A temporada de 1990 se iniciava ainda com toda a polêmica do título de Alain Prost em 1989, com direito a fechada de porta do francês em cima do seu rival e inimigo Ayrton Senna. A McLaren protestou a desclassificação do brasileiro, mesmo Prost sendo seu piloto e como resultado começou uma guerra política entre Senna e Jean-Marie Balestre, presidente da FISA e amigo de Prost. Antes da última corrida de 1989 em Adelaide, Senna concedeu uma entrevista coletiva cheia de rancor com relação a Prost e a política da FISA, resultando numa retaliação de Balestre, que julgou o recurso da McLaren improcedente e ainda multou Senna em 100.000 dólares e suspendeu por seis meses o piloto por pilotagem perigosa, algo que foi revertido meses depois com Senna fazendo um pedido de desculpas público ante a Balestre. Porém, a mágoa continuava forte.
Totalmente sem clima na McLaren, Prost assinou com a Ferrari e seria o companheiro de equipe de Nigel Mansell na equipe italiana, fazendo da vida do inglês difícil, pois Prost assinou com a Ferrari garantindo para si o status de piloto número um. Senna teria como novo companheiro de equipe o ex-ferrarista Gerhard Berger, definitivamente um piloto rápido, mas sem a ambição de Prost ou Mansell. Senna teria vida tranquila dentro de sua casa. A Williams esperava que um ano de experiência com a Renault poderia render bons frutos e por isso permaneceu com Boutsen e Patrese, enquanto Piquet deixava a Lotus e faria um contrato de risco com a Benetton, onde ganharia por ponto ganho. Quem arquiquetou todo o acordo foi Flavio Briatore, futuro inimigo de Piquet. Enquanto isso, a Lotus continuava sua queda acentuda rumo a extinção.
Senna sempre foi o ás em treinos de classificação, sendo o recordista de poles na F1 naquele momento, mas, cena rara, acabou derrotado nos treinos no circuito de Phoenix para Gerhard Berger, que ficou com a pole logo em sua estréia na F1. Os pneus Pirelli mostraram o potencial que rendeu ótimos resultados aos seus clientes em 1989 e conseguiu o milagre de colocar uma Minardi na primeira fila, com Pierluigi Martini. Seguindo as surpresas, Andrea de Cesaris e o atrevido Jean Alesi compartilhavam a segunda fila, com Senna apenas em 5º, compartilhando a 3º fila com seu desafeto e compatriota Piquet. A Ferrari tinha feito ótimos testes na pré-temporada, chegando a quebrar vários recordes ao longo do inverno, mas decepcionou com Prost em 7º e Mansell apenas em 17º.
Grid:
1) Berger (McLaren) - 1:28.664
2) Martini (Minardi) - 1:28.731
3) De Cesaris (Dallara) - 1:29.019
4) Alesi (Tyrrell) - 1:29.408
5) Senna (McLaren) - 1:29.431
6) Piquet (Benetton) - 1:29.862
7) Prost (Ferrari) - 1:29.910
8) Grouillard (Osella) - 1:29.947
9) Boutsen (Williams) - 1:30.059
10) Modena (Brabham) - 1:30.127
O dia 11 de março de 1990 estava nublado e abafado em Phoenix, mas não havia a perpectiva de chuva, que caiu forte na sexta. A mudança da corrida para o início do ano tinha razão de ser, pois o forte calor do deserto do Arizona castigou sobremaneira os pilotos em 1989, onde apenas seis completaram a corrida. Exaustos. Ainda na metade de 1989, quando estreou na F1, Jean Alesi já tinha impressionado a todos e mostrava que era a grande revelação do final da década, mesmo tendo em mãos apenas um Tyrrell. Logo na largada, o francês mostrou a que veio largando de forma que já lhe era característico: agressivamente. Berger se preocupou mais em fechar Martini e praticamente abriu passagem para Alesi, que deu um chega pra lá em De Cesaris e contornou a primeira curva na frente, numa audaciosa freada por dentro.
Pela primeira vez na carreira, Jean Alesi liderava uma corrida de F1 e o jovem de apenas 24 anos estava abrindo vantagem so
bre Berger, De Cesaris e Senna. Após a má largada, Martini não seria mais um fator na corrida e acabaria abandonando ainda no começo. Senna fazia uma corrida incomum as suas características e fazia uma prova de espera, apenas ultrapassando De Cesaris na quarta volta e apenas acompanhando Berger, que fazia uma boa estréia, mas era ofuscado por estar sendo derrotado por um novato com um carro de equipe, naquele momento, pequena. Porém, Berger nunca foi considerado um piloto de sorte e isso ficou claro quando ele bateu no muro na oitava volta. Um erro comum num circuito de rua estreito, mas na verdade o piloto da McLaren tinha apertado, ao mesmo tempo, acelerador e freio no meio da curva...
Já em segundo, Senna novamente faz uma corrida de espera, apenas acompanhando de perto Alesi, que fazia uma prova excepcional. O piloto da McLaren sabia que os pneus da Tyrrell de Alesi não durariam muito com aquele ritmo e em algum momento o francês perderia rendimento. Mais atrás, outro que fazia uma corrida forte era Piquet, que segurava com certa facilidade Prost e na volta 16 ultrapassa De Cesaris, assumindo a 3º posição. Três voltas depois, Prost vai aos boxes trocar seus pneus, mas a Ferrari acaba se atrapalhando e o francês perde muito tempo e as chances de um bom resultado na estréia pela scuderia. Boutsen vinha próximo e quando De Cesaris vai aos boxes, o belga ultrapassa Piquet e assumia definitivamente a 3º posição da prova, mas todas as atenções estavam voltadas para a briga que estava para acontecer lá na frente.
Alesi dava mostras que seus pneus estavam se desgastando e Senna sabia que estava chegando a hora de dar o bote. Na volta 30, o brasileiro estava colado na Tyrrell de Alesi e a ultrapassagem era apenas questão de tempo. Ou não? Mesmo com um dos melhores carros do pelotão e sendo muito mais experiente que Alesi, Senna não esperava pelo o que vinha pela frente. O único ponto claro de ultrapassagem em Phoenix era a forte freada no final da reta dos boxes e na volta 33 Senna cumpriu seu dever de casa ao colocar sua McLaren por dentro e efetuar a ultrapassagem. Ou seria melhor a consagração do novato? Surpreendentememente, Alesi retarda ao máximo a freada e na curva seguinte, consegue um espetacular xis no brasileiro, assumindo a ponta novamente. Conta a lenda que Senna ficou furioso com a humilhante ultrapassagem que levou, mas o Campeão Mundial de 1988 não podia ficar se remoendo por muito tempo e já na volta seguinte repetiu a manobra, freando forte na primeira curva, mas fechando a porta de Alesi na curva 2, fazendo com que Senna e Alesi contornassem três curvas apertadas e rodeadas de muros lado a lado, numa das ultrapassagens clássicas dos anos 90.
Senna venceria a corrida com facilidade, com confortável vantagem sobre Alesi, que permaneceu em 2º. Mesmo conquistando sua 21º vitória na F1, até mesmo Senna sabia quem era o grande herói daquele dia abafado no Arizona. Alesi tinha impressionado a todos com sua agressividade e seu 2º lugar naquele dia era uma clara indicação que a França teria um substituto à altura de Alain Prost. O tempo mostraria que, por causa de escolhas erradas na carreira, Alesi se tornaria uma eterna promessa, mas aquele dia se tornou um clássico para a F1, onde até mesmo um piloto experimentado como Senna se impressionou. "São com manobras como essa que tiro prazer do meu trabalho," disse o brasileiro na entrevista após a corrida.
Chegada:
1) Senna
2) Alesi
3) Boutsen
4) Piquet
5) Modena
6) Nakajima
Aniversário de 2 anos – De Gennaro Motors
ResponderExcluirOlá amigo,
No próximo dia 15 de março a De Gennaro Motors completará dois anos de vida. Nosso amigo leitor, Thyago Szoke, produziu uma atualização em nosso layout do blog. Agora nosso logo possui uma bandeira quadriculada no fundo da imagem junto com o novo grafismo das bandeiras do Brasil e da Itália. O logo da Série Caminhão nos EUA também recebeu uma atualização na imagem de fundo.
Gostaria de agradecer a todos os amigos, leitores e colaboradores pela audiência que o blog vem conquistando.
Entre no www.degennaromotors.blogspot.com e conheço os novos logos do blog.
Outros posts:
Confira o vídeo de Las Vegas, produzido por Marcos “Tenere”, direto dos EUA.
Um abraço,
Fernando A. De Gennaro
Editor Chefe
Cel: 55 (19) 9777-3664
De Gennaro Motors
www.degennaromotors.blogspot.com
O pega de Alesi e Senna foi o melhor na primeira corrida em 1990.
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