segunda-feira, 8 de março de 2010

História: 40 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1970


Após uma década em que a F1 evoluiu como nunca, os anos 70 iniciavam com a dúvida de como seriam os próximos dez anos de uma categoria que crescia exponencialmente, tanto tecnologicamente, como em dinheiro e negócios. Isso ficava claro quando o campeão mundial Jackie Stewart deixava os chassis da Matra e juntamente com Ken Tyrrell apostaria nos novos chassis da March, que chegava a F1 com apenas um ano de experiência na F3. A título de curiosidade, o M da March era originário de Max Mosley, um pífio piloto de F3 e F2, que havia abandonado as pistas devido a um forte acidente dois anos antes. A March teria uma equipe oficial, com o apoio da STP e com dois pilotos muito fortes: Chris Amon e Jo Siffert. Com a saída repentina do neozelandês no meio de 1969, a Ferrari ficaria com apenas um carro para a temporada de 1970, trazendo de volta Jacky Ickx.

A Matra voltaria a usar chassis e motores construídos em casa e para provar a nacionalidade do novo time, os pilotos também seriam franceses: Jean Pierre Beltoise e Henri Pescarolo. John Surtees iniciava sua carreira como construtor, mas não faria sua estréia na África e ainda correria com um terceiro carro da McLaren, enquanto Brabham, Lotus e McLaren mantinham seus pilotos, apesar de Jack Brabham anunciar que aquela seria sua última temporada na F1. Colin Chapman preparava outro carro revolucionário, mas o modelo 72 ainda não seria usado, para alegria de Jochen Rindt, que já reclamava bastante da segurança (ou falta dela...) dos carros da Lotus. Nem nos melhores sonhos Stewart poderia sonhar em colocar seu novo carro na pole, mas o escocês conseguiu a proeza de dar a March sua primeira pole e para provar que não foi apenas o talento de Jackie, Amon, com o March oficial de fábrica, ficou ao lado do campeão.

Grid:
1) Stewart (March) - 1:19.3
2) Amon (March) - 1:19.3
3) Brabham (Brabham) - 1:19.6
4) Rindt (Lotus) - 1:19.9
5) Ickx (Ferrari) - 1:20.0
6) Hulme (McLaren) - 1:20.1
7) Surtees (McLaren) - 1:20.2
8) Beltoise (Matra) - 1:20.2
9) Siffert (March) - 1:20.2
10) McLaren (McLaren) - 1:20.3

O dia 7 de março de 1970 estava quente e com sol em Kyalami, fazendo da corrida na África do Sul uma disputa dura e literalmente quente. Os treinos mostraram um grande equilíbrio entre os pilotos, com os dez primeiros do grid separados exatamente por 1s, o que já seria motivo para uma disputa encarniçada pela ponta e qualquer oportunidade poderia ser válida. A largada era uma oportunidade de ouro e por isso os pilotos exageraram um pouco na dose. Stewart largou sem problemas, mas logo atrás do campeão Rindt forçava em cima de Amon e o toque acabou sendo inevitável na primeira curva, fazendo com que Rindt e Amon caíssem para as últimas posições e causasse uma grande confusão, fazendo com que alguns pilotos ganhassem e perdessem várias posições.

Stewart completou a primeira volta com uma larga vantagem sobre o 2º colocado, que era Jacky Ickx, que havia largado em 6º. Provando o quanto a história da corrida estava mudada, os próximos eram Beltoise (que havia largado em 8º), Jackie Oliver (que havia largado em 12º) e Bruce McLaren (após largar em 10º). Jack Brabham, que havia visto toda a confusão à sua frente, usou sua larga experiência para não apenas perder pouca vantagem sobre os líderes, como se manter no pelotão da frente no início da prova. Isso acabaria por ser importante mais tarde. Rindt e Amon conseguiam ultrapassagens no pelotão de trás, mas quem surpreendia positivamente era Brabham.

Já com 41 anos de idade, Old Jack partiu para cima dos seus adversários como se fosse um jovem atrás de sua primeira vitória, não um veterano consagrado com três títulos mundiais. Logo na quarta volta, o australiano ultrapassou, numa única volta, Oliver e McLaren, e sem perder muito tempo, ultrapassou Beltoise na volta seguinte e na sexta passagem assumia a 2º posição ao ultrapassar seu antigo companheiro de equipe Ickx, ficando no encalço de Stewart, que parecia serelepe ruma a primeira vitória como Campeão Mundial. Porém, Brabham sabia que um carro totalmente novo era também uma incógnita e até mesmo Stewart sabia que não poderia imprimir um ritmo muito forte com carro ainda no início de desenvolvimento.

Enquanto Brabham se aproximava de Jackie, Denny Hulme fazia um ótimo trabalho com sua McLaren e se aprximava do pelotão da frente, assumindo a 3º posição ao ultrapassar Ickx na volta 16. A Ferrari, mesmo se concentrando apenas em um carro, não estava no melhor da sua forma. Antevendo uma pressão forte de Hulme, Brabham partiu definitivamente para cima de Stewart e o tricampeão assumiu a liderança na prova na volta 20, deixando Jackie a mercê da forte pressão de Hulme.

Sem nada a ver com isso, Brabham passou a aumentar a diferença para Stewart e Hulme se aproveitou disso para ultrapassar o escocês, numa disputa lenta e calculada, na volta 38, quando a corrida se aproximava de sua metade. Todos conheciam Jack Brabham e sabiam que o australiano era praticamente imbatível quando estava confortável com seu carro e na liderança de uma corrida. Brabham não deixou Hulme se aproximar, enquanto o neozelandês mantinha Stewart a uma distância tranquila. A briga pela 4º posição ficou entre Ickx e as McLarens do dono da equipe e Surtees, mas todos os três acabariam sucumbindo a problemas mecânicos e foi Beltoise, numa corrida decente, ficar com a posição e ainda na mesma volta do líder. Rindt se recuperou do seu incidente na primeira curva e chegou a ocupar a 5º posição, mas o austríaco acabou abandonando no final da prova, possibilitando a Graham Hill, que fazia a primeira corrida desde seu terrível acidente em 1969, a pontuar na sua volta a F1. Outro veterano, Brabham, provava novamente que podia surpreender e assumia a liderança do campeonato. O tempo parecia não passar para o talento de Jack Brabham.

Chegada:
1) Brabham
2) Hulme
3) Stewart
4) Beltoise
5) Miles
6) Hill

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