renault vinha de duas temporadas terríveis e a venda de grande parte da equipe para um fundo de investimento desconhecido era a senha para um ano ruim. E os testes de pré-temporada confirmaram isso, onde nem Kubica e muito menos o novato Vitaly Petrov foram capazes de conseguir um único bom resultado. Muitos temeram pelo desperdício de talento que era ver Kubica andando num carro ruim. Porém, o polonês conseguir tirar leite de pedra e conseguiu colocar seu carro no Q3 no Bahrein, mas um toque na primeira curva acabou por estragar a corrida do polaco. Em Melbourne, Kubica novamente surpreendeu e pôs seu Renault entre os dez mais rápidos e a expectativa era de pontos. Contudo, se em Sakhir Kubica foi vítima na primeira curva, em Albert Park o piloto da Renault foi o grande beneficiado da conturbada primeira curva e pulou de 9º para 4º na primeira curva. Com uma posição claramente acima do potencial do seu carro, era de se esperar Kubica perdendo posições e até mesmo atrapalhando os pilotos mais rápidos. Que nada! O polonês fez uma corrida perfeita, onde andou próximo de Vettel e Button por alguns momentos, se defendeu de forma perfeita de Rosberg no início e de um insandecido Lewis Hamilton logo depois. Se o piloto da McLaren ultrapassou como quis a poderosa Ferrari de Felipe Massa, o inglês conseguiu o mesmo efeito em Kubica, que ainda tomou a arriscada decisão de não parar, permanecendo com os mesmos pneus (macios) até o final da prova, onde teria que andar com cuidado em um carro desequilibrado. Com isso, a Ferrari rapidamente se aproximou e assim como fez com Hamilton, Kubica não teve trabalho para segurar Massa. O incrível era que o piloto da Renault não fechava porta ou usava de manobras bruscas. Kubica teve uma atuação impressionante com um carro bem inferior aos que superou e o 2º lugar conquistado na Austrália prova que o talento deste polonês não pode (e nem deve) ser desperdiçado!

Figurão (AUS): Mark Webber

Muitas vezes, o fato de se correr em casa pode ter um efeito contrário ao esperado e ser até prejudicial, por motivos que passam por técnicos e psicológicos. Não faltam casos clássicos, como o de Jacques Villeneuve no Grande Prêmio do Canadá e Rubens Barrichello no Grande Prêmio do Brasil. Esse também parece ser o caso de Mark Webber em sua corrida nativa. O australiano foi rápido em Melbourne como em qualquer pista, liderando treinos livres e conseguindo um lugar na primeira fila. Porém, na corrida, o nervosismo de Webber em conseguir uma boa corrida na frente dos seus compatriotas foi patente e seus erros, alguns até primários, foi a prova que os nervos do normalmente frio Mark Webber não estavam no lugar, culminando no inútil e totalmente evitável toque em Lewis Hamilton na penúltima volta da corrida, estragando não apenas sua corrida, como uma divertida disputa por posição que envolvia também Fernando Alonso, totalmente sem pneu no final da prova. Webber tem em mãos o melhor carro da F1 na atualidade, mas corridas como a de hoje, não importando onde seja, pode ser muito prejudicial a sua disputa pelo título e também dentro da própria equipe, onde Vettel vem sobrando.

domingo, 28 de março de 2010

Melboune continua lindo!


Duas paradas obrigatórias? Piorar os pneus para criar uma diferença entre compostos duros e macios? A volta do reabastecimento? Com apenas uma corrida no insosso circuito de Sakhir, todos na F1 clamaram por mudanças após uma corrida monótona no Oriente Médio, mas quando a categoria foi para um circuito que proporciona emoção, vimos uma das melhores corridas dos últimos tempos, que ainda contou a ajuda da velha ajudante para melhorar as corridas da F1: a chuva. Jenson Button, outro que saiu com a imagem arranhada após a primeira etapa do mundial, usou a inteligência para ler primeiro que os outros a mudança de aderência na pista e vencer pela primeira vez na McLaren, mas o inglês não foi o único protagonista da corrida deste domingo.

Na verdade, não faltou emoção, alternativas e destaques na corrida em Melbourne. A chuva fina que melou a pista, como disse Galvão Bueno, proporcionou uma enorme dor de cabeça para pilotos e equipes, mas todos largaram com pneus intermediários, porém a famosa primeira curva de Melbourne fez suas vítimas e a principal foi justamente o vencedor da corrida passada, Alonso. Metros mais tarde, um acidente assustador tirou três pilotos do meio do pelotão: Kamui Kobayashi, Sebastien Buemi e Nico Huckenberg. Ao contrário da expectativa inicial, esse acabou sendo a única entrada do safety-car. E que safety-car! A Mercedes caprichou com o novo carro de interferência. Porém, na medida em que a chuva passou e os pilotos precisariam trocar seus pneus, a emoção aumentou e houve várias brigas e, vejam só, ultrapassagens. Em todos os níveis do pelotão, houve troca de posições e piloto mostrando o bico. No final, a estratégia diferenciada de alguns pilotos trouxe um novo cenário para o final da prova e foi isso que causou uma grande emoção no final da corrida. Se no Bahrein houve uma espécie de conservadorismo exacerbado das equipes, em Melbourne, já houve quem arriscasse mais e de forma surpreendente, os pneus moles duraram muito mais do que o esperado. E foi assim que Jenson Button e os três pilotos que vieram a seguir conseguiram as primeiras posições da corrida. O inglês da McLaren teve uma prova atribulada no seu início, quando se envolveu no toque da largada e fez Fernando Alonso rodar na primeira curva, enquanto o próprio Button perdesse posições. Quando foi ultrapassado pelo seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton (que começava seu show), Button tomou a iniciativa de ir aos boxes e colocar pneus slicks, enquanto a chuva parava. Uma saída de pista e parecia tudo perdido para o inglês, mas quando seus pneus chegaram a temperatura ideal, Button passou a andar bem mais rápido do que os demais e quando a maioria dos pilotos foram aos boxes, o inglês pulou de sétimo para segundo. Sorte ou competência? Apesar dos dizeres globais, coloco mais na competência de Button, que usou a experiência para ler mais rápido do que os demais as mudanças nas condições de pista e para segurar o carro numa pista ainda úmida e com pneus frios. Sem condições de ataque sobre Vettel, Button parecia num tranqüilo segundo lugar quando o alemão da Red Bull teve problemas de freios e abandonou a corrida. A partir daí, o que era um tranqüilo segundo lugar se transformou numa tranqüila primeira posição, mas a grande corrida do inglês não havia acabado ainda. Já tendo usado dois tipos de pneus diferentes, Button preferiu ficar na pista com pneus moles, numa situação crítica, em que chegou a andar 2s mais lento do que os pilotos que tinha feito uma segunda troca. Porém, o atual campeão mundial se usou, de forma involuntária, de um grande escudeiro para faturar uma grande vitória e ter a primazia, pelo menos nesse início de campeonato, de conseguir a primeira vitória da McLaren em 2010. Foi uma vitória para dar moral ao inglês, que parecia uma presa fácil para Hamilton, percepção aumentada pela corrida extremamente discreta no Bahrein. Agora com uma vitória e a 3º posição no Mundial de Pilotos, Button deverá ser visto com outros olhos pela cúpula da McLaren.

Apesar da grande vitória de Button e do show de Hamilton, para mim o grande piloto deste domingo se chama Robert Kubica. Não devemos esquecer que a F1 tem hoje uma espécie de G4, que engloba as quatro principais equipes do Mundial, no qual a Renault, longe dos seus momentos de glória, não faz parte. Por sinal, se valermos pela pré-temporada, os franceses corriam o risco de ser o fiasco do ano, mas quando se tem um talento como Kubica, certas verdades não são tão absolutas. O polonês já tinha impressionado no Bahrein, quando colocou seu problemático Renault no Q3, mas um toque na largada estragou a corrida do polaco, mas na Austrália, Kubica deu um show de como se defender durante uma prova com um carro muito inferior. Primeiramente, o piloto da Renault já tinha sido inteligente o suficiente para manobras evasivas, quando desviou com maestria das rodadas na largada e pulou de 9º para 4º na primeira volta. Claramente aquele não era o lugar do carro da Renault, mas Kubica usou do seu talento para se segurar de pilotos com carros claramente melhores do que o seu. Primeiro foi Rosberg, depois das paradas, foi a vez do agressivo Hamilton, que não tinha tomado conhecimento de ninguém a sua frente, mas esbarrou em Kubica. Já em 2º lugar, o polonês resolveu seguir Button e ir até o final com os pneus slicks que havia trocado no início da corrida, mas para Kubica essa decisão era ainda mais arriscada, pois seu carro não tinha o equilíbrio dos demais e ainda tinha que agüentar a pressão das duas Ferraris, lideradas por Felipe Massa. O brasileiro se aproximou da Renault de Kubica, mas em nenhum momento o polonês deu alguma brecha ao brasileiro e de forma incrível, Robert Kubica conseguiu um pódio genial, chegando em 2º lugar. Foi uma prova de que Kubica tem condições de brigar por títulos e vitória se tiver um bom carro em mãos, mas ainda que esteja com um carro não considerado favorito, o polonês pode ser tornar a surpresa do ano. Vitaly Petrov foi outro que ganhou várias posições na largada (oito), mas a sua inexperiência fez com que rodasse assim que colocou pneus slicks. Porém, o russo vem mostrando seu valor nesse seu início de F1.

Após uma dobradinha dominante no Bahrein, a Ferrari teve uma corrida difícil em Melbourne, onde o pódio de Felipe acabou sendo um prêmio de consolação. Por sinal, Massa deu o troco em Alonso, quando o brasileiro ultrapassou o companheiro de equipe de forma sensacional na largada, assumindo a segunda posição ainda antes da primeira curva. Mas enquanto Alonso, favorito da Ferrari para conseguir um bom resultado na Austrália rodava, Felipe sofria com a falta de aderência do seu carro. Ele foi ultrapassado com certa facilidade por Webber e era pressionado por Kubica, quando resolveu, junto com praticamente todo o pelotão, colocar slick. Aí, foi a vez de a Ferrari errar de novo e Massa perdeu duas posições, numa manobra em que a TV não mostrou. Felipe Massa ainda foi ultrapassado por Webber novamente, mas se aproveitou da intromissão de Hamilton na disputa para ultrapassar os dois, mas não foi capaz de segura-los mais tarde. Tentando uma estratégia diferente, Felipe emulou a tática de Button e Kubica, ficando na pista com pneus macios. Ainda que Massa não tenha conseguido ultrapassar Kubica quando colou no polonês, ninguém havia conseguido este feito e o pódio, o primeiro na Austrália, foi uma boa forma de marcar bons pontos quando o carro não ajudou. Alonso fez uma corrida agressiva e cheia de ultrapassagens. O espanhol, que parecia ser o único a ter condições de enfrentar as Red Bulls em condições normais, foi tocado por Button na largada e partiu para uma incrível corrida de recuperação. Porém, quando Alonso chegou em Massa, deve ter recebido uma ordem da Ferrari para ter mais calma na disputa e, opinião minha, por isso não ultrapassou o brasileiro, apesar de ter colocado de lados algumas vezes. Como era o último dos pilotos a não fazer a segunda parada, Alonso teve a indigesta missão de segurar um espevitado Hamilton 2s mais rápido do que ele. Quando o inglês colou na sua traseira, Alonso soube segurar com sua maestria habitual Lewis e ainda contou com a ajuda providencial do trapalhão do dia nas voltas finais. Mesmo fora do pódio, algo em que em condições normais não aconteceria, Alonso tem o que comemorar, pois conseguiu marcar pontos importantes e se manteve na liderança do Mundial. Mesmo fazendo parte do G4, a Mercedes vem se mostrando o elo mais fraco das equipes mais fortes e definitivamente não foi um fator em Melbourne. Nico Rosberg escapou bem dos acidentes da primeira volta, mas o alemão fez uma prova discretíssima e chegou num 5º lugar sem ser muito mostrado, apesar de um ataque final a Alonso nas duas últimas voltas. Uma prova cabal disso foi a performance pífia de Schumacher. Um dos envolvidos no incidente da primeira curva, o alemão teve que troca o bico e caiu para último, mas com Alonso logo à sua frente. A corrida de ambos era de recuperação, mas Alonso se livrou dos adversários com categoria, enquanto Schumacher demorava um pouco mais para se livrar de Hispania, Virgin e Lotus, ficando mais de 50 voltas empacado atrás de Jaime Alguersuari, que tem a metade de sua idade! Quando finalmente deixou o espanhol para trás, com direito a toque de rodas, Schummy passou De La Rosa no final e ainda marcou um pontinho. Uma corrida desastrosa para o alemão, que havia começado tão bem o final de semana. No fundo, Schumacher e Ross Brawn devem ter sentido falta dos reabastecimentos e as estratégias de box.

Lewis Hamilton merece um capítulo a parte nesta corrida. O inglês se envolveu num incidente fora das pistas na sexta-feira e fez uma Classificação que beirou o ridículo no sábado, onde não passou para o Q3. Porém, passados dois dias do problema com a polícia, Hamilton colocou a cabeça no lugar e fez uma prova extremamente agressiva e cheia de ultrapassagens e briga por posições. Lewis deu um show! Apesar de Galvão insistir em culpar o inglês pelas manobras em que saiu da pista, Hamilton não teve culpa em nenhuma delas, pois Webber parecia emocionado demais em estar correndo em casa... O sexto lugar, apesar da batida que levou do australiano por trás nas últimas voltas, foi pouco pelo que Hamilton fez em Melbourne e como Button mostrou que a McLaren tem um bom carro em mãos, Lewis tem tudo para ser um dos favoritos ao título esse ano. De favorita absoluta no sábado, a Red Bull teve uma corrida para esquecer no domingo. Mesmo a leve chuva não ajudando a equipe austríaca no início, Vettel tinha tudo para vencer a corrida australiana, mas outro problema mecânico pôs tudo a perder, quando o alemão perdeu os freios ainda no início da prova, quando liderava com certa folga. Em duas corridas, Vettel liderou ambas, mas a foi a Red Bull que acabou tirando o doce da boca do alemão, podendo influenciar decisivamente no final do campeonato. Como influenciou no ano passado. Mark Webber teve uma corrida para esquecer correndo em casa. A má largada foi corrigida com uma ultrapassagem sobre Massa no início da prova, mas a demora da Red Bull em chamar seus pilotos para colocar os pneus slicks acabou por atrapalhar o australiano, que caiu para o meio do pelotão e não soube lhe dar com os carros mais lentos que o seu. Na verdade, Webber foi um verdadeiro trapalhão, se envolvendo em dois incidentes com Hamilton, sendo que no final acabou acertando a traseira da McLaren a poucas voltas para o fim. Tendo que trocar o bico do seu, Webber caiu para nono e se vê distante na briga pelo Mundial, correndo o risco iminente de se tornar um segundo piloto a favor de Vettel.

Novamente Liuzzi conseguiu uma boa corrida após ser superado por Sutil na Classificação. O italiano apareceu ultrapassando De La Rosa, foi mais rápido do que Barrichello durante a prova e ainda ganhou uma posição com o incidente de Webber. Mesmo mais lento de Sutil, que abandonou ainda no início da prova, Liuzzi marcou todos os pontos da Force Índia em 2010 e ainda está a frente de Webber no campeonato. Rubens Barrichello ficou logo atrás de Kubica com a confusão da primeira volta, mas ao contrário do polonês, não segurou o rojão e foi sendo ultrapassado pelos pilotos que o atacavam e acabou bem longe do polaco. Em mais um discurso precipitado, Barrichello errou novamente quando disse que a Williams tinha voltado a ser uma grande equipe. Ainda falta muito para a tradicional equipe voltar aos bons dias e Barrichello, com toda a sua experiência, deveria saber disso e voltar a fazer boas corridas, algo que não aconteceu hoje. De La Rosa podia ter marcado o primeiro ponto da Sauber na temporada, mas o espanhol acabou ultrapassado por Schumacher no finalzinho da corrida e acabou em 11º, tendo que esperar um pouco mais para pontuar. A Sauber, que muitos diziam que poderia surpreender, vem se tornando cada vez mais uma equipe média para pequena, com sua falta de investimento. Jaime Alguesuari deverá guardar o dia de hoje em sua memória após ter segurado a corrida inteiro a lenda Michael Schumacher com seu humilde Toro Rosso. O jovem espanhol fez uma corrida correta e só foi ultrapassado quando cometeu um pequeno erro e ainda assim tocou rodas com o alemão para então ceder a posição. Na segunda divisão, a mesma Lotus que parecia melhor que todo mundo sofreu com um problema com o carro de Trulli, que por isso nem largou. Kovalainen apareceu levando voltas de todos e quase foi crucificado por Galvão quando Massa quase perde a posição para Alonso enquanto era ultrapassado pelo brasileiro, mas o finlandês pouco pôde fazer no momento. A Virgin ainda sofre com seus problemas de confiabilidade e Karun Chandhok, devagar e sempre, conseguiu a proeza de levar seu carro até o final da corrida sem quebras, algo que não tinha sido visto até então na pequena equipe espanhola. Bruno Senna abandonou no início, enquanto Di Grassi demorou um pouco mais. Uma lástima para ambos.

Foi um corridão hoje em Melbourne e o novo regulamento já mostrou sua cara com uma corrida onde houve quem parasse um ou duas vezes. Apesar da chuva no início, a prova foi movimentada em todo momento e as ultrapassagens que faltaram no deserto do Bahrein, sobraram em Melbourne, uma pista mais apertada, mas muito mais divertida. Outro fato interessante foi a pontuação, com a valorização da vitória fazendo com que Button subisse de sétimo para terceiro no Mundial com a vitória, enquanto Alonso permaneceu na liderança com sua vitória. Isso pode indicar uma ainda maior procura pela vitória, mas a F1 mostrou que pode surpreender quando todos a criticam. Hoje ninguém pode reclamar de falta de emoção, enquanto Melbourne, com sua bela paisagem e sua pista incrível, fazendo com que tenhamos sempre ótimas corridas, continua linda!

sábado, 27 de março de 2010

Vimos mesmo!


Lewis Hamilton já tinha declarado nessa semana que a Red Bull era ridiculamente mais rápida do que as outras, enquanto Felipe Massa, mais comedido, foi na mesma toada. Parecia incrível uma equipe que nem tinha ocupado o pódio no Bahrein estar com tanto cartaz na F1, mas em Melbourne, a equipe austríaca provou que está num melhor momento, mesmo com a dobradinha da Ferrari. Vettel e Webber colorirão a primeira fila de azul e partirão na frente nesta madrugada e esta será a chance do alemão de se vingar da Ferrari, que tomou uma vitória que parecia certa de Vettel no deserto duas semanas atrás. "Eles verão", bradou Vettel no rápido após a confirmação da sua pole.

Por ter perdido a hora e já me preparando para a corrida, não assisti aos treinos classificatórios e então comentarei apenas pelos resultados dos treinos. Adryan Newey voltou a projetar um carro extremamente rápido e juntando com o talento de Vettel, resultou em mais uma pole para a Red Bull. Correndo em casa, Mark Webber completou a primeira fila, mas nos resta saber se outra característica dos carros de Newey aparecerá: a inconfiabilidade, algo que já apareceu no Bahrein. A Ferrari, única a fazer frente a Red Bull no momento só teve em Fernando Alonso um adversário capaz de incomodar um pouco os carros energéticos e ficou em terceiro. Infelimente perdi o treino e não vi as desculpas globais pelo desempenho apenas discreto, já que desta vez não há a diferença de gasolina para explicar um desempenho ruim de Massa. No entanto, a verdade é que Massa nunca se deu muito bem em Melbourne e o frio que fez na Austrália pode indicar dificuldades da Ferrari em aquecer seus pneus.

A McLaren enfrentou alguns problemas com Hamilton, que incrivelmente não teve conseguiu passar para o Q3, mas o desempenho de Button, ficando em 4º, pode indicar que Lewis realmente está com a cabeça em outro lugar, após ter seu carro apreendido na sexta-feira. A Mercedes evolui a medida em que Schumacher cresce e o alemão ficou muito próximo de Nico Rosberg na Classificação e uma evolução tedesca pode facilmente acontecer nas próximas corridas. Com Hamilton fora do Q3, sobrou uma vaga na última parte da Classificação e essa ficou com Barrichello, que se aproveitou para superar Kubica e Sutil, que haviam conseguido o feito no Bahrein. Kubica, por sinal, vem sendo a grande surpresa do campeonato ao levar o carro da Renault a lugares nos quais o potencial verdadeiro do carro não mostra. Sauber, Toro Rosso e os segundos pilotos de Williams, Force India e Renault se expremeram no segundo pelotão, à frente do pelotão das novatas, com a Hispania ainda sofrendo com problemas de confiabilidade.

A corrida desta madrugada promete ter mais atrativos em comparação a monótona prova do Bahrein. A primeira curva em Melbourne sempre trouxe problemas e com tanque cheio de combustível, podemos ter surpresas. Agradáveis e desagradáveis. Sem contar que historicamente, o safety-car sempre aparece em Albert Park. Fora que o tempo carrancudo de hoje pode se repetir novamente, mas trazendo chuva, algo que já aconteceu na sexta. Porém, em condições normais, a Red Bull deve vencer, com a Ferrari (de Alonso) correndo por fora.

sexta-feira, 26 de março de 2010

História: 10 anos do Grande Prêmio do Brasil de 2000


Faziam seis anos que o Brasil não sentia o gostinho de um compatriota seu ganhar o Grande Prêmio local. Após a morte de Senna, Rubens Barrichello sempre competiu em equipe pequenas e nunca teve chances reais de vencer a corrida em Interlagos, que ficava muito próximo a sua casa. Agora na Ferrari, o povo brasileiro se vestiu de vermelho e pintou de rubro as arquibancadas de Interlagos, na esperança de Barrichello derrotar as McLarens e, principalmente, Michael Schumacher, que jogou uma pelada no Maracanã, mas toda a mídia tratou de antipatizar ainda mais o alemão frente ao público brasileiro. Para muitos, se quisesse vencer, Barrichello teria que ganhar do alemão.

Porém, o que marcou aquela corrida no Brasil foi o vexame que aconteceu durante a Classificação. Os pilotos tinham pressa em tentar marcar um tempo, pois os céus paulistanos eram ameaçadores e chuva poderia cair a qualquer momento. Quando a dupla da McLaren já ponteava o treino, uma placa de publicidade caía suavemente dentro da pista, provocando a primeira bandeira vermelha. Quando a pista foi liberada, todos os pilotos foram à pista na medida em que o céu ficava cada vez mais escuro, mas outra placa publicitária caiu e o pano vermelho foi novamente mostrado. Placa recolocada, Barrichello estava com parciais que lhe dariam a pole, quando uma terceira placa publicitária caiu bem no momento em que Alesi vinha a toda na reta. O francês ainda atingiu a placa da Marlboro e o treino foi interrompido mais uma vez. De forma inacreditável, Galvão Bueno disse que a placa da Marlboro poderia cair, pois era ela quem pagava o salário de Barrichello... Me poupe! Como castigo, a chuva finalmente veio e o brasileiro ficou em 4º, frutrando a torcida brasileira e deixando os organizadores embaraçados, inclusive com acusações de sabotagem de grupos políticos querendo derrubar Celso Pitta da prefeitura. Houve ameaças de Interlagos sair do calendário, mas muito mais do que sabotagem, ficou evidente a falta de cuidado no qual a cidade de São Paulo tinha com seu autódromo na época.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:14.111
2) Coulthard (McLaren) - 1:14.285
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:14.508
4) Barrichello (Ferrari) - 1:14.636
5) Fisichella (Benetton) - 1:15.375
6) Irvine (Jaguar) - 1:15.425
7) Frentzen (Jordan) - 1:15.455
8) Villeneuve (BAR) - 1:15.484
9) Button (Williams) - 1:15.490
10) Zonta (BAR) - 1:15.515

O dia 26 de março de 2000 estava quente e nublado, havendo inclusive chance da chuva que atrapalhou a Classificação poder voltar durante a corrida. Desde os tempos de Senna, Interlagos não via tanta gente nas suas arquibancadas e todo o público tinha uma certeza: Barrichello colocaria Schumacher no bolso e venceria na frente de ua torcida, ávidos por uma vitória consagradora do brasileiro, que ainda perseguia sua 1º vitória na F1. Desde os primeiros treinos, ficava claro e evidente que a vitória ficaria entre os pilotos de McLaren e Ferrari, que dominavam as duas primeiras filas e uma boa largada seria essencial. Por isso, Schumacher partiu com tudo para cima de Coulthard e como o escocês deixou seu carro patinar, o alemão já estava em 2º antes da primeira curva. Hakkinen cruzou a primeira volta em primeiro, mas com Schumacher em seu vácuo e numa clássica manobra de ultrapassagem em Interlagos, o alemão deixou o piloto da McLaren para trás no final da reta dos boxes, enquanto mais atrás Barrichello fazia exatamente a mesma coisa com Coulthard, assumindo a 3º posição.

Imediatamente Schumacher passou a imprimir um ritmo alucinante e em poucas voltas tinha uma diferença significativa para Hakkinen, que tentava segurar Barrichello, que o pressionava fortemente. O brasileiro chegou a errar e perder a 3º posição para Coulthard, retomando logo depois. Com o tempo, estava ficando claro que as duas Ferraris estavam mais leves e parariam mais cedo, mas enquanto Schumacher fazia sua parte, Barrichello era atrasado por Hakkinen. Apenas na 15º volta, o brasileiro consegue assumir a 2º posição, mas já estava incríveis 16s atrás do companheiro de equipe. Schumacher, confirmando as expectativas, pára cedo e indica sua estratégia de três paradas.

Após sua parada nos boxes, Barrichello estava em 4º, mas seu acelerador passou a não funcionar direito. Para piorar, outros acionamentos hidráulicos começaram a falhar e na volta 28, após um pequeno incêndio, o piloto brasileiro encostou no box da Ferrari para abandonar. Parte da torcida brasileira, frustrada, também abandonava Interlagos. E uma quebra começava a cair na boca das equipes de F1: problema hidráulico. Porém, nem tudo era ruim para a Ferrari, quando Mika Hakkinen chega aos boxes lentamente quatro voltas mais tarde para abandonar mais uma vez, ficando zerado em pontos. Para melhorar a vida de Schumacher, o segundo colocado Coulthard estava tendo problemas de câmbio, já tendo perdido a primeira e a terceira marchas.

Lá na frente, Schumacher estava sem pressão, mas ainda assim andando muito rápido e fixando o recorde da pista de Interlagos de então e após sua última parada, Michael tinha uma vantagem confortável e venceu com enorme tranquilidade, liderando o campeonato com 100% de aproveitamento. Coulthard marcava os primeiros pontos da McLaren, mas a vistoria após a corrida indicou que vários carros estavam irregulares, inclusive a Ferrari de Schumacher e a McLaren de Coulthard. Contudo, apenas a McLaren do escocês foi punida por estar com o aerofólio baixo demais e o escocês, assim como a equipe de Ron Dennis, saía do Brasil com as mãos abanando. Com a desclassificação de Coulthard, um jovem inglês de 20 anos marcava um ponto pela primeira vez na F1. Seu nome? Jenson Button.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Fisichella
3) Frentzen
4) Trulli
5) R.Schumacher
6) Button

História: 15 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1995


Após a trágica temporada de 1994, a FIA introduziu um pacote de mudanças que fizeram os carros de 1995 serem muito diferentes em comparação ao ano anterior. Alguns anos depois, quando Max Mosley promovia um pacotão de mudanças, as equipes sentiam calafrios, mas desta vez era em prol da segurança e ninguém parecia reclamar em ter que mudar seus carros da água para o vinho em apenas um ano. Visualmente falando, os cockpits estavam muito mais largos e a cabeça dos pilotos estava mais protegida, além de que, o banco do piloto era uma espécie de maca médica quando precisasse. Porém, ninguém esperava que o banco fosse usado como tal após um ano tão terrível como 1994.

Além dos acidentes, também havia a polêmica que tinha marcado o ano anterior e Michael Schumacher, mesmo campeão, era visto com certa desconfiança por todos e os torcedores brasileiros elegeram o alemão como inimigo número um, começando uma antipatia que dura até hoje. Porém, Schumacher teria mais chances de repetir seu sucesso, pois a Benetton havia conseguido os motores Renault, considerado o melhor da F1 na época. Como havia acontecido em 1994, Schummy não teria com quem se preocupar dentro do seio da equipe, pois Johnny Herbert iria ser claramente um segundo piloto obediente. Na Williams, Damon Hill estreava como primeiro piloto de uma equipe de ponta desde o início da temporada e ainda não teria a sombra de um grande piloto ao seu lado, pois o jovem David Coulthard, em sua primeira temporada completa, mais aprenderia do que atrapalharia Hill. Após vencer em Adelaide, Nigel Mansell se sentiu forte o suficiente para ficar na F1, mesmo aos 41 anos de idade, mas não acertou com a Williams, tendo que se conformar com a McLaren. Ron Dennis não gostava de Mansell e sabia que havia recíproca nesse sentimento, mas teve que ceder as pressões da Philip Morris, que reclamava ter nenhuma grande estrela vestindo seu macação vermelho. Os atritos começaram cedo, quando Mansell deixou a McLaren em posição difícil ao dizer que não cabia no carro e Mark Blundell teve que correr as primeiras corridas, enquanto um novo cockpit era feito para caber o traseiro de Mansell. E os pilotos brasileiros? Quase um ano após a morte de Ayrton Senna, todas as expectativas estavam voltadas em Rubens Barrichello, que havia feito uma pré-temporada surpreendente em seu Jordan e o brasileiro, com apenas 22 anos, foi na onda e aceitou toda a expectativa criada em cima dele. Barrichello se arrependeria amargamente disso mais tarde. A novidade entre os brasileiros era a criação da Forti Corse, uma equipe patrocinada pela família de Pedro Paulo Diniz, que estreava na F1, e teria Roberto Moreno como professor.

Logo nos primeiros treinos, ficou claro que a Williams tinha o melhor carro, mas novamente encontraria em Schumacher um adversário duro de ser batido, mesmo em um carro inferior. Damon Hill conquista a pole-position com facilidade, enquanto Schumacher, após dois acidentes nos treinos, tira um segundo lugar da cartola. Coulthard e Herbert completam uma quadra da Renault, deixando claro que Ferraris e McLarens estavam um degrau abaixo. E Barrichello? O brasileiro chegou a Interlagos usando um capacete em homenagem a Senna e criou em torno de si a imagem que seria o substituto natural de Senna no coração dos brasileiros. Porém, os primeiros resultados foram pífios e Rubens acabou apenas em 16º no grid, mais de 1s mais lento que seu companheiro de equipe, Irvine.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:20.081
2) Schumacher (Benetton) - 1:20.382
3) Coulthard (Williams) - 1:20.422
4) Herbert (Benetton) - 1:20.888
5) Berger (Ferrari) - 1:20.906
6) Alesi (Ferrari) - 1:21.041
7) Hakkinen (McLaren) - 1:21.399
8) Irvine (Jordan) - 1:21.749
9) Blundell (McLaren) - 1:21.779
10) Panis (Ligier) - 1:21.914

O dia 26 de março de 1995 estava nublado em São Paulo, num clima bem parecido com o que marcou a corrida do ano anterior, onde a torcida lotou o autódromo de Interlagos para ver Senna vencer. Um ano depois, houve muitas homenagens ao ídolo morto e nenhuma esperança de vitória brasileira. Afinal, nem o fã mais Policarpo Quaresma poderia esperar que Barrichello, Diniz e Moreno pudessem fazer algo largando tão de trás. Um dos dispositivos irregulares no quais a Benetton foi acusada de usar em 1994 foi que um sensor eletrônico ligado ao sinal verde fazia o carro largar no momento correto, nem mais, nem menos. Provado ou não a irregularidade, Schumacher fez outra largada relâmpago e ultrapassou Hill na primeira curva, assumindo a ponta da corrida, enquanto Hakkinen faz uma largada assombrosa e pula de 7º para 4º, ficando logo atrás de Coulthard e à frente das duas Ferraris.

No início, Schumacher tentou imprimir um ritmo mais forte e tentava se desgarrar de Hill, mas o inglês teimava em acompanhar o alemão de perto, enquanto Coulthard já ficava para trás. As estratégias de corrida, principalmente com a chegada do reabastecimento, ainda não haviam sido plenamente estudadas e por isso havia uma maior tentativa por parte das equipes e Ross Brawn, estrategista da Benetton, sabia que seu carro era inferior a Williams e propôs a Schumacher uma tática agressiva, onde o alemão teria que acelerar mais forte, pois largava mais leve e pararia uma vez mais em comparação a Williams. A estratégia de três paradas ficou clara quando alemão fez seu primeiro pit-stop na volta 17, com o alemão retornando à pista em 6º, ultrapassando a Ferrari de Berger na volta seguinte.

Quando a estratégia da Benetton ficou clara, Hill passou a acelerar mais e quando completou sua primeira parada algumas voltas mais tarde, o inglês emergiu à frente de Schumacher, que desta vez não vinha num ritmo tão forte como no começo da corrida. Contudo, o inglês começou a perder rendimento e quando estava para ser apanhado por Schumacher, Hill encostou seu Williams na grama com o câmbio quebrado. O ritmo forte dos dois pilotos que brigaram pelo título de 1994 fez com que Schumacher tivesse uma diferença considerável para Coulthard, que vinha num solitário 2° lugar. Mika Salo estava numa estratégia diferente e estava em 3º, mas um problema em seu braço fez com que o finlandês perdesse rendimento no final e ficasse longe do pódio. Berger e Hakkinen trocaram de posições ao sabor da estratégia, mas o veterano austríaco acabou tendo a vantagem sobre o piloto da McLaren.

Quando Schumacher fez sua terceira parada, o alemão partiu tranquilo rumo a mais uma vitória, com Coulthard 11s atrás. Mostrando o quanto Williams e Benetton eram os carros da moda, Berger completou o pódio, mas uma volta atrás. O pódio não teve a animação de outros anos, mas a polêmica começaria após as festividades dos três primeiros. Depois de tantas manobras fora das pistas, a F1 não precisava de outra polêmica, mas foi exatamente isso o que aconteceu. Horas depois, a FIA anunciou que Schumacher e Coulthard tinham sido desclassificados por que a Elf, fornecedora de gasolina da Williams e Benetton, tinha utilizado uma gasolina diferente da amostra que tinha passado a FIA no início do ano. A Ferrari chegou a estourar o champanhe em comemoração a vitória de Berger, mas a confusão ainda não havia acabado. Benetton e Williams apelaram da decisão e algumas semanas depois, a vitória voltou para as mãos de Schumacher, mas tanto Williams como Benetton foram multadas pesadamente e sem os pontos dos constutores, enquanto a Ferrari ficou uma arara com a decisão posterior. A F1 iniciava em 1995 com poucas emoções dentro da pista e muita confusão fora dela.

Chegada:
1) Schumacher
2) Coulthard
3) Berger
4) Hakkinen
5) Alesi
6) Blundell

quinta-feira, 25 de março de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1990


Faziam dez anos que Interlagos havia perdido a F1 para Jacarepaguá e o tradicional circuito paulistano atravessou a década de 80 com muitas dificuldades, mas o autódromo do Rio começava a sofrer ameaças pela falta de organização e o acidente que deixou Phillipe Streiff paralítico durante um teste de pneus no início de 1989 foi a senha para que Interlagos entrasse em contato com Bernie Ecclestone para que a pista voltasse a sediar o Grande Prêmio Brasil de F1. Porém, a pista era muito grande para os já rígidos padrões da FIA e mesmo tendo um dos melhores traçados da história do automobilismo, a pista estava um pouco defasada para a F1. Ayrton Senna foi um dos que ajudaram a refazer a pista, inclusive criando o S do Senna, praticamente acabando com as famosas curvas um e dois de Interlagos. Numa obra em tempo recorde, Interlagos perdeu 3km de extensão e seus boxes eram modernizados. Erundina, do PT, gastou dinheiro público a beça para que a corrida fosse realizada, mas parece que os mesmos que criticaram a vinda da Indy para São Paulo quinze dias atrás não lembram muito disso...

Voltando à pista, Senna correria pela primeira vez como profissional em sua cidade natal e não decepciona ao conseguir mais uma pole em sua vasta coleção, tendo Berger ao seu lado, completando a dobradinha da McLaren. Depois da primeira fila da McLaren, a segunda fila era toda da Williams e a terceira toda da Ferrari, com Alesi novamente surpreendendo ao ficar entre os dez primeiros. Se até Phoenix os pilotos com pneus Pirelli sempre garantiam bons lugares no grid por causa da borracha de Classificação, em Interlagos isso não funcionou muito bem, com o piloto da Tyrrell sendo o melhor com pneus Pirelli.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:17.277
2) Berger (McLaren) - 1:17.888
3) Boutsen (Williams) - 1:18.150
4) Patrese (Williams) - 1:18.288
5) Mansell (Ferrari) - 1:18.509
6) Prost (Ferrari) - 1:18.631
7) Alesi (Tyrrell) - 1:18.923
8) Martini (Minardi) - 1:19.039
9) De Cesaris (Dallara) - 1:19.125
10) Alliott (Ligier) - 1:19.309

O dia 25 de março de 1990 estava nublado em São Paulo e havia o risco bem real de cair a chuva que tanto atrapalhou as obras de 'mutilação' de Interlagos e a sexta-feira. Correndo em São Paulo, na frente de sua torcida que gritava de forma emocionante seu nome antes da largada, e não tendo muita sorte no Brasil, Senna queria a vitória de qualquer maneira, ainda mais com a presença de Jean-Marie Balestre nos boxes, que foi devidamente insultado de tudo quanto era jeito pela torcida brasileira, ainda rescaldo da polêmica em Suzuka em 1989. Mostrando sua gana de vencer naquele dia, Senna largou muito bem e não teve problemas em segurar a ponta, à frente de Berger, Boutsen e Prost, que havia largado muito bem e pulara para quarto. Com cinco vitórias no Brasil, Prost fazia sua costumaz corrida de espera. Mais atrás, Andrea de Cesaris continuava com sua chama por acidentes e saía da corrida logo na primeira curva.

No início da prova, não havia quem dissesse que Senna perderia aquela prova e seu ritmo no início da corrida era avassalador, como se aquela McLaren número 27 estivesse numa categoria à parte. Berger ainda tentou acompanhar seu companheiro de equipes, mas o austríaco logo perdeu rendimento por pura falta de pneus e já na sétima volta ele foi ultrapassado por Boutsen e algumas voltas depois por Prost. Boutsen vinha fazendo uma ótima prova e se mantinha num sólido segundo lugar até que resolveu fazer seu pit-stop na volta 30. O belga se atrapalhou na entrada do box e quase atropela seus mecânicos, atingindo um pneu e quebrando o nariz do seu Williams. Como resultado, Boutsen perdeu muito tempo no box e acabava com suas chances de conquistar um bom resultado naquele momento.

Com Boutsen fora do páreo, Senna tinha agora Prost como segundo colocado, mas o francês não tinha a mínima condição de se aproximar da McLaren, que mantinha praticamente o mesmo ritmo após as paradas. Senna tinha 13s de vantagem sobre seu arqui-rival quando se aproximou para colocar uma volta na Tyrrell de Satoru Nakajima, 12º colocado. Piquet e Prost sempre criticaram a forma como Senna ultrapassava os retardatários, dizendo que ele era agressivo demais, preferindo arriscar sua posição ou até mesmo um acidente para deixar um piloto mais lento para trás. Nakajima também era conhecido pelas suas trapalhadas, mas nunca um piloto desonesto. Porém, Satoru passou a ser motivo de chacota nacional quando Senna, agressivo como sempre, tentou uma ultrapassagem para lá de otimista em cima do japonês no Bico de Pato. Senna não tinha um quarto de carro à frente do Tyrrell de Nakajima, mas não recolheu seu McLaren e o resultado foi um sórdido acidente, em que Satoru Nakajima saiu ileso, mas Senna perdeu o bico do seu carro e teve que fazer uma parada não programada.

O público brasileiro imediatamente murchou, pois Senna tinha não apenas perdido a liderança, como caiu para terceiro e longe dos seus adversários. Como desgraça pouca era bobagem, Alain Prost, o grande vilão brasileiro na época, assumia a liderança da corrida e com mais uma de suas famosas corridas cerebrais, vencia pela primeira vez na Ferrari, a sexta no Brasil. Ao chegar aos boxes, Prost estava nitidamente emocionado e chegou a chorar nos boxes da Ferrari. O Rei do Rio, com suas cinco vitórias em Jacarepaguá, também triunfava em São Paulo, recebendo o trófeu do presidente Fernando Collor, com o gostinho de conseguir essa vitória no quintal da casa de Senna, que amargou uma de suas derrotas mais doloridas da carreira.

Chegada:
1) Prost
2) Berger
3) Senna
4) Mansell
5) Boutsen
6) Piquet

domingo, 21 de março de 2010

Senna, 50


Há alguns anos atrás, assisti uma entrevista com o ex-boxeador George Foreman e lá pelas tantas, perguntaram a ele qual tinham sido os melhores peso-pesados da história. Ele não se furtou da pergunta e foi citando nomes, mas não tinha falado em Mohammed Ali. Claro que o interpelaram por isso e Foreman foi muito feliz na resposta. "Claro que Ali foi um dos grandes da história, mas na verdade ele foi o maior homem a lutar boxe. Ele se tornou maior do que o esporte." Essa resposta cai como uma luva para Ayrton Senna da Silva. Não restam dúvidas de que Senna foi um dos maiores pilotos de todos os tempos, que algumas de suas conquistas entraram para a história da F1, mas hoje, principalmente no Brasil, Senna é maior do que a própria F1. Extremamente carismático e conseguindo suas glórias num momento de carência do povo brasileiro, Senna se tornou em algo que é difícil ser explicado, pois sua idolatria supera em muito todos os nomes do esporte brasileiro que surgiram nos últimos anos. Eu mesmo já sofri bastante, quando digo que não o acho o melhor piloto de todos os tempos. Para o brasileiro comum, mesmo com Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet, Senna foi insuperável e todas as datas em que é lembrado alguma coisa sobre ele, é impossível que não haja homenagens. Como seu aniversário de 50 anos seria hoje, farei uma pequena homenagem aqui, dentro as várias que acontecerão por aí, colocando 50 frases de pessoas importante da F1 sobre Senna. Muitos elogios, mas também muitos cutucões. Porém, ninguém fica impassível diante de Ayrton Senna, uma pessoa que transcendeu o esporte que o levou ao estrelato.


1) "Com os dois carros muito acertados, Prost batia Senna. Já com os McLaren regulares Senna levava alguma vantagem. Porém, com pista inadequada ou com os carros problemáticos, Senna era insuperável"
Jo Ramirez que, como chefe de mecânicos da McLaren, acompanhou cada detalhe dos duelos entre Senna e Prost nas temporadas de 88 e 89.


2) "Não me surpreendi nem um pouco pela forma como Ayrton Senna morreu. Não poderia ser outra a história. Foi um desfecho lógico pela trajetória dele, pelo que tinha na cabeça, pela dedicação e por seus objetivos. Todos os indivíduos que tiveram uma vida marcante têm um fim diferente".
Maurizio Sandro Sala, adversário de Senna no kart


3) "A maior marca do Ayrton foi esse patriotismo. Isso foi o que mais ficou marcado e certamente do que as pessoas mais se lembram"
Emerson Fittipaldi


4) "Me recordo de uma volta de Senna em Mônaco que valeu uma placa, a volta mais perfeita que um piloto já fez"
Enzo Ferrari


5) "Senna não era uma pessoa comum. Na verdade, ele era um homem muito maior fora do que dentro do carro"
Frank Williams


6) "Quando via o capacete amarelo no espelho retrovisor, sabia o que viria pela frente"
Gerhard Berger


7) "Nunca tinha visto alguém pilotar daquele jeito. Em plena curva, Ayrton estava freando, reduzindo a marcha, girando o volante, acelerando e mantendo a pressão do turbo. Parecia um polvo. Ver essa habilidade cerebral de separar os componentes e juntá-los com essa coordenação foi um privilégio"
John Watson, ex-piloto de F1 que fez uma corrida ao lado de Senna em 1985


8) "O que aconteceu é tão dramático e triste que eu nem sinto satisfação por ganhar (o GP de San Marino de 1994)"
Michael Schumacher


9) "Se Senna não tivesse morrido, não teria conquistado os títulos de 1994 e 1995 porque ele era melhor que eu"
Michael Schumacher


10) "Eu e o Prost já ganhamos tudo e estamos mais pra lá do que pra cá na carreira. O Ayrton, não. Vai se matar, se for preciso, para chegar ao título e ser considerado o maior de todos os tempos"
Nelson Piquet


11) "Senna era capaz de determinar em que ponto do circuito o carro dele gastava um decilitro de gasolina a mais. Nessa época, a Lotus de Senna tinha motor turbo, e esse controle era quase impossível de ser feito. Mas ele o fazia com precisão de relógio suíço"
Peter Warr, chefe da equipe Lotus e de Senna entre 1985 e 1987


12) "O melhor piloto com quem já trabalhei foi Ayrton, e isso não apenas por sua performance na pista, mas por sua amizade e clareza. Passamos muitos anos juntos, e eu dividi com ele suas angústias e alegrias. Considero que isto foi um privilégio para mim"
Ron Dennis


13) "Eu tinha muito apreço por ele e nos dávamos muito, muito bem. Era um vínculo muito peculiar, que eu não tive com nenhum outro piloto. E ele virou parte da minha família. Ele se dava bem com os meus filhos, era sempre agradável e eles quando eram crianças o idolatravam. Ele foi um dos melhores pilotos de todos os tempos, para mim o melhor. Ele era extremamente agressivo, ele era capaz de ultrapassar sem a menor hesitação. Esta era uma das suas grandes habilidades. E ele era muito, muito, veloz"
Sid Watkins, médico-chefe da F1 entre 1978 e 2004. Ele era muito amigo de Senna e foi um dos primeiros a lhe prestar socorro em Ímola/94


14)"De certa maneira, Ayrton Senna e eu fomos como irmãos, filhos do mesmo entusiasmo, compartilhando sonhos parecidos, presos ao mesmo cordão umbilical forte, magnético e absorvente do automobilismo".
Nelson Piquet


15) "Se eu fosse dono de uma equipe de Fórmula 1, contrataria o Ayrton como piloto."
Nelson Piquet


16) "Senna é o melhor piloto? Porra nenhuma! Melhor é o Prost, que é tetracampeão."
Nelson Piquet


17) "Existem os pilotos normais e os extraterrestres. Conheci 3 extraterrestres, o Jim Clark, José Carlos Pace e Ayrton Senna".
Luis Antônio Greco, ex-chefe de competição da Willys


18) "Senna é um obcecado que não deve dormir à noite, pensando nas corridas. Não sei se ele é feliz"
Alain Prost


19) "Se a Fórmula 1 tivesse dois Ayrton Senna, em todas as corridas haveriam acidentes"
Alain Prost


20) "Senna dedica ao automobilismo 100% de sua vida. Talvez 110%. Eu nunca fui tão longe, talvez tenha dedicado 85% ou 90%."
Alain Prost


21) "Disputei muitas corridas com o Ayrton Senna. Na maioria das vezes perdi e, mesmo quando ganhei, sabia que tinha tido a honra de derrotar o melhor piloto de todos os tempos"
Nigel Mansell


22) "Senna tirou de carros medíocres o que medíocres não conseguem tirar de carros perfeitos"
Sergio Quintanilha, jornalista brasileiro


23) "Ainda que Piquet não tenha razão, o Senna não deve se preocupar. Metade da população mundial é gay"
Alessandro Nannini, comentando o fato de Piquet ter dito que Senna não gosta de mulher


24) "Se você pegar 26 ônibus de dois andares com 26 pilotos de GP neles e fizer uma corrida em Silverstone, nós sabemos quem vai ganhar, não sabemos?"
Maurício Gugelmin, ex-piloto e um dos melhores amigos de Senna na F1


25) "Fiquei muito emocionado quando o Michael Schumacher dedicou seu primeiro título mundial ao Ayrton Senna. Mesmo assim, acho que ele tem o nariz um pouco empinado"
Rubens Barrichello


26) "Aprendi demais com o Ayrton. A morte dele foi até a hoje o pior momento da minha vida"
Rubens Barrichello


27) "Não costumo ler jornais e gasto meu tempo livre longe do automobilismo. Não sou como o Senna."
Nelson Piquet


28) "O Senna vive para o esporte e tira o máximo proveito do fato de ser considerado o grande herói das pistas. Às vezes fico pensando que não sabe fazer mais nada na vida."
Nelson Piquet


29) "Na Lotus, o Ayrton ganhava menos da metade do que vivia dizendo. Eu sei disso porque li o contrato dele."
Nelson Piquet


30) "Não"
Essa foi a resposta de Senna ao pequeno Felipe Massa, então com 10 anos, quando este lhe pediu um autógrafo.


31) "Ayrton Senna era um exemplo de coragem, dedicação, trabalho e aplicação. Um camarada feliz e de bom coração"
Nuno Cobra, preparador físico de Senna


32) "O mundo jamais verá outro piloto como Ayrton Senna. Ele não era simplesmente um tipo raro nem especial, era único. O melhor de todos os tempos".
Gerard Ducarouge, projetista da Lotus entre 1983 e 1988


33) "Ele irrita pela competência"
Thierry Boutsen, piloto belga de F1.


34) "Ele era talento puro"
Dick Bennet, chefe de equipe na Fórmula 3 quando Senna foi campeão inglês em 1983


35) "Veloz, sensível e temperamental. Senna era o único que poderia chegar ao meu pentacampeonato"
Juan Manuel Fangio, obviamente bem antes de Schumacher chegar ao seu pentacampeonato


36) "Fui um privilegiado. Tive um ídolo e um amigo ao meu lado".
Rubens Barrichello


37) "Dificilmente alguém o igualará nos próximos anos"
Roberto Moreno, ex-piloto da F1 e F-Indy


38) "O Ayrton sempre aprendeu as coisas muito rapidamente. É por isso que chegou a tricampeão. Andou na frente em todos os sentidos".
Maurício Gugelmin


39) "Tivemos a mesma profissão, nos envolvemos em acidentes e fomos contemporâneos. Somos animais semelhantes. Eu fui campeão uma vez, ele três".
Nigel Mansell


40) "Ele sempre foi muito exigente. Mas retribuía à altura cada melhora no equipamento. Esse foi o segredo de ter sido o maior vencedor da história da Mclaren".
Ron Dennis


41) "Eu fui tão importante para ele, no início de sua carreira no kart, em 1973, como ele era para mim hoje. Éramos grandes amigos".
Lucio Gascon Bascual, o "Tchê", primeiro preparador de kart de Senna.


42) "Você pode definir um piloto como razoável, bom, ótimo e até gênio. O Ayrton superava cada definição com seus argumentos dentro da pista. Ele foi o Senna."
Ralph Firman, dono da Van Dimen e patrão de Senna na Fórmula Ford 1600.


43) "É o melhor que conheci"
Gehard Berger, companheiro de Senna na McLaren.


44) "Você pode ser ético e se enquadrar entre os cinco pilotos mais rápidos sem ordem cronológica. Naturalmente do segundo para baixo. No topo sempre estará o Ayrton"
Michele Alboreto, ex-piloto de F1


45) "Tive a felicidade de prever que Senna seria um superpiloto quando trabalhamos juntos na Toleman. Acho que não em enganei"
Mike Cowlishaw, chefe de mecânicos da Toleman em 1984


46) "Seu estilo de pilotar é como eu gostaria de guiar"
Stirling Moss, ex-piloto de F1, vice campeão em 1955, 56, 57 e 58.


47) "Perdi a pole porque não tenho um instinto assassino"
Damon Hill, após perder a pole do GP da Inglaterra de 1993 para Senna


48) "Ayrton era a própria imagem da paixão pura dos pilotos"
Jean-Marie Balestre, ex-presidente da FISA


49) "No começo, (Nelson) Piquet era a referência, um competidor duro. Niki (Lauda) foi impressionante em termos de consistência de performance, quando ele me bateu no campeonato de 1984, eu na verdade era mais rápido nas corridas a maioria das vezes, mas ele usou suas forças melhor. Aprendi uma lição importante nisso. Mas se tem um piloto que ficou acima do resto, tanto por sua pilotagem quanto por suas habilidades mentais, foi Ayrton Senna"
Alain Prost


50) "O Ayrton sempre foi perfeccionista, desde os tempos do kart. Queria saber como tudo funcionava e por quê".
Milton Silva, pai de Senna

quinta-feira, 18 de março de 2010

Festança


As críticas ao Grande Prêmio do Bahrein obscureceu um pouco a grande festa que aconteceu no Oriente Médio pelos 60 anos de F1, onde 18 dos 20 campeões mundiais vivos marcaram presença, ao lado dos carros que fizeram história. Uma passagem bonita estragada pela impaciência dos dirigentes e pilotos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Enquanto isso no domingo...


A TV Bandeirantes chama a F-Indy de "Formula da Emoção", mas nessa corrida que foi organizada e praticamente trazida por ela, pode-se mudar de nome para "Formula do Caos". As corridas da Indy normalmente são mais animadas do que a F1, principalmente pelas constantes bandeiras amarelas, mas em São Paulo vimos uma corrida que teve de tudo. Isso sem contas com os treinos.

Para diminuir os efeitos da vergonhosa reta do sambódromo, a direção de prova resolveu fazer uma raspagem no piso e o resultado satisfatório, tanto que a Classificação ocorreu de forma tranquila, mas isso acabou por provocar o maior susto do final de semana. A poeira levantada pelos carros acabou por cegar quem vinha na parte de trás e o resultado foi um strike protagonizado por Takuma Sato (sempre ele!), que envolveu os favoritos Helio Castroneves e Scott Dixon. Mais atrás, Mário Moraes se assustou com a feada forte de Marco Andretti e literalmente voou por cima do carro do americano, causado uma cena dramática, onde a roda traseira de Mário estava bem em cima do cockpit de Marco. Após alguns momentos angustiantes, o representante da terceira geração Andretti saiu sem maiores problemas e a corrida foi reiniciada.

Dario Franchitti dominou a parte inicial da prova, seguido de perto do surpreendente Alexandre Tagliani, Ryan Hunter-Reay e Tony Kanaan. Tony, por sinal, era a maior esperança brasileira de vitória, mas ele acabaria atropelado por Tagliani, que fora atingido por trás por Dan Wheldon. A temida chuva tinha ameaçado cair antes da largada, mas ela veio forte bem no meio da prova, ocasionando a bandeira vermelha e a interrupção da prova. A organização ficou tão preocupada em acabar com as poças d'água, que o sol apareceu e praticamente secou a pista. Na bandeira verde, ficou aquela velha história: que pneu usar? Franchitti e um impressionante Dixon, em ótima corrida de recuperação, foram conservadores e usaram pneus de chuva, enquanto Hunter-Reay e os dois pilotos da Penske (Will Power e Ryan Briscoe) arriscaram e trocaram para pneus slicks. Aposta correta e rapidamente eles estavam na ponta e os três começaram a brigar pela ponta. Briscoe consegue a ultrapassagem sobre Hunter-Reay, mas acaba achando a proteção de pneus. Esse australiano é muito rápido, mas é tão desastrado quanto. Quando a bandeira verde reapareceu, faltavam poucos minutos e Power partiu para cima do americano, conseguido a ultrapassagem vencedora quando faltavam duas voltas.

Após uma temporada difícil, onde sofreu um grave acidente em que quebrou algumas vértebras, Power mostrou o motivo de Roger Penske apostar tanto nele, que abriu uma terceira vaga na sua famosa equipe, que aposentou de forma definitiva o famoso lay-out da Marlboro, que o automobilismo via desde 1974 com a McLaren de Emerson Fittipaldi. Foi uma corrida atípica, mas a pista precisa de melhorias urgentes e uma organização mais profissional e menos passional. A Band nos fazia parecer que tanto errata fazia parte e que tudo estava as mil maravilhas, apesar das críticas ferrenhas de todos que estavam presentes. Mas ao menos a corrida conseguiu ser realizada, algo que era duvidoso após o fiasco de sábado. Tomara que 2010 sirva de lição para os organizadores da São Paulo Indy 300 e que de 2011 em diantes as coisas melhorem. Pois piorar é impossível.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Figura (BAH): Ferrari

Montezemolo chegou a dizer que 2009 tinha sido uma humilhação para a Ferrari, mesmo o time italiano ter conquistado uma vitória com Kimi Raikkonen no ano passado. O time de Maranello passou seis meses pensando unicamente no carro de 2010 e ainda trouxe Fernando Alonso, um sonho antigo da equipe, no lugar do desmotivado Kimi Raikkonen. O ano de 2010 foi metodicamente planejado pela cúpula ferrarista e a vinda do espanhol faz parte do plano da equipe voltar aos bons tempos, culminando com a espetacular dobradinha da equipe no Bahrein, com Alonso superando Massa, que vinha de uma difícil e comovente recuperação após seu terrível acidente. Desde os testes de pré-temporada a Ferrari impressionou a todos com seu bom desempenho tanto em ritmo de treino como de corrida. Mesmo debaixo de forte calor e tendo que enfrentar a Red Bull de Sebastian Vettel, a Ferrari confirmou as fortes expectativas nela depositadas e Alonso estreou da melhor forma possível, com Massa mostrando que está tão rápido quanto antes do acidente. Com uma dupla forte, um carro super competitivo e um ano planejado, a Ferrari promete um 2010 recheado de alegrias e conquistas.

Figurão (BAH): Segundos pilotos

Suas equipes irão negar até a morte, mas não há muitas dúvidas de que Nico Rosberg, Mark Webber e Jenson Button, mesmo este o atual Campeão Mundial, serão coadjuvantes em suas equipes em 2010 e a abertura da temporada foi a mostra de que isso se deve unicamente a falta de desempenho ou empenho. Jenson Button corre o sério risco de ser totalmente eclipsado por Lewis Hamilton no seio da McLaren se mantiver o ritmo discretíssimo que mostrou em Sakhir, onde ficou a léguas de distância do seu companheiro de equipe, que, ao contrário, fez uma bela corrida mais à frente, inclusive parecendo andar mais do que o carro. Essa mesma explicação serve para Mark Webber, com o agravante de que Vettel liderou a maior parte da corrida até ter seu problema no motor, enquanto Webber fechou a zona do G4 (as quatro equipes grandes). O caso de Nico Rosberg é significativo e mesmo andando mais rápido do que Schumacher todo o final de semana, o alemão acabou decepcionando com sua falta de atitude enquanto perseguia o carro quebrado de Vettel, que naquela altura apenas se arrastava à sua frente, andando até 3s mais lento do que sua Mercedes. Como ninguém pode duvidar do talento e a gana de Schumacher, o provável que a lenda se recupere nas próximas corridas e Rosberg seja colocado no seu devido lugar. Ou seja, como segundo piloto.

domingo, 14 de março de 2010

Realizando um sonho


Faziam anos que a Ferrari queria Alonso e o espanhol queria o time italiano. Na verdade, desde o ano 2000 se fala na contratação de Fernando por parte da equipe de Maranello, mas pelos motivos mais variados, isso acabou não acontecendo. O tempo passou, Alonso se tornou uma estrela e a Ferrari, sempre querendo os melhores pilotos para si, passou a correr atrás do espanhol. Alonso nunca escondeu de ninguém que queria a Ferrari e o acerto aconteceu no final do ano passado. Logo na estréia, lembrando Fangio, Giancarlo Baghetti, Mansell e Raikkonen, Fernando Alonso venceu sua primeira corrida vestido de vermelho na F1 e mostra que esse namoro de dez anos pode dar em um casamento duradouro e feliz.

A corrida no deserto barenita não foi das mais emocionantes, mas isso deve a um motivo bem específico. Com uma mudança tão grande nas estratégias de corrida, com o fim do reabastecimento, equipes e pilotos decidiram por uma atitude mais conservadora, não pensando em nada arriscado quando tudo ainda estar para ser descoberto. Todos pararam apenas uma vez nos boxes e não houve nada de mirabolante para acontecer uma ultrapassagem devido a estratégia. Os boxes influenciaram apenas pela velocidade dos mecânicos, no caso, com a McLaren derrotando Mercedes (Hamilton saindo à frente de Rosberg) e Red Bull (Button à frente de Webber). Com o tempo e dependendo das pistas, provavelmente veremos mais estratégias diferentes e algumas estratégias diferentes, mudando o marasmo que vimos nas últimas voltas de hoje. Porém, a disputa ficou essencialmente na pista, com Webber ficando a corrida inteira pressionando (em vão) alguém e Schumacher tendo que segurar alguém, isso sem contar as ultrapassagens ocorridas no meio do pelotão para trás. No fim, foi uma corrida laboratório para as equipes se acostumarem com o novo regulamento e a possibilidade das provas melhorarem são grandes ao longo da temporada.

A Ferrari confirmou a pinta de favorito, mas não aconteceu da forma como todos esperavam. A Red Bull de Sebastian Vettel deu muito mais trabalho do que o imaginado e se não fosse o problema no escapamento do energético, provavelmente os vermelhos estariam comemorando seus dois pilotos no pódio, mas em 2º e 3º. Alonso definiu a sorte da corrida na segunda curva da corrida, quando efetuou uma inteligente ultrapassagem sobre Massa e ficou atrás de Vettel. O espanhol ficou por fora e em desvantagem na primeira curva, mas o jogo virou metros depois e Fernando capitalizou a vantagem com a categoria habitual e ficou perseguindo, à distância, a Red Bull de Vettel. Após a única rodada de paradas, Alonso parecia disposto a partir para cima do líder da corrida, mas o asturiano não precisou de tanto trabalho assim e quando se preparava para a freada da primeira curva, Vettel estava bem à sua frente, com o escapamento partido. Alonso teve paciência para ultrapassar o alemão e vencer com categoria logo em sua estréia pela Ferrari, voltando ao topo do pódio após mais de um ano. Alonso ainda teve a sorte do problema no carro de Massa. O brasileiro sentiu que a corrida foi perdido na ultrapassagem sofrida na primeira volta e que apenas o pit-stop poderia salvá-lo. Não salvou. Felipe, que teve seu motor trocado pela manhã, passou a ter sérios problemas de superaquecimento após sua parada e recebeu a péssima notícia de que teria de diminuir o ritmo se quisesse terminar a prova, pois não apenas a temperatura do carro estava muito alta, como isso estava influenciando no consumo de combustível. A Ferrari ainda teve a sorte de Hamilton não perceber o problema e ter partido para cima de Massa, garantindo a dobradinha vermelha no Bahrein. Sorte de campeão?

Hamilton mostrou que pode andar mais do que o carro e garantiu o pódio mesmo com um carro que nunca andou no ritmo de Ferrari e Red Bull. O inglês ainda teve o azar de ser ultrapassado por Nico Rosberg na largada e ter que acompanhar o alemão até seus mecânicos fazer um ótimo trabalho e colocá-lo na pista na frente da Mercedes. Lewis era um dos carros mais rápidos da pista a partir de então, mas já tinha perdido muito terreno frente aos líderes, mas o 3º lugar pode ser importante num campeonato que promete ser apertado e onde a McLaren pode crescer bastante, como fez em 2009. E falando no ano passado, o campeão de 2009 fez uma corrida para lá de discreta e nem de longe acompanhou Hamilton. Está cedo para julgar Jenson Button, mas o inglês terá que provar nas próximas corridas que tem estofo de campeão e que pode ameaçara a soberania de Hamilton dentro da McLaren, com o risco de voltar a ser 2º não apenas na McLaren, como também no coração dos ingleses. A cada dia que passa, Vettel mostra o porquê de ser considerado um campeão em potencial num futuro próximo. Fez a pole ontem, largou perfeitamente, imprimiu um ritmo forte na frente das favoritas Ferraris e se não fosse seu problema mecânico garantiria mais uma vitória e a liderança do campeonato. O alemão ainda deu mostras do seu talento enorme quando segurou, sem condição nenhuma, Nico Rosberg nas últimas voltas da corrida, que vinha muito mais rápido do que ele. Em condições para lá de adversas, Seb conquistou pontos importante com o 4º lugar. Mark Webber foi outro que fez uma corrida discreta e nem de longe emulou o desempenho do seu companheiro de equipe. O australiano largou mal, ficou atrás de Schumacher na primeira parte da corrida, mas quando o pit-stop poderia lhe ajudar, acabou lhe atrapalhando, o deixando atrás de Button e por lá Webber ficou a corrida inteira, mesmo tendo um carro nitidamente mais rápido. Se em 2009 o australiano andou no ritmo de Vettel, Bahrein mostrou um piloto bem abaixo das expectativas.

Ninguém duvida da velocidade de Nico Rosberg, mas seus críticos veem muito sua falta de agressividade e isso ficou claro e evidente no final da prova. Numa corrida sem ser muito notado, o piloto da Mercedes viu a possibilidade de ultrapassar, até mesmo sem muito drama, seu compatriota Sebastian Vettel, que vinha com problemas e 2s mais lento. Rosberg percebeu o potencial de conquistar mais alguns pontos e partiu para cima, tirando a enorme desvantagem que tinha com relação a Vettel, mas quando colou na Red Bull do alemão, Rosberg simplesmente não tentou uma única vez (pelo menos a TV não mostrou) a ultrapassagem sobre Vettel, ficando duas voltas atrás de um piloto claramente com problemas mecânicos. A falta de atitude de Rosberg o colocou na 5º posição, apenas uma à frente do seu famoso companheiro de time. Michael Schumacher não teve uma atuação muito auspiciosa e apenas serviu de tampão na maior parte do tempo. O alemão largou bem ao ultrapassar Webber, mas segurou o australiano até a única parada de todos, mas quando foi Button quem surgiu atrás de si, Schumacher passou a fazer exatamente a mesma coisa, apenas se segurando à frente do inglês e sem chance de pressionar seu companheiro de equipe. Michael ainda precisa de tempo para se readaptar a um carro muito diferente de 2006, isso sem contar que a Mercedes, que era Brawn em 2009, não tem um carro tão bom quanto o campeão de 2009. No entanto, nunca é bom duvidar de um piloto heptacampeão mundial.

Atrás do G4, o melhor do 'resto' foi a Force India, mas não o piloto esperado. Vitantonio Liuzzi fez uma excelente largada, sendo agressivo quando todos foram cautelosos e saiu da 12º posição para nono. Porém, isso causou um toque em Robert Kubica e em seu companheiro de equipe, atrapalhando a corrida dos dois. Sutil não apareceu mais durante a prova e ficou pelo meio do pelotão, enquanto Liuzzi começo o ano muito bem, marcando dois pontos preciosos onde nenhum dos oito carros do G4 teve problemas. Logo atrás, Rubens Barrichello capitalizou a escolha dos pneus duros e uma largada sem problema para beliscar o último pontinho do dia com a 10º colocação. Se o brasileiro esperava pressionar os quatro grandes, uma corrida decepcionante, mas ao menos se colocou bem frente as demais equipes. Nico Hulkenberg é que não fez uma corrida muito boa, ao largar mal e rodar quando perdeu o controle do seu carro num esse de alta. Tendo que trocar os pneus que ficaram destruídos, Hulkenberg apenas fez figuração durante a corrida e acabou tomando uma volta dos líderes, um dos poucos numa pista enorme. A Renault não foi de toda má após uma pré-temporada ruim, apesar dos resultados não mostrarem isso. Robert Kubica teve sua corrida estragada com o toque recebido por Liuzzi na largada e caiu para a última posição, mas o polonês fez várias ultrapassagens e chegou na 11º posição, apenas uma de marcar ponto. Levando-se em conta o equilíbrio que também domina as equipes médias, Kubica fez outra corrida em que seu talento ficou novamente evidente. Falando em talento, apesar de muitos terem dito que Petrov só está na F1 por causa de dinheiro, o russo não foi de todo mal enquanto esteve na pista. Vitaly largou bem, chegou a pressionar Barrichello pela 10º posição, mas um problema identificado enquanto fazia sua parada acabou com o dia do russo, que apesar disso deixou uma boa impressão.

A Sauber, que fez uma boa pré-temporada decepcionou redondamente não apenas um treino ruim, como também com um ritmo de corrida deficiente, longe de brigar pelo título de melhor do 'resto'. Kobayashi esteve longe de repetir suas atuações que fizeram com que todos torcessem que ele tivesse um cockpit em 2010 e De la Rosa foi uma figura apagada o tempo inteiro. A Toro Rosso apareceu apenas quando Buemi, retardando ao máximo sua parada, chegou a ficar nas primeiras posições, mas o suíço acabaria por abandonar no finalzinho da prova. Alguersuari correu? Da novatas, Lotus e Virgin preferiram seguir por caminhos diferentes e isso ficou bem claro na corrida, mesmo que seguindo as devidas proporções. A Lotus preferiu construir um carro robusto e que chegasse ao final das provas, algo que Kovalainen e Trulli conseguiram, mesmo que muito lentamente, ao contrário da Virgin, que fez um carro mais rápido, mas que quebra com a facilidade de uma lâmpada de 100W. Di Grassi abandonou no comecinho e Glock, após uma luta interessante com Trulli, faria o mesmo antes do final. Ambas tem muito a crescer, mas a falta de testes atrapalhará e muito ambas. Sobre a Hispania não há muito a dizer. Se Karun Chandhok conseguiu anda 30km em todo o final de semana barenita, pode-se considerar muito, enquanto Bruno Senna, talvez pela importância do sobrenome, tem recebido um tratamento ligeiramente melhor e conseguiu a proeza de dar lentas 19 voltas até estrourar o motor.

A corrida de hoje respondeu algumas questões levantadas na pré-temporada, mas ainda assim a temperatura e o clima no Bahren foi bem diferente do encontrado na Espanha. Porém, muitas coisas foram confirmadas, como a força de Ferrari e Red Bull, mas com a segunda ainda tendo problemas de confiabilidade. Mercedes e McLaren ainda estão um degrau abaixo das duas rivais, mas com a McLaren ainda usando o talento de Hamilton para sobressair. As demais equipes brigarão forte para um lugar nos dois lugares pontuáveis restantes, enquanto as novatas ainda lutarão pela sobrevivência. Alonso superou Massa em seu primeiro embate, mas o espanhol ainda tem muito chão pela frente para realizar o sonho do tricampeonato pela Ferrari.