terça-feira, 29 de junho de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio da França de 1980


A invasão francesa na F1 alcançava seu auge em 1980 e por isso o Grande Prêmio da França, que nessa temporada voltava a ser realizado em Paul Ricard, estava cercado por muita atenção. Não apenas os sete pilotos gauleses, mas também as equipes tricolores estavam com ótimas expectativas. Em boa fase, Ligier e Renault fizeram uma preparação meticulosa unicamente para a sua corrida caseira. Paul Ricard era a pista de testes da Ligier, enquanto a Renault começou seu projeto do turbo no rápido circuito francês. Havia uma espécie de rivalidade entre os dois times para ver quem se sobressaía na França. E isso se mostrou fortemente nos treinos.

Jacques Laffite e Didier Pironi passaram toda a classificação brigando pela pole, com o veterano acabando por confirmar a pole, mas usando a potência dos motores turbo, particularmente nos 1.500m da reta Mistral, a Renault colocou René Arnoux na primeira fila. O novato Alain Prost continuava mostrando serviço e pôs sua raquítica McLaren na sétima posição, logo atrás de Jabouille. Eram cinco franceses nas sete primeiras posições! A única ameaça à festa francesa era a Williams, que foram os únicos 'intrusos' entre os sete primeiros. Patrick Depailler ainda conseguiu um bom décimo lugar e apenas Jean-Pierre Jarier, no seu Tyrrell, aparecia fora dos dez primeiros tendo a bandeira da França ao lado do seu sobrenome. Tinha tudo para ser uma festa no domingo!

Grid:
1) Laffite (Ligier) - 1:38.88
2) Arnoux (Renault) - 1:39.49
3) Pironi (Ligier) - 1:39.49
4) Jones (Williams) - 1:39.50
5) Reutemann (Williams) - 1:39.60
6) Jabouille (Renault) - 1:40.18
7) Prost (McLaren) - 1:40.63
8) Piquet (Brabham) - 1:40.67
9) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:40.85
10) Depailler (Alfa Romeo) - 1:40.89

O dia 29 de junho de 1980 estava quente e com um belo sol para o que seria uma festa francesa com certeza. O público gaulês lotou as dependências do autódromo de Paul Ricard e apenas esperava por uma vitória de um piloto seu. Observando o forte calor e os quatro motores quebrados durante os treinos, a Renault diminuiu a potência dos seus turbos, mas ainda havia reserva técnica para que Arnoux fosse um dos mais rápidos na reta Mistral. Na largada, as duas Ligiers dispararam, em especial Pironi, que pulou de 3º para 2º, deixando Laffite na liderança. Porém, nem tudo era felicidade para os franceses, pois Jean-Pierre Jabouille ficou praticamente parado no grid com o câmbio quebrado. Era a primeira baixa gaulesa.

Ainda na primeira volta, iniciou-se uma encarniçada briga entre os pilotos franceses pela ponta. Pironi, Laffite e Arnoux estavam colados e na segunda volta, Arnoux aproveitou a potência, mesmo diminuída, do seu motor turbo e ultrapassou Pironi, assumindo a segunda posição. Aos poucos, Laffite se desgrudava de Arnoux, que ainda recebia pressão de Pironi. Para os franceses, essa situação ainda era motivo de festa, pois um piloto local venceria, mas logo um ameaçador carro branco se aproximaria do pelotão da frente. Extremamente acertado, Alan Jones começava a encostar em Pironi e ainda na quarta volta ultrapassou o francês. Respiração ofegante na arquibancada. Mais atrás, outro francês começava a impressionar. Piquet tinha acabado de ultrapassar Reutemann e o argentino logo seria deixado para trás por Alain Prost, para delírio da torcida. Porém, não demorou para que o câmbio Hewland de Prost o deixasse na mão apenas na sexta volta. Era a segunda decepção francesa no dia.

Enquanto isso, a briga seguia pela segunda posição e Pironi, como se esperando para dar um bote certeiro, ultrapassou Arnoux e Jones em apenas uma volta na sétima passagem e a Ligier tinha novamente a dobradinha em sua corrida caseira. Porém, o piloto da Williams ainda se mantinha na espreita e três voltas depois Jones ultrapassou Pironi novamente. A torcida esperava por uma nova reviravolta promovida por Pironi, mas para desespero dos locais, ocorreu exatemente o contrário. Não apenas Jones despachou Pironi, como se aproximava de Laffite. Arnoux perdia rendimento com seus pneus gastos na volta 11 foi ultrapassado por Piquet. O piloto da Brabham sabia que não tinha condições de brigar pela vitória e por isso galgava posições na medida em que os pilotos a sua frente cometiam erros e ganhava pontos importantes para o campeonato.

Vendo que Jones se aproximava do seu companheiro de equipe, Pironi aumentou o ritmo e encostou no australiano, mas não o atacou. O piloto da Ligier esperava ver o que aconteceria na briga pela ponta entre Laffite e Jones, que logo começou. Os três passaram a andar colados, com uma boa diferença em cima do 4º colocado Piquet. Jones foi paciente para esperar o melhor lugar para ultrapassar. Na volta 34, na entrada da chicane, por fora, Jones fez uma ótima ultrapassagem sobre Laffite. Os franceses ficaram decepcionados, mas esperavam que a dupla da Ligier atacasse Jones em algum momento. Porém, a rivalidade entre Laffite e Pironi era grande demais e ao invés de se juntarem e atacar a Williams, eles passaram a brigar entre si. E Jones ia embora...

Mais atrás, Arnoux e Reutemann brigavam pela 5º posição. Enquanto o argentino tinha um carro mais equilibrado, o francês tinha a potência do seu motor turbo. Foi uma briga fascinante! Arnoux chegou a ser ultrapassado por Reutemann, mas recuperava seu posto na reta Mistral. Faltando quinze voltas, Pironi passou a atacar Laffite com mais força. Nem pareciam companheiros de equipe. Na famosa e rapidíssima curva Signes, Pironi colocou carro por dentro em cima de Laffite. O veterano não aliviou e os dois chegaram a se tocar, numa situação para lá de perigosa, mas Pironi acabou se sobressaindo e ficando com a posição. Porém, os franceses não tinham muito o que comemorar, pois toda a festa estava programada para uma vitória gaulesa e quem recebeu a bandeirada em primeiro foi o australiano Alan Jones, com uma boa vantagem sobre Pironi. Jones causou uma enorme festa da Williams, a mais inglesa das equipes, fazendo com que o triunfo fosse uma vitória da Inglaterra sobre a tradicional rival França. E Jones ainda assumia a liderança do campeonato!

Chegada:
1) Jones
2) Pironi
3) Laffite
4) Piquet
5) Arnoux
6) Reutemann

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Figura (EUR): Segurança dos carros

A cada Grande Prêmio, a F1 aumenta seu recorde histórico de corridas sem mortes na categoria. Nesse momento, são mais de dezesseis anos sem nenhuma fatalidade numa pista de F1 e isso poderia causar a falsa sensação de segurança para dirigentes e pilotos. O espetacular acidente de Mark Webber neste domingo provou que apesar dos anos sem mortes, a FIA não dormiu no ponto e a segurança ainda é vista como essencial na construção dos carros. Ainda há risco e a manobra de Kovalainen/Webber mostra que muitas vezes não adianta ter carros e pistas seguras, que sempre haverá piloto(s) para estragar o bom trabalho da parte de segurança da F1, mas ao menos eles estão fazendo seu trabalho. E bem feito!

Figurão(EUR): Mercedes

Exatamente um ano após ter conseguido uma vitória convicente em Valencia nas mãos de Rubens Barrichello, quando ainda se chamava Brawn e tinha bem menos estrutura do que agora, a Mercedes passou maus bocados na pista espanhola neste final de semana. O primeiro dia de atividades até que começou bem, com Nico Rosberg conseguindo ótimos tempos na sexta-feira, mas com Michael Schumacher sofrendo nas posições intermediárias. O tempo provaria que o desempenho do jovem alemão era apenas ilusório e que a real performance da equipe de Stuttgart era do heptacampeão, que quase passou pelo homérico vexame de ficar no Q1. Totalmente fora do ritmo, os dois carros prateados ficaram longe do pelotão da frente e estacionaram no Q2, com Rosberg novamente superando Schumacher com larga margem. Porém, na corrida, Schummy conseguiu uma melhor largada e tinha ganho várias posições quando foi mais um dos grandes prejudicados da entrada do Safety-car e acabou por terminar em 15º, simplesmente sua pior posição final de corrida em quase vinte anos de carreira! Nico Rosberg não foi muito diferente e com problemas sérios nos freios, poupou o carro a corrida inteira, mas até que isso não fez muita diferença, pois o alemão não foi atacado, assim como também não atacou senhor ninguém, acabando longe de qualquer briga por pontos. Foi uma atuação medíocre de uma equipe que sonhava em brigar pelo título no início do ano, mas que agora almeja pelo menos ficar entre as quatro equipes mais fortes de 2010.

domingo, 27 de junho de 2010

O jogo foi melhor...


F1 em época de Copa do Mundo é complicado, ainda mais quando há uma corrida como a de hoje em Valencia. Até acho melhor que haja mais provas na Europa, pois é no Velho Continente que se respira verdadeiramente a F1, mas com tantas pistas boas, será que construir um circuito de rua medíocre em Valencia terá valido a pena? Sendo bem sádico, o melhor momento da corrida foi amedontrador acidente de Mrak Webber, pois de resto não houve nada de emoção. Vettel não tem nada com isso e venceu com enorme facilidade e o alemão parecia antever a goleada alemã sobre a Inglaterra horas depois, já que Hamilton e Button se conformaram com os outros lugares do pódio.

A beleza do circuito valenciano não encobriu a péssima corrida de hoje, onde até houve ultrapassagens, como a bela manobra de Sutil em Buemi, mas a verdade foi que vimos uma procissão de quase duas horas, onde Vettel largou, dominou e venceu. O alemão só teve um leve arranhão em seu domínio quando foi tocado por Hamilton na primeira curva, mas o dia estava tão bom para Vettel, que quem saiu prejudicado foi o piloto da McLaren, com a asa dianteira quebrada. Porém, a prova foi tão sem emoção, que Hamilton aproveitou a (polêmica) entrada do safety-car para trocar sua asa e voltar à pista em segundo. Irregularidades por ter ultrapassado o Mercedão? A McLaren mandou Hamilton enriquecer a mistura de combustível, o inglês fez ótimas voltas, cumpriu o drive-through e terminou... em segundo! Talvez Hamilton nem teve sua palpitação alterada com isso, até porque ele aumentou ainda mais sua liderança no campeonato, já que Button fez uma corrida invisível, onde marcou algumas voltas rápidas no final, mas terminou em terceiro, quando ele finalmente apareceu na transmissão. Ok, uma corrida mediana do atual Campeão Mundial, mas de ponto em ponto, o Button vai brigando pelo campeonato.

O acidente de Mark Webber, muito parecido com o acidente que marcou a segunda prova da GP2 mais cedo, será mais lenha na fogueira contra as equipes novas. Além do toque entre Webber e Kovalainen, não foram poucas as vezes em que Virgins e Hispanis atrapalharam carros mais rápidos enquanto levavam voltas.E 2011 terá uma 13º equipe nova... A velha lei do trânsito diz que quem bate por trás tem culpa, ou seja, Webber foi o barbeiro, mas olhando o contexto geral da situação, o australiano estava infinitamente mais rápido do que Kovalainen e por isso se atrapalhou e entrou com tudo na traseira da Lotus, que não pôde comemorar sua corrida de número 500. O susto foi enorme. Um voo daquele poderia trazer consequencias trágicas, vide o trágico acidente de Marcos Campos quinze anos atrás na F3000 em situação bem parecida. Porém, o australiano teve sorte em cair com as rodas no lugar certo e só lamentará os pontos perdidos na briga pelo campeonato, cada dia mais polarizada entre Red Bull e McLaren. A Ferrari foi a grande prejudicada da entrada do safety-car e Fernando Alonso até agora reclama da punição a Lewis Hamilton, mas vale uma perguntinha ao espanhol chorão: mas o inglês não foi punido? O que poderia fazer mais os comissários de pista? Dar bandeira preta? Está mais parecendo desespero de ver um título que caminhava tranquilamente para as mãos de Alonso estar cada vez mais longe. E Felipe Massa mais atrás ainda!

Rubens Barrichello conseguiu seu melhor resultado do ano com uma corrida sólida e também sem grandes sobressaltos, praticamente garantida com a confusão que se deu após a entrada do safety-car. No final da prova, nove pilotos seria investigados sobre seus comportamentos enquanto estavam na pista sobre bandeira amarela, inclusive o brasileiro. Talvez seja mais animado que a corrida, que foi simplesmente terrível de se assistir. Bem ao contrário do jogão que passou depois!

sábado, 26 de junho de 2010

Bem vindo de volta!


Apesar do Reginaldo Leme viver pegando no pé de Mark Webber, é difícil negar que o verdadeiro talento da Red Bull se chama de Sebastian Vettel. O alemão teve um início de temporada dominante frente ao companheiro de equipe, mas o crescimento do australiano ao longo do ano, com Webber conseguindo três poles seguidas e duas vitórias definitivamente mexeu na cabeça do jovem piloto de 22 anos. Porém, esses tempos onde a F1 foi deixada de lado por causa da Copa do Mundo parece ter feito bem a Vettel, que parece ter refletido e pôde mostrar todo o seu potencial numa disputa apertada contra Webber.

Pelas duas corridas em Valencia, as equipes perceberam que um bom lugar no grid seria essencial para a prova de domingo e por isso os tempos ficaram muito próximos, principamente no Q2, onde a diferença entre o 1º (Webber) e o 6º (Alonso) foi de apenas um décimo. Contudo, na principal classificação do dia a Red Bull se sobressaiu e dominou as duas primeiras posições, mesmo com as tentativas dos pilotos da Ferrari e de Hamilton. Eles não foram capazes de se igualar aos energéticos, que brigaram entre eles para saber que seria o pole. E foi apertado. Mesmo com Vettel sempre à frente, Webber ficou na espreita e na última tentativa do australiano, Mark chegou a ficar um milésimo de segundo atrás do tempo do companheiro de equipe em uma das parciais. Porém, Vettel voltou a sentir o gostinho da pole por menos de um décimo e, o que é melhor, com uma boa vantagem sobre os demais.

A McLaren não vinha mostrando a mesma forma do Canadá, mas nunca se deve subestimar o talento de um Lewis Hamilton e o inglês pareceu ter tirado um pouco mais do que o carro poderia lhe oferecer e ficou com o terceiro tempo, com direito a um erro em sua tentativa final, onde poderia incomodar ainda mais a dupla da Red Bull. Para se ter uma idéia de quanto Hamilton foi forte, Button ficou quatro posições abaixo. Fernando Alonso, após o melhor tempo na sexta-feira, tinha a expectativa de fazer a pole e mesmo com tempos competitivos, o espanhol nunca brigou mais seriamente pelo primeiro lugar, ficando aproximadamente meio segundo atrás de Vettel. Porém, o tempo de 1:38.0 parecia ser mesmo o limite da Ferrari, que viu finalmente Massa andar no mesmo ritmo de Alonso. Kubica decepcionou um pouco, mas o sexto lugar mostra que o polonês merece um carro bem melhor, mesmo com Petrov passando para o Q3. A Williams surpreendeu ao colocar seus dois carros no Q3 e com seus dois pilotos marcando exatamente o mesmo tempo.

Decepção maior ficou com a Mercedes. Se ano passado a equipe, ainda conhecida como Brawn, conseguiu uma bela vitória com Barrichello, esse ano amargou uma classificação pífia, onde seus dois carros ficaram de fora do Q3 e Schumacher voltou as suas péssimas atuações do começo do ano, quando o heptacampeão ficou quase de fora do Q2, no que seria um vexame inimaginável para o alemão, que ainda assim levou mais de meio segundo de Nico Rosberg. Mas Nico não pode comemorar muito, pois ficou atrás até da Toro Rosso de Buemi, que foi bem e superou até mesmo as surpreendentes Force India, que vinham fazendo uma boa temporada até o momento, mas não repetiu o bom momento das corridas anteriores.

Apesar da expecativa de chuva forte para a Classificação, o que vimos foi sool forte e amanhã deverá ter um clima parecido, o que indica uma bela paisagem, mas uma corrida nem tão emocionante. Vamos ver como largarão Vettel e Webber na primeira fila, foi será a primeira vez que veremos largarem juntos após a confusão na Turquia. Se não acontecer nada demais na primeira curva, a corrida tende a cair nas mãos da Red Bull.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio do México de 1990


Durante a final da primeira fase da Copa do Mundo de 1990, foi realizado o Grande Prêmio do México de F1 e com todo o circo da categoria na América do Norte, simplesmente nada aconteceu entre a corrida canadense, com amplo domínio da McLaren, e a prova no México. Nos boxes, a única festa era do 100º GP de Ayrton Senna, comemorado com entusiasmo nos boxes da McLaren, com direito a bolo de aniversário na careca de Jo Ramirez.

E a McLaren teria ainda mais o que comemorar com mais uma pole, mas desta vez não com Senna. Gerhard Berger reclamava constantemente que o seu cockpit estava apertado demais e por isso não se sentia a vontade dentro do seu próprio carro, mas quando tinha alguma oportunidade de mostrar velocidade, o austríaco o fazia e conseguiu sua segunda pole no ano. Os motores Renault que empurravam os Williams cresciam a olhos vistos e não era difícil apontar que a equipe inglesa já era a terceira força em 1990 e Patrese ficando na primeira fila era um bom exemplo disso. Mesmo longe do seu habitat natural, a primeira fila, Senna não tinha muito do que reclamar, pois seu maior rival não teve um dia muito bom e Alain Prost largaria em 13º, sua pior posição de largada desde 1980, quando estreou na F1.

Grid:
1) Berger (McLaren) - 1:17.227
2) Patrese (Williams) - 1:17.498
3) Senna (McLaren) - 1:17.670
4) Mansell (Ferrari) - 1:17.732
5) Boutsen (Williams) - 1:17.833
6) Alesi (Tyrrell) - 1:18.282
7) Martini (Minardi) - 1:18.526
8) Piquet (Benetton) - 1:18.561
9) Nakajima (Tyrrell) - 1:18.575
10) Modena (Brabham) - 1:18.592

O dia 24 de junho de 1990 estava nublado na Cidade do México, mas não havia perspectivas de chuva durante a prova, ao contrário do que havia acontecido em Montreal, duas semanas antes. Como era uma prova acontecendo numa altitude muito alta, havia muitos problemas com a perca de potência dos motores e isso poderia ser decisivo durante a prova, fora o próprio cansaço físico dos pilotos. Porém, o único problema foi um cachorro que invadiu a pista durante o warm-up e o perigoso que isso poderia ocasionar, mas ninguém ligou muito quando as luzes verdes apareceram e a largada foi dada. Como tinha acontecido quando largou em primeiro em Phoenix, Berger não sai bem e perde duas posições no entrada da primeira curva. Patrese assume a ponta, mas é fortemente pressionado por Senna, com o italiano chegando a fechar o piloto da McLaren várias vezes durante a primeira volta.

Com a perspectiva de liderar a prova e com Prost ainda se batendo nas posições intermediárias, Senna não queria perder tempo e na saída da última curva, a famosa Peraltada, o brasileiro colocou de lado e ultrapassou Patrese na reta, cruzando a primeira volta em primeiro. Berger segue o embalo do companheiro de equipe e ultrapassa o italiano no final da reta dos boxes, confirmando a boa fase da McLaren e formando uma compacta dobradinha da equipe na ponta da corrida. Patrese parecia não ter pegado o ritmo da corrida e também é ultrapassado por Boutsen e Piquet nas voltas seguintes. O brasileiro da Benetton confirmava a volta da boa forma após duas temporadas apagadas.

Com Senna começando a sumir na frente, trazendo Berger à reboque, todos começam a prestar atenção na rápida evolução de Prost. Em Hungaroring, um circuito muito mais difícil de ultrapassar que o circuito Hermanos Rodriguez, Mansell largou em 12º e chegou a uma emocionante vitória. Mesmo não tenho a agressividade do seu companheiro de equipe, Prost ganhava praticamente uma posição por volta e na 12º volta já aparecia em sétimo, logo atrás de Mansell. Logo após ultrapassar Patrese, não demorou para Piquet deixar a Williams de Boutsen para trás e assumir o terceiro posto, mas o tricampeão logo subiria de posição. Berger tem problemas com um dos seus pneus e tem que ir aos boxes na 13º volta, perdendo várias posições e novamente o Brasil teria uma dobradinha, com Senna em primeiro e Piquet em segundo. Por enquanto...

As Ferrris se aproximavam rapidamente do pelotão da frente e o duo Mansell/Prost andavam juntos e se aproximava das Williams, que também andavam juntas. Com um terço de prova, os carros vermelhos se aproximaram dos carros azuis e amarelos e em dez voltas Mansell e Prost deixavam Boutsen e Patrese para trás. Piquet não estava muito longe e não foi surpresa ver o piloto da Benetton sucumbindo com a força extraordinária da Ferrari naquele dia. Mas será que eles alcançariam Senna?

Ainda faltavam 25 voltas quando as Ferraris começaram a fatiar a enorme vantagem que Senna tinha sobre eles. A corrida se mostrava bastante desgastante para os pneus e Piquet e Patrese foram aos boxes, dando a Berger a chance de se aproximar do pelotão da frente numa boa corrida de recuperação do austríaco. A verdade era que Senna tinha um problema em seu pneu traseiro direito e teve que diminuir o ritmo. Prost, mais cuidadoso com seus pneus, vê uma chance de vitória se aproximar de suas pequenas mãos e ultrapassa Mansell, que já sofria com seus pneus. Faltando dez voltas para o final, Prost se aproxima de Senna e ultrapassa a McLaren de forma fácil, mas o motivo seria visto algumas voltas depois. O pneu traseiro direito da McLaren de Senna estoura e o brasileiro tentava levar o carro de volta aos boxes, mas o problema ocorreu bem no começo da volta e isso significava que Senna teria que andar mais de 4km para chegar aos boxes. O brasileiro conseguiu levar seu carro até o seu objetivo, mas infelizmente o carro estava danificado demais para que uma simples troca de pneus devolve-se o piloto da McLaren de volta à pista e Senna estava fora da corrida.

Prost partia rumo a uma vitória que parecia incerta, mas ainda não havia acabado as emoções dessa famosa corrida no México. Mansell sofria com seus pneus desgastados e via a rápida aproximação de Berger, que fazia uma ótima corrida de recuperação. O piloto da McLaren encostou nas voltas finais e efetuou uma bela ultrapassagem sobre o Leão no final da reta dos boxes. Porém, ninguém poderia subestimar o inglês. Mansell, totalmente no limite, permaneceu próximo a Berger e na mesma volta realizou uma das ultrapassagens mais bonitas e corajosas de todos os tempos. Na entrada da Peraltada, em quinta marcha e a mais 200 km/h, Mansell colocou sua Ferrari por fora e não tirou o pé. Berger ficou com a decisão de tirar ou não o pé, sabendo que um acidente grave poderia acontecer a qualquer momento. Conhecendo bem Mansell, o austríaco tirou o pé e deixou o piloto da Ferrari o passar por fora, numa manobra formidável. As últimas duas voltas foram de suspense para saber se haveria troco de Berger, que acabou não acontecendo e a TV pôde mostrar Prost recebendo a bandeirada em primeiro, conseguindo uma de suas vitórias mais combativas da carreira. Após o domínio da McLaren no Canadá, a Ferrari mostrava força no México com uma dobradinha. O campeonato pegava fogo!

Chegada:
1) Prost
2) Mansell
3) Berger
4) Nannini
5) Boutsen
6) Piquet

terça-feira, 22 de junho de 2010

História: 35 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1975


Naquele momento da temporada, tudo levava a crer que Niki Lauda conseguiria seu primeiro título na F1. O austríaco vinha de três vitórias consecutivas e vinha fazendo uma temporada impecável em 1975. Nem mesmo o bicampeão Emerson Fittipaldi e muito menos o companheiro de equipe de Lauda na Ferrari, Clay Regazzoni, eram capazes de segurar o ímpeto do austríaco naquele momento. A McLaren não vinha em uma boa fase naquela altura do campeonato, enquanto a Ferrari se concentrava unicamente em Lauda, já que Regazzoni não vinha repetindo o ritmo do ano anterior, quando brigou com Fittipaldi até a última corrida de 1974 pelo título mundial.

Como não poderia deixar de ser, Niki Lauda conquistou sua 13º pole na F1 em Zandvoort, mesma pista que havia vencido em 1974. A verdade é que a Ferrari vinha sobrando em 1975 e Regazzoni corroborou com isso ao completar a primeira fila do grid. As demais equipes grandes não estavam bem na Holanda e James Hunt, com sua psicodélica equipe Hesketh, surgiu em terceiro, à frente de Tyrrell, McLaren e Brabham. Mesmo num carro de um time pequeno, Hunt já tinha mostrado todo o seu talento desde que entrou na F1 através da Hesketh em 1973 e sua ida para um time grande era questão apenas de tempo.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:20.29
2) Regazzoni (Ferrari) - 1:20.57
3) Hunt (Hesketh) - 1:20.70
4) Scheckter (Tyrrell) - 1:20.74
5) Reutemann (Brabham) - 1:20.87
6) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:20.91
7) Brise (Hill) - 1:20.94
8) Mass (McLaren) - 1:21.01
9) Pace (Brabham) - 1:21.06
10) Jarier (Shadow) - 1:21.10

Apesar de Zandvoort ser construído praticamente ao lado de uma praia holandesa, o dia 22 de junho de 1975 não estava muito adequado para um lindo de dia a beira do mar. A chuva se fez presente em Zandvoort e a pista estava molhada no momento da largada. Em Zandvoort, o fato de se correr com o piso escorregadio devido a chuva se agravava pelo fato da areia muitas vezes invadir a pista, causando mudanças de aderência a todo instante no asfalto holandês. Isso significava uma corrida com poquíssimo grip e a promessa de muitas emoções. Pensando também em resolver o problema da visibilidade, Lauda faz uma ótima largada e confirma a pole ao contornar a primeira curva na ponta, seguido por um espetacular Jody Scheckter, que havia pulado de 4º para 2º no arranque, deixando Regazzoni e Hunt para trás.

A pista estava claramente molhada no início, mas não chovia mais no momento da largada e até mesmo um tímido sol ajudava a secar o asfalto de Zandvoort. E criar uma enorme dor de cabeça para as equipes. Se hoje o pit-stop é algo comum e corriqueiro, nos anos 70 isso era uma anomalia e muitas vezes as equipes passavam uma temporada inteira sem trocar pneus durante uma corrida. Além disso, a estratégia era um mero fato de ficção científica e eram os pilotos que decidiam a hora de parar nos boxes, seja qual for o motivo. Por isso, em situações como essa no Grande Prêmio da Holanda de 1975, as equipes deviam estar preparadas para receber seus pilotos a qualquer momento, até porque a partir da quinta volta da corrida o piso estava claramente seco.

Praticamente definindo os rumos da prova, James Hunt tomou a iniciativa de ser o primeiro piloto a se aventurar nos boxes para trocar seus pneus para chuva pelos slick para piso seco. A estrutura para se fazer um pit-stop chegava a ser amadora, em comparação a hoje, e por isso não raro pilotos estouravam seus motores por passar tempo demais parado nos boxes, sem que o propulsor recebesse a refrigeração devida. Como esperado, uma romaria de carros foi aos boxes nas voltas seguintes, com as posições sendo trocadas a todo instante, até que na volta 16 a corrida se acalmou e a nova classificação dos seis primeiros tinha, na ordem: Hunt, Jarier, Lauda, Fittipaldi, Scheckter e Regazzoni.

Hunt e Jarier se aproveitaram do maior tempo com pneus slicks e abriram uma boa diferença para Lauda, que tinha o carro mais rápido da pista até começarem as paradas. Com a pista ainda úmida, os pilotos ainda tateavam a melhor forma de andar rápido e por isso não houve muitas trocas de posição, apenas com Fittipaldi sendo ultrapassado por Scheckter e Regazzoni quando a prova atingia sua metade. Sentindo-se cada vez mais confiante, Lauda começava a aumentar seu ritmo e se aproximou da Shadow, que não repetia o bom início de temporada, principalmente com Jarier, mas o francês vendeu caro sua posição, até porque Jarier tentava um melhor cockpit para 1976 e aquela era uma ótima chance de aparecer frente aos demais chefes de equipe. O francês segurou a poderosa Ferrari de Lauda até onde pôde, mas o austríaco finalmente efetuou a ultrapassagem na volta 44 e partiu em perseguição a Hunt. Infelizmente, o esforço de Jarier em manter Lauda atrás de si foi demais para seus pneus e o francês acabaria rodando duas voltas mais tarde, após um furo no pneu, acabando sua corrida ali mesmo.

Já com pista seca e o sol brilhando, Lauda foi para cima de Hunt, mas o austríaco sabia que não teria vida fácil. Contemporâneo de Hunt nas categorias de base, Niki Lauda sabia da agressividade e da vontade do inglês em conseguir vingar no automobilismo e por isso tinha consciência de que Hunt faria o possível e o impossível para se manter na ponta e conquistar sua primeira vitória na F1. Como esperado, Lauda se aproximou de Hunt na volta 60 e a pergunta era: o piloto da pequena Hesketh teria tanta força de vontade em segurar o embalado Niki Lauda em sua poderosa Ferrari por 15 voltas? A resposta foi dade com um pilotagem forte e segura de Hunt, praticamente não dando chances da Lauda, que não ficou mais de que meio segundo atrás da traseira do carro branco de número 24 da Hesketh. James Hunt não se desconcentrou um minuto sequer e conseguiu sua primeira vitória na F1 e da Hesketh, com Lauda três décimos atrás. Com Scheckter tendo o motor estourado no final da prova, Regazzoni completou o pódio. Essa vitória acabaria sendo o último suspiro de competitividade da Hesketh, que sofreria um declínio sem retorno até acabar no final da década. Já Hunt aparecia como grande piloto em potencial e travava sua primeira grande disputa com aquele que seria seu maior rival nas pistas.

Chegada:
1) Hunt
2) Lauda
3) Regazzoni
4) Reutemann
5) Pace
6) Pryce

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Enquanto isso, no domingo...


Alguém lembra de Björn Wirdheim na corrida da F3000 de Mônaco em 2003? Ou de Julian Simon na etapa da Catalunha do Mundial das 125cc em 2009? Não? Pois Wirdheim e Simon tem muito em comum, pois perderam vitórias certas de maneira vexatória. O sueco comemorou sua 'vitória' junto com a equipe na frente do pit-wall, enquanto o 2º e o 3º colocados o ultrapassavam na linha de chegada. Já Simon confudiu a penúltima com a última volta e comemorou a 'vitória' quando ainda havia uma volta para ser dada. Neste domingo, o australiano Marcos Ambrose entrou para esse duvidoso rol de derrotas inacreditáveis do esporte a motor.

Durante a etapa de Sonoma da Sprint Cup, principal divisão da Nascar, Ambrose estava prestes a entrar para a história ao ser o primeiro piloto da Oceania a vencer uma corrida da Nascar. Especialista em circuitos mistos, Ambrose tinha uma vantagem de 4s sobre o tetracampeão Jimmy Johnson quando a bandeira amarela apareceu quando faltavam cinco voltas. Ter uma lenda viva ao seu lado na possível última relargada de uma corrida não é nada agradável e por isso Ambrose começou a se precaver para tudo. Porém, tanta precaução causou uma cena totalmente bizarra. Antes de falar da proeza do australiano, é bom dar uma explicação de todo o contexto.

Tentando a todo custo acabar com as corridas em bandeira verde, evitando um anti-clímax no fim das provas, a Nascar criou as prorrogações ou, como eles chamam, 'Green-white-chequered'. A regra é simples. Se uma bandeira amarela aparece faltando poucas voltas para o final, a direção de prova anuncia a regra e mesmo a corrida estrourando o limite de voltas, a corrida ainda terá duas voltas em bandeira verde. No máximo, são duas tentativas e se a bandeira branca for acenada, a corrida termina de qualquer jeito. Essa nova regra mudou um pouco o planejamento das equipes para o fim das provas, pois se a corrida tiver 100 voltas, por exemplo, é sempre bom pensar que poderá haver prorrogações e ter combustível para 102 ou 103 voltas. Uma tática muito usada pelos pilotos no fim das provas é desligar o motor durante as bandeiras amarelas, religando-o alguns metros mais tarde. Com receio de uma prorrogação acontecer nas últimas voltas da corrida, Ambrose fez exatamente isso: desligou o motor do seu Toyota. O problema foi ter feito isso numa subida...

A atitude inacreditável de Ambrose causou o óbvio. Seu motor não pegou de imediato e vários carros passaram por ele. Mesmo em bandeira amarela, a Nascar entendeu que Ambrose não acompanhou a velocidade do safety-car e fez o australiano relargar em 7º, distante da briga pela ponta, pois a bandeira verde foi dado faltando apenas duas voltas. Johnson venceu pela primeira vez num circuito misto, enquanto Ambrose lamentava uma das derrotas mais doloridas de sua carreira.

Por causa de uma viagem e da Copa, vi poucas corridas, mas vale comentar os resultados. Sem Valentino Rossi, Jorge Lorenzo levará o título mundial da MotoGP deste ano com extrema facilidade e a vitória no remodelado Silverstone é a prova de que o espanhol não tem adversários à altura no momento. Tirando Rossi, logicamente, que irá dizer no final do ano que o título de Lorenzo não teve o mesmo valor, pois o italiano não estava na pista. E Lorenzo ficará furioso com isso! Na Indy, Tony Kanaan voltou a vencer após longo e tenebroso inverno e mostra que a Andretti está de volta a briga pelas vitórias, pois desde o ano passado a Indy estava cada dia mais concentrada em uma disputa Penske vs. Ganassi. Com Tony, um dos melhores pilotos da categoria, de volta ao panteão dos vitoriosos, a Indy tende a ficar mais equilibrada e com mais pilotos na briga.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um dia para esquecer

Para os mais novos, nenhum final de semana foi tão ruim para a F1 como aquele do Grande Prêmio de San Marino de 1994. Foi um piloto seriamente ferido (Barrichello) e dois mortos (Ratzenberger e Senna), com o agravante de um dos mortos ter sido a maior estrela de então. No caso, Senna. Porém, há cinquenta anos atrás houve um final de semana tão trágico como naquela primavera italiana de 1994.

Spa-Francorchamps nos primórdios da F1 era uma pista ainda mais desafiadora do que a atual. E também mais perigosa. Seus 14km escondiam pelas retas e rápidas curvas uma pista insegura e que muitos não gostavam pela falta de garantias de sair vivo após uma saída de pista. E os treinos para a edição da corrida de 1960 começaram de mal a pior. Stirling Moss, a maior estrela da F1 da época, sofreu uma quebra mecânica e seu Lotus saiu da pista. Como não se usava cinto de segurança, Moss foi jogado para fora da pista e o inglês teve as duas pernas quebradas. Pior viria mais tarde. O estreante Mike Taylor, que corria em uma segunda equipe particular da Lotus, sofreu um seríssimo acidente ao se espatifar contra algumas árvores. Taylor sofreu várias fraturas em todo o corpo, mas teve sorte em poder contar história, mesmo com sua carreira no automobilismo tendo terminado naquele mesmo dia.

Com um treino tão acidentado, a F1 não esperava algo pior na corrida. Mas, infelizmente, o domingo seria ainda mais sombrio para a categoria. A promessa inglesa Chris Bristow, com um Cooper particular, fazia uma bela corrida e estava na zona de pontuação, mas sofria ataques ferozes do belga Willy Mairesse, da Ferrari. Na volta 19, um toque de Mairesse fez Bristow perder o controle do seu Cooper na famosa (e perigosa...) curva Malmedy e o inglês acabou sendo jogado para fora do seu carro. Infelizmente, o piloto de 22 anos bateu forte a cabeça e teve morte quase imediata.

Enquanto o corpo de Bristow era retirado da pista de Spa, outra tragédia ocorreria apenas cinco vltas mais tarde. E de uma forma tão trágica como bizarra. Alan Stacey era considerado o segundo piloto da equipe oficial da Lotus e uma espécie de aprendiz, ao lado de Jim Clark. Largando em 16º, Stacey fazia uma boa corrida de recuperação e com o acidente fatal de Bristow, passou a ocupar a 6º posição e se preparava para marcar seu primeiro ponto na F1. Então, na reta Masta, Stacey é atingido na cabeça por... um pássaro. O inglês desmaiou e seu Lotus saiu da pista e seu corpo foi jogado longe. O matando na hora também. Stacey tinha 26 anos.

Mesmo com duas mortes em menos de 25 voltas, o Grande Prêmio da Bélgica continuou e a vitória ficou com Jack Brabham. Mas como ocorreria 34 anos mais tarde, não haveriam comemorações no pódio.

Jim Clark viu dois dos seus melhores amigos morrerem na pista e pensou seriamente em parar de correr, mas o escocês mudou de idéia mais tarde. Porém, Clark passou a odiar o circuito de Spa, mas isso não o impediu que vencesse sua primeira corrida na F1 na pista belga dois anos mais tarde, provando todo seu profissionalismo e talento. Como que provando que o dia 19 de junho não traz muitos boas lembranças à F1, 45 anos depois a categoria chegou a um dos seus piores dias quando 14 dos 20 carros que participariam do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 2005 desistiram após a volta de apresentação devido a um defeito crônico nos pneus Michelin durante os treinos. Apenas seis carros correram naquele dia e aquele fiasco selou o fim do Grande Prêmio dos Estados Unidos apenas dois anos mais tarde.

De formas diferentes, foram dois dias tristes para a F1. Muito se falou que o 'F1asco', como ficou conhecido o episódio em Indiánapolis, tinha sido o pior momento da F1, mas o que aconteceu em 1960 é considerado por muitos como o final de semana mais negro da história da F1.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1985


Montreal receberia a F1 novamente após um mês sem corridas, mas com muita movimentação. Na verdade, entre as corridas em Monte Carlo e Montreal, estava marcado o Grande Prêmio da Bélgica em Spa-Francorchamps e seu clima instável. Pensando nisso, os organizadores recapearam toda a pista de Spa para que houvesse uma maior drenagem em caso de pista molhada, porém, aquele final de semana estava de forma não usual muito quente e o asfalto começou, literalmente, a se esfarelar. Os treinos foram realizados sobre protestos e Michele Alboreto acabou sendo o mais rápido, mas a situação estava tão crítica que foi o próprio italiano quem liderou um levante feito pelos pilotos para que a prova fosse adiada. O asfalto se soltava até mesmo passando o dedo sobre ele e por isso Bernie Ecclestone ficou sem saída e acabou postergando a corrida belga para o outono.

A Ferrari mostrava força e já estava no mesmo nível da McLaren. Para melhorar a vida dos italianos (e aumentar a torcida), Michele Alboreto era o líder natural da equipe e teria todo o time ao seu redor. Contudo, em ritmo de treino ninguém estava conseguindo parar a Lotus e seu motor Renault turbo especial de Classificação. Senna já havia feito várias poles seguidas usando essa arma e em Montreal quem melhor utilizou-a foi Elio de Angelis, voltando a fazer a pole após vários anos, mas para corroborar com o predomínio da Lotus nos treinos, Senna completou a primeira fila, enquanto as Ferraris mostravam seu crescimento ao dominar a segunda fila. Prost, por enquanto sem ter Lauda no seu encalço, sabia que teria que reagir para não morrer na praia novamente.

Grid:
1) De Angelis (Lotus) - 1:24.567
2) Senna (Lotus) - 1:24.816
3) Alboreto (Ferrari) - 1:25.127
4) Johansson (Ferrari) - 1:25.170
5) Prost (McLaren) - 1:25.557
6) Warwick (Renault) - 1:25.622
7) Boutsen (Arrows) - 1:25.846
8) Rosberg (Williams) - 1:26.097
9) Piquet (Brabham) - 1:26.301
10) Tambay (Renault) - 1:26.340

O dia 16 de junho de 1985 estava nublado e não raro chovia em Montreal, trazendo a perspectiva de chuva durante a corrida, mas a pista estava seca na hora da largada. Se todos conheciam o potencial da Lotus na Classificação, também sabia-se que o ritmo de corrida dos carros negros não era o mesmo e por isso ficar próximo de Senna e De Angelis era uma boa no começo de prova. Principalmente por que ambos largavam muito bem. Confirmando as expectativas, os dois carros da Lotus partem muito bem, com Elio de Angelis segurando o ímpeto de Senna, enquanto Alboreto os seguia de perto.

Na única surpresa da largada, Derek Warwick pula de 6º para 4º e o inglês da Renault, que não estava fazendo uma boa temporada, ficou firme atrás de Alboreto até sair da pista ainda na terceira volta, perdendo várias posições e a chance de dar o primeiro bom resultado a equipe francesa. Lá na frente, o duo da Lotus liderava, mas não demorou a aparecer os problemas. Senna entrou nos boxes ainda na quinta volta de forma bem lenta. Seu turbo não havia resistido. Isso deixava De Angelis sem seu escudo contra as duas Ferraris, que começavam a se aproximar. Na décima volta Alboreto começou a atacar seu compatriota na luta pela primeira posição e sempre que podia, colocava o bico de sua Ferrari ao lado da Lotus. Foram várias tentativas em vão!

O circuito de Montreal de 25 anos atrás tinha uma diferença para o atual. No lugar da reta oposta, onde a largada era dada, havia um 'esse' de altíssima velocidade e foi nesse local que Alboreto deu o bote em cima de Elio de Angelis, numa belíssima ultrapassagem, que fez o italiano da Lotus tirar o pé e ver Alboreto disparar à sua frente. Porém, ambos já tinham aberto uma ótima diferença para o terceiro colocado, Johansson, e a corrida ficou bastante estática nesse momento, sem muitas modificações entre os primeiros. Porém, Montreal era uma pista de alto consumo de combustível e não demorou para que alguns pilotos diminuíssem seu ritmo. Alboreto e De Angelis foram os primeiros, fazendo com que Johansson se aproximasse do piloto da Lotus. O motor Renault tinha muita potência, mas seu apetite voraz fez com que De Angelis perdesse não apenas a 2º posição, como também outras até o fim da prova. Porém, ainda havia mais drama.

O ritmo forte de Alboreto estava cobrando seu preço e o italiano praticamente se arrastava no final da prova, fazendo com que Johansson colasse na Ferrari de número 27. Briga pela primeira posição? Nunca com a Ferrari! Com Alboreto na liderança, a Ferrari colocou a velha placa 'SLOW' para seus pilotos, para que eles tirassem o pé e economizassem combustível, mas para bom entendedor, esse recado só um único destinatário: Johansson, não passe Alboreto! Contudo, o italiano estava tão lento que Johansson ficou preso e viu a rápida aproximação de Prost no final da corrida, mas o piloto da McLaren pouco fez para efetuar a ultrapassagem e assim a Ferrari conseguia sua primeira dobradinha em dois anos. Metros após a bandeirada, a resposta do pouco ímpeto de Prost foi dado quando o francês encostou seu carro na grama... sem combustível. Alboreto subia ao alto do pódio e começava a colocar uma diferença razoável em cima de Prost no campeonato, mas esse seria o melhor momento da Ferrari e de Alboreto na temporada.

Chegada:
1) Alboreto
2) Johansson
3) Prost
4) Rosberg
5) De Angelis
6) Mansell

terça-feira, 15 de junho de 2010

Enquanto isso no domingo...


Num final de semana em que havia o Grande Prêmio do Canadá junto com o primeiro final de semana da Copa do Mundo, a edição desse ano das 24 Horas de Le Mans ficaram um pouco de lado. E isso foi uma pena. A briga Peugeot x Audi teve mais um round nesse final de semana e tudo levava a crer que os franceses novamente levariam vantagem, com a Peugeot não apenas ficando com a pole, mas ocupando as duas primeiras filas. A Audi e seu modelo R15, que até agora não fez juz aos antecessores R9 e R10, teve que se contentar com as posições posteriores. Porém, numa corrida de Endurance a velocidade é tão importante quanto a confiabiliadde e a solidez da equipe. E foi nesse detalhe que a Audi se sobressaiu sobre a Peugeot, que viu, um a um, seus carros caírem enquanto lideravam a corrida, pois a Audi nunca pôde igualar a velocidade dos Peugeot em nenhum momento. No final, a Audi venceu com seu trio mais jovem (Mike Rockenfeller/Romain Dumas/Timo Benhard) e ainda garantiu a trinca com todos os seus carros chegando ao fim. Foi um final surpreendente após um domínio da Peugeot nos treinos e nas primeiras horas da corrida, mas numa prova de 24 horas, a máxima do automobilismo em que para chegar em primeiro, primeiro tem que chegar é elevado exponencialmente. E a Audi sabe disso!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Figura (CAN): McLaren

Como estamos em época de Copa do Mundo, se lembram da campanha da Itália quando foi campeã mundial? Começa devagar, até mesmo se atrapalhando na primeira fase, mas quando chega na fase aguda da Copa, os italianos vão lá e conquistam o caneco. Assim vem acontecendo com a McLaren. Os ingleses não tem o melhor carro, mas na base da inteligência e no talento dos seus dois pilotos, vem sobrepujando a Red Bull, equipe com uma ótima dupla de pilotos e o melhor carro da temporada. Em Montreal, Lewis Hamilton quebrou a sequencia de poles da Red Bull no último minuto e fez uma corridaça, onde perdeu a ponta para Alonso nos boxes, a recuperou na pista, ultrapassou Mark Webber, que vinha numa estratégia diferenciada, e ainda administrou bem o desgaste dos seus pneus. Como não poderia deixar de ser após a segunda vitória consecutiva, Hamilton é líder do campeonato, seguido de perto pelo companheiro de equipe, Jenson Button, que vem fazendo um campeonato impecável. No Canadá, o atual campeão mundial se fez de morto a maior parte do tempo, mas foi crescendo ao longo do final de semana e quando tudo parecia crer que ficaria em 3º, conseguiu uma ultrapassagem oportunista numa atrapalhada de Alonso e assumiu a 2º posição da corrida, garantindo assim a segunda dobradinha seguida da McLaren. Com uma dupla de pilotos acima da média, um carro equilibrado em todo tipo de circuito e tendo a experiência a seu favor, a McLaren parte a passos largos rumo a conquista dos dois títulos, deixando a Red Bull (uma espécie de Holanda da F1) apenas com o título de mais simpática.

Figurão (CAN): Bridgestone

Tudo bem que o desgaste excessivo dos pneus ajudou a dar emoção a corrida canadense, mas pega muito mal para uma gigante do rumo dos pneus ver seu produto ser tão criticado em todo o final de semana por TODOS os pilotos de F1. A Bridgestone já entrou para a história da Formula 1 e conquistou inuméros títulos de pilotos e construtores, alguns tendo até concorrência, e mesmo sendo 2010 seu último ano na F1, os japoneses vinham dando um show de profissionalismo ao entregar uma ótima borracha às suas clientes e até o Grande Prêmio do Canadá, pouco se ouviu de reclamação. Porém, uma pista pouco utilizada, somado a um asfalto pouco adentes e um clima frio proporcionou um desgaste pouco visto de pneus nos últimos tempos. Se nas outras provas a parada única era padrão, em Montreal isso era loucura e teve pilotos, como Robert Kubica, que pararam três vezes para se manter na pista. Não importava se o pneu era duro (médio) ou mole (supermacio), a reclamação foi geral! Ninguém escapou imune as intempéries pneumáticas deste final de semana em Montreal, mas entre mortos e feridos, não houve nenhum acidente mais forte por causa dos pneus e todos os furos foram causados por toques. A Bridgestone bem que podia se despedir da F1 sem um final de semana como esse...

domingo, 13 de junho de 2010

Peso da camisa


Ainda se inspirando em Copa do Mundo, a McLaren prova que 'camisa' também pesa na F1. A Red Bull tem o melhor carro e dois grandes pilotos, com uma mistura interessante de solidez experiente e juventude impetuosa, mas quem vem dando as cartas na F1 é a veterana McLaren e seus dois campeões mundiais. Com mais uma dobradinha (e sem ter o melhor carro da temporada), a McLaren dispara em ambos campeonatos e com sua capacidade de desenvolvimento, tende a apenas melhorar daqui para frente, indicando um título prateado.

Não houve chuva ou safety-car hoje, mas Montreal nos trouxe uma bela corrida, cheia de alternativas e trocas de posição, principalmente por causa do inesperado desgaste excessivo dos pneus ao longo de todo o final de semana. Quem administrasse melhor o desgaste, se sairia melhor. Logo de cara, parecia que a Red Bull era a favorita por largar tão na frente com pneus duros, mas a realidade não foi essa. O calor que fez hoje, o primeiro dia com essa característica, fez do pneu duro também uma opção perigosa e os carros austríacos não souberam usá-la. A McLaren parou logo com seus dois carros e com uma estratégia de duas paradas, conseguiu uma dobradinha. Mas não foi fácil. Fernando Alonso foi um grande empecilho na estratégia mclariana e brigou tanto com Hamilton, como com Button, ficando atrás dos dois pilotos em negociações de ultrapassagem melhor administradas pelos ingleses. Nem os pneus em frangalhos de Hamilton pararam o inglês, que conseguiu a segunda vitória consecutiva e lidera pela primeira vez o campeonato desde que foi campeão em 2008. Button ainda tentou ir para cima no final, pois seu estilo mais limpo lhe favoreceu em ter pneus em melhores condições no final, mas Hamilton deu a resposta no momento certo e Button se conformou com a 2º posição na corrida e no campeonato, porém, mais próximo do líder na luta pelo certame. Button faz corridas inteligentes e administra o campeonato de forma impecável. Num sonho da McLaren, uma disputa entre Hamilton e Button pelo título é algo bem possível.

O talento de Fernando Alonso não pode ser negado, mas são corridas como a de hoje que o espanhol mostra que é diferenciado. Desde sábado andando no meio de McLarens e Red Bulls, mesmo com uma Ferrari longe do ideal, Alonso andou no limite e brigou com Hamilton e Button em várias oportunidades, acabando por perder suas disputas por detalhes na administração de ultrapassagens sobre carros mais lentos. Porém, o espanhol mostra seu valor e está em 4º no Mundial. Pouco para seu talento. Felipe Massa fez uma corrida tumultuada, se envolvendo num acidente até engraçado com Vitantonio Liuzzi na primeira curva da corrida, quando o brasileiro e o italiano ficaram duas curvas se batendo, e novamente mostrando afobação na disputa com Michael Schumacher no final da prova, quando foi, literalmente, colocado para fora da pista. Culpa do alemão? Não vejo assim. É o famoso incidente de corrida para mim. Porém, o que importa é que Felipe não marcou pontos pela primeira vez no ano e enxerga Alonso de binóculos agora. Mesmo com contrato renovado, uma situação perigosa no seu futuro na Ferrari. Com mais uma derrota, a Red Bull vê suas chances de conquistar o título se esvair pelos dedos por erros próprios. Se na Turquia foi dos pilotos, no Canadá a culpa pode ser colocada nos estrategistas, que não souberam administrar bem as oportunidades que teve, quando tinha a faca e o queijo na mão, quando Webber e Vettel largaram com pneus duros. Para piorar, ambos não pareciam ter forças para brigar com McLarens e Alonso durante a corrida, ficando atrás destes. E como desgraça pouca é bobagem, mais uma vez Vettel tem problemas em seu carro e tem que se arrastar até o final para conseguir mais alguns pontos. Sendo que Webber já tinha sido punido no grid de largada por um problema de câmbio. São os problemas de confiabilidade atacando novamente.

A Mercedes tem que começar a pensar em 2011 e a prova de que isso deve acontecer o mais rápido possível foi a bisonha corrida de hoje, onde nem a estratégia, especialidade de Ross Brawn, funcionou hoje, quando Schumacher esteve em boa posição com pneus duros, mas o alemão não soube aproveitar. Rosberg fez uma corrida discreta, mas marcou alguns pontos, enquanto Schumacher sofria em disputas de posição, mas o heptacampeão mostrou sua velha gana em não querer perder posições e vendeu caro em todas as suas disputas. Porém, isso prova o desespero de Schumacher em permanecer na frente de carros superiores ao seu. Kubica manteve a média da Renault, mas parou uma vez mais do que os outros e por isso garantiu a melhor volta da corrida após sua última visita aos boxes, enquanto Petrov levou duas punições em menos de vinte voltas, acabando com sua corrida. A Force India tinha uma boa perspectiva para hoje, mas a maionese começou a desandar com o incidente de Liuzzi com Massa na primeira curva e só piorou com o pneu furado de Sutil. Se serve de consolo, ao menos ambos terminaram na zona de pontuação após briga encarniçada com Schumacher na última volta. Enquanto a matriz cai, a filial fez uma boa corrida hoje e Sebastien Buemi, ameaçado por Helmut Marko para conseguir melhores resultados, fez uma prova digna e marcou pontos novamente, mas liderou uma volta e ainda ficou bem a frente de Alguersuari. A Williams foi invísivel hoje, provando sua má fase e não marcou pontos novamente, mas ao menos levou seus dois carros até o fim, algo que Sauber não vem conseguindo. Entre as novatas, a Lotus definitivamente é a melhor e Kovalainen chegou a andar entre os primeiros no começo, enquanto as equipes principais paravam nos boxes. O finlandês chegou apenas uma volta atrás dos líderes, o que indica uma clara evolução. As demais, sofrem por lentidão e inconfiabilidade.

Foi uma grande corrida e se não fosse a Copa do Mundo, o Grande Prêmio teria um maior destaque, até pela ótima qualidade da corrida. Como já foi falado, não se precisa ter chuva ou safety-car para termos uma boa corrida de F1 atualmente, principalmente pelo fim dos reabastecimentos, algo que muitos assodados duvidaram. A McLaren usa a sua tradição para superar a novata Red Bull e a tendência é que a força da camisa prata supere os azuis da Red Bull.

sábado, 12 de junho de 2010

Quebra de tabu


Após sete poles consecutivas, finalmente a Red Bull perdeu a pose e não largará na frente amanhã. E o tabu foi quebrado justamente pelo piloto que todos esperavam. Lewis Hamilton sempre se mostrou um piloto forte neste ano, algumas vezes andando até mesmo mais do que sua McLaren e com o carro bom que teve em mãos hoje em Montreal, o inglês conseguiu uma pole emocionante.

Com um traçado 'reta-freada forte' como o do Circuito Gilles Villeneuve, a McLaren pôde utilizar de forma mais eficiente seu duto frontal, onde todas as equipes já tentaram copiar, mas apenas o time de Martin Whitmarsh domina. Hamilton foi sempre um dos mais rápidos nos treinos livres e nas duas classificações anteriores e mesmo ameaçado fortemente pela Red Bull, ficou com a pole, a primeira do ano. A prova como Hamilton e McLaren queriam a pole hoje, foi que a equipe colocou menos combustível do que o normal e deixou o inglês a pé na volta de desaceleração. Talvez esses quilinhos a menos podem ter sido decisivos para que Hamilton superasse Webber. Na briga interna da Red Bull, mais uma vez Mark Webber superou Sebastian Vettel. Button, um piloto de abordagem suave nas curvas, não se deu bem nas zebras altas de Montreal e ficou até longe de Hamilton.

Alonso está andando mais do que sua Ferrari e ficou em quarto, se colocando no meio da briga de McLaren e Red Bull. O espanhol pode ser um fator decisivo na corrida. Com o contraro renovado até 2012, Felipe Massa fica cada vez mais para trás e até mesmo com os pneus supermacios, uma de suas desculpa por levar pau de Alonso era não andar com pneu supermacio, o brasileiro ficou atrás do companheiro de equipe. Liuzzi foi superior a Sutil, algo anormal nesse ano e pode ajudar o italiano a permanecer na F1 em 2011. A Mercedes teve um indício que está na hora de pensar mesmo em 2011 e ficou para trás frente as rivais. Michael Schumacher estava superando Nico Rosberg nos últimos tempos, mas o heptacampeão ficou no caminho pelo Q2, mas Rosberg não aproveitou muito, pois ficou apenas em 10º.

Amanhã, a corrida tem tudo para ser animada, como sempre acontece em Montreal. Até porque há previsão de chuva e mesmo com a pista seca, os pilotos estão escorregando mais do que o normal. A perspectiva é de uma ótima prova, com uma disputa Hamilton x Red Bulls. E Alonso correndo por fora.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A tragédia-mor


Em tempos de Copa do Mundo, onde o ufanismo está a flor da pele, falar na maior tragédia da história do automobilismo pode levar algum desavidado a pensar que estou falando da morte de Senna. Aos pachecos de plantão, digo-lhos que estão redondamente enganados. Há 55 anos atrás, um acidente sórdido e cheio de controvérsia e histórias marcou para sempre o automobilismo mundial.

Na década de 50, as 24 Horas de Le Mans era um evento bem maior do que hoje, cuja corrida será nesse final de semana. Várias montadoras investiam em novas tecnologias para vencer na famosa corrida francesa e triunfar em Sarthe significava prestígio tanto para a marca como para os pilotos. A 23º edição da famosa corrida de endurance estava com a largada marcada para o dia 11 de junho de 1955, com vários favoritos e inúmeras estrelas correndo. A Mercedes queria coroar seu domínio nas corridas daquele momento com uma vitória em Le Mans e para isso construiu o Mercedes 300SLR, com um inovador freio aerodinâmico, que era acionado quando os pilotos pressionavam o breque. Por sinal, que pilotos. A montadora alemã trouxe o melhor de sua equipe de F1 e a principal dupla tinha simplesmente Juan Manuel Fangio e Stirling Moss, que seriam respectivamente Campeão e Vice de F1 no final de 1955. Além deles, havia também o francês Pierre Levegh, que apenas dois antes tentou o impossível: vencer a corrida disputando TODAS as 24 horas. E ainda com um carro francês, um Gordini. Quando faltavam menos de duas horas para o fim da prova, com sua esposa e amigos implorando para que deixasse outro piloto o substiuir, Levegh errou uma marcha e teve que abandonar a corrida com o câmbio quebrado, mas isso fez de Pierre Levegh um herói na França e foi exatamente por isso que a Mercedes o contratou. Tentar trazer a torcida francesa para o seu lado.

Porém, isso era algo praticamente impossível de acontecer. A Segunda Guerra Mundial havia acabado dez anos antes e as cicatrizes ainda não estavam fechadas. O rancor com o povo alemão estava sendo canalizado em cima da equipe Mercedes e o maior exemplo disso era sua maior rival naquela edição em Le Mans. A Jaguar tentaria repetir a vitória no ano anterior e ainda teria o bônus em derrotar a Mercedes. Para isso, não mediria esforços e trouxe Mike Hawthorn, um dos grandes pilotos ingleses da época, para ajudar a derrotar os alemães. Hawthorn dizia a todos que teria um enorme prazer em derrotar a Mercedes com um carro inglês e que odiava perder para um carro alemão. Em meio a tudo isso, ainda havia a Ferrari e seu modelo 121LM. O palco estava armado para uma corrida histórica. Porém, por motivos tristes, como veremos a seguir, essa corrida entraria para a história por motivos que ninguém queria.

A largada foi dada com Mercedes, Jaguar e Ferrari com seus pilotos mais rápidos nos treinos, respectivamente Juan Manuel Fangio, Mike Hawthorn e Eugenio Castelotti. Surpreendendo quem esperava uma briga entre Jaguar e Mercedes, Castelotti coloca sua Ferrari na ponta e imprimi um ritmo alucinante para uma corrida de longa duração. Hawthorn vinha em segundo e pretendia empreender uma corrida tranquila, mas quando enxerga o Mercedes de Fangio no seu retrovisor, o inglês aumenta o ritmo e encosta na Ferrari de Castelotti. Os três faziam uma corrida à parte e totalmente fora dos padrões para uma corrida de 24 horas. Não foi surpresa ver Castelotti tendo que ir aos boxes após duas horas de corrida com sua Ferrari com problemas, vide o seu ritmo muito forte.

Isso deixava Hawthorn num mano a mano com Fangio. O inglês não queria deixar, de jeito nenhum, que um Mercedes lhe passasse e por isso não diminuía o ritmo. Fangio fazia uma corrida forte, mas dentro do planejado. Com duas horas e vinte de disputa, a Jaguar sinalizou a Hawthorn que parasse para reabastecer, pois seu combustível estava no limite. O inglês estava tão alucinado que ignorou os pedidos de sua equipe por três voltas. Às 18:28, Hawthorn se aproximava da Maison Blanche, na entrada dos boxes, com Fangio 250 metros atrás dele e a ponto de ultrapassar a Mercedes de Pierre Levegh. O ritmo dos líderes era tal, que Levegh, com o mesmo carro de Fangio, estava a ponto de levar uma volta. E ele estava em sexto lugar! Porém, Hawthorn percebe que mais uma volta poderia ser fatal as suas possibilidades, pois corria sério risco de uma pane seca. Assim, de última hora, Hawthorn aciona os freios a disco do seu Jaguar e dá uma guinada para a direita. Porém, o inglês Lance Macklin, com um pequeno Austin e correndo numa classe inferior, estava colado na Jaguar de Hawthorn e não tinha freios tão eficientes do que Mike. Para evitar o choque com o Jaguar do seu compatriota, Macklin dá uma guinada para à esquerda. Foi o começo da tragédia.

Pierre Levegh vinha a mais de 200 km/h e ainda teve tempo de levantar o braço para avisar ao seu companheiro de equipe Fangio o perigo à frente. Porém, o francês se chocou violentamente com o Austin de Lance Macklin e alçou voo. O Mercedes bateu forte num barranco para 'proteger' os espectadores, matando Pierre Levegh, de 55 anos de idade, instantaneamente. Porém, o Mercedes 300SLR foi despedaçado, fazendo com que o motor e o eixo dianteiro fosse em direção ao público que assistia a corrida. As peças que voavam e o incêndio a seguir causou uma verdadeira carnificina em Le Mans. Foi um caos. Primeiramente se pensou em interromper a corrida, mas percebeu-se que o enorme público que lotava Le Mans procurando as saídas poderiam atrapalhar o fluxo das ambulâncias e a prova continuou normalmente, enquanto os bombeiros tentavam debelar o incêndio que acontecia no meio da reta dos boxes. Centenas de feridos eram atendidos na beira da pista, com os carros zumbindo a mais de 200 km/h. Os mortos eram amontoados, enquanto um padre dava uma benção final as 83 pessoas que perderam a vida naquele dia.

Macklin foi jogado para fora do carro e seu Austin, descontrolado, ainda atropela um guarda francês, também o matando. Apesar do impacto, Macklin tinha apenas ferimentos leves, enquanto Fangio escapava milagrosamente do maior acidente da história do automobilismo. As horas se passaram e a corrida era disputada normalmente, com a Mercedes à frente da Jaguar. A uma da madrugada, o presidente da Mercedes em Stuttgart mandou um telegrama mandando que sua equipe se retirasse da prova. Alfred Neubauer, chefe de competições da Mercedes desde os anos 30, vai ao box da Jaguar avisar que estava abandonando a disputa, esperando que a equipe inglesa, também envolvida na tragédia, fizesse o mesmo. Porém, a cúpula da Jaguar resolve continuar na prova e com sua maior rival de fora, vence justamente com o carro de Mike Hawthorn, tendo Ivor Bueb como parceiro. Mostrando uma insensibilidade monstra, ou não tendo noção da magnitude da tragédia, Hawthorn abriu uma champanhe e comemorou sua primeira vitória em Le Mans. Os jornais franceses não perdoaram Hawthorn, que colocou na legenda uma foto sorrindo. "Saúde, Mr. Hawthorn, saúde..."

Os desdobramentos do acidente foram duradores. O automobilismo correu sério risco nessa época, pois em vários países foi proibido de haver corridas, sendo que a Suíça só permitiu que houvessem corridas em seu território em 2006. Uma investigação posterior apontou 'imprudência' de Hawthorn ao dar uma guinada em seu Jaguar de última hora, mas nenhum culpado foi apontado. Após um ano e meio de muito sucesso, a Mercedes anunciou a sua retirada das pistas no final de 1955, só retornando em meados dos anos 80 no Mundial de Marcas e em 1993 na F1, em parceria com a Sauber. Le Mans sofreu grandes reformas para poder realizar sua tradicional corridas nos anos seguintes, mas a prova francesa acabou sendo a única sobrevivente das velhas corridas de estrada, que sofreu um duro golpe com a tragédia de 1955. Mille Miglia, Targa Florio, Corrida Panamericana... todas elas foram extinguidas nos anos seguintes justamente por falta de segurança, mas o começo do fim deste tipo de corrida se deu naquele triste dia de junho de 1955.

História: 15 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1995


A F1 voltava a cruzar o Atlântico com Michael Schumacher nas nuvens. Ninguém duvidava de que o Williams-Renault era o melhor carro do plantel, mas o alemão vinha fazendo a diferença e com duas vitórias na Espanha e em Mônaco, o piloto da Benetton fazia o milagre de liderar o campeonato na frente dos estupefatos Damon Hill e David Coulthard. Por isso, assim como ninguém duvidava do potencial da Williams, nenhuma pessoa em sã consciência poderia negar que Michael Schumacher estava em outro nível naquele momento.

Schummy voltava a provar essa teoria em Montreal, lugar do Grande Prêmio do Canadá, quando marcou uma tranquila pole, mesmo tendo como maiores rivais justamente as duas Williams, com Hill ficando à frente de Coulthard por pouco. A Ferrari não vivia um bom momento e isso já gerava especulações a respeito do que fazer para tirar o time italiano de um jejum que durava dezesseis anos e parecia que aumentaria ainda mais. Se a equipe tinha todos os recursos possíveis, onde estaria o problema? Deveria estar pensando isso Jean Todt, já em seu segundo ano como mandatário da Ferrari. Apesar da popularidade de Alesi e Berger, Todt sabia que precisava de um algo mais se quisesse fazer a Ferrari campeã e ele mesmo permanecer no mesmo emprego. E o próprio pole-position era uma amostra onde se poderia resolver o problema ferrarista...

Grid:
1) Schumacher (Benetton) - 1:27.661
2) Hill (Williams) - 1:28.039
3) Coulthard (Williams) - 1:28.091
4) Berger (Ferrari) - 1:28.189
5) Alesi (Ferrari) - 1:28.474
6) Herbert (Benetton) - 1:28.498
7) Hakkinen (McLaren) - 1:28.910
8) Irvine (Jordan) - 1:29.021
9) Barrichello (Jordan) - 1:29.171
10) Blundell (McLaren) - 1:29.641

O dia 11 de junho de 1995 estava claro e fazia até calor em Montreal, numa clima perfeito para uma corrida de F1 e um aniversário. Envolvido em especulações onde estaria de saída da Ferrari, Jean Alesi estava completando 31 anos de idade e esperava, como presente de aniversário, sua esperada primeira vitória na F1. Porém, o francês sabia que isso beirava o impossível, ainda mais com Schumacher conseguindo uma super-largada e permanecendo na ponta da corrida, seguido pelas Williams. O alemão disparou na frente e deixou as confusões, usuais no Circuito Gilles Villeneuve, para trás. Enquanto Hakkinen e Herbert batiam no hairpin, Coulthard saía da pista após uma rodada.

Isso significava ainda mais folga para Schumacher, que imprimia um ritmo forte e deixava Damon Hill a mercê das duas Ferraris. O inglês da Williams tentava se defender de Alesi, mas com isso via Schumacher disparar. Havia esperança de que Schumacher estaria em uma estratégia de duas paradas, mas Hill teria que se preocupar com o ataque das Ferraris. Na volta 16, numa bela manobra no final da reta dos boxes, Alesi assumia a 2º posição, enquanto Berger passava a atacar Hill. O inglês resistiu mais oito voltas antes de cair para 4º. Aquele não era mesmo dia de Hill, que via Schumacher passar do 'limite' de uma suposta estratégia de duas paradas. O alemão estava na mesma estratégia de todos, com apenas um pit-stop programado.

Quando a metade da prova se aproximou, os líderes fizeram suas paradas, mas Berger tem problemas em seu pit e acaba tendo que retornar aos boxes na volta seguinte. Frustrado, pois o austríaco sabia que seu nome era praticamente carta fora do baralho na Ferrari, Berger acabou se envolvendo em um acidente banal com Mark Blundell quando brigava pela 6º posição no decorrer da prova. Falando em frustração, Hill acabaria abandonando a corrida com problemas hidráulicos na volta 50, deixando a Williams zerada em pontos e, o que era pior, com Schumacher mais de 30s à frente de Alesi. Ou não?

A corrida se encaminhava para o final de uma prova até monótona, pois nada havia ocorrido após as paradas e Schumacher se preparava para conseguir mais uma vitória. Então, a TV mostrou uma Benetton lenta na pista. Era Schumacher! O alemão estava com o câmbio preso na terceira marcha e lutava para chegar aos boxes e tentar resolver o problema. Schumacher perdeu muito tempo, mas o problema era simples, pois a borboleta em seu volante que trocava as marchas havia quebrado e apenas a troca do volante resolveu o problema, com o alemão de volta à corrida. Isso significava que Jean Alesi estava a poucos quilometros da vitória. Ele, que não apenas completava 31 anos, como corria com uma Ferrari de número 27 no Circuito Gilles Villeneuve. A torcida canadense foi ao delírio, mas ainda havia drama. A Jordan estava para conseguir uma resultado histórico, com Barrichello em 2º e Irvine em 3º, mas a equipe não sabia que teria combustível suficiente para acabar a prova e os pilotos tiveram que reduzir muito seu ritmo para receberem a bandeirada.

Quando Jean Alesi cortou pela última vez a chicane que leva a reta dos boxes, a F1 viveu uma das maiores festas de sua história. O francês era um dos pilotos mais populares do paddock e, no fundo, todos torciam para que ele conquistasse sua primeira vitória. No seu 91º Grande Prêmio, Jean Alesi finalmente conquistava sua primeira vitória e a felicidade contagiou o público, que invadiu a pista com os carros ainda na pista. Isso protagonizou uma cena perigosa, pois Mika Salo e Luca Badoer ainda brigavam pela sétima posição e quando viu várias pessoas no meio da pista, Salo tirou o pé, mas Badoer arriscou e acabou ganhando uma posição na reta de chegada. Alesi estava tão feliz que acabou deixando sua Ferrari morrer e ele pegou uma carona para o box na Benetton de Schumacher. Essa cena acabaria sendo irônica. Schumacher, na pessoa de seu empresário, e Ferrari já negociavam abertamente um contrato a partir de 1996 e todos sabiam que o alemão acabaria ocupando o posto de Alesi. Nem essa memorável vitória evitaria o acordo.

Chegada:
1) Alesi
2) Barrichello
3) Irvine
4) Panis
5) Schumacher
6) Morbidelli