sexta-feira, 26 de março de 2010

História: 15 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1995


Após a trágica temporada de 1994, a FIA introduziu um pacote de mudanças que fizeram os carros de 1995 serem muito diferentes em comparação ao ano anterior. Alguns anos depois, quando Max Mosley promovia um pacotão de mudanças, as equipes sentiam calafrios, mas desta vez era em prol da segurança e ninguém parecia reclamar em ter que mudar seus carros da água para o vinho em apenas um ano. Visualmente falando, os cockpits estavam muito mais largos e a cabeça dos pilotos estava mais protegida, além de que, o banco do piloto era uma espécie de maca médica quando precisasse. Porém, ninguém esperava que o banco fosse usado como tal após um ano tão terrível como 1994.

Além dos acidentes, também havia a polêmica que tinha marcado o ano anterior e Michael Schumacher, mesmo campeão, era visto com certa desconfiança por todos e os torcedores brasileiros elegeram o alemão como inimigo número um, começando uma antipatia que dura até hoje. Porém, Schumacher teria mais chances de repetir seu sucesso, pois a Benetton havia conseguido os motores Renault, considerado o melhor da F1 na época. Como havia acontecido em 1994, Schummy não teria com quem se preocupar dentro do seio da equipe, pois Johnny Herbert iria ser claramente um segundo piloto obediente. Na Williams, Damon Hill estreava como primeiro piloto de uma equipe de ponta desde o início da temporada e ainda não teria a sombra de um grande piloto ao seu lado, pois o jovem David Coulthard, em sua primeira temporada completa, mais aprenderia do que atrapalharia Hill. Após vencer em Adelaide, Nigel Mansell se sentiu forte o suficiente para ficar na F1, mesmo aos 41 anos de idade, mas não acertou com a Williams, tendo que se conformar com a McLaren. Ron Dennis não gostava de Mansell e sabia que havia recíproca nesse sentimento, mas teve que ceder as pressões da Philip Morris, que reclamava ter nenhuma grande estrela vestindo seu macação vermelho. Os atritos começaram cedo, quando Mansell deixou a McLaren em posição difícil ao dizer que não cabia no carro e Mark Blundell teve que correr as primeiras corridas, enquanto um novo cockpit era feito para caber o traseiro de Mansell. E os pilotos brasileiros? Quase um ano após a morte de Ayrton Senna, todas as expectativas estavam voltadas em Rubens Barrichello, que havia feito uma pré-temporada surpreendente em seu Jordan e o brasileiro, com apenas 22 anos, foi na onda e aceitou toda a expectativa criada em cima dele. Barrichello se arrependeria amargamente disso mais tarde. A novidade entre os brasileiros era a criação da Forti Corse, uma equipe patrocinada pela família de Pedro Paulo Diniz, que estreava na F1, e teria Roberto Moreno como professor.

Logo nos primeiros treinos, ficou claro que a Williams tinha o melhor carro, mas novamente encontraria em Schumacher um adversário duro de ser batido, mesmo em um carro inferior. Damon Hill conquista a pole-position com facilidade, enquanto Schumacher, após dois acidentes nos treinos, tira um segundo lugar da cartola. Coulthard e Herbert completam uma quadra da Renault, deixando claro que Ferraris e McLarens estavam um degrau abaixo. E Barrichello? O brasileiro chegou a Interlagos usando um capacete em homenagem a Senna e criou em torno de si a imagem que seria o substituto natural de Senna no coração dos brasileiros. Porém, os primeiros resultados foram pífios e Rubens acabou apenas em 16º no grid, mais de 1s mais lento que seu companheiro de equipe, Irvine.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:20.081
2) Schumacher (Benetton) - 1:20.382
3) Coulthard (Williams) - 1:20.422
4) Herbert (Benetton) - 1:20.888
5) Berger (Ferrari) - 1:20.906
6) Alesi (Ferrari) - 1:21.041
7) Hakkinen (McLaren) - 1:21.399
8) Irvine (Jordan) - 1:21.749
9) Blundell (McLaren) - 1:21.779
10) Panis (Ligier) - 1:21.914

O dia 26 de março de 1995 estava nublado em São Paulo, num clima bem parecido com o que marcou a corrida do ano anterior, onde a torcida lotou o autódromo de Interlagos para ver Senna vencer. Um ano depois, houve muitas homenagens ao ídolo morto e nenhuma esperança de vitória brasileira. Afinal, nem o fã mais Policarpo Quaresma poderia esperar que Barrichello, Diniz e Moreno pudessem fazer algo largando tão de trás. Um dos dispositivos irregulares no quais a Benetton foi acusada de usar em 1994 foi que um sensor eletrônico ligado ao sinal verde fazia o carro largar no momento correto, nem mais, nem menos. Provado ou não a irregularidade, Schumacher fez outra largada relâmpago e ultrapassou Hill na primeira curva, assumindo a ponta da corrida, enquanto Hakkinen faz uma largada assombrosa e pula de 7º para 4º, ficando logo atrás de Coulthard e à frente das duas Ferraris.

No início, Schumacher tentou imprimir um ritmo mais forte e tentava se desgarrar de Hill, mas o inglês teimava em acompanhar o alemão de perto, enquanto Coulthard já ficava para trás. As estratégias de corrida, principalmente com a chegada do reabastecimento, ainda não haviam sido plenamente estudadas e por isso havia uma maior tentativa por parte das equipes e Ross Brawn, estrategista da Benetton, sabia que seu carro era inferior a Williams e propôs a Schumacher uma tática agressiva, onde o alemão teria que acelerar mais forte, pois largava mais leve e pararia uma vez mais em comparação a Williams. A estratégia de três paradas ficou clara quando alemão fez seu primeiro pit-stop na volta 17, com o alemão retornando à pista em 6º, ultrapassando a Ferrari de Berger na volta seguinte.

Quando a estratégia da Benetton ficou clara, Hill passou a acelerar mais e quando completou sua primeira parada algumas voltas mais tarde, o inglês emergiu à frente de Schumacher, que desta vez não vinha num ritmo tão forte como no começo da corrida. Contudo, o inglês começou a perder rendimento e quando estava para ser apanhado por Schumacher, Hill encostou seu Williams na grama com o câmbio quebrado. O ritmo forte dos dois pilotos que brigaram pelo título de 1994 fez com que Schumacher tivesse uma diferença considerável para Coulthard, que vinha num solitário 2° lugar. Mika Salo estava numa estratégia diferente e estava em 3º, mas um problema em seu braço fez com que o finlandês perdesse rendimento no final e ficasse longe do pódio. Berger e Hakkinen trocaram de posições ao sabor da estratégia, mas o veterano austríaco acabou tendo a vantagem sobre o piloto da McLaren.

Quando Schumacher fez sua terceira parada, o alemão partiu tranquilo rumo a mais uma vitória, com Coulthard 11s atrás. Mostrando o quanto Williams e Benetton eram os carros da moda, Berger completou o pódio, mas uma volta atrás. O pódio não teve a animação de outros anos, mas a polêmica começaria após as festividades dos três primeiros. Depois de tantas manobras fora das pistas, a F1 não precisava de outra polêmica, mas foi exatamente isso o que aconteceu. Horas depois, a FIA anunciou que Schumacher e Coulthard tinham sido desclassificados por que a Elf, fornecedora de gasolina da Williams e Benetton, tinha utilizado uma gasolina diferente da amostra que tinha passado a FIA no início do ano. A Ferrari chegou a estourar o champanhe em comemoração a vitória de Berger, mas a confusão ainda não havia acabado. Benetton e Williams apelaram da decisão e algumas semanas depois, a vitória voltou para as mãos de Schumacher, mas tanto Williams como Benetton foram multadas pesadamente e sem os pontos dos constutores, enquanto a Ferrari ficou uma arara com a decisão posterior. A F1 iniciava em 1995 com poucas emoções dentro da pista e muita confusão fora dela.

Chegada:
1) Schumacher
2) Coulthard
3) Berger
4) Hakkinen
5) Alesi
6) Blundell

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