domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz Natal!

E 2012 está terminando. Foi um ano cheio de altos e baixos, com algumas alegrias e tristezas, como não poderia deixar de ser, mas com algumas marcas profundas. Consegui fazer algumas coisas pela primeira vez, assim como me decepcionei e também decepcionei outras que esperavam algo mais de mim. Mostrei meu potencial e fui recompensado com por isso. Deixei a desejar em outras e houve consequências. O Ceará foi bicampeão cearense de forma inesquecível para fazer uma Série B irregular. A F1 teve uma temporada histórica e com certeza foi o melhor ano que acompanhei. O blog completou cinco anos de idade e mudei o  seu lay-out. As corridas históricas mostradas aqui completaram um ciclo, pois como falo de provas com datas fechadas (10, 15, 20 anos e por aí vai...), em 2013 já não haverá tantas corridas a falar, o mesmo acontecendo com as bios dos grandes pilotos que já falei aqui e restam poucos a serem falados. Com as responsabilidades crescendo, a tendência é que haja menos posts em 2013, como aconteceu neste mês de dezembro, mas o blog mora no meu coração. As vezes me pego lendo posts antigos e me lembro do momento em que escrevia sobre um piloto especial ou de uma grande corrida. Nunca irei deixa-lo, assim como as pessoas que acompanham e eu agradeço bastante para quem comenta, criticando, elogiando e me corrigindo, pois muitas vezes escrevo nos meus cada vez mais curtos momentos livres. Enfim, que 2013 seja muito bom, com os pontos positivos de 2012 continuando e que os pontos negativos nos ensinem algo para ver algo de bom e sempre melhorar. Que venha 2013!  

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

É penta!

Para quem conhece esse blog, é sabido que a Stock Car está longe do topo das minhas categorias preferidas. A Stock sempre me passou uma impressão de artificialidade e de ser algo meio forçado, principalmente vindo da Vicar, empresa que dirige a categoria. No entanto, não há como admirar o talento de Cacá Bueno, que no último domingo conquistou o pentacampeonato da Stock numa corrida que mais pareceu algumas partidas de basquete: muito chato a maior parte do tempo, mas emocionante ao extremo no final. Cacá pode ter perdido o milhão de reais por causa de uma pane seca na reta final para Thiago Camilo, mas como ele mesmo disse, o pentacampeonato e seu nome na história tem uma importância até maior. Mais conhecido por ser filho de Galvão Bueno, daqui a pouco o famoso narrador global será conhecido como o pai de Cacá Bueno.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Jarno

Alguns anos atrás, escrevi a bio de Jarno Saarinen e percebi o talento que o motociclismo mundial perdeu. Além de um grande piloto, o finlandês era um grande acertador de motos, graças a sua formação de engenheiro, além de ter praticamente iniciado a técnica de raspar o joelho no chão nas tomadas de curva. Saarinen morreu há quase 40 anos atrás, deixando para trás um legado de um dos grandes pilotos da história, mas que morreu cedo demais e de ter colocado o nome da Finlândia no mapa do esporte a motor mundial.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Coluna nova

Inaugurando uma nova coluna, a partir de 2012, ao final da temporada, contarei o número de vezes em que os pilotos ficaram na coluna 'Figura' e 'Figurão' após as corridas do ano e quem tiver o maior número de vezes agraciado, será o Figura(2012) e o Figurão(2012). 

Figura(2012): Sebastian Vettel

Não apenas por ter sido o mais jovem tricampeão da história da F1, mas 2012 representou para Sebastian Vettel vários marcos históricos em sua carreira. Em 2010, Vettel ainda errava muito, foi chamado de 'crash kid' em certo momento, mas se recuperou de forma sensacional nas provas finais para surpreender os líderes Alonso e Webber e ficar com o campeonato. Já em 2011 o jovem alemão se aproveitou da enorme vantagem técnica conseguida pelas pranchetas de Adryan Newey e aproveitando o 'momentum' de 2010, estabeleceu um perfil para sua pilotagem. Muito rápido nos treinos, Vettel fazia a pole, largava bem, abria vantagem, administrava com conforto sua diferença para quem quer que fosse em segundo e recebia a bandeirada tranquilamente. Esse tipo de corrida tornou-se a marca registrada de Sebastian Vettel, que se não é tão atraente para o público, se tornou eficiente a ponto dela se sagrar campeão com quatro provas de antecedência. Porém, havia quem duvidasse (inclusive eu) se Vettel era capaz de ultrapassar e fazer corridas de recuperações. Sempre em sua curva ascendente de aprendizado, Vettel mostrou também essa faceta em 2012 não apenas nas corridas, mas também no campeonato, quando não tinha o melhor carro e no começo, mas quando como ele mesmo disse, passou a se entender melhor com o carro, Vettel ultrapassou Alonso nas provas finais e suportou a forte pressão psicológica do espanhol para se tornar tricampeão mundial.  Em Abu Dhabi e no Brasil, duas das quatro corridas em que ficou nessa parte da coluna, Vettel deu um show de pilotagem vindo de trás, tendo paciência e astúcia para usar seu ótimo carro para realizar ultrapassagem com uma ferocidade impressionante. Dos gênios. Agora com três títulos com 25 anos de idade, Vettel entrou para o rol dos grandes da F1.

Figurão(2012): Felipe Massa

As últimas exibições de Felipe Massa na F1 nunca o colocariam nesse espaço da coluna se referindo a temporada 2012, mas as primeiras corridas do brasileiro da Ferrari em 2012 foram bisonhas beirando ao ridículo. Para um piloto da Ferrari, experiente e com seu companheiro de equipe brigando pelas primeiras posições, a posição de Massa ficava seriamente comprometida a cada corrida em que Alonso brigava pela ponta e o brasileiro estava a ponto de levar uma volta. A imprensa italiana reagia furiosa a cada corrida e pedia sua cabeça, principalmente na Austrália, Malásia, China e Espanha, onde Massa figurou nessa parte nada gloriosa desta coluna. Apesar dos chiliques, os italianos não estavam totalmente errados, pois Massa não fazia por merecer nem terminar a temporada pela Ferrari. Mas o brasileiro acabou dando a volta por cima, retornando ao pódio no final da temporada e até entrando na parte de cima desta coluna em Mônaco. Com o contrato renovado após um voto de confiança de sua equipe, Massa terá que repetir sua segunda parte da temporada para, ou permanecer na Ferrari, ou tentar um lugar numa equipe decente em 2014.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Inesquecível

Alguns anos atrás, todos sonhavam com uma F1 competitiva. Era uma época em que o domínio de uma ou duas equipes ficavam latentes durantes várias temporadas. Não havia grandes disputas pela vitória e as ultrapassagens eram raras. Olhando para as demais categorias, em que vários pilotos eram capazes de vencer corridas por conta própria, não pela sorte, todo mundo imaginava se isso ainda voltaria a acontecer na F1. As ultrapassagens, cada vez mais raras e acontecendo nos boxes, virava um artigo de luxo. Então, veio 2012. Nas primeiras sete corridas, sete pilotos diferentes de sete equipes diferentes venceram. As ultrapassagens ocorreram aos borbotões graças aos pneus da Pirelli, difíceis de compreender e a asa traseira móvel. Os puritanos reclamaram, dizendo que a F1 de antigamente não era assim. Bom, voltando aos famosos anos 80, havia um botãozinho no volantes daqueles carros (havia botões nos carros dos anos 80...) chamado 'boost', em que o piloto apertando aumentava a pressão do turbo e o carro ganhava muita potência para efetuar ultrapassagens. Numa manobra muito parecida com a atual. Um exemplo? Senna ultrapassando dois carros - aspirados - de uma só vez na reta oposta de Jacarepaguá. Houve Mark Webber reclamando que a F1 precisa de rivalidade, não de pluralidade. Pois bem, para alegria do australiano, dois monstros sagrados da F1 atual ficaram frente a frente, cada um com suas armas, nas corridas finais para saber quem seria o mais jovem tricampeão mundial da história. Sebastian Vettel tinha a força da Red Bull. Fernando Alonso tinha a força do seu talento. Numa corrida histórica em Interlagos, Alonso quase fez prevalecer seu talento, mas não foi capaz de sobrepujar não apenas a força da Red Bull, mas a eficiência e a genialidade de Vettel, que fez uma corrida de um verdadeiro tricampeão.

A temporada 2012 será inesquecível por vários momentos. A incrível vitória de Alonso com o surpreendente Sérgio Pérez fungando no seu cangote na Malásia. A primeira vitória da Mercedes em mais cinquenta anos na F1. O incrível trenzinho em Monte Carlo, numa pista que ainda por cima estava escorregadia por uma garoa. A primeira vitória da Williams em oito anos com o espevitado Pastor Maldonado. A incrível recuperação de Hamilton em Montreal, quando uma estratégia errada quase pôs tudo a perder. A longa classificação em Silverstone, com direito a ultrapassagem calculada com precisão de Mark Webber em Alonso nas voltas finais. A emotiva vitória do espanhol na frente do seu público em Valencia, num Q2 onde os quinze primeiros estavam separados por décimos de segundo. O espetacular acidente provocado pelo misto de desastrado e rápido Romain Grosjean na primeira curva de Spa. A grande recuperação de Vettel no aborrecido circuito de Abu Dhabi, mas que 2012 foi tão especial que a corrida desse ano foi sensacional. As mensagens de Kimi Raikkonen ao seu engenheiro enquanto vencia após três anos de semi-aposentadoria. O belo circuito de Austin e a briga de gato e rato entre Hamilton e Vettel na liderança. A aposentadoria definitiva de Michael Schumacher. E finalmente, a épica corrida em Interlagos, uma das mais tensas provas da história da F1. 

Tudo começou em Melbourne, quando Jenson Button, vice campeão em 2011 dominou na Austrália e dava pinta que seria um dos favoritos ao título deste ano, vide suas belas exibições durante a temporada passada. Porém, o inglês da McLaren teve um ano contradizente com suas características: completamente irregular. Button conseguiu mais um pódio na China e depois decepcionou sobremaneira em várias ocasiões, ficando de fora do Q3 algumas vezes, enquanto Lewis Hamilton brigava pela pole. Button ainda venceria mais duas corridas, mas o quinto lugar no final do campeonato foi pouco para as pretensões do britânico após um início fulminante de ano. Então veio a Malásia e o bom circuito de Sepang, mas o que pega mesmo na corrida malaia é o clima tropical do sudeste asiático, onde pode-se fazer uma calor monumental ou chover cântaros, deixando pilotos e engenheiros malucos. Naquela altura, Fernando Alonso sofria horrores com sua Ferrari. O carro não conseguiu classificar ao Q3 na Austrália e somente pela força de vontade do espanhol, conseguiu um suado sexto lugar em Melbourne. Os treinos em Sepang não foram muito diferentes. E Alonso sabia que somente uma corrida maluca poderia fazer ele conseguir algo a mais na Malásia. E foi exatamente isso o que aconteceu. Numa corrida marcada pela chuva forte, que chegou a interromper a prova, Alonso agarrou com as duas mãos a situação difícil em que o nível caiu a ponto de sua Ferrari se aproximar de McLaren e Red Bull e vencer a corrida. Foi nessa corrida que Sérgio Pérez mostrou suas garras que o levaria a McLaren mais tarde. O mexicano era o piloto mais rápido do pelotão no final da corrida e alcançava Alonso com certa facilidade. Então, veio uma mensagem dos boxes pedindo a Pérez para ter calma, pois o segundo lugar era um ótimo resultado. Logo depois, quando já tinha enquadrado Alonso, Pérez saiu da pista. Como Sauber usa motores Ferrari, não faltou quem dissesse que aquilo foi uma manobra dos italianos para garantir a vitória de Alonso, mas Pérez deu o sinal claro que esta seria sua temporada de afirmação, de que estava na F1 não apenas pelo milhões de euros de Carlos Slim, seu mecenas, mas de seu talento, principalmente por causa do bom carro da Sauber.

À essa altura do campeonato, os pneus já havia virado o principal foco de críticas e elogios da F1. Críticas pela difícil compreensão. Elogios pelas corridas competitivas de então. A Mercedes, mesmo tendo um carro muito rápido em linha reta, sofria com os pneus durante a corrida e por isso, ninguém deu muita bola quando o time germânico formou a primeira fila do Grande Prêmio da China. 'Eles destruirão os pneus como fizeram antes', eram o que todos imaginavam. Só que Nico Rosberg fez uma corrida esplêndida, parou uma vez menos do que seus rivais e deu a Mercedes a sua primeira vitória na F1 desde os tempo de Juan Manuel Fangio. Porém, aquela seria um dos poucos bons momentos da equipe. Ross Brawn trouxe uma espécie de asa traseira móvel dupla, que era muito eficiente nos treinos e nas retas, mas nem tanto nas corridas. O consumo de pneus sempre seria um problema para o time prateado em 2012 e mesmo com a pole conquistada por Schumacher em Mônaco (que depois seria cassada por o alemão ter sido punido na corrida anterior), o time entraria em desmotivação na segunda metade do ano a ponto de Rosberg e Schumacher ter marcado poucos pontos nas provas finais. Schumacher teve um ano cheio de azares, onde teve várias falhas mecânicas misturada com erros até mesmo infantis, mas seu pódio em Valencia, além do melhor tempo em Mônaco, foram momentos esporádicos de uma carreira que deveria ter sido encerrada em 2006, não agora. Devemos nos lembrar do Schummy dominador da década passada, não da caricatura de si mesmo de agora. Porém... Valeu Schumacher!

Bernie Ecclestone sempre empurrou goela abaixo dos amantes da F1 algumas corridas em países sem tradição, tirando palcos tradicionais como França e Argentina do calendário da categoria. Porém, neste ano Bernie se superou marcando uma corrida para o conturbado Bahrein, onde uma guerra civil estava prestes a acontecer. A prova já vinha sido cancelada em 2011 e mesmo com a situação bastante parecida, a prova se realizou em 2012. Um carro de mecânicos da Force India foi atacado por manifestantes e o time hindu se negou a participar do segundo treino na sexta, para evitar de andar à noite pela capital Manama. Porém, mesmo com protestos de várias entidades, a corrida aconteceu sem maiores incidentes e Sebastian Vettel voltava a mostrar seu talento com uma vitória à la 2011. Pole, primeira posição nas primeiras voltas, administração de sua vantagem e bandeirada tranquila. De volta à Europa, a F1 iria para um circuito (Montmeló) que normalmente tem corridas chatas e destaca bons carros. Faziam anos que a Williams não estava entre os bons carro. Nos seus tempos áureos, o time de Frank Williams vencia várias vezes em Barcelona. Agora a realidade era outra e faziam oito anos que o time azul e branco não vencia uma corrida. Pastor Maldonado, protegido pelo ditador disfarçado Hugo Chávez, era mais um pay-driver que mostrava alguma velocidade e loucura, como o erro que o fez bater na última volta em Melbourne quando brigava pelo sexto lugar com Alonso. Porém, Maldonado mostrou todo seu talento em Barcelona. Tendo a pressão de Alonso e toda a torcida espanhola, o venezuelano largou na pole, não se assustou a ser ultrapassado por Alonso e deu o troco no espanhol voltas mais tarde numa rodada de paradas. Maldonado correu naquele dia como um veterano ganhador de Grandes Prêmios e se tornou o primeiro venezuelano a vencer corridas na F1 e tirou a Williams de um jejum que vinha desde 2004. Porém, Maldonado também se caracterizou por vários lances polêmicos, se envolvendo em vários acidentes que tirou pontos não apenas dele, como da Williams, em seu melhor ano em anos. O ano de Maldonado foi tão atípico, que ele se tornou o piloto mais mal colocado a ter uma vitória na temporada na história da F1. As punições também atrapalharam, mas a velocidade de Maldonado o garantiu para 2013, ao contrário de Bruno Senna. Sem a mesmo velocidade de Maldonado, Bruno se concentrava na consistência em corridas, marcando pontos em várias corridas, ao contrário de Pastor. Porém, as péssimas classificações, onde passou ao Q3 apenas uma vez, minava as chances de Senna, enquanto cedia seu lugar a Valteri Bottas em 15 dos 20 primeiros treinos lives. Estava na cara que Bottas era o piloto da Williams em 2013 e Bruno não fez por merecer mudar essa ideia. Agora, Bruno corre atrás, novamente, de uma vaga na F1 para o próximo ano.

Mesmo com uma vitória durante o ano, a Red Bull ainda não tinha mostrado um terço da força mostrada em 2011 e Mark Webber via sua vaga sendo disputada a tapa. Porém, em Monte Carlo, Webber se aproveitou da punição a Schumacher por um erro do alemão em Barcelona, para largar na pole nas ruas do principado e vencer uma corrida tensa, onde pingos de chuva caíam nas câmeras de instante em instante, e a diferença para os demais pilotos nunca superava 2s. Um trenzinho até o sexto colocado marcou aquela corrida em Mônaco e o destino realmente havia escolhido Webber, pois dada a bandeirada, a chuva apertou no principado. Webber voltaria a vencer em Silverstone, após uma bela ultrapassagem em Alonso nas voltas finais e dava a pinta de que seria ele o piloto da Red Bull a disputar o título com Alonso a ponto da Red Bull renovar por mais um ano com o australiano. Coincidentemente, o desempenho de Webber caiu assustadoramente após a renovação do seu contrato e o australiano, mesmo a contra-gosto, se tornou um coadjuvante dentro do time, levando tempo de Vettel tanto em treino como em corrida. E perspectiva para 2013, provavelmente seu último na F1, é o mesmo. Mesmo sendo um dos mais rápidos no ano e nas primeiras posições no campeonato, Lewis Hamilton era um piloto triste. Sem nenhuma vitória, ele dizia que isso era o principal motivo de sua introspecção nos pódios e nas fotos dos três primeiros colocados após as Classificações. Porém, isso mudou com uma bela vitória em Montreal, após uma disputa sensacional com Vettel e Alonso, além de uma mudança de estratégia nas voltas finais. Com pneus desgastados, os três primeiros colocados viam a aproximação dos demais pilotos vindo de trás. Hamilton resolveu parar e com pneus novos e macios, passou a tudo e a todos para vencer pela primeira vez no ano, finalmente mostrando alegria em 2012. Porém, o problema de Lewis também era extra-pista. Seus problemas com a namorada pussycat doll, além de twitts equivocados fizeram com que ele se queimasse perante a McLaren. Hamilton mostrou seu talento de sempre e não faltou momentos em que ele levou a McLaren nas costas, mas erros como o incidente em Valencia com Maldonado na última volta e azares, com os abandonos enquanto liderava na Cingapura e em Abu Dhabi, fizeram com que Hamilton saísse da disputa do título, onde ele deveria estar. Mas o mais surpreendente foi sua saída da McLaren. Pedindo muito dinheiro num momento de crise econômica mundial, Hamilton teve sérios problemas para renovar com a McLaren e numa decisão polêmica, aceitou um contrato milionário com a Mercedes em 2013 para o lugar de Schumacher. A velocidade de Hamilton é conhecida, mas ele será capaz de liderar a Mercedes a partir da temporada que vem? E sem o talento de Hamilton, como se sairá a McLaren com a pilotagem cartesiana de Button e a jovialidade (e inexperiência) de Pérez? 2013 responderá!

Ainda falando em crise econômica, a Espanha era o principal país afetado a ponto de perder um dos seus Grandes Prêmios para 2013. Porém, Valencia ainda teria sua corrida em 2012, porém a bela cidade ainda não havia visto uma grande corrida até então. Precisou Alonso se sobressair com uma pilotagem sublime, onde largou apenas em 11º e numa largada agressiva, já aparecer entre os seis primeiros e fazer ultrapassagens incríveis e se aproveitar do problema do então líder Vettel, e seu alternador problemático, para vencer em casa depois de seis ano. Após a bandeirada, era impossível não se lembrar de Senna em 1993 em Interlagos. O espanhol não completou a volta de desacelração, parando seu carro na frente da torcida. Curtiu como nunca e chorou muito no pódio, mostrando um lado humano que ninguém conhecia do fechado espanhol. Alonso se credenciava ao tricampeonato com essa vitória, mesmo tendo um carro claramente inferior aos principais rivais. O triunfo na Alemanha deixava Alonso com quarenta pontos de vantagens sobre os rivais e uma pilotagem sem erros até então deixava o piloto da Ferrari com a mão da taça. Porém, ainda estávamos na metade de uma temporada incrível e cheio de história. A McLaren venceu as três corridas seguintes, com Hamilton dando pinta de ser o principal rival de Alonso. Para piorar, em Spa, Alonso foi vítima do, como diria Mark Webber, 'Maníaco da primeira volta'. Romain Grosjean mostrou velocidade desde o início do ano, com um terceiro lugar no grid em Melbourne, mas já na Austrália, mostrou uma incrível predisposição em se envolver em acidentes na primeira volta. Isso aconteceu várias vezes durante ano e em Spa, na apertada La Source, Grosjean provocou um acidente espetacular e perigoso, envolvendo o líder Alonso e o vice Hamilton. O pneu traseiro de Grosjean passou bastante próximo da cabeça de Alonso e após dezoito anos, Grosjean seria o primeiro piloto suspenso de uma corrida por atitude perigosa. O francês se envolveria em outras polêmicas, mas também mostrou velocidade e os três pódios conquistados durante seu primeiro ano completo na F1 mostram que um pouco de juízo bastaria para Grosjean se sobressair. Só não se sabe se a Lotus, mesmo com o chefe de equipe Eric Bouiller protegendo Romain, segurará o francês em 2013, pois até o momento seu contrato ainda não foi renovado.

Quando se encerrou a temporada européia, tudo levava a crer numa disputa entre Ferrari (Alonso) e McLaren (Hamilton), mas o azar de Lewis na Cingapura fez com que Vettel vencesse pela segunda vez no ano no pais asiático. Era o ressurgimento da Red Bull. Adryan Newey foi gênio mais uma vez com uma asa dianteira de borracha, que fazia a frente do carro resistir bem aos testes de impacto da FIA e fletir durante as corridas. Vettel venceria quatro provas seguidas, tirando a liderança de Alonso quando este se envolveu no seu segundo acidente em que não teve culpa, em Suzuka. Já prevendo que Vettel seria seu adversário, Alonso disse que estava lutando não com Vettel, mas com Newey pelo título. No Japão, dois pilotos tiveram resultados parecidos, mas destinos diferentes. Felipe Massa garantiu seu primeiro pódio em quase dois anos. Para um piloto da Ferrari, onde o companheiro de equipe luta pelo título, era muito pouco. As atuações de Massa na primeira metade da temporada eram mesmo abaixo da crítica e a fanática imprensa italiano fazia questão de lembrar isso quase que semanalmente. As boas atuações de Pérez e Nico Hülkenberg faziam destes candidatos naturais ao lugar de Massa. Porém, após até passar pelo divã, Massa fez uma segunda metade de campeonato mais segura, acompanhando muitas vezes Alonso e nas duas últimas corridas, tendo que ceder seu lugar ao espanhol, como na polêmica atitude da Ferrari em Austin, quando provocou uma punição a Felipe somente para beneficiar Alonso. Em Interlagos, sua pista favorita, Massa voltou ao pódio e chorou como nunca havia feito na frente do seu público. Seu contrato para 2013 está assinado, mas a pressão não diminuiu, porém, se manter o nível, Massa poderá ficar mais algum tempo na Ferrari ou em outra equipe grande. Já Kamui Kobayashi, terceiro colocado em Suzuka, viu sua vaga na Sauber ir para o ótimo Nico Hülkenberg e sem dinheiro, corre sério risco de ficar de fora da F1 em 2013. Chamado de mito no Brasil, Kobayashi levou tempo de Pérez na maioria dos treinos, não se aproveitou da estratégia da Sauber como o mexicano e ainda ficou bem atrás do companheiro de equipe na classificação final. Mas sua simpatia faz com que todos na F1 esperem Kobayashi na primeira corrida de 2013, seja em que carro for.

Desde que não seja as nanicas. Da ideia maluca de Max Mosley de reviver uma nova Brawn, três time surgiram em 2010 e até agora não disseram a que vieram. A renomeada Caterham era de onde se esperava algo de melhor, mas Heikki Kovalainen e Vitaly Petrov pouco fizeram a mais do que liderar as três nanicas, que sempre tinha Marussia e HRT na ordem. Porém, num golpe de sorte, a Marussia chegou à frente da Caterham na corrida final em Interlagos e teria direito a ter suas contas de transporta pagas pela FOM em 2013. Porém, numa manobra polêmica, Charles Pic, da Marussia, acabou ultrapassado por Petrov nas voltas finais e com o 11º lugar, a Caterham acabou novamente em décimo no Mundial de Construtores, enquanto a dúvida pairou sobre Pic, que dois dias antes fora anunciado pela Caterham para 2013. Já a HRT iniciou o ano como os outros, ficando de fora do GP da Austrália por falta de rendimento e se segurando como podia ao longo da temporada. Com a crise econômica atingindo em cheio a Espanha, a HRT acabaria seriamente afetada. Seus funcionários não receberam nas corridas finais e a crise chegou ao ápice quando Karthikeyan sofreu uma falha em Abu Dhabi por uma peça que já estava além do limite de tolerância, provocando a capotagem de Rosberg. Pedro de la Rosa e Karthikeyan tiveram que correr em Interlagos com discos de freios traseiros reconhecidamente deficientes, mas completaram o que seria a última corrida da história pouco gloriosa da HRT, que definitivamente não deixará saudades. A Toro Rosso, ainda procurando um novo Vettel, trocou Jaime Alguersuari e Sebastien Buemi por Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne para 2012. Ricciardo tem uma pilotagem mais regular, enquanto Vergne é mais agressivo. O francês acabou levando vantagem na pontuação, mas nem ele e nem seu companheiro de equipe deram pinta de ser um futuro Vettel. A Force India começou devagar, mas se desenvolveu durante o ano. Por coincidência, quando as coisas não estavam boas, Paul di Resta se sobressaiu frente a Hülkenberg, mas com o desenvolvimento do carro, o alemão sobrepujou o escocês e fez uma belíssima corrida em Interlagos, quando esteve na bica de vencer numa batalha pela primeira posição com as duas McLarens. Ambos tem talento, mas Hulk já está na Sauber e a Force India começa a sofrer de problemas financeiros, vide a falência da empresa aérea de Vijay Mallya.

A F1 chegava as corridas finais com o campeonato claramente polarizado entre Vettel e Alonso. Em Abu Dhabi, Vettel parou seu carro após a Classificação, enquanto Alonso amargava uma sétima posição no grid. Porém, no final do dia, quem comemorava era o espanhol, com a confirmação da punição a Vettel por um erro de cálculo da Red Bull que deixou o alemão sem o combustível necessário para a inspeção técnica da FIA. Vettel largaria em último. Era a chance que Alonso tinha para diminuir sua desvantagem e ele até conseguiu, mas Fernando nunca poderia esperar subir ao pódio ao lado de Vettel, que finalmente mostrou que era capaz de fazer corridas de recuperação, com o detalhe de ter feito duas corridas de recuperação, por um toque que quebrou o bico do seu carro que o jogou novamente no fim do pelotão. Sebastian mostrava que estava no mesmo nível de Alonso e se mantinha na ponta do campeonato, numa corrida ganha pelo enigmático Kimi Raikkonen. Quando abandonou a F1 no final de 2009 com o saco cheio, ninguém esperava Kimi voltar à F1, principalmente com as atuações ruins de Schumacher após sua saída da aposentadoria. A Lotus, antiga Renault, teve um final de 2011 claudicante e Raikkonen teria não apenas que se readaptar a F1 após dois anos conturbados no WRC, como liderar a equipe, tarefa difícil para uma pessoa calada como é caso do finlandês. Mas Raikkonen surpreendeu positivamente neste ano. Sua velocidade permaneceu intacta e sua pilotagem agressiva também. Nem parecia que ele estava aposentado e numa constância incrível, com vários pódios conquistados, Raikkonen estava entre os primeiros do campeonato durante o ano todo. Mas como o próprio Kimi falava, faltava a vitória. E ela veio em Abu Dhabi numa corrida onde teve que segurar Alonso e dar patadas homéricas em seu engenheiro via rádio. Sua frases (deixe-me sozinho, eu sei o que estou fazendo!) entrou para o folclore da F1. Mais do que o folclore, a temporada de Kimi Raikkonen, onde levou a Lotus ao terceiro lugar no campeonato de pilotos, mostrou bem que Kimi ainda pode fazer num bom carro.

No mais novo circuito do calendário, a F1 se apaixonou por Austin e sua pista sensacional e o que foi melhor para os planos de Bernie Ecclestone, parece que Austin acolheu a F1. O sucesso de público e crítica dão a sensação de que finalmente os Estados Unidos achou sua casa na F1 e Hamilton saía da McLaren com mais uma vitória, a quarta do ano, mas suficiente apenas para ser quarto no campeonato. A disputa final ficaria para Interlagos e seu clima inclemente. Mesmo tendo treze pontos de vantagem sobre Alonso, Vettel temia a chuva, que era prevista para a corrida. E ela veio em diferentes formas e horas para transformar o Grande Prêmio do Brasil de 2012 em uma das obras-primas da F1. Button venceu, mas as atuações de Alonso, Hamilton, Hülkenberg, Massa e, principalmente, o novo tricampeão Sebastian Vettel fez desta corrida um resumo perfeito de 2012. Um ano cheio de imprevisibilidade e emoção. Um ano em que vários pilotos e equipe venceram. Um ano que promoveu dois pilotos ao nível de lendas vivas. E desculpem os puritanos, este foi o melhor ano da F1 que já presenciei e mesmo que alguns possam ficar escandalizados, 2012 já está no nível de 1986, 1983, 1981, 1974 e 1968 como uma temporada mítica da F1. Simplesmente inesquecível!      

domingo, 2 de dezembro de 2012

Fechando as portas

Recordo-me que a equipe mais simpática da F1 alguns anos atrás era a Minardi. Ok, o time italiano era sempre último, mas a equipe comandada por Giancarlo Minardi tinha um charme que fazia com que todos no paddock da F1 torcessem para que algum milagre acontecesse e um piloto da Minardi marcasse algum ponto. Esse não foi o caso da HRT. O time espanhol começou todo errado e desde o começo ficou a sensação de que a HRT não era um monte de abnegado e guerreiros, como era na Minardi, que lutavam contra as grandes equipes e seus milhões de dólares e sim, oportunistas que se colocavam na vitrine da F1 para conseguir o melhor negócio ao vender a equipe no final da temporada.

E foi assim nas últimas três temporadas. O time era para ter se chamado Campos, mas o antigo piloto da própria Minardi não conseguiu levar o projeto adiante e vendeu a equipe para um investidor espanhol antes da esquadra estrear e mudou de nome para Hispania. Adrian Campos era um promissor chefe de equipe nas categorias inferiores e tinha um perfil de Giancarlo Minardi, mas ao vender o time para Ramon Carabante, a equipe ficou com a pecha de time de oportunista logo de cara, pois se chamar Hispania não tinha nada a ver com alguma referência à Espanha e sim, a um dos negócios de Carabante. Foi um caos desde o início. O carro era tão lento que a regra dos 107% voltou. Houve tentativas e até pilotos razoáveis, mas o time não abandonava a última fila (fora algumas punições) e não atrai simpatia de ninguém. Só de outros aproveitadores.

A Thesan, que comprou o time de Carabante, não conseguiu vender o time até sexta-feira, que era seu objetivo desde o início, ainda mais com a crise espanhola, e a HRT, nome do time após a compra da Thesan, não estava na lista da FIA para a temporada 2013. E se não aparecer, não deixará saudades!

sábado, 1 de dezembro de 2012

Uma semana depois...

e a prova em Interlagos ainda não sai da cabeça de quem ama F1. Estamos vivendo um momento mágico da categoria e ao invés de ficar suspirando o passado, devemos curtir o ótimo presente que temos!