Antigamente, as 500 Milhas de Indianápolis era um evento tão grande para a Indycar, que até mesmo a corrida seguinte demorava a acontecer, com uma espera de até 20 dias para a próxima prova, normalmente na milha de Milwakee. Porém, os tempos são outros e na pressa de terminar logo a temporada, até mesmo para que a Indy não tenha que enfrentar as ligas americanas de futebol americano e basquete, bem mais populares, apenas uma semana após todas as emoções em Indianápolis, o circo de Indy se mudou rapidamente para o Texas e sua perigosa pista.
Nunca gostei muito da pista texicana, onde os pilotos andam com o pé atolado no acelerador num traçado que apelidei de 'oval-Nascar'. Ou seja, uma pista larga, em forma de 'D' (os famoso DShapes) e com o piloto apenas se preocupando em desviar de contratempos que porventura apareçam à sua frente. Pode ser bonito em ver carros lado a lado, mas com as rodas descobertas, o risco de um toque e um acidente graves estão, literalmente, a centímetros de acontecer. É por essas e outras que pilotos mais capacitados não gostam do circuito localizado em Forth Worth, pois sabem que seu talento pouco serve nesta pista. E pilotos menos dotados de talento, como Danica Patrick, aparecem bem neste tipo de pista. Com certeza a ponta mais fraca da equipe Penske, Ryan Briscoe corroborou com essa tese e venceu a corrida após largar na pole, mas não liderou a maior parte da corrida, esperando para dar o bote no final sobre Patrick, que fez uma boa corrida. Algo que não fazia há muito tempo. Depois de sua vitória em Indianápolis, Franchitti chegou a liderar a corrida no Texas, mas errou e caiu várias posições, terminando no pelotão intermediário, mas se aproveitando de uma aposta errada de Will Power, o escocês chegou à frente do representante da Penske e chegou a liderança do campeonato. Já para os demais brasileiros, não houve muito o que dizer. Castroneves se tocou com Mário Moraes e quase partiu para cima do jovem brasileiro, pois foi fechado por um erro do spotter de Moares. Kanaan vinha bem, mas levou uma baita fechada de sua companheira de equipe Danica Patrick e perdeu várias posições, terminado em sexto após recuperação.
Porém, o lance da corrida foi o incêndio e o resgate amador de Simona de Silvestro, que acabou queimando sua mãozinho esquerda. Tadinha dela, mas num circuito perigoso como Texas, é esperado que os comissários sejam um pouco mais profissionais. E delicados com a moça.
Finalizando, a Stock entrou definitivamente num buraco que parece não ter volta. Categoria fraca tecnicamente, mas tentando vender um produto que, para quem entende, percebe a distância que não serve, a categoria resolveu correr nas ruas de Ribeirão Preto. Até aí, nada demais, pois até a American Le Mans Series, com Audis e Acuras, correm em Long Beach e não há tanta reclamação assim dos carrões disputar provas em pistas sem muito espaço. Porém, Ribeirão Preto tinha uma pista totalmente sem espaço, a ponto de protagonizar uma bandeira vermelha logo na primeira volta em um engavetamento bem parecido que ocorreu aqui na frente do meu condomínio. Para piorar, a corrida teve seu final antecipado, pois o Esporte Espetacular estava com reportagens mais interessantes sobre a Copa do Mundo e a corrida teria que ser passada na íntegra. Nada contra a vitória de Átila Abreu, mas a prova foi uma porcaria e alguns pilotos, leia-se Cacá Bueno, com certeza o único que pode falar sem ser repreendido pela categoria, soltou os cachorros para os organizadores da Stock. Desde o começo dessa relação mais íntima Stock-Globo, percebo que a categoria vinha decaindo, mas as pessoas não estavam interessadas em ver a porcaria que estavam criando. Totalmente dependente dos caprichos globais, se um belo dia a Globo quiser passar algo melhor (e nem precisa se esforçar muito, vide a corrida de domingo...), a Stock corre o sério risco de acabar. Ou se reinventa logo, para ter até mesmo um plano de contingência, ou o destino poderá ser cruel no futuro da categoria, que tentam vender como a quinta melhor do mundo. Nunca foi e nunca será!
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