Ainda se inspirando em Copa do Mundo, a McLaren prova que 'camisa' também pesa na F1. A Red Bull tem o melhor carro e dois grandes pilotos, com uma mistura interessante de solidez experiente e juventude impetuosa, mas quem vem dando as cartas na F1 é a veterana McLaren e seus dois campeões mundiais. Com mais uma dobradinha (e sem ter o melhor carro da temporada), a McLaren dispara em ambos campeonatos e com sua capacidade de desenvolvimento, tende a apenas melhorar daqui para frente, indicando um título prateado.
Não houve chuva ou safety-car hoje, mas Montreal nos trouxe uma bela corrida, cheia de alternativas e trocas de posição, principalmente por causa do inesperado desgaste excessivo dos pneus ao longo de todo o final de semana. Quem administrasse melhor o desgaste, se sairia melhor. Logo de cara, parecia que a Red Bull era a favorita por largar tão na frente com pneus duros, mas a realidade não foi essa. O calor que fez hoje, o primeiro dia com essa característica, fez do pneu duro também uma opção perigosa e os carros austríacos não souberam usá-la. A McLaren parou logo com seus dois carros e com uma estratégia de duas paradas, conseguiu uma dobradinha. Mas não foi fácil. Fernando Alonso foi um grande empecilho na estratégia mclariana e brigou tanto com Hamilton, como com Button, ficando atrás dos dois pilotos em negociações de ultrapassagem melhor administradas pelos ingleses. Nem os pneus em frangalhos de Hamilton pararam o inglês, que conseguiu a segunda vitória consecutiva e lidera pela primeira vez o campeonato desde que foi campeão em 2008. Button ainda tentou ir para cima no final, pois seu estilo mais limpo lhe favoreceu em ter pneus em melhores condições no final, mas Hamilton deu a resposta no momento certo e Button se conformou com a 2º posição na corrida e no campeonato, porém, mais próximo do líder na luta pelo certame. Button faz corridas inteligentes e administra o campeonato de forma impecável. Num sonho da McLaren, uma disputa entre Hamilton e Button pelo título é algo bem possível.
O talento de Fernando Alonso não pode ser negado, mas são corridas como a de hoje que o espanhol mostra que é diferenciado. Desde sábado andando no meio de McLarens e Red Bulls, mesmo com uma Ferrari longe do ideal, Alonso andou no limite e brigou com Hamilton e Button em várias oportunidades, acabando por perder suas disputas por detalhes na administração de ultrapassagens sobre carros mais lentos. Porém, o espanhol mostra seu valor e está em 4º no Mundial. Pouco para seu talento. Felipe Massa fez uma corrida tumultuada, se envolvendo num acidente até engraçado com Vitantonio Liuzzi na primeira curva da corrida, quando o brasileiro e o italiano ficaram duas curvas se batendo, e novamente mostrando afobação na disputa com Michael Schumacher no final da prova, quando foi, literalmente, colocado para fora da pista. Culpa do alemão? Não vejo assim. É o famoso incidente de corrida para mim. Porém, o que importa é que Felipe não marcou pontos pela primeira vez no ano e enxerga Alonso de binóculos agora. Mesmo com contrato renovado, uma situação perigosa no seu futuro na Ferrari. Com mais uma derrota, a Red Bull vê suas chances de conquistar o título se esvair pelos dedos por erros próprios. Se na Turquia foi dos pilotos, no Canadá a culpa pode ser colocada nos estrategistas, que não souberam administrar bem as oportunidades que teve, quando tinha a faca e o queijo na mão, quando Webber e Vettel largaram com pneus duros. Para piorar, ambos não pareciam ter forças para brigar com McLarens e Alonso durante a corrida, ficando atrás destes. E como desgraça pouca é bobagem, mais uma vez Vettel tem problemas em seu carro e tem que se arrastar até o final para conseguir mais alguns pontos. Sendo que Webber já tinha sido punido no grid de largada por um problema de câmbio. São os problemas de confiabilidade atacando novamente.
A Mercedes tem que começar a pensar em 2011 e a prova de que isso deve acontecer o mais rápido possível foi a bisonha corrida de hoje, onde nem a estratégia, especialidade de Ross Brawn, funcionou hoje, quando Schumacher esteve em boa posição com pneus duros, mas o alemão não soube aproveitar. Rosberg fez uma corrida discreta, mas marcou alguns pontos, enquanto Schumacher sofria em disputas de posição, mas o heptacampeão mostrou sua velha gana em não querer perder posições e vendeu caro em todas as suas disputas. Porém, isso prova o desespero de Schumacher em permanecer na frente de carros superiores ao seu. Kubica manteve a média da Renault, mas parou uma vez mais do que os outros e por isso garantiu a melhor volta da corrida após sua última visita aos boxes, enquanto Petrov levou duas punições em menos de vinte voltas, acabando com sua corrida. A Force India tinha uma boa perspectiva para hoje, mas a maionese começou a desandar com o incidente de Liuzzi com Massa na primeira curva e só piorou com o pneu furado de Sutil. Se serve de consolo, ao menos ambos terminaram na zona de pontuação após briga encarniçada com Schumacher na última volta. Enquanto a matriz cai, a filial fez uma boa corrida hoje e Sebastien Buemi, ameaçado por Helmut Marko para conseguir melhores resultados, fez uma prova digna e marcou pontos novamente, mas liderou uma volta e ainda ficou bem a frente de Alguersuari. A Williams foi invísivel hoje, provando sua má fase e não marcou pontos novamente, mas ao menos levou seus dois carros até o fim, algo que Sauber não vem conseguindo. Entre as novatas, a Lotus definitivamente é a melhor e Kovalainen chegou a andar entre os primeiros no começo, enquanto as equipes principais paravam nos boxes. O finlandês chegou apenas uma volta atrás dos líderes, o que indica uma clara evolução. As demais, sofrem por lentidão e inconfiabilidade.
Foi uma grande corrida e se não fosse a Copa do Mundo, o Grande Prêmio teria um maior destaque, até pela ótima qualidade da corrida. Como já foi falado, não se precisa ter chuva ou safety-car para termos uma boa corrida de F1 atualmente, principalmente pelo fim dos reabastecimentos, algo que muitos assodados duvidaram. A McLaren usa a sua tradição para superar a novata Red Bull e a tendência é que a força da camisa prata supere os azuis da Red Bull.
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