Fazia tempo que a F1 não tinha uma dança de cadeiras tão grande e que envolvesse tantas estrelas (sejam consolidas ou em ascensão) em tão pouco tempo. Lewis Hamilton, queridinho de Ron Dennis desde a tenra idade, saiu da barra da saia da McLaren de Whitmarsh e trocou de carro prateado, passando para a Mercedes, querendo por querer se tornar uma equipe condizente com sua estrutura e orçamento. Quase que ao mesmo tempo, a McLaren trouxe o mexicano Sérgio Pérez, referência da nova geração, para um contrato multi-anos, enquanto Michael Schumacher deverá amargar uma segunda aposentadoria, sendo que desta vez compulsória. Vamos elencar a situação de alguns personagens dessa sexta-feira em que não teve F1, mas foi muito mais animada do que muitos treinos livres.
Mercedes: O time de Ross Brawn e Norbert Haug tem nas mãos uma estrutura que foi campeã três anos atrás praticamente sem orçamento, mas que só venceu uma única corrida desde então. Em tempos de crise braba, os acionistas da Mercedes devem estar se perguntando por que jorram dinheiro num investimento sem tanto retorno assim. O time precisava de uma mexida forte. E ela veio com a milionária contratação de Hamilton. Isso demonstra o quanto os alemães querem ser fortes na F1 e não medem esforços para tal e um talento do calibre de Hamilton, um dos poucos que podem fazer diferença na F1 atual, pode fazer com que a Mercedes se torne a equipe que dela se espera.
McLaren: A saída paulatina da Mercedes e o fim do contrato com a Vodafone deixa o futuro da McLaren nebuloso. O time de Martin Whitmarsh sente falta do pulso firme de Ron Dennis e a perda de Lewis Hamilton foi um golpe e tanto para a equipe inglesa. Hamilton é cria da McLaren desde os 13 anos e o inglês realmente fazia a diferença para a equipe. Button pode ser rápido e consistente, mas não o algo a mais de Hamilton.
Lewis Hamilton: O inglês irá ganhar muito dinheiro e irá para uma estrutura que pode se tornar até mesmo mais sólida do que a McLaren num futuro próximo, mas há um risco ao britânico. Se a briga pelo título deste ano estava complicado, dificilmente Lewis o conquistará esse ano. E o campeonato de 2008 vai se tornando cada vez mais distante, ainda que ninguém duvide do que Hamilton pode fazer. Fora que a Mercedes nunca venceu um campeonato e Hamilton não se mostrou muito hábil em levar uma equipe nas costas, se o time prateado não corresponder, como não correspondeu até agora.
Sérgio Pérez: De piloto-pagante a estrela ascendente, o mexicano só precisou de uma temporada e meia, se tornando um piloto altamente prestigiado, principalmente pelo ritmo fortíssimo de corrida, além de cuidar dos pneus muito bem. Porém, Pérez agora irá 'jogar em time grande' e não terá muitos tapinhas nas costas em caso de erros, como acontecia na Sauber.
Ferrari: E o que os italianos tem a ver com o dia de hoje? Tudo. Sérgio Pérez era (pode-se usar o verbo no passado) da Academia de Pilotos da Ferrari e substituto natural de um cada vez mais claudicante Felipe Massa. Estava claro que Pérez tinha totais condições de substituir Massa em 2013, mas Montezemolo preferiu esperar mais um pouco. Só que o mexicano, não. E agora fica a pergunta: quem irá substituir Massa no final de 2013, já que fica cada vez mais claro (Massa nunca em sua vida poderá reclamar de falta de oportunidades na Ferrari!) que ele irá renovar o contrato por mais uma temporada? Não acho que Vettel aceitará se sujeitar a um time comandado por Alonso e o espanhol quer Massa por saber que pode derrotar o brasileiro quando e onde quiser. E Alonso não deve se animar muito em ter Vettel a partir de 2014! A Ferrari precisa de um piloto jovem e rápido, pensando num futuro além de 2016, quando acaba o contrato de Alonso. Tinha Pérez. Não tem mais.
Nico Rosberg: O alemão assinou ainda com a Brawn no final de 2009 e parecia ser o primeiro piloto do time com a saída de Jenson Button. Eis que surge a Mercedes e Michael Schumacher ressurge das cinzas. Rosberg fica em segundo plano, até derrotar sistematicamente o heptacampeão. Só que a confiança do time não veio em nenhum momento e mesmo com a saída de Schumacher, seu amigo Hamilton aparece com um salário milionário e status de estrela da equipe. Nico, Nico... melhor você pensar em outra equipe, pois definitivamente a Mercedes não lhe olha como futuro campeão com ela.
Sauber: O time tem como principais patrocinadores a empresa de Carlos Slim, segundo homem mais rico do mundo e que colocou Pérez no cockpit do carro do velho Peter Sauber. Para surpresa de muitos, além de pay-driver, Pérez se mostrou um ótimo piloto e superior a Kamui Kobayashi, cuja mitologia está ficando mais no folclore do que faz em pista. A ida de Pérez para a McLaren pode envolver também a saída dos valiosos patrocinadores do time suíço, que sempre precisou de grana para se manter firme e forte entre as médias. Resta a Peter Sauber apostar, se quiser manter o mexicanos, em Esteban Gutiérrez, seu terceiro piloto e também outorgado por Slim na Sauber.
Force India: Se Massa renovar mesmo contrato com a Ferrari, Paul di Resta e Nico Hülkenberg poderão ficar numa saia justa, pois eles esperavam papar uma vaga em alguma equipe grande, como Ferrari (parece que ficará com Massa), McLaren (ficou com Pérez) ou Mercedes (com Hamilton). Agora, para os dois jovens promissores pilotos, restou apenas a vaga na Force India, que dificilmente mantém a mesma dupla de pilotos por dois anos seguidos e a Ferrari está louquinha para colocar no cockpit de Vijay Mallya o francês Julien Bianchi, novo protegido de Nicolas Todt. Di Resta e Hülkenberg correm o risco de se verem à pé em 2013.
Com a contratação consumada de Hamilton, temos que parabenizar Eddie Jordan. Novamente o ex-chefe de equipe acertou na mosca quando, quase um mês atrás, cravou a transferência de Lewis para a Mercedes. Apesar de folclórico, Jordan é uma pessoa do meio e tem muitos contatos. Portanto, prestemos atenção no que o irlandês fala daqui para frente.
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